Buscar

GE Redação

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

3GE REDAÇÃO 2016 
O passo final é reforçar os estudos sobre atualidades, pois as pro-
vas exigem alunos cada vez mais antenados com os principais fatos 
que ocorrem no Brasil e no mundo. Além disso, é preciso conhecer 
em detalhes o seu processo seletivo – o Enem, por exemplo, é bem 
diferente dos demais vestibulares.
arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE Enem e o GE Fuvest são verda-
deiros “manuais de instrução”, que mantêm você atualizado sobre 
todos os segredos dos dois maiores vestibulares do país. Com duas 
edições no ano, o GE ATUALIDADES traz fatos do noticiário que podem 
cair nas próximas provas – e com explicações claras, para quem não 
tem o costume de ler jornais nem revistas.
Um plano para 
os seus estudos
Este GUIA DO ESTUDANTE REDAÇÃO oferece uma ajuda e tanto para as 
provas, mas é claro que um único guia não abrange toda a preparação necessária 
para o Enem e os demais vestibulares.
É por isso que o GUIA DO ESTUDANTE tem uma série de publicações 
que, juntas, fornecem um material completo para um ótimo plano de estudos. 
O roteiro a seguir é uma sugestão de como você pode tirar melhor proveito de 
nossos guias, seguindo uma trilha segura para o sucesso nas provas.
O primeiro passo para todo vestibulando é escolher com clareza 
a carreira e a universidade onde pretende estudar. Conhecendo o 
grau de dificuldade do processo seletivo e as matérias que têm peso 
maior na hora da prova, fica bem mais fácil planejar os seus estudos 
para obter bons resultados.
arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE PROFISSÕES traz todos os 
cursos superiores existentes no Brasil, explica em detalhes as carac-
terísticas de mais de 260 carreiras e ainda indica as instituições que 
oferecem os cursos de melhor qualidade, de acordo com o ranking 
de estrelas do GUIA DO ESTUDANTE e com a avaliação oficial do MEC.
Para começar os estudos, nada melhor do que revisar os pontos 
mais importantes das principais matérias do Ensino Médio. Você 
pode repassar todas as matérias ou focar apenas em algumas delas. 
Além de rever os conteúdos, é fundamental fazer muito exercício 
para praticar.
arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ Além do GE REDAÇÃO, que você já tem 
em mãos, produzimos um guia para cada matéria do Ensino Médio: 
GE HISTÓRIA, Geografia, Português, Idiomas, Biologia, Física, 
Química e Matemática. Todos reúnem os temas que mais caem nas 
provas, trazem muitas questões de vestibulares para fazer e têm uma 
linguagem fácil de entender, permitindo que você estude sozinho.
Os guias ficam um ano nas bancas – 
com exceção do ATUALIDADES, que é 
semestral. Você pode comprá-los também 
nas lojas on-line das livrarias Saraiva e 
Cultura. 
CAPA: NELSON PROVAZI
1 Decida o que vai prestar
2 Revise as matérias-chave
3 Mantenha-se atualizado
FALE COM A GENTE: 
Av. das Nações Unidas, 7221, 15º andar, 
CEP 05425-902, São Paulo/SP, ou email para: 
guiadoestudante.abril@atleitor.com.br
CALENDÁRIO GE 2015
Veja quando são lançadas 
as nossas publicações
MÊS PUBLICAÇÃO
Janeiro
Fevereiro GE HISTÓRIA
Março GE ATUALIDADES 1
Abril
GE GEOGRAFIA
GE QUÍMICA
Maio
GE BIOLOGIA
GE FUVEST
Junho
GE ENEM
GE PORTUGUÊS
Julho GE REDAÇÃO 
GE IDIOMAS
Agosto GE ATUALIDADES 2
Setembro
GE MATEMÁTICA
GE FÍSICA
Outubro GE PROFISSÕES
Novembro
Dezembro
APRESENTAÇÃO
4 GE REDAÇÃO 2016
CARTA AO LEITOR
8 EM CADA 10
APROVADOS NA 
USP USARAM
O selo de qualidade acima é resultado de uma pes-
quisa realizada com 351 estudantes aprovados em 
três dos principais cursos da Universidade de São 
Paulo no vestibular 2015. São eles:
� DIREITO, DA FACULDADE DO LARGO 
SÃO FRANCISCO;
� ENGENHARIA, DA ESCOLA POLITÉCNICA; e
� MEDICINA, DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP
dot 8 em cada 10 entrevistados na 
pesquisa usaram algum conteúdo do 
GUIA DO ESTUDANTE durante sua 
preparação para o vestibular 
dot Entre os que utilizaram versões 
impressas do GUIA DO ESTUDANTE:     
88% disseram que os guias ajudaram 
na preparação. 
97% recomendaram os guias para 
outros estudantes.
TESTADO E APROVADO!
A pesquisa quantitativa por meio de entrevista 
pessoal foi realizada nos dias 11 e 12 de 
fevereiro de 2015, nos campi de matrícula dos 
cursos de Direito, Medicina e Engenharia da 
Universidade de São Paulo (USP).
� Universo total de estudantes aprovados nesses 
cursos: 1.725 alunos.
� Amostra utilizada na pesquisa: 351 entrevistados.
� Margem de erro amostral: 4,7 pontos percentuais.
SEL O D E Q UA L IDA D E 
G U I A D O E S T U D A N T E
Na hora H pode dar branco? Para 280.903 candidatos do Enem 2014 parece que sim. Eles entregaram a folha da prova de redação em branco. Treineiros ou não, pode-se especular se foi o tema da 
Publicidade Infantil que os pegou de surpresa, ou se foi demais para esses 
candidatos a soma desse desafio com a prova de Matemática, na mesma 
tarde. Nosso Guia se propõe a ajudar os leitores a não passarem por esse 
impasse e enfrentar o desafio até o fim para alcançar seu objetivo.
O GUIA DO ESTUDANTE REDAÇÃO chega a seu nono ano aprimorado 
em muitos aspectos, e com algo exclusivo que contribui para isso: a par-
ticipação direta dos nossos potenciais leitores, por meio das quase duas 
dezenas de redações que publicamos a cada edição. Podemos afirmar que 
essa participação é única entre as publicações jornalísticas de educação. 
A maioria das redações que publicamos são bons textos, de acordo com 
a avaliação das próprias universidades. 
Porém, mesmo nessas redações bem avaliadas, o leitor encontra pequenos 
erros ou escorregões – como a falta de um acento, ou um adjetivo usado 
como advérbio, por exemplo –, que às vezes sugerem apenas nervosismo 
do candidato ou candidata. Outros erros e desvios são aqueles que são 
cometidos porque convivemos com duas línguas diferentes – a que falamos 
e a que escrevemos e lemos –, infelizmente dentro da mesma cabeça. São 
os pequenos contrabandos da fala para a escrita.
Com esses pequenos erros, e seus acertos, essas redações têm papel 
fundamental no conjunto da publicação. Elas exemplificam ao leitor 
tudo o que tentamos relembrar, sugerir e contribuir, como jornalistas e 
consultores, em nossas reportagens e textos. Essas redações – as muito 
boas, as não tão boas e mesmo as zeradas – também trazem em comum 
uma mensagem afirmativa: esses candidatos tentaram e conseguiram 
enfrentar a proposta da redação e a folha em branco. Nesse sentido, são 
todos um exemplo de determinação a ser seguido. Esperamos ajudar todos 
os nossos leitores a enfrentar os desafios das provas de redação até o fim.
Paulo Montoia, Editor – paulo.montoia@abril.com.br
AGRADECIMENTOS 
Agradecemos a colaboração da Universidade de Brasília, Universidade de 
Campinas, Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul e Colégio Nossa Senhora do Rosário (São Paulo). 
Encare o desafio 
até o final
6 GE REDAÇÃO 2016
SUMÁRIO
Avaliação
Veja os critérios utilizados na avaliação das redações, as formas como são corrigidas 
e seu valor na prova do Enem 2014 e alguns dos principais vestibulares do país. 
Guia prático
Um roteiro passo a passo para você se dar bem na “hora H”, superar o nervosismo 
e construir sua redação, da leitura da proposta à revisão final.
Tipos e gêneros de texto
Conheça as principais características dos diferentes tipos e gêneros textuais, com 
exemplos reais de cada um no tema A mobilidade urbana e a adoção de ciclovias.
Elementos de qualidade
Fique por dentro de virtudes essenciais que seu texto precisa ter para ser facil-
mente compreendido pelos corretores.
Argumentação
Descubra as técnicas jornalísticas para usar nas dissertações, em uma análise 
de editorial de jornal.
Temas das provas
As estratégias para sair-se bem conforme o tipo de tema. O que caiu nos anos 
recentes e uma seleção
de assuntos quentes que podem cair na prova. Com su-
gestões de filmes para atualizar-se.
Linguagem não verbal
Veja como interpretar charges, fotografias, cartazes e anúncios que já caíram 
em provas importantes.
Gramática
Relembre alguns dos pontos mais importantes para evitar deslizes comuns: os 
diferentes “porques”, colocação pronominal, plural de adjetivos compostos, uso 
correto de “melhor”, “onde” e “aonde”, entre outros.
Desafios
Teste a sua gramática, em aspectos como concordância e regência verbal, o em-
prego de crase e de vírgulas, e em coesão. 
Caderno de redação
Análises completas das propostas e de redações bem avaliadas nos principais 
vestibulares dos dois últimos anos e no Enem 2014. E veja também alguns textos 
que foram considerados abaixo da média esperada. 
Ponto final 
Snoopy em O Desafio da Folha em Branco. 
8
14
18
22
26
28
34
38
44
49
98
8 GE REDAÇÃO 2016
AVALIAÇÃO
E
V
E
LS
O
N
 D
E
 F
R
E
IT
A
S/
E
ST
A
D
Ã
O
 C
O
N
TE
Ú
D
O
9GE REDAÇÃO 2016 
Saiba informações relevantes sobre 
os critérios dos avaliadores da sua 
redação, as formas como elas são 
corrigidas e seu peso na nota geral, 
na prova do Enem e nas de quatro 
destacadas universidades
Como a sua 
redação 
é avaliada
Candidatos prestam 
a prova do Enem 
na Faculdade de 
Tecnologia de São 
Paulo (Fatec-SP)
10 GE REDAÇÃO 2016
AVALIAÇÃO
A prova de redação da Fundação Uni-
versitária para o Vestibular (Fuvest) 
sempre pode surpreender o candidato 
em sua proposta para o ingresso na 
Universidade de São Paulo (USP) e no 
curso de Medicina da Santa Casa de 
Misericórdia de São Paulo. Em 2013, 
por exemplo, após três vestibulares 
seguidos com uma pergunta na prova 
de redação, a Fuvest voltou a colocar 
um texto não verbal. Na prova de 2014, 
o estudante não encontrou uma coisa 
nem outra: um texto de jornal convocou 
à construção de um texto dissertativo 
para ser publicado em jornal, revista 
ou meio eletrônico.
