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REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E OS MILITARES Gilbertson Farias de Carvalho Júnior RESUMO: O objetivo deste estudo é analisar a atual situação do sistema de previdência social no Brasil, evidenciando os problemas por ele enfrentado. A partir destes, procura-se debater sobre suas principais causas e possíveis soluções, enfatizando a urgência de uma reforma previdenciária e de medidas que diminuam o déficit, como essenciais para que a previdência deixe de ser o maior problema fiscal do país. A necessidade de uma ampla reforma do sistema de seguridade social no Brasil traz consigo um amplo debate acerca do formato que deve assumir a previdência social no país. A grave situação do sistema previdenciário deu origem a um enorme número de propostas e a um intenso debate entre reformas paramétricas e estruturais. A presente pesquisa visa a destacar a relevância da Reforma previdência social que faz parte do sistema de seguridade social, tendo um foco mais objetivo no que concerne aos militares e seus desdobramentos frente a outras categorias. Embora seja de caráter contributivo e cheia de princípios e regras, embasado principalmente nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal, é de extrema importância para que o trabalhador sinta-se seguro em relação ao futuro. Foram muitas mudanças, Emendas, que trouxeram vantagens e desvantagens à classe trabalhadora. A dificuldade ainda é maior considerando que o assunto é complexo e falta informação e transparência nas decisões. Este artigo traz, de forma técnica, além da importância da previdência social para os trabalhadores brasileiros, algumas implicações resultantes da possível reforma e como ficará cada categoria caso a presente afirmativa de aprovação por parte dos legisladores seja concretizado. Palavras-Chave: Previdência Social; Militares; Reforma. ABSTRACT: The objective of this study is to analyze the current situation of the social security system in Brazil, highlighting the problems it faces. From these, it is sought to discuss its main causes and possible solutions, emphasizing the urgency of a social security reform and measures that reduce the deficit, as essential for social security to stop being the biggest fiscal problem of the country. The need for a comprehensive reform of the social security system in Brazil brings with it a wide debate about the format that social security should assume in the country. The serious situation of the pension system has given rise to a huge number of proposals and an intense debate between parametric and structural reforms. The present research aims to highlight the relevance of the Social Security Reform that is part of the social security system, having a more objective focus on the military and its unfolding against other categories. Although it is contributory and full of principles and rules, based mainly on articles 194 and 195 of the Federal Constitution, it is extremely important for the worker to feel secure about the future. There were many changes, Amendments, that brought advantages and disadvantages to the working class. The difficulty is still greater considering that the subject is complex and lack information and transparency in the decisions. This article brings, in a technical way, besides the importance of social security for Brazilian workers, some implications resulting from the possible reform and how each category will be if this affirmation of approval by the legislators is fulfilled. Key-words: Social Security; Military; Reform. 1 INTRODUÇÃO A previdência social é um segmento da seguridade social que compreende previdência social, saúde e assistência social, baseados nos Artigos 194 e 195 da constituição. Destinado a estabelecer um sistema de proteção social mediante contribuição, que objetiva proporcionar meios de subsistência ao segurado e sua família quando necessário. Diferentemente da assistência social não é a previdência um programa de proteção gratuito, mas um verdadeiro seguro cujas regras estão previstas na lei. Não se trata de um de sistema no qual contribui quem quer; pois a adesão tem previsão legal e natureza de exigência tributária. O Sistema previdenciário brasileiro é composto por 4 blocos: o INSS, o sistema dos Servidores do Governo Central, os diversos sistemas dos servidores estatuários estaduais e municipais e os fundos de pensão de empresas privadas ou estatais (Giambiagi, 2004). O Sistema de Previdência Social Brasileira, que compreende o Regime Geral de da Previdência Social ( gerido pelo INSS) e os Regimes Previdenciários dos Servidores Públicos, é hoje de filiação compulsória para todos os trabalhadores assalariados e autônomos. Devido ao desequilíbrio no sistema previdenciário o governo está propondo, outra reforma da Previdência Social, por meio da PEC 287/16. Foram mencionados aspectos relevantes da previdência social, bem como, da reforma previdenciária de forma geral, por se tratar de matéria densa e abrangente. Destacou-se a importância da transparência e esclarecimento a respeito do assunto, principalmente em relação à classe trabalhadora, que muitas vezes não tem acesso à informação, não conhecendo sequer os seus direitos. É necessário publicar com clareza objeto tão relevante e de interesse de todos. 2 O QUE É A PREVIDÊNCIA SOCIAL A Previdência Social é um seguro social em que o trabalhador participa através de contribuições mensais. O benefício dessa contribuição é garantir ao trabalhador segurado uma renda na hora em que ele não puder mais trabalhar – ou seja, se aposentar. Em outras palavras, a previdência social é o sistema público que garante as aposentadorias dos trabalhadores brasileiros. Vale ainda notar que, além de proteger o trabalhador para a sua aposentadoria, a Previdência tem como missão proteger os trabalhadores contra outros chamados riscos econômicos, como a perda de rendimentos por conta de doença, invalidez, entre outros infortúnios. A Previdência, assim, não oferece apenas aposentadorias, mas também benefícios como auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte. A Previdência é um sistema de seguro obrigatório para todos os trabalhadores com carteira assinada. Além deles, os trabalhadores autônomos e empresários também podem contribuir para o sistema. Os servidores públicos possuem um sistema especial de previdência, assim como os professores, com regras vantajosas. Quem não recebe renda também pode contribuir voluntariamente para a Previdência se assim optar. Contribuição é o nome que se dá à parcela do salário do trabalhador que é descontada automaticamente pela previdência social todos os meses. O tamanho dessa parcela depende de seu salário-de-contribuição, que é basicamente a remuneração de cada contribuinte. Detalhe: o salário-de-contribuição máximo considerado é igual ao teto da previdência, maior valor que um aposentado pode receber, que em 2016 equivale a R$ 5.189.82. Essas são as atuais taxas de contribuição, definidos em Portaria Interministerial de janeiro de 2016: Salário-de-Contribuição (R$) Alíquota para fins de Recolhimento ao INSS até 1.556,94 8% de 1.556,95 até 2.594,92 9% de 2.594,93 até 5.189,82 11% 3 COMO FUNCIONA A PREVIDÊNCIA A Previdência funciona a partir da mesma lógica usada em um seguro. Qualquer seguro funciona por conta da existência de subgrupos, alguns superavitários, outros deficitários: estes são sustentados por aqueles. Assim, as contribuições dos trabalhadores ativos servem para custear os benefícios dos trabalhadores inativos (aposentados, pensionistas e outros).As receitas da previdência são contribuições de empregadores (contribuição sobre a folha de pagamento, de 20%), empregados (8% a 11% do salário) e a União (com contribuições sociais e receitas do orçamento fiscal). Entretanto, há muitos anos a conta da previdência deixa a desejar. A cada ano, mais pessoas se aposentam e menos pessoas entram como contribuintes – reflexo do envelhecimento da sociedade brasileira. Déficits são registrados todos os anos. Em 2015 havia nove trabalhadores ativos para um aposentado; em 2040, essa mesma relação cairá para apenas quatro trabalhadores ativos por aposentado. Para cobrir esses déficits e garantir os benefícios previdenciários, o governo utiliza receitas geradas pelas contribuições sociais voltadas para a Seguridade Social (sistema que inclui, além da Previdência, a Saúde e a Assistência Social). São duas contribuições principais: a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e a CSLL (Contribuição Social sobre Lucros Líquidos). Com o crescimento do déficit, cogitou-se criar novos tributos, como a nova CPMF e a regularização dos jogos de azar. 4 REGRAS ATUAIS PARA QUE ALGUÉM POSSA SE APOSENTAR As regras para a aposentadoria têm mudado ao longo do tempo, tornando mais rigorosas as condições para que um trabalhador se aposente. O Brasil é um dos poucos países que não adota idade mínima para que alguém possa se aposentar. Existem, assim, dois regimes principais de aposentadoria: (i) por tempo de contribuição: mínimo de 30 anos para mulheres e 35 anos para homens; e (ii) por idade: mínimo de 60 anos para mulheres e 65 anos para homens, com pelo menos 15 anos de contribuição para ambos. Assim, é normal se aposentar antes dos 60 anos no Brasil, desde que o tempo de contribuição mínimo seja cumprido. Segundo dados do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e Previdência, 34,5% dos benefícios emitidos pelo Regime Geral da Previdência em janeiro de 2016 são de aposentadoria por idade. Já as aposentadorias por tempo de contribuição representam 19,2% dos benefícios emitidos no mesmo período. Mesmo assim, o valor total das aposentadorias por tempo de contribuição é maior que o das aposentadorias por idade: nesse caso, o placar é 30,1% a 26,5%. A pensão por morte é o segundo benefício previdenciário mais comum: 26,6% dos benefícios e 24,6% do valor total gasto pelo INSS. Uma das formas que o governo encontrou para inibir trabalhadores de se aposentarem muito cedo em um sistema sem idade mínima é o fator previdenciário, que existe desde 1999. Esse fator é uma fórmula em que são levados em conta o tempo de contribuição, a idade da pessoa e a expectativa de sobrevida. Em geral, o fator rebaixa o valor da aposentadoria. Dessa forma, os aposentados são incentivados a continuar trabalhando e contribuindo por mais tempo. O trabalhador também pode optar por se aposentar cedo, mas ganhando menos. Em 2015, o governo fez um novo complemento a esse regime. Com a Medida Provisória 676/2015, foi introduzida a fórmula 85/95, para as aposentadorias por tempo de contribuição. Vamos explicar essa fórmula: se uma mulher quiser se aposentar sem o fator previdenciário, ela precisa somar 85 anos entre anos de contribuição e sua própria idade. Se um homem quiser se aposentar sem o fator previdenciário, terá de atingir 95 anos nessa somatória. Se alguém quiser se aposentar sem ter atingido esses valores, terá o fator previdenciário aplicado ao seu benefício – desde que atingido o tempo de contribuição ou a idade necessária. Com essa regra, a idade ainda não é restringida, mas ficam mais difíceis as chances de uma pessoa se aposentar antes dos 50 anos de idade. Os valores dessa fórmula devem aumentar progressivamente até 2026, quando chega a 90-100. Isso, é claro, se uma reforma ainda mais profunda não for realizada agora. Com essas regras, a idade média com que as pessoas se aposentam no Brasil é algo em torno de 58 anos de idade, para uma expectativa de vida de praticamente 75 anos. 5 A IMPORTÂNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL PARA O MERCADO DE TRABALHO A previdência social foi no passado elemento importante no que se refere à definição da oferta de mão-de-obra no Brasil, beneficiando a estruturação do mercado de trabalho. Conforme foi se expandindo e com a organização dos trabalhadores e a sua mobilização por melhores condições de vida, diferentes segmentos de assalariados foram tendo acesso aos benefícios de aposentadoria. Existem hoje dois sistemas públicos de previdência social no Brasil: um destinado aos servidores com vínculo efetivo com a administração pública e mantido pelas entidades federativas (União, Estados, distrito Federal e Municípios), e outro, instituído em benefício dos trabalhadores da iniciativa privada, gerido por uma autarquia federal – o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), denominado Regime Geral de Previdência Social – RGPS. Ambos caracterizam-se por serem administrados pelo Estado, pela natureza institucional do vínculo mantido com os segurados, pela obrigatoriedade de filiação e pelo custeio obtido mediante cobrança de contribuições sociais. Segundo Sérgio Pinto Martins (2001, p. 296) é a previdência social segmento da seguridade social, composta por um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinados a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, objetivando proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, quando ocorrer as contingências previstas na lei. O autor destaca ainda que a previdência social não é autônoma, sendo seus princípios praticamente os mesmos da seguridade social. O caráter contributivo da previdência significa que quem não contribui não tem direito ao benefício proporcionado pelo regime geral. Os benefícios previdenciários buscam proteger duas partes: o segurado e os dependentes que são os beneficiários. Segurado é todo aquele que exerça atividade remunerada e contribua com a previdência social, sendo que aqueles que não exercem atividades remuneradas como, por exemplo, estudantes acima de 16 anos e donas de casa, podem contribuir facultativamente (SENAC, on line). Os segurados obrigatórios são todos os trabalhadores urbanos e rurais que exercem atividades remuneradas não sujeitas ao regime próprio da previdência social (dos servidores públicos) a partir dos 16 anos de idade. São eles: empregados com carteira assinada, domésticos, trabalhadores avulsos, contribuintes individuais (empresários e autônomos) e especiais (trabalhadores rurais em regime de economia familiar). São considerados dependentes preferenciais o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado menor de 21 anos ou inválido. Na ausência destes são considerados dependentes pais ou irmãos, desde que comprovada a dependência econômica (SENAC, on line). No Brasil, a previdência social é administrada pelo Ministério da Previdência Social, e as políticas referentes a esta área são executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). É natural que o trabalhador de baixa renda careça de maior atenção, pois o desamparo pode lhe custar a própria sobrevivência. Entretanto não se pode negar a natureza contributiva da previdência. Para atender os mais necessitados e que não podem contribuir, existe a assistência social, cuja função é preencher as lacunas deixadas pela previdência (IBRAHIM, 2006, p. 27). Sabe-se, todavia, que o sistema de seguridade social no Brasil é falho, e tem muito que avançar, tanto na previdência como na assistência e saúde. Quem perde com isso é a classe mais baixa, ou seja, aqueles que necessitam de maior proteção e amparo social, pois tem seusdireitos violados, vivendo muitas vezes em condições precárias. 