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AULA 1 HISTORIA E CONCEITOS BÁSICOS EM GERONTOGERIATRIA

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HISTÓRIA E CONCEITOS BÁSICOS 
EM GERONTOGERIATRIA 
 
Prof. Edson Rios D’Angelo 
Bacharelado em Fisioterapia 
Fisioterapia na Saúde do Idoso 
Nesta aula, 
veremos: 
 Percepções sobre “ser idoso” 
 Mitos sobre a velhice 
 Importância de se estudar o envelhecimento 
 Conceito de geriatria e gerontologia 
 Histórico do estudo do envelhecimento 
 Terminologias importantes para a gerontogeriatria 
 
 
 
Qual significado de ser 
idoso? 
 Experiente 
Veterano 
Caduco 
Doente 
Ranzinza 
Ser idoso 
A percepção do “ser idoso” varia de acordo com o grupo 
cultural ao qual o indivíduo pertence. 
 Sociedades tradicionais: o velho como conselheiro, sábio; 
 Modernização: com a valorização da produtividade, os idosos 
passaram a ser considerados improdutivos; 
 Século XX: visibilidade ao idoso (agenda pública, cidadania, 
mercado consumidor, cuidados). 
 
Porém, a ideia mais prevalente de idoso se associa a aspectos 
negativos como decadência, dependência e decrepitude. 
 Estereótipos; 
 Desconsideração pelas conquistas, oportunidades, projetos e 
relações que as experiências vividas e os saberes acumulados 
os trazem. 
 
Mitos sobre a 
velhice 
 Mito da senilidade: 
 
Supõe que a velhice e a enfermidade andam juntas. A maioria 
da população idosa é considerada com uma saúde debilitada, 
associando velhice com senilidade ou deterioração mental. 
 
 
 
 
 
A velhice precisa ser vista como parte do ciclo vital e que o 
envelhecimento começa logo após o nascimento. 
Mitos sobre a 
velhice 
 Mito do isolamento social 
 
Acredita ser a exclusão, o repouso, a solidão, o melhor para a 
vida do idoso. 
 
 
 
 
 
 
Existe aqui uma confusão que mistura o fato de alguns idosos 
não realizarem mais tarefas produtivas e remuneradas, como 
se esta fosse a única forma de interação social que se pode 
produzir. 
Mitos sobre a 
velhice 
 
 Mito da inutilidade 
 
Nasce de uma sociedade capitalista onde as pessoas valem 
pelo que elas produzem e pelo que elas conseguem possuir 
em função disto. 
 
 
 
 
 
 
É um mito totalmente baseado na produção material e na 
ganância. 
Mitos sobre a 
velhice 
 Mito da pouca criatividade e da pouca capacidade para 
aprender 
 
É certo que os idosos, em certo momento, não contem com a 
atenção, memória e agilidade de antes. Porém são capazes de 
aprender muito, o que se necessita é criar outras formas de 
ensino que se voltem para as necessidades e habilidades dos 
idosos. 
 
Mitos sobre a 
velhice 
 Mito da assexualidade 
 
Esse mito nasceu de tabus culturais e de atitudes de muitos 
profissionais que julga as pessoas idosas como carentes de 
desejos sexuais e, no caso de manifestarem este desejo, são 
tidas como anormais. 
 
 
 
 
Se julga que a sexualidade e as relações sexuais estejam 
reservadas para os jovens e geralmente sexualidade não é vista 
como uma dimensão do ser humano que está presente sempre. 
O que fazer para 
mudar essas 
percepções? 
 
 Conhecer mais sobre os aspectos sociais, econômicos, étnicos, 
culturais, legais e biológicos do envelhecimento na sociedade 
brasileira e repensar as atitudes/valores quanto ao idoso; 
 Desmistificar as causas de criação de mitos e falsos parâmetros a 
cerca da velhice; 
 Investir nas crianças, no momento da constituição da 
personalidade, propiciando a aproximação das mesmas aos idosos 
e que pelo exemplo de cuidado, atenção e respeito de seus pais a 
essas pessoas, as crianças poderiam internalizar esses 
valores/atitudes, apoiadas pelas escolas, igrejas e grupos sociais; 
 Reconhecer a potencialidade laborativa dos idosos, sua saúde, 
energia e criatividade; 
 Favorecer a inclusão social do idoso promovendo o sentido da sua 
existência. 
 