A redação só é solicitada na primeira 
prova da segunda fase, junto com as 
questões de português, que está agen-
dada para 10 de janeiro de 2016. 
Critérios de avaliação
O vestibular da Fuvest até 2015 valo-
rizou três critérios na avaliação: 
1 Tipo de texto e abordagem: os 
avaliadores verificam se o texto 
configura-se como uma disserta-
ção e se atende ao tema proposto. O 
candidato deve demonstrar a habi-
lidade de compreender a proposta 
de redação e, quando esta contiver 
uma coletânea, que ele se revele ca-
paz de ler e de relacionar adequa-
damente os trechos que a integram. 
É analisada a abordagem, a efetiva 
progressão de desenvolvimento do 
Fuvest-USP 
sempre pode 
surpreender
tema e a capacidade do candidato 
de criticar e de argumentar. 
2 Estrutura: é o componente de ferra-
mentas que foi utilizado: a paragra-
fação, a coesão textual (composição 
de frases, períodos e parágrafos), a 
coerência das ideias. O grau de coe-
rência reflete a capacidade do candi-
dato para relacionar os argumentos e 
organizá-los de forma a deles extrair 
conclusões apropriadas e, também, 
sua habilidade para planejar e cons-
truir um texto significativo. 
3 Expressividade: é a clareza ao ex-
primir as ideias. São examinados as-
pectos gramaticais como ortografia 
(a grafia e a escolha do vocabulário), 
morfologia, sintaxe e pontuação. 
Espera-se que o candidato revele 
competência para expor com pre-
cisão os argumentos selecionados 
para defender seu ponto de vista. 
No primeiro semestre 2015, porém, a 
direção da USP estudava possíveis mu-
danças. Essas seriam ou não adotadas 
em meados do ano e poderiam alterar 
diferentes pontos do vestibular ou das 
formas de ingresso na instituição, o que 
pode incluir a prova de redação e seus 
critérios de avaliação.
Como é feita a avaliação
A Fuvest não exige que seus avaliado-
res sejam professores da USP, mas eles 
não podem lecionar no terceiro ano do 
Ensino Médio. Os corretores cumprem 
um dia inteiro de treinamento prévio. 
Cerca de 70 avaliadores de redação, em 
média, trabalham em cada vestibular. 
Todas as redações são digitalizadas, 
e cópias não identificadas de cada uma 
são encaminhadas a dois corretores. 
Cada avaliador lê, em média, cem reda-
ções por dia. Eles não podem conversar 
entre si sobre as provas. São atribuídas 
notas de 0 a 4 às três características, que 
depois são convertidas para a base 100, 
proporcionalmente ao valor máximo 
dessa prova (50 pontos). Quando há 
discrepância de notas, a redação recebe 
nota final de auditores ou da diretoria 
da fundação. 
Quanto vale
A redação vale 50 pontos, e as ques-
tões de português também 50. Assim, 
uma redação nota 9 vale 37,5 pontos. As 
duas provas seguintes também valem 
100 pontos cada uma: no segundo dia, 
questões das disciplinas do Ensino Mé-
dio; e no terceiro dia, duas disciplinas 
que variam conforme o curso escolhido. 
Assim, até o vestibular de 2015, a reda-
ção valeu 1/6 da nota da segunda fase 
(50 pontos em 300). 
Zera a nota
Fugir ao tema proposto ou ao tipo de 
texto (dissertação) anula e zera a nota, 
mas não elimina o candidato, pois vale 
a nota da prova, que reúne também as 
questões de português. Zerar a nota na 
prova inteira desclassifica o candidato.
11GE REDAÇÃO 2016 
A prova de redação do Enem é, em 
todos os anos, reportada pela imprensa 
e TV, discutida nos cursinhos e acom-
panhada de perto pelas escolas. Sua 
relevância é notória, pela importância 
e abrangência do exame e por ser a 
única das provas do Enem que vale 
1.000 pontos, o que pode fazer a di-
ferença para conseguir uma vaga nas 
universidades federais pelo Sistema 
de Seleção Unificada (Sisu). 
A prova de redação dos vestibulares é 
a única em que o candidato expressa seu 
potencial, o quanto ele evoluiu durante 
o Ensino Básico em sua capacidade 
de leitura, compreensão, análise e ex-
pressão. No caso do Enem, destaca-se 
também a avaliação, pela redação, de 
sua compreensão de questões e pro-
blemas sociais e de sua capacidade de 
elaborar soluções, entendida como sua 
formação em cidadania. 
Segundo a instituição federal que 
realiza o Enem, o Instituto Nacional 
de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira, 8,7 milhões de candi-
datos se inscreveram para o Enem 2014, 
dos quais 6,1 milhões prestaram a prova 
de redação. É importante lembrar que 
muitos não disputam vaga em curso 
superior, pois há os candidatos com 
mais de 18 anos da Educação de Jovens e 
Adultos (EJA), tentando obter o diploma 
do Ensino Médio, e os treineiros, que 
prestam o exame para praticar. A prova 
de redação do Enem 2015 acontecerá no 
segundo dia, o domingo 25 de outubro. 
Critérios de avaliação 
No Enem são avaliadas, com nota, 
cinco competências na prova de reda-
ção. São elas:
1 Se o candidato demonstra domínio 
da norma-padrão da língua escrita.
2 Se compreende a proposta de re-
dação e aplica conceitos das várias 
áreas de conhecimento para desen-
volver o tema, dentro dos limites 
estruturais do texto dissertativo- 
argumentativo. 
3 Se consegue selecionar, relacionar, 
organizar e interpretar informações, 
fatos, opiniões e argumentos em de-
fesa de um ponto de vista. 
4 Se demonstra conhecimento dos 
mecanismos linguísticos necessários 
para a construção da argumentação.
5 Se consegue elaborar proposta de 
solução para o problema abordado, 
respeitando os valores humanos e 
considerando a diversidade socio-
cultural. 
Na redação do Enem, a dissertação 
argumentativa deve terminar com uma 
proposta para solucionar a questão 
colocada. Na avaliação, pesa mais para 
a composição da nota a capacidade 
de argumentar e defender um pon-
to de vista do que o chamado estilo, 
ou seja, o conjunto de elementos
de 
qualidade (veja na página 22) e a orto-
grafia. Os textos e imagens motivado-
ras geralmente oferecem argumentos 
suficientes para desenvolver o tema. 
Uma redação bem avaliada no Enem 
exige boa conexão ao tema, aderência 
a ele e uma seleção boa e articulada 
de argumentos. O autor pode agregar 
argumentos próprios aos apresentados 
nos textos motivadores, desde que bem 
articulados à sua tese. 
Como são dadas as notas
A redação do Enem é corrigida por 
dois professores, que avaliam as cinco 
competências. Cada competência vale 
200 pontos e é subdividida em dife-
rentes aspectos que valem 40 pontos. 
Desde a prova de 2013, a discrepância 
aceitável entre a nota final dos dois 
corretores é de 100 pontos. A diferen-
ça aceitável entre a nota de cada uma 
das cinco competências foi mantida 
Redação é 
valorizada 
no Enem
em 80 pontos. Assim, quando a dife-
rença das duas notas gerais for igual 
ou maior que 101 pontos, ou quando 
a diferença na nota de uma das cinco 
competências for de 81 pontos ou mais, 
a prova passará por um terceiro corretor 
e, se necessário, por uma banca de 3 
examinadores. Quando as diferenças 
não são discrepantes, a nota final em 
cada competência e a nota geral serão 
a média das notas recebidas dos dois 
corretores iniciais. Nos casos em que 
há a terceira correção, a nota final é a 
média das duas notas mais próximas, 
entre as três. Se a prova é enviada para 
a banca examinadora, todas as notas 
anteriores são descartadas. 
Como é feita a avaliação
As provas de 2013, por exemplo, fo-
ram avaliadas por mais de 5 mil corre-
tores. A avaliação envolveu mais de 200 
supervisores, mais de 400 auxiliares 
e subcoordenadores pedagógicos. De 
acordo com o Inep, os avaliadores são 
indicados pela reitoria das universida-
des públicas do país e são, forçosamen-
te, já formados em graduação. Quando 
os avaliadores não são indicados dessa 
forma, é exigida cópia do diploma, e a 
graduação é confirmada pelo instituto. 
Os avaliadores trabalham remotamente, 
ou seja, espalhados pelo país. Segun-
do o Inep, eles recebem treinamentos 
presenciais ou remotos em um período 
prévio de 100 dias. A correção dura cer-
ca de um mês, e cada corretor recebe, 
diariamente, um pacote eletrônico con-
tendo 50 redações, organizadas por um 
sistema que mistura textos de alunos 
das escolas públicas e das privadas, e 
de diferentes estados do país. Só após 
entregar um lote corrigido de redações, 
o corretor recebe outro. 
Zera a nota
Fugir ao tema ou ao tipo textual pro-
posto (a dissertação argumentativa), 
escrever menos de oito linhas originais 
(são excluídas as linhas copiadas da co-
letânea). Também zeram a nota inserir 
trechos propositadamente desconecta-
dos do resto da argumentação, desenhos 
e palavras ofensivas, impropérios, pro-
testos e afirmações que desrespeitem os 
direitos humanos, como as de racismo, 
xenofobia e homofobia.
12 GE REDAÇÃO 2016
AVALIAÇÃO
A prova de redação da Universidade 
de Campinas (Unicamp), tradicional-
mente realizada na primeira fase de 
classificação, a partir do vestibular de 
2015 passou a ser feita no primeiro dia 
da segunda fase. Em 2016, ela ocorrerá 
em 17 de janeiro, juntamente com a 
prova de língua portuguesa e literatura. 
Ela continuará a solicitar dois textos de 
tipos distintos.
Critérios de avaliação 
Segundo a Comissão Permanente 
para os Vestibulares (Comvest) da 
Unicamp, são dadas notas para quatro 
aspectos de cada texto. 
1 O tipo de texto e a interlocução: 
o texto elaborado em cada uma das 
tarefas deve ser representativo do 
tipo de texto solicitado e considerar 
os interlocutores nele implicados.
2 O propósito: o candidato deve 
cumprir o propósito da tarefa que 
é solicitada, observando o tema, a 
motivação e as instruções de elabo-
ração do texto.
3 A leitura: espera-se que o candidato 
estabeleça pontos de contato com 
os textos fornecidos em cada tarefa. 