5.1 O mundo do trabalho e a reforma previdenciária Dispõe o art. 201 da Constituição Federal que a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória e atenderá, nos termos da lei: a cobertura de eventos de doenças, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à gestante (art. 7º, XVIII); proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (art. 7º, II, da Lei Fundamental); pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes; salário-família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda (MARTINS, 2001, p. 297). Segundo Evilásio Salvador (2005, p. 7), a reforma da previdência social de 1998 trouxe implicações para o mercado de trabalho. Entre elas, pode-se citar: a troca de critério de tempo de serviço de contribuição; as regras de transição para a concessão de aposentadoria proporcional e o retardamento para a aposentadoria por tempo de contribuição; a adoção do fator previdenciário e o estabelecimento de um teto nominal para os benefícios. O autor destaca as principais alterações para trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), principalmente no setor privado: A transformação do tempo de serviço necessário para a aposentadoria em tempo de contribuição, respeitando o tempo mínimo de 30 anos para as mulheres e de 35 para os homens. A mudança do direito previdenciário do trabalhador torna-o mais estreitamente vinculado às efetivas contribuições vertidas para a Previdência, ficando, a princípio, mais difícil o recebimento da aposentadoria. A instituição da idade mínima de 48 anos para as mulheres e de 53 anos para os homens para a aposentadoria proporcional. O acréscimo no tempo de contribuição para os atuais segurados, de 40% sobre o tempo que lhes faltava para a aposentadoria proporcional, no dia 16/12/98. Sendo esse acréscimo 20% para a aposentadoria integral. Estabelecimento de um teto nominal para os benefícios no valor e a desvinculação desse teto do valor do salário mínimo. Apesar de a Constituição estabelecer o reajuste dos benefícios previdenciários de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real (art. 201, § 4º), não são fixadas regras operacionais quanto ao índice de preços para o reajuste, nem quanto à periodicidade do mesmo. Os benefícios acidentários são igualados aos benefícios comuns da previdência, em valores e carências. Dessa forma o trabalhador acidentado recebe o auxílio-doença por acidente de trabalho. Fim das aposentadorias especiais, que são aquelas em que o tempo de serviço ou de contribuição exigido é menor com relação ao dos demais trabalhadores. Só é admitida a aposentadoria especial dos professores de educação infantil, do ensino fundamental e médio e as dos trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde. As Emendas Constitucionais da reforma da previdência foram promulgadas pelo então presidente do Senado José Sarney, na manhã de 19 de dezembro de 2003, em sessão solene no Congresso Nacional. Contou com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, e do Ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini. Sarney na ocasião destacou ações conjuntas do Legislativo com o Judiciário, lembrando que o Judiciário foi ouvido durante a discussão da reforma e teve suas sugestões incorporadas a proposta (MPS, on line). A Emenda Constitucional nº. 41, de 19 de dezembro de 2003, modifica alguns artigos da Constituição Federal como o 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 e revoga o inciso IX do parágrafo 3º do art. 142 e dispositivos da emenda constitucional nº. 20, de 15 de dezembro de 1998. Foi dada uma atenção especial ao regime dos servidores públicos devido à insustentabilidade da maioria de suas regras de funcionamento, como a baixa idade mínima de aposentadoria e a falta de incentivos à permanência em atividade. A nova idade mínima de referência é 60 anos para homens e 55 para mulheres, sete anos a mais do que a idade antes vigente. Ela prevê abonos e incentivos ao servidor que adiar sua aposentadoria (MPS, on line). Alguns defendem que o aumento da expectativa de vida dos brasileiros faz com que os benefícios pagos pelo regime previdenciário tenham duração superior ao tempo de contribuição do trabalhador, comprometendo assim a sustentabilidade do regime. Para Fábio Zambitte Hibrahim (2006, p. 27) no que se refere à questão da inclusão previdenciária é extremamente séria, que a pela Lei nº. 10.666/03, fica determinada, a retenção da contribuição devida pelo contribuinte individual pela própria empresa que o remunera, a exemplo do que já ocorre com empregados e avulsos. Hibrahim destaca que quanto ao empregador doméstico este efetua o recolhimento de contribuição relativa a 12% incidente sobre o salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço (art. 24 da Lei nº.8.212/91). Já o produtor rural além do segurado especial apresenta outras duas espécies: o produtor rural pessoa física e o pessoa jurídica. Todos segurados obrigatórios do RGPS, sendo os dois últimos contribuintes individuais, sujeitando-se às regras de recolhimento da categoria (IBRAHIM, 2006, p. 199). Outro fator importante da reforma da previdência foi a redução no valor das aposentadorias concedidas pelo RGPS. Isto se dá por dois motivos: pela retirada do texto constitucional dos critérios de cálculos dos benefícios, substituídos pela adoção do fator previdenciário, considerando um período amplo para o cálculo do valor da aposentadoria, o que tende a reduzir o valor médio dos benefícios; a segunda alteração é a fixação do teto nominal dos benefícios desvinculado do salário mínimo, permitindo que o Ministério da Previdência e Assistência Social adote reajustes diferenciados entre o piso dos benefícios e as aposentadorias acima de um salário mínimo, que passaram a ter correção inferior ao reajuste do piso previdenciário. Vale destacar que o Decreto 6042 de 12/02/07 trata sobre a extinção da aposentadoria por tempo de contribuição. O art. 199-A traz que a partir da competência em que o segurado fizer opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, será a alíquota de contribuição de onze por cento sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de contribuição (M.P.S, online). I – do segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado; II – do segurado facultativo; e III – especialmente quanto às contribuições relativas à sua participação na sociedade, do sócio de sociedade empresária que tenha tido receita bruta anual, no ano- calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais). 5.2 Emendas Constitucionais e o direito adquirido dos aposentados De acordo com o professor José Afonso da Silva (2003, p. 19) antes da promulgação da Constituição de 1988 entendia-se que não havia direito adquirido contra norma constitucional. Hoje é necessário que se distingam normas constitucionais provenientes da atuação do poder constituinte originário – normas constitucionais originárias – e as normas constitucionais provenientes de emendas constitucionais – normas constitucionais derivadas. Para o professor o direito adquirido não precisa ser ressalvado pelas leis novas ou pelas emendas constitucionais para prevalecer. Sua intocabilidade decorre da regra constante do art. 5º, XXXVI. Ele prevalece havendo ou não ressalva a seu respeito (SILVA, 2003, p. 22). Terão direito adquirido à aposentadoria os servidores que preencherem os requisitos exigidospara usufruírem de seus benefícios até a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional nº. 41/2003. Valmir Pontes Filho (2003, p. 337), reflete sobre o verdadeiro conteúdo e alcance do instituto do direito adquirido, em confronto com o que de forma convencional chama-se expectativa do direito. O autor indaga, para, em seguida ele próprio responder: Romper ou mesmo modificar, unilateralmente, seja por amor a dogmas ou concepções doutrinárias estratificadas, seja em nome de suposto “interesse público”, a natureza de relações que se estabelecem, em dado tempo, por força de lei (no sentido lato da expressão), é ou não possível, desde que esse rompimento ou modificação não opere por lei nova? A resposta a essa indagação não pode ser dada, segundo nosso pensar, senão depois de considerados aspectos relevantes, que defluem do já invocado princípio da segurança das relações jurídicas1, sem o qual sequer se pode pensar em convivência social harmônica e civilizada (PONTES, 2003, p. 336). São garantidos os direitos adquiridos de aposentar-se segundo Marcelo Leonardo Tavares (2005, p. 66): 1 De que são manifestações pontuais os institutos do direito adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito. Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria voluntária integral, nos termos do art. 40, § 1º, III, a, da CRFB/88; Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria por invalidez permanente, integral ou proporcional, nos termos do art. 40, § 1º, I, da CRFB/88; Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria compulsória, proporcional ao tempo de contribuição, nos termos do art.40, § 1º, II, da CRFB/88; Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria voluntária proporcional, nos termos do art. 40, § 1º, III, b, da CRFB/88; Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria voluntária integral, nos termos da regra de transição do art. 8º da EC nº. 20/98 (que está sendo revogado pela EC nº. 41/2003); Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria voluntária proporcional, nos termos da regra de transição do art. 8º, § 1º, da EC nº. 20/98 (que está sendo revogado pela EC nº. 41/2003); Pensionistas dos servidores falecidos até a véspera da data da entrada em vigor da Lei nº. 10.887/2004. Dessa forma, entende-se que a previdência social consiste num conjunto de políticas sociais que tem por finalidade amparar e assistir o cidadão e sua família, sendo uma competência do poder público e também oferecida pelo setor privado, como previdência complementar ou previdência privada, devendo acima de tudo defender os interesses dos segurados. 6 CRISE NA PREVIDÊNCIA Diariamente, são veiculados na imprensa problemas financeiros enfrentados pela Previdência Social, que vão desde a sonegação por parte de quem deveria recolher as contribuições, até a outra ponta da linha, com a falência do modelo de repartição, falsas aposentadorias, desfalque do caixa previdenciário, redução do trabalho formal e das taxas de natalidade, o aumento da expectativa de vida e a diminuição da população. 6.1 Sistema de financiamento O sistema previdenciário brasileiro atual é formado por quatro segmentos. O primeiro é composto por um regime que atende ao setor privado, conhecido como Regime Geral de Previdência Social (RGPS). O segundo segmento corresponde ao sistema dos servidores públicos da União, conhecido como Regime Jurídico Único (RJU). O terceiro segmento reúne os diversos sistemas de servidores estatutários estaduais e municipais. O quarto segmento, de caráter privado e facultativo, é estabelecido pelos fundos de pensão 10 patrocinados por empresas privadas ou estatais (previdência complementar fechada) e pelas entidades abertas de previdência complementar (Giambiagi et al, 2000) O financiamento desses sistemas previdenciários, em geral, baseia-se em dois princípios essenciais: o de capitalização e o de repartição. De acordo com Gremaud, o sistema de repartição simples constitui-se em uma transferência direta de renda da população ativa para inativa, no regime de capitalização, as contribuições de um dado indivíduo vão sendo acumuladas e aplicadas, ou seja, é formado um fundo para momento em que ele se aposentar. Segundo Izerrougene (2009), no regime de repartição, viver mais tempo constituiria uma dificuldade, pois gerações mais numerosas de aposentados ficam à carga de uma geração cada vez mais reduzida de contribuintes. E no regime de capitalização, quanto houver mais contribuintes e quanto mais estes viverem para poupar, maior será o volume da poupança e maiores serão as condições de financiamento para investimentos e potencial do crescimento econômico. Izerrougene (2009) argumenta também que uma recessão afetaria ambos os sistemas, no regime de repartição haveria um desequilíbrio financeiro e reduziria a capacidade de poupança no conjunto dos assalariados. No regime de capitalização diminuiria os valores reais do ativos o que desencoraja a capitalização individual. Tendo-se em vista que o regime é de repartição, com as transferências da União cobrindo eventuais déficits, o sistema não entrará em falência, mas é permanentemente insolvente, pois quando há insuficiência de recursos para a cobertura dos compromissos, ou se recorre a aumentos nas contribuições (aumentos de alíquotas, elevação de teto de contribuições e novas bases de contribuição) ou se recorre aos recursos da União. 6.2 Aspectos demográficos Nos últimos anos, observa-se como há uma queda das taxas de fecundidade, aumento da longevidade e o aumento do número de idosos na população, o que significa um aumento no número de futuros beneficiários do sistema previdenciário. O fator demográfico é atualmente um dos principais fatores, para reformular o Regime Previdenciário Brasileiro. Pelos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, Censo 2010), pode-se observar que atualmente, a taxa de fecundidade do país, ou seja, a quantidade de filhos que cada brasileira gera, em média, chegou a 1,9 em 2010 bem inferior ao Censo de 2000, que era de 2,38 filhos por mulher. Taxa de Fecundidade total – Brasil – 1940/2010 Outro aspecto que se observa é o aumento da expectativa de vida, devido à melhoria das condições de vida. Segundo números divulgados pelo IBGE em 2011, a esperança de vida ao nascer no Brasil era de 74 anos enquanto que em 2010 era de 73 anos. Esperança de Vida ao nascer e Taxa de mortalidade infantil De acordo com IBGE (2010), nos próximos 20 anos, deverá ser mantida a tendência das últimas décadas de declínio da população, com aceleração do envelhecimento populacional. As pirâmides populacionais brasileiras apontam significativas mudanças na estrutura etária, com o progressivo incremento da população com mais de 60 anos. Conforme a projeção do IBGE (2010) observa-se claramente o estreitamento gradual da base da pirâmide demográfica e o alargamento de seu topo entre 1980 e 2021, refletindo os efeitos da redução da proporção da população jovem em relação ao total e o aumento gradativo da população com idade avançada. A cada ano cresce o número de aposentados no país, enquanto a quantidade de pessoas na ativa, contribuindo para o sistema previdenciário, não avança na mesma velocidade. Composição absoluta da população, por idade e sexo no Brasil – 1980- 2050 Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 - Revisão 2008. Essas estimativas revelam-se alarmantes, já que os trabalhadores de hoje contribuem para possibilitar o pagamento dos trabalhadores de ontem, que agora estãoaposentados. Por sua vez, os trabalhadores atualmente ativos terão, no futuro, quando passarem a inatividade, suas aposentadorias financiadas pelos trabalhadores futuros. E com o envelhecimento populacional e queda na taxa de fecundidade há uma diminuição no número de contribuintes, e ao mesmo tempo, há um aumento no número de benefícios previdenciários. 