Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 1 Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 2.5.1 - Derivadas parciais de segunda ordem 2.5.3 - Derivadas parciais de ordens superiores 2.5.2 - Teorema de Clairaut-Schwarz-Young Neste cap´ıtulo, continuaremos o estudo de derivadas parciais de func¸o˜es de diversas varia´veis reais. Veremos agora como generalizar o conceito de derivadas de derivadas. Veremos tambe´m um importante teorema, que pode reduzir bastante a quantidade de ca´lculos dessas derivadas de ordens superiores. 2.5.1 - Derivadas parciais de segunda ordem Na aula passada, vimos como definir derivadas parciais para uma func¸a˜o de n varia´veis reais. Tomando o caso particular de uma func¸a˜o de duas varia´veis reais, f(x, y), podemos deriva´-la com relac¸ao a x ou com relac¸a˜o a y, obtendo as derivadas parciais ∂f ∂x = lim ∆x→0 f(x+∆x, y)− f(x, y) ∆x e ∂f ∂y = lim ∆y→0 f(x, y +∆y)− f(x, y) ∆y . Tambe´m podemos derivar derivadas parciais, obtendo derivadas parciais de segunda ordem. No caso de uma func¸a˜o de duas varia´veis reais, podemos derivar cada uma das duas derivadas pariciais da func¸a˜o com relac¸a˜o a` varia´vel x e com relac¸a˜o a` varia´vel y, de modo que teremos 4 derivadas parciais de segunda ordem: ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ∂f ∂x , ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x ∂f ∂y , ∂2f ∂y∂x = ∂ ∂y ∂f ∂x , ∂2f ∂y2 = ∂ ∂y ∂f ∂y . Note que na˜o estamos elevando nada ao quadrado nas expresso˜es acima. Temos apenas s´ımbolos, como os da notac¸a˜o de Leibniz para a derivada segunda de uma func¸a˜o de uma varia´vel: d2f dx2 . De modo semelhante, uma func¸a˜o de treˆs varia´veis reais teria 32 = 9 derivadas parciais de segunda ordem e uma func¸a˜o de n varia´veis reais, n2 derivadas parciais de segunda ordem. Exemplo 1: calcule todas as derivadas parciais de primeira e de segunda ordens da func¸a˜o f(x, y) = xy2+2x. Soluc¸a˜o: calculamos primeira as derivadas de primeira ordem (ja´ calculadas na sec¸a˜o 4.3.2): ∂f ∂x = y2 + 2x e ∂f ∂y = 2xy . Derivando ∂f ∂x com relac¸a˜o a x e a y, temos ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ∂f ∂x = ∂ ∂x (y2 + 2) = 0 e ∂2f ∂y∂x = ∂ ∂y ∂f ∂x = ∂ ∂y (y2 + 2) = 2y . Derivando ∂f ∂y com relac¸a˜o a x e a y, temos ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x ∂f ∂y = ∂ ∂x 2xy = 2y e ∂2f ∂y2 = ∂ ∂y ∂f ∂y = ∂ ∂y 2xy = 2x . Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 2 Exemplo 2: calcule todas as derivadas parciais de primeira e de segunda ordens da func¸a˜o f(x, y) = x seny. Soluc¸a˜o: as derivadas de primeira ordem ficam ∂f ∂x = sen y e ∂f ∂y = x cos y . Derivando ∂f ∂x com relac¸a˜o a x e a y, temos ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ∂f ∂x = ∂ ∂x sen y = 0 e ∂2f ∂y∂x = ∂ ∂y ∂f ∂x = ∂ ∂y sen y = cos y . Derivando ∂f ∂y com relac¸a˜o a x e a y, temos ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x ∂f ∂y = ∂ ∂x x cos y = cos y e ∂2f ∂y2 = ∂ ∂y ∂f ∂y = ∂ ∂y x cos y = −x sen y . Exemplo 3: calcule todas as derivadas parciais de primeira e de segunda ordens da func¸a˜o f(x, y) = ln(x2 − y3). Soluc¸a˜o: as derivadas de primeira ordem ficam ∂f ∂x = 1 x2 − y3 · 2x = 2x x2 − y3 e ∂f ∂y = 1 x2 − y3 · (−3y 2) = −3y2 x2 − y3 . As derivadas parciais de segunda ordem ficam, usando a regra (u v )′ = u′v − uv′ v2 , ∂2f ∂x2 = 2 · (x2 − y3)− 2x · 2x (x2 − y3)2 = 2x2 − 2y3 − 4x2 (x2 − y3)2 = −2x2 − 2y3 (x2 − y3)2 , ∂2f ∂y∂x = 0 · (x2 − y3)− 2x(−3y2) (x2 − y3)2 = 6xy2 (x2 − y3)2 , ∂2f ∂x∂y = 0 · (x2 − y3) + 3y2 · 2x (x2 − y3)2 = 6xy2 (x2 − y3)2 , ∂2f ∂y2 = −6y(x2 − y3) + 3y2(−3y2) (x2 − y3)2 = −6x2y + 6y4 − 9y4 (x2 − y3)2 = −6x2y − 3y4 (x2 − y3)2 . Note que nos treˆs exemplos anteriores as derivadas parciais ∂2f ∂x∂y e ∂2f ∂y∂x sa˜o iguais. Isto pode ser genera- lizado pelo que chamaremos de Teorema de Clairaut-Schwarz-Young. 2.5.2 - Teorema de Clairaut-Schwarz-Young Para o caso de uma func¸a˜o de duas varia´veis reais, esse teorema afirma que, dada uma func¸a˜o f(x, y) que tenha derivadas segundas cont´ınuas em um determinado ponto (x0, y0) ∈ D(f), enta˜o ∂ 2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x . O teorema e´ enunciado a seguir. Teorema 1 - Teorema de Clairaut-Schwarz-Young para func¸o˜es de duas varia´veis reais - dada uma func¸a˜o f(x, y) definida em uma regia˜o D(f) ∈ R2 tal que (x0, y0) ∈ D(f), se ∂ 2f ∂x∂y e ∂2f ∂y∂x , calculadas em (x0, y0), forem ambas cont´ınuas nesse ponto, enta˜o ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x em (x, y) = (x0, y0). Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 3 Este teorema, demonstrado na Leitura Complementar 1.4.2, reduz bastante a necessidade de ca´lculos de derivadas superiores e e´ va´lido para a grande maioria das func¸o˜es encontradas nas a´reas de Economia e Ad- ministrac¸a˜o. Ele tambe´m e´ va´lido para derivadas de func¸o˜es de mais de duas varia´veis reais. Note, pore´m, que o teorema na˜o afirma que, se ∂2f ∂x∂y e ∂2f ∂y∂x na˜o forem cont´ınuas, enta˜o elas na˜o podem ser iguais. Observac¸a˜o: o teorema e´ chamado pela literatura matema´tica de Teorema de Clairaut, mas tambe´m como Teorema de Schwarz. Os economistas o chamam Teorema de Young. Por isso, foi escolha deste livro chamar o teorema pelo nome desses treˆs poss´ıveis autores. Vamos utilizar o teorema 1 no ca´lculo de mais algumas derivadas parciais de segunda ordem. Exemplo 1: calcule todas as derivadas parciais de primeira e de segunda ordens da func¸a˜o f(x, y) = √ 4− x2 + y2. Soluc¸a˜o: escrevendo a func¸a˜o na forma de uma poteˆncia, f(x, y) = (4−x2+ y2)1/2 as derivadas de primeira ordem ficam ∂f ∂x = 1 2 (4− x2 + y2)−1/2(−2x) = −x(4− x2 + y2)−1/2 e ∂f ∂y = 1 2 (4− x2 + y2)−1/2(2y) = y(4− x2 + y2)−1/2 . As derivadas parciais de segunda ordem sa˜o feitas a seguir: ∂2f ∂x2 = −(4− x2 + y2)−1/2 + 1 2 x(4 − x2 + y2)−3/2(−2x) = −(4− x2 + y2)−1/2 + x2(4− x2 + y2)−3/2 , ∂2f ∂y∂x = 1 2 x(4 − x2 + y2)−3/2(2y) = xy(4− x2 + y2)−3/2 , ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = xy(4− x2 + y2)−3/2 , ∂2f ∂y2 = (4− x2 + y2)−1/2 − 1 2 y(4− x2 + y2)−3/2(2y) = (4 − x2 + y2)−1/2 − y2(4− x2 + y2)−3/2 . Para func¸o˜es de n varia´veis reais, f = f(x1, · · · , xn), onde podemos ter n derivadas parciais de primeira ordem e n2 derivadas parciais de segunda ordem, podemos enunciar uma versa˜o mais geral do teorema 1. Teorema 2 - Teorema de Clairaut-Schwarz-Young para func¸o˜es de n varia´veis reais - dada uma func¸a˜o f(x1, · · · , xn) definida em uma regia˜o D(f) ∈ Rn tal que (x10, · · · , xn0) ∈ D(f), se ∂ 2f ∂xi∂xj e ∂2f ∂xj∂xi , onde i, j = 1, · · · , n, calculadas em (x10, · · · , xn0), forem ambas cont´ınuas nesse ponto, enta˜o ∂2f ∂xi∂xj = ∂2f ∂xj∂xi em (x1, · · · , xn) = (x10, · · · , xn0). Exemplo 2: calcule todas as derivadas parciais de primeira e de segunda ordens da func¸a˜o f(x, y, z) = x ln(yz). Soluc¸a˜o: as derivadas parciais de primeira ordem ja´ foram calculadas no exemplo 4 da sec¸a˜o anterior. A partir delas, calculamos ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ln(yz) = 0 , ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x x y = 1 y , ∂2f ∂x∂z = ∂ ∂x x z = 1 z , ∂2f ∂y∂x = ∂2f ∂x∂y = 1 y , ∂2f ∂y2 = ∂ ∂y x y = − x y2 , ∂2f ∂y∂z = ∂ ∂y x z = 0 , ∂2f ∂z∂x = ∂2f ∂x∂z = 1 z , ∂2f ∂z∂y = ∂2f ∂y∂z = 0 , ∂2f ∂z2 = ∂ ∂z x z = − x z2 . Por fim, veremos uma func¸a˜o que na˜o obedece ao teorema 1. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordenssuperiores 4 Exemplo 4: calcule todas as derivadas parciais de primeira e de segunda ordens da func¸a˜o f(x) = xy3 x2 + y2 , (x, y) 6= (0, 0); 0 , (x, y) = (0, 0). Soluc¸a˜o: primeiro, calculamos as derivadas parciais de primeira ordem dessa func¸a˜o. Para (x, y) 6= 0, a derivada parcial de f com relac¸a˜o a x fica, utilizando a regra da derivada do quociente de duas func¸o˜es, (u v )′ = u′v − uv′ v2 , ∂f ∂x = y3(x2 + y2)− xy3 · 2x (x2 + y2)2 = x2y3 + y5 − 2x2y3 (x2 + y2)2 = y5 − x2y3 (x2 + y2)2 , (x, y) 6= (0, 0) . Ja´ a derivada parcial de f com relac¸a˜o a x no ponto (0, 0) tem que ser calculada utilizando a definic¸a˜o de derivada parcial: ∂f(0, 0) ∂x = lim ∆x→0 f(0 + ∆x, 0)− f(0, 0) ∆x = lim ∆x→0 ∆x·03 (∆x)2+02 − 0 ∆x = lim ∆x→0 0− 0 ∆x = 0 , (x, y) = (0, 0) . Portanto, ∂f ∂x = y5 − x2y3 (x2 + y2)2 , (x, y) 6= (0, 0); 0 , (x, y) = (0, 0). De modo semelhante, a derivada parcial de f com relac¸a˜o a y para (x, y) 6= (0, 0) fica ∂f ∂y = 3xy2(x2 + y2)− xy3 · 2y (x2 + y2)2 = 3x3y2 + 3xy4 − 2xy4 (x2 + y2)2 = 