Ele deve mostrar a relevância desses 
pontos para o seu projeto de escrita, 
e não simplesmente reproduzir os 
textos ou partes deles em forma de 
colagem direta.
Unicamp muda 
redação para a 
segunda fase
4 A articulação da escrita: os textos 
devem propiciar uma leitura fluida 
e envolvente, ter uma articulação 
sintática e semântica ancorada no 
emprego adequado de elementos 
coesivos e de outros recursos neces-
sários à organização dos enunciados. 
O candidato também deve demons-
trar habilidade na seleção de itens 
lexicais apropriados ao estilo dos 
tipos solicitados (carta, crônica, dis-
curso, comentário etc.) e no emprego 
de regras gramaticais e ortográficas 
que atendem a modalidade culta 
(padrão) da língua portuguesa.
Quem avalia e como 
Na Unicamp, a banca tem sido for-
mada por 130 corretores, em média, 
todos professores ou alunos da pós- 
graduação, não necessariamente dessa 
universidade. 
Os avaliadores trabalham dentro 
de um mesmo local e são treinados 
depois da realização do vestibular, já 
com textos reais produzidos na prova. 
Cada texto do candidato é corrigido por 
dois professores. 
Como é dada a nota
Os dois textos valem 24 pontos cada 
um, totalizando 48 pontos, e a discre-
pância máxima de nota para cada texto 
é de 2 pontos. A partir de 3 pontos em 
um texto, ele é repassado a um terceiro 
corretor, que define a nota final.
Quanto vale
A primeira fase do vestibular, agora 
com 90 questões, vale 30% da nota fi-
nal para ingressar. Na segunda fase, a 
redação subiu de valor, de 10% para 
20%. As demais questões do primeiro 
dia, e das duas provas seguintes, valem 
os 50% restantes. 
A Unicamp aplica uma fórmula de 
desvio-padrão, que situa o desempenho 
do candidato, por meio de sua nota, ao 
desempenho do conjunto dos candida-
tos na prova.
Zera a nota
Fugir aos gêneros de texto solicitados 
ou ao tema proposto. Zerar a nota em 
um dos textos não elimina o candidato, 
pois vale a soma dos dois textos, mas 
zerar nos dois textos elimina.
A Universidade de Brasília (UnB) 
utiliza o Sisu para ingresso, no primeiro 
semestre do ano, por meio da prova 
do Enem. Porém, mantém vestibular 
próprio para ingresso no meio do ano. 
O cálculo da nota valoriza o conjunto 
da redação do candidato, mas erros de 
norma-padrão da língua tiram pon-
tos de nota. É eliminado do vestibular 
o candidato que obtém nota inferior 
a 4 (até 3,99) na prova de redação. A 
nota de redação também é usada como 
um dos critérios de desempate entre 
candidatos. A redação é solicitada no 
primeiro dos dois dias do exame, e em 
2015 ocorreu em 6 de junho.
 
Critérios de avaliação
A prova avalia os domínios de ha-
bilidade de expressão em prosa (tex-
to descritivo, narrativo, expositivo- 
argumentativo ou de instruções). Na 
prova de 2015 podiam ser solicitados 
os gêneros resumo, carta, propaganda, 
texto informativo ou argumentativo. 
O critério mais abrangente é o de de-
senvolvimento do tema (domínio do 
conteúdo) pelo candidato, juntamente 
com sua expressividade. A banca tam-
bém avalia o domínio da escrita-padrão, 
em aspectos como ortografia, sintaxe 
e propriedade na escolha das palavras.
 
Quem avalia e como
As provas de redação em língua por-
tuguesa de todos os candidatos não 
eliminados são avaliadas por uma banca 
UnB tem prova 
própria no 2o 
semestre 
13GE REDAÇÃO 2016 
Na Universidade Estadual Paulista 
(Unesp), o candidato faz a prova de 
redação no segundo dia da segunda 
fase, que em 2015 será em 14 de dezem-
bro. A partir do vestibular do meio do 
ano aplicado em 2013, a universidade 
adotou um sistema de avaliação online 
das provas.
Critérios de avaliação
Os corretores da Vunesp avaliam 
conforme três critérios: 
1 Abordagem da proposta e do tema da 
prova: o ponto de vista colocado e a 
reflexão feita pelo candidato. 
2
O desenvolvimento da dissertação: 
a introdução, o desenvolvimento 
(argumentação) e a conclusão.
3 O domínio da escrita na norma-pa-
drão, desde a ortografia e a gramática 
até os elementos de coesão (veja na 
pág. 22). 
Quem avalia e como
A banca da prova anual tem sido for-
mada por 74 corretores, todos gradua-
dos em letras, pelo menos. 
As provas são digitalizadas e corrigi-
das on-line, em um sistema computa-
dorizado em rede. Todos os corretores 
trabalham em um mesmo espaço. Um 
treinamento prévio é feito durante dois 
dias e inclui um conjunto de redações 
pré-selecionado.
Como é dada a nota
Cada redação é avaliada por, no míni-
mo, dois corretores. Eles dão nota de 0 a 
3 no primeiro critério; 0 a 4 no segundo; 
e 1 a 4 no terceiro. Um não sabe qual a 
nota dada pelo outro, e é aceita apenas 
uma diferença de 1 ponto entre as no-
tas. Quando há diferença a partir de 2 
pontos, a redação é avaliada por outros 
examinadores da banca, que dão novas 
notas sem conhecer as notas anteriores. 
Caso a diferença de notas se mante-
nha, a prova é avaliada uma quarta vez. 
A nota final é a média das duas notas 
mais próximas, sejam quantas notas 
forem dadas. Ela é convertida para 
uma escala de zero a 28 pontos. Por 
exemplo: uma nota 9 dos corretores 
vale 22,9 pontos.
Quanto vale
A redação vale 28 pontos em 100. 
Os 72 pontos restantes são das ques-
tões discursivas nos dois dias de prova. 
A nota final dessa fase será a soma das 
duas notas. A nota final para ingresso 
será a média aritmética das notas da 
segunda e da primeira fase, que também 
vale 100 pontos.
Zera a nota
Fugir ao tipo textual ou ao tema, es-
crever menos de sete linhas, apresentar 
letra ilegível, identificar a autoria por 
escrito ou por algum sinal. Quem zera 
a nota de redação é desclassificado, o 
que vale também para as demais provas. 
Unesp adota
avaliação online
das provas
de professores especialistas. As pro-
vas são digitalizadas e passam por um 
processo de “desidentificação” para 
que a banca não seja capaz de identifi-
car o autor do texto. Após a análise da 
redação, é feito o preenchimento de 
planilhas, com as informações relativas 
à avaliação, que gerarão a nota. 
Como são dadas as notas
O domínio do conteúdo, que é o con-
junto expressivo da redação em tema 
e desenvolvimento, recebe nota de até 
10,00 pontos. Já o domínio de escrita 
é medido também com um indicador: 
a quantidade de erros cometida (por 
exemplo, 9 erros) é dividida pelo nú-
mero de linhas redigidas (como 20, por 
exemplo), o que resulta 0,45. Da nota 
recebida no domínio de conteúdo é 
então subtraído esse valor multiplicado 
por 2 (0,90). Se o candidato obteve nota 
8,0, por exemplo, terá nota final 7,1.
 
Quanto vale
A prova de redação em língua por-
tuguesa vale 10,00 pontos, conforme 
estabelece o edital do Vestibular 2015 
da UnB e, de modo geral, corresponde 
a cerca de 10% do Argumento Final 
(desempenho final) do candidato.
 
Zera a nota
Fugir ao tema ou ao gênero textual 
proposto e identificar-se de forma inde-
vida na folha do texto resulta em nota 
zero na prova de redação.
14 GE REDAÇÃO 2016
GUIA PRÁTICO
Um roteiro 
para não 
ficar nervoso
1.
Leia a proposta
com atenção
Este é um aspecto absolutamente 
essencial e talvez o mais importante 
da prova: ler atentamente o que é so-
licitado que você faça, de preferência 
mais de uma vez. Leia a proposta de 
redação, as orientações sobre o número 
de linhas exigido, o gênero ou gêneros 
de textos solicitados, as instruções, tex-
tos de apoio e referências bibliográfi-
cas e observe as imagens com atenção. 
É muito importante atentar para as 
orientações quanto ao uso de textos e 
imagens oferecidos na coletânea. 
Muitos candidatos perdem pontos 
por não ter lido a proposta adequada-
mente. Não são raros os casos de alunos 
que fogem do tema – como quando 
a prova pede para escolher uma das 
abordagens apresentadas na coletânea, 
e o candidato refuta todas; ou quando 
o texto pede uma proposta de solução 
para um problema, e a redação é toda 
realizada de forma a mostrar como a 
questão é insolúvel. 
Também é ruim o candidato repetir 
informações já dadas nos textos-base 
ou apresentá-las de forma desencon-
trada – o que pode ser visto, pela banca 
corretora, como incapacidade de inter-
pretação textual ou mesmo descaso. Por 
fim, existem estudantes que deixam 
de contemplar o básico, como fazer 
uma dissertação quando é solicitada 
uma narrativa ou crônica, esquecem- 
se de colocar o título ou de trabalhar 
o número de linhas exigido. Portanto, 
ler a proposta com muita atenção é o 
primeiro passo para uma redação bem- 
feita e com boa nota.
Um passo a passo do que fazer na hora H 
da prova, do momento em que você lê a 
proposta de redação até entregar seu texto. 
Com depoimentos de quem se saiu bem 
com diferentes estratégias
15GE REDAÇÃO 2016 
2.
Construa 
sua tese
Nas dissertações, a construção da tese 
é peça-chave para elaborar o texto. Para 
isso, você deve escolher qual aspecto 
quer abordar, formular sua tese e os 
argumentos que usará. Essa escolha 
é o que chamamos de recorte textual, 
e é esse recorte que diferenciará sua 
redação das dos demais candidatos. Po-
demos dizer que toda a sua dissertação 
será uma defesa dessa tese – os argu-
mentos tentarão prová-la, e a conclusão 
vai reafirmá-la. Algumas universidades 
adotam um tema que perpassa toda a 
prova de língua portuguesa, com textos 
e imagens que podem ser valiosos na 
sua argumentação. 
arrow COMO ENCONTRAR SUA TESE Pense no 
que mais lhe chama a atenção no 
tema proposto e sobre o que, de fato, 
você terá maior capacidade de ar-
gumentar. Por exemplo, o tema “a 
descatracalização da vida” (Fuvest 
2005). O que poderíamos pensar so-
bre ele? Que as catracas representam 
uma barreira de acesso aos espaços 
públicos? Que as pessoas impõem 
limitações aos outros e a si mesmas? 