6.3 Mercado de trabalho e informalidade A limitada cobertura é um dos principais problemas do sistema previdenciário. Segundo dados do MPS (2013), das 84,39 milhões de pessoas com idade entre 16 e 59 anos ocupadas, somente 56,575 milhões (67,0%) estão socialmente protegidas. Mais de 27,81 milhões de pessoas, o que corresponde a cerca de 33,0% da população ocupada total, não estão protegidas por qualquer tipo de seguro social. Da população que não está protegida, cerca de 13,15 milhões estão à margem do sistema porque não têm capacidade contributiva, pois possuem rendimento inferior a 1 salário mínimo ou não têm remuneração, o que dá a entender que a maior parte do problema da cobertura previdenciária é explicada por razões estruturais relacionadas com a insuficiência de renda. Os demais 14,13 milhões de trabalhadores que ganham um salário mínimo ou mais e não estão associados à previdência são na maioria trabalhadores sem carteira assinada, autônomos e domésticos inseridos em atividades informais nos setores de comércio, construção civil e serviços. Proteção previdenciária para a população ocupada entre 16 e 59 anos Fonte: SPPS/MPS, (2013). A combinação do aspecto demográfico de uma população relativamente jovem, mas em acelerado de envelhecimento, com o perfil de mercado de trabalho definido por uma baixa cobertura previdenciária é alarmante para a presente e para as próximas gerações. Tem ocorrido gradativamente à diminuição da base contributiva, o que aumenta a situação deficitária em que se encontra o sistema previdenciário. 6.4 Soluções a curto prazo Um dos grandes problemas evidenciados na Previdência Social é a má gestão dos recursos, isso é crasso. No ponto de vista técnico, destaca se quatro itens de suma importância para o bom funcionamento da Seguridade Social: 1- Implantação de gestão eficiente do ponto de vista financeiro. 2- Acabar com os privilégios dos Políticos, Desembargadores, Procuradores, Membros do Ministério Público que possuem aposentadoria muito acima do teto. 3- Acabar com a Desvinculação das receitas pertencentes a Seguridade Social, o DRU, que hoje está em 30% das receitas. 4- Execução das dívidas das grandes empresas com a Previdência Social. A Seguridade Social é superavitária, o grande problema é a Previdência Social, mas a receita da que entra da para tapar o dito "Rombo" a curto e médio prazo, enquanto não se realiza uma reforma mais abrangente. Seguridade Social = Previdência Social, Saúde, Assistência Social. Tecnicamente existe um desequilíbrio nas contas da Previdência Social, déficit, isso é fato, mas as contas da Seguridade, com base nos artigos 194 e 195 da CF, são Superavitárias, sem os 30% do DRU que é retirado, portanto a questão principal são os itens acima citados, claro que a população está envelhecendo, mas a reforma não tem que ser a toque de caixa, tem que ser bastante estudada e vendo principalmente as diferenças existentes entre as regiões do país. Essa reforma nos termos que está sendo apresentada, só beneficiará os donos das previdências Privadas, levando a uma deterioração da Previdência Pública em detrimento da Previdência Privada. 7 PROPOSTA ORIGINAL DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA Idade mínima Esta é a principal mudança que pode ser promovida por essa reforma da previdência. O Brasil é um dos poucos países do mundo que não estabelecem uma idade mínima para a aposentadoria. Até existe uma aposentadoria por idade (mínimo de 65 anos para homem e 60 anos para mulher, desde que tenham contribuído por pelo menos 15 anos), mas para a maioria serve a aposentadoria por tempo de contribuição (vale atualmente a fórmula 85/95, que demanda pelo menos 30 anos de contribuição). O governo propôs a adoção da idade mínima de 65 anos tanto para homens, quanto para mulheres. Tempo mínimo de contribuição de 25 anos Além de fixar uma idade mínima para aposentadoria, a proposta original feita pelo governo ainda aumentava o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos, tanto para homens, quanto para mulheres. Hoje, o trabalhador pode se aposentar por idade aos 65 anos, se tiver contribuído por pelo menos 15 anos para o INSS. Benefício integral apenas após 49 anos de contribuição A reforma original incluía também a previsão de que o aposentado receberia o equivalente a 51% do benefício a que tem direito, mais um ponto percentual por ano de contribuição. Como o tempo mínimo de contribuição passaria a ser de 25 anos, um aposentado recebe pelo menos 76% do benefício. Esse valor aumentaria um ponto a cada ano adicional trabalhado, até chegar a 100% aos 49 anos. Servidores públicos Parte dos servidores públicos se aposentam sob condições diferentes daquelas do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). O quadro efetivo da União, Estados, Municípios e Distrito Federal podem aderir ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Os servidores públicos têm direito a receber aposentadoria com base em seu salário integral, sob algumas condições. A primeira é trabalhar no mínimo dez anos no serviço público. A segunda, trabalhar há pelo menos cinco anos no último cargo. Finalmente, é preciso também alcançar idade e tempo de contribuição mínimos: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição, no caso dos homens, e 55 anos de idade mais 30 de contribuição no caso de mulheres. Com 65 anos, podem se aposentar com benefício proporcional ao tempo de contribuição. A reforma da previdência apresentada por Temer propõe a convergência das condições para a aposentadoria desse grupo com a dos trabalhadores do regime geral. Dessa forma, trabalhadores do setor público também passarão a se aposentar apenas a partir de 65 anos de idade e a ter benefício no máximo equivalente ao teto da previdência. Os servidores públicos que quiserem receber benefício superior ao teto devem aderir a um regime de previdência complementar. Pensões As regras para pensão por morte já haviam sido parcialmente alteradas em 2015, ainda no governo Dilma. Antes da Medida Provisória 664/2014, a pensão por morte era concedida ao cônjuge sem exigir um tempo mínimo de relacionamento. Agora, é preciso comprovar que a união estável já durava pelo menos dois anos. A intenção é coibir a prática de relacionamentos armados com pessoas que estão prestes a morrer. Além disso, a pensão vitalícia passou a ser concedida apenas para os cônjuges com mais de 44 anos de idade. Assim, cônjuges viúvos considerados jovens não têm direito a receber o benefício pelo resto da vida. A proposta do governo para as pensões por morte incluía: Taxa de reposição de 50%: o valor da pensão recebida cairá pela metade; Adicional de 10% para cada dependente: se uma viúva possui um filho, por exemplo, receberá 60% do valor anterior da pensão. Se tiver cinco filhos, receberá 100% do valor da pensão. Detalhe: assim que o dependente atingir a maioridade, os 10% adicionais são cortados. Desvinculação do ajuste pelo salário mínimo: as pensões por morte recebem o mesmo ajuste anual do salário mínimo, que costuma receber ganhos reais. Agora, os reajustes devem apenas cobrir a inflação. Proibição do acúmulo de benefícios O governo propôs que nenhum beneficiário poderia receber simultaneamente dois ou maisbenefícios da Previdência. Por exemplo: não seria mais possível receber pensão por morte e aposentadoria. O beneficiário receberá apenas o benefício de maior valor. A nova proposta, porém, permite o acúmulo se a pensão por morte for inferior a dois salários mínimos. Uniformidade das regras para homens e mulheres Hoje, as mulheres podem se aposentar cinco anos mais cedo do que os homens, tanto no regime por idade, quanto no regime por tempo de contribuição. Por outro lado, mesmo se aposentando mais cedo, elas vivem em média mais tempo do que os homens. A reforma apresentada por Temer uniformiza as regras: tanto homens quanto mulheres devem se aposentar aos 65 anos, com tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Isso não se manteve na nova proposta apresentada na Câmara. Aposentadoria rural: mesmas regras O governo também propõe que as regras