Porque estudar o 
envelhecimento? 
 É o grupo etário que mais cresce atualmente: 
 O número de pessoas idosas dobrou nos últimos 50 anos; 
 2020: 14% da população brasileira (30, 9 milhões de pessoas). 
 2050: dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais no 
mundo. 
 Aumento da prevalência de doenças crônicas: 
 A cada 10 idosos, 8 apresentam pelo menos 1 doenças crônica 
 Aumento do número absoluto de idosos fragilizados; 
 Demandas urgentes para a sociedade como um todo: 
 Previdência social; 
 Sistema de saúde; 
 Famílias; 
 Engajamento com a vida e participação social. 
 
Conceito de 
Geriatria 
GERIATRIA 
 
Do grego gérõn-ontos (velho) + yatreia (tratamento). 
 
Especialidade médica responsável pelos aspectos clínicos do 
envelhecimento e pelos amplos cuidados de saúde 
necessários às pessoas idosas. Lida com os aspectos físicos, 
mentais, funcionais e sociais nos cuidados agudos, crônicos, 
de reabilitação, preventivos e paliativos dos idosos. Tem como 
objetivo principal otimizar a capacidade funcional e melhorar 
a qualidade de vida e a autonomia dos idosos. 
 
Geriatra 
 
GERIATRA é o médico que se especializou no cuidado de 
pessoas idosas, que atende ao idoso diferenciando as 
mudanças anatômicas, funcionais e psicológicas próprias do 
processo natural de envelhecimento, das alterações 
decorrentes de doenças nessa fase da vida. 
 
 Abordagem ampla para a avaliação clínica: 
 Instrumentos de rastreio, escalas e testes; 
 Doenças comuns ao processo do envelhecimento, problemas com 
múltiplas causas e cuidados paliativos aos pacientes portadores de 
doenças sem possibilidade de cura; 
 Frequentemente, atua em conjunto com equipe multidisciplinar 
como na avaliação de tratamentos adequados e daqueles que 
trazem riscos e/ou interações indesejadas. 
 
Conceito de 
Gerontologia 
GERONTOLOGIA 
 
Do grego gérõn-ontos (velho) + logos (estudo) 
 
Campo científico e profissional dedicado às questões 
multidimensionais do envelhecimento e da velhice, tendo 
por objetivo a descrição e a explicação do processo de 
envelhecimento nos seus mais variados aspectos (biológicos, 
psicológicos, sociais, entre outros), visando à prevenção e a 
intervenção para garantir a melhor qualidade de vida possível 
dos idosos até o momento final da sua vida. É, por natureza, 
multi e interdisciplinar, pois o processo de envelhecimento 
permeia todos os aspectos da vida. 
 
Gerontólogo 
 
GERONTÓLOGO: Profissionais com formações diversificadas, que 
interagem entre si e com os geriatras. Os gerontólogos atuam: 
 
 Na prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos 
problemas mais comuns que afetam os idosos e orienta a criação 
de condições adequadas para um envelhecimento com qualidade. 
 Na ambientação: orienta a criação de condições ambientais para 
uma vida com qualidade na velhice, focando os mais variados 
espaços por onde circulam ou vivem pessoas idosas. 
 Na reabilitação: propõe intervenções quando ocorreram perdas 
que são resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de 
condições individuais e ambientais para uma vida digna. 
 Nos cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem 
doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, 
psíquicos, sociais e espirituais, com atenção estendida aos 
familiares, visando o maior bem-estar possível e a dignidade do 
idoso até a sua morte. 
 
