Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
3GE REDAÇÃO 2016 O passo final é reforçar os estudos sobre atualidades, pois as pro- vas exigem alunos cada vez mais antenados com os principais fatos que ocorrem no Brasil e no mundo. Além disso, é preciso conhecer em detalhes o seu processo seletivo – o Enem, por exemplo, é bem diferente dos demais vestibulares. arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE Enem e o GE Fuvest são verda- deiros “manuais de instrução”, que mantêm você atualizado sobre todos os segredos dos dois maiores vestibulares do país. Com duas edições no ano, o GE ATUALIDADES traz fatos do noticiário que podem cair nas próximas provas – e com explicações claras, para quem não tem o costume de ler jornais nem revistas. Um plano para os seus estudos Este GUIA DO ESTUDANTE REDAÇÃO oferece uma ajuda e tanto para as provas, mas é claro que um único guia não abrange toda a preparação necessária para o Enem e os demais vestibulares. É por isso que o GUIA DO ESTUDANTE tem uma série de publicações que, juntas, fornecem um material completo para um ótimo plano de estudos. O roteiro a seguir é uma sugestão de como você pode tirar melhor proveito de nossos guias, seguindo uma trilha segura para o sucesso nas provas. O primeiro passo para todo vestibulando é escolher com clareza a carreira e a universidade onde pretende estudar. Conhecendo o grau de dificuldade do processo seletivo e as matérias que têm peso maior na hora da prova, fica bem mais fácil planejar os seus estudos para obter bons resultados. arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE PROFISSÕES traz todos os cursos superiores existentes no Brasil, explica em detalhes as carac- terísticas de mais de 260 carreiras e ainda indica as instituições que oferecem os cursos de melhor qualidade, de acordo com o ranking de estrelas do GUIA DO ESTUDANTE e com a avaliação oficial do MEC. Para começar os estudos, nada melhor do que revisar os pontos mais importantes das principais matérias do Ensino Médio. Você pode repassar todas as matérias ou focar apenas em algumas delas. Além de rever os conteúdos, é fundamental fazer muito exercício para praticar. arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ Além do GE REDAÇÃO, que você já tem em mãos, produzimos um guia para cada matéria do Ensino Médio: GE HISTÓRIA, Geografia, Português, Idiomas, Biologia, Física, Química e Matemática. Todos reúnem os temas que mais caem nas provas, trazem muitas questões de vestibulares para fazer e têm uma linguagem fácil de entender, permitindo que você estude sozinho. Os guias ficam um ano nas bancas – com exceção do ATUALIDADES, que é semestral. Você pode comprá-los também nas lojas on-line das livrarias Saraiva e Cultura. CAPA: NELSON PROVAZI 1 Decida o que vai prestar 2 Revise as matérias-chave 3 Mantenha-se atualizado FALE COM A GENTE: Av. das Nações Unidas, 7221, 15º andar, CEP 05425-902, São Paulo/SP, ou email para: guiadoestudante.abril@atleitor.com.br CALENDÁRIO GE 2015 Veja quando são lançadas as nossas publicações MÊS PUBLICAÇÃO Janeiro Fevereiro GE HISTÓRIA Março GE ATUALIDADES 1 Abril GE GEOGRAFIA GE QUÍMICA Maio GE BIOLOGIA GE FUVEST Junho GE ENEM GE PORTUGUÊS Julho GE REDAÇÃO GE IDIOMAS Agosto GE ATUALIDADES 2 Setembro GE MATEMÁTICA GE FÍSICA Outubro GE PROFISSÕES Novembro Dezembro APRESENTAÇÃO 4 GE REDAÇÃO 2016 CARTA AO LEITOR 8 EM CADA 10 APROVADOS NA USP USARAM O selo de qualidade acima é resultado de uma pes- quisa realizada com 351 estudantes aprovados em três dos principais cursos da Universidade de São Paulo no vestibular 2015. São eles: � DIREITO, DA FACULDADE DO LARGO SÃO FRANCISCO; � ENGENHARIA, DA ESCOLA POLITÉCNICA; e � MEDICINA, DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP dot 8 em cada 10 entrevistados na pesquisa usaram algum conteúdo do GUIA DO ESTUDANTE durante sua preparação para o vestibular dot Entre os que utilizaram versões impressas do GUIA DO ESTUDANTE: 88% disseram que os guias ajudaram na preparação. 97% recomendaram os guias para outros estudantes. TESTADO E APROVADO! A pesquisa quantitativa por meio de entrevista pessoal foi realizada nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2015, nos campi de matrícula dos cursos de Direito, Medicina e Engenharia da Universidade de São Paulo (USP). � Universo total de estudantes aprovados nesses cursos: 1.725 alunos. � Amostra utilizada na pesquisa: 351 entrevistados. � Margem de erro amostral: 4,7 pontos percentuais. SEL O D E Q UA L IDA D E G U I A D O E S T U D A N T E Na hora H pode dar branco? Para 280.903 candidatos do Enem 2014 parece que sim. Eles entregaram a folha da prova de redação em branco. Treineiros ou não, pode-se especular se foi o tema da Publicidade Infantil que os pegou de surpresa, ou se foi demais para esses candidatos a soma desse desafio com a prova de Matemática, na mesma tarde. Nosso Guia se propõe a ajudar os leitores a não passarem por esse impasse e enfrentar o desafio até o fim para alcançar seu objetivo. O GUIA DO ESTUDANTE REDAÇÃO chega a seu nono ano aprimorado em muitos aspectos, e com algo exclusivo que contribui para isso: a par- ticipação direta dos nossos potenciais leitores, por meio das quase duas dezenas de redações que publicamos a cada edição. Podemos afirmar que essa participação é única entre as publicações jornalísticas de educação. A maioria das redações que publicamos são bons textos, de acordo com a avaliação das próprias universidades. Porém, mesmo nessas redações bem avaliadas, o leitor encontra pequenos erros ou escorregões – como a falta de um acento, ou um adjetivo usado como advérbio, por exemplo –, que às vezes sugerem apenas nervosismo do candidato ou candidata. Outros erros e desvios são aqueles que são cometidos porque convivemos com duas línguas diferentes – a que falamos e a que escrevemos e lemos –, infelizmente dentro da mesma cabeça. São os pequenos contrabandos da fala para a escrita. Com esses pequenos erros, e seus acertos, essas redações têm papel fundamental no conjunto da publicação. Elas exemplificam ao leitor tudo o que tentamos relembrar, sugerir e contribuir, como jornalistas e consultores, em nossas reportagens e textos. Essas redações – as muito boas, as não tão boas e mesmo as zeradas – também trazem em comum uma mensagem afirmativa: esses candidatos tentaram e conseguiram enfrentar a proposta da redação e a folha em branco. Nesse sentido, são todos um exemplo de determinação a ser seguido. Esperamos ajudar todos os nossos leitores a enfrentar os desafios das provas de redação até o fim. Paulo Montoia, Editor – paulo.montoia@abril.com.br AGRADECIMENTOS Agradecemos a colaboração da Universidade de Brasília, Universidade de Campinas, Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Colégio Nossa Senhora do Rosário (São Paulo). Encare o desafio até o final 6 GE REDAÇÃO 2016 SUMÁRIO Avaliação Veja os critérios utilizados na avaliação das redações, as formas como são corrigidas e seu valor na prova do Enem 2014 e alguns dos principais vestibulares do país. Guia prático Um roteiro passo a passo para você se dar bem na “hora H”, superar o nervosismo e construir sua redação, da leitura da proposta à revisão final. Tipos e gêneros de texto Conheça as principais características dos diferentes tipos e gêneros textuais, com exemplos reais de cada um no tema A mobilidade urbana e a adoção de ciclovias. Elementos de qualidade Fique por dentro de virtudes essenciais que seu texto precisa ter para ser facil- mente compreendido pelos corretores. Argumentação Descubra as técnicas jornalísticas para usar nas dissertações, em uma análise de editorial de jornal. Temas das provas As estratégias para sair-se bem conforme o tipo de tema. O que caiu nos anos recentes e uma seleção de assuntos quentes que podem cair na prova. Com su- gestões de filmes para atualizar-se. Linguagem não verbal Veja como interpretar charges, fotografias, cartazes e anúncios que já caíram em provas importantes. Gramática Relembre alguns dos pontos mais importantes para evitar deslizes comuns: os diferentes “porques”, colocação pronominal, plural de adjetivos compostos, uso correto de “melhor”, “onde” e “aonde”, entre outros. Desafios Teste a sua gramática, em aspectos como concordância e regência verbal, o em- prego de crase e de vírgulas, e em coesão. Caderno de redação Análises completas das propostas e de redações bem avaliadas nos principais vestibulares dos dois últimos anos e no Enem 2014. E veja também alguns textos que foram considerados abaixo da média esperada. Ponto final Snoopy em O Desafio da Folha em Branco. 8 14 18 22 26 28 34 38 44 49 98 8 GE REDAÇÃO 2016 AVALIAÇÃO E V E LS O N D E F R E IT A S/ E ST A D Ã O C O N TE Ú D O 9GE REDAÇÃO 2016 Saiba informações relevantes sobre os critérios dos avaliadores da sua redação, as formas como elas são corrigidas e seu peso na nota geral, na prova do Enem e nas de quatro destacadas universidades Como a sua redação é avaliada Candidatos prestam a prova do Enem na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) 10 GE REDAÇÃO 2016 AVALIAÇÃO A prova de redação da Fundação Uni- versitária para o Vestibular (Fuvest) sempre pode surpreender o candidato em sua proposta para o ingresso na Universidade de São Paulo (USP) e no curso de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Em 2013, por exemplo, após três vestibulares seguidos com uma pergunta na prova de redação, a Fuvest voltou a colocar um texto não verbal. Na prova de 2014, o estudante não encontrou uma coisa nem outra: um texto de jornal convocou à construção de um texto dissertativo para ser publicado em jornal, revista ou meio eletrônico. A redação só é solicitada na primeira prova da segunda fase, junto com as questões de português, que está agen- dada para 10 de janeiro de 2016. Critérios de avaliação O vestibular da Fuvest até 2015 valo- rizou três critérios na avaliação: 1 Tipo de texto e abordagem: os avaliadores verificam se o texto configura-se como uma disserta- ção e se atende ao tema proposto. O candidato deve demonstrar a habi- lidade de compreender a proposta de redação e, quando esta contiver uma coletânea, que ele se revele ca- paz de ler e de relacionar adequa- damente os trechos que a integram. É analisada a abordagem, a efetiva progressão de desenvolvimento do Fuvest-USP sempre pode surpreender tema e a capacidade do candidato de criticar e de argumentar. 