para aposentadoria dos trabalhadores rurais sejam as mesmas dos trabalhadores urbanos. Hoje, trabalhadores do campo se aposentam como segurados especiais do INSS, com 55 anos (mulheres) e 60 anos (homens) e precisam contribuir por 15 anos de trabalho no campo. Essa contribuição é feita pela cobrança de uma alíquota de 2,3% sobre a produção comercializada do trabalhador rural. Com a reforma da previdência, eles podem passar a contribuir individualmente para o INSS e ficar sujeitos às mesmas regras do regime geral: mínimo de 65 anos de idade e 25 anos de contribuição. Por outro lado, teriam uma alíquota diferenciada das demais categorias. Regras para policiais, bombeiros e militares Policiais civis e federais devem passar a cumprir as novas regras do regime geral. Já policiais e bombeiros militares, que a princípio seriam afetados pela reforma, foram removidos da proposta e não precisarão cumprir as regras do regime geral. Finalmente, os militares não serão afetados pela reforma da previdência. As regras para essa categoria serão tratadas em outra lei. Parlamentares A proposta original inclui parlamentares das esferas federal, estadual e municipal. Hoje, nossos deputados federais e senadores contribuem para o sistema próprio do Congresso. As regras de transição dos parlamentares dependem de regras de cada jurisdição (na esfera federal, para deputados federais e senadores; nos estados, para deputados estaduais; e nos municípios, para os vereadores). REGRA DE TRANSIÇÃO ORIGINAL Sempre que as regras da previdência são alteradas, entra em discussão uma questão bastante complicada: para quem as novas condições devem valer? É justo que milhares de pessoas que planejaram sua aposentadoria de acordo com um conjunto de regras antigo seja obrigado a mudar planos por causa de uma mudança repentina determinada pelo governo? É aí que entra a questão do direito adquirido, uma garantia prevista no artigo quinto, inciso XXXVI da Constituição. A interpretação que se dá no caso de reforma da previdência é que todos os atuais aposentados e pensionistas possuem direito adquirido e por isso não podem ser prejudicados por novas mudanças. Além disso, todos aqueles que já poderiam ter se aposentado, mas por algum motivo decidiram continuar a trabalhar, também possuem direito adquirido. Estes continuarão a ter direito aos mesmos benefícios que já têm hoje. Todos os demais contribuintes, porém, não teriam esse direito e por isso estariam submetidos às mudanças da reforma da previdência. A exceção será um grupo restrito, que ficará submetido a regras de transição. Essas regras suavizam o impacto da reforma para aqueles que estão próximos de se aposentar. A regra de transição originalmente proposta seria aplicada a homens com mais de 50 anos de idade e mulheres com mais de 45 anos de idade. Basicamente, o trabalhador nessa faixa etária deve continuar na ativa por mais metade do tempo que lhe faltava para se aposentar pelas regras antigas. Por exemplo: uma mulher com 46 anos e 28 anos de contribuição se aposentaria dentro de dois anos. Agora, terá de trabalhar por um ano a mais – ou seja, faltarão três anos para ela se aposentar. O benefício, porém, deve ser concedido de acordo com o novo cálculo (51% do benefício integral + 1% por ano trabalhado). No exemplo da mulher citada acima, ela se aposentaria com 31 anos de contribuição. Logo, teria direito a 82% do valor do benefício integral. 8 NOVA PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA Idade mínima Em vez de 65 anos para todos, a nova idade mínima será de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. Até 2020, porém, a idade mínima seria de 55 anos para homens e 53 anos para mulheres, observadas as condições das regras de transição (veja próxima seção). A idade mínima passaria a aumentar a partir de 2020. A cada dois anos, será acrescido mais um ano para a idade tanto de homens, quanto de mulheres. Essa progressão acabaria em 2036 para as mulheres, na idade de 62 anos, e em 2038 para os homens, na idade de 65 anos. Tempo de contribuição Os trabalhadores do setor privado poderão se aposentar com 15 anos de contribuição, mas não receberão 100% da aposentadoria. A primeira versão previa 25 anos de contribuição. Nesse caso, a aposentaria será equivalente a 60% dos salários de contribuição do período. Para se aposentar com 100% será preciso cumprir 40 anos de contribuição à Previdência. Transição A regra de transição original previa pedágio de 50% do tempo de contribuição restante. Entravam na regra mulheres com 45 anos ou mais e homens com 50 anos ou mais. A nova versão da reforma não impõe idade mínima para ingressar na transição. Além disso, o contribuinte precisa cumprir 30% de pedágio sobre o tempo de contribuição que resta para alcançar a aposentadoria por tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para homens). Por outro lado, é preciso respeitar a nova idade mínima, que começa aos 53 anos (mulheres) e 55 anos (homens) e aumenta a partir de 2020. Por exemplo: um homem de 52 anos precisa de mais 5 anos para completar 35 anos de contribuição. Pela regra de transição, ele terá de trabalhar um ano e meio a mais para se aposentar por tempo de contribuição, totalizando 6 anos e meio (ainda assim, terá de observar a idade mínima vigente nesse momento). Cálculo do benefício A nova proposta muda também a forma de cálculo do benefício. Se na proposta original, o trabalhador atingiria o benefício integral após 49 anos de contribuição, agora são exigidos 40 anos. Pela proposta original, um trabalhador com 65 anos de idade e 25 anos de contribuição receberia 51% da média de todos os salários desde 1994, mais 1% por ano de contribuição. Pela nova proposta: receberá 70% da média ao atingir os 25 anos de contribuição; 1,5% a mais para cada ano acima dos 25 anos; 2% a mais a cada ano acima de 30 anos; e 2,5% a mais para cada ano acima de 35 anos, até atingir 100% aos 40 anos. Em suma, o aposentado começará recebendo menos do que na proposta original (70%, no lugar de 76%). Por outro lado, atingirá o benefício integral nove anos mais cedo. Muito importante: a regra não vale para quem receber um salário mínimo de benefício! Estes terão garantido o benefício integral, já que as aposentadorias não podem ser inferiores ao mínimo. Professores e policiais O governo Temer propôs a convergência total das condições para a aposentadoria dos servidores públicos com a dos trabalhadores do regime geral (excetuando os militares, policiais militares e bombeiros). Mas, pela nova proposta, pelo menos dois subgrupos de servidores poderão se aposentar em condições diferenciadas. Dos professores será exigida idade mínima de 60 anos mais 25 anos de contribuição, com regra de transiçãodiferenciada. Já os policiais da esfera federal poderão se aposentar com idade mínima de 55 anos e 25 anos de contribuição, dos quais 20 deverão ser em “atividades de risco”. Pensões por morte A nova proposta recua nas mudanças para pensões por morte. Continua a medida de conceder apenas 50% do valor do benefício, mais 10% por dependente do pensionista. Entretanto, dois pontos foram alterados: o primeiro é que o benefício poderá ser acumulado com aposentadoria, se o valor da pensão for menor ou igual a dois salários mínimos. Caso a pensão seja superior a dois salários mínimos, o segurado deverá escolher o benefício de maior valor. O segundo é que a pensão continuará a ser ajustada de acordo com o salário mínimo (a proposta original retirava essa vinculação). Viúvas de policiais mortos em combate O novo texto apresentado prevê que esposas e maridos de policiais federais, rodoviários federais, legislativos e civis mortos durante atividade de combate terão direito a receber a pensão com