3x3y2 + xy4 (x2 + y2)2 , (x, y) 6= (0, 0) . A derivada parcial de f com relac¸a˜o a y no ponto (0, 0) tem que ser calculada utilizando a definic¸a˜o de derivada parcial: ∂f(0, 0) ∂y = lim ∆y→0 f(0, 0 + ∆y)− f(0, 0) ∆y = lim ∆y→0 0·(∆y)3 02+(∆y)2 − 0 ∆y = lim ∆y→0 0− 0 ∆y = 0 , (x, y) = (0, 0) . Portanto, ∂f ∂y = 3x3y2 + xy4 (x2 + y2)2 , (x, y) 6= (0, 0); 0 , (x, y) = (0, 0). As derivadas de segunda ordem ficam ∂2f ∂x2 = −2xy3(x2 + y2)2 − (y5 − x2y3) · 2(x2 + y2) · 2x (x2 + y2)4 , (x, y) 6= (0, 0) e ∂2f(0, 0) ∂x2 = lim ∆x→0 ∂f(0+∆x,0) ∂x − ∂f(0,0)∂x ∆x = lim ∆x→0 0 (∆x)4 − 0 ∆x = lim ∆x→0 0 ∆x = 0 , (x, y) = (0, 0); ∂2f ∂y∂x = (5y4 − 3x2y2)(x2 + y2)2 − (y5 − x2y3) · 2(x2 + y2) · 2y (x2 + y2)4 (x, y) 6= (0, 0) e ∂2f(0, 0) ∂y∂x = lim ∆y→0 ∂f(0,0+∆y) ∂x − ∂f(0,0)∂x ∆y = lim ∆y→0 (∆y)5 (∆y)4 − 0 ∆y = lim ∆y→0 ∆y − 0 ∆y = lim ∆y→0 1 = 1 , (x, y) = (0, 0); ∂2f ∂x∂y = (9x2y2 + y4)(x2 + y2)2 − (3x3y2 + xy4) · 2(x2 + y2) · 2x (x2 + y2)4 (x, y) 6= (0, 0) e ∂2f(0, 0) ∂x∂y = lim ∆x→0 ∂f(0+∆x,0) ∂y − ∂f(0,0)∂y ∆x = lim ∆x→0 0− 0 ∆x = 0 , (x, y) = (0, 0); ∂2f ∂y2 = (6x3y + 4xy3)(x2 + y2)2 − (3x3y2 + xy4) · 2(x2 + y2) · 2y (x2 + y2)4 , (x, y) 6= (0, 0) e ∂2f(0, 0) ∂y2 = lim ∆y→0 ∂f(0,0+∆y) ∂y − ∂f(0,0)∂y ∆y = lim ∆y→0 0− 0 ∆y = 0 , (x, y) = (0, 0). Note que, no exemplo 4, ∂2f(0, 0) ∂y∂x 6= ∂ 2f(0, 0) ∂x∂y . Isto na˜o contraria o teorema 1, pois essas derivadas parciais Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 5 de segunda ordem na˜o sa˜o cont´ınuas no ponto (0, 0). Alexis Claude de Clairaut (1713-1765): filho de um matema´tico, ele foi uma crianc¸a prod´ıgio, produzindo material de vanguarda em matema´tica quando so´ tinha 13 anos de idade. Aos 18 anos, foi admitido na Academia de Cieˆncias Francesa. Realisou pesquisa em matema´tica, planetologia (forc¸as centr´ıfugas no equador terrestre) e astronomia. Apo´s ficar famoso, Clairaut gastava muito tempo com festas e com mulheres, o que acabou por minar um pouco do seu trabalho e da sua sau´de. Morreu aos 52 anos de idade. Karl Hermann Amandus Schwarz (1864-1951): inicialmente interessado em Qu´ımica, Schwarz ingressou na universidade para estudar esse campo da cieˆncia. No entanto, alguns de seus professores, percebendo a sua vocac¸a˜o em matema´tica, o convenceram a mudar o assunto de seus estudos. Schwarz trabalhou em Go¨ttingen e em Berlim (Alemanha) no campo da Ana´lise Complexa e foi membro da Academia Real. Ale´m de matema´tico, ele tambe´m desenvolveu alguns trabalhos volunta´rios: foi capita˜o da Brigada Volunta´ria de Bombeiros local e tambe´m auxiliava no fechamento das portas dos trens na estac¸a˜o ferrovia´ria local. William Henry Young (1863-1942): nasceu em Londres (Inglaterra) e estudou na Universidade de Cambridge, onde se destacou como o melhor aluno de sua turma. No entanto, so´ veio a interessar-se