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Universidade Federal de São Carlos . Ensino Temático de Filosofia II Silvia Cristina Vergilio Pica, RA 600539 São Carlos, 07 de Dezembro de 2017. Seminários I - Histeria - 1888, e Tratamentos psíquico e tratamento da alma- 1889. SEMINÁRIO I SIGMUND FREUD - HISTERIA - 1888 (PARTE I) Introdução Desde os primórdios, nos estudos da medicina na antiga Grécia, um médico de renomada reputação Hipócrates (460 a 377 a.c), concebeu a palavra Histeria, a um conjunto de sintomas em uma doença considerada orgânica que advinha do útero ( doença uterina), sendo portanto essa doença exclusivamente feminina, desta forma, sua teoria era bastante excêntrica para os dias atuais, mas coerente para época. Essa doença orgânica, a qual ele denomina Histeria, era causada pela privação sexual (de relações sexuais), e assim o útero se deslocava pelo corpo da mulher a procura de umidade, o que acaba acometendo a mulher de vários sintomas, como: convulsões, respiração ofegante, pois o útero subiria até o hipocôndrio onde era gerado esses sintomas, e se o útero chegasse a atingir o coração da paciente, esta entraria em sofrimento e teria algumas reações, tais como: ansiedade e vômitos. Durante os séculos a Histeria recebeu várias vertentes de estudos, e abordagens, era vista de várias formas. A partir da Idade Média, por exemplo, ela deixou de ser tratada pela medicina, e passou a ter uma abordagem agostiniana, passando a ser objeto da Teologia (teólogos cristãos, religiosos e padres). Alguns sintomas como por exemplo, convulsões, respiração ofegante, eram vistos como expressões de prazer sexual, e desta forma, era considerado um grande pecado, quando os sintomas acrescentavam o sufocamento e os vômitos, as mulheres acometidas de histeria eram vistas como possuídas pelo demônios, isto na época da inquisição, e a Igreja Católica investigava cada caso de histeria que, na grande maioria da vezes eram considerados como casos de bruxaria, feitiçaria, e possessão demoníaca- satanismo, e o fim desses histéricos era ser condenados a morte pela fogueira. 1 Muitas foram as formas de se, descrever, analisar ou mesmo julgar os sintomas da histeria durante os séculos. Outra observação seria que, algumas vezes a histeria era vista sendo um efeito, um calor que percorre todo o corpo, ebulindo em um manifestação constante que não cessa, causando convulsões, e que todo esse excesso de calor seria a paixão, um entusiasmo e grande amor, e desta forma seria atribuído esses sintomas as moças que procuram por um namorado, para as mulheres - jovens viúvas ou jovens separadas. Após tantas demonstrações de como era vista a histeria, e as formas que seus sintomas eram classificados como: possessões demoníacas - satanismo, bruxaria, feitiçaria, necessidades sexuais, e todas elas atribuídas exclusivamente as mulheres (jovens solteiras -separadas ou viúvas), depois de muitos enganos nos julgamentos, a Histeria sai do âmbito exclusivo da Igreja, as consideradas ‘investigações religiosas’, para se tornar um estudo científico, ela volta para a àrea da medicina. Assim na segunda metade do século XVIII, um renomado neurologista e pesquisador francês Jean Martin Charcot, começa a tratar a histeria como uma neurose. O médico austríaco Sigmund Freud, fez seus estudos sobre o histeria influenciado pelos achados de Charcot. Assim o que vai ser estudado, neste seminário será sobre a Histeria e o Tratamento psíquico e da alma, o que está relacionado aos métodos e as formas de tratamento. HISTERIA - 1888 (PARTE I) O conceito de histeria que aparece no livro, sendo um enfoque da psique e da alma, algo que está contido, ou que se apresenta ao decorrer dos estudos de Freud. Para tanto, Freud busca através dos sintomas saber as causas principais, se elas são biológicas ou causas nervosas, causado pela mente. Desta forma, Freud apontou com o Estudo sobre a Histeria algumas considerações muito importante sobre a mente e o corpo, em que elas podem atuar concomitantemente sobre a origem de uma doença. A histeria como foi sendo estudada de várias modos, era vista de forma preconceituosa e também de origem factual pela igreja que tratava com exorcismo, ou nos casos mais escabrosos com a morte. 2 A histeria é uma neurose, ou seja, alterações perceptíveis do sistema nervoso, ela se baseia na alteração e modificação biológica do sistema nervoso, uma excitação nas partes diferentes do sistema nervoso. Segundo alguns estudo da histeria, uma fórmula ‘fisiopatológica’, que foi assim descoberta para definir a neurose de modo ‘nosográfico’, pela totalidade dos sintomas que apresenta (apresenta de forma igual a doença de Basedow pelo grupo de sintomas -exoftalmia, bócio, tremor, aceleração do pulso e alteração psíquica). Os estudos em geral sobre o conhecimento dos estados psíquicos, alguns estudiosos como os alemães quantos os ingleses, concebem a definição ‘histeria’ com os estudos nervosos em geral, a neurastenia e algumas outras neuroses que não foram retiradas do caos das doenças nervosas. Para Charcot a histeria é um quadro clínico, nítido e bem definido, que pode se reconhecer com clareza daquilo que se conhece como ‘ grande histeria’ ou histeroepilepsia.’ Dentro da sintomatologia inclui-se uma série de sintomas como sendo: Os ataques convulsivos: dividido em três fases, no primeiro sendo os ataques epiléticos, no segundo como se os movimentos se assemelham ao do ataque epiléticos, mas com menos intensidade e brutalidade, que não causa nenhum ferimento, e no terceiro o paciente tem alucinações, em que a consciência pode ser mantida ou não. Os ataques podem durar horas ou até mesmo o dia todo, alguns ataques histéricos podem ao invés de possuir fases apresentam uma espécie de coma, este coma pode se assemelhar a um sono natural mas, como possui uma atividade respiratória e circulatória diferenciada, há uma diminuição em um sistema orgânico em que a respiração fica atingida e a circulação do sangue e do oxigênio ao cérebro diminui, e assim existe o perigo desse ataque resultar em morte; pois houve casos de ataques que duraram semanas e a nutrição do corpo diminui. As zonas histerogênicas: são lugares hipersensíveis do corpo, em que a estimulação desencadeia um ataque, e geralmente começa neste local. E como identificar essas zonas, elas ocupam lugar na pele, nas partes profundas dos ossos, mucosas, nos órgãos dos sentidos (olhos, nariz, boca), ocorrem no tronco, como no abdomem (ovários das mulheres), no peito tanto das mulheres como nos dos homens, que aparecem nos testículos,no cordão espermático (trato urinário do pênis). As zonas histerogênicas, são numerosas, as vezes raras, unilaterais ou bilaterais. 3 Os distúrbios da sensibilidade: esses distúrbios desempenham um papel proporcionalmente menor. Consiste em anestesia ou hiperestesia , na hiperestesia a tendência é de transformar as sensações ordinárias em sensações dolorosas, acuidade anormal da sensibilidade e estímulos, a anestesia é uma suspensão geral ou parcial da sensibilidade em decorrência neurológicas, ou podem ser introduzidos por anestésicos, e podem ser descritos como sendo um estado de insensibilidade, apatia, desinteresse ( insensível ao sofrimento alheio, frieza). A anestesia histérica : ela e geralmente de um grau tão alto que atinge de forma mais intensa o tronco nervoso, impedindo a reação sensível. E quando ela é total estendendo-se por toda a superfície da pele, e também a maioria dos órgãos sensoriais, consistindo em uma anestesia semelhante a que é produzida (cápsulas internas), causados por agentes externos. A semi anestesia histérica pode ocorrer as vezes em um órgão dos sentidos, ou qualquer outro lado, qualquer lugar que seja sensível dentro do campo simétrico. Além disso, a anestesia histérica pode ocorrer em pontos dispersos, ser unilateral ou bilateral, aparecendo em certas áreas do corpo do paciente, nos membros inferiores ou nos órgãos internos ( laringe, estômago, etc). A anestesia histérica, geralmente é um sintoma que deve ser examinado pelo médico, porque, embora sua extensão e intensidade sejam muito grandes, ela geralmente escapa completamente à percepção do paciente. Distúrbios da atividade sensorial : esses distúrbios podem afetar todos os órgãos dos sentidos, altera a sensibilidade, pois os distúrbios histéricos da visão consiste em ( amaurose unilateral ou ambliopia) . Além da visão que pode permanecer alterada, pode ocorrer uma diminuição extraordinária das atividades sensoriais especialmente alterando o olfato e a audição (surdez). Paralisias : são mais raras que a anestesia e geralmente acompanhadas de anestesia na parte do corpo paralisada. A Paralisia histérica não levam em consideração a construção anatômica do sistema nervoso. A Hemiplegia histérica, afeta o braço a perna do mesmo lado, podendo haver uma contratura dos músculos faciais e da língua. Ela pode também perdurar, afetar somente o segmento de um membro como a mão. As hemiplegia histérica está associada em todos os casos com hemianestesia. 4 A anestesia das pernas pode apresentar paralisia intestinal e da bexiga, que pode ser semelhante a uma paralisia espinhal. A paralisia pode se estender não a membros inteiros, mas a fragmentos como mãos, ombros e cotovelos, etc. ; podendo atingir os músculos dos glúteos, e também pode ocorrer alguns fenômenos como a alteração da excitabilidade elétrica, que corresponde na incapacidade de pronunciar sons ou movimentos para falar e também a capacidade fonética é mantida. Todas as paralisias histéricas são consideradas de grande intensidade pois elas podem limitar uma parte do corpo, de executar movimentos. As Contraturas : entre as formas de histeria, existe uma inclinação geral da musculatura para responder com contraturas a estímulos leves. Elas não cedem enquanto dormem, e ao contrário das contraturas orgânicas, sua intensidade não varia pelo trabalho da excitação, temperatura, etc. As contraturas musculares sensoriais e viscerais são muito frequentes e em uma série de casos, constituem o mecanismo pelo qual a paralisia cancela a função. Caracteres gerais : a simatologia histórica possui uma série de caracteres gerais cujo conhecimento é significativo, tanto para o diagnóstico quanto para a concepção desta neurose. A da histeria é descrita pelo paciente como dolorosa na máxima extensão, a anestesia e paralisia podem facilmente tornar-se absolutas, onde a contratura histérica pode operar a contração máxima de que um músculo é capaz. Os sintomas de afecções orgânicas, refletem na anatomia, os distúrbios orgânicos, com base nos distúrbios histéricos,causam espasmos vasculares, cujo efeito anatômico se distingue de uma embolia por exemplo, não gerando uma alteração permanente. Justamente com os sintomas da histeria (físicos), pode-se notar uma série de distúrbios psíquicos, aos quais são descobertas as alterações desta doença, algumas alterações associadas como inibições de atividades voluntárias, acentuação e sufocação de sentimentos, etc.. . Uma psicose, no sentido dado pelos psiquiatras, não pertence a histeria, mas pode ser desenvolvida com base no status histérico e nesse caso, deve ser concebido como uma complicação. 