o mesmo valor que seus companheiros e companheiras teriam direito de aposentadoria. O valor do benefício vai depender da data de entrada do policial no serviço público. A nova regra, se aprovada, não beneficiará agentes penitenciários e policiais militares. Esta última categoria não foi incluída na reforma em discussão, assim como integrantes das três Forças Armadas e bombeiros. Aposentadoria rural Os trabalhadores rurais passariam a cumprir as mesmas regras do regime geral, pela proposta original do governo. Agora, o relator da comissão especial propõe que eles possam se aposentar com mínimo de 60 anos (homens) ou 57 anos (mulheres) e 15 anos de contribuição (mesmo tempo de contribuição já exigido hoje). Além disso, a contribuição dos trabalhadores rurais será por meio de uma alíquota equivalente a 5% do salário mínimo. Parlamentares Segundo a proposta do governo, os deputados federais e senadores brasileiros passariam a cumprir as regras do regime geral (65 anos e 25 de contribuição), com transição específica a ser definida depois da aprovação da reforma. O substitutivo de Arthur Maia mantém as condições atuais para os segurados do regime dos congressistas: 60 anos de idade mínima e 35 de contribuição. Essa idade aumentaria progressivamente a partir de 2020 até alcançar 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres). Também está prevista a aplicação da regra de transição (30% de pedágio sobre o tempo de contribuição restante). Os demais parlamentares, não vinculados ao regime dos congressistas, entrariam imediatamente no regime geral. Benefício de prestação continuada (BPC) Pela proposta original, o benefício de prestação continuada não seria mais ajustado de acordo com o salário mínimo. Além disso, a idade mínima para ter direito passaria a ser 70 anos (hoje são 65). A ameniza essas condições: a vinculação com o salário mínimo será mantida, mas a idade mínima subirá a partir de 2020 até alcançar 68 anos. 9 PREVIDÊNCIA E O ROMBO DAS FORÇAS ARMADAS O rombo da Previdência dos militares cresce mais rápido que o da aposentadoria dos servidores civis. E o déficit por beneficiário nas Forças Armadas é bem maior que o de qualquer outro regime administrado pela União. Hoje há cerca de 300 mil militares inativos e pensionistas das Forças Armadas. É pouca gente, perto do número de beneficiários do INSS (quase 34 milhões) e do total de pensionistas e aposentados civis do serviço público federal (633 mil). Apesar do pequeno contingente, quase metade do rombo da Previdência dos servidores da União vem das Forças Armadas. O saldo negativo chegou a R$ 34 bilhões no ano passado, ou R$ 113 mil por beneficiário – o maior déficit per capita de todos os regimes administrados pela União. Entre os servidores civis, o déficit por pessoa foi de R$ 68 mil. No INSS, de pouco mais de R$ 4 mil. O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, ante R$ 6,25 mil no INSS. Embora tenham um peso maior, os militares ficaram de fora da reforma da Previdência que está em discussão. O rombo na Previdência atingiu a marca recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017 – ano marcado por sucessivos adiamentos na votação da reforma proposta pelo governo para endurecer as regras de aposentadoria e pensão no País. O déficit é 18,5% maior que o de 2016 e inclui os regimes do INSS e dos servidores da União. Os dados foram revelados na segunda-feira (22) pelo governo e mostram que a Previdência dos servidores segue tendo um peso maior nas contas proporcionalmente. A participação de um militar federal nesse rombo, por exemplo, tem é 16 vezes maior que a de um segurado do INSS. O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, ante R$ 6,25 mil no INSS. Entre os servidores civis da União, a necessidade de financiamento do rombo também é mais elevada, de R$ 66,2 mil. Embora tenham um peso maior, os militares ficaram de fora da reforma que está em discussão. Os dados foram calculados com base no déficit de 2017 e no número de beneficiários de 2016, que são os mais recentes sobre a quantidade de benefícios em todos os regimes. 9.1 Projeto de reforma da Previdência dos militares havia sido prometida O Planalto discute as novas regras de aposentadoria desde a posse de Temer, em maio de 2016. No início, o objetivo declarado era o de igualar as regras para todos: homens e mulheres, rurais e urbanos, funcionários do setor privado e servidores públicos, civis e militares. Aos poucos, pressionado por diferentes corporações, o governo foi abrindo exceções e desmoralizando o discurso de reforma igualitária. As lacunas desacreditam até a nova retórica da publicidade oficial, que fala em combate a privilégios. Quando a PEC 287 chegou ao Congresso, há pouco mais de um ano, Temer prometeu enviar em seguida um projeto de lei para atualizar também as regras das Forças Armadas. Não enviou, e não toca no assunto há muito tempo. Em abril deste ano, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegou a anunciar que a proposta seria apresentada no mês seguinte, trazendo ajustes como a definição de uma idade mínima de aposentadoria e a ampliação do tempo de serviço. Nada feito. O Ministério da Defesa disse estar “trabalhando intensivamente” na reestruturação das Forças Armadas e da carreira militar. Mas afirmou que o trabalho é complexo e não tem data para terminar. 9.2 Reforma da Previdência “A ausência dos militares é a mais sentida, e prejudica fortemente o argumento de que a reforma é para todos. Eles são regidos por um arcabouço legal diferente, mas também deveriam dividir os custos”, diz Luis Eduardo Afonso, professor de Economia da USP. O ex-secretário de Políticas de Previdência Social Leonardo Rolim, que é consultor de Orçamento na Câmara dos Deputados, acredita que o governo vai encaminhar um projeto, para cumprir o que prometeu. “Mas só depois das eleições”, diz. 9.3 Regras próprias: aposentadoria precoce e benefício integral Hoje os militares passam à inatividade após 30 anos de serviço, com benefício integral, independentemente da idade. Em alguns casos, parte desses 30 anos é fictícia: cada ano trabalhado em postos de fronteira dá direito a quatro meses adicionais na contagem. A aposentadoria precoce também é favorecida pelos limites de idade para alcançar determinados postos, que mandam para a reserva – compulsoriamente – o militar que não for promovido a tempo. Regras como essas ajudam a explicar por que 55% dos militares que passaram à reserva em 2016 tinham entre 45 e 49 anos, segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).Algumas normas ficaram mais rígidas depois de uma reforma promovida no governo FHC, mas as aposentadorias dos militares ainda vão drenar os cofres públicos por décadas. Até 2001, o militar era promovido de posto no momento em que passava para a reserva, o que fazia o valor de seu benefício ser maior que a última remuneração recebida na ativa – uma espécie de aposentadoria integral turbinada. A famigerada pensão vitalícia para as filhas só vale para quem ingressou na carreira até 2000 e passou a pagar uma contribuição adicional de 1,5%, além da alíquota obrigatória de 7%. Mas benefícios desse tipo ainda serão pagos pelo Tesouro até a segunda metade do século. O Ministério da Defesa sustenta que as leis são diferentes para os militares porque, ao contrário dos outros trabalhadores, eles não têm direito à greve, à sindicalização e à filiação a partidos políticos. Também não recebem hora extra, adicional noturno ou de periculosidade, o que gera uma economia de R$ 21 bilhões por ano à União, segundo a pasta. “Não há como comparar os militares com os civis, mas podemos compará-los com os militares de outros países. E as nossas regras são as mais benevolentes”, rebate Rolim, da consultoria de Orçamento da Câmara. “Nos Estados Unidos, por exemplo, o militar pode até parar cedo, mas não ganha aposentadoria integral. Se contribui por 30 anos, tem direito a 60% do soldo”, diz. 9.4 Militar se aposenta? O tema da aposentadoria é tão sensível nas Forças Armadas que elas rejeitam até mesmo esse termo. Alegam que militar não se aposenta, mas sim que passa à reserva, onde pode ser mobilizado a qualquer momento. Uma situação incomum em tempos de paz: entre 2012 e 2016, foram reconvocados, em média, apenas 246 militares da reserva por ano. A rigor, a aposentadoria militar existe, ainda que com outro nome. Após determinada idade, que varia de 56 anos para praças a 68 anos para oficiais-generais, quem está na reserva é reformado e, aí sim, dispensado definitivamente. 