Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GRADUAÇÃO 2015.1 DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO AUTOR: JOÃO PEDRO BARROSO DO NASCIMENTO PESQUISADORES: ARNALDO VIEIRA FERREIRA, DANIELA GUEIROS DIAS, PEDRO ARMANDO CASTELAR PINHEIRO Sumário DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3 1. SOCIEDADES LImITADAS .................................................................................................................................... 6 2. COmpANhIAS FEChADAS E COmpANhIAS AbERTAS ................................................................................................ 34 3. CApITAL SOCIAL; AÇõES; AÇõES ORDINÁRIAS E pREFERENCIAIS. ............................................................................... 65 4. AUmENTO E REDUÇÃO DE CApITAL ..................................................................................................................... 86 5. ASSEmbLEIAS GERAIS (ExTRAORDINÁRIAS E ORDINÁRIAS) E ASSEmbLEIAS ESpECIAIS .................................................. 98 6. ÓRGÃOS SOCIAIS: ESTRUTURA DA COmpANhIA ................................................................................................... 109 7. DEVERES E RESpONSAbILIDADES DOS ADmINISTRADORES .................................................................................... 114 8. pODER DE CONTROLE E ACIONISTA CONTROLADOR ............................................................................................... 123 9. ACORDO DE ACIONISTAS ................................................................................................................................ 137 10. CONFLITO DE INTERESSES E NULIDADES ASSEmbLEARES (VíCIOS DO VOTO; VíCIOS DA DELIbERAÇÃO; E VíCIOS DA ASSEmbLEIA); ....................................................................... 151 11. DIREITO DE RECESSO ................................................................................................................................... 166 12. REORGANIzAÇõES SOCIETÁRIAS (INCORpORAÇõES; INCORpORAÇÃO DE AÇõES; FUSõES, CISõES E TRANSFORmAÇõES) ....... 176 13. OpERAÇõES DE m&A (I.E., COmpRA E VENDA DE AÇõES; OpERAÇõES DE AqUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE EmpRESAS; OpERAÇõES DE AqUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE ATIVOS; CApTAÇõES DE RECURSOS COm INGRESSO DE SÓCIOS (pRIVATE AND pUbLIC pLACEmENTS); JOINT VENTURES). DILIGêNCIA LEGAL E qUESTõES CONExAS àS OpERAÇõES DE m&A; .... 189 DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 3 Introdução 1.1 EmEnta do Curso Sociedades Limitadas. Companhias Fechadas e Companhias Abertas. Ca- pital Social (ações; aumento e redução de capital). Ações Ordinárias e Prefe- renciais. Assembleias Gerais (extraordinárias e ordinárias) e Especiais. Órgãos Sociais (assembleia; conselho de administração; diretoria; e conselho fiscal). Deveres e Responsabilidade dos Administradores. Poder de Controle e Acio- nista Controlador. Acordo de Acionistas. Conflito de Interesses e Nulidades Assembleares (vícios do voto; vícios da deliberação; e vícios da assembleia). Direito de Recesso. Reorganizações Societárias (incorporações; incorporação de ações; fusões, cisões e transformações). Operações de M&A (i.e., compra e venda de ações; operações de aquisição e alienação de empresas; operações de aquisição e alienação de ativos; captações de recursos com ingresso de sócios (private and public placements); joint ventures). Diligência Legal e Questões Conexas às Operações de M&A. 1.2 objEtivos GErais Esta disciplina tem como objetivos: (i) proporcionar aos alunos aprendi- zado de diversos institutos do Direito Societário e do Mercado de Capitais, com especial enfoque às sociedades anônimas; (ii) provocar o interesse dos alunos para questões jurídicas atinentes ao ambiente empresarial e à dinâ- mica econômica, abordando questões jurídicas à luz da aplicação prática das mesmas; e (iii) desenvolver as habilidades dos alunos para identificar e com- preender problemas inerentes à situações concretas e conceber soluções para superá-las. 1.3 mEtodoloGia Suporte teórico, através do estudo de material didático (sugestão de livros, artigos, pareceres, comentários à legislação, dentre outros). Suporte prático, através do estudo de casos concretos (selecionados de acordo com diversas operações societárias). Incentivo ao envolvimento e participação dos alunos, em método socrático. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 4 1.4 ProGrama 1. Sociedades Limitadas; 2. Companhias Fechadas e Companhias Abertas; 3. Capital Social; Ações; Aumento e Redução de Capital; 4. Ações Ordinárias e Preferenciais; 5. Assembleias Gerais (Extraordinárias e Ordinárias) e Especiais; 6. Órgãos Sociais (Assembleia; Conselho de Administração; Diretoria; e Conselho Fiscal); 7. Deveres e Responsabilidade dos Administradores; 8. Poder de Controle e Acionista Controlador; 9. Acordo de Acionistas; 10. Conflito de Interesses e Nulidades Assembleares (vícios do voto; vícios da deliberação; e vícios da assembleia); 11. Direito de Recesso; 12. Reorganizações Societárias (incorporações; incorporação de ações; fusões, cisões e transformações); 13. Operações de M&A (i.e., compra e venda de ações; operações de aquisição e alienação de empresas; operações de aquisição e aliena- ção de ativos; captações de recursos com ingresso de sócios (private and public placements); joint ventures). Diligência Legal e Questões Conexas às Operações de M&A; 1.5 métodos dE avaliação Serão realizadas 02 (duas) provas escritas, em sala de aula, compreenden- do toda a matéria ministrada até a data de cada prova. Os alunos poderão consultar os textos de leis sem comentários ou anotações. Poderão, também, DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 5 ser feitas avaliações baseadas em atividades complementares ou em trabalhos sobre temas específicos a serem indicados pelo professor. A média aritmética referente à disciplina será obtida com base em tais avaliações. O aluno que obtiver média aritmética inferior a 7 (sete) deverá realizar uma terceira prova, a qual compreenderá toda a matéria do semestre. 1.6 atividadEs ComPlEmEntarEs Poderão ser propostas atividades adicionais que valerão pontos para a mé- dia aritmética (obtida com base nas duas primeiras provas) referente à disci- plina. 1.7 WorkshoPs Haverá, ao menos, 3 (três) workshops em que os alunos lidarão em sala de aula com situações concretas da dinâmica empresarial em que serão aplicados conceitos de Direito Societário. A expectativa é que nos tópicos referentes aos temas: (1) Assembleias Gerais (Extraordinárias e Ordinárias) e Especiais; (2) Acordo de Acionistas; e (3) Operações de M&A, os alunos realizem simula- ções de negociações e formalizações de contratos e atos societários em casos concretos e/ou situações hipotéticas a serem definidas em sala de aula. 1.8 biblioGrafia básiCa PEDREIRA, José Luiz Bulhões e LAMY FILHO, Alfredo (Coordenadores). Direito das Companhias. Rio de Janeiro: Editora Forense. 2009, Vols. I e II. 1.9 biblioGrafia ComPlEmEntar Será indicada bibliografia complementar específica em relação a cada um dos tópicos do Programa deste Curso. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 6 1. SocIedadeS LImItadaS a) matErial dE lEitura leitura básica CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, cap. 7, pp. 125-254 NASCIMENTO, João Pedro Barroso do. CUNHA, Amir Achcar Bocayu- va. Apontamentos sobre as Deliberações dos Sócios em Sociedades Limitadas. In. ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Temas de Direito Societário e Empresarial Contemporâneos. Liber Amicorum. Prof. Dr. Erasmo Valladão Azevedo e Novaes França. São Paulo: Malheiros, 2011, pp. 51-83. leitura Complementar ASCARELLI,Tullio. A Origem do direito comercial. In Revista de Direito Mercantil, nº 103, pp. 87-100. MORAES, Luiza Rangel de. O regime das deliberações na sociedade limitada em confronto com o processo deliberativo na sociedade anônima. In. Revista de Direito Bancário, nº 21, pp. 225-250. NOVAES FRANÇA, Erasmo Valladão e VON ADAMEK, Marcelo. Affec- tio Societatis: Um conceito jurídico superado no moderno direito societário pelo conceito de fim social. In. Direito Societário Contemporâneo I, São Paulo: ed. Quartier Latin, 2009, pp. 131-147. b) rotEiro dE aula 1. Considerações Preliminares A Lei no 10.406/2002 (“Código Civil” ou “CC”) modificou substancial- mente o regime jurídico aplicável às sociedades limitadas, introduzindo um ordenamento complexo, que revogou tacitamente o Decreto nº 3.708/1919 e promoveu o “engessamento” das regras destinadas às sociedades limitadas, que antes privilegiavam a simplicidade, a flexibilidade e a autonomia privada dos sócios. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 7 1 Decreto 3.078/19 - Art. 18. Serão observadas quanto ás sociedades por quotas, de responsabilidade limitada, no que não for regulado no estatuto social, e na parte applicavel, as dispo- sições da lei das sociedades anonymas. As sociedades limitadas que, no ordenamento jurídico brasileiro, haviam sido primordialmente concebidas para organizar empreendimentos de pequeno e mé- dio porte, valendo-se da limitação de responsabilidade; e, ao mesmo tempo, de mecanismos jurídicos menos dispendiosos e mais simples do que aqueles aplicá- veis às companhias; com o advento do Código Civil, passaram a se submeter a legislação significativamente modificada e complexa e, até certo ponto, confusa. Atualmente as Sociedades Limitadas são disciplinadas pelas disposições contidas nos arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil, porém, o art. 1.053 dispõe que, sendo o capítulo da sociedade limitada omisso, aplicar-se-á as normas referentes às sociedades simples (arts. 997 a 1.038), podendo, entretanto, o contrato social “prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.” Já o art. 18 do antigo Decreto 3.708/19191 impunha, di- retamente, a aplicação supletiva das normas relativas às sociedades anônimas. A despeito das muitas críticas que podem ser feitos ao regime jurídico aplicável às sociedades limitadas, as mesmas tem grande importância no Bra- sil e representam o tipo societário mais usual na organização dos empreendi- mentos realizados por meio de sociedades no Brasil. Examinaremos, resumidamente, algumas das principais características da sociedade limitada. 2. Característica fundamental A principal característica das sociedades limitadas diz respeito à limitação da responsabilidade dos sócios que, de acordo com o art. 1.052 do Código Civil, “a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social”. A fim de uma melhor compreensão da referida responsabilidade, é relevan- te destacar a diferença entre capital social subscrito e capital social integraliza- do. O primeiro representa o montante que o sócio se comprometeu a integra- lizar, para a formação do capital da sociedade, enquanto o segundo significa o efetivo cumprimento da obrigação subscrita, caracterizado pelo aporte de bem ou dinheiro no capital social. Recorrendo à Seção dos Direitos e Obrigações dos Sócios, constante das normas que disciplinam a sociedade simples, observamos pelo disposto no art. 1.004 que “os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribui- ções estabelecidas no contrato social.” Dessa maneira conclui-se que, integrali- zado este valor, ou seja, uma vez cumprida a obrigação contida no contrato social, nada mais deve à sociedade. Contudo, todos os sócios são solidariamente responsáveis pela integraliza- ção do capital social, uma vez que esse consiste, de maneira geral, na garantia mínima dos credores. 1. Decreto 3.078/19 - Art. 18. Serão observadas quanto ás sociedades por quotas, de responsabilidade limitada, no que não for regulado no estatuto social, e na parte applicavel, as dispo- sições da lei das sociedades anonymas. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 8 2 Questão disciplinada pelo art. 1.054 do CC c/c art. 997. Nesse contexto surge a figura do sócio remisso, que é aquele que não inte- graliza o valor das quotas por ele subscritas. Neste caso, de acordo com o art. 1.058 do Código Civil, os sócios poderão tomar as quotas do sócio remisso para si ou transferi-las a terceiro, “excluindo o primitivo titular [sócio remisso] e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.” Totalmente integralizado o capital social subscrito, os sócios não mais se- rão responsáveis pelas obrigações da sociedade, ficando estas restritas apenas ao capital social. Eventual e excepcionalmente, em caso de abuso da perso- nalidade jurídica ou desvio de sua finalidade, poderá ser desconsiderada a personalidade jurídica da sociedade para atingir diretamente o patrimônio dos sócios (art. 50 do Código Civil). 3. natureza jurídica A sociedade limitada possui natureza contratual, constituindo-se por meio de um contrato social escrito, que se estabelece por instrumento público ou particular, com dois ou mais sócios, pessoas físicas ou jurídicas2. Os sócios da sociedade limitada estão imbuídos no desempenho proficiente do objeto social visando a obtenção e partilha do lucro social. A referida sociedade assenta seu ato de criação no contrato social, não tendo, pois, feição institucional, como as sociedades por ações. Além da natureza contratual, a sociedade limitada também possui natu- reza intuitu personae, uma vez que o Código Civil de 2002 incorporou a ela princípios típicos das sociedades intuitu personae, tais como a alteração do contrato social nas hipóteses de exclusão, retirada e ingresso de novo sócio, solidariedade entre os sócios pela integralização do capital e a dissolução par- cial da sociedade face à ruptura da affectio societatis. 4. integração das omissões A sociedade limitada é regulamentada pelos arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil. No caso de omissão legislativa no capítulo referente às sociedades limi- tadas, serão aplicados, de forma supletiva, em regra, os dispositivos relativos às sociedades simples (art. 1.053 do Código Civil), podendo, no entanto, os sócios optarem pela aplicação supletiva das regras referente às sociedades anônimas (art. 1.053, parágrafo único, do Código Civil), prevendo expressa- mente tal possibilidade no contrato social. 2. Questão disciplinada pelo art. 1.054 do CC c/c art. 997. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 9 5. formação do Capital social Tanto na constituição da sociedade quanto em aumentos de capital poste- riores, os subscritores das quotas podem optar por contribuir para a formação do capital da sociedade com dinheiro ou qualquer bem suscetíveis de avalia- ção pecuniária. Nas sociedades limitadas, não é necessário laudo de avaliação dos bens que vierem a ser utilizados para a formação do capital social (tanto na constituição da sociedade quanto em aumentos de capital posteriores), sendo que todos os sócios respondem solidariamente pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social, na forma do artigo 1055, §1º, do Código Civil. É expressamente vedado, na sociedade limitada, a contribuição que con- sista em prestação de serviços, conforme dispõe o artigo 1055, §2º, do Có- digo Civil. 6. aumento do Capital social O art. 1.081 do Código Civil disciplina que “ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital aumentado, com a correspon- dente modificação do contrato.” Deste artigo conseguimosextrair dois concei- tos básicos do aumento do capital: (i) os sócios somente poderão deliberar acerca do aumento do capital social quando este, que é dividido em quotas, estiver totalmente integralizado e (ii) a elevação do capital social implica, necessariamente, na alteração do contrato social. O aumento do capital social poderá ser implementado mediante a atribui- ção de novo valor às quotas já existentes ou através da divisão do novo mon- tante em novas quotas. A divisão em novas quotas é preferível, pois facilita o ingresso de terceiros na sociedade, caso os sócios originários não exerçam o direito de preferência (art. 1.081, §1º, do Código Civil) ou resolvam cedê-lo (art. 1.081, §2º, do Código Civil). O Código Civil, a fim de evitar uma diluição da participação dos sócios no capital social, assegurou o direito de preferência dos antigos sócios para subscreverem, na proporção de seus quinhões sociais, o referido aumento. Os sócios têm, até trinta dias após a deliberação da elevação do capital social, preferência para participar do aumento, na mesma proporção das quotas de que sejam titulares. Os sócios poderão optar por ceder a terceiro ou sim- plesmente não exercer o referido direito de preferência (art. 1.081, §2º, do Código Civil). Decorrido o prazo de trinta dias referente à preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a totalidade do aumento, haverá reunião ou assem- bleia dos sócios para que seja aprovada a modificação no contrato social (art. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 10 1.081, §3º, do Código Civil). A deliberação dos sócios, acerca da modifica- ção no contrato social, será tomada pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social (art. 1.076, I, do Código Civil). 7. redução do Capital social O capital social pode ser reduzido quando: (i) depois de totalmente inte- gralizado, ocorrerem perdas irreparáveis; ou (ii) quando se tornar excessivo em relação ao objeto da sociedade (art. 1.082 do Código Civil). Em ambos os casos, deverá haver a respectiva alteração no contrato social. A redução do capital social, em razão de perdas irreparáveis, será realizada com a diminuição proporcional do valor das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação da ata da assembleia que tiver aprovado a redução no Registro Público de Empresas Mercantis (art. 1.083 do Código Civil). Por sua vez, a redução do capital social, quando pelos sócios julgado exces- sivo em relação ao objeto social da sociedade, será feita mediante restituição de parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-os das prestações acaso devidas. Em ambos os casos, haverá a redução proporcional do valor nominal das quotas. A redução do capital social, em razão do seu valor excessivo, não poderá ser feita em prejuízo do direito de terceiros (art. 1.084 do Código Civil). Desse modo, a redução do capital somente se tornará eficaz se, no prazo de 90 dias contados da data da publicação da ata da assembleia ou reunião que aprovar a redução, não for impugnada ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivo valor. Durante o referido prazo, o credor quirografário, por título líquido anterior a data da publicação da mencio- nada ata, poderá opor-se ao deliberado. Uma vez satisfeitas essas condições, proceder-se-á à averbação da ata no Registro de Empresas Mercantis. 