5 Existe uma forma de histeria grave, que é uma alteração que, muitos dos doentes pertencem às classes de pessoas gentis, que sentem a externalização de sua doença. Como podemos notar a histeria deve ser considerada como um status, uma diátese nervosa, que de tempos em tempos produz explosões, e que a etiologia do status histérico deve ser procurado na hereditariedade, sendo ela disposta por herança de distúrbios da atividade nervosa, entre parentes que são epilépticos, parentes químicos e assim por diante. Outro fator que podemos encontrar no entanto, são as causas acidentais da histeria, que são o surgimento de explosões educacionais histérica (histeria apenas nos filhos), quando despertam prematuramente as atividades intelectuais nas crianças, excitação frequente e violenta, e assim a predisposição a histeria hereditária é descartada. Dentro da esfera sexual a histeria é muitas vezes superestimada, pois existe histeria em meninas e em garotos sexualmente imaturos e por outro lado, a neurose também aparece com todos os seus sinais distintos no sexo masculino. Algumas observações feitas por médicos em que, algumas mulheres apresentam alterações anatômicas nos genitais e outras não, e desenvolveram casos de histeria. Sendo assim, a vida sexual desenvolve um papel importante na etiologia da histeria, principalmente no sexo feminino onde o trauma é uma causa ocasional da histeria. Os traumas gerais graves conhecidos como coluna ferroviária e cérebro ferroviário, são conhecidos por Charcot como histeria. Esses estados são sombrios e graves, e estão ligados à depressão e aos desespero melancólico, e pelo menos em uma série de casos que mostram uma combinação de sintomas histéricos com neurastênicos orgânicos. Charcot também mostra que a encefalopatia do saturnismo pertence a histeria, e que muitos anestésicos dos alcoólatras não são uma condição particular, mas são sintomas de histeria. Sendo assim a histeria é sempre a mesmacoisa, apenas ela é despertada por diferentes causas. A histeria é mais uma anomalia constitucional do que uma condição demarcada. É possível que seus primeiros sintomas aparecem mais frequentemente na primeira infância, e que não é nada comum o aparecimento das condições históricas em crianças de 6 a 10 anos, ou em período anterior a puberdade, que traz nos meninos e nas meninas uma predisposição histérica intensa, uma explosão de neurose. A histeria infantil produz os mesmos sintomas que a histeria - neurose adulta, só que as crianças histéricas são em muitas vezes precoces e dotadas, em que em certos casos a histeria 6 é apenas um sintoma de uma profunda degeneração do sistema nervoso, que expressa uma perversa moral perinatal. Desta forma o período que compreende a juventude com mais de 15 anos, é claramente expressa a neurose histérica em mulheres. Defini-se histeria crônica, como distúrbios (surtos) leve e distúrbios (surtos) graves, histeria aguda ( separados por anos, períodos livres de distúrbios). Os primeiros anos de um casamento feliz, pode interromper a doença, e pode voltar quando os laços conjugais são resfriados, ou por causa de partos repetidos que causaram cansaço físico. Os homens, parecem propensos a histeria nas idades imaturas, de traumas e intoxicações, e também podem ser uma doença grave e os sintomas são geralmente tenazes, e a doença é de cunho prático, por causa de perturbações em seu trabalho. Existe casos em que os sintomas desaparecem, as contraturas e as paralisias que geralmente duram anos, derrepente sem que se espere que os distúrbios sejam curados, a função perturbada é restaurada em toda a sua extensão. Uma coisa que é válido ressaltar, é que, em nenhum caso a histeria traz risco de morte, mesmo na histeria mais longa, a clareza mental e as aptidões são preservadas. Mas a histeria ela pode ser combinada com muitas outras condições nervosas, sejam elas neuróticas ou orgânicas, o que mais tarde traz grandes dificuldades de análise. As combinações mais frequentes é a histeria com a neurastenia , que se torna neurastênico, algumas pessoas que têm predisposições histéricas. Esse tipo de combinação ocorre principalmente em homens histéricos, o sistema nervoso masculino tem uma predisposição à neurastenia, bem como as mulheres histéricas, mas, algumas mulheres que os médicos suspeitam serem histéricas na verdade são neurastênicas. Assim, a histeria local pode estar associada as condições do local de certos órgãos, como um estômago afetado, frio, vômitos, anestesia ou hiperestesia da pele, nestes casos a condição orgânica torna-se uma causa ocasional