Histórico 
Preocupações com longevidade estiveram sempre presentes na 
história da humanidade: 
 Grécia antiga: Hipócrates e Aristóteles associavam o envelhecimento à perda 
de calor intrínseco; 
 Roma Antiga: 
 Marco Túlio Cícero: “De Senectute”; 
 Galeno: “Gerontomica”; 
 Século XII: Roger Bacon propõe programa científico epidemiológico sobre 
longevidade e conclui que a adoção de dieta controlada,repouso, atividade física, 
bons hábitos de higiene e inalações frequentes da respiração de uma jovem 
virgem protegeriam contra o envelhecimento; 
 Segunda metade do século XV: 
 O médico italiano Gabrieli Zerpi produziu o primeiro livro impresso 
destinado à saúde dos velhos; 
 O médico francês André Laurens escreveu o primeiro livro sobre saúde dos 
idosos na língua francesa; 
 1867: O médico francês Jean-Martin Charcot publicou sua obra 
“Lições sobre o envelhecimento” 
 1903: Elie Metchnikoff, microbiologista russo, defendeu a ideia da 
criação de uma nova especialidade, a GERONTOLOGIA. 
Histórico 
 1909: Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados 
Unidos, propôs a criação de nova especialidade destinada a tratar 
das doenças dos idosos e da própria velhice, a GERIATRIA; 
 1930: A médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios até 
hoje tidos como centrais na prática da geriatria moderna, sendo 
considerada a “mãe da geriatria”; 
 1942: Foi criada a American Society of Geriatrics; 
 1946: Foi criada a Gerontological Society of America; 
 1953: Foi lançado o Journal of the American Geriatrics Society 
 1954: Clark Tibbits, gerontólogo estadunidense, introduziu o 
termo Gerontologia Social; 
 1961: Criada a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; 
 1973: Foi criado o Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS – 
instituição pioneira no ensino da geriatria 
Histórico 
 1979: Reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura a 
primeira residência médica em geriatria do Brasil, da Universidade 
Católica do Rio Grande do Sul; 
 1983: A geriatria foi credenciada como especialidade da clínica 
médica. 
 
 
 
 
 
 
 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
GERONTOLOGIA SOCIAL 
Aborda os aspectos não-orgânicos do envelhecimento: 
antropológicos, psicológicos, legais, sociais, ambientais, 
econômicos, éticos e políticos em saúde. 
 
GERONTOLOGIA BIOMÉDICA 
Tem como eixo principal o estudo do envelhecimento do 
ponto de vista molecular e celular. Além de pesquisar a 
prevenção de doenças associadas ao processo do envelhecer. 
 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
ENVELHECIMENTO é um conceito multidimensional que, 
embora geralmente identificado com a questão cronológica, 
envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos. 
Além disso, as características do envelhecimento variam de 
indivíduo para indivíduo (dentro de determinado grupo 
social), mesmo que expostos às mesmas variáveis ambientais. 
 
 
Já a VELHICE é uma etapa da vida, social e individualmente 
construída, estado que caracteriza a condição do ser humano 
idoso. 
 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
 
IDOSO (ou velho) 
De acordo com a Organização das Nações Unidas (1982), o conceito 
de idoso se distingue entre os países desenvolvidos e os em 
desenvolvimento. Para os primeiros, são consideradas idosas 
aquelas pessoas com 65 anos e mais; já para os segundos são idosas 
as pessoas com 60 anos e mais. Esta definição se relaciona com a 
expectativa de vida ao nascer e com a qualidade de vida que as 
nações oportunizam aos seus cidadãos. 
 
 Idoso jovem: 60 a 69 anos; 
 Idoso idoso: 70 a 79 anos; 
 Idoso longevo (idoso muito velho): 80 anos e mais. 
 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
SENESCÊNCIA (ou Senectude) 
Conjunto de modificações orgânicas, morfológicas e 
funcionais decorrentes do processo natural de 
envelhecimento, sem, contudo, acarretar qualquer prejuízo à 
autonomia e à independência do indivíduo. 
 
SENILIDADE 
Conjunto de alterações decorrentes de situações de doenças 
que podem acompanhar um indivíduo ao longo do processo 
de envelhecimento e desencadear o surgimento de sintomas, 
determinando prejuízo à sua autonomia e independência. 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
IDADE CRONOLÓGICA 
Idade cronológica, ou civil, se refere aos anos sucedidos desde 
o nascimento. Tem interesse legal, é irreversível e não sofre 
influências ambientais ou variações genéticas. 
 