2 Estrutura: é o componente de ferra- mentas que foi utilizado: a paragra- fação, a coesão textual (composição de frases, períodos e parágrafos), a coerência das ideias. O grau de coe- rência reflete a capacidade do candi- dato para relacionar os argumentos e organizá-los de forma a deles extrair conclusões apropriadas e, também, sua habilidade para planejar e cons- truir um texto significativo. 3 Expressividade: é a clareza ao ex- primir as ideias. São examinados as- pectos gramaticais como ortografia (a grafia e a escolha do vocabulário), morfologia, sintaxe e pontuação. Espera-se que o candidato revele competência para expor com pre- cisão os argumentos selecionados para defender seu ponto de vista. No primeiro semestre 2015, porém, a direção da USP estudava possíveis mu- danças. Essas seriam ou não adotadas em meados do ano e poderiam alterar diferentes pontos do vestibular ou das formas de ingresso na instituição, o que pode incluir a prova de redação e seus critérios de avaliação. Como é feita a avaliação A Fuvest não exige que seus avaliado- res sejam professores da USP, mas eles não podem lecionar no terceiro ano do Ensino Médio. Os corretores cumprem um dia inteiro de treinamento prévio. Cerca de 70 avaliadores de redação, em média, trabalham em cada vestibular. Todas as redações são digitalizadas, e cópias não identificadas de cada uma são encaminhadas a dois corretores. Cada avaliador lê, em média, cem reda- ções por dia. Eles não podem conversar entre si sobre as provas. São atribuídas notas de 0 a 4 às três características, que depois são convertidas para a base 100, proporcionalmente ao valor máximo dessa prova (50 pontos). Quando há discrepância de notas, a redação recebe nota final de auditores ou da diretoria da fundação. Quanto vale A redação vale 50 pontos, e as ques- tões de português também 50. Assim, uma redação nota 9 vale 37,5 pontos. As duas provas seguintes também valem 100 pontos cada uma: no segundo dia, questões das disciplinas do Ensino Mé- dio; e no terceiro dia, duas disciplinas que variam conforme o curso escolhido. Assim, até o vestibular de 2015, a reda- ção valeu 1/6 da nota da segunda fase (50 pontos em 300). Zera a nota Fugir ao tema proposto ou ao tipo de texto (dissertação) anula e zera a nota, mas não elimina o candidato, pois vale a nota da prova, que reúne também as questões de português. Zerar a nota na prova inteira desclassifica o candidato. 11GE REDAÇÃO 2016 A prova de redação do Enem é, em todos os anos, reportada pela imprensa e TV, discutida nos cursinhos e acom- panhada de perto pelas escolas. Sua relevância é notória, pela importância e abrangência do exame e por ser a única das provas do Enem que vale 1.000 pontos, o que pode fazer a di- ferença para conseguir uma vaga nas universidades federais pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A prova de redação dos vestibulares é a única em que o candidato expressa seu potencial, o quanto ele evoluiu durante o Ensino Básico em sua capacidade de leitura, compreensão, análise e ex- pressão. No caso do Enem, destaca-se também a avaliação, pela redação, de sua compreensão de questões e pro- blemas sociais e de sua capacidade de elaborar soluções, entendida como sua formação em cidadania. Segundo a instituição federal que realiza o Enem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 8,7 milhões de candi- datos se inscreveram para o Enem 2014, dos quais 6,1 milhões prestaram a prova de redação. É importante lembrar que muitos não disputam vaga em curso superior, pois há os candidatos com mais de 18 anos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), tentando obter o diploma do Ensino Médio, e os treineiros, que prestam o exame para praticar. A prova de redação do Enem 2015 acontecerá no segundo dia, o domingo 25 de outubro. Critérios de avaliação No Enem são avaliadas, com nota, cinco competências na prova de reda- ção. São elas: 1 Se o candidato demonstra domínio da norma-padrão da língua escrita. 2 Se compreende a proposta de re- dação e aplica conceitos das várias áreas de conhecimento para desen- volver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo- argumentativo. 3 Se consegue selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em de- fesa de um ponto de vista. 4 Se demonstra conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 5 Se consegue elaborar proposta de solução para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade socio- cultural. Na redação do Enem, a dissertação argumentativa deve terminar com uma proposta para solucionar a questão colocada. Na avaliação, pesa mais para a composição da nota a capacidade de argumentar e defender um pon- to de vista do que o chamado estilo, ou seja, o conjunto de elementos de qualidade (veja na página 22) e a orto- grafia. Os textos e imagens motivado- ras geralmente oferecem argumentos suficientes para desenvolver o tema. Uma redação bem avaliada no Enem exige boa conexão ao tema, aderência a ele e uma seleção boa e articulada de argumentos. O autor pode agregar argumentos próprios aos apresentados nos textos motivadores, desde que bem articulados à sua tese. Como são dadas as notas A redação do Enem é corrigida por dois professores, que avaliam as cinco competências. Cada competência vale 200 pontos e é subdividida em dife- rentes aspectos que valem 40 pontos. Desde a prova de 2013, a discrepância aceitável entre a nota final dos dois corretores é de 100 pontos. A diferen- ça aceitável entre a nota de cada uma das cinco competências foi mantida Redação é valorizada no Enem em 80 pontos. Assim, quando a dife- rença das duas notas gerais for igual ou maior que 101 pontos, ou quando a diferença na nota de uma das cinco competências for de 81 pontos ou mais, a prova passará por um terceiro corretor e, se necessário, por uma banca de 3 examinadores. Quando as diferenças não são discrepantes, a nota final em cada competência e a nota geral serão a média das notas recebidas dos dois corretores iniciais. Nos casos em que há a terceira correção, a nota final é a média das duas notas mais próximas, entre as três. Se a prova é enviada para a banca examinadora, todas as notas anteriores são descartadas. Como é feita a avaliação As provas de 2013, por exemplo, fo- ram avaliadas por mais de 5 mil corre- tores. A avaliação envolveu mais de 200 supervisores, mais de 400 auxiliares e subcoordenadores pedagógicos. De acordo com o Inep, os avaliadores são indicados pela reitoria das universida- des públicas do país e são, forçosamen- te, já formados em graduação. Quando os avaliadores não são indicados dessa forma, é exigida cópia do diploma, e a graduação é confirmada pelo instituto. Os avaliadores trabalham remotamente, ou seja, espalhados pelo país. Segun- do o Inep, eles recebem treinamentos presenciais ou remotos em um período prévio de 100 dias. A correção dura cer- ca de um mês, e cada corretor recebe, diariamente, um pacote eletrônico con- tendo 50 redações, organizadas por um sistema que mistura textos de alunos das escolas públicas e das privadas, e de diferentes estados do país. Só após entregar um lote corrigido de redações, o corretor recebe outro. Zera a nota Fugir ao tema ou ao tipo textual pro- posto (a dissertação argumentativa), escrever menos de oito linhas originais (são excluídas as linhas copiadas da co- letânea). Também zeram a nota inserir trechos propositadamente desconecta- dos do resto da argumentação, desenhos e palavras ofensivas, impropérios, pro- testos e afirmações que desrespeitem os direitos humanos, como as de racismo, xenofobia e homofobia. 12 GE REDAÇÃO 2016 AVALIAÇÃO A prova de redação da Universidade de Campinas (Unicamp), tradicional- mente realizada na primeira fase de classificação, a partir do vestibular de 2015 passou a ser feita no primeiro dia da segunda fase. Em 2016, ela ocorrerá em 17 de janeiro, juntamente com a prova de língua portuguesa e literatura. Ela continuará a solicitar dois textos de tipos distintos. Critérios de avaliação Segundo a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) da Unicamp, são dadas notas para quatro aspectos de cada texto. 1 O tipo de texto e a interlocução: o texto elaborado em cada uma das tarefas deve ser representativo do tipo de texto solicitado e considerar os interlocutores nele implicados. 2 O propósito: o candidato deve cumprir o propósito da tarefa que é solicitada, observando o tema, a motivação e as instruções de elabo- ração do texto. 