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SUJEITOS E ATORES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 2

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SUJEITOS E ATORES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 2 (VARELLA, Marcelo Dias, Direito Internacional Público, 2016, 6 ed.) (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves, Direito Internacional Público e Privado, 2010, 2 ed.) INTRODUÇÃO O tema da personalidade internacional é objeto de polêmica na doutrina, a partir da qual se observa duas principais vertentes de entendimento. A primeira, concepção do Direito Internacional clássico, defende que apenas os Estados e as organizações internacionais são sujeitos de Direito Internacional. A segunda indica que na atual sociedade internacional, ao lado dos Estados e organizações internacionais, também estão compreendidos como sujeitos do DIP os indivíduos, as empresas transnacionais e as organizações não-governamentais, pois estes também dotam de personalidade jurídica internacional, visto que possuem aptidão para gozarem da titularidade de direitos e deveres no âmbito internacional.
Ainda hoje, o entendimento majoritário da doutrina atribui personalidade jurídica internacional apenas aos Estados e as organizações internacionais, sob a fundamentação de que somente estes possuem ampla capacidade – possibilidade efetiva de – exercer direitos e cumprir com obrigações (ex.: celebrar tratados internacionais, criar e modificar normas, criar organizações internacionais, etc). Assim, os indivíduos, empresas transnacionais e ONGs possuem uma capacidade limitada, ou seja, não reúnem todas as prerrogativas dos Estados e organizações internacionais, podendo, em síntese, invocar normas existentes no Direito Internacional, e, em alguns casos, recorrer a foros internacionais. Assim, prepondera no direito internacional público uma lógica restritiva, que apenas reconhece os estados e as Organizações Internacionais como sujeitos de direito internacional. Já a expressão “atores internacionais” compreende a todos aqueles que participam de alguma forma das relações jurídicas e políticas internacionais, incluindo, portanto, os Estados, organizações internacionais, os indivíduos, as empresas transnacionais, as organização não-governamentais. 1.1 ESTADOS O estudo do Estado é complexo, cabendo inclusive em disciplinas específicas, como a Teoria Geral do Estado, motivo pelo qual, no presente texto, não há intenção de aprofundar no tema exaustivamente, pois a intenção principal é indicar a relação do Estado na atual sociedade internacional. Na acepção de Jellinek, o Estado é “a corporação de um povo, assentada num determinado território e dotada de um poder originário de mando”. Na mesma linha, Accioly e Silva conceituam como “agrupamento humano, estabelecido permanentemente num território determinado e sob um governo independente”. Para Portella, trata-se do “ente formado por um território, uma comunidade humana e um governo soberano, dotado da capacidade de exercer direitos e contrair obrigações e não subordinado juridicamente a qualquer outro poder, externo ou interno”. Os estados são dotados de personalidade jurídica internacional e, nesse sentido, têm a capacidade de ser sujeito de direitos e de contrair obrigações na sociedade internacional, fato que se infere não só da própria noção de personalidade, mas também das normas internacionais, que conferem aos entes estatais inúmeras prerrogativas e os obrigam a observar determinadas condutas. O princípio da soberania estatal garante aos estados o direito a liberdade de determinar autonomamente seus rumos e de estabelecer compromissos jurídicos no campo internacional. Elementos constitutivos: O estudo do Estado à luz do Direito Internacional parte também do exame de seus três elementos essenciais, consagrados na Convenção de Montevidéu sobre Direitos e Deveres dos Estados de 1933 (Decreto nº 1.570, de 13 de abril de 1937), em seu artigo 1, a saber: a) Território determinado: espaço geográfico dentro do qual o estado exerce seu poder soberano; b) Povo (população permanente): elemento humano do estado, é o conjunto de pessoas naturais, vinculadas juridicamente a um estado por meio da nacionalidade; c) Governo soberano (governo + capacidade de se relacionar com os demais estados): é a autoridade que exerce o poder político do estado. Garante o poder para declarar o direito dentro e fora do seu território. 