IDADE BIOLÓGICA 
Idade biológica, ou fisiológica, representa um agregado de 
vários fatores de desenvolvimento discretos (estado de saúde, 
experiências, aspectos comportamentais, participação e 
níveis de independência), que na sua maioria se relacionam 
intimamente uns com os outros, e são consequentes das 
condições de senescência fisiológica, química e sensorial do 
próprio indivíduo. 
 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
IDADE PSICOLÓGICA 
Assim como o significado da idade biológica, refere-se à relação que 
existe entre a idade cronológica e as capacidades, tais como 
percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o 
potencial de funcionamento futuro do indivíduo. Paralelamente, a 
idade psicológica tem sido relacionada também como senso 
subjetivo de idade, isto é, como cada pessoa avalia a presença de 
marcadores biológicos, sociais e psicológicos do envelhecimento, 
comparando-se com outros indivíduos de mesma idade. 
 
IDADE SOCIAL 
Tem relação com a avaliação da capacidade de adequação do 
indivíduo ao desempenho de papéis e comportamentos esperados 
para as pessoas da sua idade, num dado momento da história de 
cada sociedade. 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
AUTONOMIA 
É a competência individual de tomar decisões e estabelecer 
ações para a própria vida, seguindo as próprias regras 
 
INDEPENDÊNCIA 
Designa a habilidade de realizar algo com os próprios meios. 
 
CAPACIDADE FUNCIONAL 
A medida do grau de preservação da capacidade do indivíduo 
para realizar as atividades cotidianas, sem a necessidade de 
terceiros. 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (AVD) 
São aquelas necessárias ao autocuidado que permitem viver 
de modo independente em contexto domiciliar (banhar-se, 
alimentar-se, vestir-se, higiene pessoal, uso do sanitário, 
controle dos esfíncteres, deambulação, transferências e subir 
e descer escadas). 
 
ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA (AIVD) 
Correspondem às tarefas mais complexas relacionadas à vida 
em comunidade como o uso do telefone, fazer compras, 
preparar refeições, realizar tarefas domésticas, utilização de 
transporte, responsabilidade sobre as medicações e 
capacidade de administrar o uso do dinheiro. 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
 
ENVELHECIMENTO ATIVO 
É o processo de otimização das oportunidades de saúde, 
participação e segurança, com o objetivo de melhorar a 
qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. 
 
O envelhecimento ativo aplica-se tanto a indivíduos quanto a 
grupos populacionais. Permite que as pessoas percebam o seu 
potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do 
curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de 
acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao 
mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados 
adequados, quando necessários. 
 
Terminologias 
importantes para 
a gerontogeriatria 
MULTIDISCIPLINARIDADE 
Pressupõe que várias disciplinas/saberes podem ser reunidas, 
porém, essa reunião não implica nem que elas tenham o 
mesmo objeto de estudo e tampouco que partilhem qualquer 
tipo de relação sobre esse objeto. 
 
INTERDISCIPLINARIDADE 
Implica a existência de um conjunto de disciplinas/saberes 
interligadas e com relações definidas, que evitam desenvolver 
as suas atividades de forma isolada, dispersa ou fraccionada, 
voltadas para a análise e verificação do mesmo objeto de 
estudo. Uma área enriquece o conhecimento sobre a outra e o 
resultadoé a construção de um saber mais complexo e menos 
fragmentado. 
Facts on Aging Quiz – FAQ (Palmore, 1977) 
 
 
Referências 
SANTOS, S.S.C. Concepções teórico-filosóficas sobre 
envelhecimento, velhice, idoso e enfermagem gerontológica. 
Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, n. 6, p. 1035-1039, 2010. 
 
PEREIRA, A.M.V.B.; SCHNEIDER, R.H.; SCHWANKE, C.H.A. 
Geriatria, uma especialidade centenária. Scientia Medica, v. 19, n. 
4, p. 154-161, 2009. 
 
FREITAS, V.E. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ª ed.; Rio 
de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2006.

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