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ARTIGO SOBRE REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E OS MILITARES (2)

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REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E OS MILITARES 
Gilbertson Farias de Carvalho Júnior 
 
RESUMO: 
O objetivo deste estudo é analisar a atual situação do sistema de previdência social no 
Brasil, evidenciando os problemas por ele enfrentado. A partir destes, procura-se 
debater sobre suas principais causas e possíveis soluções, enfatizando a urgência de uma 
reforma previdenciária e de medidas que diminuam o déficit, como essenciais para que 
a previdência deixe de ser o maior problema fiscal do país. A necessidade de uma ampla 
reforma do sistema de seguridade social no Brasil traz consigo um amplo debate acerca 
do formato que deve assumir a previdência social no país. A grave situação do sistema 
previdenciário deu origem a um enorme número de propostas e a um intenso debate 
entre reformas paramétricas e estruturais. 
A presente pesquisa visa a destacar a relevância da Reforma previdência social que faz 
parte do sistema de seguridade social, tendo um foco mais objetivo no que concerne aos 
militares e seus desdobramentos frente a outras categorias. Embora seja de caráter 
contributivo e cheia de princípios e regras, embasado principalmente nos artigos 194 e 
195 da Constituição Federal, é de extrema importância para que o trabalhador sinta-se 
seguro em relação ao futuro. Foram muitas mudanças, Emendas, que trouxeram 
vantagens e desvantagens à classe trabalhadora. A dificuldade ainda é maior 
considerando que o assunto é complexo e falta informação e transparência nas decisões. 
Este artigo traz, de forma técnica, além da importância da previdência social para os 
trabalhadores brasileiros, algumas implicações resultantes da possível reforma e como 
ficará cada categoria caso a presente afirmativa de aprovação por parte dos legisladores 
seja concretizado. 
Palavras-Chave: Previdência Social; Militares; Reforma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT: 
 
The objective of this study is to analyze the current situation of the social security 
system in Brazil, highlighting the problems it faces. From these, it is sought to discuss 
its main causes and possible solutions, emphasizing the urgency of a social security 
reform and measures that reduce the deficit, as essential for social security to stop being 
the biggest fiscal problem of the country. The need for a comprehensive reform of the 
social security system in Brazil brings with it a wide debate about the format that social 
security should assume in the country. The serious situation of the pension system has 
given rise to a huge number of proposals and an intense debate between parametric and 
structural reforms. The present research aims to highlight the relevance of the Social 
Security Reform that is part of the social security system, having a more objective focus 
on the military and its unfolding against other categories. Although it is contributory 
and full of principles and rules, based mainly on articles 194 and 195 of the Federal 
Constitution, it is extremely important for the worker to feel secure about the future. 
There were many changes, Amendments, that brought advantages and disadvantages to 
the working class. The difficulty is still greater considering that the subject is complex 
and lack information and transparency in the decisions. This article brings, in a 
technical way, besides the importance of social security for Brazilian workers, some 
implications resulting from the possible reform and how each category will be if this 
affirmation of approval by the legislators is fulfilled. 
Key-words: Social Security; Military; Reform. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
A previdência social é um segmento da seguridade social que compreende previdência 
social, saúde e assistência social, baseados nos Artigos 194 e 195 da constituição. 
Destinado a estabelecer um sistema de proteção social mediante contribuição, que 
objetiva proporcionar meios de subsistência ao segurado e sua família quando 
necessário. Diferentemente da assistência social não é a previdência um programa de 
proteção gratuito, mas um verdadeiro seguro cujas regras estão previstas na lei. Não se 
trata de um de sistema no qual contribui quem quer; pois a adesão tem previsão legal e 
natureza de exigência tributária. O Sistema previdenciário brasileiro é composto por 4 
blocos: o INSS, o sistema dos Servidores do Governo Central, os diversos sistemas dos 
servidores estatuários estaduais e municipais e os fundos de pensão de empresas 
privadas ou estatais (Giambiagi, 2004). O Sistema de Previdência Social Brasileira, que 
compreende o Regime Geral de da Previdência Social ( gerido pelo INSS) e os Regimes 
Previdenciários dos Servidores Públicos, é hoje de filiação compulsória para todos os 
trabalhadores assalariados e autônomos. Devido ao desequilíbrio no sistema 
previdenciário o governo está propondo, outra reforma da Previdência Social, por meio 
da PEC 287/16. Foram mencionados aspectos relevantes da previdência social, bem 
como, da reforma previdenciária de forma geral, por se tratar de matéria densa e 
abrangente. Destacou-se a importância da transparência e esclarecimento a respeito do 
assunto, principalmente em relação à classe trabalhadora, que muitas vezes não tem 
acesso à informação, não conhecendo sequer os seus direitos. É necessário publicar com 
clareza objeto tão relevante e de interesse de todos. 
 
2 O QUE É A PREVIDÊNCIA SOCIAL 
A Previdência Social é um seguro social em que o trabalhador participa através de 
contribuições mensais. O benefício dessa contribuição é garantir ao trabalhador 
segurado uma renda na hora em que ele não puder mais trabalhar – ou seja, se 
aposentar. Em outras palavras, a previdência social é o sistema público que garante as 
aposentadorias dos trabalhadores brasileiros. 
Vale ainda notar que, além de proteger o trabalhador para a sua aposentadoria, a 
Previdência tem como missão proteger os trabalhadores contra outros chamados riscos 
econômicos, como a perda de rendimentos por conta de doença, invalidez, entre outros 
infortúnios. A Previdência, assim, não oferece apenas aposentadorias, mas também 
benefícios como auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte. 
A Previdência é um sistema de seguro obrigatório para todos os trabalhadores com 
carteira assinada. Além deles, os trabalhadores autônomos e empresários também 
podem contribuir para o sistema. Os servidores públicos possuem um sistema especial 
de previdência, assim como os professores, com regras vantajosas. Quem não recebe 
renda também pode contribuir voluntariamente para a Previdência se assim optar. 
Contribuição é o nome que se dá à parcela do salário do trabalhador que é descontada 
automaticamente pela previdência social todos os meses. O tamanho dessa parcela 
depende de seu salário-de-contribuição, que é basicamente a remuneração de cada 
contribuinte. Detalhe: o salário-de-contribuição máximo considerado é igual ao teto da 
previdência, maior valor que um aposentado pode receber, que em 2016 equivale a R$ 
5.189.82. Essas são as atuais taxas de contribuição, definidos em Portaria 
Interministerial de janeiro de 2016: 
Salário-de-Contribuição (R$) Alíquota para fins de Recolhimento ao INSS 
até 1.556,94 8% 
de 1.556,95 até 2.594,92 9% 
de 2.594,93 até 5.189,82 11% 
 
3 COMO FUNCIONA A PREVIDÊNCIA 
A Previdência funciona a partir da mesma lógica usada em um seguro. Qualquer seguro 
funciona por conta da existência de subgrupos, alguns superavitários, outros 
deficitários: estes são sustentados por aqueles. Assim, as contribuições dos 
trabalhadores ativos servem para custear os benefícios dos trabalhadores inativos 
(aposentados, pensionistas e outros).As receitas da previdência são contribuições de empregadores (contribuição sobre a 
folha de pagamento, de 20%), empregados (8% a 11% do salário) e a União (com 
contribuições sociais e receitas do orçamento fiscal). 
Entretanto, há muitos anos a conta da previdência deixa a desejar. A cada ano, mais 
pessoas se aposentam e menos pessoas entram como contribuintes – reflexo do 
envelhecimento da sociedade brasileira. Déficits são registrados todos os anos. Em 2015 
havia nove trabalhadores ativos para um aposentado; em 2040, essa mesma relação 
cairá para apenas quatro trabalhadores ativos por aposentado. 
Para cobrir esses déficits e garantir os benefícios previdenciários, o governo utiliza 
receitas geradas pelas contribuições sociais voltadas para a Seguridade Social (sistema 
que inclui, além da Previdência, a Saúde e a Assistência Social). São duas contribuições 
principais: a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e a 
CSLL (Contribuição Social sobre Lucros Líquidos). Com o crescimento do déficit, 
cogitou-se criar novos tributos, como a nova CPMF e a regularização dos jogos de azar. 
 