8. Quotas Na sociedade limitada, as quotas são frações ideais do capital social. A quota subscrita corresponde ao montante mínimo com o qual cada sócio contribui — no caso da quota ser integralizada à vista — ou se obrigou a contribuir — no caso da quota ser integralizada a prazo — para a formação do capital. Os sócios, ao integralizarem a sua quota de capital social, seja em dinhei- ro, seja em bens, realizam a transferência da respectiva propriedade, que passa a integrar o patrimônio da pessoa jurídica, salvo disposição expressa em contrário. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 11 3 Dentre outros, assim se posicionavam Egberto Lacerda Teixeira (Das socie- dades por quotas de responsabilidade limitada, cit, pp. 153-154), Fran Mar- tins (Sociedades por quotas no direito estrangeiro e brasileiro, cit., pp. 636- 637), José Alexandre Tavares Guerreiro (“Sociedade por quotas – Quotas prefe- renciais” In Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, vol. 94. São Paulo: Revista dos Tribunais, abril-junho 1994, pp. 28-34), Osmar Brina Corrêa Lima (“Cotas preferenciais na sociedade por cotas de responsabi- lidade limitada” In Revista dos Tribu- nais, vol. 664. São Paulo: Revista dos Tribunais, fevereiro 1991, pp. 34-36) e Viviane Muller Prado (“As quotas prefe- renciais no direito brasileiro” In Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, vol. 5. São Paulo: Revista dos Tribunais, maio-agosto 1999, pp. 136- 143). Ainda no mesmo sentido, cabe remeter ao Parecer JUCESP n.º 71/78 e ao Parecer JUCESP n.º 137/81, ambos publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 20 de agosto de 1981, conforme lembra José Alexandre Tava- res Guerreiro (“Sociedade por quotas – Quotas preferenciais”, cit., p. 28). 4 Jorge Lobo, Sociedades limitadas, cit., p. 144. No mesmo sentido, Paulo Albert Vieira e Ana Paula de Carvalho Reis, “As sociedades limitadas no novo Código Civil — a limitação do direito de contratar” In Revista de Direito Mer- cantil, Industrial, Econômico e Financei- ro, n.º 127. São Paulo: Malheiros, jul./ set. 2002, p. 46. No entanto, parece que Paulo Albert Vieira e Ana Paula de Carvalho Reis pretendem restringir a aplicabilidade de tal suposta vedação às deliberações previstas nos artigos que utilizam expressamente a ex- pressão “capital social”, conforme se infere da leitura do seguinte trecho: “O Novo Código Civil, por outro lado, centrando-se na pessoa do sócio, exigiu expressamente a contribuição de par- celas específicas do capital social para tomada das decisões. Sendo as quotas (preferenciais ou não) necessariamente integrantes deste capital social, enten- demos que não há possibilidade, sob o Novo Código, de registro de quotas sem direito a voto. Ainda que admitidas fos- sem, estas integrariam o capital social da limitada, gozando portanto, do di- reito de participar das deliberações sociais previstas nos artigos retroci- tados” (p. 46, grifou-se). 8.1. Indivisibilidade da Quota Cada sócio pode possuir uma ou mais quotas. Nada impede, entretan- to, que uma única quota pertença em condomínio, a mais de uma pessoa. Todavia, perante a sociedade, a quota é indivisível (art. 1.056 do CC). No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido (art. 1056 § 1º, do CC). Além disso, sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização (art. 1056, § 2o, do CC). 8.2. Quota Preferencial Desde o início da vigência do Código Civil de 2002, há intensa discussão sobre a admissibilidade das quotas preferenciais em sociedades limitadas no Brasil. Antes da edição do Código Civil de 2002, a doutrina amplamente majo- ritária3 admitia a legalidade das quotas preferenciais, as quais se caracterizam por apresentar direitos adicionais de natureza econômica (como, por exem- plo, preferências ou vantagens na distribuição dos lucros ou na hipótese de liquidação da sociedade) ou, eventualmente, de natureza política (eleição, em votação em separado, de um determinado número de administradores ou membros de um órgão gerencial ou fiscalizador previsto no contrato so- cial, dentre outras possíveis prerrogativas), muitas vezes em contrapartida à privação do direito de voto com relação a todas ou algumasdeliberações so- ciais. Assim, em face da inexistência de norma expressa vedando tal prática, facultava-se aos sócios atribuir os direitos políticos e patrimoniais entre si da forma como preferissem, desde que devidamente refletido no respectivo contrato social, de forma a se evitar eventuais abusos ou discricionariedades da maioria social. O Código Civil de 2002 não inovou a esse respeito, mantendo o silêncio legislativo acerca da admissibilidade ou não das quotas preferenciais no direi- to brasileiro. Era de se esperar, portanto, que o entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do tema se mantivesse intocado. No entanto, surgiram algumas posições doutrinárias sustentando que, a partir da edição do novo diploma, não seriam admitidas quotas sem direito de voto. De acordo com essa corrente, o Código Civil, reconhecendo o caráter in- tuitu personae das sociedades limitadas, “ao disciplinar a instalação e delibera- ção das reuniões ou assembleias gerais de sócios, sempre leva em consideração o ‘capital social’”4, não fazendo menção à expressão “capital votante”. 3. Dentre outros, assim se posi- cionavam Egberto Lacerda Teixeira (das sociedades por quotas de responsabilidade limitada, cit, pp. 153-154), Fran Martins (so- ciedades por quotas no direito estrangeiro e brasileiro, cit., pp. 636-637), José Alexandre Tavares Guerreiro (“Sociedade por quotas — Quotas preferenciais” In revista de direito mercantil, industrial, Econômico e financeiro, vol. 94. São Paulo: Revista dos Tribunais, abril- -junho 1994, pp. 28-34), Osmar Brina Corrêa Lima (“Cotas preferenciais na sociedade por cotas de responsabilida- de limitada” In revista dos tribu- nais, vol. 664. São Paulo: Revista dos Tribunais, fevereiro 1991, pp. 34-36) e Viviane Muller Prado (“As quotas preferenciais no direito brasileiro” In revista de direito bancário e do mercado de Capitais, vol. 5. São Paulo: Revista dos Tribunais, maio- -agosto 1999, pp. 136-143). Ainda no mesmo sentido, cabe remeter ao Parecer JUCESP n.º 71/78 e ao Parecer JUCESP n.º 137/81, ambos publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 20 de agosto de 1981, conforme lembra José Alexandre Tavares Guerrei- ro (“Sociedade por quotas — Quotas preferenciais”, cit., p. 28). 4. Jorge Lobo, sociedades limi- tadas, cit., p. 144. No mesmo sentido, Paulo Albert Vieira e Ana Paula de Car- valho Reis, “As sociedades limitadas no novo Código Civil — a limitação do di- reito de contratar” In revista de di- reito mercantil, industrial, Eco- nômico e financeiro, n.º 127. São Paulo: Malheiros, jul./set. 2002, p. 46. No entanto, parece que Paulo Albert Vieira e Ana Paula de Carvalho Reis pretendem restringir a aplicabilidade de tal suposta vedação às delibera- ções previstas nos artigos que utilizam expressamente a expressão “capital social”, conforme se infere da leitura do seguinte trecho: “O Novo Código Civil, por outro lado, centrando-se na pes- soa do sócio, exigiu expressamente a contribuição de parcelas específicas do capital social para tomada das decisões. Sendo as quotas (preferenciais ou não) necessariamente integrantes deste capital social, entendemos que não há possibilidade, sob o Novo Código, de registro de quotas sem direito a voto. Ainda que admitidas fossem, estas in- tegrariam o capital social da limitada, gozando portanto, do di- reito de participar das de- liberações sociais previstas nos artigos retrocitados” (p. 46, grifou-se). DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 12 5 Posicionam-se a favor da admissi- bilidade das quotas preferenciais no regime do Código Civil de 2002, dentre outros, Paulo Penalva Santos [et. al.] (In Arruda Alvim e Thereza Alvim (coords.), Comentários ao Código Civil Brasileiro, vol. 1X. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 322), Arnoldo Wald (Comentários ao novo Código Civil, cit., pp. 358-361), Daniel Moreira do Patrocínio (Sociedade limitada. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2008, pp. 26-27), Adalberto Simão Filho (A nova sociedade limitada. São Paulo: Manole, 2004, pp. 105-ss) e Marcel Gomes Bragança Retto (Socie- dades limitadas. São Paulo: Manole, 2007, pp. 58-59). 6 Assim, dentre outros, Arnoldo Wald (Comentários ao novo Código Civil, cit., p. 360) e Daniel Moreira do Patrocínio (Sociedade limitada, cit., pp. 26-27). 7 Assim, dentre outros, Fran Martins, Sociedades por quotas no direito estran- geiro e brasileiro, cit., pp. 636-637. 8 “Art. 1.007. Salvo estipulação em con- trário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas (...)”. 9 Assim também aponta Paulo Penalva Santos [et. al.] (Comentários ao Código Civil Brasileiro, cit., p. 322). O Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), por meio da Instrução Normativa n.