de neurose. Em nenhuma outra doença pode atingir conquistas milagrosas, do ponto de vista da terapia o médico pode dividir o tratamentos em: Tratamento em predisposição histérica, explosões histéricas e sintomas histéricos singulares (histeria local). No tratamento da predisposição histérica, o médico tem alguns espaço de manobra, sendo necessário adotar medidas profiláticas e de não submeter o sistema nervosos à rendimentos 7 excessivos, tratar anemia, o que parece dar um reforço, caso haja inclinação para contrair neurose, e reduzir os sintomas de histerias leves. No tratamento de histeria aguda, a neurose produz continuamente novos fenômenos e a tarefa do médico é árdua, os erros são frequentes, e os acertos são raros. O tratamento é remover o paciente de seu ambiente habitual e isolá-lo do círculo em que o foco foi gerado. Esse método permite realizar uma supervisão médica severa para que propicie o sucesso do tratamento. Geralmente o histérico não é o único paciente nervoso dentro do círculo familiar, pode produzir um aumento na excitação ou mudanças psíquicas no paciente, produzindo sintomas mais intensos. Os ataques histéricos em crianças, na maioria das vezes é necessário tirá-lo da família, para uma residência em um instituto médico, no qual muitas vezes a família é que produz maior resistência ao próprio doente. Pois o paciente longe de todas as excitações do espírito que contribuem para o surgimento da histeria e a aplicação de todos os tipos de meios terapêuticos revigorantes (massagens, hidroterapia etc..), ajuda na disposição da histeria mais aguda e grave, pois ela produz uma desordem geral, física e moral do paciente. O tratamento de um sintoma histérico singular não oferece perspectiva de sucesso enquanto persistir a histeria aguda. Os sintomas removidos têm recorrências ou são substituídos por novos, em que o médico e paciente acabam cansados. Sobre a prescrição de medicações, um erro grave é prescrever narcóticos. No caso de histeria local e residual, os medicamentos internos nem sempre podem ser evitados, e seu efeito é incerto. Em alguns casos é escolhido o tratamento direto ou indireto. Em último caso é recomendado uma terapêutica geral e se recomenda uma estadia ao ar livre, hidroterapia, eletricidade, e melhoria do sangue por medicação de arsênico e ferro. No tratamento indireto , é necessário cuidar de eliminar as fontes de irritação da natureza física, que podem ser causados por dores de garganta ou inflamação nasal que podem ser pertinentes para a histeria. No tratamento direto, consiste em eliminar as fontes da irritação psíquica, desta forma as causas da histeria sejam buscada no inconsciente. Nesse tratado, o paciente é iniciado na hipnose para eliminação do sofrimento, desta forma garantindo que através deste estímulo o sofrimento seja removido. 8 Na verdade muitos sintomas histéricos que resistiram a todos os tratamentos desaparecem espontaneamente sob a influência de um motivo psíquico como por exemplo; uma paralisia de mão direita é cancelado se em uma alteração o paciente tem o impulso de golpear seu oponente, ou uma excitação moral, um terror, uma expectativa (por um lugar de peregrinação), ou finalmente uma subversão de excitação dentro do sistema nervoso por traz de um ataque de convulsões. O tratamento psíquico direto dos sintomas histéricos se tornará o mais usado quando nos círculos médicos a sugestão for melhor compreendido ( Bernheim -Narrey). Sendo assim: A histeria é uma anormalidade dos sistema nervoso que se baseia numa distribuição direta de excitações, provavelmente com a formação de um excesso de estímulos dentro do órgão da alma. Sua sintomatologia mostra que esse estímulo excedente é distribuído por representações conscientes ou inconscientes, e que a distribuição das excitações dentro do sistema nervoso é capaz de causar distúrbios histéricos, e que tais intervenções são em partes de natureza física, e em outra partediretamente de natureza psíquica. (PARTE II) TRATAMENTO PSÍQUICO - TRATAMENTO DA ALMA - (1890) Introdução : "Psique" é uma palavra grega , e "Seele" em alemão é ("alma"), e pode-se dizer "tratamento psíquico" é o mesmo que "tratamento da alma", e assim se trata de tratamento dos fenômenos patológicos da vida espiritual. Mas esse não é o significado da expressão, pois o "Tratamento psíquico e o tratamento de parte da alma - são distúrbio psíquico ou corporal - com recursos que, de forma primária e imediata, influenciam a alma do homem, e assim qualquer pessoa achará que os distúrbios patológicos do corpo e da alma podem ser eliminados por "meras" palavras dos médicos. 