10 COMO FICARÁ A REFORMA DA PREVIDENCIA SE APROVADA O tempo mínimo de contribuição de 40 anos da previdência. Na pratica será bem maior porque está amarrado com a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres. A Reforma da previdência prejudica muito mais as mulheres, porque aumenta de imediato o tempo de contribuição de 30 anos para 40 anos e, das professoras de 25 para 40 anos. A Reforma da Previdência vai obrigar as professoras a contribuir 40 anos. Não haverá regras de transição, ou seja, uma professora que falta um mês para se aposentar terá que trabalhar mais 15 anos. Uma professora do ensino infantil que começou a trabalhar com 22 anos, com a idade mínima e o gatilho demográfico da reforma, terá que ficar 44 anos na sala de aula, ou seja, 19 anos a mais do que os 25anos exigidos hoje. A proibição do acumulo de pensões vai atingir também os casais aposentados atuais, que perderão o direito de acumular e receber a pensão integral se algum deles falecer depois da reforma. Se o marido recebe 3 mil e a esposa recebe 2 mil se ele vier a falecer, atualmente ela recebe 5 mil. Na nova regra ela terá que escolher entre a sua própria pensão ou 60% da pensão do marido(R$1800,00). Ou seja, ela optará por ficar com 2 mil. Com a Reforma da Previdência, quem trabalha no escritório, na construção civil, ou na roça terá que trabalhar em media 49 anos e contribuir no mínimo 40 anos para receber a pensão integral. Um pedreiro que comece a trabalhar com 16 anos vai se aposentar com 69 anos, depois de 53 anos de batente. Serão 49 anos para chegar aos 65 anos e mais 4 anos do gatilho demográfico. Na zona rural vai ser como na cidade. Um jovem que comece a trabalhar com 16 anos vai se aposentar depois de 53 anos na roça, com 69 anos de idade. O trabalhador rural não terá mais o beneficio de trabalhar 5 anos a menos que o urbano. Com a reforma, todos trabalharão o mesmo tempo para receber a pensão integral. Além da idade mínima igual, os trabalhadores rurais terão que comprovar 15 anos de contribuição. Atualmente é necessário comprovar apenas 15 anos de atividade. 3 CONCLUSÃO A previdência social faz parte do sistema de proteção social juntamente com a assistência social e a saúde, é de caráter contributivo e visa a proteger o segurado e seus dependentes. Muito se tem falado sobre a reforma da previdência, que apresentam aspectos positivos e negativos. O presente trabalho teve por objetivo destacar alguns fatores relevantes referentes à previdência enfatizando os militares. Não foi pretensão abranger profundamente a matéria, por ser esta ampla e complexa. Destacou-se a influência das reformas principalmente para a classe trabalhadora. Há uma tendência de que a reforma da previdência esteja incentivando a permanência do trabalhador por mais tempo em atividade no mercado de trabalho. Isso ocorre em virtude de critérios mais rígidos para a aposentadoria. Inúmeros privilégios ficaram de fora dessa reforma , fazendo com que a conta venha cair no colo dos menos afortunados. Percebe-se que há uma falta de esclarecimento sobre o assunto. Muitos não tem acesso a informação, e mesmo aqueles que o tem ficam em dúvida, devido a complexidade e constantes mudanças que ocorrem na previdência. Torna-se necessário uma maior clareza e transparência, para que o cidadão tenha o conhecimento necessário sobre os seus direitos e até que ponto estão sendo os mesmos respeitados. Seguridade Social = Saúde, Assistência Social, Previdência Social, a conta é única e não separada. Os Artigos 194 e 195 da CF assegura a contribuição de trabalhadores e empresas mais as contribuições sociais COFINS, CSLL, PIS/PASEP. O grande problema é que o governo desvincula, retira (DRU) 30% para pagar a Divida pública, mas isso não é dito de forma clara a sociedade. Segundo dados oficiais, houve crescimento significativo do rombo nas contas da previdência. Em 2013, o déficit da previdência equivalia a 0,9% do PIB; em 2016, chegou a 2,4% do PIB (R$ 149 bilhões). Esse aumento forte e rápido se explica pela crise econômica deflagrada em 2015, que aumentou o desemprego, diminuindo o número de contribuintes. O peso dos gastos previdenciários no orçamento também é considerado muito grande: 27% das despesas do governo foram destinadas para pagar os seus benefícios. O Envelhecimento da população brasileira, o Brasil aos poucos passa de um país de jovens para um de idosos. Conforme a expectativa de vida aumenta e a taxa vegetativa da população diminui, chegaremos em breve a um cenário de muitos trabalhadores inativos sustentados por poucos trabalhadores ativos. Assim, uma reforma da previdência é vista como inevitável, assim como foi em outros países em todo o mundo nas últimas décadas. A saída são ajustes pontuais, dispondo de instrumentos constitucionais e legais já existentes. Na previdência dos servidores públicos só há uma saída: a capitalização dos regimes próprios. Sem possibilidade de aumentos expressivos do número de servidores - pela não necessidade, já que o Estado brasileiro deve se limitar às atividades essenciais, e pelas limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal, não há como se manter o financiamento por repartição simples, no qual os servidores em atividade, em número cada vez menor, financiam os aposentados e pensionistas, em número cada vez maior. Assim, a estratégia de segregação da massa, que prevê que todos os futuros servidores, e talvez os mais jovens, tenham suas aposentadorias financiadas por um regime financeiro que acumule as suas e as contribuições dos entes federados em fundos decapitalização é a única saída para evitar o colapso. O equilíbrio financeiro e atual pagaria de aposentadoria exatamente o que se poupou de contribuições, sem ter de se recorrer aos Tesouros para cobrir déficits como os existentes hoje. Só receberá a integralidade quem contribuir para ela. Contudo temos que ter clareza dos fatos e perceber que a Reforma da Previdência tem que ocorrer para o próprio bem da saúde financeira dos brasileiros, mas não da forma como está sendo imposta, é necessário um maior aprofundamento das questões primordiais e um dialogo entre os trabalhadores, políticos e estudiosos sobre o assunto, afim de chegar a um consenso do que é melhor para a sociedade, sem que uma classe seja beneficiada em detrimento da outra, onde todos ganhem e também paguem pelo ônus igualitariamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDRE, Douglas. A Crise da Previdência Social e a Nova Reforma Previdenciária. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, 2008. BATICH, Mariana. Previdência do trabalhador: uma trajetória inesperada. São Paulo. 2004. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_. BACEN (Banco Central do Brasil). Dívida Líquida e Necessidade de Financiamento do Setor Público. Brasília: BACEN, 1998. Disponível em<http://www.bcb.gov.br/?PUBDIVIDA>. 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