º 98/2003 (“Manual de Atos de Registro de Socie- dade Limitada”), pretendeu estabelecer uma vedação às quotas preferenciais no âmbito das sociedades limitadas. Ocorre que o argumento, baseado meramente na literalidade da lei, não se sustenta em face de uma interpretação sistemática da disciplina das sociedades limitadas5. Primeiramente, o direito de voto não é um direito essencial do sócio, podendo ser mitigado ou até mesmo eliminado em face de uma contrapartida de outra natureza6, não se tratando de tema de ordem pública7. Acrescente-se, ainda, o fato de que o artigo 1.007 do Código Civil de 20028, ao tratar das sociedades simples, dispõe expressamente que o contrato social pode estipular a distribuição desproporcional dos lucros entre os sócios, o que precisamente caracteriza uma das possíveis modalidades de quotas preferenciais9. Sendo assim, não vemos qualquer razão para a inadmissibilidade das quo- tas preferenciais nas sociedades limitadas brasileiras, especialmente se tais quotas preferenciais forem igualmente dotadas de direito de voto. A existência de quotas preferenciais pode, inclusive, ser conveniente para dar aplicabilidade à distribuição desproporcional de lucros entre os sócios, com base no art. 1.007 do Código Civil, que consagra a regra de participação proporcional nos lucros e nas perdas, “salvo estipulação em contrário”. 8.3. Aquisição de Quotas pela Própria Sociedade Limitada O Decreto nº 3.078/19, no seu artigo 8º, autorizava expressamente a aquisição de quotas pela própria sociedade limitada, exigindo, para tanto, que as quotas estivessem integralizadas, a sociedade tivesse fundos disponí- veis, a aquisição se perfizesse sem redução do capital social e que houvesse consentimento unânime dos sócios. O Código Civil de 2002, entretanto, não previu expressamente essa possi- bilidade, motivo pelo qual se discute acerca da possibilidade de aquisição de quotas pela própria sociedade limitada. Há, basicamente, dois posicionamentos a respeito dessa questão. Uma par- te da doutrina, capitaneada por Tavares Borba, entende ser possível a aqui- sição de quotas pela própria sociedade limitada, desde que o contrato social preveja expressamente essa possibilidade. Outros autores, como é o caso do Sérgio Campinho, defendem a impossibilidade da aquisição de quotas para permanência em tesouraria, pois entendem que isso não seria compatível com a natureza contratual das sociedades limitadas. O DNRC, através da instrução normativa nº 98, de 23 de dezembro de 2003, aprovou dispositivo no seguinte sentido: “A aquisição de quotas pela própria sociedade já não mais está autorizada pelo Código Civil”. 5. Posicionam-se a favor da admis- sibilidade das quotas preferenciais no regime do Código Civil de 2002, dentre outros, Paulo Penalva Santos [et. al.] (In Arruda Alvim e Thereza Alvim (coords.), Comentários ao Código Civil brasileiro, vol. 1X. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 322), Arnoldo Wald (Comentários ao novo Códi- go Civil, cit., pp. 358-361), DanielMoreira do Patrocínio (sociedade limitada. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2008, pp. 26-27), Adalberto Simão Filho (a nova sociedade limitada. São Paulo: Manole, 2004, pp. 105-ss) e Marcel Gomes Bragança Retto (sociedades limitadas. São Paulo: Manole, 2007, pp. 58-59). 6. Assim, dentre outros, Arnoldo Wald (Comentários ao novo Código Civil, cit., p. 360) e Daniel Moreira do Patrocínio (sociedade limitada, cit., pp. 26-27). 7. Assim, dentre outros, Fran Mar- tins, sociedades por quotas no direito estrangeiro e brasileiro, cit., pp. 636-637. 8. “Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respecti- vas quotas (...)”. 9. Assim também aponta Paulo Pe- nalva Santos [et. al.] (Comentários ao Código Civil brasileiro, cit., p. 322). DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 13 Atualmente, contudo, o DNRC mudou seu entendimento e vem admi- tindo a possibilidade da aquisição de quotas pela própria sociedade limitada. É uníssono o entendimento de que, uma vez adquirida a quota pela pró- pria sociedade, configura-se uma hipótese de confusão subjetiva, motivo pelo qual os direitos e deveres inerentes à quota ficam suspensos, enquanto per- durar a confusão. 9. direitos Patrimoniais e direitos Políticos Cada quota representativa do capital social de sociedade limitada repre- senta um conjunto padronizado de direitos e obrigações. Tais direitos são intrínsecos às quotas e atribuíveis aos seus titulares. Dentre as espécies de direitos conferidos aos sócios, podem-se destacar os direitos políticos e os direitos patrimoniais atribuíveis às quotas. Alguns exemplos de tais direitos podem ser listados abaixo: Direitos Patrimoniais Direitos Políticos • Direito a receber dividendo (partici par dos lucros); • Direito de participar no acervo líqui do em caso de liquidação da socie dade; • Direito de receber o valor do reem bolso das quotas; • (...) (Alunos?) • Direito de voto; • Direito de participar das reuniões e/ ou assembleias de sócios, conforme o caso; • Direito de Preferência na Subscrição de Quotas em Aumentos de Capital • (...) (Alunos?) Esta distinção admite algumas flexibilizações, na medida em que há di- reitos de natureza política que possuem consequências patrimoniais. A este respeito, pode-se citar, como exemplo, o direito de retirada. 10. administração da sociedade A administração da sociedade limitada pode denominar-se diretoria. A diretoria é composta por uma ou mais pessoas físicas, que tem como função interna administrar a sociedade e, como função externa, manifestar, por meio de representação, a vontade da mesma. Ressalte-se que o administrador da sociedade limitada não pode ser pessoa jurídica, o que pode ser extraído do disposto no art. 997, VI, do Código Ci- vil, que se aplica à limitada por força do art. 1.054 do mesmo diploma legal. Não havendo restrição no contrato social, os administradores podem pra- ticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade, limitados às fronteiras DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 14 do objeto social. Os administradores devem atuar sempre no interesse social e não no individual. O administrador da sociedade deve agir de acordo com determinados de- veres que lhes são impostos, dentre eles, destaque-se o dever de diligência, dever de lealdade, dever de informação e o dever de prestação de contas. O quórum para nomeação do administrador da sociedade limitada depen- de se o candidato é ou não sócio, e do instrumento que designará o adminis- trador. Neste sentido, observe-se a tabela abaixo: Contrato Social Ato apartado Administrador sócio 3/4 Maioria Absoluta (i.e., metade do capital social mais 1 quota) (50% + 1) Administrador não sócio (a) Unanimidade (capital social não integralizado); e (b) 2/3 (depois de inte gralizado, art. 1061 CC). (a) Unanimidade (capital social não integralizado); e (b) 2/3 (depois de inte gralizado, art. 1061 CC). Conferindo-se a administração a mais de uma pessoa, deve o contrato so- cial explicitar se a gestão será exercida isoladamente por cada administrador ou em conjunto. Sendo omisso o contrato, entende-se que a administração tocará individualmente a cada administrador. 11. delegação de Poderes O Decreto nº 3.078/19 admitia, em seu art. 13, a delegação da gerência da sociedade à terceiro, salvo a existência de disposição expressa em contrário no contrato social. Contudo, o instituto da delegação de direção foi expressamente banido pelo art. 1.018 do Código Civil de 2002, que dispõe ser vedado ao adminis- trador “fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especifica- dos no instrumento os atos e operações que poderão praticar”. Além disso, indaga-se: pessoa jurídica pode ser nomeada administrador de sociedade limitada? Essa questão foi amplamente discutida pela doutrina. O art. 1.060 do Código Civil afirma: “a sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado.” Sendo assim, muitos doutrinadores entendem que o substantivo “pessoas” não faz distinção entre naturais ou jurídicas, sendo, portanto, permitida a no- meação de pessoas jurídicas como administradoras de sociedades limitadas. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 15 Por outro lado, o art. 1.054 conjugado com o art. 997, inciso VI do Códi- go Civil, estabelece o dever do contrato social mencionar “as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições.” Contudo, ressalte-se que esta é uma regra prevista no capítulo referente às so- ciedades simples, ou seja, esse argumento pode ser facilmente afastado caso a sociedade opte pela sua regência supletiva através da legislação das sociedades anônimas. Entretanto, a matéria restou pacificada desde que o Departamento Na- cional de Registro Civil, por meio da Instrução Normativa nº 98/03, ex- pressamente vedou a nomeação de pessoa jurídica como administrador de sociedade limitada. 