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Voto de acusação do Caso dos Exploradores de Caverna

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Entendo a preocupação do caro juiz com a organização e o funcionamento da Sociedade Espeleológica e seus organizadores, mas creio que debater a responsabilidade da mesma não se faz coerente com a discussão que nesse tribunal toma-se conta, não podemos transcender os réus, e vir a fazer questionamentos que nem ao menos nos foram postos em lide, peço que mantenhamos a imparcialidade perante o caso, cabe ao promotor fazer as acusações, e caso pertinente levar a questão ao juízo civil.
Os exploradores estavam a considerável tempo em condições capazes de alterar a cognição do ser humano médio, porem nos poucos momentos de contato que a equipe de comunicações conseguiu estabelecer demostraram cognição e coerente na maneira de pensar, poucos momentos antes do homicídio cabe lembrar, embora realmente, não temos acesso a quadro real das condições hormonais, mentais e físicas dos réus, é claro que ali sua conduta não era escusável.
Além disso você maqueia a informações apresentadas, o médico não deram uma resposta negativa, e sim uma resposta de baixas chances, existem casos conhecidos como o de Mohandas Karamchand Gandhi, que inúmeras vezes jejuou por tempo superior a 10 dias e em seu maior passou 21 dias sem comer. Além disso os o silencio que obteram na instituição religiosa de nada convém, uma vez que a resposta dela não estaria diretamente ligada ao acontecimento, caso resolvesse se pronunciar estaria quebrando dogmas que não estava disposto a quebrar, incoerente seria exigir resposta religiosa de uma situação tão concreta, as criticas seriam árduas independente da resposta.
A imprevisibilidade de um evento dessa natureza não é argumento pertinente para o debate da questão, o desabamento é somente um dos riscos que podem ocorrer, os riscos foram aceitos no momento em que a equipe realizou a atividade, entretanto um dos riscos que não condiz com a atividade é o assassinato, que não pode ser matéria de nenhum contrato cabe ressalvar.
Antes ainda de começar as expor motivos pelo qual julgo pertinente uma mudança na visão da corte, digo que não existe duvidas que a vitima Whetmore, foi morta pelo réus a duvida existiria apenas na culpabilidade do ato ou não, conforme se pronunciou o advogado de defesa e coerente com as declarações dos acusados, aceitas pelo júri. A culpabilidade embora elemento crucial dos elementos de um fato, não se confundi com a antijuridicidade ou tipicidade do mesmo.
O direito, ou a luz do direito como colocou o juiz tem competência em toda sua jurisdição seja ela a territorialidade do pais ou aquela que ela concordou em atuar mediante acordos internacionais ou os bens que desejou proteger de forma mais ampla, caso desejássemos reduzir sua aplicabilidade no âmbito interno, e dizer que ali naquela caverna por condições de difícil acesso o direito não iluminava, o que diríamos caso o que fosse posto em juízo fosse um crime de natureza diversa. O falso argumento da difícil aplicabilidade das normas jurídicas somente existe para tentar conciliar a moral dos magistrados com o concreto, caso a moral fosse diversa e estivéssemos julgando um estrupo, um argumento dessa natureza seria completamente nefasto e incoerente.
O juízo também não pode tentar se esquivar da responsabilidade de julgar conforme o clamor social perante o caso, as leis embora seja resultado de uma sociedade, de seus valores e sua “moral”, que venho a dizer não é unanime em todos os momentos, é feita através de um debate cauteloso por representantes assim eleitos para essa difícil função, e muitas vezes o clamor social é diferente do que se obtém com o pensamento cauteloso e consolidado através do debate, caso diferente fosse a minoria jamais iria ver atendido seus anseios que se contrapunham aos interesses da maioria; indo além diria ainda que ouvindo a sociedade de maneira irrestrita criaria abertura para o controle dos judiciário pelos meios de comunicação.
Temos uma legislação dura, com nenhuma abertura legislativa, porem pela abertura de nossos tribunais superiores hoje já existem algumas excludentes de antijuridicidade somente no campo da jurisprudência, não podemos interferir ainda mais na tripartição dos poderes, deve haver um distanciamento do judiciário de todo esse debate, e aplicar a lei conforme nos é. A segurança jurídica é um importante valor do direito e social, e embora não se tenha essa visão imediata de uma decisão proferida por esse tribunal o conjunto de decisões contrarias a legalidade estrita enfraquece politicamente a legitimidade do estado.
A lei é o apoio moral criado de uma sociedade, o artigo 12-A “Quem quer que intencionalmente prive a outrem a vida, será punido com a morte”, tem um caráter claramente punitivo em primeira mão, mas significa muito mais que isso, primeiramente ela diz “Quem quer que”, ou seja independe do poder, do status social, da influencia, e das razões, o artigo 12-A como muitos outros projete a sociedade de abusos e protege todo um conceito de isonomia construído pelos anos, a imutabilidade da referida norma, não nos permite esse claro contorno jurídico que meus amigos me apresentam.
Como tudo isso julgo-os presentes réus culpados. Sem nem considerar a antropofagia, que embora ato desumano e temeroso é comumente observado nessas raras ocasiões de isolamento por desastres e não é o motivo da causa pedir da promotoria. Sinto muita tristeza com os bravos trabalhadores que morreram salvando pessoas que se tornaram assassinas, e por Whetmore em momento de fragilidade se viu traído por seus amigos.

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