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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 1. TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1.1. Conceito - Wilson de Souza Campos Batalha, Carlos Coqueijo Costa, Waldemar Ferreira utilizam a expressão Direito Judiciário do Trabalho. - Crítica: A disciplina abrange todo o sistema processual (partes, procedimentos, termos etc.) e não se limita ao estudo das atividades do Judiciário Trabalhista. - “Direito Processual do Trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições destinado a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos dissídios, individuais ou coletivos, pertinentes à relação do trabalho”. (MARTINS, p. 18). - Carlos Henrique Bezerra Leite conceitua “o direito processual do trabalho como ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de normas, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos decorrentes das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho” (grifo acrescentado, LEITE, p. 81). 1.2. Posição Enciclopédica - O Direito Processual do Trabalho é espécie do Direito Processual, ramo do Direito Público. (MARTINS, p. 25). 1.3. Autonomia - Em relação à autonomia do DPT, apresentam-se duas teorias: a Monista e a Dualista. - Para a Teoria Monista, o Direito Processual seria único. Portanto, o DPT não possuiria autonomia. (Ramiro Podetti). - A Teoria Dualista defende a autonomia do DPT, havendo várias correntes: a) Radical (Hélio Sarthou): O DPT é completamente independente do direito processual, não se sujeitando nem os princípios da teoria geral do processo. b) Autonomia Relativa (Wilson de Souza Campos Batalha): A aplicação subsidiária das normas de processo civil demonstra a relatividade da autonomia do DPT (CLT, art. 769). c) Inominada (Coqueijo Costa, Wagner Giglio, Délio Maranhão, Tostes Malta): O DPT é autônomo. Matéria extensa, doutrina homogênea e método próprio. - Uma vasta matéria, que mereça estudo de conjunto; princípios próprios e institutos peculiares caracterizam a autonomia de uma ciência. - Para Sérgio Pinto Martins, o DPT possui autonomia sob o ponto de vista doutrinário, jurisdicional e científico. Porém, pela inexistência de um código sobre a matéria, não se pode falar que haja autonomia legislativa. (MARTINS, p. 20/22). - Carlos Henrique Bezerra Leite também entende que o DPT é autônomo, mas reconhece que “não desfruta de métodos tipicamente próprios, pois a hermenêutica, que compreende a interpretação, a integração e a aplicação das normas jurídicas processuais é a mesma da teoria geral do direito processual” (LEITE, p. 80). - O fato de ser autônomo, como ciência, não quer dizer que o DPT esteja isolado. Tanto é assim que mantém relação com diversos ramos: Direito Constitucional (Justiça do Trabalho e competência); Direito do Trabalho (Direito Material a ser aplicado); Direito Processual Comum (CLT, art. 769); Direito Administrativo (Organização dos Tribunais); Direito Penal (crimes praticados no processo); Direito Civil (capacidade, domicílio, parentesco); Direito Comercial (Falência, Recuperação extrajudicial e judicial); Direito Tributário (CLT, art. 889; Lei 8.830/80; CTN, art. 186). 1 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 1.4. Fontes - Fonte seria aquilo que origina ou produz; origem; causa. - Fontes podem ser materiais ou formais. - “Fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores. São analisados fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos etc. São os fatores reais que irão influenciar na criação da norma jurídica.” (MARTINS, p. 30). - Fontes formais correspondem à exteriorização do Direito. - As fontes formais podem ser: a) Heterônomas – Impostas de forma coercitiva. Normalmente de origem estatal. b) Autônomas – Produzidas pela vontade das partes. - No DPT somente podem ser concebidas as fontes heterônomas, pois não é permitido às partes criar, segundo sua vontade, regras processuais (entendimento majoritário). - Lição interessante é a do Prof. Carlos Henrique Bezerra Leite, que divide as fontes formais do DPT em: a) fontes formais diretas, que abrangem a lei em sentido genérico e o costume; b) fontes formais indiretas, que são extraídas da doutrina e da jurisprudência; c) fontes formais de explicitação, que são fontes integrativas (analogia, princípios gerais do direito e eqüidade). Como exemplo das primeiras, cita Constituição Federal, CLT, Lei 5.584/70, CPC, Lei 6.830/80 (Execução Fiscal), Lei 7.701/88 (Especialização das Turmas dos Tribunais do Trabalho), LC 75/93 (LOMPU), Lei 7.347/85 (Ação Civil Pública), CDC, ECA, Decreto-Lei 779/69 e Regimentos Internos dos Tribunais (CF, art. 96, I, a). Em relação às segundas, destaca a importância da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, apesar de discordar de algumas posições deste. Já em relação às terceiras, afirma que o art. 769 da CLT permite a utilização de outras normas integrativas previstas no CPC, como o art. 126 (“O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais do direito”) e art. 127 (“juiz só decidira por equidade nos casos previstos em lei”). O referido doutrinador entende que costume é fonte normativa apenas quando o ordenamento jurídico prevê autorização para o juiz aplicá-lo. O “protesto nos autos”, segundo ele, seria exemplo de costume como fonte do DPT. Em relação aos tratados internacionais, assevera que essas fontes são de origem estatal, pois firmadas por pelo menos dois Estados soberanos. Também diverge da posição do STF, pois defende que os tratados internacionais firmados pelo Brasil que versem direitos humanos são, por força do art. 5º, § 2º, da CF/88, também normais constitucionais. - Com a EC 45/04, esses tratados, caso sejam aprovados pelo mesmo quorum das emendas constitucionais, passaram a ostentar status de norma constitucional. - O STF alterou seu posicionamento quanto aos tratados internacionais que versem sobre direitos humanos. Eles ostentariam o status de normas supralegais (acima da legislação infraconstitucional, mas abaixo da Constituição). Pacto de S. José da Costa Rica, Súmula Vinculante 25 e Precedentes RE 562051 RG, RE 349703, RE 466343, HC 87585, HC 95967, HC 91950, HC 93435, HC 96687 MC, HC 96582, HC 90172, HC 95170 MC. 1.5. Princípios - Os princípios constituem a base de um sistema jurídico, proporcionando sua coesão, harmonia e unidade. - Princípios são os alicerces da ciência (CRETELLA JR apud MARTINS, p. 37). 2 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy “PRINCÍPIOS. No sentido jurídico, notadamente no plural, quer significar as normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. E, assim, princípios revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixaram para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica. Desse modo, exprimem sentido mais relevante que o da própria norma ou regra jurídica. Mostram-se a própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-se em perfeitos axiomas. Princípios jurídicos, sem dúvida, significamos pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito. E, nesta acepção, não se compreendem somente os fundamentos jurídicos, legalmente instituídos, mas todo axioma jurídico derivado da cultura jurídica universal. Compreendem, pois, os fundamentos da Ciência Jurídica, onde se firmaram as normas originárias ou as leis científicas do Direito, que traçam as noções em que se estruture o próprio Direito. Assim, nem sempre os princípios se inscrevem nas leis. Mas, porque servem de base ao Direito, são tidos como preceitos fundamentais para a prática do Direito e proteção de direitos.” (SILVA, 1973, p. 1220). - Conflito entre princípios e conflito entre regras: Ronald Dworkin e Robert Alexy. Neoconstitucionalismo. As regras se aplicam de acordo com a lei “all-or-nothing” (tudo ou nada). São analisadas pelo critério da validade. Os princípios, por sua vez, são mandados de “otimização”. Os princípios são valorados, têm uma dimensão de peso. - Princípios distinguem-se de peculiaridades: Princípios são gerais; informam orientam e inspiram outros preceitos; dão organicidade a institutos e sistemas processuais; constituem a regra. Peculiaridades são restritas a poucos preceitos; delas não derivam normais legais; esgotam sua atuação em âmbito restrito; constituem a exceção. (GIGLIO apud MARTINS, p. 38). - Sérgio Pinto Martins cita 13 peculiaridades do DPT, dentre elas: função normativa; recursos, regra geral, só com efeito devolutivo; execução começar por ato do juiz, de ofício (ibidem). 