9 Depois de um período bastante inférito em que dependia da chamada "filosofia da natureza", a medicina, sob a influência feliz das ciências naturais, fez seu maior progresso como ciência e como arte: aprofundou na construção do organismo mostrando que consiste em unidades microscópicas (células); aprendeu a compreender nos termos da física e da química cada uma das funções vitais, e para distinguir as alterações visíveis e apreensivas nas partes do corpo que são uma conseqüência dos vários processos patológicos; por outro lado, descobriu os sinais que revelam a presença de processos morbosos profundos no organismo vivo. Além disso, identificou um grande número de microorganismos causadores de doenças e, com a ajuda das intelecções que acabavam de ser obtidas, reduziu consideravelmente os perigos das operações cirúrgicas graves. Todos esses desenvolvimentos e descobertas diziam respeito à natureza corpórea do homem; e seguindo uma orientação incorreta (mas compreensível) do julgamento, os médicos restringiram seu interesse, e assim deixaram a cabo dos filósofos, a quem eles desprezavam, lidar com a alma. É verdade que a medicina moderna teve oportunidade suficiente para estudar o nexo entre o corpóreo e a alma, nexus cuja existência é inegável; mas em nenhum caso ele deixou de apresentar a alma como comandada pelo corpóreo. Desta forma se supõem que as operações mentais do cérebro bem nutrido e de desenvolvimento normal, de modo que sejam perturbados quando esse órgão estiver doente; e que se algumas substâncias tóxicas fossem introduzidas na circulação, era possível provocar certos estados de doença mental, ou que, em pequena escala, os sonhos podiam variar de acordo com os estímulos fornecidos quando estiver dormindo,. (tanto no animal quanto no homem) é de ação recíproca, mas a relação entre a ação da alma no corpo, pois se ele (o médico) concedesse uma certa autonomia à vida da alma, deixariam de pisar no campo seguro da ciência. Nos últimos quinze anos, essa orientação unilateral da medicina em direção ao corpóreo foi gradualmente modificada e a mudança originou-se diretamente na prática médica. Com o passar do tempo grande variedades de doentes e de queixas de distúrbios de vários pacientes, representaram um grande desafios aos médicos, que apesar de fazerem investigações, os avanços não chegavam a algo palpável e nem visível sobre as patologias encontradas nem na vida e nem na alma. Havia nesses grupos de pacientes, uma variedade de 10 quadro clínicos como: não conseguir realizar um trabalho intelectual devido a dores de cabeça ou falhas de atenção; eles machucam os olhos quando lêem, suas pernas se cansam quando andam; sentir surdez ou dormências; sofrem de distúrbios digestivos na forma de sensações dolorosas, vômitos ou espasmos gástricos; eles não podem defecar sem purgar, tornaram-se insomniacos, etc. Eles podem sofrer simultaneamente ou sucessivamente todas essas doenças, ou apenas algumas delas, e que sem dúvida todos os casos relatados poderiam ser sintomas da mesma doença, pois muitas das patologias estão claramente ligadas as influências da irritação, medo, frustração, emoções fortes de perda e dor, preocupações e decepções, etc., que podem desaparecer dando lugar a um estado sadio ou deixar sequelas. A pesquisa médica finalmente chegou à conclusão de que essas pessoas podem ser tratados por terem dores de estômago ou problema na visão, etc., se não há neles uma condição indicando que seja o sistema nervoso a ser tratado. O estudo do cérebro e dos nervos de quem sofre, não teve até agora nenhuma descoberta de alteração visível, e até mesmo muitas características do seu quadro patológico, mas que detemos a esperança que algum dia com meios e exame mais fino ser possível verificar se há alterações capazes de causar a doença. Esses estados têm sido chamados nervosidade (neurastenia, histeria), e são definidos como doenças meramente 'funcional' sistema nervoso. Muitas das afecções nervosas persistentes naqueles pacientes que apresentam apenas sinais patológicos da alma (chamados delírios, idéias obsessivas, insanidades). Os médicos tiverem a tarefa de investigar a natureza das manifestações nos casos das pessoas nervosas ou neuróticas e chegaram a essa descoberta: pelo menos em alguns desses pacientes, os sinais patológicos são apenas de uma influência alterada da vida de sua alma em seu corpo, portanto a causa do distúrbio deve ser buscado na alma, e procurar a causa mais remota que acomete a alma, que é uma influência perturbadora; e assim a ciência encontrou o nó sobre a dimensão da relação entre corpo e alma. Sobre a influência da alma, muitas coisas sempre foram conhecidas que só agora foram colocadas na luz certa, e o exemplo mais comum e atual de uma influência no corpo que qualquer um pode observar é a chamada "expressão de emoções"; pois quase todos os estados de humor que um homem pode ter são expressos na tensão e relaxamento de seus músculos faciais, a atitude de seus olhos, o fluxo de sangue em sua pele, a maneira de usar seu aparelho de fala e as posturas de seu membros, especialmente as mãos. Essas alterações corporais 11 concomitantes quase nunca são úteis para o experimentador. Pelo contrário, se ele tenta esconder seus processos mentais dos outros, eles muitas vezes impedem seus propósitos. Mas outros servem como sinais confiáveis a partir dos quais os processos da alma podem ser inferidos, e eles são muitas vezes mais confiáveis do que em manifestações verbais simultâneas e deliberadas, pois se enquanto um homem realizar certas atividades psíquicas, é possível sujeitá-lo a um exame mais atento, há outras conseqüências corporais nas alterações de seu pulso, nas mudanças na distribuição do sangue dentro do corpo e assim por diante. Em certos estados da mente chamados afecções, a coparticipação do corpo é tão impressionante e tão grande que muitos pesquisadores