Que essas barreiras se tornam tão 
comuns no cotidiano que as limita-
ções são aceitas sem contestação? 
Fiquemos com essa ideia. Nossa tese 
poderia ser: “Muitas das barreiras 
existentes na sociedade são constru-
ídas pelos próprios indivíduos, que 
se acostumam com as limitações e 
não se esforçam para livrar-se delas”. 
Pronto, esse já é um fio condutor 
para a redação.
3.
Organize 
suas ideias
Depois de ler e compreender a pro-
posta, você deve preparar a organização 
do texto, o que significa ordenar suas 
ideias. Você pode fazer isso por diferen-
tes meios: esquematizar as ideias, ano-
tar palavras-chave, escrever as princi-
pais frases ou tentar fazer um rascunho 
completo. Organizar as ideias implica 
mudar algo que não esteja bem claro, 
acrescentar informações que reforcem 
os argumentos e retirar aquilo que pre-
judicaria a compreensão do leitor. Por 
mais que as ideias iniciais sejam boas, 
é sempre possível formatá-las melhor.
Não existe uma forma única e con-
sagrada de preparar uma redação. 
O que se recomenda a cada um é testar 
diversas formas e escolher aquela que 
melhor dá resultado. 
arrow RASCUNHO Para pessoas que gostam 
de visualizar um esboço do texto, 
o rascunho tradicional pode ser a 
saída. Porém, ele é pouco indicado 
para aqueles que escrevem devagar 
ou têm problemas ao transportar o 
texto – é preciso lembrar que alguns 
vestibulares não oferecem um espaço 
para rascunho. 
arrow ESQUEMATIZAÇÃO Ela é útil para traba-
lhar consequências ou fatos expostos 
de forma cronológica – as palavras- 
chave são uma saída rápida para 
quem consegue, com elas, construir 
argumentos e referências. Enfim, 
cada um deve utilizar aquilo que 
melhor lhe convém, e só a prática 
poderá orientá-lo.
4.
Selecione os 
argumentos
Com a tese definida, você deve pensar 
na sua argumentação. Defina os argu-
mentos
que utilizará e elimine ideias 
secundárias. Isso é muito importante, 
pois são os argumentos que irão per-
suadir o leitor. 
Normalmente, temos várias ideias 
quando deparamos com um tema, e 
nosso ímpeto é apresentar todas. Po-
rém, geralmente essa não é a melhor 
estratégia para uma redação, pois esta 
oferece um espaço limitado. Dessa for-
ma, um número reduzido de argumen-
tos bem embasados é uma estratégia 
mais adequada que despejar um monte 
deles apenas superficialmente. 
arrow FAÇA ESCOLHAS Selecione dois ou três 
argumentos e trabalhe cada um indi-
vidualmente em parágrafos. Assim, 
você pode desenvolvê-lo, contextu-
alizá-lo com o tema e utilizá-lo para 
defender sua tese. 
Ao escolher os argumentos, sele-
cione os que melhor atendem à tese 
e sejam mais persuasivos. Lembre-se 
de que, além de estarem relacionados 
com a tese, os argumentos têm de ser 
coerentes entre si e levar o leitor a um 
raciocínio lógico e coeso. 
Outro aspecto a ser observado é o 
peso da argumentação em cada pa-
rágrafo. Para não perder a unidade 
textual, tente manter um padrão na 
extensão do texto e, também, no valor 
de cada argumento que apresenta. Ou 
seja, evite concentrar a discussão em 
um parágrafo e deixar outro como 
mero coadjuvante.
16 GE REDAÇÃO 2016
GUIA PRÁTICO
5.
Estruture 
seu texto
Você já viu o esquema tático de um 
time de futebol? Embora o objetivo 
principal seja marcar gols, não é pos-
sível montar um time só de atacantes, 
pois a armação das jogadas, a defesa, 
e mesmo o ataque dependem de uma 
distribuição coesa dos jogadores. Isso 
também ocorre com a dissertação. 
Ela é composta de tese, argumentos, 
exemplos ou conclusões, porém é ne-
cessário que os elementos formem 
um conjunto. 
Boas ideias apenas não garantem o 
êxito de uma redação, é preciso sa-
ber estruturá-las de modo coerente, 
para persuadir o leitor. Dessa forma, 
um texto bem-estruturado valoriza os 
argumentos e facilita a leitura e a assi-
milação das ideias. 
arrow ESTRUTURA BÁSICA Uma dissertação é 
formada por introdução, desenvolvi-
mento e conclusão. Cada uma dessas 
partes tem uma função no conjunto 
e traz elementos e comprimentos 
(extensões) diferentes. Aprender a 
desenvolver assim a sua redação é o 
que ajuda a dar coesão e progressão 
textual a ela – e “enche os olhos” 
dos corretores: a estruturação do 
texto pode ser seu grande diferencial. 
Vamos apreciar cada parte separa-
damente.
6.
Revise sua 
redação
Se você finalizou sua redação como 
um rascunho, vale a pena revisar o que 
fez antes de passar a limpo. 
arrow REVEJA A LINGUAGEM Caso tenha dú-
vida de uma grafia, tente substituir 
a palavra. Verifique os acentos das 
palavras e as vírgulas. 
arrow ELIMINE REPETIÇÕES Quando encon-
trar uma repetição, veja se a palavra 
precisa ser mantida ou se pode ser 
substituída. 
arrow ATENTE PARA EXCESSO DE “QUES” Ele pode 
sinalizar períodos muito longos e 
malconstruídos. Veja se não é o caso 
de eliminar um “que” e abrir uma 
nova oração. Com o verbo ter, utilize 
“ter de” em lugar de “ter que” para 
evitar sua repetição.
arrow ANALISE SEUS ARGUMENTOS Veja se há 
coerência entre as ideias e coesão 
entre os elementos textuais. Observe 
se acertou na escolha de conjunções 
e preposições. 
Procure manter um olhar crítico so-
bre o que escreveu e corrigir eventuais 
problemas. Você trabalhou duro para 
compor seu texto e não é hora de fazer 
corpo mole.
arrow A INTRODUÇÃO Ela apresenta o tema e 
traz o recorte que será feito dele. In-
troduzir não significa simplesmente 
iniciar o texto, mas inserir as ideias, 
torná-las parte da composição. 
É recomendável que ela exponha a 
tese do redator, o que tornará a leitu-
ra direcionada e facilitará a compre-
ensão dos argumentos. Lembre-se: a 
dissertação é um texto argumentati-
vo, que pretende convencer o leitor. 
Assim sendo, deve ser direta e não 
fazer rodeios – por isso, é importante 
que, logo no começo, o leitor já en-
tenda a linha de raciocínio do texto.
arrow O DESENVOLVIMENTO É o que sustentará 
o texto. A tese foi apresentada e nela 
foram expostas as ideias. Agora, é 
hora de ratificá-la, defendendo es-
sas ideias de forma consistente e, se 
possível, provando-as. Embora essa 
parte do texto seja muito importante, 
ela não precisa ser complicada. Deve 
ser clara o suficiente para que o leitor 
a compreenda. Uma boa estratégia 
é reservar um parágrafo para cada 
argumento, analisando cada aspecto.
arrow A CONCLUSÃO Você deve retomar as 
ideias que expôs na introdução e 
conjugar com os argumentos que 
as justificam, para confirmar a tese 
e encerrar o debate. O leitor deve ter 
a sensação de que tudo foi exposto, 
ainda que o tema convide a outras 
reflexões. Por isso, não convém que 
a conclusão traga novos argumentos 
ou deixe a tese em aberto.
17GE REDAÇÃO 2016 
O que fazer antes 
e durante a prova
Sugestões, "truques" e depoimentos de quem se saiu bem
L er e escrever redações regular-mente são as duas principais ferramentas para o estudante 
que quer se preparar em longo prazo 
para enfrentar as provas. Mas elas não 
são as únicas. 
Manter-se bem-informado, lendo jor-
nais e revistas, amplia seu vocabulário, 
seu repertório de temas e argumentos 
e traz familiaridade com modos cor-
retos de organizar as ideias. A prática 
diminui a possibilidade de você ser 
surpreendido pelo tema da prova. Você 
pode também escolher os filmes que 
vai assistir por temas e assuntos que 
valham a pena ou que não conheça, e 
não apenas para se divertir, e discutir 
os filmes com outras pessoas, para ter 
outros pontos de vista.
Aprimorar sua escrita é essencial. 
Pratique redação, sozinho ou com um 
amigo, participe de simulados fora da 
sua escola ou curso e peça uma avalia-
ção de suas redações aos professores. 
Você pode usar as propostas reais do 
Caderno de Redações deste guia e das 
seções Temas da Prova e Linguagem 
não verbal. Escreva a mão, para apri-
morar sua caligrafia.
Autoconfiança
Chegar ao dia da prova com um 
preparo de longo prazo é importante 
para ter tranquilidade e autoconfiança. 
A gaúcha Larissa Freisleben, 18 anos, 
da cidade de Farroupilha, diz que abriu 
mão de várias coisas para poder estudar 
para as provas. 
“Ao longo do ano, busquei escrever 
ao menos uma redação por semana 
(frequentemente duas). Eu procurava 
Gabriela Almeida Costa ingressou em Geografia 
na UFBA. Sua redação está na pág. 52
Larissa Freisleben ingressou em Medicina na 
UFRGS. Você pode conferir sua redação na pág. 54
compreender os critérios de avaliação 
de cada prova e escrever tendo em men-
te esses requisitos. Gosto muito de ler, e 
esse hábito ajuda a escrever bem. Minha 
preparação para a prova de redação foi 
basicamente esta: ler, treinar e entender 
o que é solicitado ao candidato em cada 
prova.” No enfrentamento das provas, 
ela tentava se lembrar de informações 
relacionadas ao tema (dados, citações 
etc.), para definir os argumentos. “Com 
base nisso, eu fazia uma espécie de guia 
para o texto, definindo o que ia dizer em 
cada parágrafo.”. Na prova do Enem, La-
rissa intercalou a redação de parágrafos 
com a solução das questões objetivas. 
Ao final, reviu o texto e passou a limpo. 
Ela recebeu nota 1.000.
Gabriela Almeida Costa, 19 anos, de 
Salvador (BA), também alcançou nota 
1.000 na redação do Enem 2014. 
“Meu Ensino Médio foi técnico, mas 
no último ano eu comecei a praticar 
redação. Fazia várias redações de provas 
que o GUIA DO ESTUDANTE REDA-
ÇÃO trazia, e enviava para as profes-
soras de língua portuguesa e redação.” 