3 A leitura: espera-se que o candidato estabeleça pontos de contato com os textos fornecidos em cada tarefa. Ele deve mostrar a relevância desses pontos para o seu projeto de escrita, e não simplesmente reproduzir os textos ou partes deles em forma de colagem direta. Unicamp muda redação para a segunda fase 4 A articulação da escrita: os textos devem propiciar uma leitura fluida e envolvente, ter uma articulação sintática e semântica ancorada no emprego adequado de elementos coesivos e de outros recursos neces- sários à organização dos enunciados. O candidato também deve demons- trar habilidade na seleção de itens lexicais apropriados ao estilo dos tipos solicitados (carta, crônica, dis- curso, comentário etc.) e no emprego de regras gramaticais e ortográficas que atendem a modalidade culta (padrão) da língua portuguesa. Quem avalia e como Na Unicamp, a banca tem sido for- mada por 130 corretores, em média, todos professores ou alunos da pós- graduação, não necessariamente dessa universidade. Os avaliadores trabalham dentro de um mesmo local e são treinados depois da realização do vestibular, já com textos reais produzidos na prova. Cada texto do candidato é corrigido por dois professores. Como é dada a nota Os dois textos valem 24 pontos cada um, totalizando 48 pontos, e a discre- pância máxima de nota para cada texto é de 2 pontos. A partir de 3 pontos em um texto, ele é repassado a um terceiro corretor, que define a nota final. Quanto vale A primeira fase do vestibular, agora com 90 questões, vale 30% da nota fi- nal para ingressar. Na segunda fase, a redação subiu de valor, de 10% para 20%. As demais questões do primeiro dia, e das duas provas seguintes, valem os 50% restantes. A Unicamp aplica uma fórmula de desvio-padrão, que situa o desempenho do candidato, por meio de sua nota, ao desempenho do conjunto dos candida- tos na prova. Zera a nota Fugir aos gêneros de texto solicitados ou ao tema proposto. Zerar a nota em um dos textos não elimina o candidato, pois vale a soma dos dois textos, mas zerar nos dois textos elimina. A Universidade de Brasília (UnB) utiliza o Sisu para ingresso, no primeiro semestre do ano, por meio da prova do Enem. Porém, mantém vestibular próprio para ingresso no meio do ano. O cálculo da nota valoriza o conjunto da redação do candidato, mas erros de norma-padrão da língua tiram pon- tos de nota. É eliminado do vestibular o candidato que obtém nota inferior a 4 (até 3,99) na prova de redação. A nota de redação também é usada como um dos critérios de desempate entre candidatos. A redação é solicitada no primeiro dos dois dias do exame, e em 2015 ocorreu em 6 de junho. Critérios de avaliação A prova avalia os domínios de ha- bilidade de expressão em prosa (tex- to descritivo, narrativo, expositivo- argumentativo ou de instruções). Na prova de 2015 podiam ser solicitados os gêneros resumo, carta, propaganda, texto informativo ou argumentativo. O critério mais abrangente é o de de- senvolvimento do tema (domínio do conteúdo) pelo candidato, juntamente com sua expressividade. A banca tam- bém avalia o domínio da escrita-padrão, em aspectos como ortografia, sintaxe e propriedade na escolha das palavras. Quem avalia e como As provas de redação em língua por- tuguesa de todos os candidatos não eliminados são avaliadas por uma banca UnB tem prova própria no 2o semestre 13GE REDAÇÃO 2016 Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o candidato faz a prova de redação no segundo dia da segunda fase, que em 2015 será em 14 de dezem- bro. A partir do vestibular do meio do ano aplicado em 2013, a universidade adotou um sistema de avaliação online das provas. Critérios de avaliação Os corretores da Vunesp avaliam conforme três critérios: 1 Abordagem da proposta e do tema da prova: o ponto de vista colocado e a reflexão feita pelo candidato. 2 O desenvolvimento da dissertação: a introdução, o desenvolvimento (argumentação) e a conclusão. 3 O domínio da escrita na norma-pa- drão, desde a ortografia e a gramática até os elementos de coesão (veja na pág. 22). Quem avalia e como A banca da prova anual tem sido for- mada por 74 corretores, todos gradua- dos em letras, pelo menos. As provas são digitalizadas e corrigi- das on-line, em um sistema computa- dorizado em rede. Todos os corretores trabalham em um mesmo espaço. Um treinamento prévio é feito durante dois dias e inclui um conjunto de redações pré-selecionado. Como é dada a nota Cada redação é avaliada por, no míni- mo, dois corretores. Eles dão nota de 0 a 3 no primeiro critério; 0 a 4 no segundo; e 1 a 4 no terceiro. Um não sabe qual a nota dada pelo outro, e é aceita apenas uma diferença de 1 ponto entre as no- tas. Quando há diferença a partir de 2 pontos, a redação é avaliada por outros examinadores da banca, que dão novas notas sem conhecer as notas anteriores. Caso a diferença de notas se mante- nha, a prova é avaliada uma quarta vez. A nota final é a média das duas notas mais próximas, sejam quantas notas forem dadas. Ela é convertida para uma escala de zero a 28 pontos. Por exemplo: uma nota 9 dos corretores vale 22,9 pontos. Quanto vale A redação vale 28 pontos em 100. Os 72 pontos restantes são das ques- tões discursivas nos dois dias de prova. A nota final dessa fase será a soma das duas notas. A nota final para ingresso será a média aritmética das notas da segunda e da primeira fase, que também vale 100 pontos. Zera a nota Fugir ao tipo textual ou ao tema, es- crever menos de sete linhas, apresentar letra ilegível, identificar a autoria por escrito ou por algum sinal. Quem zera a nota de redação é desclassificado, o que vale também para as demais provas. Unesp adota avaliação online das provas de professores especialistas. As pro- vas são digitalizadas e passam por um processo de “desidentificação” para que a banca não seja capaz de identifi- car o autor do texto. Após a análise da redação, é feito o preenchimento de planilhas, com as informações relativas à avaliação, que gerarão a nota. Como são dadas as notas O domínio do conteúdo, que é o con- junto expressivo da redação em tema e desenvolvimento, recebe nota de até 10,00 pontos. Já o domínio de escrita é medido também com um indicador: a quantidade de erros cometida (por exemplo, 9 erros) é dividida pelo nú- mero de linhas redigidas (como 20, por exemplo), o que resulta 0,45. Da nota recebida no domínio de conteúdo é então subtraído esse valor multiplicado por 2 (0,90). Se o candidato obteve nota 8,0, por exemplo, terá nota final 7,1. Quanto vale A prova de redação em língua por- tuguesa vale 10,00 pontos, conforme estabelece o edital do Vestibular 2015 da UnB e, de modo geral, corresponde a cerca de 10% do Argumento Final (desempenho final) do candidato. Zera a nota Fugir ao tema ou ao gênero textual proposto e identificar-se de forma inde- vida na folha do texto resulta em nota zero na prova de redação. 14 GE REDAÇÃO 2016 GUIA PRÁTICO Um roteiro para não ficar nervoso 1. Leia a proposta com atenção Este é um aspecto absolutamente essencial e talvez o mais importante da prova: ler atentamente o que é so- licitado que você faça, de preferência mais de uma vez. Leia a proposta de redação, as orientações sobre o número de linhas exigido, o gênero ou gêneros de textos solicitados, as instruções, tex- tos de apoio e referências bibliográfi- cas e observe as imagens com atenção. É muito importante atentar para as orientações quanto ao uso de textos e imagens oferecidos na coletânea. Muitos candidatos perdem pontos por não ter lido a proposta adequada- mente. Não são raros os casos de alunos que fogem do tema – como quando a prova pede para escolher uma das abordagens apresentadas na coletânea, e o candidato refuta todas; ou quando o texto pede uma proposta de solução para um problema, e a redação é toda realizada de forma a mostrar como a questão é insolúvel. Também é ruim o candidato repetir informações já dadas nos textos-base ou apresentá-las de forma desencon- trada – o que pode ser visto, pela banca corretora, como incapacidade de inter- pretação textual ou mesmo descaso. Por fim, existem estudantes que deixam de contemplar o básico, como fazer uma dissertação quando é solicitada uma narrativa ou crônica, esquecem- se de colocar o título ou de trabalhar o número de linhas exigido. Portanto, ler a proposta com muita atenção é o primeiro passo para uma redação bem- feita e com boa nota. Um passo a passo do que fazer na hora H da prova, do momento em que você lê a proposta de redação até entregar seu texto. Com depoimentos de quem se saiu bem com diferentes estratégias 15GE REDAÇÃO 2016 2. Construa sua tese Nas dissertações, a construção da tese é peça-chave para elaborar o texto. Para isso, você deve escolher qual aspecto quer abordar, formular sua tese e os argumentos que usará. Essa escolha é o que chamamos de recorte textual, e é esse recorte que diferenciará sua redação das dos demais candidatos. Po- demos dizer que toda a sua dissertação será uma defesa dessa tese – os argu- mentos tentarão prová-la, e a conclusão vai reafirmá-la. Algumas universidades adotam um tema que perpassa toda a prova de língua portuguesa, com textos e imagens que podem ser valiosos na sua argumentação. arrow COMO ENCONTRAR SUA TESE Pense no que mais lhe chama a atenção no tema proposto e sobre o que, de fato, você terá maior capacidade de ar- gumentar. Por exemplo, o tema “a descatracalização da vida” (Fuvest 2005). O que poderíamos pensar so- bre ele? Que as catracas representam uma barreira de acesso aos espaços públicos? Que as pessoas impõem limitações aos outros e a si mesmas? Que essas barreiras se tornam tão comuns no cotidiano que as limita- ções são aceitas sem contestação? Fiquemos com essa ideia. Nossa tese poderia ser: “Muitas das barreiras existentes na sociedade são constru- ídas pelos próprios indivíduos, que se acostumam com as limitações e não se esforçam para livrar-se delas”. Pronto, esse já é um fio condutor para a redação. 