1.5.1. Princípios Gerais - MARTINS (p. 39/40) aponta aqueles consagrados no texto constitucional: direito de petição (art. 5º, XXXIV, a), devido processo legal (art. 5º, LIV), contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV), juiz natural (art. 5º, XXXV), inadmissibilidade de provas ilícitas (art. 5º, LVI), publicidade e fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX). Afirma que alguns autores confundem princípios do Direito Processual Comum com os Princípios do Direito Processual do Trabalho. Segundo MARTINS, celebridade, a busca pela simplificação e até mesmo o jus postulandi não são exclusividade do DPT e que também são buscados no Direito Processual Comum. - Com a EC 45/04: acrescentou-se o princípio da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII). 1.5.2. Princípios de Direito Processual do Trabalho - Não há consenso entre os juristas especializados quanto a esses princípios. - Bolívar Viegas Peixoto enumera, de forma exaustiva, 35 princípios. São eles: Princípio da instrumentalidade, Princípio do devido processo legal, Princípio da indisponibilidade, Princípio da oralidade, Princípio da celeridade, Princípio da unicidade das audiências, Princípio da concentração, Princípio do jus postulandi, Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, Princípio na dúvida pro operário, Princípio da informalidade, Princípio da conciliação, Princípio dispositivo, Princípio inquisitivo, Princípio do ônus da prova, Princípio da imediatidade, Princípio da norma mais favorável, Princípio da 3 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy eventualidade, Princípio da economia processual, Princípio do contraditório, Princípio da publicidade, Princípio da igualdade das partes, Princípio da lealdade e da boa-fé, Princípio da imparcialidade do juiz, Princípio do livre convencimento, Princípio da identidade física do juiz, Princípio da onerosidade, Princípio da sucumbência, Princípio da gratuidade da Justiça, Princípio do duplo grau de jurisdição, Princípio unirrecorribilidade das sentenças, Princípio da preclusão, Princípio do non reformatio in pejus, Princípio das nulidades e Princípio da fungibilidade (apud GIGLIO, p. 69/123). - Coqueijo Costa entende que os princípios que regem o processo do trabalho são os básicos do processo civil, porém com as devidas adaptações, especialmente no processo coletivo do trabalho (COSTA, p. 17). - Christóvão Piragibe Tostes Malta enumera 17 métodos e princípios relacionados ao processo trabalhista: oralidade, concentração, eventualidade, imediação e identidade física do juiz, métodos dispositivo e inquisitivo, contraditório ou método da igualdade ou da audição jurídica, convencimento racional do juiz, instrumentalidade da forma dos atos processuais, publicidade, duplo grau de jurisdição, lealdade processual, economia, livre dicção do direito objetivo, imparcialidade do juiz, preclusão, verossimilhança e congruência (MALTA, p. 37/44). - José Martins Catharino aponta os princípios: a) da adequação (à finalidade do direito material); b) do tratamento desigual; c) teleológico ou da finalidade social específica (impedir os efeitos violentos da questão social); d) normatividade jurisdicional (apud MARTINS, p. 40/41). - Wagner Giglio (p. 66/68) cita como princípios próprios do DPT: o protecionista, o da jurisdição normativa, o da despersonalização do empregador e o da simplificação procedimental. - Para Carlos Henrique Bezerra Leite (p. 69/77), os princípios peculiares do DPT são: princípio da proteção, princípio da finalidade social, princípio da busca da verdade real, princípio da indisponibilidade, princípio da conciliação, princípio da normatização coletiva e outros (princípio da simplicidade das formas, princípio da despersonalização ou desconsideração da personalidade jurídica do empregador e princípio da extrapetição) - Sérgio Pinto Martins entende que o verdadeiro princípio do processo do trabalho é o da proteção, estando nele englobadas diversas peculiares. Argumenta que aquilo que os demais autores denominam como princípios específicos do DPT são, na verdade, princípios gerais e comuns à ciência processual ou peculiaridades do processo laboral. Para o que Wagner Giglio denominou de princípios ideais do processo do trabalho (ultra ou extrapetição, iniciativa de ofício e coletivização das ações), asseverou que seriam tendências, ou seja, no futuro, serão as orientações a serem utilizadas. Defendeu a maior utilização do princípio da iniciativa ex ofício e do princípio da coletivização das ações (p. 43/45). 4 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 2. JUSTIÇA DO TRABALHO 2.1. Órgãos - Evolução: a) Conselho Nacional do Trabalho, Conselhos Regionais do Trabalho e Juntas de Conciliação e Julgamento (Poder Executivo); b) Tribunal Superior do Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juntas ou Juízes de Conciliação de Julgamento (CF/46, arts. 94 e 122: Justiça do Trabalho passa a fazer parte do Poder Judiciário); c) Tribunal Superior do Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juntas ou Juízes de Conciliação de Julgamento (CF/88, art. 111, redação original); d) Tribunal Superior do Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juízes do Trabalho. 1ª instância: JCJ → VT. (CF/88, arts. 111 e 116, com redação dada pela EC 24/99). - A Constituição Federal de 1937 concedeu maior autonomia à Justiça do Trabalho, mas foi silente quanto sua inserção ou não no Judiciário. Todavia, conforme relata Carlos Henrique Bezerra Leite, o STF reconheceu-lhe o caráter jurisdicional. (LEITE, p. 103) - Sérgio Pinto Martins aponta os seguintes aspectos peculiares da Justiça do Trabalho: a) dá efetividade ao Direito do Trabalho; b) não há divisão em entrâncias nas Varas do Trabalho; c) na primeira instância não existem órgãos ou Varas especializadas; d) os tribunais são criados por regiões e não por Estados. (MARTINS, p. 73).2.2. Investidura - Carreira: Juiz do Trabalho Substituto → Juiz do Trabalho (Titular) → Juiz do TRT. - Exigências: a) bacharel em Direito; b) ter, no mínimo, três anos de atividade jurídica (CF, art. 93, I); c) idade entre 25 e 45 anos (CLT, art. 654, §4). - Segundo Sérgio Pinto Martins, “tem-se entendido que não há mais a exigência de idade mínima para inscrição ao concurso de juiz do trabalho, apenas a idade máxima não poderá ser superior a 65 anos, que é a idade limite para que um juiz possa ser indicado para os tribunais superiores”. (MARTINS, p. 73) - Segundo a Resolução n. 11, de 31/01/06 do Conselho Nacional de Justiça, somente será computada a atividade jurídica após a obtenção do grau de bacharel em Direito (art. 1º) e considera-se atividade jurídica “aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito, bem como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra atividade anterior à colação de grau” (art. 2º). 