Para fazer as provas de redação, Ga-
briela diz que se inteira do tema e da 
coletânea, mas parte para resolver as 
questões objetivas e deixa a redação 
para o fim. 
“Prefiro ir pensando ao longo da pro-
va, enquanto
estruturo uma ideia em 
tópicos, mentalmente. Quando tenho 
ideia do que vou escrever – proposta, 
argumentos e conclusão – aí eu vou 
para o papel. E sempre leio duas vezes 
o rascunho antes de passar para a fo-
lha definitiva, uma estratégia que uma 
professora me ensinou.”
“Leitura, muita leitura. É fundamental 
para escrever bem e para ter argumentos. 
Eu recomendaria ler não apenas os livros 
para as provas de literatura, mas qualquer 
material de leitura por lazer. Além disso, 
treinar para buscar corrigir erros.” 
Dica de Larissa Freisleben
A
R
Q
U
IV
O
 P
E
SS
O
A
L
A
R
Q
U
IV
O
 P
E
SS
O
A
L
18 GE REDAÇÃO 2016
GÊNEROS TEXTUAIS
Reveja as 
características 
de cada texto
Com exemplos reais publicados que abordaram 
o tema mobilidade urbana e a instalação de 
ciclovias nas cidades em 2014 e em 2015
Ciclofaixa instalada na Praça Júlio Prestes, em São Paulo: mudança em mobilidade que gera polêmica 
O gênero dissertativo e argu-mentativo ainda é dominante nos vestibulares do país. Mas 
parte das universidades solicita do ves-
tibulando também diferentes gêneros 
de texto, como a narração, a carta, o 
discurso, o comentário, o manifesto, o 
editorial. Está nesse grupo a Universi-
dade Estadual de Campinas (Unicamp) 
(veja na pág. 70). Esse modo de prova 
permite ao candidato garantir parte 
da nota em tipos de texto em que se 
sai melhor. Na Unicamp, a nota final é 
a soma das notas de dois textos solici-
tados. O vestibulando só não pode se 
enganar quanto ao gênero solicitado, 
pois isso zera a nota de um dos textos 
ou de ambos.
 Antes de adotar o Enem-Sisu como 
forma de ingresso, em seu vestibular de 
2010 a Universidade Federal da Bahia 
solicitou um texto argumentativo, mas 
no gênero de prosa que o candidato 
preferisse. Além disso, os diferentes 
gêneros textuais invadiram as coletâ-
neas para as redações, como foi o caso 
da Fuvest-USP 2015 (veja na pág. 78). 
A Universidade do Estado de Minas 
Gerais (UEMG), em um de seus vesti-
bulares de 2015, pede um depoimen-
to, gênero pessoal, mas que ao mesmo 
tempo pede objetividade. 
Em todos os casos, é importante que 
você saiba situar socialmente o seu tex-
to: onde estou, para quem escrevo, como 
me dirijo a esse interlocutor ou interlo-
cutores, qual a formalidade necessária?
LU
C
A
S 
LI
M
A
19GE REDAÇÃO 2016 
TIPOS São definidos pela linguagem 
que empregam e são basicamente três. 
A dissertação é a mais solicitada nos 
vestibulares. Ela e a narração são os 
mais importantes, pois se desdobram – 
como você vê a seguir – em uma grande 
quantidade de gêneros textuais. 
Já a descrição acaba sendo apenas 
uma linguagem empregada eventual-
mente no interior de um texto e quase 
nunca como um texto integral, como 
receitas culinárias e bulas de remédio.
GÊNEROS São muitos. Na escola, du-
rante o curso de literatura, estudam-se 
majoritariamente os gêneros cantiga, 
romance, crônica, conto, poesia. Além 
desses, há gêneros solicitados nos ves-
tibulares, como carta, discurso, artigo 
jornalístico, editorial de jornal, verbete 
enciclopédico, entre outros. 
Reveja a seguir as características 
de gêneros e tipos de texto, sempre 
exemplificados com um trecho sobre 
o mesmo tema.
Tipos textuais
Narração
O texto narrativo é aquele que conta uma história, fatos 
que envolvem personagens em um contexto. O autor pode 
seguir alguns passos básicos: descrever determinada situação 
ou ambiente, apresentar um ou mais personagens, introduzir 
um fato ou acontecimento que os envolva ou afete nesse 
ambiente ou situação e pôr um desfecho para a história. 
O narrador pode escolher se participa ou não da ação, escre-
vendo em primeira pessoa do singular ou do plural, como faz 
a cineasta Tata Amaral no exemplo abaixo. Não é necessário 
seguir uma ordem cronológica, mas é importante que a 
narrativa apresente coerência e uma linguagem envolvente. 
A narrativa é um gênero por excelência literário. Confira 
um excerto de narrativa, sobre manifestação em defesa das 
ciclovias, realizada em São Paulo em março de 2015.
VAI TER CICLOVIA!
por Tata Amaral
O povo começou a se reunir na Praça do Ciclista, quase esquina 
com a Rua da Consolação, que, agora, com as obras da ciclovia, abre 
os canteiros e retoma a comunicação com a Avenida Dr. Arnaldo e 
Avenida Angélica, interrompida há várias décadas com a construção 
de um canteiro.
Às 20:30h, partiu a bicicletada que percorreu toda a Avenida Paulista, 
desde a rua da Consolação em direção ao Paraíso, me perdoem o 
trocadilho clássico. Estava enorme, bonita, alto-astral a bicicletada. 
Milhares de pessoas participaram dela. Num dado momento, uma 
parte estava indo e a outra estava vindo. Num dado momento, todos 
se sentaram e assim pudemos perceber a extensão da bicicletada: a 
mais simbólica avenida da maior cidade da América do Sul, locomotiva 
do Brasil, carro-chefe e estação primeira do modelo viário baseado 
nos automóveis, tomada de bicicletas piscantes, conduzidas por 
pessoas com rostos sorridentes.
 Do blog blogs.estadao.com.br/tata-amaral/ 31/3/2015.
Dissertação
É o tipo de texto mais solicitado nas provas. Trata-se de 
expor uma ideia, um problema ou um questionamento, 
desenvolver um raciocínio com base em argumentos e apre-
sentar uma consideração final. É importante que o candidato 
saiba problematizar o tema, colocar argumentos favoráveis 
e contrários para fundamentar cada afirmação. 
Na dissertação, quem escreve quer persuadir o leitor acerca 
da opinião que defende e que deve ser explicitada em uma 
conclusão final. Essa conclusão não precisa fechar a ques-
tão, como quem encontra uma solução para os problemas 
do mundo: se o assunto é complexo, a conclusão pode ser 
a afirmação dessa complexidade. Não faça uma pergunta 
sem ao menos problematizá-la. A dissertação pede o uso da 
norma-padrão da língua, ideias desenvolvidas de forma clara 
e objetiva e boa paragrafação. Espera-se um texto impessoal. 
Evite o texto em primeira pessoa. Isso não é proibido, mas 
é arriscado, pois é mais adequado ao gênero crônica ou ao 
tipo narração. Veja o exemplo de um trecho de dissertação 
argumentativa.
A VEZ DAS CICLOVIAS
Comerciantes protestaram em diversos pontos da cidade; moradores 
de alguns bairros também reclamaram; e até vereadores da base aliada 
do prefeito Fernando Haddad (PT) fizeram críticas à implantação de 
ciclovias pelas ruas e avenidas de São Paulo. 
Embora capazes de chamar a atenção, esses grupos representam 
opinião minoritária entre os moradores da capital. Como pesquisa 
Datafolha publicada neste final de semana deixou claro, a maioria 
expressiva dos paulistanos defende a expansão de vias exclusivas 
para ciclistas. Ainda bem. 
Trata-se, não por acaso, de tendência nas principais metrópoles do 
mundo. A bicicleta é um meio de transporte limpo, que ocupa muito 
menos espaço do que um carro (...) 
 Editorial da Folha de S.Paulo, 22/9/2014.
20 GE REDAÇÃO 2016
GÊNEROS TEXTUAIS
gêneros textuais
Estilos jornalísticos
Reportagens, editoriais e artigos são os principais gê-
neros de texto jornalístico, cada um com suas caracte-
rísticas. Em um jornal ou revista, a reportagem se des-
taca dos demais gêneros: a reportagem procura trazer 
um discurso objetivo, narrativo, descritivo e não opi-
nativo, enquanto os outros dois são textos opinativos. 
A boa reportagem apresenta informações objetivas, faz um 
relato da notícia que não inclui a opinião de quem escreve. 
O artigo assinado traz a opinião de um autor e pode ser es-
crito em primeira pessoa, e o editorial exprime a posição e 
opinião do jornal, que não permite a primeira pessoa. Tanto 
no artigo quanto no editorial, as informações são introdu-
zidas para embasar um ou mais argumentos que procuram 
convencer
o leitor. 
O gênero crônica não apresenta distinções significativas 
em relação à crônica literária. Veja exemplos publicados na 
imprensa sobre a instalação de ciclovias no país.
EDITORIAL
DEBATER AS CICLOVIAS
Após ser pressionada por moradores e comerciantes de alguns 
bairros de São Paulo, a prefeitura decidiu alterar ao menos duas 
ciclovias já implantadas na cidade. Primeiro foi a vez de uma rota 
no Cambuci, na zona sul. Na última quinta-feira (13), apagou-se um 
percurso na Praça Vilaboim, em Higienópolis (zona oeste). (...)
Seja como for, tais readequações indicam que a prefeitura começa 
a fazer agora algo que deveria ter feito desde o começo: ouvir a po-
pulação e aceitar críticas. (...) Mas a opção pelas ciclovias, espera-se, 
é um caminho sem volta. Melhor, assim, que seja amparado num 
planejamento adequado e no diálogo com a população. 
Folha de S.Paulo, 19/11/2014. 
REPORTAGEM
CICLISTAS DO BRASIL E DO MUNDO FARÃO ATO 
PARA APOIAR AS CICLOVIAS DE SÃO PAULO
A defesa das ciclovias de São Paulo chegou a níveis internacionais. 
Nesta sexta-feira (27), estão marcadas manifestações de ciclistas 
em ao menos 17 cidades brasileiras – além da capital – e em outros 
oito países.
O ato, inspirado na Massa Crítica de Portugal (movimento que luta 
por espaço aos ciclistas nas cidades), foi motivado pela recente deci-
são da Justiça paulista em determinar a paralisação da construção 
de ciclovias em andamento. De acordo com o juiz, a interrupção 
foi determinada pela falta de “planejamento” e “estudos prévios”.
Reportagem de Ivan Longo, na Revista Fórum (virtual), 
março de 2015. 