3. Organize suas ideias Depois de ler e compreender a pro- posta, você deve preparar a organização do texto, o que significa ordenar suas ideias. Você pode fazer isso por diferen- tes meios: esquematizar as ideias, ano- tar palavras-chave, escrever as princi- pais frases ou tentar fazer um rascunho completo. Organizar as ideias implica mudar algo que não esteja bem claro, acrescentar informações que reforcem os argumentos e retirar aquilo que pre- judicaria a compreensão do leitor. Por mais que as ideias iniciais sejam boas, é sempre possível formatá-las melhor. Não existe uma forma única e con- sagrada de preparar uma redação. O que se recomenda a cada um é testar diversas formas e escolher aquela que melhor dá resultado. arrow RASCUNHO Para pessoas que gostam de visualizar um esboço do texto, o rascunho tradicional pode ser a saída. Porém, ele é pouco indicado para aqueles que escrevem devagar ou têm problemas ao transportar o texto – é preciso lembrar que alguns vestibulares não oferecem um espaço para rascunho. arrow ESQUEMATIZAÇÃO Ela é útil para traba- lhar consequências ou fatos expostos de forma cronológica – as palavras- chave são uma saída rápida para quem consegue, com elas, construir argumentos e referências. Enfim, cada um deve utilizar aquilo que melhor lhe convém, e só a prática poderá orientá-lo. 4. Selecione os argumentos Com a tese definida, você deve pensar na sua argumentação. Defina os argu- mentos que utilizará e elimine ideias secundárias. Isso é muito importante, pois são os argumentos que irão per- suadir o leitor. Normalmente, temos várias ideias quando deparamos com um tema, e nosso ímpeto é apresentar todas. Po- rém, geralmente essa não é a melhor estratégia para uma redação, pois esta oferece um espaço limitado. Dessa for- ma, um número reduzido de argumen- tos bem embasados é uma estratégia mais adequada que despejar um monte deles apenas superficialmente. arrow FAÇA ESCOLHAS Selecione dois ou três argumentos e trabalhe cada um indi- vidualmente em parágrafos. Assim, você pode desenvolvê-lo, contextu- alizá-lo com o tema e utilizá-lo para defender sua tese. Ao escolher os argumentos, sele- cione os que melhor atendem à tese e sejam mais persuasivos. Lembre-se de que, além de estarem relacionados com a tese, os argumentos têm de ser coerentes entre si e levar o leitor a um raciocínio lógico e coeso. Outro aspecto a ser observado é o peso da argumentação em cada pa- rágrafo. Para não perder a unidade textual, tente manter um padrão na extensão do texto e, também, no valor de cada argumento que apresenta. Ou seja, evite concentrar a discussão em um parágrafo e deixar outro como mero coadjuvante. 16 GE REDAÇÃO 2016 GUIA PRÁTICO 5. Estruture seu texto Você já viu o esquema tático de um time de futebol? Embora o objetivo principal seja marcar gols, não é pos- sível montar um time só de atacantes, pois a armação das jogadas, a defesa, e mesmo o ataque dependem de uma distribuição coesa dos jogadores. Isso também ocorre com a dissertação. Ela é composta de tese, argumentos, exemplos ou conclusões, porém é ne- cessário que os elementos formem um conjunto. Boas ideias apenas não garantem o êxito de uma redação, é preciso sa- ber estruturá-las de modo coerente, para persuadir o leitor. Dessa forma, um texto bem-estruturado valoriza os argumentos e facilita a leitura e a assi- milação das ideias. arrow ESTRUTURA BÁSICA Uma dissertação é formada por introdução, desenvolvi- mento e conclusão. Cada uma dessas partes tem uma função no conjunto e traz elementos e comprimentos (extensões) diferentes. Aprender a desenvolver assim a sua redação é o que ajuda a dar coesão e progressão textual a ela – e “enche os olhos” dos corretores: a estruturação do texto pode ser seu grande diferencial. Vamos apreciar cada parte separa- damente. 6. Revise sua redação Se você finalizou sua redação como um rascunho, vale a pena revisar o que fez antes de passar a limpo. arrow REVEJA A LINGUAGEM Caso tenha dú- vida de uma grafia, tente substituir a palavra. Verifique os acentos das palavras e as vírgulas. arrow ELIMINE REPETIÇÕES Quando encon- trar uma repetição, veja se a palavra precisa ser mantida ou se pode ser substituída. arrow ATENTE PARA EXCESSO DE “QUES” Ele pode sinalizar períodos muito longos e malconstruídos. Veja se não é o caso de eliminar um “que” e abrir uma nova oração. Com o verbo ter, utilize “ter de” em lugar de “ter que” para evitar sua repetição. arrow ANALISE SEUS ARGUMENTOS Veja se há coerência entre as ideias e coesão entre os elementos textuais. Observe se acertou na escolha de conjunções e preposições. Procure manter um olhar crítico so- bre o que escreveu e corrigir eventuais problemas. Você trabalhou duro para compor seu texto e não é hora de fazer corpo mole. arrow A INTRODUÇÃO Ela apresenta o tema e traz o recorte que será feito dele. In- troduzir não significa simplesmente iniciar o texto, mas inserir as ideias, torná-las parte da composição. É recomendável que ela exponha a tese do redator, o que tornará a leitu- ra direcionada e facilitará a compre- ensão dos argumentos. Lembre-se: a dissertação é um texto argumentati- vo, que pretende convencer o leitor. Assim sendo, deve ser direta e não fazer rodeios – por isso, é importante que, logo no começo, o leitor já en- tenda a linha de raciocínio do texto. arrow O DESENVOLVIMENTO É o que sustentará o texto. A tese foi apresentada e nela foram expostas as ideias. Agora, é hora de ratificá-la, defendendo es- sas ideias de forma consistente e, se possível, provando-as. Embora essa parte do texto seja muito importante, ela não precisa ser complicada. Deve ser clara o suficiente para que o leitor a compreenda. Uma boa estratégia é reservar um parágrafo para cada argumento, analisando cada aspecto. arrow A CONCLUSÃO Você deve retomar as ideias que expôs na introdução e conjugar com os argumentos que as justificam, para confirmar a tese e encerrar o debate. O leitor deve ter a sensação de que tudo foi exposto, ainda que o tema convide a outras reflexões. Por isso, não convém que a conclusão traga novos argumentos ou deixe a tese em aberto. 17GE REDAÇÃO 2016 O que fazer antes e durante a prova Sugestões, "truques" e depoimentos de quem se saiu bem L er e escrever redações regular-mente são as duas principais ferramentas para o estudante que quer se preparar em longo prazo para enfrentar as provas. Mas elas não são as únicas. Manter-se bem-informado, lendo jor- nais e revistas, amplia seu vocabulário, seu repertório de temas e argumentos e traz familiaridade com modos cor- retos de organizar as ideias. A prática diminui a possibilidade de você ser surpreendido pelo tema da prova. Você pode também escolher os filmes que vai assistir por temas e assuntos que valham a pena ou que não conheça, e não apenas para se divertir, e discutir os filmes com outras pessoas, para ter outros pontos de vista. Aprimorar sua escrita é essencial. Pratique redação, sozinho ou com um amigo, participe de simulados fora da sua escola ou curso e peça uma avalia- ção de suas redações aos professores. Você pode usar as propostas reais do Caderno de Redações deste guia e das seções Temas da Prova e Linguagem não verbal. Escreva a mão, para apri- morar sua caligrafia. Autoconfiança Chegar ao dia da prova com um preparo de longo prazo é importante para ter tranquilidade e autoconfiança. A gaúcha Larissa Freisleben, 18 anos, da cidade de Farroupilha, diz que abriu mão de várias coisas para poder estudar para as provas. “Ao longo do ano, busquei escrever ao menos uma redação por semana (frequentemente duas). Eu procurava Gabriela Almeida Costa ingressou em Geografia na UFBA. Sua redação está na pág. 52 Larissa Freisleben ingressou em Medicina na UFRGS. Você pode conferir sua redação na pág. 54 compreender os critérios de avaliação de cada prova e escrever tendo em men- te esses requisitos. Gosto muito de ler, e esse hábito ajuda a escrever bem. Minha preparação para a prova de redação foi basicamente esta: ler, treinar e entender o que é solicitado ao candidato em cada prova.” No enfrentamento das provas, ela tentava se lembrar de informações relacionadas ao tema (dados, citações etc.), para definir os argumentos. “Com base nisso, eu fazia uma espécie de guia para o texto, definindo o que ia dizer em cada parágrafo.”