4 REGRAS ATUAIS PARA QUE ALGUÉM POSSA SE APOSENTAR 
As regras para a aposentadoria têm mudado ao longo do tempo, tornando mais rigorosas 
as condições para que um trabalhador se aposente. O Brasil é um dos poucos países que 
não adota idade mínima para que alguém possa se aposentar. Existem, assim, dois 
regimes principais de aposentadoria: 
(i) por tempo de contribuição: mínimo de 30 anos para mulheres e 35 anos para homens; 
e (ii) por idade: mínimo de 60 anos para mulheres e 65 anos para homens, com pelo 
menos 15 anos de contribuição para ambos. Assim, é normal se aposentar antes dos 60 
anos no Brasil, desde que o tempo de contribuição mínimo seja cumprido. 
Segundo dados do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e 
Previdência, 34,5% dos benefícios emitidos pelo Regime Geral da Previdência em 
janeiro de 2016 são de aposentadoria por idade. Já as aposentadorias por tempo de 
contribuição representam 19,2% dos benefícios emitidos no mesmo período. Mesmo 
assim, o valor total das aposentadorias por tempo de contribuição é maior que o das 
aposentadorias por idade: nesse caso, o placar é 30,1% a 26,5%. A pensão por morte é o 
segundo benefício previdenciário mais comum: 26,6% dos benefícios e 24,6% do valor 
total gasto pelo INSS. 
Uma das formas que o governo encontrou para inibir trabalhadores de se aposentarem 
muito cedo em um sistema sem idade mínima é o fator previdenciário, que existe desde 
1999. Esse fator é uma fórmula em que são levados em conta o tempo de contribuição, a 
idade da pessoa e a expectativa de sobrevida. Em geral, o fator rebaixa o valor da 
aposentadoria. Dessa forma, os aposentados são incentivados a continuar trabalhando e 
contribuindo por mais tempo. O trabalhador também pode optar por se aposentar cedo, 
mas ganhando menos. 
Em 2015, o governo fez um novo complemento a esse regime. Com a Medida 
Provisória 676/2015, foi introduzida a fórmula 85/95, para as aposentadorias por tempo 
de contribuição. Vamos explicar essa fórmula: se uma mulher quiser se aposentar sem o 
fator previdenciário, ela precisa somar 85 anos entre anos de contribuição e sua própria 
idade. Se um homem quiser se aposentar sem o fator previdenciário, terá de atingir 95 
anos nessa somatória. Se alguém quiser se aposentar sem ter atingido esses valores, terá 
o fator previdenciário aplicado ao seu benefício – desde que atingido o tempo de 
contribuição ou a idade necessária. Com essa regra, a idade ainda não é restringida, mas 
ficam mais difíceis as chances de uma pessoa se aposentar antes dos 50 anos de idade. 
Os valores dessa fórmula devem aumentar progressivamente até 2026, quando chega a 
90-100. Isso, é claro, se uma reforma ainda mais profunda não for realizada agora. Com 
essas regras, a idade média com que as pessoas se aposentam no Brasil é algo em torno 
de 58 anos de idade, para uma expectativa de vida de praticamente 75 anos. 
 