da alma passaram a pensar que anatureza das afecções consistiria apenas nessas exteriorizações corporais. Sabe-se então, que ocorrem alterações extraordinárias na circulação, secreções, nos estados de excitação dos músculos voluntários, sob a influência, por exemplo, de medo, raiva, quiescência da alma, arrebatamento sexual, que são menos conhecidos, mas perfeitamente demonstrados, são outras conseqüências corporais das afecções que não estão mais incluídas nas suas exteriorizações. Estados afetivos persistentes de uma natureza dolorosa ou, como eles dizem, "depressiva" , como o cuidado. preocupação e luto, reduzir a nutrição do corpo como um todo, tornar o cabelo cinza, desaparecer os tecidos adiposos e as paredes dos vasos sangüíneos se alteram patologicamente. Por outro lado, sob a influência de excitações jubilosas de "felicidade", vemos que o corpo inteiro floresce e a pessoa recupera muitos dos traços da juventude. É evidente que as grandes afecções têm muito a ver com a incapacidade de resistência a infecções; um bom exemplo disso é o que certos observadores médicos indicaram: a propensão para contrair tifo e disenteria é muito maior nos membros de um exército derrotado do que nos triunfantes. Os estados de doença podem ser desenvolvidos e influenciados por efeitos violentos, ou um grande susto ou uma dor súbita, pois nos estados depressivos podem aparecer e modificar a vida da pessoa. O pensamento ou a imaginação podem influenciar profundamente, e desempenharem um papel de promotores e inibidores de doenças físicas, pois a imaginação da pessoa pode produzir dores que ela não tenha, e mesmo ao deixar de sentir as dores que existe no corpo é influenciada pela imaginação ou pela negação. 12 E possível produzir ou aumentar a dor concentrando a atenção, elas desaparecem desviando-a, esta experiência pode ser usada para acalmar as crianças; o guerreiro adulto não sente dor por sua ferida na febre do combate; e é provável que o mártir, no ardor de seu sentimento religioso, na consagração de todos os seus pensamentos à recompensa celestial que já sorri para ele, permanece completamente insensível à dor causada pelas torturas. A influência da vontade nos processos patológicos do corpo não é tão fácil de documentar com exemplos, mas é bem possível que a intenção de curar ou a vontade de morrer não deixe de influenciar o resultado, mesmo em casos sérios e delicados. As eficácias dos tratamentos pelo pensamento, traz inúmeras tendências, com a esperanças e as terapias milagrosas, que são inexplicáveis, e de certa forma curiosos, pois os pacientes se submetem a todos tipo de tratamento para poder se curar. No entanto, a influência da expectativa de confiança torna-se mais evidente nas chamadas "curas milagrosas" que ainda são consumidas diante dos nossos olhos sem a cooperação da arte médica. As curas milagrosas no sentido apropriado, ocorrem em crentes sob a influência de cenários adequados para aumentar os sentimentos religiosos, isto é, em lugares onde uma imagem milagrosa é venerada ou onde uma pessoa santa ou divina que apareceu aos mortais, prometendo-lhes alívio em troca de sua adoração, ou onde as relíquias de um santo são mantidas como tesouros. Não parece fácil que a fé religiosa sozinha possa facilmente dispersar a doença através da expectativa, pois, em curas milagrosas, muitas vezes ocorrem outras perdas. O tempo em que a busca da graça divina deve ser marcado por características particulares; o esforço corporal imposto aos doentes, ao trabalho e aos sacrifícios da peregrinação, estão destinados a torná-lo digno dessa graça. Seria confortável, mas bastante incorreto, simplesmente negar essas curas milagrosas à fé, e explicar seus depoimentos pela conjunção de uma fraude piedosa com uma observação imprecisa. Pois preocupam-se não apenas com doenças de origem psíquica, cuja base é a "imaginação" e sobre a qual as circunstâncias da peregrinação podem ser influenciadas, mas também para estados patológicos de uma raiz "orgânica" que anteriormente tinha sido refratário a todos os esforços médicos. Mas não há necessidade de adotar poderes além de almas para explicar curas milagrosas. Tudo acontece de forma natural; de fato, o poder da fé religiosa é reforçado neste caso por várias forças instintivas genuinamente humanas. A fé piedosa do indivíduo é aumentada pelo entusiasmo da multidão no meio do qual geralmente se aproxima do lugar sagrado. Em virtude desse efeito de massa, todos os movimentos da alma do indivíduo podem 13 subir ao extremo. E quando é um homem sozinho que procura curar em um lugar sagrado, a fama e o prestígio desse lugar substituem a influência da multidão. Em todas as épocas existem sacerdotes e médicos da moda, em particular entre a sociedade seleta; e a ânsia de excelência e igualdade das mais exaltadas são poderosas forças da alma. Esses curandeiros produzem efeitos terapêuticos que dominam sua jurisdição e nas mãos do médico da moda, conhecido talvez por curar uma personalidade proeminente, o mesmo recurso cede muito mais do que outros médicos podem obter. Existem então taumatérios humanos, como existem divinos; só que esses homens, elevados aos altares de prestígio a favor da moda e da imitação, caem logo de seu pedestal. Daí a