2.3. Garantias, Vedações e Prerrogativas - Idem ao de todo membro do Poder Judiciário. - Garantias: “I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.” (CF/88, art. 95). - Vedações: “I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 5 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy III - dedicar-se à atividade político-partidária; IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.” (CF/88, art. 95, parágrafo único). - “O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular, somente será permitido se houver correlação de matérias e compatibilidade de horários, vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de direção administrativa ou técnica de estabelecimento de ensino” (grifo acrescentado, LC 35/79, art. 26, § 1º). - “Não se considera exercício do cargo o desempenho de função docente em curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados” (grifo acrescentado, LC 35/79, art. 26, § 2º). - Prerrogativas: arts. 33 e 34 da LC 35/79 (LOMAN) Art. 33 - São prerrogativas do magistrado: I - ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior; II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (vetado); III - ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final; IV - não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por autoridade judicial; V - portar arma de defesa pessoal. Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação. Art. 34 - Os membros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Federal de Recursos, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral e do Tribunal Superior do Trabalho têm o título de Ministro; os dos Tribunais de Justiça, o de Desembargador; sendo o de Juiz privativo dos outros Tribunais e da Magistratura de primeira instância. 2.4. Organização da Justiça do Trabalho 2.4.1. Tribunal Superior do Trabalho - Antecedente histórico: Conselho Nacional do Trabalho instituído pelo Decreto n. 16.027/23, órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, instância recursal em matéria previdenciária e autorizava dispensa de servidor público portador de estabilidade. - CF/1946: CNT → TST. - Decreto-lei 9.797/46: 11 integrantes do TST. - CF/67: 17 Ministros, sendo 11 togados e vitalícios e 6 classistas e temporários. - CF/88 (redação original): 27 Ministros, 17 togados e 10 classistas. - EC 24/99: 17 Ministros. - EC 45/04: 27 Ministros (dentre os brasileiros com mais 35 e menos de 65 anos). - Nomeação: É realizada pelo Presidente da República, após prévia aprovação do Senado Federal. - Dos 27 ministros: a) um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. MPT ou OAB → lista sêxtupla → TST → lista tríplice → Presidente da República. 6 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 27 : 5 = 5,4 que será arredondado para 6 (seis), conforme entendimento do STF. b) os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. - As regras de obrigatoriedade para promoções por antiguidade ou merecimento não se aplicam para o TST. (MARTINS, p. 84/86). - São órgãos do TST: a) Tribunal Pleno: composição – 27 Ministros; quorum – 11; deliberação – maioria absoluta; b) Seção Administrativa: composição – Presidente, Vice e Corregedor, 2 Ministros mais antigos e 2 eleitos pelo plenário; quorum – 5; c) Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC): composição – Presidente, Vice e Corregedor, 6 Ministros mais antigos; quorum – 6; d) Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-1): composição – Presidente, Vice e Corregedor, 4 Presidentes de Turmas, 4 Ministros; quorum – 7; e) Subseção II da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-2): composição – Presidente, Vice e Corregedor, 6 Ministros; quorum – 5; f) Turma: composta por 3 Ministros, presidida pelo mais antigo; quorum – 3. (LEITE, p. 105/107) - Funcionarão junto ao TST a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CF/88, art. 111-A, §2º). - O endereço eletrônico: www.tst.jus.br 2.4.2. Tribunais Regionais do Trabalho - Antecedentes históricos: Conselhos Regionais do Trabalho (Decreto-lei n. 1237/39). - CF/1946: CRT’s → TRT’s. - CF/67: lei fixaria o número de membros. TRT: 2/3 togados e vitalícios (participação de advogados e MPT); 1/3 classistas e temporários (paridade). EC 1/69: idem. - CF/88, art. 112, redação original: exigência de um TRT por Estado. - CF/88, art. 112, redação dada pela EC 45/04: não consta mais essa exigência. - Os TRT’s estão divididos em 24 Regiões: 1ª – RJ; 2ª – SP; 3ª – MG; 4ª – RS; 5ª – BA; 6ª – PE; 7ª – CE; 8ª – PA e AP; 9ª – PR; 10ª – DF e TO; 11ª – AM e RR; 12ª – SC; 13ª – PB; 14ª – RO e AC; 15ª - SP (Campinas);16ª – MA; 17ª – ES; 18ª – GO; 19ª – AL; 20ª – SE; 21ª – RN; 22ª – PI; 23ª – MT e 24ª – MS. - Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65, sendo: I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes; II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente (grifo acrescentado, CF/88, art. 115). - Os TRT’s poderão instalar a justiça itinerante ou funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais (§§ 1º e 2º do art. 115). TRT 3ª Região criou a Turma Recursal de Juiz de Fora. - Constituição do órgão especial, nos termos do art. 93, XI, da CF/881. 1 nos tribunais com número superior a 25 julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno. 7 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy - Possuindo 4 turmas ou mais, é facultada a criação de Seção Especializada em dissídios coletivos. Caso contrário, será da competência do pleno a decisão de dissídios coletivos. - Turma: composição – 5 juízes; quorum – 3. (MARTINS, p. 80/84) - TRT’s têm competência para julgar, por exemplo, dissídios coletivos, mandados de segurança e ações rescisórias (original); recurso ordinário, agravo de petição e agravo de instrumento (recursal). (LEITE, p. 107/109) - O endereço eletrônico do TRT da 3ª Região (Minas Gerais) é www.trt3.jus.br. 2.4.3. Varas do Trabalho - Antecedentes históricas: Juntas de Conciliação e Julgamento (Decreto 22.132/32), subordinadas ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Ministro nomeava componentes e poderia avocar processos. - CF/1946: JCJ → Poder Judiciário. - EC 24/99: JCJ (colegiado) → VT (monocrático). - “A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho” (CF/88, art. 112). - Segundo a Lei 6.947/81, são critérios para criação de novas Varas: a) de 2 em 2 anos TST analisa as propostas; b) mais de 24 mil empregados na localidade ou mais de 240 reclamações anuais, em média, nos últimos três anos; c) nos locais onde já existam Varas só serão criadas quando ultrapassar 1.500 processos por ano; d) jurisdição pode se estender até um raio de 100 km da sede, desde que exista acesso. (MARTINS, p. 72/73). - O TRT da 3ª Região alterou a jurisdição de algumas Varas do Trabalho e criou Postos Avançados (v.g. PA Viçosa). 2.5. Órgãos Auxiliares da Justiça do Trabalho - Secretaria; - Oficial de Justiça Avaliador; - Distribuidor; - Contadoria (SLJ – Setor de Liquidação Judicial). 8 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 3. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 3.1. Origem - A palavra “ministério” provém do latim ministerium, que significa amplo ofício, cargo, função ou mister. Já a expressão “parquet” é da tradição francesa. Antes de adquirir a condição de magistrados e ter assento ao lado dos juízes, ficavam os procuradores do rei, inicialmente, sobre o assoalho (parquet). - Origem: Ordenança, de 25.03.1302, do rei francês Felipe IV, o Belo. - “No regime francês, os procuradores do rei preocupavam-se apenas com a defesa dos interesses privados do rei, mas, com o correr do tempo, eles passaram a exercer funções de interesse público e do próprio Estado.” (LEITE, p. 120/121). - “No Brasil, a vinculação do Ministério Público ao Executivo tardou em ser rompida, de vez que somente a Constituição de 1988 implementou-a, ao estabelecer que o Ministério Público constitui-se em função essencial do Estado, competindo-lhe a defesa do Estado Democrático de Direito, dos direitos sociais e interesses individuais indisponíveis). (FONSECA, p. 33). 