. Na prova do Enem, La- rissa intercalou a redação de parágrafos com a solução das questões objetivas. Ao final, reviu o texto e passou a limpo. Ela recebeu nota 1.000. Gabriela Almeida Costa, 19 anos, de Salvador (BA), também alcançou nota 1.000 na redação do Enem 2014. “Meu Ensino Médio foi técnico, mas no último ano eu comecei a praticar redação. Fazia várias redações de provas que o GUIA DO ESTUDANTE REDA- ÇÃO trazia, e enviava para as profes- soras de língua portuguesa e redação.” Para fazer as provas de redação, Ga- briela diz que se inteira do tema e da coletânea, mas parte para resolver as questões objetivas e deixa a redação para o fim. “Prefiro ir pensando ao longo da pro- va, enquanto estruturo uma ideia em tópicos, mentalmente. Quando tenho ideia do que vou escrever – proposta, argumentos e conclusão – aí eu vou para o papel. E sempre leio duas vezes o rascunho antes de passar para a fo- lha definitiva, uma estratégia que uma professora me ensinou.” “Leitura, muita leitura. É fundamental para escrever bem e para ter argumentos. Eu recomendaria ler não apenas os livros para as provas de literatura, mas qualquer material de leitura por lazer. Além disso, treinar para buscar corrigir erros.” Dica de Larissa Freisleben A R Q U IV O P E SS O A L A R Q U IV O P E SS O A L 18 GE REDAÇÃO 2016 GÊNEROS TEXTUAIS Reveja as características de cada texto Com exemplos reais publicados que abordaram o tema mobilidade urbana e a instalação de ciclovias nas cidades em 2014 e em 2015 Ciclofaixa instalada na Praça Júlio Prestes, em São Paulo: mudança em mobilidade que gera polêmica O gênero dissertativo e argu-mentativo ainda é dominante nos vestibulares do país. Mas parte das universidades solicita do ves- tibulando também diferentes gêneros de texto, como a narração, a carta, o discurso, o comentário, o manifesto, o editorial. Está nesse grupo a Universi- dade Estadual de Campinas (Unicamp) (veja na pág. 70). Esse modo de prova permite ao candidato garantir parte da nota em tipos de texto em que se sai melhor. Na Unicamp, a nota final é a soma das notas de dois textos solici- tados. O vestibulando só não pode se enganar quanto ao gênero solicitado, pois isso zera a nota de um dos textos ou de ambos. Antes de adotar o Enem-Sisu como forma de ingresso, em seu vestibular de 2010 a Universidade Federal da Bahia solicitou um texto argumentativo, mas no gênero de prosa que o candidato preferisse. Além disso, os diferentes gêneros textuais invadiram as coletâ- neas para as redações, como foi o caso da Fuvest-USP 2015 (veja na pág. 78). A Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), em um de seus vesti- bulares de 2015, pede um depoimen- to, gênero pessoal, mas que ao mesmo tempo pede objetividade. Em todos os casos, é importante que você saiba situar socialmente o seu tex- to: onde estou, para quem escrevo, como me dirijo a esse interlocutor ou interlo- cutores, qual a formalidade necessária? LU C A S LI M A 19GE REDAÇÃO 2016 TIPOS São definidos pela linguagem que empregam e são basicamente três. A dissertação é a mais solicitada nos vestibulares. Ela e a narração são os mais importantes, pois se desdobram – como você vê a seguir – em uma grande quantidade de gêneros textuais. Já a descrição acaba sendo apenas uma linguagem empregada eventual- mente no interior de um texto e quase nunca como um texto integral, como receitas culinárias e bulas de remédio. GÊNEROS São muitos. Na escola, du- rante o curso de literatura, estudam-se majoritariamente os gêneros cantiga, romance, crônica, conto, poesia. Além desses, há gêneros solicitados nos ves- tibulares, como carta, discurso, artigo jornalístico, editorial de jornal, verbete enciclopédico, entre outros. Reveja a seguir as características de gêneros e tipos de texto, sempre exemplificados com um trecho sobre o mesmo tema. Tipos textuais Narração O texto narrativo é aquele que conta uma história, fatos que envolvem personagens em um contexto. O autor pode seguir alguns passos básicos: descrever determinada situação ou ambiente, apresentar um ou mais personagens, introduzir um fato ou acontecimento que os envolva ou afete nesse ambiente ou situação e pôr um desfecho para a história. O narrador pode escolher se participa ou não da ação, escre- vendo em primeira pessoa do singular ou do plural, como faz a cineasta Tata Amaral no exemplo abaixo. Não é necessário seguir uma ordem cronológica, mas é importante que a narrativa apresente coerência e uma linguagem envolvente. A narrativa é um gênero por excelência literário. Confira um excerto de narrativa, sobre manifestação em defesa das ciclovias, realizada em São Paulo em março de 2015. VAI TER CICLOVIA! por Tata Amaral O povo começou a se reunir na Praça do Ciclista, quase esquina com a Rua da Consolação, que, agora, com as obras da ciclovia, abre os canteiros e retoma a comunicação com a Avenida Dr. Arnaldo e Avenida Angélica, interrompida há várias décadas com a construção de um canteiro. Às 20:30h, partiu a bicicletada que percorreu toda a Avenida Paulista, desde a rua da Consolação em direção ao Paraíso, me perdoem o trocadilho clássico. Estava enorme, bonita, alto-astral a bicicletada. Milhares de pessoas participaram dela. Num dado momento, uma parte estava indo e a outra estava vindo. Num dado momento, todos se sentaram e assim pudemos perceber a extensão da bicicletada: a mais simbólica avenida da maior cidade da América do Sul, locomotiva do Brasil, carro-chefe e estação primeira do modelo viário baseado nos automóveis, tomada de bicicletas piscantes, conduzidas por pessoas com rostos sorridentes. Do blog blogs.estadao.com.br/tata-amaral/ 31/3/2015. Dissertação É o tipo de texto mais solicitado nas provas. Trata-se de expor uma ideia, um problema ou um questionamento, desenvolver um raciocínio com base em argumentos e apre- sentar uma consideração final. É importante que o candidato saiba problematizar o tema, colocar argumentos favoráveis e contrários para fundamentar cada afirmação. Na dissertação, quem escreve quer persuadir o leitor acerca da opinião que defende e que deve ser explicitada em uma conclusão final. Essa conclusão não precisa fechar a ques- tão, como quem encontra uma solução para os problemas do mundo: se o assunto é complexo, a conclusão pode ser a afirmação dessa complexidade. Não faça uma pergunta sem ao menos problematizá-la. A dissertação pede o uso da norma-padrão da língua, ideias desenvolvidas de forma clara e objetiva e boa paragrafação. Espera-se um texto impessoal. Evite o texto em primeira pessoa. Isso não é proibido, mas é arriscado, pois é mais adequado ao gênero crônica ou ao tipo narração. Veja o exemplo de um trecho de dissertação argumentativa. A VEZ DAS CICLOVIAS Comerciantes protestaram em diversos pontos da cidade; moradores de alguns bairros também reclamaram; e até vereadores da base aliada do prefeito Fernando Haddad (PT) fizeram críticas à implantação de ciclovias pelas ruas e avenidas de São Paulo. Embora capazes de chamar a atenção, esses grupos representam opinião minoritária entre os moradores da capital. Como pesquisa Datafolha publicada neste final de semana deixou claro, a maioria expressiva dos paulistanos defende a expansão de vias exclusivas para ciclistas. Ainda bem. Trata-se, não por acaso, de tendência nas principais metrópoles do mundo. A bicicleta é um meio de transporte limpo, que ocupa muito menos espaço do que um carro (...) Editorial da Folha de S.Paulo, 22/9/2014. 20 GE REDAÇÃO 2016 GÊNEROS TEXTUAIS gêneros textuais Estilos jornalísticos Reportagens, editoriais e artigos são os principais gê- neros de texto jornalístico, cada um com suas caracte- rísticas. Em um jornal ou revista, a reportagem se des- taca dos demais gêneros: a reportagem procura trazer um discurso objetivo, narrativo, descritivo e não opi- nativo, enquanto os outros dois são textos opinativos. A boa reportagem apresenta informações objetivas, faz um relato da notícia que não inclui a opinião de quem escreve. O artigo assinado traz a opinião de um autor e pode ser es- crito em primeira pessoa, e o editorial exprime a posição e opinião do jornal, que não permite a primeira pessoa. Tanto no artigo quanto no editorial, as informações são introdu- zidas para embasar um ou mais argumentos que procuram convencer o leitor. O gênero crônica não apresenta distinções significativas em relação à crônica literária. Veja exemplos publicados na imprensa sobre a instalação de ciclovias no país. EDITORIAL DEBATER AS CICLOVIAS Após ser pressionada por moradores e comerciantes de alguns bairros de São Paulo, a prefeitura decidiu alterar ao menos duas ciclovias já implantadas na cidade. Primeiro foi a vez de uma rota no Cambuci, na zona sul. Na última quinta-feira (13), apagou-se um percurso na Praça Vilaboim, em Higienópolis (zona oeste). (...) Seja como for, tais readequações indicam que a prefeitura começa a fazer agora algo que deveria ter feito desde o começo: ouvir a po- pulação e aceitar críticas. (...) Mas a opção pelas ciclovias, espera-se, é um caminho sem volta. Melhor, assim, que seja amparado num planejamento adequado e no diálogo com a população. Folha de S.Paulo, 19/11/2014. REPORTAGEM CICLISTAS DO BRASIL E DO MUNDO FARÃO ATO PARA APOIAR AS CICLOVIAS DE SÃO PAULO A defesa das ciclovias de São Paulo chegou a níveis internacionais. Nesta sexta-feira (27), estão marcadas manifestações de ciclistas em ao menos 17 cidades brasileiras – além da capital – e em outros oito países. O ato, inspirado na Massa Crítica de Portugal (movimento que luta por espaço aos ciclistas nas cidades), foi motivado pela recente deci- são da Justiça paulista em determinar a paralisação da construção de ciclovias em andamento. De acordo com o juiz, a interrupção foi determinada pela falta de “planejamento” e “estudos prévios”. Reportagem de Ivan Longo, na Revista Fórum (virtual), março de 2015. Crônica Gênero literário que é também utilizado por articulistas da imprensa. Assim como o conto, é um gênero por excelência narrativo, que aborda situações ou fatos do cotidiano. É mais coloquial que o dissertativo, mas não dispensa a norma- padrão da língua. SOBRE DUAS RODAS por Cris Guerra Em dezembro passado, abordei nesta coluna o caos do trânsito de BH, onde a frota de carros praticamente duplica a cada dez anos. Cumpri bem o trajeto do início ao meio do texto, mas derrapei na linha de chegada e levei um tombo feio. Acabei por errar o alvo: a crítica atingiu seus usuários, e não as tais vias, gerando dezenas de respostas furiosas. Pela prontidão e vee- mência de suas reações, entendi que, mais que ciclovias, os ciclistas urbanos querem respeito – traduzido na simples atitude de serem compreendidos como parte integrante do trânsito. Veja BH, 13/3/2013. CICLOVIA, 10. EDUCAÇÃO, ZERO Por Edgard Catoira Manhã de sol. Reflexos prateados circulam a marca das ondas nas areias na praia de Copacabana. Uma brisa refresca o calor nos rostos dos que usam seu tempo matutino para correr no calçadão ou os ciclistas de plantão, que tomam a ciclovia. O cenário é de filme. Mas vamos enfrentar a realidade com bom humor. Afinal, estamos no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa. Pre- cisamente em Copacabana, atravessada por uma excelente ciclovia de seis quilômetros, entre Ipanema e Botafogo. (...) A zona sul do Rio é cortada por ciclovias, todas em ótimo estado. É uma das coisas boas que a população pode desfrutar, inclusive para ir para ao trabalho. Vale uma reflexão como frequentador da ciclovia – já que não me considero um ciclista. Antes de tudo, precisamos reconhecer que qualquer ciclovia da cidade é boa para o ciclismo. O que a prefeitura nunca fez – nem os vereadores pensaram nisso – é organizar seu uso. Depois de ultrapassar duas quadras brigando com carros ou quase atropelando velhinhos inocentes nas calçadas, chego à praia e, devi- damente paramentado com capacete e luvas, me arrisco na ciclovia. Aliás, sou uma das poucas pessoas que usam os acessórios de prote- ção. Pelo horário, por volta das 7h30, os corredores e pedestres que passam por mim estão voltando da caminhada, suados e exaustos, prontos para ir para casa e ao trabalho. Alguns – ou melhor, muitos deles – se aventuram a correr na ciclovia – dizem que a performance é melhor do que correr sobre as pedras portuguesas da calçada. Mas eles invadem a pista e não respeitam as bicicletas. (...) Revista CartaCapital, 15/01/2012. 21GE REDAÇÃO 2016 Carta O texto em forma de carta pode ser pessoal (para escrever a um amigo, por exemplo) ou do campo das relações sociais (para reivindicações, apoios, pedidos, reclamações), como carta aberta ou carta-convite. Em todos os casos, a carta deve ter indicação de local e data no topo da página, seguida da identificação do destinatário, uma saudação (vocativo) – que depende do grau de intimidade com esse destinatário –, referência (o motivo da correspondência, que em um e-mail é o assunto e que em cartas abertas pode estar em um título), o corpo do texto e a finalização. As propostas mais comuns são de cartas argumentativas, mas com uma diferença em relação à dissertação: nesta escreve-se a um leitor genérico, na carta é preciso adequar a linguagem a um destinatário. Não é proibido utilizar a primeira pessoa, mas usar o plural majestático pode ser uma alternativa melhor. LEITOR CRITICA EDITORIAL SOBRE CICLOVIAS* (adaptada) Goiânia, 31 de dezembro de 2014 Senhores editores O editorial “Pedalar pela cidade” (“Opinião”, 29/12) trata de forma panfletária um assunto que envolve vidas. O programa cicloviário da cidade de São Paulo está sendo implantado sem que exista uma regu- lamentação para o trânsito dos ciclistas, não existindo um programa de orientação para a população de como se comportar nos diversos conflitos que irão existir, como nas saídas de garagens. Marcos de Luca Rothen (Goiânia, GO), Folha de S.Paulo, 1/1/2015. *Agregamos local, data e saudação, que não são habitualmente publicados na imprensa Comentário Pode-se considerar o comentário uma espécie de subgê- nero, que reúne características da dissertação e da carta. Espera-se do autor que utilize argumentos e, eventualmente, que se posicione. Ao contrário da dissertação, aqui a escrita em primeira pessoa pode ser utilizada, se a proposta permitir isso. Porém, é preciso cuidado redobrado na expressão das ideias em primeira pessoa, evitar generalizações, chavões etc. Os comentários têm sido solicitados em provas, como as da UFPE 2011 e da Unicamp 2012. Em cada última quinta-feira de cada mês, temos uma volta com nossas bicicletas e nossos amigos para passear pela cidade. Desta vez queremos nos solidarizar com nossos colegas de São Paulo em sua luta por uma cidade mais humana e amigável para com as bicicletas. Post do movimento Massa Crítica de Almería, Espanha, em apoio à bicicletada de São Paulo, em março de 2015. Manifesto Um gênero de natureza dissertativa, de exposição de ideias e proposições de uma pessoa ou de um grupo. Em sua interlocução, o manifesto é público, com fins e propósitos determinados e, quando dirigido ao conjunto da sociedade, pode não trazer um vocativo de endereçamento. Assim como a dissertação, um manifesto deve ter um título, desenvolvimento dos temas abordados, argumen- tação bem fundamentada e defesa de um ou mais pontos de vista. Exige assinatura, local e data de sua divulgação. O manifesto assemelha-se à carta-aberta, solicitada em 2015 pela Universidade de Campinas (veja na pág.70). E A BICICLETA FEDERALIZOU-SE! A bicicleta é um típico veículo local. Embora haja quem com ela viaje o mundo, sua maior vocação, e aspiração de quase todos que a usam, é sua utilidade para o cotidiano nos arredores de casa – deslocamentos de até 6 km. Por isso, pode-se pensar que todas as intervenções para facilitar seu uso não precisem ir para além do gabinete do prefeito. Os ciclistas brasileiros organizados em entidades – ou irmanados somente pela aspiração comum de equidade no trânsito – não pen- sam assim. Como nas demais áreas da vida social – saúde, educação, esporte etc. –, a mobilidade também necessita de políticas públicas transversais e integradas, perpassando a administração pública es- tadual e alcançando a esfera federal. Da União de Ciclistas do Brasil, divulgado durante a campanha eleitoral de 2014. Verbete/Síntese É o texto que define uma palavra, conceito, tema ou assunto, de forma estrita, objetiva, como em dicionários, enciclopé- dias. Na popular Wikipedia, embora pouco formalizados ou rigorosos, os verbetes compõem os artigos. O gênero foi solicitado na prova de 2012 da Unicamp. BIKEÉLEGAL.COM.BR – QUEM SOMOS O “Bike é Legal” é um portal na internet sobre ciclismo, mobilidade urbana e sustentabilidade. Com notícias, vídeos, fotos, artes, ideias, questionamentos, discussões e reivindicações, o site reúne ciclistas que são referências sobre o tema no Brasil. (...) Extraído do site bikeelegal.com. RODAS DA PAZ A ONG Rodas da Paz foi instituída em 2003 com o objetivo de reagir à violência e ao crescente número de acidentes e mortes no trânsito do Distrito Federal. Desde então promove ações para a conscientiza- ção em prol de um trânsito seguro para todos, com especial atenção para os usuários da bicicleta. Extraído do site da organização não governamental. 22 GE REDAÇÃO 2016 ELEMENTOS DE QUALIDADE Veja as características que valorizam e fazem uma boa redação. Abordamos aqui as que consideramos essenciais. Os exemplos são sempre de dissertação, que é o tipo de texto mais exigido nas provas Por Davi Fazzolari e Ana Paula Dibbern Os elementos que distinguem o seu texto 23GE REDAÇÃO 2016 Autonomia O texto precisa ser compreendido por si. Ou seja, o autor deve imaginar um leitor que não leu a proposta do enun- ciado da prova. As referências ao material de apoio têm de ser acompanhadas de todas as informações necessárias para que o leitor as entenda, uma vez que a coletânea não faz parte da redação. Como a autonomia de um texto também é medida pelo nível de atualização e pelo repertório do candidato-autor, é importante trazer informações novas, além daquelas presen- tes no texto-base, desde que sejam pertinentes e contribuam para a argumentação e defesa da tese pretendida. O uso de argumentos de autoridade pode contribuir nesse sentido, mas é preciso muito cuidado porque citações mal inseridas podem fazer o efeito contrário e comprometer a redação. Como exemplo, suponha uma prova com o tema “O trabalho infantil”, que traga um mapa de referência como parte da coletânea. TEXTO INADEQUADO (sem autonomia): “A situação mostrada no mapa é uma vergonha. Mas não é fácil de ser enfrentada, pois requer dinheiro e determinação dos governantes”. Note que, no exemplo, o autor faz comentários sobre o mapa da coletânea como se ele estivesse na folha de avaliação. Com isso, a afirmação é construída com base no senso comum e se assemelha mais a uma opinião do que a um argumento. TEXTO ADEQUADO (com autonomia): “O grande número de crianças trabalhadoras no Brasil denuncia a precarização do trabalho na faixa adulta da população e a falta de políticas públicas atentas ao futuro”. Um vocabulário adequado também é muito importante para garantir a autonomia do texto. Note, em nosso exemplo, como as afirmações são mais precisas quando substituímos palavras vagas ou genéricas (como “vergonha” e “fácil”) por outras mais objetivas (“número”, “denuncia” e “precarização”). Coerência e clareza Um texto coerente é resultado dos argumentos que você utiliza para referendar logicamente seu ponto de vista, que é o seu recorte do tema. No desenvolvimento da redação, é importante ter como objetivo convencer o leitor da lógica de seu texto. O processo básico é o mesmo de uma discussão com os amigos sobre um filme ou uma partida de futebol. Em uma dissertação, a melhor ideia será aquela sustentada por argumentos convincentes, com os quais o autor se faça entender. Por isso, o posicionamento diante do tema deve ser ponderado e evitar