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Questões de gênero e Políticas Públicas de Saúde da Mulher Professora: Ana Carolina Araújo CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ENSINO CLÍNICO EM SAÚDE DA MULHER CONCEITO DE GÊNERO Gênero é como nós somos socializados, ou seja, é formado pelas atitudes, comportamentos e expectativas que a sociedade associa ao que é ser homem ou ser mulher. Elas podem ser aprendidas com os amigos(as), a família, nas instituições culturais, educacionais e religiosas ou ainda nos locais de trabalho. 3 CARACTERÍSTICAS Socialmente construído; Dinâmico; Na família? No mercado de trabalho? Na política? 4 IDENTIDADE DE GÊNERO Nossa identidade é formada pela nossa interioridade (vida psíquica) e exterioridade (interação com o meio social); Refere-se à experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo biológico. 5 IDENTIDADE DE GÊNERO E dessa relação construímos uma maneira única de ser, que se manifesta em nossos gestos, na maneira como nos vestimos, em nossos adereços, palavras e atitudes; A identidade de gênero é a maneira como alguém se sente e se expressa como homem ou mulher para si e para as pessoas a sua volta, e como deseja ser reconhecido(a) pela sociedade. 6 MODELOS Apesar disso, o modelo de masculinidade e de feminilidade que prevaleceu é o heterossexual, o homem viril e provedor, a mulher submissa e reprodutora. A realidade social, no entanto, é muito mais diversa. Os atributos e papéis relacionados ao gênero não são determinados pelo sexo biológico. Eles são construídos histórica e socialmente e podem ser transformados. 7 EM SUMA... Ninguém discorda que homens e mulheres possuem diferenças. O que não podemos é contribuir para que essas diferenças sejam transformadas em desigualdades. Ter consciência de nossa condição de gênero é um passo importante para defender relações igualitárias e construir novas possibilidades na vida social, afetiva e sexual. 8 Por que estudar a Saúde da Mulher? ??? Dados importantes sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres em todo o mundo Apesar de serem 50% da população mundial, ganham somente 10% da receita mundial e detêm apenas 1% da riqueza mundial; Ganham 30% a menos que os homens, mesmo quando ocupam o mesmo cargo ou tem o mesmo tipo de emprego. Dados importantes sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres em todo o mundo Levando em conta as horas dedicadas à criação dos filhos e ao trabalho doméstico, as mulheres trabalham mais que os homens, com uma 3ª carga horária; As mulheres não têm representatividade na política. A média mundial de participação feminina no Governo e no Congresso é de somente 9%. Epidemiologia da Mulher População feminina: 97 348 809 População masculina: 93 406 990 Mulheres em idade reprodutiva: 55,1 % do total. Mulheres não-alfabetizadas: 9,1% Diferenciação dos salários em trabalhos idênticos. O número de mulheres que vivem na pobreza é superior ao de homens; Mulheres sem rendimento: 30,4% Famílias chefiadas por mulheres: 37,3% Epidemiologia da Mulher Vigilância Epidemiológica e Saúde da Mulher 16 MORTALIDADE MATERNA Óbito feminino que ocorre durante a gestação, ou dentro de um período de até 42 dias após o parto, independente da duração ou localização da gravidez, devido a qualquer causa a ela relacionada ou por ela agravada, ou ainda em decorrência de medidas tomadas em relação à gestação, excetuando-se causas acidentais ou incidentais. 17 CAUSAS DIRETAS: resultantes de complicações obstétricas durante o ciclo gravídico-puerperal. Ex.: hipertensão, hemorragia, infecção puerperal INDIRETAS: resultantes de doenças pré-existentes e que foram agravadas pela gravidez. Ex.: cardiopatia, pneumonia, hemorragia cerebral 18 Como Mensurar? Taxa de Mortalidade Materna (TMM) É a razão entre o número de mortes maternas ocorridas em um dado tempo e local e o número de nascidos vivos no mesmo local e período. Ex.: 150 = 0,000787 190.500 TMM = 78,7 mortes maternas/ 100mil nascidos vivos 19 Classificação da Mortalidade Materna Baixa: até 20 mortes/100 mil NV – EUA, Canadá, França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Suécia dentre outros países desenvolvidos. Média: de 21 a 49 mortes/100 mil NV – Cuba, Chile, China, Costa Rica, Uruguai. BRASIL Alta: 50 a 149 mortes/100 mil NV – Argentina, México, Turquia, Colômbia, Venezuela Muito Alta: acima de 150 mortes/100 mil NV – Equador, Guatemala, Paraguai, Honduras Epidemiologia da Mulher Principais causas de morte feminina: Nordeste- Doenças do aparelho circulatório (34,9%); Neoplasias (mama, pulmão e colo uterino – 14,4%); Doenças respiratórias (11,2%). Câncer de colo uterino: 274 mil mortes por ano no mundo; Aproximadamente 530 mil novos casos por ano no mundo. Redução na taxa de fecundidade (1970: 5,8 filhos; 2004: 2,3 filhos; 2006: 1,8); Proporção de partos cesáreos: (32% – Nordeste) – Aceitável: 10% a 15% (OMS); 92% de mortes maternas evitáveis; Causas: hipertensão arterial, hemorragias, infecção puerperal e aborto. Fonte: PNDS, 2009 Epidemiologia da Mulher Reprodução e cuidadoras do lar; Revolução Industrial; Século XIX movimento de mulheres reivindicando direitos trabalhistas. História de vida da mulher Imagens dos primeiros movimentos feministas reivindicando direito ao voto e a redução de carga horária em fábricas, na França e Inglaterra (1935) No século XX: Luta organizada em defesa de seus direitos- feminismo e movimento de mulheres. 1970: Surgem movimentos sindicais e movimentos feministas no Brasil e em 1980 Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora, na CUT. Constituição Federal de 1988 a mulher conquistou a igualdade jurídica. História de vida da mulher Que conquistas as mulheres tiveram ao longo dos anos? Conquista das mulheres O direito ao trabalho remunerado; O direito ao voto (1932); A participação nos esportes (1924); Divórcio; Poder ser eleita para o governo; Evitar a gravidez (com contraceptivos); Poder matricular-se em curso superior; É livre para adotar ou não o sobrenome do marido; Chega a cargos executivos; Políticas de Saúde No Brasil décadas de 30, 50 e 70: Visão restrita à gravidez e ao parto; As ações eram verticalizadas e isoladas; Modelo hospitalocêntrico: atenção terciária; Fragmentação da assistência e baixo impacto nos indicadores de saúde; Alta mortalidade perinatal e infantil; Década de 1970: Programa de Saúde Materno-Infantil (pré- natal, controle de partos domiciliares); Proposta de Prevenção de Gravidez de Alto Risco (PPGAR); planejamento familiar a grupos de risco; DÉCADA DE 80: Movimentos organizados de mulheres. PAISM PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Criação em 1983 e divulgação em 1984; Descentralização, hierarquização, regionalização dos serviços, integralidade e equidade. “Incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação e englobava atenção clínico- ginecológica, pré-natal, parto e puerpério, desde adolescência ao climatério, planejamento familiar, DST, câncer cérvico-uterino e mamário e outras necessidades observadas a partir do perfil epidemiológico (BRASIL, 1984).” Coincide com o processo de criação do SUS Políticas de Saúde da Mulher 1988: Nova Constituição (Saúde: direito de todos e dever do Estado); Dispõe sobre a saúde da mulher (parceria nas políticas, igualdade de direitos na divisão do trabalho, parto de acordo com as preferências, apoio à mulhertrabalhadora – licenças); PAISM •Criação do SUS: Lei 8.080 de 1990; •Princípios norteadores.: universalização, integralidade, equidade, participação popular, intersetorialidade, autonomia e descentralização; •Programa Saúde da Família (1994) – Saúde da mulher prioridade do governo. •1996: Lei do Planejamento Familiar 9.263, 12/01/1996 Lacunas do PAISM Climatério/menopausa; Queixas ginecológicas; Infertilidade e reprodução assistida; Saúde da mulher na adolescência; Doenças crônico-degenerativas, saúde ocupacional; Saúde mental; Doenças infecto-contagiosas; Perspectiva de gênero e raça. Diretrizes da PNAISM 2004: Atingirá as mulheres em todos os ciclos de vida. Elaboração, execução e avaliação norteada na perspectiva de gênero, raça, etnia e ampliação do enfoque; Inclusão de: mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias e lésbicas e a discussão sobre saúde da mulher e meio ambiente. Intersetorialidade em prol dos direitos da mulher e melhoria das condições de vida e saúde; PNAISM Atenção integral à saúde compreende: Conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde da mulher nos diferentes níveis de atenção; Atendimento a partir de uma percepção ampliada; Respeito às diferenças; Práticas em saúde norteadas pelas diretrizes da humanização e qualidade ; Humanização e qualidade na atenção em saúde é aprender a compartilhar saberes e reconhecer direitos. Diretrizes da PNAISM PNAISM Propõe diretrizes para a humanização e qualidade no atendimento; Reafirmou o PAISM e trouxe novas abordagens; Contemplou grupos sociais historicamente excluídos das políticas. Objetivos Gerais Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileira; Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil; Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS; Objetivos Gerais Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, também para portadoras de HIV e DST; Estimular a implantação da assistência ao planejamento familiar para homens, mulheres, adultos, adolescentes integralmente; Promover a atenção obstétrica e neonatal qualificada e humanizada, assistência ao abortamento em condições inseguras para mulheres e adolescentes; Objetivos Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual; Prevenção e controle das DST/HIV na população feminina; Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina; Objetivos Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob enfoque de gênero; Implantar a atenção à saúde da mulher no climatério; Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade; Promover a atenção à saúde da mulher negra; Objetivos Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade; Promover a saúde da mulher indígena; Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão; Fortalecer a participação e o controle social na definição e na implementação das políticas de atenção integral à saúde das mulheres. PHPN Rede cegonha 4 Componentes: •Pré-natal •Parto e nascimento (lei acompanhante 11.108 de 07 de abril de 2005) •Puerpério e atenção integral à saúde da criança •Sistema logístico: transporte e regulação 44 Importância do Enfermeiro na Construção de Políticas Públicas Identifica as reais necessidades da clientela; Contribui para políticas públicas mais abrangentes; Compartilha saberes e reconhece direitos; Busca a humanização respeitando a individualidade de cada um; Adota um conceito de saúde integral; Prima pela satisfação da clientela. Refletindo... Será que estamos sendo adequadamente formados para perceber as peculiaridades inerentes à mulher? Houve evolução no campo da saúde da mulher? Que tipo de prática profissional estarei executando? Qual a participação do enfermeiro nesse processo? OBRIGADA!!!
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