3.2. Órgãos - O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. (CF/88, art. 128). MP = MPU (MPF+MPM+MPT+MPDFT) e MP's estaduais. - Também contará com o Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP (CF/88, art. 130- A, acrescentado pela EC 45/04). - São órgãos do Ministério Público do Trabalho (LC 75/93, art. 85): I - o Procurador-Geral do Trabalho – representante maior da instituição, competindo-lhe a sua administração, sendo indicado em lista tríplice pelo Colégio de Procuradores e nomeado pelo Procurador-Geral da República; II - o Colégio de Procuradores do Trabalho – Assembleia soberana que elege os órgãos representantes, constitui listas sêxtuplas para o quinto constitucional (TST e TRT’s) e delibera sobre questões institucionais; III - o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho – colegiado composto pelo Procurador-Geral e nove Subprocuradores-Gerais, exerce a função fiscalizatória e deliberativa (regimento interno, concurso, promoção, avaliação, estágio probatório) e decide sobre arquivamento de inquéritos civis e procedimentos investigatórios; IV - a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho – promove a integração e a coordenação dos órgãos institucionais do MPT; V - a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho – exerce a função fiscalizatória da atividade funcional e da conduta dos membros, sendo dirigida pelo Corregedor-Geral (Subprocurador-Geral indicado por listra tríplice do Conselho Superior e nomeado pelo Procurador-Geral do Trabalho); VI - os Subprocuradores-Gerais do Trabalho – atuam primordialmente junto ao TST e compõem privativamente o Conselho, a Câmara de Coordenação e Revisão e a Corregedoria; VII - os Procuradores Regionais do Trabalho – atuam perante os TRT’s e substituem os Subprocuradores-Gerais em caso de afastamento por mais de 30 dias; VIII - os Procuradores do Trabalho – atuam perante os TRT’s e a primeira instância. (FONSECA, p. 35). - Carreira do MPT: Procurador do Trabalho → Procurador Regional do Trabalho → Subprocurador-Geral do Trabalho (LC 75/93, art. 86). - Endereço eletrônico do MPT: www.mpt.gov.br . 9 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy - Endereço eletrônico da PRT 3ª Região (MG): www.prt3.mpt.gov.br . 3.3. Garantias, Vedações e Prerrogativas - Idem ao de todo membro do Ministério Público. - Garantias (CF/88, art. 128, § 5º, I): “a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I.” - Vedações (CF/88, art. 128, § 5º, II): “a) receber, a qualquer títuloe sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.” - Também é vedado o exercício da advocacia no juízo ou tribunal em que, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (CF/88, art. 128, §6º, incluído pela EC 45/04). - As regras sobre impedimento e suspeição também se aplicam ao membro do MPT, que deve agir imparcialmente, “o que conduz a uma curiosa metáfora, bem expressa por Piero Calamandrei, segundo quem, o membro do MPT concentra em sua atividade a passionalidade do advogado e a imparcialidade do juiz, pois deve agir com veemência e parcimônia, visto que defende o interesse geral” (FONSECA, p. 36). - As prerrogativas estão previstas no art. 18 da Lei Complementar 75/93, dentre as quais: I – institucionais: sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou presidentes dos órgãos judiciários perante os quais oficiem; ter ingresso e trânsito livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou privado, respeitada a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio; o porte de arma, independentemente de autorização; II - processuais: ser preso ou detido somente por ordem escrita do tribunal competente ou em razão de flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação àquele tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de responsabilidade; ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado-Maior, com direito a privacidade e à disposição do tribunal competente para o julgamento, quando sujeito a prisão antes da decisão final; e a dependência separada no estabelecimento em que tiver de ser cumprida a pena; ser ouvido, como testemunhas, em dia, hora e local previamente ajustados com o magistrado ou a autoridade competente; receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição nos feitos em que tiver que oficiar. - “Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por membro do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá imediatamente os autos ao Procurador-Geral da República, que designará membro do Ministério Público para prosseguimento da apuração do fato.” (Parágrafo único). 10 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy - “Os órgãos do Ministério Público da União terão presença e palavra asseguradas em todas as sessões dos colegiados em que oficiem” (LC 75/93, art. 20). 3.4. Atribuições - Previstas nos arts. 83 e 84 da LC 75/93: Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho: I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas; II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção; III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos; IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores; V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho; VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes; VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público assim o exigir; IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição Federal; X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho; XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho; XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a melhor solução das lides trabalhistas; XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional. Art. 84. Incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no âmbito das suas atribuições, exercer as funções institucionais previstas nos Capítulos I, II, III e IV do Título I, especialmente: I - integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º, que lhes sejam pertinentes; II - instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores; III - requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção ao trabalho, a instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e produzir provas; IV - ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, nas causas em que o órgão tenha intervido ou emitido parecer escrito; V - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis com sua finalidade. - O MPT atuará como parte, por exemplo, nas hipóteses previstas no art. 83, incisos I, III, IV, V, VII e X, ao propor ação civil pública, ação anulatória de cláusula convencional, ação rescisória e dissídio coletivo de greve e, por fim, quando atuar como substituto processual. - Como custo legis, a elaboração de parecer seria obrigatória nos dissídios individuais em que figurem, como partes ou interessados, menores, incapazes e índios; nas ações civis públicas; 11 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy nos mandados de segurança; nos dissídios coletivos em caso de greve que possa acarretar lesão à ordem e à segurança pública; bem como nos demais casos de interesse público. (LEITE, p. 132/133). - Houve controvérsia acerca de qual ramo do Ministério Público teria a atribuição sobre as medidas de prevenção de acidentes de trabalho, Ministério Público dos Estados ou MPT. “A matéria pacificou-se no Supremo Tribunal Federa (STF), inicialmente, por decisões reiteradas, que culminaram com a Súmula 736 daquele egrégio Tribunal, o qual fixou, recentemente, entendimento lastreado no artigo 114, VI, da Constituição Federal (CF),de que as ações de dano moral decorrentes de acidente do trabalho ou doença profissional também competem à Justiça do Trabalho e, portanto, as ações civis públicas, que incluam pedidos reparatórios dessa natureza, cabem ao Parquet laboral. (FONSECA, p. 34). 