Crônica
Gênero literário que é também utilizado por articulistas da 
imprensa. Assim como o conto, é um gênero por excelência 
narrativo, que aborda situações ou fatos do cotidiano. É mais 
coloquial que o dissertativo, mas não dispensa a norma- 
padrão da língua. 
SOBRE DUAS RODAS
por Cris Guerra 
Em dezembro passado, abordei nesta coluna o caos do trânsito de 
BH, onde a frota de carros praticamente duplica a cada dez anos. 
Cumpri bem o trajeto do início ao meio do texto, mas derrapei na 
linha de chegada e levei um tombo feio. 
Acabei por errar o alvo: a crítica atingiu seus usuários, e não as tais 
vias, gerando dezenas de respostas furiosas. Pela prontidão e vee-
mência de suas reações, entendi que, mais que ciclovias, os ciclistas 
urbanos querem respeito – traduzido na simples atitude de serem 
compreendidos como parte integrante do trânsito.
Veja BH, 13/3/2013.
CICLOVIA, 10. EDUCAÇÃO, ZERO
Por Edgard Catoira
Manhã de sol. Reflexos prateados circulam a marca das ondas nas 
areias na praia de Copacabana. Uma brisa refresca o calor nos rostos 
dos que usam seu tempo matutino para correr no calçadão ou os 
ciclistas de plantão, que tomam a ciclovia. 
O cenário é de filme. Mas vamos enfrentar a realidade com bom 
humor. Afinal, estamos no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa. Pre-
cisamente em Copacabana, atravessada por uma excelente ciclovia 
de seis quilômetros, entre Ipanema e Botafogo. (...)
A zona sul do Rio é cortada por ciclovias, todas em ótimo estado. 
É uma das coisas boas que a população pode desfrutar, inclusive 
para ir para ao trabalho. 
Vale uma reflexão como frequentador da ciclovia – já que não me 
considero um ciclista. 
Antes de tudo, precisamos reconhecer que qualquer ciclovia da 
cidade é boa para o ciclismo. O que a prefeitura nunca fez – nem os 
vereadores pensaram nisso – é organizar seu uso. 
Depois de ultrapassar duas quadras brigando com carros ou quase 
atropelando velhinhos inocentes nas calçadas, chego à praia e, devi-
damente paramentado com capacete e luvas, me arrisco na ciclovia. 
Aliás, sou uma das poucas pessoas que usam os acessórios de prote-
ção. Pelo horário, por volta das 7h30, os corredores e pedestres que 
passam por mim estão voltando da caminhada, suados e exaustos, 
prontos para ir para casa e ao trabalho. 
Alguns – ou melhor, muitos deles – se aventuram a correr na ciclovia 
– dizem que a performance é melhor do que correr sobre as pedras 
portuguesas da calçada. Mas eles invadem a pista e não respeitam 
as bicicletas. (...)
Revista CartaCapital, 15/01/2012.
21GE REDAÇÃO 2016 
Carta
O texto em forma de carta pode ser pessoal (para escrever 
a um amigo, por exemplo) ou do campo das relações sociais 
(para reivindicações, apoios, pedidos, reclamações), como 
carta aberta ou carta-convite. Em todos os casos, a carta 
deve ter indicação de local e data no topo da página, seguida 
da identificação do destinatário, uma saudação (vocativo) – 
que depende do grau de intimidade com esse destinatário –, 
referência (o motivo da correspondência, que em um e-mail 
é o assunto e que em cartas abertas pode estar em um título), 
o corpo do texto e a finalização. As propostas mais comuns 
são de cartas argumentativas, mas com uma diferença em 
relação à dissertação: nesta escreve-se a um leitor genérico, 
na carta é preciso adequar a linguagem a um destinatário. 
Não é proibido utilizar a primeira pessoa, mas usar o plural 
majestático pode ser uma alternativa melhor. 
LEITOR CRITICA EDITORIAL SOBRE CICLOVIAS* 
(adaptada) 
Goiânia, 31 de dezembro de 2014
Senhores editores
O editorial “Pedalar pela cidade” (“Opinião”, 29/12) trata de forma 
panfletária um assunto que envolve vidas. O programa cicloviário da 
cidade de São Paulo está sendo implantado sem que exista uma regu-
lamentação para o trânsito dos ciclistas, não existindo um programa 
de orientação para a população de como se comportar nos diversos 
conflitos que irão existir, como nas saídas de garagens. 
Marcos de Luca Rothen (Goiânia, GO), Folha de S.Paulo, 1/1/2015.
*Agregamos local, data e saudação, que não são habitualmente publicados na imprensa
Comentário
Pode-se considerar o comentário uma espécie de subgê-
nero, que reúne características da dissertação e da carta. 
Espera-se do autor que utilize argumentos e, eventualmente, 
que se posicione. Ao contrário da dissertação, aqui a escrita 
em primeira pessoa pode ser utilizada, se a proposta permitir 
isso. Porém, é preciso cuidado redobrado na expressão das 
ideias em primeira pessoa, evitar generalizações, chavões 
etc. Os comentários têm sido solicitados em provas, como 
as da UFPE 2011 e da Unicamp 2012.
Em cada última quinta-feira de cada mês, temos uma volta com 
nossas bicicletas e nossos amigos para passear pela cidade. Desta vez 
queremos nos solidarizar com nossos colegas de São Paulo em sua 
luta por uma cidade mais humana e amigável para com as bicicletas. 
Post do movimento Massa Crítica de Almería, Espanha, 
em apoio à bicicletada de São Paulo, em março de 2015.
Manifesto
Um gênero de natureza dissertativa, de exposição de 
ideias e proposições de uma pessoa ou de um grupo. Em sua 
interlocução, o manifesto é público, com fins e propósitos 
determinados e, quando dirigido ao conjunto da sociedade, 
pode não trazer um vocativo de endereçamento. 
Assim como a dissertação, um manifesto deve ter um 
título, desenvolvimento dos temas abordados, argumen-
tação bem fundamentada e defesa de um ou mais pontos 
de vista. Exige assinatura, local e data de sua divulgação. 
O manifesto assemelha-se à carta-aberta, solicitada em 2015 
pela Universidade de Campinas (veja na pág.70).
E A BICICLETA FEDERALIZOU-SE!
A bicicleta é um típico veículo local. Embora haja quem com ela 
viaje o mundo, sua maior vocação, e aspiração de quase todos que 
a usam, é sua utilidade para o cotidiano nos arredores de casa – 
deslocamentos de até 6 km. Por isso, pode-se pensar que todas as 
intervenções para facilitar seu uso não precisem ir para além do 
gabinete do prefeito.
Os ciclistas brasileiros organizados em entidades – ou irmanados 
somente pela aspiração comum de equidade no trânsito – não pen-
sam assim. Como nas demais áreas da vida social – saúde,
educação, 
esporte etc. –, a mobilidade também necessita de políticas públicas 
transversais e integradas, perpassando a administração pública es-
tadual e alcançando a esfera federal.
Da União de Ciclistas do Brasil, 
divulgado durante a campanha eleitoral de 2014.
Verbete/Síntese 
É o texto que define uma palavra, conceito, tema ou assunto, 
de forma estrita, objetiva, como em dicionários, enciclopé-
dias. Na popular Wikipedia, embora pouco formalizados 
ou rigorosos, os verbetes compõem os artigos. O gênero foi 
solicitado na prova de 2012 da Unicamp.
BIKEÉLEGAL.COM.BR – QUEM SOMOS
O “Bike é Legal” é um portal na internet sobre ciclismo, mobilidade 
urbana e sustentabilidade. Com notícias, vídeos, fotos, artes, ideias, 
questionamentos, discussões e reivindicações, o site reúne ciclistas 
que são referências sobre o tema no Brasil. (...)
Extraído do site bikeelegal.com.
RODAS DA PAZ
A ONG Rodas da Paz foi instituída em 2003 com o objetivo de reagir 
à violência e ao crescente número de acidentes e mortes no trânsito 
do Distrito Federal. Desde então promove ações para a conscientiza-
ção em prol de um trânsito seguro para todos, com especial atenção 
para os usuários da bicicleta. 
Extraído do site da organização não governamental.
22 GE REDAÇÃO 2016
ELEMENTOS DE QUALIDADE
Veja as características que valorizam e 
fazem uma boa redação. Abordamos aqui as 
que consideramos essenciais. Os exemplos 
são sempre de dissertação, que é o tipo de 
texto mais exigido nas provas
Por Davi Fazzolari e Ana Paula Dibbern
Os 
elementos 
que 
distinguem 
o seu 
texto
23GE REDAÇÃO 2016 
Autonomia
 
O texto precisa ser compreendido por si. Ou seja, o autor 
deve imaginar um leitor que não leu a proposta do enun-
ciado da prova. As referências ao material de apoio têm 
de ser acompanhadas de todas as informações necessárias 
para que o leitor as entenda, uma vez que a coletânea não 
faz parte da redação.
 Como a autonomia de um texto também é medida pelo 
nível de atualização e pelo repertório do candidato-autor, é 
importante trazer informações novas, além daquelas presen-
tes no texto-base, desde que sejam pertinentes e contribuam 
para a argumentação e defesa da tese pretendida. O uso de 
argumentos de autoridade pode contribuir nesse sentido, 
mas é preciso muito cuidado porque citações mal inseridas 
podem fazer o efeito contrário e comprometer a redação.
 Como exemplo, suponha uma prova com o tema “O trabalho 
infantil”, que traga um mapa de referência como parte da 
coletânea. 
TEXTO INADEQUADO (sem autonomia): 
“A situação mostrada no mapa é uma vergonha. Mas não é fácil 
de ser enfrentada, pois requer dinheiro e determinação dos 
governantes”.
Note que, no exemplo, o autor faz comentários sobre o mapa 
da coletânea como se ele estivesse na folha de avaliação. Com 
isso, a afirmação é construída com base no senso comum e se 
assemelha mais a uma opinião do que a um argumento.
TEXTO ADEQUADO (com autonomia): 
“O grande número de crianças trabalhadoras no Brasil denuncia a 
precarização do trabalho na faixa adulta da população e a falta de 
políticas públicas atentas ao futuro”.
Um vocabulário adequado também é muito importante 
para garantir a autonomia do texto. Note, em nosso exemplo, 
como as afirmações são mais precisas quando substituímos 
palavras vagas ou genéricas (como “vergonha” e “fácil”) por 
outras mais objetivas (“número”, “denuncia” e “precarização”).
Coerência e clareza
 
Um texto coerente é resultado dos argumentos que você 
utiliza para referendar logicamente seu ponto de vista, que 
é o seu recorte do tema. No desenvolvimento da redação, é 
importante ter como objetivo convencer o leitor da lógica 
de seu texto. O processo básico é o mesmo de uma discussão 
com os amigos sobre um filme ou uma partida de futebol. 