12. responsabilidade dos administradores (teoria dos atos ultra vires) A regra geral é que o administrador da sociedade limitada não é responsá- vel pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão que vier a ser praticado. Contudo, os administradores poderão ser civilmente responsáveis perante a sociedade e terceiros prejudicados, quando ultrapassarem os atos regulares de gestão ou quando procederem com excesso de poder e/ou violação do contrato social ou da lei, causando prejuízos àqueles. O art. 10 do Decreto 3.708/19 dispunha que a sociedade limitada era sempre responsável pelos atos realizados, em seu nome, pelos seus adminis- tradores. A sociedade limitada tinha, entretanto, direito de regresso contra o administrador, em relação aos atos praticados por este, que contrariassem o objeto social da sociedade. O Código Civil de 2002, entretanto, consagrou no art. 1.015, parágrafo único, a Teoria dos Atos Ultra Vires (i.e., aqueles atos praticados “para além das forças”). Pela teoria do ato ultra vires, o administrador fica obrigado a reparar o dano causado à sociedade ou a terceiros quando verificado ato irre- gular de gestão ou proceder com excesso de poder e/ou violação da lei ou do contrato social. Neste sentido, o excesso por parte dos administradores enseja a responsa- bilidade pessoal do administrador que contratou em nome da sociedade, isto é, ele terá responsabilidade pelo ato e não a sociedade. De acordo com o artigo 1.015, parágrafo único do Código Civil, o excesso por parte dos administradores pode ser oposto a terceiros se ocorrer uma das seguintes hipóteses: (i) se a limitação dos poderesestiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; (ii) provando-se que era conhecida do ter- ceiro; ou (iii) tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 16 Além disso, defende-se que o ato ultra vires não é nulo, ele apenas perde a sua eficácia. A responsabilidade pela obrigação contraída é transferida da sociedade para o administrador, que passará a suportar esse ônus. Registre-se ainda que se for do interesse da sociedade, o ato ultra vires poderá ser ratifica- do, passando adquirir eficácia. 13. Conselho fiscal É direito dos sócios fiscalizar os atos de administração, não podendo o contrato social, nem a assembleia geral ou reunião de cotistas, obstruir essa fiscalização. A fim de melhor ordenar a fiscalização dos administradores, é facultado aos sócios a constituição de um Conselho Fiscal na sociedade limitada, que, de forma geral, será bastante semelhante àquele das sociedades anônimas. Para tanto, basta a previsão de cláusula contratual neste sentido (art. 1.066 do Código Civil). O conselho fiscal é composto de três ou mais membros e respectivos su- plentes, sócios ou não, residentes no país, eleitos na assembleia anual prevista no art. 1.078 do Código Civil. Não podem fazer parte do conselho fiscal os inelegíveis enumerados no §1º do art. 1.011 do Código Civil, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra sociedade por ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores e o cônju- ge ou parentes deste até o terceiro grau. O art. 1.069 do Código Civil prevê algumas das atribuições e poderes dos membros do conselho fiscal que, por força de lei, não podem ser delegadas a outro órgão da sociedade (art. 1.070 do Código Civil): “Art. 1.069: Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres seguintes: I — examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da so- ciedade e o estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; II — lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidos no inciso I deste artigo; III — exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico; IV — denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à sociedade; DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 17 V — convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; VI — praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere este artigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.” 14. deliberações sociais As deliberações sociais são as decisões tomadas pelas assembleias ou reu- nião de sócios sobre assuntos de relevante interesse para a sociedade. O Código Civil, em seu art. 1.071, subordinou determinadas matérias ao crivo da deliberação dos sócios, por entender que aquelas hipóteses podem influir profundamente nas relações sociais e na própria estrutura da sociedade. A lista do referido artigo é meramente exemplificativa, uma vez que outras matérias que ali não estão citadas também necessitam da deliberação dos sócios, como é o caso da alteração de nacionalidade da sociedade, eleição do conselho fiscal e fixação da remuneração de seus membros, por exemplo. Ainda, os sócios podem indicar no contrato social matérias cuja aprovação dependa de deliberação social. 14.1. Reunião de Sócios vs. Assembleia As deliberações dos sócios serão tomadas em assembleia ou reunião de sócios, conforme dispuser o contrato social. Contudo, se o número de sócios for superior a dez, impõe o § 1º do art. 1.072 do Código Civil que as deliberações, obrigatoriamente, sejam tomadas em assembleia. A constituição da assembleia deverá observar as regras legais para convocação, instalação e deliberação. Se as formalidades legais não fo- rem cumpridas, a decisão tomada será ineficaz e inválida. À reunião de sócios, nos casos omissos no contrato, aplicam-se as for- malidades legais relativas à assembleia (art. 1.072, §6º e art. 1.079, do Código Civil). A reunião de sócios ou a assembleia é dispensável quando todos os sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que delas seria objeto (art. 1.072, §3º, do Código Civil). DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 18 14.2. Convocação A competência originária para convocação da assembleia ou reunião de sócios é do administrador da sociedade limitada (art. 1.072 do Código Civil). A convocação deverá ser feita por meio de publicação de anúncio de convo- cação de sócios, por pelo menos três vezes, devendo a publicação da primeira convocação anteceder oito dias, no mínimo, da data da assembleia ou reunião, e a publicação da segunda convocação anteceder, no mínimo, cinco dias, da data prevista para a deliberação social (art. 1.152, §3º do Código Civil). A referida formalidade de convocação será dispensada quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia (art. 1.072, §2º, do Código Civil). Além da competência primária do administrador para convocação da as- sembleia ou reunião de sócios, a lei estabelece uma competência derivada, le- gitimando, assim, outro órgão ou pessoas à convocação do encontro de sócios. A reunião ou assembleia podem também ser convocadas pelo sócio quando: (i) o órgão da administração retardar a convocação, por mais de sessen- ta dias, nas hipóteses de previsão legal ou contratual, não se exigin- do participação mínima de sócio no capital para a iniciativa; ou (ii) não atendido, pelos administradores, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas. Nesse caso, exige-se que o sócio seja titular de mais de 1/5 do capital social (art. 1.073, I, do Código Civil). Permite-se, ainda, que a assembleia ou a reunião de sócios seja convocada pelo conselho fiscal, se houver, quando a diretoria retardar, por mais de trinta dias, a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgen- tes (art. 1.073, II, do Código Civil). 14.3 Quórum de Instalação Instala-se a assembleia ou reunião de sócios com a presença, em primeira convocação, de titulares de, no mínimo, ¾ do capital social e, em segunda convocação, com qualquer número (art. 1.074 do Código Civil). 14.4 Quórum de Deliberação As deliberações dos sócios, para serem válidas e eficazes, devem obedecer a um quórum previamente estabelecido pela lei ou, quando a lei permitir, ao quórum determinado no contrato social. O quórum poderá ser contratual- DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 19 mente eleito nos casos do §1º do art. 1.063 e inciso III do art. 1.076, ambos do Código Civil. O Código Civil prevê quóruns diferenciados, a depender do tipo de maté- ria que será deliberada. Nesse sentido, observe-se o quadro abaixo: Quórum Matérias 100% (unanimidade) (i) Designação de administrador não sócio, en quanto o capital social não estiver totalmente inte gralizado (art. 1061, CC); (ii) transformação da socie dade, exceto se houver previsão distinta em seu ato constitutivo (art. 1.114, CC); e (iii) mudança de nacio nalidade brasileira (art. 1.127, CC). 3/4 do capital (i) modificação do contrato social (artigo 1.076, I c/c artigo 1.071, V, CC); e (ii) incorporação, fusão ou dissolução da sociedade, ou, ainda, a cessação do es tado de liquidação (artigo1.076, I c/c artigo 1.071, VI, CC). 2/3 do capital (i) designação de administrador não sócio após a integralização da totalidade do capital social (artigo 1.061 CC); e (ii) destituição de administrador nomea do no contrato social, salvo disposição contratual di versa (artigo 1.063, §1º, CC). Maioria Absoluta (i) designação e destituição dos administradores nomeados em ato separado (artigo 1.076, II c/c artigo 1.071, II e III, CC); (ii) remuneração dos administrado res, quando não houver previsão no contrato social (artigo 1.076, II c/c artigo 1.071, IV, CC); (iii) requeri mento de recuperação judicial ou extrajudicial (artigo 1.076, II c/c artigo 1.071, VIII, CC); e (iv) exclusão de sócio por justa causa (artigo 1.085). Maioria dos Presentes Demais casos previstos em lei ou no contrato so cial (artigo 1076, inciso III, CC). 15. direito de retirada O direito de retirada, previsto no art. 1.029 do Código Civil (aplicado de forma supletiva à sociedade limitada), garante ao sócio o direito de dissolução do vínculo societário. A saída do sócio pode se dar de forma consensual, situação na qual as par- tes acordam o montante a ser pago ao sócio em retirada a título dos haveres que detém na sociedade. Nesse caso, deverá haver alteração no contrato social para exclusão do nome do sócio que se retirou da sociedade. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 20 A retirada do sócio também poderá se dar mediante a cessão de suas quo- tas, observando-se o que o contrato dispuser a esse respeito, e, na sua omis- são, o art. 1.057 do Código Civil. Se a retirada do sócio não for consensual, abre-se ao sócio dissidente a pos- sibilidade do exercício do seu direito de recesso ou de retirada, que compre- ende o desligamento do sócio da sociedade. Nesta hipótese, há obrigação de a sociedade reembolsar o sócio dissidente dos seus haveres, ou seja, indenizá-lo no valor de sua participação societária. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, o art. 1.029 do Código Civil garante ao sócio o direito de se retirar da sociedade. O exercício desse direito, contudo, pode variar de acordo com o tempo da contratação de uma determinada sociedade. No caso da sociedade ser contratada por prazo indeterminado, o sócio poderá se retirar a qualquer momento, mediante notificação, por via judicial ou extrajudicial, aos demais sócios, com antecedência mínima de 60 dias (art. 1.029 do Código Civil). Segundo a doutrina, em razão do princípio da auto- nomia da vontade, ninguém pode permanecer vinculado contra sua vontade e por tempo indefinido. Por outro lado, se a sociedade for contratada por prazo determinado, em regra, não é permitido ao sócio a sua retirada da sociedade, sem o decurso do prazo estipulado no contrato social, salvo justa causa provada judicialmente. Considera-se justa causa a ruptura da affectio societatis. Em síntese, seja ou não a sociedade limitada contratada por prazo, sempre tem o sócio dissidente direito de dela se afastar, mediante o exercício de seu direito de recesso, o que implicará o pagamento de seus haveres por parte da sociedade. A apuração dos haveres se dá por meio de balanço especial de determinação, refletindo a posição patrimonial da sociedade limitada à época do exercício do direito de retirada. 16. dissolução Parcial A dissolução parcial ocorre quando há a resolução da sociedade em relação a um sócio, ou seja, quando há o desfazimento do vínculo contratual entre determinado sócio e a sociedade, o que pode ocorrer nas seguintes hipóteses: (i) morte do sócio (art. 1.028 do Código Civil); (ii) exercício do direito de retirada (art. 1.029 do Código Civil); (iii) exclusão do sócio (art. 1.030); e (iv) liquidação da quota pelo credor do sócio (art. 1.026 do Código Civil). Uma vez dissolvida a sociedade em relação a um sócio, “o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da so- DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 21 ciedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado” (art. 1.031 do Código Civil). O art. 1.032 do Código Civil determina que a retirada, a exclusão ou a morte do sócio não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores a data da dissolução parcial, até dois anos após a averbação desta; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual pra- zo, enquanto não se requerer a averbação da no registro da sociedade limitada. 17. Exclusão dos sócios A exclusão do sócio, que se realiza sem o seu consentimento e até mesmo contra sua vontade, poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: (i) o sócio remisso, por iniciativa da maioria dos sócios, poderá ser expulso da sociedade, podendo esta ser realizada de forma extraju- dicial (art. 1.004 do Código Civil); (ii) o sócio declarado falido ou civilmente insolvente, bem como o só- cio cuja quota for liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026 do Código Civil, será, de pleno direito, expulso da sociedade (a exclusão se dá, portanto, no plano extrajudicial); (iii) o sócio que, por falta grave no cumprimento de suas obrigações legais ou contratuais ou o declarado incapaz por fato superveniente, poderá ser excluído por iniciativa da maioria dos demais sócios, mas a expulsão será feita judicialmente; e (iv) o sócio minoritário, por iniciativa da maioria dos sócios, quando os demais sócios entenderem que o sócio minoritário está pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá ser expulso da sociedade, desde que previsto no contrato social a hipótese de expulsão, no plano extrajudicial, por justa causa (art. 1.085 do Código Civil). Nesta última hipótese, a exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assem- bleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa (parágrafo único do art. 1.085 do Código Civil). DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 22 10 As sociedades simples são caracteri- zadas pela prática de atividades, que por lei, são classificadas como não empresárias, tais como, profissão inte- lectual, de natureza científica, literária e caracterizada como de empresário rural. 11 As sociedades empresárias são carac- terizadas pela exploração habitual de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, com escopo de lucro. 12 Comissão de Valores Mobiliários. 18. Quadro ComParativo EntrE soCiEdadE limitada E soCiEdadE anônima Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Legislação Aplicável • Código Civil de 2002 (“Código Civil”); e • Em caso de omissão, conforme previsto no Art. 1.053 do Código Civil, aplica -se supletivamente: (i) as normas das Sociedades Simples; ou (ii) a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76), se desta forma estiver previsto no Contra to Social da Sociedade. Lei 6.404, de 1976 (“LSA”) e alterações posteriores. Natureza Jurídica • Forma: (i) simples10; ou (ii) empresária11. • Forma: necessariamente empresária. • Classificação: (i) Fechada: não admite negociação de seus valores mobiliários nos mercados organizados; ou (ii) Aberta: admite a emissão e nego ciação de seus valores mobiliários na bolsa de valores e no mercado de bal cão. Sujeita-se à normas mais rígidas, acentuada transparência e publicidade de seus atos e constante fiscalização da CVM12 e demais órgãos públicos espe cializados em regulamentar e fiscalizar o Mercado de Capitais. Ato Constitutivo Contrato Social. Estatuto Social. 10. As sociedades simples são carac- terizadas pela prática de atividades, que por lei, são classificadascomo não empresárias, tais como, profissão inte- lectual, de natureza científica, literária e caracterizada como de empresário rural. 11. As sociedades empresárias são caracterizadas pela exploração habitu- al de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, com escopo de lucro. 12. Comissão de Valores Mobiliários. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 23 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Nome Social • Denominação: (i) expressão: “limitada” ou respectiva abreviatura “ltda.”; (ii) indicação do objeto social; (iii) nome civil de qualquer fundador, sócio ou pessoa que tenha concorrido para o êxito da Sociedade; ou qualquer outro tipo de expressão linguística; e (iv) a denominação permanece inalterada mesmo com a entrada ou retirada de sócios, portanto, o sócio, cujo nome esteja contemplado na denominação social, caso se retire, não poderá exigir a sua alteração. • Firma: (i) composta por nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas; e (ii) a sociedade ficará obrigada a alterar sua firma social, na hipótese de o sócio, cujo nome esteja contemplado na firma social, se retirar da sociedade. • Denominação: (i) expressões: “Companhia”, “sociedade anônima,” por extenso, ou, sua abrevia tura, “s.a.”, sendo vedada a utilização da primeira ao final; (ii) indicação do objeto social; e (iii) nome civil de qualquer fundador, acionista ou pessoa que tenha concor rido para o êxito da Sociedade; ou qual quer outro tipo de expressão linguística Registro • Registro Público de Empresas Mercan tis, se sociedade empresária; ou • Registro Civil de Pessoas Jurídicas, se sociedade simples. • Companhias Abertas e Fechadas: Re gistro Público de Empresas Mercantis (Juntas Comerciais). • As companhias de capital aberto preci sam ser registradas perante a CVM. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 24 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Forma de Deliberação • Reunião de Sócios: pode ter seu pro cedimento (instalação, convocação, composição da mesa, etc) livremente convencionado no Contrato Social, sendo aplicável o disposto no Código Civil para as assembleias, na hipótese de omissão das regras aplicáveis às reuniões; ou • Assembleia Geral: obrigatória quando o número de sócios da Sociedade Limi tada for superior a 10 (dez) ou se assim previsto no Contrato Social. • Dispensa: a Assembleia ou Reunião será dispensável se todos os sócios decidirem, por escrito, sobre matéria que, por lei, deve ser tratada mediante deliberação. • Assembleia Geral: tem competência para decidir todos os negócios relativos ao objeto da Companhia e tomar as resoluções que julgar necessárias ao desenvolvimento da mesma. • Classificação: (i) Ordinária: realizada anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses do ano seguinte ao fim do último exercício social, com a finalidade de: (a) tomar as contas dos administradores, (b) votar as demonstrações financeiras do exercício social, (c) deliberar sobre a destinação do lucro liquido do exercício e distribui ção dos dividendos, (d) eleger os ad ministradores e membros do Conselho Fiscal, quando for o caso, e (e) aprovar a correção monetária do capital social (“AGO”); (ii) Extraordinária — deverá ser realizada a qualquer tempo para tratar de maté rias de interesse da Companhia, assim como, (a) a modificação do estatuto so cial, (b) criação de valores mobiliários, (c) aumento do capital social, dentre outras matérias constantes do edital de convocação (“AGE”). DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 25 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Convocação • Competência: originária dos admi nistradores, mas em caso de atraso cabe aos sócios ou ao Conselho Fiscal, quando instalado e nos casos previstos em lei. • Regra Geral: obrigatória a publicação do edital de convocação da reunião ou assembleia de sócio por no mínimo 3 (três) vezes, com prazo de antecedên cia, em primeira convocação, de 8 dias da data da reunião, e de 5 dias para as posteriores convocações. • Dispensa: dispensada ante a presença da totalidade dos sócios ou de declara ção, por escrito, de ciência do local, da data, hora e ordem do dia. • Competência: originária do Conselho de Administração ou, não havendo tal órgão na companhia, cabe aos diretores. Na hipótese de atraso na convocação, poderão os acionistas ou o Conselho Fiscal, quando instalado e nos casos previstos em lei, convocar as assembleias. • Regra Geral: obrigatória a publicação do edital de convocação por no míni mo 3 (três) vezes: (i) se Companhia Aberta, o prazo de antecedência da primeira convocação é de 15 (quinze) dias; e para a segunda, 8 (oito) dias; ou (ii) se Companhia Fechada, o prazo de antecedência da primeira convocação é de 8 (oito) dias; e para a segunda, 5 (cinco) dias; ou • Exceção: não há necessidade de publicação do edital de convocação na hipótese de Companhia Fechada com menos de 20 (vinte) acionistas e patrimônio líquido inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), po dendo a convocação ser realizada por anúncio entregue a todos os acionistas, mediante recibo, com a mesma antece dência mencionada no item (ii) acima. • Dispensa: dispensada ante a presença da totalidade dos sócios ou de declara ção, por escrito, de ciência do local, da data, hora e ordem do dia. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 26 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Quorum de Instalação Representantes de no mínimo ¾ do ca pital social em primeira convocação, e qual quer número em segunda convocação. Representantes de, no mínimo, ¼ do capital votante em primeira convocação, ressalvados os casos previstos em lei, e qualquer número do capital votante em se gunda convocação (s/ reforma estatutária). Representantes de, no mínimo, 2/3 do capital votante em primeira convocação, ressalvados os casos previstos em lei, e qualquer número do capital votante em se gunda convocação (c/ reforma estatutária). Quorum de Deliberação (continua...) • Quoruns: (i) Nas Sociedades Limitadas é necessária a aprovação de sócios representando, no mínimo, ¾ do capital social para: (a) modificar o Contrato Social; (b) aprovar incorporação, fusão, dissolução da sociedade e a cessação do estado de liquidação da sociedade; e (c) eleger e destituir, no Contrato Social, adminis trador não sócio. (ii) É necessária a aprovação de mais da metade do capital social, nas seguintes matérias: (a) designação e destituição dos adminis tradores quando feita em ato separado; (b) remuneração dos administradores; e (c) pedido de recuperação judicial. (iii) Para a eleição e destituição de administrador, são previstos quoruns diferenciados, dependendo se o admi nistrador é sócio ou não, se a eleição é feita no próprio Contrato Social ou em instrumento em separado e se o capital estiver ou não integralizado. (iv) A maioria de votos dos presentes basta para a aprovação das outras matérias, salvo disposição contratual diversa. (continua...) • Quoruns: (i) Princípio Majoritário: nas Companhias a maioria das matérias que são objeto de deliberação pode ser aprovada por maioria simples (maioria de votos pre sentes na Assembleia Geral). (ii) Quorum qualificado: necessária a apro vação de mais de 50% do capital social votante, para deliberação de matérias de maior importância e gravidade, tal como: (a) criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações pre ferenciais existentes; (b) alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criaçãode nova classe mais favorecida; (c) fusão da Companhia, ou sua incor poração em outra; (d) mudança do objeto da Companhia; (e) dissolução da Companhia, entre outros. • Empate: em caso de empate, nova assembleia deverá ser convocada; se tal empate persistir e os acionistas não concordarem em submeter a decisão a um terceiro, caberá ao juiz decidir, no interesse da Companhia. (continua...) DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 27 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Quorum de Deliberação (continuação) (continuação) • Empate: em caso de empate, prevalece a decisão sufragada pelo maior número de sócios e não por participação no capital social e, se o mesmo persistir, decidirá o juiz. • Vedação: nenhum sócio pode votar matéria que lhe diga respeito direta mente. • Computação: os votos deverão ser contados conforme o valor das quotas de cada um dos sócios. (continuação) • Vedação: o acionista não poderá votar nas deliberações da assembleia geral relativas ao laudo de avaliação de bens com que concorrer ao capital social e à aprovação de suas contas como ad ministrador; nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com o da Companhia. Capital Social (continua...) • Representação: quotas iguais ou desi guais. • Subscrição: somente subscrição privada. • Capital Mínimo: Não há exigência legal de um capital mínimo, porém os sócios deverão integralizar o capital nos ter mos do Contrato Social ou das reso luções tomadas pelos sócios no prazo convencionado, sob pena de serem considerados remissos e consequente mente, expulsos da sociedade. • Integralização com bens: a integraliza ção com bens suscetíveis de avaliação em dinheiro não se submete obrigato riamente à avaliação pericial, mas pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social, sendo os sócios soli dariamente responsáveis pelo prazo de 5(cinco) anos. • Aumento de Capital: o capital poderá ser aumentado, a qualquer tempo, des de que esteja totalmente integralizado, respeitando-se o direito de preferência dos sócios, na proporção de sua par ticipação. O aumento poderá ser feito mediante a capitalização de lucros ou mediante aporte de terceiros. (continua...) • Representação: ações ordinárias e/ou ações preferenciais. • Subscrição: pública ou privada. • Capital Mínimo: pelo menos 10% (dez por cento) do capital social subscrito deverá ser integralizado em dinheiro, no ato da subscrição, ou na hipótese de aumento de capital, podendo ser este montante integralizado por um ou mais acionista da Companhia. • Integralização com bens: a integrali zação com bens se submete obriga toriamente à avaliação pericial, a qual deverá ser submetida à aprovação da Assembleia Geral, e os avaliadores e o subscritor respondem, perante a socie dade, seus acionistas e terceiros, pelos danos causados. • Aumento de Capital: o capital poderá ser aumentado, a qualquer tempo, desde que estejam integralizados 75% (setenta e cinco por cento) do mesmo, respei tando-se o direito de preferência dos sócios, na proporção de sua participação, observando sua exclusão na hipótese de previsão de capital autorizado. (continua...) DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 28 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Capital Social (continuação) (continuação) • Redução de capital: Existem duas hipó teses legais: (i) Quando houver perdas irreparáveis; e (ii) Quando o capital social estiver ex cessivo em relação ao objeto social. Neste caso, a redução ocorrerá mediante a resti tuição das quotas aos quotistas ou redu ção do valor nominal das quotas, e, ainda, sujeita-se ao prazo de 90 (noventa) dias, contados da data da publicação do ato que aprovou a redução do capital, para a oposição dos credores, findo o qual pode tornar a redução eficaz. • Observações adicionais: (i) As quotas não são representáveis por certificados suscetíveis de alienação ou oneração, o que faz com que as mes mas não se caracterizem como títulos de crédito; (ii) É vedada a contribuição dos sócios que consista em prestação de serviços; (iii) Em uma Sociedade Limitada, as quotas têm valor nominal, e não podem ser criadas por valor inferior ou superior a este (neste último caso, a parte do valor da quota emitida que for superior ao valor nominal será considerado ágio na emis são, o que resultará no impacto fiscal); e (iv) O contrato social deverá vincular as quotas ao seu respectivo titular. Desta forma, a transferência das mesmas acarre tará na alteração do contrato social. (continuação) • Capital Autorizado: O estatuto social poderá autorizar o aumento do capital social independente de reforma estatu tária. • Redução de capital: Existem duas hipó teses legais: (i) quando houver perda até o mon tante dos prejuízos acumulados; e (ii) quando o capital social estiver ex cessivo em relação ao objeto social. Neste caso, a redução sujeita-se ao prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data da pu blicação, para a oposição dos credores, findo o qual pode tornar a redução eficaz. • Observações adicionais: (i) as ações são representáveis por cer tificados suscetíveis de alienação ou one ração, o que faz com que as mesmas se caracterizem como títulos de crédito; (ii) a ausência de valor nominal permi te adequar o preço de emissão das ações para a realidade do mercado, já que não precisam ter necessariamente um preço preestabelecido. (iii) Não há no estatuto social vincula ção de cada ação ao seu respectivo titular, o que possibilita a substituição de seu ti tular sem alteração do estatuto social. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 29 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Capitalização e Valores Mobiliários • Não é admitida a emissão de valores mobiliários por Sociedades Limitadas. • Não há previsão expressa de formas de capitalização. • A capitalização pode ser dar, por exem plo, mediante a emissão de diversos va lores mobiliários, ta como: debêntures, bônus de subscrição, partes beneficiá rias, etc. Distribuição de Resultados Admitese a distribuição despropor cional à participação dos sócios no capital social, desde que haja previsão contratual expressa neste sentido. Não é admitida distribuição despro porcional de lucros, sem prejuízo, no entanto, de serem emitidas ações prefe renciais com direito ao recebimento de dividendos diferenciados. Reserva legal Não há previsão legal sobre o assunto. 5% (cinco por cento) do lucro apurado no exercício serão utilizados para a forma ção da reserva legal, até que se atinja 20% (vinte por cento). Dividendo Obrigatório Não aplicável. • Os acionistas têm direito de receber um dividendo mínimo obrigatório con forme definido no Estatuto Social da Companhia. • Quando o Estatuto Social for omisso, o valor do dividendo obrigatório será correspondente a 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício, diminuído ou acrescido do (i) montan te da reserva legal; e (ii) do montante destinado à reserva para contingências e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 30 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Transferência de Quotas/ Ações • Qualquer transferência de quota dará ensejo à realização de alteração contra tual. • Se não for de outra forma previsto no Contrato Social, as quotas poderão ser livremente transferidas entre os sócios, porém somente poderão ser transferi das para terceiros se não houver a opo sição de titulares de mais de 25% (vintee cinco por cento) do capital social. • O sócio que vier a transferir suas ações à outrem responderá perante a so ciedade e terceiros, durante 2 (dois) anos contados da data de averbação da transferência, pelas obrigações que tinha como sócios. • As transferências, em regra, não neces sitam de aprovação prévia, devendo apenas ser averbadas nos livros socie tários da Companhia. • A transferência de ações de uma Com panhia aberta somente poderá ocorrer após a integralização de pelo menos 30% (trinta por cento) do seu capital social. • Em uma Companhia a transferência das ações se efetua mediante a assinatura do acionista vendedor em livro próprio, ou seja, o negócio jurídico se perfaz independentemente do arquivamento do ato na Junta Comercial. Sucessão • A forma resolução em relação a um só cio, no caso de falecimento do mesmo, deve estar regulada no Contrato Social. • Hipóteses: (i) O Contrato Social poderá vedar o ingresso do herdeiro do sócio falecido, por entender que este pode colocar em risco os negócios da sociedade, liqui dando-se, por consequência, a quota do falecido; ou (ii) O Contrato Social poderá permitir o ingresso na sociedade do herdeiro do sócio falecido, não estando este obri gado a ingressar na sociedade. Caso o herdeiro opte pelo ingresso, este assumirá a posição do sócio falecido, passando a exercer todos os direitos e responder pelas obrigações detidas por seu ascendente. No caso de falecimento de acionista, os herdeiros do acionista falecido passam a substituí-lo automaticamente na Com panhia, exercendo, em nome próprio, to dos os direitos relativos à posição acioná ria herdada. Negociação com as próprias ações/quotas Vedada de acordo com o Manual do Registro de Comércio para Sociedades Li mitadas, com base na falta de previsão no Código Civil. A negociação com ações de emissão da Companhia poderá ocorrer nas opera ções de resgate, reembolso ou amortiza ção, aquisição de ações para manutenção em tesouraria e venda de ações em tesou raria, respeitadas as exigências legais. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 31 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Responsabi- lidade dos Sócios/ Acionistas • Cada sócio tem sua responsabilidade limitada ao valor de sua participação no capital social, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. • As deliberações tomadas que infrin gem a Lei e o Contrato Social tornam ilimitada a responsabilidade dos sócios que expressamente a aprovaram; as demais vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes. • A responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão do total das ações por ele adquiridas ou subs critas. • Em regra, não responderão os acionis tas perante terceiros, mas sim perante a Companhia. Pluralidade dos Sócios Admitida a falta de pluralidade pelo prazo de 180 dias, caso contrário, incidirá na dissolução da sociedade. Admitida a falta de pluralidade de só cios até a Assembleia Geral Ordinária do ano subseqüente. Administração • Realizada por uma ou mais pessoas, designadas no Contrato Social ou em ato em separado. • Possível a administração por pessoas nãosócias, desde que previsto no Con trato Social. • A nomeação de administrador em ato em separado e cessação do exercício do cargo devem ser averbadas no re gistro competente em até 10 dias após a sua investidura/destituição. • Renúncia de administrador somente será eficaz perante terceiros após aver bação e publicação. • A administração atribuída no Contrato Social a todos os sócios não se estende aos que posteriormente adquiram esta qualidade. • Conselho de Administração: existência facultativa, exceto no casos de Compa nhias Abertas e de capital autorizado, composto por, no mínimo, 3 (três) conselheiros, acionistas, residentes ou não no Brasil. • Diretoria: existência obrigatória, com posta por, no mínimo, 2 (dois) direto res e, necessariamente, residentes no Brasil. • As competências do Conselho de Administração são fixadas em lei, sem prejuízo de outras que venham a ser fixadas no Estatuto Social. • A Diretoria possui poderes para re presentar a companhia e para exercer todos os atos necessários ao seu fun cionamento. Conselho Fiscal Existência facultativa. Existência obrigatória, mas o funciona mento pode não ser permanente. Direito de Voto Toda quota concede ao seu titular o respectivo direito de voto nas delibera ções sociais, sendo certo que tal direito não pode ser retirado do sócio. O direito de voto na Companhia não é um direito essencial, ou seja, por meio do Estatuto Social pode-se estabelecer que determinadas ações (ações preferenciais) não conferirão direitos de voto ao seu ti tular. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 32 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Direito de Retirada Poderá ser exercido por qualquer sócio na ocorrência de deliberação que importe em alteração do Contrato Social, incorpo ração ou fusão da sociedade, cabendo ao sócio dissidente o pagamento do valor patrimonial de suas quotas, com base no balanço levantado para tal finalidade. Nas hipóteses previstas em Lei, o acio nista poderá retirar-se da Companhia, e, ainda, em determinados casos, a Compa nhia pagará ao acionista dissidente o va lor das suas ações, com base na apuração dos haveres. Direito de Preferência • O direito de preferência na aquisição de quotas a serem alienadas por outros quotistas poderá ser exercido por quotis tas que representem mais de 25% (vinte e cinco por cento) do capital social, ou nos termos definidos no contrato. • O direito de preferência na hipótese de aumento de capital com a emissão de novas quotas é aplicável para qualquer quotista na proporção de sua respecti va participação no capital social. • As ações poderão ser livremente cedi das, ao menos que os acionistas contra tem regras de direito de preferência. • Na hipótese de aumento do capital social, os acionistas terão direito de preferência na subscrição das ações objeto do aumento na proporção de sua participação no capital social, observada a exclusão do direito de preferência na hipótese de existência de capital autori zado, nos termos do artigo 168 da LSA. Dissolução • Dissolução Parcial: poderá ocorrer mediante a expulsão de um dos sócios quando ocorrer sua incapacidade ou, ainda, quando um dos sócios agir de ma neira que prejudique a continuidade da Sociedade, desde que haja previsão no Contrato Social, caso contrário, a questão será resolvida por medida judicial. • Na Sociedade Limitada por prazo indeterminado, qualquer dos sócios quotistas pode requerer a dissolução parcial ou total da Sociedade. • Dissolução Parcial: Não há previsão de dissolução parcial de Companhia mediante expulsão de acionista. • Nenhum dos acionistas pode requerer a dissolução parcial ou total da Socie dade. O interessado em retirarse da Companhia. poderá exercer o direito de recesso somente, nos casos previstos em lei. DIREITO SOCIETÁRIO AVANÇADO FGV DIREITO RIO 33 Sociedades Limitadas Sociedades Anônimas Acordo de Acionistas/ Acordo de Quotistas • No caso das Sociedades Limitadas, haveria dificuldades para se tratar, em um eventual Acordo de Quotistas, de determinadas matérias como, por exemplo: (i) em determinadas circunstâncias, os quoruns estabelecidos no Código Civil não poderão ser reduzidos no âmbito privado, como por exemplo, nos casos de modificação do Contrato Social; (ii) há quem sustente que acordo entre quotistas elaborado separada mente não obrigaria a terceiros
Compartilhar