3.4.1. Coordenadorias do Ministério Público do Trabalho - O MPT atuaria em sete ramos coordenados: 1) Administração Pública (CONAP) – preservar os princípios constitucionais (CF, art. 37) e assegurar a contratação por concurso público; 2) Trabalho Escravo (CONAETE) – combater o trabalho escravo, inclusive com atuação conjunta com demais órgãos; 3) Trabalho Infantil (CORDINFÂNCIA) – combater o trabalho infantil, também com atuação em conjunto com ONG’s, empresas e Poder Executivo; 4) Discriminação (COORDIGUALDADE) – combater a discriminação nas relações de trabalho; 5) Meio Ambiente do Trabalho (CODEMAT) – combater a doença profissional e o acidente de trabalho; 6) Formalização do Trabalho (CONAFRET) – combater as fraudes nas relações de emprego, como terceirização irregular, trabalho informal, cooperativas e estágios fraudulentos; 7) Trabalho Portuário e Aquaviário – combater a exploração nessas atividades. (FONSECA, p. 37). - Mais informações: www.pgt.mpt.gov.br . 12 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4. COMPETÊNCIA TRABALHISTA – PARTE I 4.1. Competência e Jurisdição - Competência é medida da jurisdição de cada órgão judicial. - Todo juiz tem jurisdição, mas competência é delimitada por lei. - Critérios para determinação da competência: de acordo com a matéria (ratione materiae), a qualidade das partes (ratione personae), a função ou hierarquia dos órgãos julgadores (em razão da função ou da hierarquia) ou o lugar (ratione loci). 4.2. Competência Trabalhista e a Emenda Constitucional n. 45/2004 - A EC 45/04 ampliou o rol de competência da Justiça do Trabalho: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção de trabalho. § 3º Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. (grifo acrescentado, redação anterior) Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II as ações que envolvam exercício do direito de greve; III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (grifo acrescentado, redação dada pela EC 45/04). 13 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4.3. Competência em Razão da Matéria 4.3.1. Ações Oriundas da Relação de Trabalho - Relação de Trabalho é gênero; Relação de Emprego é espécie. - Relação de trabalho refere-se “a toda e qualquer atividade humana em que haja prestação de trabalho, como relação de trabalho: autônomo, eventual, de empreitada, avulso, cooperado, doméstico, de representação comercial, temporário, sob a forma de estágio etc. Há, pois, a relação de trabalho pela presença de três elementos: o prestador do serviço, o trabalho (subordinado ou não) e o tomador do serviço”. (LEITE, p. 148). - Qual é o alcance do termo “relação de trabalho”? Há várias correntes. - AMPLIATIVA IRRESTRITA (minoritária): Toda e qualquer relação jurídica que envolva a prestação de serviços, sem qualquer exceção. Abrangeria também a prestação de serviços por pessoas jurídicas. Crítica: Transformaria a Justiça Especializada em Comum. - AMPLIATIVA MODERADA (majoritária no âmbito da Justiça do Trabalho): O termo “relação de trabalho” teria ampliado a competência da Justiça Especializada. Esta compreenderia todo labor humano, salvo se o prestador de serviços for uma pessoa jurídica. Há divergências quanto aos critérios para definição ou exclusão. - RESTRITIVA. O termo “relação de trabalho” seria sinônimo de relação de emprego. Logo, por si só, não teria havido ampliação de competência. A Justiça do Trabalho somente apreciaria a relação de emprego, salvo se houver previsão expressa em lei para a relação de trabalho (inciso IX do art. 114 da Constituição). STJ tem prestigiado essa corrente. - “[...] a Justiça do Trabalho terá competência para analisar questões envolvendo trabalhador autônomo, representante comercial autônomo (Lei n. 4.886/65) empresários, estagiários, trabalhadores eventuais, trabalhador voluntário e os respectivos tomadores de serviços, assim como as ações entre parceiros, meeiros, arrendantes e arrendatários, questões de empreitada, quando houver lei ordinária federal tratando do tema. Enquanto isso, a competência será da Justiça Comum Estadual.” (MARTINS, p. 105, adepto desta última corrente). - Carlos Henrique Bezerra Leite (p 154), ao analisar o conflito entre o inciso I e IX do art. 114 da Constituição, conclui que a Justiça do Trabalho será competente para conciliar e julgar as lides que derivem da relação de trabalho. Porém, o referido autor estipula duas condições: 1ª) haja lei dispondo expressamente que é da Justiça do Trabalho essa competência; 2ª) não haja lei dispondo expressamente que tal competência é da Justiça Comum. Por isso o doutrinador entende que a relação de trabalho de representação comercial ainda seria da competência da Justiça Comum, pois há disposição legal (Lei 4886/65, art. 39) prevendo a competência desta justiça. LEITE é adepto da corrente majoritária moderada. - As relaçõesque envolvam consumidor e fornecedor (relações de consumo) passariam ou não a ser submetidas à Justiça do Trabalho? Polêmica. - Existe o entendimento no sentido de que haveria competência da Justiça do Trabalho para as demandas propostas apenas pelo fornecedor de serviços pessoa física. Crítica: A Justiça do Trabalho deixaria de ser “mão-dupla”, pois não seriam admitidas as demandas do consumidor em face do prestador de serviços. - As relações de consumo não devem ser atribuídas à competência da Justiça do Trabalho, pois não haveria como conciliar o conflito entre dois hipossuficientes, o trabalhador (fornecedor) e o consumidor (tomador). Defendem esse posicionamento, dentre outros, Antônio Loureiro, Ministro Ives Gandra Martins Filho e Carlos Henrique Bezerra Leite. 14 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4.3.1.1. Relação de Trabalho Eventual - O trabalhador eventual não está tutelado pelo direito material do trabalho (CLT, art. 3º, a contrario sensu). - Por força do inciso I do art. 114 da CF/88, a competência para julgar demanda envolvendo relação de trabalho eventual é da Justiça do Trabalho. (LEITE, p. 160). 4.3.1.2. Relação de Trabalho Autônomo - Com a EC 45/04 as ações oriundas da relação de trabalho autônomo (profissional liberal e empreiteiro) passaram a ser da competência da Justiça do Trabalho. - Carlos Henrique Bezerra Leite, contudo, exclui dessa competência as ações oriundas da relação de consumo. “Vale dizer, quando o trabalhador autônomo se apresentar como fornecedor de serviços e, como tal, pretender receber honorários do seu cliente, a competência para a demanda será da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho, pois a matéria diz respeito à relação de consumo, e não à de trabalho. Do mesmo modo, se o tomador do serviço se apresentar como consumidor e pretender a devolução do valor pago pelo serviço prestado, a competência também será da Justiça Comum. Isso porque relação de trabalho e relação de consumo são inconfundíveis.” Após fornecer as definições de consumidor e tomador, conclui: “Afinal, a gênese do direito do trabalho e do direito processual do trabalho é a proteção do trabalhador, isto é, do prestador do serviço, e não do tomador de serviços, enquanto a gênese do direito das relações de consumo repouso sempre, na proteção do consumidor e nunca do prestador ou fornecedor de serviços.” (LEITE, p. 161/162). 4.3.1.3. Relação de Trabalho no Âmbito da Administração Pública - Duas espécies: a relação estatutária e a relação empregatícia. - Súmula 137 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário”. - A Lei 8112/90, art. 240, d e e: direito à negociação coletiva e competência da Justiça do Trabalho. STF julgou inconstitucionais esses dispositivos (ADI 492-1, RDT 80/168) que, posteriormente, foram revogados pela Lei 9527/97. - A polêmica retornou com a redação do inciso I do art. 114 da CF/88, dada pela EC 45/04. - Todavia, o Presidente do STF, Nelson Jobim concedeu liminar na ADI 3395 (já confirmada pelo Pleno) no sentido de afastar a competência da Justiça do Trabalho a apreciação das causas envolvendo servidor estatutário e a Administração Pública. - Relação empregatícia → Justiça do Trabalho. - Servidor Público Temporário (CF/88, art. 37, IX), após EC 45/04, seria da competência da JT (LEITE, p. 172). Já para o TST, somente haverá competência se houver fraude. OJ 205. - O STF, conforme informativo de março/2008, manifestou entendimento de que a irregularidade na contratação de servidor temporário não é da competência da Justiça do Trabalho, mas sim da Justiça Federal (União) ou da Justiça Estadual (DF, Estados e Municípios. O regime jurídico seria administrativo-público. - Diante do posicionamento do STF, o TST cancelou sua OJ 205 (Res. 156/2009). 