5 A IMPORTÂNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL PARA O MERCADO DE 
TRABALHO 
A previdência social foi no passado elemento importante no que se refere à definição da 
oferta de mão-de-obra no Brasil, beneficiando a estruturação do mercado de trabalho. 
Conforme foi se expandindo e com a organização dos trabalhadores e a sua mobilização 
por melhores condições de vida, diferentes segmentos de assalariados foram tendo 
acesso aos benefícios de aposentadoria. Existem hoje dois sistemas públicos de 
previdência social no Brasil: um destinado aos servidores com vínculo efetivo com a 
administração pública e mantido pelas entidades federativas (União, Estados, distrito 
Federal e Municípios), e outro, instituído em benefício dos trabalhadores da iniciativa 
privada, gerido por uma autarquia federal – o Instituto Nacional do Seguro Social 
(INSS), denominado Regime Geral de Previdência Social – RGPS. Ambos 
caracterizam-se por serem administrados pelo Estado, pela natureza institucional do 
vínculo mantido com os segurados, pela obrigatoriedade de filiação e pelo custeio 
obtido mediante cobrança de contribuições sociais. Segundo Sérgio Pinto Martins 
(2001, p. 296) é a previdência social segmento da seguridade social, composta por um 
conjunto de princípios, de regras e de instituições destinados a estabelecer um sistema 
de proteção social, mediante contribuição, objetivando proporcionar meios 
indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, quando ocorrer as 
contingências previstas na lei. O autor destaca ainda que a previdência social não é 
autônoma, sendo seus princípios praticamente os mesmos da seguridade social. O 
caráter contributivo da previdência significa que quem não contribui não tem direito ao 
benefício proporcionado pelo regime geral. Os benefícios previdenciários buscam 
proteger duas partes: o segurado e os dependentes que são os beneficiários. Segurado é 
todo aquele que exerça atividade remunerada e contribua com a previdência social, 
sendo que aqueles que não exercem atividades remuneradas como, por exemplo, 
estudantes acima de 16 anos e donas de casa, podem contribuir facultativamente 
(SENAC, on line). Os segurados obrigatórios são todos os trabalhadores urbanos e 
rurais que exercem atividades remuneradas não sujeitas ao regime próprio da 
previdência social (dos servidores públicos) a partir dos 16 anos de idade. São eles: 
empregados com carteira assinada, domésticos, trabalhadores avulsos, contribuintes 
individuais (empresários e autônomos) e especiais (trabalhadores rurais em regime de 
economia familiar). São considerados dependentes preferenciais o cônjuge, a 
companheira, o companheiro e o filho não emancipado menor de 21 anos ou inválido. 
Na ausência destes são considerados dependentes pais ou irmãos, desde que 
comprovada a dependência econômica (SENAC, on line). No Brasil, a previdência 
social é administrada pelo Ministério da Previdência Social, e as políticas referentes a 
esta área são executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). É natural que 
o trabalhador de baixa renda careça de maior atenção, pois o desamparo pode lhe custar 
a própria sobrevivência. Entretanto não se pode negar a natureza contributiva da 
previdência. Para atender os mais necessitados e que não podem contribuir, existe a 
assistência social, cuja função é preencher as lacunas deixadas pela previdência 
(IBRAHIM, 2006, p. 27). Sabe-se, todavia, que o sistema de seguridade social no Brasil 
é falho, e tem muito que avançar, tanto na previdência como na assistência e saúde. 
Quem perde com isso é a classe mais baixa, ou seja, aqueles que necessitam de maior 
proteção e amparo social, pois tem seusdireitos violados, vivendo muitas vezes em 
condições precárias. 
5.1 O mundo do trabalho e a reforma previdenciária 
Dispõe o art. 201 da Constituição Federal que a previdência social será organizada sob a 
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória e atenderá, nos 
termos da lei: a cobertura de eventos de doenças, invalidez, morte e idade avançada; 
proteção à maternidade, especialmente à gestante (art. 7º, XVIII); proteção ao 
trabalhador em situação de desemprego involuntário (art. 7º, II, da Lei Fundamental); 
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e 
dependentes; salário-família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de 
baixa renda (MARTINS, 2001, p. 297). Segundo Evilásio Salvador (2005, p. 7), a 
reforma da previdência social de 1998 trouxe implicações para o mercado de trabalho. 
Entre elas, pode-se citar: a troca de critério de tempo de serviço de contribuição; as 
regras de transição para a concessão de aposentadoria proporcional e o retardamento 
para a aposentadoria por tempo de contribuição; a adoção do fator previdenciário e o 
estabelecimento de um teto nominal para os benefícios. O autor destaca as principais 
alterações para trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
principalmente no setor privado: A transformação do tempo de serviço necessário para a 
aposentadoria em tempo de contribuição, respeitando o tempo mínimo de 30 anos para 
as mulheres e de 35 para os homens. A mudança do direito previdenciário do 
trabalhador torna-o mais estreitamente vinculado às efetivas contribuições vertidas para 
a Previdência, ficando, a princípio, mais difícil o recebimento da aposentadoria. A 
instituição da idade mínima de 48 anos para as mulheres e de 53 anos para os homens 
para a aposentadoria proporcional. O acréscimo no tempo de contribuição para os atuais 
segurados, de 40% sobre o tempo que lhes faltava para a aposentadoria proporcional, no 
dia 16/12/98. Sendo esse acréscimo 20% para a aposentadoria integral. Estabelecimento 
de um teto nominal para os benefícios no valor e a desvinculação desse teto do valor do 
salário mínimo. Apesar de a Constituição estabelecer o reajuste dos benefícios 
previdenciários de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real (art. 201, § 
4º), não são fixadas regras operacionais quanto ao índice de preços para o reajuste, nem 
quanto à periodicidade do mesmo. Os benefícios acidentários são igualados aos 
benefícios comuns da previdência, em valores e carências. Dessa forma o trabalhador 
acidentado recebe o auxílio-doença por acidente de trabalho. Fim das aposentadorias 
especiais, que são aquelas em que o tempo de serviço ou de contribuição exigido é 
menor com relação ao dos demais trabalhadores. Só é admitida a aposentadoria especial 
dos professores de educação infantil, do ensino fundamental e médio e as dos 
trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde. As Emendas Constitucionais da 
reforma da previdência foram promulgadas pelo então presidente do Senado José 
Sarney, na manhã de 19 de dezembro de 2003, em sessão solene no Congresso 
Nacional. Contou com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo 
Cunha, e do Ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini. Sarney na ocasião 
destacou ações conjuntas do Legislativo com o Judiciário, lembrando que o Judiciário 
foi ouvido durante a discussão da reforma e teve suas sugestões incorporadas a proposta 
(MPS, on line). A Emenda Constitucional nº. 41, de 19 de dezembro de 2003, modifica 
alguns artigos da Constituição Federal como o 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 e revoga o 
inciso IX do parágrafo 3º do art. 142 e dispositivos da emenda constitucional nº. 20, de 
15 de dezembro de 1998. Foi dada uma atenção especial ao regime dos servidores 
públicos devido à insustentabilidade da maioria de suas regras de funcionamento, como 
a baixa idade mínima de aposentadoria e a falta de incentivos à permanência em 
atividade. A nova idade mínima de referência é 60 anos para homens e 55 para 
mulheres, sete anos a mais do que a idade antes vigente. Ela prevê abonos e incentivos 
ao servidor que adiar sua aposentadoria (MPS, on line). Alguns defendem que o 
aumento da expectativa de vida dos brasileiros faz com que os benefícios pagos pelo 
regime previdenciário tenham duração superior ao tempo de contribuição do 
trabalhador, comprometendo assim a sustentabilidade do regime. Para Fábio Zambitte 
Hibrahim (2006, p. 27) no que se refere à questão da inclusão previdenciária é 
extremamente séria, que a pela Lei nº. 10.666/03, fica determinada, a retenção da 
contribuição devida pelo contribuinte individual pela própria empresa que o remunera, a 
exemplo do que já ocorre com empregados e avulsos. Hibrahim destaca que quanto ao 
empregador doméstico este efetua o recolhimento de contribuição relativa a 12% 
incidente sobre o salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço (art. 24 
da Lei nº.8.212/91). Já o produtor rural além do segurado especial apresenta outras duas 
espécies: o produtor rural pessoa física e o pessoa jurídica. Todos segurados 
obrigatórios do RGPS, sendo os dois últimos contribuintes individuais, sujeitando-se às 
regras de recolhimento da categoria (IBRAHIM, 2006, p. 199). Outro fator importante 
da reforma da previdência foi a redução no valor das aposentadorias concedidas pelo 
RGPS. Isto se dá por dois motivos: pela retirada do texto constitucional dos critérios de 
cálculos dos benefícios, substituídos pela adoção do fator previdenciário, considerando 
um período amplo para o cálculo do valor da aposentadoria, o que tende a reduzir o 
valor médio dos benefícios; a segunda alteração é a fixação do teto nominal dos 
benefícios desvinculado do salário mínimo, permitindo que o Ministério da Previdência 
e Assistência Social adote reajustes diferenciados entre o piso dos benefícios e as 
aposentadorias acima de um salário mínimo, que passaram a ter correção inferior ao 
reajuste do piso previdenciário. Vale destacar que o Decreto 6042 de 12/02/07 trata 
sobre a extinção da aposentadoria por tempo de contribuição. O art. 199-A traz que a 
partir da competência em que o segurado fizer opção pela exclusão do direito ao 
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, será a alíquota de contribuição de 
onze por cento sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de 
contribuição (M.P.S, online). I – do segurado contribuinte individual, que trabalhe por 
conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado; II – do segurado 
facultativo; e III – especialmente quanto às contribuições relativas à sua participação na 
sociedade, do sócio de sociedade empresária que tenha tido receita bruta anual, no ano-
calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais). 
5.2 Emendas Constitucionais e o direito adquirido dos aposentados 
De acordo com o professor José Afonso da Silva (2003, p. 19) antes da promulgação da 
Constituição de 1988 entendia-se que não havia direito adquirido contra norma 
constitucional. Hoje é necessário que se distingam normas constitucionais provenientes 
da atuação do poder constituinte originário – normas constitucionais originárias – e as 
normas constitucionais provenientes de emendas constitucionais – normas 
constitucionais derivadas. Para o professor o direito adquirido não precisa ser 
ressalvado pelas leis novas ou pelas emendas constitucionais para prevalecer. Sua 
intocabilidade decorre da regra constante do art. 5º, XXXVI. Ele prevalece havendo ou 
não ressalva a seu respeito (SILVA, 2003, p. 22). Terão direito adquirido à 
aposentadoria os servidores que preencherem os requisitos exigidospara usufruírem de 
seus benefícios até a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional nº. 41/2003. 
Valmir Pontes Filho (2003, p. 337), reflete sobre o verdadeiro conteúdo e alcance do 
instituto do direito adquirido, em confronto com o que de forma convencional chama-se 
expectativa do direito. O autor indaga, para, em seguida ele próprio responder: Romper 
ou mesmo modificar, unilateralmente, seja por amor a dogmas ou concepções 
doutrinárias estratificadas, seja em nome de suposto “interesse público”, a natureza de 
relações que se estabelecem, em dado tempo, por força de lei (no sentido lato da 
expressão), é ou não possível, desde que esse rompimento ou modificação não opere por 
lei nova? A resposta a essa indagação não pode ser dada, segundo nosso pensar, senão 
depois de considerados aspectos relevantes, que defluem do já invocado princípio da 
segurança das relações jurídicas1, sem o qual sequer se pode pensar em convivência 
social harmônica e civilizada (PONTES, 2003, p. 336). São garantidos os direitos 
adquiridos de aposentar-se segundo Marcelo Leonardo Tavares (2005, p. 66): 1 De que 
são manifestações pontuais os institutos do direito adquirido, da coisa julgada e do ato 
jurídico perfeito. Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria 
voluntária integral, nos termos do art. 40, § 1º, III, a, da CRFB/88; Servidores que 
completarem os requisitos para aposentadoria por invalidez permanente, integral ou 
proporcional, nos termos do art. 40, § 1º, I, da CRFB/88; Servidores que completarem 
os requisitos para aposentadoria compulsória, proporcional ao tempo de contribuição, 
nos termos do art.40, § 1º, II, da CRFB/88; Servidores que completarem os requisitos 
para aposentadoria voluntária proporcional, nos termos do art. 40, § 1º, III, b, da 
CRFB/88; Servidores que completarem os requisitos para aposentadoria voluntária 
integral, nos termos da regra de transição do art. 8º da EC nº. 20/98 (que está sendo 
revogado pela EC nº. 41/2003); Servidores que completarem os requisitos para 
aposentadoria voluntária proporcional, nos termos da regra de transição do art. 8º, § 1º, 
da EC nº. 20/98 (que está sendo revogado pela EC nº. 41/2003); Pensionistas dos 
servidores falecidos até a véspera da data da entrada em vigor da Lei nº. 10.887/2004. 
Dessa forma, entende-se que a previdência social consiste num conjunto de políticas 
sociais que tem por finalidade amparar e assistir o cidadão e sua família, sendo uma 
competência do poder público e também oferecida pelo setor privado, como previdência 
complementar ou previdência privada, devendo acima de tudo defender os interesses 
dos segurados. 
 
6 CRISE NA PREVIDÊNCIA 
Diariamente, são veiculados na imprensa problemas financeiros enfrentados pela 
Previdência Social, que vão desde a sonegação por parte de quem deveria recolher as 
contribuições, até a outra ponta da linha, com a falência do modelo de repartição, falsas 
aposentadorias, desfalque do caixa previdenciário, redução do trabalho formal e das 
taxas de natalidade, o aumento da expectativa de vida e a diminuição da população. 
6.1 Sistema de financiamento 
O sistema previdenciário brasileiro atual é formado por quatro segmentos. O primeiro é 
composto por um regime que atende ao setor privado, conhecido como Regime Geral de 
Previdência Social (RGPS). O segundo segmento corresponde ao sistema dos servidores 
públicos da União, conhecido como Regime Jurídico Único (RJU). O terceiro segmento 
reúne os diversos sistemas de servidores estatutários estaduais e municipais. O quarto 
segmento, de caráter privado e facultativo, é estabelecido pelos fundos de pensão 10 
patrocinados por empresas privadas ou estatais (previdência complementar fechada) e 
pelas entidades abertas de previdência complementar (Giambiagi et al, 2000) O 
financiamento desses sistemas previdenciários, em geral, baseia-se em dois princípios 
essenciais: o de capitalização e o de repartição. De acordo com Gremaud, o sistema de 
repartição simples constitui-se em uma transferência direta de renda da população ativa 
para inativa, no regime de capitalização, as contribuições de um dado indivíduo vão 
sendo acumuladas e aplicadas, ou seja, é formado um fundo para momento em que ele 
se aposentar. Segundo Izerrougene (2009), no regime de repartição, viver mais tempo 
constituiria uma dificuldade, pois gerações mais numerosas de aposentados ficam à 
carga de uma geração cada vez mais reduzida de contribuintes. E no regime de 
capitalização, quanto houver mais contribuintes e quanto mais estes viverem para 
poupar, maior será o volume da poupança e maiores serão as condições de 
financiamento para investimentos e potencial do crescimento econômico. Izerrougene 
(2009) argumenta também que uma recessão afetaria ambos os sistemas, no regime de 
repartição haveria um desequilíbrio financeiro e reduziria a capacidade de poupança no 
conjunto dos assalariados. No regime de capitalização diminuiria os valores reais do 
ativos o que desencoraja a capitalização individual. Tendo-se em vista que o regime é 
de repartição, com as transferências da União cobrindo eventuais déficits, o sistema não 
entrará em falência, mas é permanentemente insolvente, pois quando há insuficiência de 
recursos para a cobertura dos compromissos, ou se recorre a aumentos nas contribuições 
(aumentos de alíquotas, elevação de teto de contribuições e novas bases de 
contribuição) ou se recorre aos recursos da União. 
6.2 Aspectos demográficos 
Nos últimos anos, observa-se como há uma queda das taxas de fecundidade, aumento da 
longevidade e o aumento do número de idosos na população, o que significa um 
aumento no número de futuros beneficiários do sistema previdenciário. O fator 
demográfico é atualmente um dos principais fatores, para reformular o Regime 
Previdenciário Brasileiro. Pelos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE, Censo 2010), pode-se observar que atualmente, a taxa de 
fecundidade do país, ou seja, a quantidade de filhos que cada brasileira gera, em média, 
chegou a 1,9 em 2010 bem inferior ao Censo de 2000, que era de 2,38 filhos por 
mulher. 
 Taxa de Fecundidade total – Brasil – 1940/2010 
Outro aspecto que se observa é o aumento da expectativa de vida, devido à melhoria das 
condições de vida. Segundo números divulgados pelo IBGE em 2011, a esperança de 
vida ao nascer no Brasil era de 74 anos enquanto que em 2010 era de 73 anos. 
 Esperança de Vida ao nascer e Taxa de mortalidade infantil 
De acordo com IBGE (2010), nos próximos 20 anos, deverá ser mantida a tendência das 
últimas décadas de declínio da população, com aceleração do envelhecimento 
populacional. As pirâmides populacionais brasileiras apontam significativas mudanças 
na estrutura etária, com o progressivo incremento da população com mais de 60 anos. 
Conforme a projeção do IBGE (2010) observa-se claramente o estreitamento gradual da 
base da pirâmide demográfica e o alargamento de seu topo entre 1980 e 2021, refletindo 
os efeitos da redução da proporção da população jovem em relação ao total e o aumento 
gradativo da população com idade avançada. A cada ano cresce o número de 
aposentados no país, enquanto a quantidade de pessoas na ativa, contribuindo para o 
sistema previdenciário, não avança na mesma velocidade. 
Composição absoluta da população, por idade e sexo no Brasil – 1980- 2050 
Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeção da 
População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 - Revisão 2008. Essas 
estimativas revelam-se alarmantes, já que os trabalhadores de hoje contribuem para 
possibilitar o pagamento dos trabalhadores de ontem, que agora estãoaposentados. Por 
sua vez, os trabalhadores atualmente ativos terão, no futuro, quando passarem a 
inatividade, suas aposentadorias financiadas pelos trabalhadores futuros. E com o 
envelhecimento populacional e queda na taxa de fecundidade há uma diminuição no 
número de contribuintes, e ao mesmo tempo, há um aumento no número de benefícios 
previdenciários. 
6.3 Mercado de trabalho e informalidade 
A limitada cobertura é um dos principais problemas do sistema previdenciário. Segundo 
dados do MPS (2013), das 84,39 milhões de pessoas com idade entre 16 e 59 anos 
ocupadas, somente 56,575 milhões (67,0%) estão socialmente protegidas. Mais de 27,81 
milhões de pessoas, o que corresponde a cerca de 33,0% da população ocupada total, 
não estão protegidas por qualquer tipo de seguro social. Da população que não está 
protegida, cerca de 13,15 milhões estão à margem do sistema porque não têm 
capacidade contributiva, pois possuem rendimento inferior a 1 salário mínimo ou não 
têm remuneração, o que dá a entender que a maior parte do problema da cobertura 
previdenciária é explicada por razões estruturais relacionadas com a insuficiência de 
renda. Os demais 14,13 milhões de trabalhadores que ganham um salário mínimo ou 
mais e não estão associados à previdência são na maioria trabalhadores sem carteira 
assinada, autônomos e domésticos inseridos em atividades informais nos setores de 
comércio, construção civil e serviços. 
 
 
 
 
 
Proteção previdenciária para a população ocupada entre 16 e 59 anos 
Fonte: SPPS/MPS, (2013). 
A combinação do aspecto demográfico de uma população relativamente jovem, mas em 
acelerado de envelhecimento, com o perfil de mercado de trabalho definido por uma 
baixa cobertura previdenciária é alarmante para a presente e para as próximas gerações. 
Tem ocorrido gradativamente à diminuição da base contributiva, o que aumenta a 
situação deficitária em que se encontra o sistema previdenciário. 
 
6.4 Soluções a curto prazo 
Um dos grandes problemas evidenciados na Previdência Social é a má gestão dos 
recursos, isso é crasso. No ponto de vista técnico, destaca se quatro itens de suma 
importância para o bom funcionamento da Seguridade Social: 
1- Implantação de gestão eficiente do ponto de vista financeiro. 
2- Acabar com os privilégios dos Políticos, Desembargadores, Procuradores, Membros 
do Ministério Público que possuem aposentadoria muito acima do teto. 
3- Acabar com a Desvinculação das receitas pertencentes a Seguridade Social, o DRU, 
que hoje está em 30% das receitas. 
4- Execução das dívidas das grandes empresas com a Previdência Social. 
A Seguridade Social é superavitária, o grande problema é a Previdência Social, mas a 
receita da que entra da para tapar o dito "Rombo" a curto e médio prazo, enquanto não 
se realiza uma reforma mais abrangente. 
Seguridade Social = Previdência Social, Saúde, Assistência Social. Tecnicamente existe 
um desequilíbrio nas contas da Previdência Social, déficit, isso é fato, mas as contas da 
Seguridade, com base nos artigos 194 e 195 da CF, são Superavitárias, sem os 30% do 
DRU que é retirado, portanto a questão principal são os itens acima citados, claro que a 
população está envelhecendo, mas a reforma não tem que ser a toque de caixa, tem que 
ser bastante estudada e vendo principalmente as diferenças existentes entre as regiões do 
país. 
Essa reforma nos termos que está sendo apresentada, só beneficiará os donos das 
previdências Privadas, levando a uma deterioração da Previdência Pública em 
detrimento da Previdência Privada. 
 
 
 
7 PROPOSTA ORIGINAL DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA 
 
Idade mínima 
Esta é a principal mudança que pode ser promovida por essa reforma da previdência. O 
Brasil é um dos poucos países do mundo que não estabelecem uma idade mínima para a 
aposentadoria. Até existe uma aposentadoria por idade (mínimo de 65 anos para homem 
e 60 anos para mulher, desde que tenham contribuído por pelo menos 15 anos), mas 
para a maioria serve a aposentadoria por tempo de contribuição (vale atualmente a 
fórmula 85/95, que demanda pelo menos 30 anos de contribuição). 
O governo propôs a adoção da idade mínima de 65 anos tanto para homens, quanto para 
mulheres. 
 
Tempo mínimo de contribuição de 25 anos 
Além de fixar uma idade mínima para aposentadoria, a proposta original feita pelo 
governo ainda aumentava o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos, tanto 
para homens, quanto para mulheres. Hoje, o trabalhador pode se aposentar por idade aos 
65 anos, se tiver contribuído por pelo menos 15 anos para o INSS. 
 
Benefício integral apenas após 49 anos de contribuição 
A reforma original incluía também a previsão de que o aposentado receberia o 
equivalente a 51% do benefício a que tem direito, mais um ponto percentual por ano de 
contribuição. Como o tempo mínimo de contribuição passaria a ser de 25 anos, um 
aposentado recebe pelo menos 76% do benefício. Esse valor aumentaria um ponto a 
cada ano adicional trabalhado, até chegar a 100% aos 49 anos. 
Servidores públicos 
Parte dos servidores públicos se aposentam sob condições diferentes daquelas do 
Regime Geral da Previdência Social (RGPS). O quadro efetivo da União, Estados, 
Municípios e Distrito Federal podem aderir ao Regime Próprio de Previdência Social 
(RPPS). Os servidores públicos têm direito a receber aposentadoria com base em seu 
salário integral, sob algumas condições. A primeira é trabalhar no mínimo dez anos no 
serviço público. A segunda, trabalhar há pelo menos cinco anos no último cargo. 
Finalmente, é preciso também alcançar idade e tempo de contribuição mínimos: 60 anos 
de idade e 35 anos de contribuição, no caso dos homens, e 55 anos de idade mais 30 de 
contribuição no caso de mulheres. Com 65 anos, podem se aposentar com benefício 
proporcional ao tempo de contribuição. 
A reforma da previdência apresentada por Temer propõe a convergência das condições 
para a aposentadoria desse grupo com a dos trabalhadores do regime geral. Dessa 
forma, trabalhadores do setor público também passarão a se aposentar apenas a partir de 
65 anos de idade e a ter benefício no máximo equivalente ao teto da previdência. Os 
servidores públicos que quiserem receber benefício superior ao teto devem aderir a um 
regime de previdência complementar. 
 
Pensões 
As regras para pensão por morte já haviam sido parcialmente alteradas em 2015, ainda 
no governo Dilma. Antes da Medida Provisória 664/2014, a pensão por morte era 
concedida ao cônjuge sem exigir um tempo mínimo de relacionamento. Agora, é preciso 
comprovar que a união estável já durava pelo menos dois anos. A intenção é coibir a 
prática de relacionamentos armados com pessoas que estão prestes a morrer. Além 
disso, a pensão vitalícia passou a ser concedida apenas para os cônjuges com mais de 44 
anos de idade. Assim, cônjuges viúvos considerados jovens não têm direito a receber o 
benefício pelo resto da vida. 
A proposta do governo para as pensões por morte incluía: 
 Taxa de reposição de 50%: o valor da pensão recebida cairá pela metade; 
 Adicional de 10% para cada dependente: se uma viúva possui um filho, por 
exemplo, receberá 60% do valor anterior da pensão. Se tiver cinco filhos, receberá 
100% do valor da pensão. Detalhe: assim que o dependente atingir a maioridade, os 
10% adicionais são cortados. 
 Desvinculação do ajuste pelo salário mínimo: as pensões por morte recebem o 
mesmo ajuste anual do salário mínimo, que costuma receber ganhos reais. Agora, os 
reajustes devem apenas cobrir a inflação. 
 
Proibição do acúmulo de benefícios 
O governo propôs que nenhum beneficiário poderia receber simultaneamente dois ou 
maisbenefícios da Previdência. Por exemplo: não seria mais possível receber pensão 
por morte e aposentadoria. O beneficiário receberá apenas o benefício de maior valor. A 
nova proposta, porém, permite o acúmulo se a pensão por morte for inferior a dois 
salários mínimos. 
Uniformidade das regras para homens e mulheres 
Hoje, as mulheres podem se aposentar cinco anos mais cedo do que os homens, tanto no 
regime por idade, quanto no regime por tempo de contribuição. Por outro lado, mesmo 
se aposentando mais cedo, elas vivem em média mais tempo do que os homens. A 
reforma apresentada por Temer uniformiza as regras: tanto homens quanto mulheres 
devem se aposentar aos 65 anos, com tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Isso 
não se manteve na nova proposta apresentada na Câmara. 
 
Aposentadoria rural: mesmas regras 
O governo também propõe que as regras para aposentadoria dos trabalhadores rurais 
sejam as mesmas dos trabalhadores urbanos. Hoje, trabalhadores do campo se 
aposentam como segurados especiais do INSS, com 55 anos (mulheres) e 60 anos 
(homens) e precisam contribuir por 15 anos de trabalho no campo. Essa contribuição é 
feita pela cobrança de uma alíquota de 2,3% sobre a produção comercializada do 
trabalhador rural. Com a reforma da previdência, eles podem passar a contribuir 
individualmente para o INSS e ficar sujeitos às mesmas regras do regime geral: mínimo 
de 65 anos de idade e 25 anos de contribuição. Por outro lado, teriam uma alíquota 
diferenciada das demais categorias. 
 
Regras para policiais, bombeiros e militares 
Policiais civis e federais devem passar a cumprir as novas regras do regime geral. Já 
policiais e bombeiros militares, que a princípio seriam afetados pela reforma, foram 
removidos da proposta e não precisarão cumprir as regras do regime geral. Finalmente, 
os militares não serão afetados pela reforma da previdência. As regras para essa 
categoria serão tratadas em outra lei. 
 
Parlamentares 
A proposta original inclui parlamentares das esferas federal, estadual e municipal. Hoje, 
nossos deputados federais e senadores contribuem para o sistema próprio do Congresso. 
As regras de transição dos parlamentares dependem de regras de cada jurisdição (na 
esfera federal, para deputados federais e senadores; nos estados, para deputados 
estaduais; e nos municípios, para os vereadores). 
 
 
REGRA DE TRANSIÇÃO ORIGINAL 
Sempre que as regras da previdência são alteradas, entra em discussão uma questão 
bastante complicada: para quem as novas condições devem valer? É justo que milhares 
de pessoas que planejaram sua aposentadoria de acordo com um conjunto de regras 
antigo seja obrigado a mudar planos por causa de uma mudança repentina determinada 
pelo governo? 
É aí que entra a questão do direito adquirido, uma garantia prevista no artigo quinto, 
inciso XXXVI da Constituição. A interpretação que se dá no caso de reforma da 
previdência é que todos os atuais aposentados e pensionistas possuem direito adquirido 
e por isso não podem ser prejudicados por novas mudanças. Além disso, todos aqueles 
que já poderiam ter se aposentado, mas por algum motivo decidiram continuar a 
trabalhar, também possuem direito adquirido. Estes continuarão a ter direito aos 
mesmos benefícios que já têm hoje. 
Todos os demais contribuintes, porém, não teriam esse direito e por isso estariam 
submetidos às mudanças da reforma da previdência. A exceção será um grupo restrito, 
que ficará submetido a regras de transição. Essas regras suavizam o impacto da reforma 
para aqueles que estão próximos de se aposentar. 
A regra de transição originalmente proposta seria aplicada a homens com mais de 50 
anos de idade e mulheres com mais de 45 anos de idade. Basicamente, o trabalhador 
nessa faixa etária deve continuar na ativa por mais metade do tempo que lhe faltava para 
se aposentar pelas regras antigas. Por exemplo: uma mulher com 46 anos e 28 anos de 
contribuição se aposentaria dentro de dois anos. Agora, terá de trabalhar por um ano a 
mais – ou seja, faltarão três anos para ela se aposentar. O benefício, porém, deve ser 
concedido de acordo com o novo cálculo (51% do benefício integral + 1% por ano 
trabalhado). No exemplo da mulher citada acima, ela se aposentaria com 31 anos de 
contribuição. Logo, teria direito a 82% do valor do benefício integral. 
 
8 NOVA PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA 
 
Idade mínima 
Em vez de 65 anos para todos, a nova idade mínima será de 65 anos para homens e 62 
anos para mulheres. Até 2020, porém, a idade mínima seria de 55 anos para homens e 
53 anos para mulheres, observadas as condições das regras de transição (veja próxima 
seção). A idade mínima passaria a aumentar a partir de 2020. A cada dois anos, 
será acrescido mais um ano para a idade tanto de homens, quanto de mulheres. Essa 
progressão acabaria em 2036 para as mulheres, na idade de 62 anos, e em 2038 para os 
homens, na idade de 65 anos. 
 
Tempo de contribuição 
Os trabalhadores do setor privado poderão se aposentar com 15 anos de contribuição, 
mas não receberão 100% da aposentadoria. A primeira versão previa 25 anos de 
contribuição. Nesse caso, a aposentaria será equivalente a 60% dos salários de 
contribuição do período. Para se aposentar com 100% será preciso cumprir 40 anos de 
contribuição à Previdência. 
 
Transição 
A regra de transição original previa pedágio de 50% do tempo de contribuição restante. 
Entravam na regra mulheres com 45 anos ou mais e homens com 50 anos ou mais. A 
nova versão da reforma não impõe idade mínima para ingressar na transição. Além 
disso, o contribuinte precisa cumprir 30% de pedágio sobre o tempo de contribuição que 
resta para alcançar a aposentadoria por tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 
35 para homens). Por outro lado, é preciso respeitar a nova idade mínima, que começa 
aos 53 anos (mulheres) e 55 anos (homens) e aumenta a partir de 2020. 
Por exemplo: um homem de 52 anos precisa de mais 5 anos para completar 35 anos de 
contribuição. Pela regra de transição, ele terá de trabalhar um ano e meio a mais para se 
aposentar por tempo de contribuição, totalizando 6 anos e meio (ainda assim, terá de 
observar a idade mínima vigente nesse momento). 
 
Cálculo do benefício 
A nova proposta muda também a forma de cálculo do benefício. Se na proposta 
original, o trabalhador atingiria o benefício integral após 49 anos de contribuição, agora 
são exigidos 40 anos. Pela proposta original, um trabalhador com 65 anos de idade e 25 
anos de contribuição receberia 51% da média de todos os salários desde 1994, mais 1% 
por ano de contribuição. Pela nova proposta: 
 receberá 70% da média ao atingir os 25 anos de contribuição; 
 1,5% a mais para cada ano acima dos 25 anos; 
 2% a mais a cada ano acima de 30 anos; 
 e 2,5% a mais para cada ano acima de 35 anos, até atingir 100% aos 40 anos. 
Em suma, o aposentado começará recebendo menos do que na proposta original (70%, 
no lugar de 76%). Por outro lado, atingirá o benefício integral nove anos mais cedo. 
Muito importante: a regra não vale para quem receber um salário mínimo de benefício! 
Estes terão garantido o benefício integral, já que as aposentadorias não podem ser 
inferiores ao mínimo. 
 
Professores e policiais 
O governo Temer propôs a convergência total das condições para a aposentadoria dos 
servidores públicos com a dos trabalhadores do regime geral (excetuando os militares, 
policiais militares e bombeiros). Mas, pela nova proposta, pelo menos dois subgrupos 
de servidores poderão se aposentar em condições diferenciadas. Dos professores será 
exigida idade mínima de 60 anos mais 25 anos de contribuição, com regra de transiçãodiferenciada. Já os policiais da esfera federal poderão se aposentar com idade mínima de 
55 anos e 25 anos de contribuição, dos quais 20 deverão ser em “atividades de risco”. 
 
Pensões por morte 
A nova proposta recua nas mudanças para pensões por morte. Continua a medida de 
conceder apenas 50% do valor do benefício, mais 10% por dependente do pensionista. 
Entretanto, dois pontos foram alterados: o primeiro é que o benefício poderá ser 
acumulado com aposentadoria, se o valor da pensão for menor ou igual a dois salários 
mínimos. Caso a pensão seja superior a dois salários mínimos, o segurado deverá 
escolher o benefício de maior valor. O segundo é que a pensão continuará a ser ajustada 
de acordo com o salário mínimo (a proposta original retirava essa vinculação). 
 
Viúvas de policiais mortos em combate 
O novo texto apresentado prevê que esposas e maridos de policiais federais, rodoviários 
federais, legislativos e civis mortos durante atividade de combate terão direito a receber 
a pensão com o mesmo valor que seus companheiros e companheiras teriam direito de 
aposentadoria. O valor do benefício vai depender da data de entrada do policial no 
serviço público. A nova regra, se aprovada, não beneficiará agentes penitenciários e 
policiais militares. Esta última categoria não foi incluída na reforma em discussão, 
assim como integrantes das três Forças Armadas e bombeiros. 
 
 
Aposentadoria rural 
Os trabalhadores rurais passariam a cumprir as mesmas regras do regime geral, pela 
proposta original do governo. Agora, o relator da comissão especial propõe que eles 
possam se aposentar com mínimo de 60 anos (homens) ou 57 anos (mulheres) e 15 anos 
de contribuição (mesmo tempo de contribuição já exigido hoje). Além disso, a 
contribuição dos trabalhadores rurais será por meio de uma alíquota equivalente a 5% 
do salário mínimo. 
 
Parlamentares 
Segundo a proposta do governo, os deputados federais e senadores brasileiros passariam 
a cumprir as regras do regime geral (65 anos e 25 de contribuição), com transição 
específica a ser definida depois da aprovação da reforma. O substitutivo de Arthur Maia 
mantém as condições atuais para os segurados do regime dos congressistas: 60 anos de 
idade mínima e 35 de contribuição. Essa idade aumentaria progressivamente a partir de 
2020 até alcançar 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres). 
Também está prevista a aplicação da regra de transição (30% de pedágio sobre o tempo 
de contribuição restante). Os demais parlamentares, não vinculados ao regime dos 
congressistas, entrariam imediatamente no regime geral. 
 
Benefício de prestação continuada (BPC) 
Pela proposta original, o benefício de prestação continuada não seria mais ajustado de 
acordo com o salário mínimo. Além disso, a idade mínima para ter direito passaria a ser 
70 anos (hoje são 65). A ameniza essas condições: a vinculação com o salário mínimo 
será mantida, mas a idade mínima subirá a partir de 2020 até alcançar 68 anos. 
 
9 PREVIDÊNCIA E O ROMBO DAS FORÇAS ARMADAS 
 
O rombo da Previdência dos militares cresce mais rápido que o da aposentadoria 
dos servidores civis. E o déficit por beneficiário nas Forças Armadas é bem 
maior que o de qualquer outro regime administrado pela União. Hoje há cerca de 
300 mil militares inativos e pensionistas das Forças Armadas. É pouca gente, perto do 
número de beneficiários do INSS (quase 34 milhões) e do total de pensionistas e 
aposentados civis do serviço público federal (633 mil). 
 
 
 
 
 
 
Apesar do pequeno contingente, quase metade do rombo da Previdência dos servidores 
da União vem das Forças Armadas. O saldo negativo chegou a R$ 34 bilhões no ano 
passado, ou R$ 113 mil por beneficiário – o maior déficit per capita de todos os regimes 
administrados pela União. Entre os servidores civis, o déficit por pessoa foi de R$ 68 
mil. No INSS, de pouco mais de R$ 4 mil. 
O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, 
ante R$ 6,25 mil no INSS. Embora tenham um peso maior, os militares ficaram de fora 
da reforma da Previdência que está em discussão. 
 
O rombo na Previdência atingiu a marca recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017 – ano 
marcado por sucessivos adiamentos na votação da reforma proposta pelo governo para 
endurecer as regras de aposentadoria e pensão no País. O déficit é 18,5% maior que o de 
2016 e inclui os regimes do INSS e dos servidores da União. Os dados foram revelados 
na segunda-feira (22) pelo governo e mostram que a Previdência dos servidores segue 
tendo um peso maior nas contas proporcionalmente. A participação de um militar 
federal nesse rombo, por exemplo, tem é 16 vezes maior que a de um segurado do 
INSS. 
O chamado déficit per capita anual dos militares ficou em R$ 99,4 mil no ano passado, 
ante R$ 6,25 mil no INSS. Entre os servidores civis da União, a necessidade de 
financiamento do rombo também é mais elevada, de R$ 66,2 mil. Embora tenham um 
peso maior, os militares ficaram de fora da reforma que está em discussão. Os dados 
foram calculados com base no déficit de 2017 e no número de beneficiários de 2016, 
que são os mais recentes sobre a quantidade de benefícios em todos os regimes. 
 
9.1 Projeto de reforma da Previdência dos militares havia sido prometida 
O Planalto discute as novas regras de aposentadoria desde a posse de Temer, em maio 
de 2016. No início, o objetivo declarado era o de igualar as regras para todos: homens e 
mulheres, rurais e urbanos, funcionários do setor privado e servidores públicos, civis e 
militares. Aos poucos, pressionado por diferentes corporações, o governo foi abrindo 
exceções e desmoralizando o discurso de reforma igualitária. As lacunas desacreditam 
até a nova retórica da publicidade oficial, que fala em combate a privilégios. 
Quando a PEC 287 chegou ao Congresso, há pouco mais de um ano, Temer prometeu 
enviar em seguida um projeto de lei para atualizar também as regras das Forças 
Armadas. Não enviou, e não toca no assunto há muito tempo. 
Em abril deste ano, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegou a anunciar que a 
proposta seria apresentada no mês seguinte, trazendo ajustes como a definição de uma 
idade mínima de aposentadoria e a ampliação do tempo de serviço. Nada feito. 
O Ministério da Defesa disse estar “trabalhando intensivamente” na reestruturação das 
Forças Armadas e da carreira militar. Mas afirmou que o trabalho é complexo e não tem 
data para terminar. 
 
9.2 Reforma da Previdência 
“A ausência dos militares é a mais sentida, e prejudica fortemente o argumento de que a 
reforma é para todos. Eles são regidos por um arcabouço legal diferente, mas também 
deveriam dividir os custos”, diz Luis Eduardo Afonso, professor de Economia da USP. 
O ex-secretário de Políticas de Previdência Social Leonardo Rolim, que é consultor de 
Orçamento na Câmara dos Deputados, acredita que o governo vai encaminhar um 
projeto, para cumprir o que prometeu. “Mas só depois das eleições”, diz. 
 
9.3 Regras próprias: aposentadoria precoce e benefício integral 
Hoje os militares passam à inatividade após 30 anos de serviço, com benefício integral, 
independentemente da idade. Em alguns casos, parte desses 30 anos é fictícia: cada ano 
trabalhado em postos de fronteira dá direito a quatro meses adicionais na contagem. 
A aposentadoria precoce também é favorecida pelos limites de idade para alcançar 
determinados postos, que mandam para a reserva – compulsoriamente – o militar que 
não for promovido a tempo. Regras como essas ajudam a explicar por que 55% dos 
militares que passaram à reserva em 2016 tinham entre 45 e 49 anos, segundo relatório 
do Tribunal de Contas da União (TCU).Algumas normas ficaram mais rígidas depois de uma reforma promovida no governo 
FHC, mas as aposentadorias dos militares ainda vão drenar os cofres públicos por 
décadas. Até 2001, o militar era promovido de posto no momento em que passava para 
a reserva, o que fazia o valor de seu benefício ser maior que a última remuneração 
recebida na ativa – uma espécie de aposentadoria integral turbinada. 
A famigerada pensão vitalícia para as filhas só vale para quem ingressou na carreira até 
2000 e passou a pagar uma contribuição adicional de 1,5%, além da alíquota obrigatória 
de 7%. Mas benefícios desse tipo ainda serão pagos pelo Tesouro até a segunda metade 
do século. 
O Ministério da Defesa sustenta que as leis são diferentes para os militares porque, ao 
contrário dos outros trabalhadores, eles não têm direito à greve, à sindicalização e à 
filiação a partidos políticos. Também não recebem hora extra, adicional noturno ou de 
periculosidade, o que gera uma economia de R$ 21 bilhões por ano à União, segundo a 
pasta. 
“Não há como comparar os militares com os civis, mas podemos compará-los com os 
militares de outros países. E as nossas regras são as mais benevolentes”, rebate Rolim, 
da consultoria de Orçamento da Câmara. “Nos Estados Unidos, por exemplo, o militar 
pode até parar cedo, mas não ganha aposentadoria integral. Se contribui por 30 anos, 
tem direito a 60% do soldo”, diz. 
 
9.4 Militar se aposenta? 
O tema da aposentadoria é tão sensível nas Forças Armadas que elas rejeitam até 
mesmo esse termo. Alegam que militar não se aposenta, mas sim que passa à reserva, 
onde pode ser mobilizado a qualquer momento. Uma situação incomum em tempos de 
paz: entre 2012 e 2016, foram reconvocados, em média, apenas 246 militares da reserva 
por ano. 
A rigor, a aposentadoria militar existe, ainda que com outro nome. Após determinada 
idade, que varia de 56 anos para praças a 68 anos para oficiais-generais, quem está na 
reserva é reformado e, aí sim, dispensado definitivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 COMO FICARÁ A REFORMA DA PREVIDENCIA SE APROVADA 
 
O tempo mínimo de contribuição de 40 anos da previdência. Na pratica será bem maior 
porque está amarrado com a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres. 
A Reforma da previdência prejudica muito mais as mulheres, porque aumenta de 
imediato o tempo de contribuição de 30 anos para 40 anos e, das professoras de 25 para 
40 anos. 
 
A Reforma da Previdência vai obrigar as professoras a contribuir 40 anos. Não haverá 
regras de transição, ou seja, uma professora que falta um mês para se aposentar terá que 
trabalhar mais 15 anos. Uma professora do ensino infantil que começou a trabalhar com 
22 anos, com a idade mínima e o gatilho demográfico da reforma, terá que ficar 44 anos 
na sala de aula, ou seja, 19 anos a mais do que os 25anos exigidos hoje. 
 
A proibição do acumulo de pensões vai atingir também os casais aposentados atuais, 
que perderão o direito de acumular e receber a pensão integral se algum deles falecer 
depois da reforma. Se o marido recebe 3 mil e a esposa recebe 2 mil se ele vier a 
falecer, atualmente ela recebe 5 mil. Na nova regra ela terá que escolher entre a sua 
própria pensão ou 60% da pensão do marido(R$1800,00). Ou seja, ela optará por ficar 
com 2 mil. 
 
Com a Reforma da Previdência, quem trabalha no escritório, na construção civil, ou na 
roça terá que trabalhar em media 49 anos e contribuir no mínimo 40 anos para receber a 
pensão integral. Um pedreiro que comece a trabalhar com 16 anos vai se aposentar com 
69 anos, depois de 53 anos de batente. Serão 49 anos para chegar aos 65 anos e mais 4 
anos do gatilho demográfico. 
 
Na zona rural vai ser como na cidade. Um jovem que comece a trabalhar com 16 anos 
vai se aposentar depois de 53 anos na roça, com 69 anos de idade. O trabalhador rural 
não terá mais o beneficio de trabalhar 5 anos a menos que o urbano. Com a reforma, 
todos trabalharão o mesmo tempo para receber a pensão integral. Além da idade mínima 
igual, os trabalhadores rurais terão que comprovar 15 anos de contribuição. Atualmente 
é necessário comprovar apenas 15 anos de atividade. 
 
 
 
3 CONCLUSÃO 
A previdência social faz parte do sistema de proteção social juntamente com a 
assistência social e a saúde, é de caráter contributivo e visa a proteger o segurado e seus 
dependentes. Muito se tem falado sobre a reforma da previdência, que apresentam 
aspectos positivos e negativos. O presente trabalho teve por objetivo destacar alguns 
fatores relevantes referentes à previdência enfatizando os militares. Não foi pretensão 
abranger profundamente a matéria, por ser esta ampla e complexa. Destacou-se a 
influência das reformas principalmente para a classe trabalhadora. Há uma tendência de 
que a reforma da previdência esteja incentivando a permanência do trabalhador por mais 
tempo em atividade no mercado de trabalho. Isso ocorre em virtude de critérios mais 
rígidos para a aposentadoria. Inúmeros privilégios ficaram de fora dessa reforma , 
fazendo com que a conta venha cair no colo dos menos afortunados. Percebe-se que há 
uma falta de esclarecimento sobre o assunto. Muitos não tem acesso a informação, e 
mesmo aqueles que o tem ficam em dúvida, devido a complexidade e constantes 
mudanças que ocorrem na previdência. Torna-se necessário uma maior clareza e 
transparência, para que o cidadão tenha o conhecimento necessário sobre os seus 
direitos e até que ponto estão sendo os mesmos respeitados. Seguridade Social = Saúde, 
Assistência Social, Previdência Social, a conta é única e não separada. Os Artigos 194 e 
195 da CF assegura a contribuição de trabalhadores e empresas mais as contribuições 
sociais COFINS, CSLL, PIS/PASEP. O grande problema é que o governo desvincula, 
retira (DRU) 30% para pagar a Divida pública, mas isso não é dito de forma clara a 
sociedade. 
Segundo dados oficiais, houve crescimento significativo do rombo nas contas da 
previdência. Em 2013, o déficit da previdência equivalia a 0,9% do PIB; em 2016, 
chegou a 2,4% do PIB (R$ 149 bilhões). Esse aumento forte e rápido se explica pela 
crise econômica deflagrada em 2015, que aumentou o desemprego, diminuindo o 
número de contribuintes. O peso dos gastos previdenciários no orçamento também é 
considerado muito grande: 27% das despesas do governo foram destinadas para pagar 
os seus benefícios. 
O Envelhecimento da população brasileira, o Brasil aos poucos passa de um país de 
jovens para um de idosos. Conforme a expectativa de vida aumenta e a taxa vegetativa 
da população diminui, chegaremos em breve a um cenário de muitos trabalhadores 
inativos sustentados por poucos trabalhadores ativos. Assim, uma reforma da 
previdência é vista como inevitável, assim como foi em outros países em todo o mundo 
nas últimas décadas. A saída são ajustes pontuais, dispondo de instrumentos 
constitucionais e legais já existentes. Na previdência dos servidores públicos só há 
uma saída: a capitalização dos regimes próprios. Sem possibilidade de aumentos 
expressivos do número de servidores - pela não necessidade, já que o Estado brasileiro 
deve se limitar às atividades essenciais, e pelas limitações da Lei de Responsabilidade 
Fiscal, não há como se manter o financiamento por repartição simples, no qual os 
servidores em atividade, em número cada vez menor, financiam os aposentados e 
pensionistas, em número cada vez maior. 
Assim, a estratégia de segregação da massa, que prevê que todos os futuros servidores, 
e talvez os mais jovens, tenham suas aposentadorias financiadas por um regime 
financeiro que acumule as suas e as contribuições dos entes federados em fundos decapitalização é a única saída para evitar o colapso. O equilíbrio financeiro e atual 
pagaria de aposentadoria exatamente o que se poupou de contribuições, sem ter de se 
recorrer aos Tesouros para cobrir déficits como os existentes hoje. Só receberá a 
integralidade quem contribuir para ela. 
Contudo temos que ter clareza dos fatos e perceber que a Reforma da Previdência tem 
que ocorrer para o próprio bem da saúde financeira dos brasileiros, mas não da forma 
como está sendo imposta, é necessário um maior aprofundamento das questões 
primordiais e um dialogo entre os trabalhadores, políticos e estudiosos sobre o assunto, 
afim de chegar a um consenso do que é melhor para a sociedade, sem que uma classe 
seja beneficiada em detrimento da outra, onde todos ganhem e também paguem pelo 
ônus igualitariamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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