Em uma dissertação, a melhor ideia será aquela sustentada 
por argumentos convincentes, com os quais o autor se faça 
entender. Por isso, o posicionamento diante do tema deve 
ser ponderado e evitar radicalização e panfletagem.
 Em outras palavras, é preciso escrever com clareza para 
que, após ler a redação, ninguém se pergunte: “Mas, afinal, 
o que o autor quis dizer com isso?” Essa é uma pergunta que 
o autor deve se fazer antes de passar o texto a limpo. Seu 
texto estará pronto se responder à pergunta.
TEXTO INADEQUADO (sem coerência nem clareza):
“Quando os bolivianos chegam ao Brasil só encontram emprego na 
indústria têxtil, devido às habilidades características de sua cultura, 
ou trabalham como autônomos através do artesanato. Com isso, o 
Brasil precisa ajudá-los para que também possa ser ajudado por eles.”
Nesse exemplo, o argumento não foi bem construído. Não fica 
claro o motivo e nem a forma pela qual o Brasil precisa ajudar 
os bolivianos (isso sem falar que a escolha do verbo “ajudar” 
não foi feliz). Há, também, uma generalização incorreta das 
atividades citadas. Além disso, o texto pode favorecer uma 
interpretação preconceituosa sobre a cultura e capacidades 
desses imigrantes. Em vez disso, o autor deveria inserir dados 
e argumentos mais densos para conferir coerência ao texto.
TEXTO ADEQUADO (com coerência e clareza): 
“Grande parte dos bolivianos que migram para o Brasil só encontra 
trabalho na indústria têxtil, que muitas vezes não garante seus 
direitos básicos. Constatada essa realidade, conclui-se que é 
preciso oferecer qualificação e construir mecanismos para que os 
estrangeiros sejam realmente inseridos no mercado de trabalho. 
Dessa forma, a vida dessas pessoas – que tanto contribuem para o 
crescimento do país – seria melhor”.
Nesta versão do texto, o problema da generalização foi 
resolvido com a inserção do trecho “Grande parte”. Há argu-
mentos mais claros, especialmente no trecho “é preciso oferecer 
qualificação e construir mecanismos”. Além disso, foi inserida 
uma posição que valoriza o imigrante (“contribuem para o 
crescimento do país”) ao mesmo tempo em que é reforçado o 
argumento de que o Brasil precisa recompensá-los.
24 GE REDAÇÃO 2016
ELEMENTOS DE QUALIDADE
Simplicidade
Escrever de forma simples é o caminho certo para quem 
tem poucas linhas para expressar sua opinião sobre um 
tema. O candidato deve evitar períodos muito longos ou 
o uso de vocabulário rebuscado. Períodos longos servem a 
textos longos, de várias páginas, o que não é o caso de uma 
redação para o vestibular. As palavras difíceis também devem 
ser evitadas. Elas geralmente são utilizadas com a intenção 
de impressionar os avaliadores, mas podem provocar desvio 
de raciocínio. Além disso, é bom evitar inversões no uso 
dos elementos da oração e manter a organização básica: 
sujeito, verbo e complementos. Como falantes da língua, 
nós já fazemos isso intuitivamente. Pôr o adjetivo antes do 
substantivo, por exemplo, aumenta a sua ênfase e, portanto, 
parece intencional para quem lê, e você só deve utilizar se 
tiver mesmo a intenção de ser enfático.
 É bom lembrar que, após a realização do exame, as redações 
serão enviadas para um ou mais avaliadores que têm pouco 
tempo para avaliar cada texto. Nessa situação, o problema das 
inversões nos elementos da oração e da escrita rebuscada é 
agravado, já que a falta de simplicidade atrapalha a fluência 
na leitura. O ideal é que o avaliador nunca tenha de reler o 
parágrafo para entendê-lo.
TEXTO INADEQUADO (prolixo):
“A amizade atual se caracteriza por uma relação direta e virtual 
de maneira mútua. O estabelecimento da coexistência entre 
o tradicional e o moderno representa uma resposta à troca de 
paradigma nas relações interpessoais”.
O leitor precisa ler o texto duas vezes para entendê-lo, quem 
sabe três. Algumas palavras, como “mútua”, “coexistência”, 
“paradigma” e “interpessoais”, apesar de serem razoavelmente 
comuns, colocadas em conjunto tornaram o texto prolixo.
TEXTO ADEQUADO (escrita simples):
“Da mesma forma que o tradicional e o moderno convivem em 
nossa sociedade, as amizades atuais são baseadas em um modelo 
caracterizado pela coexistência das relações direta e virtual”.
O texto ganha melhor organização quando a disposição 
das ideias é invertida. Primeiramente, o autor aponta que o 
tradicional e o moderno convivem na nossa sociedade. Depois 
expande tal coexistência para o campo das amizades, em uma 
dualidade entre o real e o virtual. Tal mudança facilita bastante 
o entendimento. Ao mesmo tempo, o abandono de algumas 
palavras (como “mútua”, “paradigma” e interpessoais”) torna 
o texto mais simples.
Coesão
A coesão é a articulação das partes de um todo. Na gramá-
tica da língua portuguesa aprendemos que as articulações 
são realizadas pelas classes de palavras conhecidas por 
“arredondar” o discurso e tornar mais agradáveis e com-
preensíveis as orações e os períodos. São as preposições e 
as conjunções que exercem essa função de conectivos com 
maior frequência.
 Além da coesão interna em uma oração, também é pre-
ciso haver coesão entre as orações do parágrafo e entre as 
etapas do texto, ou seja, entre os próprios parágrafos. As 
frases devem se suceder numa sequência lógica. O espírito 
é o mesmo para os parágrafos, mas, nesse caso, a atenção 
deve estar voltada para os encontros que se dão no fim de 
um parágrafo e início de outro. Um bom encadeamento gera 
“coesão textual” ou “textualidade” e evita que a redação te-
nha palavras “soltas”, como se uma frase não tivesse relação 
com a outra.
TEXTO INADEQUADO (com problemas de coesão):
“Quando pensamos um tempo melhor para a vida de todos, 
queremos dizer o seguinte: simplesmente que as coisas podem ser 
mais justas para todas as pessoas se beneficiarem disso”.
Neste fragmento, o autor é redundante e formula duas vezes 
a mesma ideia. Constrói a frase como se uma oração fosse a 
conclusão da anterior, mas não traz novas informações e acaba 
por “andar em círculos”. A organização das palavras dentro 
das orações (principalmente a disposição das palavras “sim-
plesmente” e “disso”) não favorece o entendimento, resultando 
em um texto pouco coeso.
TEXTO ADEQUADO (com boa coesão):
“Quando pensamos em um tempo mais justo, imaginamos, 
simplesmente, que a vida pode ser melhor para todos”. 
Temos, aqui, uma construção mais consistente da frase. 
Foi muito positiva a exclusão da expressão “queremos dizer 
o seguinte”, que é uma marca da linguagem oral. Além disso, 
o problema da repetição foi resolvido. Não temos mais os dois 
trechos semelhantes (“um tempo melhor para a vida de todos” 
e “as coisas podem ser mais justas para todas as pessoas se 
beneficiarem disso”), mas sim uma só elaboração da ideia, 
com as palavras bem organizadas e melhor encadeamento. 
25GE REDAÇÃO 2016 
1 TROCAR O TIPO 
OU GÊNERO DE TEXTO
A prova pede uma dissertação e você faz 
uma narração. Essa falta de atenção é con-
siderada incontornável e resulta em nota 
zero. Assim, é necessário estar atento para 
quando a prova solicita três gêneros de tex-
to (ou oferece três a escolher) e você indica 
erroneamente a sua escolha; por exemplo: 
opta pela proposta 2, que pede uma carta, 
mas assinala a 1, que era para dissertação. 
2 FUGIR DO TEMA
Escrever uma redação que foge do tema 
proposto também pode levar à anulação da 
redação. Por isso, leia com bastante atenção a 
coletânea de textos e o enunciado. Tome mui-
to cuidado para não se perder em divagações 
que nada têm a ver com o que foi apresentado 
(veja mais critérios nas págs. 8 a 13).
 
3 USO IMPRÓPRIO DA 
LINGUAGEM ORAL
Nem sempre a linguagem que você usa 
quando está conversando pode ser passa-
da para o texto. Expressões como “né” e 
“ok” não caem bem numa redação. Gírias 
como “se ligar” e “irado” também não são 
adequadas. 
4 REBUSCAR DEMAIS 
Abusar de palavras rebuscadas também 
pode prejudicar sua nota. Lembre-se: lin-
guagem formal não é sinônimo de linguagem 
complicada. Ao exceder no uso de um requin-
te desnecessário, é grande a probabilidade 
de seu texto ficar sem fluência nem clareza. 
5 COMETER ERROS DE 
LÍNGUA PORTUGUESA 
Erros básicos da língua portuguesa não têm 
perdão na prova. “Fazem muitos anos”, “há 
nove anos atrás” e “para mim levar” são des-
lizes graves numa redação. Na dúvida quanto 
à grafia correta ou à aplicação de uma regra 
gramatical, substitua a palavra por outra ou 
organize novamente a frase.
Os dez erros mais comuns
Os deslizes que podem tirar pontos preciosos da sua nota
6 USAR CLICHÊS 
E PROVÉRBIOS
Evite o uso de clichês, que são aque-
las expressões muito conhecidas, como 
“colocar tudo em pratos limpos”, “fechar 
com chave de ouro”, “água mole em pe-
dra dura tanto bate até que fura”. O uso de 
provérbios e frases, geralmente construí- 
das com base em ideias estereotipadas, re-
vela falta de originalidade do autor. 
7 PANFLETAR E 
RADICALIZAR
As redações que instruem o leitor com frases 
como “Devemos nos unir!” ou “Vamos reciclar 
o planeta!” são consideradas frágeis. No lugar 
do discurso politicamente panfletário, é me-
lhor organizar argumentos que permitam ao 
leitor chegar às próprias conclusões. 
8 USAR CITAÇÕES 
SEM CUIDADO
As citações devem ser utilizadas com bas-
tante critério. Evite expressões batidas, como 
“Só sei que nada sei”, de Sócrates. Outros 
erros comuns são o uso de citações fora 
do contexto, sem que tenham uma relação 
efetiva com o texto ou argumentação, e ci-
tações de autoridade incompletas ou com a 
grafia errada do nome do autor. Se não tem 
certeza da grafia de filósofos como Friedrich 
Nietzsche, Erich Fromm, Immanuel Kant, não 
utilize essa citação. 