15 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4. COMPETÊNCIA TRABALHISTA – PARTE II 4.3. Competência em Razão da Matéria 4.3.2. Ações que envolvam o direito de greve - Natureza: Autotutela (Sérgio Pinto Martins) ou Direito (Maurício Godinho Delgado). - Lei 7783/89, art. 1º: “Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador”. - Com o inciso II do art. 114 da Constituição, a competência da Justiça do Trabalho agora abrange todas as ações que decorram do exercício do direito de greve, tais como dissídios coletivos, ações de responsabilidade civil propostas pelo empregador contra o sindicato, ações possessórias (manutenção da posse, interdito proibitório). Danos morais e materiais decorrentes do exercício do direito de greve também serão da competência da Justiça do Trabalho. (MARTINS, p. 119/120). - No ano passado (2007), o STF, em diversos mandados de injunção, acabou para rever seu posicionamento anterior quanto ao direito de greve dos servidores públicos. Entendeu-se pela possibilidade de utilização da Lei de Greve (Lei 7.783/1999), aplicável aos empregados da iniciativa privada, quanto aos serviços essenciais. Com isso, o exercício do direito de greve passou a ser possível. Segundo esse novo entendimento, a norma referente ao direito de greve passou a ser compreendida como de eficácia contida (ou contível), tendo aplicabilidade imediata. Nas decisões anteriores, o voto vencido do Ministro Moreira Alves era justamente nesse sentido. - Súmula Vinculante 23: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.” Precedentes RE 579648, CJ 6959, RE 238737, AI 611670, AI 598457, RE 555075 e RE 576803. 4.3.3. Ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores - Justiça do Trabalho passou a ter competência para dirimir conflitos a respeito da representação sindical, que decorre do Princípio da Unicidade Sindical (CF/88, art. 8º, II); da contribuição sindical (CLT, art. 578), bem como processar e julgar ação anulatória promovida pelo MPT ou ações entre sindicatos, entre sindicato e trabalhador(es) ou entre sindicato e empregador(es) que tenham por objeto a controvérsia sobre contribuição confederativa e assistencial. 4.3.4. Mandado de Segurança - A Justiça do Trabalho é competente “para processar e julgar o mandado de segurança, não só contra ato judicial prolatado em processo trabalhista originário da relação jurídica de emprego ou de trabalho, mas, também, contra ato administrativo que se enquadre na moldura do inciso VII do art. 114 da CF, bem como contra ato praticado por autoridade da Justiça do Trabalho, desde que, é claro, tal ato seja ilegal ou arbitrário e, paralelamente, viole direito, individual ou coletivo, líquido e certo”. (LEITE, p. 832). - Agora, a VT passou a ter competência funcional para apreciar e julgar o MS. Exemplo típico: MS impetrado pelo empregador contra ato da autoridade de fiscalização do trabalho (auto de autuação). 16 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4.3.5. Habeas Corpus - Havia dissenso entre o STF e o TST quanto à competência para apreciação de habeas corpus impetrado contra ato de juiz do trabalho de primeira instância que determinava a prisão do depositário infiel. - TST: Juiz do Trabalho → MS → TRT → RO→ TST - STF: Juiz do Trabalho → MS → TRF - Após EC 45/04, não há mais dúvida acerca da competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar habeas corpus quando o ato questionado envolver matéria sujeita à jurisdição trabalhista. (LEITE, p. 886). - Todavia, diante do entendimento do STF quanto à inconstitucionalidade da prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito (Súmula Vinculante 25 e Precedentes RE 562051 RG, RE 349703, RE 466343, HC 87585, HC 95967, HC 91950, HC 93435, HC 96687 MC, HC 96582, HC 90172, HC 95170 MC), é questionável a competência da JT para apreciação de habeas corpus. 4.3.6. Habeas Data - Sérgio Pinto Martins não vislumbra aplicabilidade dessa ação constitucional na Justiça do Trabalho, pois o empregador não dispõe de banco de dados de caráter público. Acredita que o habeas data também não serviria para obtenção de dados para fins do estabelecimento de participação dos lucros, pois o empregado poderá se utilizar de medida cautelar de exibição de documentos (MARTINS, p. 119). - Carlos Henrique Bezerra Leite, por sua vez, vislumbra “o cabimento do habeas data impetrado na Justiça do Trabalho, desde que tal demanda seja oriunda da relação de trabalho, como no caso em que um servidor esteja sendo impedido de obter informações sobre seus registros funcionais que seriam utilizados para sua candidatura à promoção na carreira do órgão público ao qual está vinculado. [...] Outra hipótese reside na possibilidade de impetração de habeas data pelo empregador em face do órgão de fiscalização da relação de trabalho que esteja se negando a fornecer informações sobre o processo administrativo em que ele esteja sofrendo penalidade administrativa” (LEITE, p. 888/889). - STF afastou a competência da Justiça do Trabalho para ações envolvendo servidores estatutários e Administração Pública (ADI 3395) e já decidiu que Banco do Brasil não figura como entidade governamental, pois explora atividade econômica nem se enquadra no conceito de registros de caráter público (RE 165.304/MG, Informativo 208). 4.3.7. Conflitos de Competência entre Órgãos com Jurisdição Trabalhista - O conflito pode ser POSITIVO (dois órgãos se julgam competentes) ou NEGATIVO (dois órgãos se julgam incompetentes). - Há previsão na CLT, arts. 803 a 812. - Legitimados: Juízes do Trabalho, MPT, parte ou interessado (CLT, art. 805). - CLT, art. 806: “É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição quando já houver oposto na causa exceção de incompetência.” Razões: preclusão lógica, pois os institutos de conflito e exceção têm a mesma finalidade (LEITE, p. 216); vedação à admissão de expedientes protelatórios (MARTINS, p. 141). - CF/88 (EC 45/04): órgãos com Jurisdição Trabalhista → JT, salvo competência do STF (“os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal” – Art. 102, I, o). - STJ (“os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos” – Art. 105, I, d). 17 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy • Vara do Trabalho TRT versus Vara do Trabalho TRT = TRT • Vara do Trabalho TRT versus Juiz de Direito (jurisdição trabalhista TRT) = TRT • Vara do Trabalho TRT versus Juiz de Direito (sem jurisdição trabalhista) = STJ • Vara do Trabalho TRT "A" versus Vara do Trabalho TRT "B" = TST • TST versus Juiz de Direito = STF • TST versus STJ = STF 4.3.8. Dano Moral ou Patrimonial decorrentes da Relação de Trabalho - STJ: dano moral – matéria de Direito Civil → Justiça Comum - STF e TST: dano moral – decorrente relação de emprego – irrelevância aplicação do Direito Civil → Justiça do Trabalho. SÚMULA Nº 392 DO TST. DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 327 da SBDI-1) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005 Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho. - Súmula Vinculante 22: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04.” (Precedentes CC 7204, AI 529763 AgR-ED, AI 540190 AgR e AC 822 MC). - Competência para julgamento de ação de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho proposta pelos sucessores do empregado falecido. Competência da Justiça Laboral (STF, Pleno, CC 7545-7 SC, Rel. Min. Eros Grau, Julg. 03.06.2009). - A Corte Especial do STJ, julgando o CC 101.977-SP, na sessão de 16.09.2009, deliberou pelo cancelamento de sua Súmula 366. 4.3.9. Penalidades Administrativas aplicadas pelo Poder Executivo (MTe) - A competência abrangeria mandado de segurança contra ato administrativo da autoridade fiscalizadora do trabalho, ações de execução da dívida referente à penalidade, bem como as ações anulatórias e declaratórias sobre o tema. As multas aplicadas pelo INSS estariam de fora, pois dizem respeito à contribuição previdenciária. O mesmo ocorre em relação às multas aplicadas pelos órgãos de fiscalização de profissão, como OAB e CREA. (MARTINS, p. 115). - Com a criação da Receita Federal do Brasil, esta passou a ter competência para a arrecadação das contribuições previdenciárias. - O Prof. Carlos Henrique Bezerra Leite entende que “penalidades administrativas” abarcariam tanto os “crimes” quanto as “multas administrativas”. Por isso, assevera que “a Justiça do Trabalho passou a ser competente para processar e julgar as ações que tenham por objeto a prática de crime de falsidade ideológica, consistente em anotação falsa quanto ao contrato de trabalho feito pelo empregador.” E prossegue ao arrematar que “restaria superada a Súmula 62 do STJ, que apontava a Justiça Comum Estadual para tais ações”. (LEITE, p. 181). - O STF, no ano de 2007, manifestou o entendimento de que a Justiça do Trabalho não tem competência penal, mesmo após o advento da EC 45/2004. 18 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy “Competência criminal. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC n. 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida, com efeito, ex tunc. O disposto no art. 114, I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional n. 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais.” (ADI 3.684-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, Julg. 1º.02.07, Plenário, DJE de 03.08.07) 4.3.10. Execução de Ofício das Contribuições Previdenciárias - Não constitui uma inovação, vez que esta competência decorreu da EC 20/98. - Há um aparente conflito entre a Súmula 368, I, do TST e o parágrafo único do art. 876 da CLT, com redação dada pela Lei 11.457/2007. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO. (conversão das Orientações Jurisprudenciais nos 32, 141 e 228 da SDI-1) Alterada pela Res. 138/2005, DJ 23.11.2005 I. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento dascontribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 - Inserida em 27.11.1998) (...) Parágrafo único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. - A questão ainda está pendente de definição pelo STF, o qual já se manifestou, conforme os seguintes julgados: "Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Competência da Justiça do Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da Constituição Federal. A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança apenas a execução das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir." (RE 569.056, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 11-9-08, Plenário, DJE de 12-12-08). No mesmo sentido: AI 757.321-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 20-10-09, 1ª Turma, DJE de 13-11-09; RE 560.930-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 28-10-08, 1ª Turma, DJE de 20-2-09. "Recursos extraordinários – Medida cautelar incidental – Competência da Justiça do Trabalho para declarar a natureza de verbas fixadas em acordo trabalhista – Matéria pendente de julgamento pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (AC 1.109/SP) – Pretendida suspensão de exigibilidade de débito previdenciário contestado pela instituição financeira interessada – Cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes à plausibilidade jurídica e ao periculum in mora – Outorga de eficácia suspensiva a recursos extraordinários, que, interpostos pela parte requerente, já foram admitidos pela presidência do tribunal recorrido – Decisão referendada pela turma." (AC 1.556-MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 6-3-07, 2ª Turma, DJ de 23-3-07) - Competência não abrange período em que não houve reconhecimento judicial, ou seja, o período incontroverso de vínculo. A competência, neste caso, é da Justiça Federal. 19 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4. COMPETÊNCIA TRABALHISTA – PARTE III 4.4. Competência em Razão da Pessoa - Pessoas Jurídicas: Sindicatos (CF/88, art. 114, III); Entes de Direito Público Externo (CF/88, art. 114, I); Administração Direta, Autárquica e Fundacional (CF/88, art. 114, I); União Federal (CF/88, art. 114, VII). - Trabalhadores: empregado urbano; empregado rural; empregado doméstico (Decreto 71.885, art. 2º); empregado público, empregado temporário (Lei 6019/74, art. 19); trabalhador avulso (CLT, art. 643); atleta profissional de futebol (Lei 6.354/76, art. 29); autônomo (controvérsia), eventual (controvérsia). - Para o Prof. Carlos Henrique Bezerra, não haveria controvérsia quanto à competência da Justiça do Trabalho para as lides entre os trabalhadores subordinados típicos (empregados urbano e rural) e os tomadores de seus servidores. Todavia, para as lides entre os trabalhadores atípicos (doméstico, avulso, temporário, eventual etc.) e os tomadores de seus serviços a competência da Justiça do Trabalho estaria condicionada: a) permissão legal em tal sentido; b) inexistência de norma prevendo a competência para a Justiça Comum; c) nessa última hipótese, superveniência de lei transferindo a competência para a Justiça do Trabalho. (LEITE, p. 192). 4.4.1. Entes de Direito Público Externo - “À primeira vista, nenhum Estado pode submeter outros Estados internacionais a seu direito interno, pois prevaleceria o princípio de que iguais não podem submeter iguais a seu mundo (par in parem nom habet imperium).” - Imunidade de Jurisdição e Imunidade de Execução. - O Estado deve indenizar os danos ou prejuízos que resultarem de seus atos. Questão de justiça e constitui regra de cortesia internacional (Comitas Gentium). - A partir de 1970, a European Convention on State Immunity and Additional Protocol alterou a idéia de imunidade, pois não se admite que o Estado a alegue quanto a obrigações que tenha que ser executadas no território de outro país, inclusive o contrato de trabalho. - Foreign Sovereign Immunities Act (Estados Unidos, 1976) e State Immunity Act (Reino Unido, 1978): ausência de imunidade em relação a atos de gestão. - Brasil: caso Genny de Oliveira versus Embaixada da República Democrática Alemã – “não há imunidade de jurisdição para o Estado estrangeiro, em causa de natureza trabalhista” (STF AC 9.696-3 – SP, Rel. Min. Sidney Sanches). Destaque: voto do Min. Francisco Rezek, especialista em direito internacional. - Antes da CF/88, a competência era da Justiça Federal. - Imunidade de Execução ainda deve ser observada. (MARTINS, p. 98/101). 4.4.2. Servidores de Cartórios Extrajudiciais - Servidores públicos lato sensu: competência da Corregedoria dos Tribunais de Justiça (entendimento dominante da jurisprudência). - CF/88, art. 236: “Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público”. (grifo nosso). - É competente a Justiça do Trabalho do Trabalho e não a Justiça Comum para resolver a pendência entre o cartório e seu funcionário (STF, Pleno, AC 69642/110, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 10-4-1992). 