superabundância de curandero artes e curandeiras, que agora estão novamente desafiando os médicos para o exercício de sua profissão. As palavras são, sem dúvida, os principais mediadores da influência que um homem finge exercer sobre os outros; as palavras são bons meios para provocar alterações animistas naquele a quem elas são direcionadas, e por isso, já não parece enigmático afirmar que a insanidade da palavra pode eliminar os fenômenos patológicos, mas aqueles que, por sua vez, têm sua raiz nos estados da alma. Os médicos reconheceram claramente a importância do estado de espírito para a cura, eles surgiram com a idéia de não deixar o paciente se livrar da quantidade de solicitação psíquica [Entgegenkommen] = para se encontrar ou se conhecer, que ele poderia produzir e de ter o humor buscando favoravelmente com os meios apropriados o médico através do humor das mudanças de humor chegar a um meio que favoreça o tratamento do paciente . Com esse compromisso, nasce o tratamento psíquico moderno. Assim, surgiram muitos modos de tratamento; alguns evidentes, outros compreensíveis somente após a adoção de instalações complexas. É óbvio, por exemplo, que o médico de hoje não pode mais se maravilhar como se fosse um sacerdote ou possuidor de uma ciência oculta, pois através de sua personalidade ele tem que ganhar a confiança e parte da simpatia de seu paciente. Todos os laços com o paciente envolvendo sentimentos deternura são excluídos para o médico por causa do significado vital dessas situações de humor. O médico talvez possa orientar a atividade voluntária e a atenção do paciente, e em vários estados patológicos, mas essas raras oportunidades dificilmente dão lugar ao direito de instituir o tratamento psíquico como um procedimento terapêutico particular. No entanto, por um caminho singular e imprevisível, o médico recebeu a possibilidade de exercer uma 14 influência profunda, e transitória, sobre a vida psíquica de seus pacientes, e aproveitá-la para fins terapêuticos. Há muito que se sabe, embora apenas nas últimas décadas tenha sido estabelecido sem dúvida que é possível, por certas influências benignas, colocar os seres humanos em um estado de curiosidade ascética, que tem uma grande semelhança com o sono, e por esse motivo chamou de "hipnose". Para hipnotizar é preciso segurar um objeto brilhante na frente dos olhos, imóvel por alguns minutos, ou aplicando um relógio de bolso na orelha do paciente ou voluntário durante o mesmo tempo, ou repetidamente passando a mão aberta na frente do rosto. Por exemplo, a pessoa está sentada, um dedo é segurado diante de seus olhos, ele é obrigado a encará-lo, e então ele é informado: "Você se sente cansado. Seus olhos estão fechados, ele não pode mais abri-los. Seus membros se sentem pesados, ele não pode mais movê-los. Você adormeceu, etc. " Pois bem; nota-se que a coisa comum a esses procedimentos é o encadeamento da atenção; No primeiro mencionado, tenta-se cansá-lo por estímulos sensoriais fracos. Mas, ainda não foi satisfatoriamente elucidado com a mera "a palavra" provoca o mesmo estado que os outros procedimentos. Os hipnóticos exercitados indicam que dessa forma uma alteração claramente hipnótica pode ocorrer em 80 por cento dos indivíduos. O estado hipnótico possui gradações muito diferentes; nos mínimos graus, o hipnotizado sente apenas uma ligeira perplexidade, enquanto o grau mais elevado, que tem características surpreendentes, é chamado de "sonambulismo" pela sua semelhança com a ação, observada como um fenômeno natural, de adormecer . Mas a hipnose não é de todo um sono como nosso sono noturno ou produzido por meios artificiais. Nele apresentam alterações e demonstram preservar operações psíquicas que faltam no sono normal. as a característica mais significativa e mais importante para nós reside no comportamento dos hipnotizados em relação ao seu hipnotizador. Enquanto ele se comporta para o mundo exterior num todo como um sono faria, isto é, ele sente falta de todos os seus sentidos, ele permanece acordado para a pessoa que o colocou em um estado hipnótico, apenas ela ouve e vê, entende e responde. Não é que o mundo dos hipnotizados seja restrito ao hipnotizador. Isso acrescenta ao fato de que o primeiro obedece completamente o último, torna-se obediente e crédulo, até mesmo sem restrições na hipnose profunda. A manifestação prática desta obediência e dessa 15 credulidade, enfatiza-se, como personagem do estado hipnótico, que a influência da vida-alma sobre o corpo é extraordinariamente elevada no hipnotizado. Se o hipnotizador diz: "Você não pode mover seu braço", ele fica como imóvel; é evidente que o hipnotizado aplica toda a sua força, e não pode movê-la. Se o hipnotizador diz: "Seu braço se move sozinho, você não pode parar", esse braço se move, e vemos o esforço hipnotizado em vão para mantê-lo quieto. A representação que o hipnotizador deu aos hipnotizados pela palavra provocou apenas a relação alma-corpo que corresponde ao seu conteúdo. No campo das percepções sensoriais. O hipnotizador diz: "Você vê uma cobra, você cheira uma rosa, você escuta a música mais bonita", e o hipnotizado vê, cheira, escuta o que exige a inscrição instalada. Como você sabe como os hipnotizados realmente têm essas percepções? Pode-se