radicalização e panfletagem. Em outras palavras, é preciso escrever com clareza para que, após ler a redação, ninguém se pergunte: “Mas, afinal, o que o autor quis dizer com isso?” Essa é uma pergunta que o autor deve se fazer antes de passar o texto a limpo. Seu texto estará pronto se responder à pergunta. TEXTO INADEQUADO (sem coerência nem clareza): “Quando os bolivianos chegam ao Brasil só encontram emprego na indústria têxtil, devido às habilidades características de sua cultura, ou trabalham como autônomos através do artesanato. Com isso, o Brasil precisa ajudá-los para que também possa ser ajudado por eles.” Nesse exemplo, o argumento não foi bem construído. Não fica claro o motivo e nem a forma pela qual o Brasil precisa ajudar os bolivianos (isso sem falar que a escolha do verbo “ajudar” não foi feliz). Há, também, uma generalização incorreta das atividades citadas. Além disso, o texto pode favorecer uma interpretação preconceituosa sobre a cultura e capacidades desses imigrantes. Em vez disso, o autor deveria inserir dados e argumentos mais densos para conferir coerência ao texto. TEXTO ADEQUADO (com coerência e clareza): “Grande parte dos bolivianos que migram para o Brasil só encontra trabalho na indústria têxtil, que muitas vezes não garante seus direitos básicos. Constatada essa realidade, conclui-se que é preciso oferecer qualificação e construir mecanismos para que os estrangeiros sejam realmente inseridos no mercado de trabalho. Dessa forma, a vida dessas pessoas – que tanto contribuem para o crescimento do país – seria melhor”. Nesta versão do texto, o problema da generalização foi resolvido com a inserção do trecho “Grande parte”. Há argu- mentos mais claros, especialmente no trecho “é preciso oferecer qualificação e construir mecanismos”. Além disso, foi inserida uma posição que valoriza o imigrante (“contribuem para o crescimento do país”) ao mesmo tempo em que é reforçado o argumento de que o Brasil precisa recompensá-los. 24 GE REDAÇÃO 2016 ELEMENTOS DE QUALIDADE Simplicidade Escrever de forma simples é o caminho certo para quem tem poucas linhas para expressar sua opinião sobre um tema. O candidato deve evitar períodos muito longos ou o uso de vocabulário rebuscado. Períodos longos servem a textos longos, de várias páginas, o que não é o caso de uma redação para o vestibular. As palavras difíceis também devem ser evitadas. Elas geralmente são utilizadas com a intenção de impressionar os avaliadores, mas podem provocar desvio de raciocínio. Além disso, é bom evitar inversões no uso dos elementos da oração e manter a organização básica: sujeito, verbo e complementos. Como falantes da língua, nós já fazemos isso intuitivamente. Pôr o adjetivo antes do substantivo, por exemplo, aumenta a sua ênfase e, portanto, parece intencional para quem lê, e você só deve utilizar se tiver mesmo a intenção de ser enfático. É bom lembrar que, após a realização do exame, as redações serão enviadas para um ou mais avaliadores que têm pouco tempo para avaliar cada texto. Nessa situação, o problema das inversões nos elementos da oração e da escrita rebuscada é agravado, já que a falta de simplicidade atrapalha a fluência na leitura. O ideal é que o avaliador nunca tenha de reler o parágrafo para entendê-lo. TEXTO INADEQUADO (prolixo): “A amizade atual se caracteriza por uma relação direta e virtual de maneira mútua. O estabelecimento da coexistência entre o tradicional e o moderno representa uma resposta à troca de paradigma nas relações interpessoais”. O leitor precisa ler o texto duas vezes para entendê-lo, quem sabe três. Algumas palavras, como “mútua”, “coexistência”, “paradigma” e “interpessoais”, apesar de serem razoavelmente comuns, colocadas em conjunto tornaram o texto prolixo. TEXTO ADEQUADO (escrita simples): “Da mesma forma que o tradicional e o moderno convivem em nossa sociedade, as amizades atuais são baseadas em um modelo caracterizado pela coexistência das relações direta e virtual”. O texto ganha melhor organização quando a disposição das ideias é invertida. Primeiramente, o autor aponta que o tradicional e o moderno convivem na nossa sociedade. Depois expande tal coexistência para o campo das amizades, em uma dualidade entre o real e o virtual. Tal mudança facilita bastante o entendimento. Ao mesmo tempo, o abandono de algumas palavras (como “mútua”, “paradigma” e interpessoais”) torna o texto mais simples. Coesão A coesão é a articulação das partes de um todo. Na gramá- tica da língua portuguesa aprendemos que as articulações são realizadas pelas classes de palavras conhecidas por “arredondar” o discurso e tornar mais agradáveis e com- preensíveis as orações e os períodos. São as preposições e as conjunções que exercem essa função de conectivos com maior frequência. Além da coesão interna em uma oração, também é pre- ciso haver coesão entre as orações do parágrafo e entre as etapas do texto, ou seja, entre os próprios parágrafos. As frases devem se suceder numa sequência lógica. O espírito é o mesmo para os parágrafos, mas, nesse caso, a atenção deve estar voltada para os encontros que se dão no fim de um parágrafo e início de outro. Um bom encadeamento gera “coesão textual” ou “textualidade” e evita que a redação te- nha palavras “soltas”, como se uma frase não tivesse relação com a outra. TEXTO INADEQUADO (com problemas de coesão): “Quando pensamos um tempo melhor para a vida de todos, queremos dizer o seguinte: simplesmente que as coisas podem ser mais justas para todas as pessoas se beneficiarem disso”. Neste fragmento, o autor é redundante e formula duas vezes a mesma ideia. Constrói a frase como se uma oração fosse a conclusão da anterior, mas não traz novas informações e acaba por “andar em círculos”. A organização das palavras dentro das orações (principalmente a disposição das palavras “sim- plesmente” e “disso”) não favorece o entendimento, resultando em um texto pouco coeso. TEXTO ADEQUADO (com boa coesão): “Quando pensamos em um tempo mais justo, imaginamos, simplesmente, que a vida pode ser melhor para todos”. Temos, aqui, uma construção mais consistente da frase. Foi muito positiva a exclusão da expressão “queremos dizer o seguinte”, que é uma marca da linguagem oral. Além disso, o problema da repetição foi resolvido. Não temos mais os dois trechos semelhantes (“um tempo melhor para a vida de todos” e “as coisas podem ser mais justas para todas as pessoas se beneficiarem disso”), mas sim uma só elaboração da ideia, com as palavras bem organizadas e melhor encadeamento. 25GE REDAÇÃO 2016 1 TROCAR O TIPO OU GÊNERO DE TEXTO A prova pede uma dissertação e você faz uma narração. Essa falta de atenção é con- siderada incontornável e resulta em nota zero. Assim, é necessário estar atento para quando a prova solicita três gêneros de tex- to (ou oferece três a escolher) e você indica erroneamente a sua escolha; por exemplo: opta pela proposta 2, que pede uma carta, mas assinala a 1, que era para dissertação. 2 FUGIR DO TEMA Escrever uma redação que foge do tema proposto também pode levar à anulação da redação. Por isso, leia com bastante atenção a coletânea de textos e o enunciado. Tome mui- to cuidado para não se perder em divagações que nada têm a ver com o que foi apresentado (veja mais critérios nas págs. 8 a 13). 3 USO IMPRÓPRIO DA LINGUAGEM ORAL Nem sempre a linguagem que você usa quando está conversando pode ser passa- da para o texto. Expressões como “né” e “ok” não caem bem numa redação. Gírias como “se ligar” e “irado” também não são adequadas. 4 REBUSCAR DEMAIS Abusar de palavras rebuscadas também pode prejudicar sua nota. Lembre-se: lin- guagem formal não é sinônimo de linguagem complicada. Ao exceder no uso de um requin- te desnecessário, é grande a probabilidade de seu texto ficar sem fluência nem clareza. 5 COMETER ERROS DE LÍNGUA PORTUGUESA Erros básicos da língua portuguesa não têm perdão na prova. “Fazem muitos anos”, “há nove anos atrás” e “para mim levar” são des- lizes graves numa redação. Na dúvida quanto à grafia correta ou à aplicação de uma regra gramatical, substitua a palavra por outra ou organize novamente a frase. Os dez erros mais comuns Os deslizes que podem tirar pontos preciosos da sua nota 6 USAR CLICHÊS E PROVÉRBIOS Evite o uso de clichês, que são aque- las expressões muito conhecidas, como “colocar tudo em pratos limpos”, “fechar com chave de ouro”, “água mole em pe- dra dura tanto bate até que fura”. O uso de provérbios e frases, geralmente construí- das com base em ideias estereotipadas, re- vela falta de originalidade do autor. 7 PANFLETAR E RADICALIZAR As redações que instruem o leitor com frases como “Devemos nos unir!” ou “Vamos reciclar o planeta!” são consideradas frágeis. No lugar do discurso politicamente panfletário, é me- lhor organizar argumentos que permitam ao leitor chegar às próprias conclusões. 8 USAR CITAÇÕES SEM CUIDADO As citações devem ser utilizadas com bas- tante critério. Evite expressões batidas, como “Só sei que nada sei”, de Sócrates. Outros erros comuns são o uso de citações fora do contexto, sem que tenham uma relação efetiva com o texto ou argumentação, e ci- tações de autoridade incompletas ou com a grafia errada do nome do autor. Se não tem certeza da grafia de filósofos como Friedrich Nietzsche, Erich Fromm, Immanuel Kant, não utilize essa citação. 9 EXAGERAR EM INFORMAÇÕES Você não precisa despejar tudo o que sabe na redação. O excesso de informações pode prejudicar a coesão do texto, pois dados de- mais podem confundir, ao invés de esclarecer. Seja seletivo. 