9 EXAGERAR EM 
INFORMAÇÕES
Você não precisa despejar tudo o que sabe 
na redação. O excesso de informações pode 
prejudicar a coesão do texto, pois dados de-
mais podem confundir, ao invés de esclarecer. 
Seja seletivo. 
10 CAIR EM REDUNDÂNCIA
A redundância revela falta de repertório 
do autor-candidato. Numa boa dissertação, 
a argumentação avança progressivamente, 
e não fica andando em círculo.
Essa é uma falha 
extra que não se 
deve cometer. Isso 
porque você pode 
perceber algo não 
tão perfeito quanto 
gostaria tarde 
demais, quando já 
escreveu na versão 
final. Há candidatos 
que esquecem, 
por exemplo, de 
colocar um título 
em sua redação 
da Fuvest, o que é 
uma das exigências 
explícitas da prova.
Nos últimos textos 
divulgados, das 
provas de 2012 e 
2013, há redações 
com essa falha. 
Os avaliadores 
da Fuvest 
reconhecem as 
boas dissertações, 
mas eventualmente 
isso pode ser 
entendido como 
falta de atenção ao 
enunciado da prova 
e reduzir pontos da 
nota.
NÃO ESQUEÇA 
DE REVISAR 
SEU TEXTO
26 GE REDAÇÃO 2016
ARGUMENTAÇÃO
Aprenda com 
os jornais 
estratégias 
para persuadir
A leitura cotidiana dos editoriais jornalísticos 
amplia sua capacidade de interpretar fatos e de 
organizar argumentos 
Por Alan Nicoliche
A argumentação é a prin-cipal ferramenta para os candidatos que preten-dem uma boa colocação nas redações dos vesti-
bulares. Evidentemente, a linguagem e 
a estrutura dos textos são importantes 
– é a chamada coesão textual –, mas são 
mais facilmente assimilados com estu-
dos e prática do que a argumentação. 
A capacidade de argumentar extrapola 
os limites das salas de aula. Ela será 
necessária ao longo de toda a vida acadê-
mica e profissional daqueles que agora 
adentrarão em uma faculdade. Não é à 
toa que a maioria dos vestibulares exige 
a redação de um texto argumentativo 
em seus processos de seleção.
E como adquirir essa capacidade ar-
gumentativa? Primeiramente, colocan-
do-se a par das questões que o cercam, 
sejam políticas, sociais, econômicas, 
filosóficas, técnicas ou culturais, elas 
poderão compor
o chamado repertório 
pessoal. Em seguida, entender os lados 
divergentes que podem estar em cada 
questão para criar uma opinião e argu-
mentar a favor dela. Parece trabalhoso, 
mas a experiência de se interessar pe-
los assuntos e interagir com eles torna 
a prática corriqueira e até prazerosa. 
Dessa forma, informar-se e conhecer 
os diversos pontos de vista é funda-
mental, o que exige a leitura de bons 
textos sobre os assuntos que poderão 
ser explorados. 
Textos para persuadir 
Uma das formas textuais mais inte-
ressantes para esse exercício é a leitura 
do editorial dos jornais. Os editoriais 
trazem o posicionamento ideológico 
do veículo de comunicação a que per-
tencem, ou seja, são também textos 
argumentativos, que têm a função de 
informar e persuadir o leitor. Desse 
modo, a leitura de um editorial, para 
candidatos a vestibulares, serve para 
informar sobre diferentes assuntos, e 
pode ser uma grande fonte de apren-
dizado sobre argumentação.
Textualmente, os editoriais são habi-
tualmente mais longos do que o solici-
tado nas dissertações dos vestibulares. 
Também apresentam múltiplos pará-
grafos e, eventualmente, são finaliza-
dos com frases de efeito. No vestibular, 
usamos menos parágrafos e não usamos 
frases de efeito. Em uma dissertação 
para o vestibular, o ideal é limitar os 
parágrafos a quatro ou cinco, um para 
introduzir sua tese, dois ou três para 
argumentar e um para concluir.
Para esta edição do guia, selecio-
namos um editorial do jornal Folha 
de S.Paulo, publicado em 27 de abril 
de 2015, que trata do regime prisio-
nal utilizado com os jovens infratores. 
Como você poderá perceber na leitura 
do editorial e em sua análise, o texto 
é construído de maneira a não só in-
formar o leitor, mas persuadi-lo, fazer 
com que ele compartilhe da ideia ali 
exposta. Para tanto, não há vacilos na 
argumentação, e as informações são 
apresentadas como afirmações e em-
basadas em dados. 
Observe que a simples exposição das 
informações não é suficiente para ga-
rantir a veracidade do discurso. Isso 
porque dados podem ser lidos de dife-
rentes formas e as conclusões podem 
ser diferentes, dependendo da linha de 
pensamento de cada um. 
27GE REDAÇÃO 2016 
EDITORIAL
1 Paradoxo perverso 
Adolescentes infratores têm, na prática, menos acesso que os adultos ao 
regime semiaberto, numa inversão da lógica do sistema penal.
2 A notícia em si já seria chocante. Mas, na conjuntura atual, em que se discute 
a diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos, a reportagem publicada 
por esta Folha na quinta-feira (23) tem conotação perversa. 
Dos 23 mil menores infratores que cumprem algum tipo de punição no Brasil, 
só 10% têm acesso ao regime de semiliberdade, pelo qual podem sair das insti-
tuições durante o dia para estudar ou trabalhar. 
Em alguns estados, como Paraíba e Maranhão, menos de 3% dos infratores 
têm atendido esse direito; em Mato Grosso, não se registra caso de menor nessa 
situação. 
3 Seriam, talvez, infratores de alta periculosidade? A realidade é bem diferente 
disso. Uma minoria bastante limitada dos internos responde por crimes hediondos. 
Em São Paulo, por exemplo, somente 2,6% dos adolescentes foram punidos 
por tal tipo de transgressão. Mesmo assim, 93% deles permanecem confinados 
dia e noite. 
4 Configura-se situação de rigor punitivo ainda maior – e este o paradoxo do 
caso – do que se vê entre infratores adultos. Destes, cerca de 35% estão, no país 
inteiro, no sistema semiaberto. 
Não se trata de regalia ou concessão motivada por alguma atitude sentimental. 
Tal regime se fundamenta na ideia de que, a não ser em casos de grande perigo 
para a sociedade, há mais vantagem em ter o delinquente dedicado a atividade 
produtiva do que em mantê-lo preso na companhia de personalidades já defor-
madas pelo banditismo e pelas práticas da cadeia. 
O raciocínio tem maior pertinência no caso dos adolescentes, mais capazes 
de absorver novas condições de trabalho e estudo. O inverso do que se verifica, 
portanto. 
5 Se alguém quisesse fazer blague com um assunto de máxima importância e 
seriedade, tantas vezes tratado com a demagogia dos que vociferam em favor do 
máximo rigor penal, poderia inverter as opiniões correntes. Os que defendem 
penas mais elevadas, vingança social extrema, dureza com o jovem infrator de-
veriam apoiar a atual legislação.
Quanto aos que advogam teses mais flexíveis e maior cuidado na punição aos 
adolescentes, talvez devessem apostar na diminuição da maioridade penal para 16 
anos: haveria de ser, bizarramente, o modo de lhes oferecer mais ocasiões de cumprir 
sua pena no regime semiaberto, de forma mais produtiva. 
Não se trata disso, por certo.
Mas é de notar o quão fora da realidade estão os que, julgando necessário mais 
rigor contra o jovem delinquente, desconhecem as péssimas condições hoje 
oferecidas para que se reintegrem à sociedade, e o quão distante está a máquina 
punitiva de proporcionar real aumento da segurança geral dos cidadãos. 
Folha de S.Paulo, 27/4/2015.
1 O título deve refletir o conteúdo do texto 
e a linha argumentativa de quem redige. 
A escolha do título, neste caso, além de 
ser adequada ao editorial que seguirá, 
provavelmente chamou a atenção dos 
leitores do jornal.
2 A chamada deste editorial e seus primeiros 
parágrafos apresentam o assunto que será 
abordado – no caso, o baixo número de 
menores infratores que cumprem pena em 
regime semiaberto. O tema é retomado 
de uma reportagem de quatro dias antes 
da própria Folha de S.Paulo, cujo título era 
“Só 1 em cada 10 menores infratores pode 
sair para estudar ou trabalhar”. Repare 
como os números são utilizados nesta 
parte, e ao longo do texto, para impactar 
o leitor.
3 Nestas duas orações, o jornal ressalta o 
contraste entre o rigor da pena e o teor 
das infrações. Novamente são utilizados 
números para tornar o quadro mais visual 
ao leitor.
4 Neste ponto o editorial faz a discussão 
mais importante, que retoma o título e a 
chamada. A comparação com a situação 
dos menores infratores e a dos adultos 
toma maiores proporções, uma vez que o 
regime semiaberto parece ser mesmo mais 
adequado aos jovens. Repare como o texto 
se utiliza de um raciocínio lógico, muito 
eficaz na persuasão do leitor.
5 Os parágrafos finais servem de conclusão 
ao editorial – o que é feito inicialmente 
com certa ironia, mas termina com 
um tom grave. O texto aponta que 
o atual regime parece punir mais o 
jovem, privando-o de possibilidades de 
reintegração social, do que aconteceria 
com a redução da maioridade penal – já 
que, uma vez tratados como adultos, 
teriam maior chance de cumprir a pena 
no regime semiaberto. Dessa forma, não 
só demonstra como o sistema funciona 
de forma errônea, como sugere uma 
ignorância do público acerca desse 
assunto. Observe que há uma dupla 
crítica: uma à máquina punitiva, mal 
gerida e estruturada; e outra dirigida 
àqueles que pedem mais rigor na punição 
aos jovens, que desconheceriam a 
realidade do sistema existente no país.
ANÁLISE DO EDITORIAL
28 GE REDAÇÃO 2016
TEMAS DAS PROVAS
A redação é uma parte diferenciada dos vesti-bulares, e a expectativa quanto ao tema da re-dação costuma resul-
tar em uma dose extra de ansiedade. 
Enquanto as demais provas avaliam 
basicamente os conteúdos que você 
aprendeu no Ensino Básico, a prova 
de redação é a única que tenta medir 
se você consegue elaborar conteúdos a 
partir do que aprendeu e, eventualmen-
te, fazer propostas. Por isso mesmo, a 
prova de redação é a “estrela”, digamos, 
de muitos vestibulares. 
Um bom início é observar quais tipos 
de temas são solicitados nas provas 
do Exame Nacional do Ensino Médio 
(Enem) e da universidade em que você 
quer estudar, pois cada uma habitual-
mente adota uma linha, pelo menos nos 
anos recentes.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes