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76 2.3 - O Esquema de Funcionamento do Alto-Forno 2.3.1 - Aspectos internos do alto-forno A estrutura interna da carga dos altos-fornos só ficou bem conhe- cida com as experiências de dissecação conduzidas pelos japoneses na década de 70. Estas experiências constaram do resfriamento de altos-fornos comer ciais (em final de campanha) em condições normais de operaçao e sem nenhuma carga especial. Os fornos foram resfriados e depois sua carga foi cuidadosamente retirada e analisada. A grande descoberta destas experiências foi a presença de camadas uniformes em amolecimento e fusão estendendo-se na forma de um V- invertido da parte superior do forno até a região das ventaneiras. Além disto ficou clara, para efeito de estudo e interpretação dos fenômenos que ocorrem no forno, a divisão do reator em três zonas distintas: a) zona granular: zona onde a carga metálica (sinter, . - . m1ner10 ou pelota) desce sob a forma de grãos sólidos. Nesta zona só coe- xistem duas fases: sólidos e gases; b) zona de amolecimento e fusão: zona onde a carga metálica amole- ce e funde em vários graus de redução; e) zona de gotejamento: zona onde o metal e a escória, já sob a forma líquida, escoam através de um empilhamento de coque ( ou ZONA DE AMOLECIMENTO E FUSÃO __ !5:;:;:::;:::;:~~-:,~~--Z_ONA DE COQUE ATIVA l ,-'-;---'-,,,___CAMADA EM AMOLECIMENTO '<---1 E FUSÃO ZONA DE GOTEJAMEtHO 77 Figura 2.11 - Esquema da regiao interna do a lto- f orno mo strando as várias zonas. 78 carvao vegetal), em contra-corrente com gases. Nesta zona estão presentes as fases s6lida, líquida e gasosa. A figura 2.11 mostra de maneira esquemática a divisão da parte in- terna do alto-forno em várias zonas. 2.3.2 - O perfil de temperaturas no alto-forno O perfil de temperaturas dentro do alto-forno vem sendo estudado há muitos anos, e a conjugação de resultados de medidas de temper~ tura com análise de gás tem permitido conclusões importantes sobre o processo do alto-forno. A figura 2.12 mostra dois perfis típicos de temperaturas em função da altura do forno. 1. 1 u, 14 <t ~ 12 -~ -~ 10 z ~ a C/1 E ;§ 6 :'! 4 u z (~ 2 U) ,., 1- o o o ,1' _j.::: ~ .g / ,1 n \' ! \{l 1\ vt:s: ! V.: " '," }..,i-:::: ,---í' ..... " 400 000 1200 1600 2000 TEMPERATURA, ºC o z a: o LI. o o <t a: :::> 1- .J q N!VEL DA CARGA O •lOO 800 1;wo 18C\ O l OC(' TEMPERATURA,ºC Figura 2.12 - Esquema do perfil de temperatura dos gases e s6lidos em um alto-forno segundo Kitaev et alli(4). 79 Tem-se, então, três reg1oes distintas no alto-forno segundo o per- fil de temperaturas: H1 , região inferior de trocas térmicas; H2 , reg1ao intermediária de baixas trocas, que ê denominada de "zona de reserva térmica". A temperatura e o volume dessa zona podem va- riar em função da reatividade do redutor utilizado e do posiciona- mento da zona de amolecimento e fusão do alto-forno. Na região inferior, H3 , o ar aquecido é injetado pelas ventaneiras e é queimado com o carbono do coque ou do carvão vegetal.O gás for mado sai da zona de combustão na temperatura de chama e transfere grande parte do seu calor aos sólidos e líquidos presentes nesta região. Grande parte do calor desta região é consumida pela reaçao do carbono da carga com o gas C0 2 proveniente da redução dos miné- rios: + + 2 coCg) ( 2 .1) Esta reaçao e altamente endotêrmica e por ter uma energia de ati- vação muito elevada ela só acontece apos determinada temperatura mínima ser ultrapassada. E essa temperatura ê aquela da zona der~ serva térmica do forno. Acompanhando o resfriamento do gas em seu movimento ascendente no forno, quando esta temperatura mínima é a- tingida a reação (2.1) não mais ocorre e o gás deixa de ser res- friado. Como o sólido já está pré-aquecido, o gás so se resfriará quando encontrar uma carga mais fria, completando assim a explica- ção da ocorrência da zona de reserva térmica. A partir dessa zona, inclusive, o perfil de temperatura obedece àquela de um reator em contra-corrente gás/sólido no qual o gas e injetado por baixo numa certa temperatura e o sólido é carregado por cima a zs 0 c. 80 A temperatura da zona de reserva térmica do alto-forno é definida pelas condições da reação do CO 2 com o carbono , reaçao (2.1 ) . Assim ela pode variar com: a) reatividade do redutor; b) pressão interna do forno; c) composição dos gases. A condição de maior importância ~ a reatividade do redutor. Nos altos-fornos a coque essa tempera- varia de 900 a 1000°c. Nos altos-fornos a carvão vegetal ela pode variar de 600 a 8S0°c. 2.3.3 - Divisão do alto-forno em zonas Devido às características, descritas anteriormente, da rea çao de gaseificação (CO 2 + C + 2 CO) e o regime de trocas térmicas entre gis-s6lido, o alto-forno pode ser divido em duas zonas: 1 - zona de preparaçao: onde o carbono nao reage, constituindo-se num material inerte; ii - zona de elaboração: onde o carbono reage com o gas CO 2 resti- tuindo o poder redutor do gás. A figura 2.13 mostra esquematicamente a divisão do alto-forno nes- tas duas zonas. O processo de produção de gusa no alto- f orno é dinâmico ~ . e var i os fatores, analisados mais adiante, influem no volume e na forma das duas zonas, que variam com o tempo. ZONA DE ,., PREPARAÇAO , NIVEL DA CARGA ZONA pE RESEHVA ,...,.hi--- TERMICA 800------ 950 1250 1400 °c 1---... 11--- ZONA DE AMOLECIMENTO E FUSAO ACIMA DESTA LINHA O -CAHBONO NAO .REAGE HOMEM-MORTO ZONA DE ,., PREPARAÇAO ZOMA (iê' ÉLM30RAÇA0 Figura 2.13 - Esquema das zonas de preparação e elaboração de um alto-forno a carvão vegetal segundo Campos(S). 81 82 Estas zonas possuem características distintas e e possível tratá- las como reatores diferentes. 2.3.3.1 - Zona de preparaçao A zona de preparaçao se situa acima do limite inferior da zona de reserva térmica englobando esta. A zona de preparação se localiza em temperaturas inferiores àquela mínima para que a reação de ga- seificação do carbono ocorra. Desta maneira, na zona de preparaçao não existe reação dos gases com o carbono. Se o carbono nao reage nesta zona, ela pode ser tratada como um reator no qual a carga é secada, pré-aquecida e pré-reduzida pelos gases ascendentes. Então, vários cálculos podem ser feitos de ma- neira a medir a efici~ncia da zona de preparaçao. Estes cálculos geram parâmetros que avaliam o desvio de desempenho ideal dessa zo na. Com a relação à zona de preparaçao, considera-se que um alto-forno está operando idealmente quando: a) toda hematita (Fe 2 0 3 ) é reduzida ao estado de wustita ("FeO")na zona de preparação; b) os gases entram na zona de reserva térmica em equilíbrio termo- dinâmico com o ferro e a wustita; e) as trocas térmicas gás-sólido sao perfeitas. 83 Qualquer desvio destas premissas implicará numa operaçao menos e- ficiente do alto-forno. f possível calcular Índices, que serao des critos a seguir, que medem este desvio e indicam as suas causas. Com relação à premissa (a) o Índice que mede a eficiência da pre- redução dos Óxidos de ferro é o FATOR OMEGA (w) ou DESVIO DE RIST e é definido como: onde: w = e-º--) Fe real o - (-) ( 2. 2) Fe equilíbrio e-º--) é a relação de moles de oxigênio sobre moles de fer Fe real roda carga metálica ao sair da zona de preparação. (_2_) FeequilÍbrio e a relação de moles de oxigênio sobre moles de fer roda "wustita" e depende da temperatura, conforme mostra a figura 2.14. A curva NQ é a variação dessa relação com a temperatura.Linearizando a curva NQ da figura 2.14 pode-se chegar na equação: (_2_) = 1,073 - 2,7066 X 10- 5 X T ( 2. 3) Fe · 1 .. b . equi 1 rio onde T = temperatura da zona de reserva têrmica em graus centígr~ dos. Figura 2.14 f 1200 ct a:: :::> ~ 1000 a: w a. ::e LIJ · t- 800 600 '400 w.GNl!TITA -1- Hl!:W.TITA o I' +ftftO-'t---++---+---+-+-----;:~ TITA ~ P'tO ó l'EliRO+MAGNtTITA T ,.,o .. 2! ,.i % '•2º l O 0.20.422 24 28 30 ,,. OXIGENIO (% PESO} 84 Diagrama de fase de ferro-oxigênio à pressao total de 1 atm, mostrando o campo da "wustita", McGonnon et alii(l). segundo Para uma temperatura da zona de reserva térmica igual a 8000C (va- lor médio para alto-forno a carvão vegetal)tem-se e-º-) Fe . 'b . equ1l1 rio = 1,05 e a equaçao (2.3) passa a ser: - 1,05 (2 .4) real Então, os limites dos valores de "w" sao zero (quando todo Óxido é reduzido a FeO 1 05 , (O/Fe)real = 1,05) e 0,45 (quando todo Óxido , passa para z ona de elaboração na forma de Fe 2 O3 , (O/Fe) i= 1,50). rea 85 O fator omega (w) pode assumir valores moderamente negativos (quando se consegue alguma redução até ferro na zona de preparação) ou superiores a 0,45 (quando uma parte do forno opera como um ga- seificador). A premissa (b) é assumida como verdadeira e é aplicada na elabora- ção dos modelos termoquímicos. A nao ser numa operaçao com defi- ciência de distribuição de carga (onde o forno trabalha até como gasogênio), a afirmativa de que os gases entram na zona de prepar~ ção em equilíbrio termodinâmi c o com ferro e a wustita é bastante válida. Na temperatura da zona de reserva térmica a reação do car- bono com os gases não mais ocorre, e a 6nica possibilidade dos ga- ses atingirem o equilíbrio é com o minério de ferro, que por sua vez e reduzido por etapas como mostra esquematicamente 2 .15. co COz CO.+COz a figura Figura 2.15 - Redução do minério de ferro na zona de preparaçao. Mesmo não ocorrendo a redução total do Óxido para wustita, os ga- ses sempre saem em contato com as camadas de "FeO" e Fe, isto é,se 86 os gases têm possibilidade de atingir o !quilíbrio, este será com as fases Fe e "FeO". A figura 2.16 mostra, num diagrama de equilíbrio Fe-C-0, a locali- zação das condições internas do alto-forno. O ponto A nesta figura equivale ao gás do forno saindo do nível das ventaneiras. Os gases ao encontrarem o carbono tendem ao equilíbrio C-CO-CO Z ( c ( s ) + C0 2 (g) = 2 CO(g) ) e ao encontrarem o minério tendem ao equilíbrio Fe - "FeO". O gás que entra na zona de preparação e cuja composi- ção é representada pelo ponto B, está localizado exatamente sobre a linha de equilíbrio Fe-"FeO" (corno já foi discutido anteriormen- te). Dentro da zona de reserva térmica, onde a temperatura é cons- tante, o gás, ao reduzir o minério, atinge o ponto C. Corno a linha B-C está localizada no campo de estabilidade da wustita, se houver condições cinéticas favoráveis, o produto da zona de preparação e a wustita. O gás, continuando sua ascendência no forno, começa ou- tra vez a resfriar a partir do ponto C, estando a inda sobre o campo de estabilidade da wustita. Ao atingir o ponto D o gás volta a penetrar no campo de estabilidade do ferro e havendo condições cinéticas favoráveis, pode ser produzida alguma quantid~ de de ferro. O ponto B da figura 2.16 caracteriza urna composição de gás que a- travessa o limite das duas zonas e é c a lculável a partir da t e rmo- dinâmica. Se gundo Carnpos(S) o comportamento da curva do equ i lí- brio Fe-FeO da figura 2.16 é descrito por: co 1 = ( 2 . 5) ( 22 4 8 T - 2,693) 1 + e onde T = temperatura em K. 87 Com relação aos gases H2 e H2 0 o mesmo equilíbrio (Fe-FeO) e des- crito por: 'V 1 ZONA DE PREPARAÇAO 1 1 ,0,------------------------------------ -- -- - -A ZONA OE ELABORAÇÃO co CO+C02 // ÍcoMP0s1çÃo DOS / LGASES DO ALTO-FORNO Fe PRODUÇÃO VIÁVEL OE / FERRO E --- --- FeO 0'-------------------1---------------_.... TEMPERATURA Figura 2.16 - Diagrama de equilíbrio Fe-C-0 mostrando o posiciona- mento dos gases do alto-forno e das zonas de prepar~ çao e elaboração segundo Campos(S)_ H = 1 + e onde T = temperatura em K. (- 1 1901 T ( 2.6) + 1,077) 88 Para T = 1073 K ou 800°C, que é a temperatura média da zona de re- serva térmica para altos-fornos a carvão vegetal tem-se: co = 0,645 e = 0,667 O Índice que irá medir o desvio das trocas térmicas entre gás-sóli do (premissa (c)), está diretamente ligado ao balanço térmico na zona de preparação (tabela 2.I). Tabela 2.I - Balanço térmico na zona de preparaçao. ENTRADAS DE CALOR 1. Calor contido nos gases provenientes da zona de elaboração 2. Calor das reaçoes exo- térmicas. SA!DAS DE CALOR 1. Calor contido nos gases que saem pelo topo do forno. 2 . Calor contido na carga sÓli - da pré-aquecida que passa para a zona de elaboração. 3. Calor das reaçoes endotérrni - cas. 4. Calor referente ' as perdas térmicas pelas paredes do forno. Corno as reaçoes que ocorrem na zona de preparaçao sao praticamente atérrnicas e as perdas térmicas pelas paredes também aproxirnadarnen- 89 -te constantes com o tempo, a temperatura dos gases de topo e fun- ção de dois fatores: a) condições de trocas térmicas (escoamento gasoso); b) relação da capacidade calorífica da carga sólida e dos gases, que é calculável. Portanto, quando se calcula a temperatura dos gases de topo pelo balanço térmico na zona de preparação, supõe-se que as condições de trocas térmicas na zona de preparação sejam perfeitas (tempera- tura dos sólidos igual à dos gases na zona de reserva térrnica).Co~ parando esta temperatura com a real (medida no topo do forno) tem- se a amplitude dos desvios das condições de transferência de calor. Define-se, então, o FATOR GAMA (y) corno sendo a relação da ternper~ tura calculada dos gases de topo do alto-forno sobre a temperatura real (medida) e pode variar de O a 1,0. Este Índice localiza ins- tantaneamente tendências de escoamento imperfeito dos gases, que podem ser atenuadas agindo-se no preparo e distribuição da carga no forno. ~ . As principais reaçoes qu1rn1cas que ocorrem na zona de preparaçao são mostradas na figura 2.17. A secagem da carga é realizada de maneira violenta no alto-forno. O gradiente de aquecimento dos sólidos é muito elevado e isto con- corre para que em poucos minutos a temperatura destes supere os 100°C. Além disto a pressão parcial da água nos gases é baixa con- correndo assim corno um segundo fator acelerador da secagem da car- 90 , NIVEL DA CARGA t ... , EQUILIBRIO QUIMICO TEMPERATURA ,. oos souoos---..-. Figura 2.17 - Reações químicas principais que ocorrem na zona de preparação segundo Carnpos(S)_ ga. Matérias primas tais corno o carvao vegetal, que possuem baixa resistência física, quando são carregadas com um alto teor de umi- dade, devem sofrer quebras substanciais no processo de secagem nes ta região. Caso todo minério esteja reduzido a wustita, antes de penetrar na zona de elaboração, aparece a zona de reserva química já que na temperatura da z ona de reserva térmica os gases não conseguem pro- duzir ferro (ver figura 2.16). Portanto, na zona de reserva quírni- ca o alto-forno está em completo equilíbrio,tanto térmico quanto 91 químico,e a performance do alto-forno é definida como ideal. Em al guns altos-fornos a coque esta zona aparece, mas em altos-fornos a carvão vegetal as condições físico-químicas não favorecem. A principal troca química entre asfases gasosas e s6lida é a trans ferência de oxigênio do minério para o gás. No alto-forno deve-se objetivar o máximo de transferência de oxigênio na zona de prepar~ ção (w = O) já que neste local o carbono não reage e a redução e realizada com economia de redutor. g preciso pois que haja condi- çoes para que a transferência de oxigênio do minério para o possa ser a mais intensa possível. Estas condições são: a) temperatura elevada; ~ gas b) bom contato gás-sólido (carga sólida e gases bem distribuídos); e) suficiente tempo de residência do minério; d) minério com boa redutibilidade. O alto-forno a coque apresenta temperatura elevada na zona de re- serva térmica (l000ºC) e um razoável tempo de residência. Já o al- to-forno a carvão vegetal tem baixa temperatura da zona de reserva térmica (800ºC) e pequeno tempo de residência (o carvao vegetal tem uma densidade menor do que o coque, isto é, ocupa um maior vo- lume na cuba para um mesmo peso). g necessário, então, que no al- to-forno o carvao vegetal haja um empenho em se utilizar uma carga metálica de mais alta redutibilidade e em se promover uma bo a dis- tribuição da carga e consequente escoamento gasoso homogêneo. 92 2.3.3.2 - Zona de elaboração A zona de elaboração do alto-forno é situada abaixo da zona de re- serva térmica, englobando parte da zona seca, a zona de amolecime~ to e fusão, o homem-morto e a zona de combustão. A principal cara~ terística da zona de elaboração é que o carbono reage nesta zona e portanto todo encargo térmico para aí transferido é traduzido num aumento do consumo de carbono e portanto, dos custos de produção.A figura 2.18 mostra o esquema da zona de elaboração. As trocas térmicas na zona de elaboração sao bem mais complexas que na zona de preparação, e se situam em quatro fases distintas: a) no homem~morto-o calor dos gases é cedido ao gusa e - . escoria quando estes descem através do homem-morto; os gases cedem tam- bém calor às reações de redução do Feü e Mnü da escória, redu- çao da sílica e dessulfuração; b) na zona de amolecimento e fusão - é onde a temperatura dos ga- ses cai mais rapidamente pois aí ocorre a fusão do gusa e esco- ria e boa parte da redução final do FeO a Fe. Como decorrência do C0 2 gerado na redução final do FeO, ocorre aí também uma Pª! cela razoável da reação de gaseificação do carbono dotérmica); (reação en- e) na zona seca (acima de zona de amolecimento e fusão e abaixo na zona de reserva térmica) - nesta estreita faixa do forno sucede a maior parte da redução do minério de ferro e gaseificação do carbono sendo portanto uma região de alta endotermicidade; LIMITE DA ZONA DE ZONA OE PREPARAÇAO 1 ELABORAÇÃO ·-=-------1---1-------i~,~ MORTO 93 LIMITE INFERIOR DA ZONA ,, DE RESERVA TER MICA ZO~JA D~ --1-------- COMBUSTAO Figura 2.18 - Esquema da zona de elaboração do alto-forno segundo Carnpos(S). 94 d) junto às paredes - na perifeira do f~rno ocorre a troca térmica com o exterior sob a forma de perdas térmicas, que na zona de~ laboração têm valor econômico pois são traduzidas em consumo de carbono. O ar pré-aquecido que entra no alto-forno através das ventaneiras, ~ e queimado com carbono e os gases saem na zona de combustão em alta ~ temperatura contendo praticamente so N2 , CO e H2 • Eles atravessam a zona de elaboração e saem desta em equilíbrio com Fe e FeO (con- forme visto anteriormente) na temperatura da zona de reserva térmi ca do alto-forno. Na zona de elaboração os gases recebem pelo me- nos 70% de todo oxigênio transferido no forno, sendo que em fornos com marcha irregular este nGmero pode chegar a 100 %. Na zona de elaboração sao reduzidas e incorporadas todas as impur~ zas do forno e volatilizados os âlcalis que circulam dentro domes mo. Um balanço de massa na zona de elaboração permite calcular uma ex- pressão do volume de ar soprado (V) em função do grau de redução da carga proveniente da zona de preparação (fator omega-w) e do car bono que está sendo consumido (M). A expressão é do tipo V= a x M + b x w + c, onde a, b e c são constantes. Um balanço térmico da zona de elaboração permite calcular a quan- tidade de calor consumido (e portanto o consumo de carbono), ovo- lume de ar específico e a s perdas térmicas nessa zona. 95 Um balanço de massa na zona de preparaçao permite calcular o volu- me e a composição dos gases de topo e o grau de redução da carga metálica que passa para zona de elaboração (fator w). Um balanço térmico na zona de preparaçao permite calcular atempe- ratura do gás de topo e as perdas térmicas nessa zona. O conjunto desses cálculos constitui o "modelo termoquímico", que se baséia no modelo operacional cujo esquema e mostrado na figura 2.19. 96 GASES CARGA FRIA (MEDIDA) { 1. TEMPERATURA -(CALCULÁVEL) 2. COM POSI CAO - MEDIDA PERDAS ~--'----r--... DE (CALCULÁVEL) ZONA DE IV CALOR PREPARAÇAO CARGA GASES { 800 ºC -CARVÃO VEGETAL 1.TEMPEFIATURA 0 ~~~--'-- 950 C-COQUE ,., ,. 1. CO MPOS IÇAO EQUILI BR 10 COM Fc/Fê O (CALCULÁVEL} "' 2. e o MP os I ç Ão DEPENDE üO GRAU DE RE- DUÇa'.O (CALCULÁVEL) { 600 ºC -Ct,RVAO VEGETAL 2. TEMPERATURA 950 ºC- COQUE AR ZONA OE ,., { 1. TEMPERATURA - MEDIDA 2. UUIDADI':'. - MEDIDA 3. VAZ ÃQ -MEDIDA E CALCULADA ELABORAÇAO PERDAS DE CALOR ( e A LC u L Áv E L) GUSA , ESCORIA { 1. TEMPERAT~RA -MEDIDA 2. COMPOSIÇAO - MEDIDA Figura 2.19 - Esquema do modelo operacional do alto-forno segundo Campos(S). 97 3. FORNO EL~TRICO DE REDUÇÃO O forno elétrico de redução é o método de obtenção de gusa de maior importância depois do alto-forno, embora a produção mundial com e~ tes fornos não atinja 2% do total. Tem interesse, especialmente,o~ de a energia elétrica e barata. Enquanto num alto-forno convencional, o coque (ou o carvao vege- getal), pela sua queima, proporciona a energia térmica necessária para as reaçoes, além de agir como redutor, no forno elétrico de redução ele funciona apenas como redutor, sendo o aquecimento .da carga efetuado pela energia elétrica. O forno elétrico consiste numa câmara de fusão com três eletrodos passando através da abóbada. Dispostos uniformemente, perto da pe- riferia da abóbada, estão os tubos de carregamento como mostra a figura 2.20. Os eletrodos sao de carbono amorfo ou auto-aglomerantes, do tipo Soederberg. Estes Últimos são constituídos de invólucros de chapa de aço, que são soldados em plataforma localizada num nível mais e levado da casa do forno de modo a formar um tubo com nervuras ra- diais. A ligação dos transformadores aos eletrodos é feita por meio de tu bos e barras de cobre. As placas de contato com o eletrodo sao i- gualmente de cobre e refrigeradas a água. A regulagem dos eletro- dos consiste essencialmente de três conjuntos de "relais" diferen- ciais, que reagem ~s variações de voltagem e de intensidade de cor rente; ligam os contactores de levantamento ou de descida (que co- 98 2) Fundações; 3) Elétrodos Sõderbcrg; 4) Silos de alimentação da carga; 5) Tubos de alimentação; 8) Transformador monofásico; 9) Calha <lc vasamcnto; e 12) Silós de minério e fundentes. Figura 2.20 - Esquema de um forno e létrico de redução. 99 modam os motores de corrente contínua) para fazer subir os eletro- dos quando a corrente é muito alta, ou descê-los quando a corrente está muito fraca. Um forno de 13.200 KVA pode produzir cerca de 100 t por dia; o con sumo de energia ê da ordem de 2.500 - 3.00 kwh/t.
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