20 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy - Lei 8935/94 (DOU 21-11-1994): Art. 48. Os notários e os oficiais de registro poderão contratar, segundo a legislação trabalhista, seus atuais escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial desde que estes aceitem a transformação de seu regime jurídico, em opção expressa, no prazo improrrogável de trinta dias, contados da publicação desta lei. § 1º Ocorrendo opção, o tempo de serviço prestado será integralmente considerado, para todos os efeitos de direito. § 2º Não ocorrendo opção, os escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, vedadas novas admissões por qualquer desses regimes, a partir da publicação desta lei. - Para Sérgio Pinto Martins, quando a competência é fixada pela Constituição (art. 114), não se deve aplicar a lei ordinária. (MARTINS, p. 101/102). 4.5. Competência em Razão da Função (Competência Funcional) - “Concerne à distribuição das atribuições cometidas aos diferentes órgãos da Justiça do Trabalho, de acordo com o que dispõem a Constituição, as leis de processo e os regimentos internos dos tribunais trabalhistas” (LEITE, p. 194). 4.5.1. Varas do Trabalho - CLT, art. 652 (v.g. os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho; os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice; os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho); CLT, art. 653 (v.g. julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas; exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras atribuições que decorram da sua jurisdição); - Processar e julgar Ação Civil Pública promovida pelo MPT ou associação sindical (LC 75/93, art. 83, III; Lei 7.347/85, art. 2º; Lei 8078/90, art. 93); - CF/88, art. 114 (ressalvadas as competências originais do TRT e TST). 4.5.2. Tribunais Regionais do Trabalho- CLT, arts. 678 e 679 (v.g. originariamente: mandados de segurança, ações rescisórias; última instância: ações rescisórias; turmas: recurso ordinário, agravo de petição e agravo de instrumento). 4.5.3. Tribunal Superior do Trabalho - Função: Uniformizar a jurisprudência trabalhista. 4.5.3.1. Pleno - CLT, art. 702; RITST, art. 70, exemplos: a) decidir sobre declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, quando aprovada a arguição pelas Seções Especializadas ou Turmas; b) aprovar, modificar ou revogar, em caráter de urgência e com preferência na pauta, Súmula da Jurisprudência predominante em dissídios individuais e os Precedentes Normativos da Seção de Dissídios Coletivos. 21 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4.5.3.2. Seção Administrativa - Competência prevista no art. 71 do RITST. Todavia, este dispositivo foi revogado pelo Ato Regimental 7/2005, que passou a tratar da matéria (v.g. julgar os recursos de decisões ou atos do Presidente do Tribunal em matéria administrativa; julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho em processo administrativo disciplinar envolvendo magistrado, estritamente para controle da legalidade). 4.5.3.3. Seção Especializada em Dissídios Coletivos - RITST, art. 72, exemplos: - originariamente: julgar os dissídios coletivos de natureza econômica e jurídica, situadas no âmbito de sua competência ou rever suas próprias sentenças normativas, nos casos previstos em lei; - última instância: os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios coletivos de natureza econômica ou jurídica. 4.5.3.4. Seção Especializada em Dissídios Individuais - RITST, art. 73, exemplos: - Pleno: julgar, em caráter de urgência e com preferência na pauta, os processos que contenham incidentes sobre a uniformização da jurisprudência em dissídios individuais, surgidos nas Turmas, nas Seções ou Subseções e que tenham determinado a suspensão de outros processos; - Subseção I (SBDI-1): julgar os embargos interpostos das decisões divergentes das Turmas, ou destas com decisão da Seção de Dissídios Individuais, com Orientações Jurisprudenciais ou com Súmula e, ainda, as que violarem literalmente preceito de lei federal ou da Constituição da República; - Subseção II (SBDI-2): originariamente: julgar as ações rescisórias propostas contra suas decisões e as das Turmas do Tribunal; única instância: julgar os conflitos de competência entre Tribunais Regionais e os que envolvam Juízes de Direito investidos da jurisdição trabalhista e Varas do Trabalho em processos de dissídios individuais; última instância: julgar os recursos ordinários interpostos contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária. 4.5.3.5. Turmas - CLT, art. 702, §2º. - RITST, art. 74: I - os recursos de revista interpostos de decisão dos Tribunais Regionais do Trabalho nos casos previstos em lei; II - os agravos de instrumento dos despachos de Presidente de Tribunal Regional que denegarem seguimento a recurso de revista; e III - os agravos e os agravos regimentais interpostos contra despacho exarado em processos de sua competência; e IV – os recursos ordinários em ação cautelar, quando a competência para julgamento do recurso do processo principal for atribuída à Turma. 22 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4. COMPETÊNCIA TRABALHISTA – PARTE IV 4.6. Competência em Razão do Lugar - Estabelecida em lei federal que cria a Vara do Trabalho. - Objetivo: facilitar a propositura e produção de prova. 4.6.1. Local da Prestação do Serviço “A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro” (grifo acrescentado - CLT, art. 651, caput). - Vários locais de prestação de serviço: a) simultâneos – todos; b) sucessivos - último. - Prevalece a competência do lugar da prestação de serviço, ainda que não seja a localidade da residência do empregado (LEITE, p. 205). 4.6.2. Empregado Agente ou Viajante Comercial “Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima” (grifo acrescentado - CLT, art. 651, §1º). - O viajante deverá ser comercial: atividade de vendas. - Critérios: 1º) localidade da agência ou filial a que esteja subordinado o empregado; 2º) se não houver agência ou filial, localidade do domicílio ou a vara da localidade mais próxima. 4.6.3. Empregado Brasileiro que Trabalha no Estrangeiro “A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário” (grifo acrescentado - CLT,art.651, §2º). - Sérgio Pinto Martins entende que é indispensável que a empresa estrangeira tenha repartição no Brasil, sob pena de se inviabilizar a ação, pois a empresa poderá não querer se sujeitar à jurisdição brasileira. (MARTINS, p. 127). - Carlos Henrique Bezerra Leite discorda e afirma que a aceitação ou não da empresa estrangeira e os problemas operacionais com a sua citação são alheios à questão da competência (LEITE, p. 208). - O direito material a ser aplicado poderá ser o do país da prestação de serviços. SÚMULA Nº 207 DO TST. CONFLITOS DE LEIS TRABALHISTAS NO ESPAÇO. PRINCÍPIO DA "LEX LOCI EXECUTIONIS” A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação. (Res. 13/1985, DJ 11.07.1985) - A Lei 7064/1982 que, antes regulava a situação dos trabalhadores contratados no Brasil, ou transferidos por empresas prestadoras de serviços de engenharia (consultoria, projetos e obras, montagens, gerenciamento e congêneres) para prestar serviços no exterior, passou, com o advento da Lei 11962/2009, a regulamentar a situação de qualquer trabalhador contratado no Brasil ou transferido por seu empregador para prestar serviços no exterior. 23 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor: Ricardo Tupy 4.6.4. Empresas que Promovem Atividades Fora do Lugar da Celebração do Contrato “Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços” (grifo acrescentado - CLT, art. 651, §3º). - Sérgio Pinto Martins argumenta que, por se tratar de exceção, o §3º do art. 651 da CLT deve ser interpretado restritivamente, sob pena de esvaziamento da regra geral prevista no caput. Assim, a norma se aplica ao “empregador que desenvolve suas atividades em locais incertos, transitórios ou eventuais”, tais como atividades circenses, auditorias, feiras reflorestamento, empresas de limpeza e de construção civil. (MARTINS, p. 128). Adota a corrente clássica. - Carlos Henrique Bezerra Leite adota interpretação teleológica no sentido de que a norma deve ser aplicada à empresa que realize atividades
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