pela pesquisa em matema´tica apo´s casar-se com a tambe´m matema´tica Grace Chisholm. O casal desenvolveu diversas pesquisas de importaˆncia em matema´tica e mudou-se pra Go¨ttingen (Alemanha), onde estavam os principais matema´ticos em sua a´rea na e´poca. Depois, mudaram-se com seus cinco filhos primeiro para Genebra e depois para Lausanne (Su´ıc¸a). Nessa e´poca, William ocupou diversas posic¸o˜es em per´ıodo parcial como professor e examinador em diversas universidades do Reino Unido (incluindo a I´ndia). Sua maior obra foi um tratado sobre func¸o˜es de diversas varia´veis. Era considerado um homem vivaz, tanto f´ısica quanto mentalmente. 2.5.3 - Derivadas parciais de ordens superiores Do mesmo como como derivamos as derivadas parciais de uma func¸a˜o para conseguir derivadas parciais de segunda ordem, podemos derivar essas novas derivadas sucessivamente, obtendo derivadas de ordens 3, 4 e, em geral, de ordem n. Por exemplo, uma func¸a˜o de duas varia´veis reais tem duas derivadas parciais de primeira ordem, quatro derivadas parciais de segunda ordem e oito derivadas parciais de terceira ordem (figura a seguir). Uma func¸a˜o de treˆs varia´veis reais tera´ 3 derivadas parciais de primeira ordem, 9 de segunda ordem e 27 de terceira ordem. No caso geral, uma func¸a˜o de m varia´veis reais tera´ mn derivadas parciais de ordem n. f(x, y) ∂f ∂x ∂f ∂y ∂2f ∂x2 ∂2f ∂y∂x ∂2f ∂x∂y ∂2f ∂y2 ∂3f ∂x3 ∂3f ∂y∂x2 ∂3f ∂x∂y∂x ∂3f ∂y2∂x ∂3f ∂x2∂y ∂3f ∂y∂x∂y ∂3f ∂x∂y2 ∂3f ∂y3 Exemplo 1: calcule todas as derivadas parciais de terceira ordem da func¸a˜o f(x, y) = x2 ln y. Soluc¸a˜o: as derivadas parciais de primeira ordem ficam ∂f ∂x = 2x ln y e ∂f ∂y = x2 y = x2y−1 . Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 6 As derivadas parciais de segunda ordem sa˜o ∂2f ∂x2 = 2 ln y , ∂2f ∂y∂x = 2x y = 2xy−1 , ∂2f ∂x∂y = 2xy−1 e ∂2f ∂y2 = −x2y−2 . As derivadas parciais de terceira ordem, ficam, enta˜o, ∂3f ∂x3 = 0 , ∂3f ∂y∂x2 = 2 y , ∂3f ∂x∂y∂x = 2 y , ∂3f ∂y2∂x = −2x y2 , ∂3f ∂x2∂y = 2 y , ∂3f ∂y∂x∂y = −2x y2 , ∂3f ∂x∂y2 = −2x y2 , ∂3f ∂y3 = 2x2 y3 . Como derivadas parciais de ordens maiores que 2 raramente aparecem em Economia, Administrac¸a˜o ou mesmo nas cieˆncias exatas, na˜o ficaremos muito tempo estudando essas ordens de derivadas. No cap´ıtulo seguinte introduziremos dois conceitos diretamente ligados ao de derivadas parciais: o gradiente e a hessiana. Resumo • Derivadas parciais de segunda ordem: ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ∂f ∂x , ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x ∂f ∂y , ∂2f ∂y∂x = ∂ ∂y ∂f ∂x , ∂2f ∂y2 = ∂ ∂y ∂f ∂y . • Teorema de Clairaut-Schwarz-Young para func¸o˜es de uma varia´vel real: dada uma func¸a˜o f(x, y) definida em uma regia˜o D(f) ∈ R2 tal que (x0, y0) ∈ D(f), se ∂ 2f ∂x∂y e ∂2f ∂y∂x , calculadas em (x0, y0), forem ambas cont´ınuas nesse ponto, enta˜o ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x em (x, y) = (x0, y0). • Teorema de Clairaut-Schwarz-Young para func¸o˜es de n varia´veis reais - dada uma func¸a˜o f(x1, · · · , xn) definida em uma regia˜o D(f) ∈ Rn tal que (x10, · · · , xn0) ∈ D(f), se ∂ 2f ∂xi∂xj e ∂2f ∂xj∂xi , onde i, j = 1, · · · , n, calculadas em (x10, · · · , xn0), forem ambas cont´ınuas nesse ponto, enta˜o ∂2f ∂xi∂xj = ∂2f ∂xj∂xi em (x1, · · · , xn) = (x10, · · · , xn0). Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 7Exerc´ıcios - Cap´ıtulo 2.5 Nı´vel 1 Derivadas parciais de segunda ordem Exemplo 1: calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem da func¸a˜o f(x, y, z) = x cos(yz). Soluc¸a˜o: as derivadas parciais de primeira ordem ja´ foram calculadas no exemplo 1. A partir delas, calculamos ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ∂f ∂x = ∂ ∂x cos(yz) = 0 , ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x ∂f ∂y = ∂ ∂x [−xz sen (yz)] = −z sen (yz) , ∂2f ∂x∂z = ∂ ∂x ∂f ∂z = ∂ ∂x [−xy sen (yz)] = −y sen (yz) , ∂ 2f ∂x∂y = −z sen (yz) , ∂2f ∂y2 = ∂ ∂y ∂f ∂y = ∂ ∂y [−xz sen (yz)] = −xz cos(yz) · z = −xz2 cos(yz) , ∂2f ∂y∂z = ∂ ∂y ∂f ∂z = ∂ ∂y [−xy sen (yz)] = −x sen (yz)− xy cos(yz) · z = −x sen (yz)− xyz cos(yz) , ∂2f ∂z∂x = ∂2f ∂x∂z = −y sen (yz) , ∂ 2f ∂z∂y = ∂2f ∂y∂z = −x sen (yz)− xyz cos(yz) , ∂2f ∂z2 = ∂ ∂z ∂f ∂z = ∂ ∂z [−xy sen (yz)] = −xy cos(yz) · y = −xy2 cos(yz) . E1) Calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem das seguintes func¸o˜es: a) f(x, y) = xy3, b) f(x, y) = 2x+ cos y, c) f(x, y, z) = 4xz − 8y2, d) f(x, y, z) = 8x√y − 2 ez , e) f(x, y) = ln(x− y), f) f(x, y, z) = √ x2 + y2 − 8 ln z, g) f(x, y, z) = x√x2 − z2 + 2yz, h) f(x, y, z) = 1√ x2+y2+z2 . Nı´vel 2 E1) Dada uma func¸a˜o de produc¸a˜o P (K,L) em func¸a˜o do capital K investido e do valor L da ma˜o-de-obra de uma determinada empresa ou pa´ıs, chamamos ∂P ∂K de produtividade marginal do capital e ∂P ∂L de produtividade marginal do trabalho. Considere uma indu´stria cuja produc¸a˜o seja modelada pela func¸a˜o P (K,L) = 20K0,4L0,6, onde K e´ o capital investido e L sa˜o os gastos com a ma˜o-de-obra, ambos medidos em milhares de reais. a) Calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem dessa func¸a˜o de produc¸a˜o. b) Qual sera´ o efeito sobre a produtividade marginal do capital caso haja um pequeno aumento no capital investido em maquina´rio e em infra-estrutura? c) Qual sera´ o efeito sobre a produtividade marginal do capital caso haja um aumento um pequeno aumento no investimento em trabalho? E2) O dalambertiano de uma func¸a˜o de duas varia´veis f(x, y) e´ definido como∇2f = ∂ 2f ∂x2 + ∂2f ∂y2 e sua definic¸a˜o pode ser generalizada para func¸o˜es de mais de duas varia´veis. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 2.5 - Derivadas parciais de ordens superiores 8 a) Mostre que, para f(x, y) = 1√ x2 + y2 , ∇2f = 1 f3 . b) Mostre que, para f(x, y) = 1√ x2 + y2 + y3 , ∇2f = 0. Nı´vel 3 E1) Considere a func¸a˜o de produc¸a˜o de Cobb-Douglas, P (K,L)AKαL1−α, 0 < α < 1, em func¸a˜o do capital K investido e do valor L da ma˜o-de-obra de uma determinada empresa ou pa´ıs. a) Calcule todas as derivadas de primeira e de segunda ordens dessa func¸a˜o. b) Deˆ uma interpretac¸a˜o econoˆmica para os sinais de ∂2P ∂K2 e de ∂2P ∂L2 . Respostas Nı´vel 1 E1) a) ∂ 2f ∂x2 = 0, ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 3y 2, ∂ 2f ∂y2 = 6xy; b) ∂2f ∂x2 = 0, ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 0, ∂2f ∂y2 = − cos y; c) ∂ 2f ∂x2 = 0, ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 0, ∂2f ∂x∂z = ∂2f ∂z∂x = 4, ∂2f ∂y2 = −16, ∂ 2f ∂y∂z = ∂2f ∂z∂y = 0, ∂2f ∂z2 = 0; ; d) ∂2f ∂x2 = 0, ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 4√ x , ∂2f ∂x∂z = ∂2f ∂z∂x = 0, ∂2f ∂y2 = − 2xy3/2 , ∂ 2f ∂y∂z = ∂2f ∂z∂y = 0, ∂2f ∂z2 = −2 ez; e) ∂ 2f ∂x2 == −1 (x−y)2 , ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 1 (x−y)2 , ∂2f ∂y2 = −1 (x−y)2 ; f) ∂2f ∂x2 = y2 (x2+y2)3/2 , ∂ 2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = −xy (x2+y2)3/2 , ∂ 2f ∂x∂z = ∂2f ∂z∂x = 0, ∂2f ∂y2 = x2 (x2+y2)3/2 , ∂2f ∂y∂z = ∂2f ∂z∂y = 0, ∂2f ∂z2 = 8 z2 ; g) ∂2f ∂x2 = 2x3−3xz2 (x2−z2)3/2 , ∂2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 0, ∂2f ∂x∂z = ∂2f ∂z∂x = z3 (x2−z2)3/2 , ∂2f ∂y2 = 0, ∂2f ∂y∂z = ∂2f ∂z∂y = 2, ∂2f ∂z2 = z3−zx2−xz2 (x2−z2)3/2 ; h) ∂2f ∂x2 = 2x2−y2−z2 (x2+y2+z2)5/2 , ∂ 2f ∂x∂y = ∂2f ∂y∂x = 3xy (x2+y2+z2)5/2 , ∂2f ∂x∂z = ∂2f ∂z∂x = 3xz (x2+y2+z2)5/2 , ∂ 2f ∂y2 = 2y2−x2−z2 (x2+y2+z2)5/2 , ∂ 2f ∂y∂z = ∂2f ∂z∂y = 3yz (x2+y2+z2)5/2 , ∂ 2f ∂z2 = 2z2−x2−y2 (x2+y2+z2)5/2 . Nı´vel 2 E1) a) ∂2P (K,L) ∂K2 = −4, 8K−1,6L0,6, ∂ 2P (K,L) ∂K∂L = ∂2P (K,L) ∂L∂K = −4, 8K−1,6L0,6 = 4, 8K−0,6L−0,4 e ∂2P (K,L) ∂L2 = −4, 8K0,4L−1,4. b) Como o sinal de ∂2P (K,L) ∂K2 e´ negativo, a produtividade marginal do capital caira´. c) Como o sinal de ∂2P (K,L) ∂L∂K e´ positivo, a produtividade marginal do capital aumentara´. E2) a) ∂2f ∂x2 = 2x2 − y2 (x2 + y2)3/2 e ∂2f ∂y2 = 2y2 − x2 (x2 + y2)3/2 , de modo que ∇2f = 1 (x2 + y2)3/2 = 1 f3 . b) ∂2f ∂x2 = 2x2 − y2 − z2 (x2 + y2)3/2 , ∂2f ∂y2 = 2y2 − x2 − z2 (x2 + y2)3/2 e ∂2f ∂z2 = 2z2 − x2 − y2 (x2 + y2)3/2 , de modo que ∇2f = 0. Nı´vel 3 E1) a) ∂P ∂K = αA ( L K )1−α , ∂P ∂L = (1− α)A ( K L )α , ∂2P ∂K2 = −α(1− α)AK−2+αL1−α, ∂ 2P ∂K∂L = α(1− α)AK−1+αL−α, ∂2P ∂L∂K = α(1 − α)AK−1+αL−α, ∂ 2P ∂L2 = −α(1− α)AKαL−1−α. b) Os sinais de ∂2P ∂K2 e de ∂2P ∂L2 sa˜o negativos, o que indica que os ganhos com aumentos do capital ou do trabalho diminuem conforme se aumenta os valores investidos nesses dois setores.
Compartilhar