10 CAIR EM REDUNDÂNCIA A redundância revela falta de repertório do autor-candidato. Numa boa dissertação, a argumentação avança progressivamente, e não fica andando em círculo. Essa é uma falha extra que não se deve cometer. Isso porque você pode perceber algo não tão perfeito quanto gostaria tarde demais, quando já escreveu na versão final. Há candidatos que esquecem, por exemplo, de colocar um título em sua redação da Fuvest, o que é uma das exigências explícitas da prova. Nos últimos textos divulgados, das provas de 2012 e 2013, há redações com essa falha. Os avaliadores da Fuvest reconhecem as boas dissertações, mas eventualmente isso pode ser entendido como falta de atenção ao enunciado da prova e reduzir pontos da nota. NÃO ESQUEÇA DE REVISAR SEU TEXTO 26 GE REDAÇÃO 2016 ARGUMENTAÇÃO Aprenda com os jornais estratégias para persuadir A leitura cotidiana dos editoriais jornalísticos amplia sua capacidade de interpretar fatos e de organizar argumentos Por Alan Nicoliche A argumentação é a prin-cipal ferramenta para os candidatos que preten-dem uma boa colocação nas redações dos vesti- bulares. Evidentemente, a linguagem e a estrutura dos textos são importantes – é a chamada coesão textual –, mas são mais facilmente assimilados com estu- dos e prática do que a argumentação. A capacidade de argumentar extrapola os limites das salas de aula. Ela será necessária ao longo de toda a vida acadê- mica e profissional daqueles que agora adentrarão em uma faculdade. Não é à toa que a maioria dos vestibulares exige a redação de um texto argumentativo em seus processos de seleção. E como adquirir essa capacidade ar- gumentativa? Primeiramente, colocan- do-se a par das questões que o cercam, sejam políticas, sociais, econômicas, filosóficas, técnicas ou culturais, elas poderão compor o chamado repertório pessoal. Em seguida, entender os lados divergentes que podem estar em cada questão para criar uma opinião e argu- mentar a favor dela. Parece trabalhoso, mas a experiência de se interessar pe- los assuntos e interagir com eles torna a prática corriqueira e até prazerosa. Dessa forma, informar-se e conhecer os diversos pontos de vista é funda- mental, o que exige a leitura de bons textos sobre os assuntos que poderão ser explorados. Textos para persuadir Uma das formas textuais mais inte- ressantes para esse exercício é a leitura do editorial dos jornais. Os editoriais trazem o posicionamento ideológico do veículo de comunicação a que per- tencem, ou seja, são também textos argumentativos, que têm a função de informar e persuadir o leitor. Desse modo, a leitura de um editorial, para candidatos a vestibulares, serve para informar sobre diferentes assuntos, e pode ser uma grande fonte de apren- dizado sobre argumentação. Textualmente, os editoriais são habi- tualmente mais longos do que o solici- tado nas dissertações dos vestibulares. Também apresentam múltiplos pará- grafos e, eventualmente, são finaliza- dos com frases de efeito. No vestibular, usamos menos parágrafos e não usamos frases de efeito. Em uma dissertação para o vestibular, o ideal é limitar os parágrafos a quatro ou cinco, um para introduzir sua tese, dois ou três para argumentar e um para concluir. Para esta edição do guia, selecio- namos um editorial do jornal Folha de S.Paulo, publicado em 27 de abril de 2015, que trata do regime prisio- nal utilizado com os jovens infratores. Como você poderá perceber na leitura do editorial e em sua análise, o texto é construído de maneira a não só in- formar o leitor, mas persuadi-lo, fazer com que ele compartilhe da ideia ali exposta. Para tanto, não há vacilos na argumentação, e as informações são apresentadas como afirmações e em- basadas em dados. Observe que a simples exposição das informações não é suficiente para ga- rantir a veracidade do discurso. Isso porque dados podem ser lidos de dife- rentes formas e as conclusões podem ser diferentes, dependendo da linha de pensamento de cada um. 27GE REDAÇÃO 2016 EDITORIAL 1 Paradoxo perverso Adolescentes infratores têm, na prática, menos acesso que os adultos ao regime semiaberto, numa inversão da lógica do sistema penal. 2 A notícia em si já seria chocante. Mas, na conjuntura atual, em que se discute a diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos, a reportagem publicada por esta Folha na quinta-feira (23) tem conotação perversa. Dos 23 mil menores infratores que cumprem algum tipo de punição no Brasil, só 10% têm acesso ao regime de semiliberdade, pelo qual podem sair das insti- tuições durante o dia para estudar ou trabalhar. Em alguns estados, como Paraíba e Maranhão, menos de 3% dos infratores têm atendido esse direito; em Mato Grosso, não se registra caso de menor nessa situação. 3 Seriam, talvez, infratores de alta periculosidade? A realidade é bem diferente disso. Uma minoria bastante limitada dos internos responde por crimes hediondos. Em São Paulo, por exemplo, somente 2,6% dos adolescentes foram punidos por tal tipo de transgressão. Mesmo assim, 93% deles permanecem confinados dia e noite. 4 Configura-se situação de rigor punitivo ainda maior – e este o paradoxo do caso – do que se vê entre infratores adultos. Destes, cerca de 35% estão, no país inteiro, no sistema semiaberto. Não se trata de regalia ou concessão motivada por alguma atitude sentimental. Tal regime se fundamenta na ideia de que, a não ser em casos de grande perigo para a sociedade, há mais vantagem em ter o delinquente dedicado a atividade produtiva do que em mantê-lo preso na companhia de personalidades já defor- madas pelo banditismo e pelas práticas da cadeia. O raciocínio tem maior pertinência no caso dos adolescentes, mais capazes de absorver novas condições de trabalho e estudo. O inverso do que se verifica, portanto. 5 Se alguém quisesse fazer blague com um assunto de máxima importância e seriedade, tantas vezes tratado com a demagogia dos que vociferam em favor do máximo rigor penal, poderia inverter as opiniões correntes. Os que defendem penas mais elevadas, vingança social extrema, dureza com o jovem infrator de- veriam apoiar a atual legislação. Quanto aos que advogam teses mais flexíveis e maior cuidado na punição aos adolescentes, talvez devessem apostar na diminuição da maioridade penal para 16 anos: haveria de ser, bizarramente, o modo de lhes oferecer mais ocasiões de cumprir sua pena no regime semiaberto, de forma mais produtiva. Não se trata disso, por certo. Mas é de notar o quão fora da realidade estão os que, julgando necessário mais rigor contra o jovem delinquente, desconhecem as péssimas condições hoje oferecidas para que se reintegrem à sociedade, e o quão distante está a máquina punitiva de proporcionar real aumento da segurança geral dos cidadãos. Folha de S.Paulo, 27/4/2015. 1 O título deve refletir o conteúdo do texto e a linha argumentativa de quem redige. A escolha do título, neste caso, além de ser adequada ao editorial que seguirá, provavelmente chamou a atenção dos leitores do jornal. 2 A chamada deste editorial e seus primeiros parágrafos apresentam o assunto que será abordado – no caso, o baixo número de menores infratores que cumprem pena em regime semiaberto. O tema é retomado de uma reportagem de quatro dias antes da própria Folha de S.Paulo, cujo título era “Só 1 em cada 10 menores infratores pode sair para estudar ou trabalhar”. Repare como os números são utilizados nesta parte, e ao longo do texto, para impactar o leitor. 3 Nestas duas orações, o jornal ressalta o contraste entre o rigor da pena e o teor das infrações. Novamente são utilizados números para tornar o quadro mais visual ao leitor. 4 Neste ponto o editorial faz a discussão mais importante, que retoma o título e a chamada. A comparação com a situação dos menores infratores e a dos adultos toma maiores proporções, uma vez que o regime semiaberto parece ser mesmo mais adequado aos jovens. Repare como o texto se utiliza de um raciocínio lógico, muito eficaz na persuasão do leitor. 5 Os parágrafos finais servem de conclusão ao editorial – o que é feito inicialmente com certa ironia, mas termina com um tom grave. O texto aponta que o atual regime parece punir mais o jovem, privando-o de possibilidades de reintegração social, do que aconteceria com a redução da maioridade penal – já que, uma vez tratados como adultos, teriam maior chance de cumprir a pena no regime semiaberto. Dessa forma, não só demonstra como o sistema funciona de forma errônea, como sugere uma ignorância do público acerca desse assunto. Observe que há uma dupla crítica: uma à máquina punitiva, mal gerida e estruturada; e outra dirigida àqueles que pedem mais rigor na punição aos jovens, que desconheceriam a realidade do sistema existente no país. ANÁLISE DO EDITORIAL 28 GE REDAÇÃO 2016 TEMAS DAS PROVAS A redação é uma parte diferenciada dos vesti-bulares, e a expectativa quanto ao tema da re-dação costuma resul- tar em uma dose extra de ansiedade. Enquanto as demais provas avaliam basicamente os conteúdos que você aprendeu no Ensino Básico, a prova de redação é a única que tenta medir se você consegue elaborar conteúdos a partir do que aprendeu e, eventualmen- te, fazer propostas. Por isso mesmo, a prova de redação é a “estrela”, digamos, de muitos vestibulares. Um bom início é observar quais tipos de temas são solicitados nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e da universidade em que você quer estudar, pois cada uma habitual- mente adota uma linha, pelo menos nos anos recentes.
Compartilhar