pensar que ele apenas finge; mas não há motivo para hesitar porque ele se comporta como se ele realmente os tenha. Isso tudo pode ser chamado de sugestão ao ditado do hipnotizador. A obediência hipnótica pode ser usada para fazer uma série de experiências extremamente surpreendentes, que perseguem visões profundas da fábrica da alma e criam no observador uma convicção inabalável sobre o poder insuspeito da alma sobre o corpo. Ao hipnotizado pode ser transmitido a sugestão de executar uma ação determinada somente após um certo período após o despertar da hipnose (a sugestão para hipnotizado do hipnotizador), e hipnotizado cumpre esse termo e no meio do seu estado de vigília executa a ação sugerida, sem poder dar motivo disso. O despertar da hipnose vem facilmente através da palavra autorizada do hipnotizador: "Acorde". Na hipnose mais profunda, nada é lembrado após o que foi experimentado durante a hipnose sob a influência do hipnotizador. Este fragmento da vida da alma permanece, por assim dizer, separado do resto, alguns hipnotizados tem uma memória de sonhos, e relatam estar sobre um impulso psíquico. Existe um questionamento sobre a eficácia da hipnose, pois, a hipnose não parece satisfazer todas as necessidades do médico, na medida em que ele quer se apresentar como um "doutor da alma" em frente aos doentes? A hipnose empresta ao médico uma autoridade maior talvez do que qualquer sacerdote ou taumaturgo já possuído, pois traz todo o interesse psíquico do hipnotizado na pessoa do médico; repete no paciente a discrição de sua vida espiritual em que discernimos o obstáculo caprichoso para a externalização das influências psíquicas no corpo; 16 institui em si mesmo e por si só um aumento da regra da alma sobre o corpo, como foi observado apenas pelas afecções mais poderosas; e a possibilidade de tornar possível apenas no estado normal trazer à luz o que na hipnose foi introduzida no paciente (sugestão pós-hipnótica) coloca nas mãos do médico o uso do grande poder que ele exerce na hipnose para modifique o estado do paciente na vigília. O tratamento hipnótico significa realmente uma grande extensão do poder de ação do médico e, portanto, uma progressão da arte terapêutica. Todo paciente pode ser aconselhado a confiar se for exercido por um especialista e médico confiável. Mas a hipnose deve ser usada de maneira diferente do habitual hoje. Geralmente, esse tipo de tratamento é usado somente quando todos os outros meios não tiveram êxito e o paciente já está intimidado e desencorajado. Então, ele deixa seu médico, que não pode hipnotizar ou não pratica esse método, e vai a um médico estranho, que muitas vezes não faz e não pode fazer senão hipnotizar. A hipnose, se fosse útil, estaria em pé de igualdade com os outros procedimentosterapêuticos e deixaria de constituir um último refúgio, ou mesmo, uma recaída do científico no curandeirismo. No entanto, o procedimento terapêutico hipnótico não é apenas útil em todos os estados neuróticos e distúrbios gerados pela "imaginação", bem como no desarraigamento de hábitos patológicos (alcoolismo, vícios de morfina, desvios sexuais), mas em muitos Doenças dos órgãos (mesmo de natureza inflamatória) em que se tem a possibilidade de eliminar, mesmo que a doença básica continue, os sinais mais irritantes para os doentes, como a dor, a inibição do movimento, etc. A seleção de casos para o uso do procedimento hipnótico depende inteiramente da decisão do médico. O tratamento por hipnose pode ser tão laborioso, quanto demorado, pois existem diferentes pessoas, e os resultados podem ser conseguidos com outros tipos de tratamento. Pois o paciente que quer ser colocado em estado hipnótico pode se recusar a ser sugestionado a cessar sua paralisia imaginária, pois os pacientes com neuroses são difíceis de serem hipnotizados, e bem mais fácil em pessoas sadias. É bom que o paciente conheça esses defeitos do método terapêutico hipnótico e as possibilidades de decepção que sua aplicação implica. A virtude terapêutica da sugestão hipnótica é factual, não requer elogios exagerados. Por outro lado, é bastante compreensível que os médicos a quem o tratamento psíquico hipnótico tenham prometido tantas coisas que mais tarde não cumpriram, não se cansam de procurar outros procedimentos que permitam 17 uma influência mais profunda ou menos essencial na alma do paciente. Há certas perspectivas de que o tratamento psíquico moderno, consciente de seu objetivo, que representa um renascimento de métodos terapêuticos antigos, colocará os médicos nas mãos de armas ainda mais poderosas para combater a doença. Os meios e as formas de alcançar isso serão marcados por uma compreensão mais profunda dos processos da alma-vida em si, uma intelecção cujos primeiros passos se baseia precisamente em experiências hipnóticas. Referência utilizada: Freud, Sigmund - Obras completas Sigmund Freud Ordenamiento, comentarios y notas de James Strachey con la colaboración de Anna Freud, asistidos por Alix Strachey, Alan Tyson y Angela Richards - Traducción directa del alemán de José L. Etcheverry - Volumen 1 (1886-99). Publicaciones prepsicoanalíticas y manuscritos inéditos en vida de Freud -Amorrortu editores 18
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