1.2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 3 As organizações internacionais são pessoas jurídicas do direito internacional, tem ordens jurídicas próprias, diferentes dos membros que as integram. São criadas a partir da iniciativa dos próprios Estados ou de outras Organizações Internacionais, com um fim determinado, que pode ter objetivos de diversas naturezas. As organizações internacionais resultam da manifestação da vontade doe sujeitos do direito internacional e não de sujeitos do direito interno. Desta forma, uma organização internacional não poderá ter como membro pessoa física ou jurídica de direito interno, tais como os indivíduos, empresas ou organizações não-governamentais. As organizações internacionais permitem um ambiente de fórum permanente de negociações, que possibilita a discussão de temas entre os membros, nas pessoas dos representantes destes, para a criação, implementação e controle das normas internacionais. Além disso, a criação de uma organização internacional possibilita a instituição de um corpo de funcionários próprio, que poderá zelar com maior cuidado e com maior neutralidade pelo cumprimento dos seus objetivos, bem como compreende a adoção de um aparelho institucional permanente, ou seja, de um arcabouço de órgãos dedicados às atividades da entidade por prazo indeterminado. Possuem personalidade jurídica própria, podendo ser sujeito de direito e de obrigações na ordem internacional, independentemente de seus membros. Parcela da doutrina entende que a personalidade jurídica das organizações internacionais é derivada, pois somente os entes estatais teriam personalidade originária. 1.3 SANTA SÉ E ESTADO CIDADE DO VATICANO A Santa Sé é a cúpula da Igreja Católica, chefiada pelo Papa, composta pela Cúria Romana (conjunto de órgãos que assessora o Sumo Pontífice em sua missão de dirigir o universo católico na busca de seus fns). É sediada no Estado da Cidade do Vaticano, e seu poder não é limitado por nenhum Estado. A Santa Sé é um sujeito de Direito Internacional, status adquirido ao longo de séculos de influência na vida mundial, que remontam à época em que o poder temporal do Papa era amplo e abrangia a capacidade de estabelecer regras de conduta social válidas para o mundo inteiro, de resolver conflitos internacionais e de governar os Estados Pontifícios. A Santa Sé pode celebrar tratados, participar de organizações internacionais e exercer o direito de legação (direito de enviar e receber agentes diplomáticos). O Vaticano é um ente estatal, criado em 1929, portanto tem personalidade jurídica de Direito Internacional. Conta com um território de 0,44km², possui governo soberano, cuja maior autoridade é o bispo de Roma, ou o Papa. O principal papel do Vaticano é conferir o suporte material para que a Santa Sé possa exercer suas funções. O Vaticano possui poder para celebrar tratados e participar de organizações internacionais. 1.4 INDIVÍDUOS Durante muito tempo não eram considerados sujeitos, e ainda hoje há divergência. Entretanto, a doutrina vem paulatinamente rendendo-se à evidência que os indivíduos agem na sociedade internacional de maneira independente ao Estado, começando a reconhecer na pessoa natural o caráter de sujeito internacional. 3 Isto porque, atualmente há um rol de normas que aludem diretamente a direitos e obrigações dos indivíduos. Como exemplo dos tratados de direitos humanos e de direito internacional do trabalho. Além disso, existe a possibilidade de que o indivíduo exija em foros internacionais a observância de certos direitos que lhes foram conferidos pela ordem jurídica internacional, como no caso da sujeição do estado a julgamento pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Bem como, a pessoa natural poderá ser obrigada a observar as regras do direito internacional, sob pena de ser processada em forosinternacionais, como o Tribunal Penal Internacional (TPI). 1.5 ONGS (organização não-governamental) São entidades privadas sem fns lucrativos que atuam em áreas de interesse público, inclusive exercendo funções típicas estatais. As ongs cumprem o papel de promover a aplicação de normas internacionais em vários campos, como nos direitos humanos (Médicos Sem Fronteiras) e o meio ambiente (Green Peace). Podem participar de Organizações Internacionais como observadoras, podem recorrer a determinados foros internacionais em defesa de direitos ou interesses vinculados a suas respectivas áreas de atuação, entretanto, não podem celebrar tratados. 1.6 EMPRESAS TRANSNACIONAIS O papel das empresas no direito internacional é notório, pois geram fluxos de riquezas, investimentos e capitais. Entretanto, ainda não é certo que as empresas têm personalidade jurídica internacional. Apesar de se beneficiarem diretamente das normas internacionais, como no caso das normas do comércio internacional, e, ao mesmo terem que observar padrões de conduta, não podem formar tratados internacionais. É cediço que globalização econômica pode ser considerada o principal fenômeno responsável pela difusão e evolução da atuação das empresas transnacionais, seja em virtude da celeridade da troca de informações, seja pela facilidade no intercâmbio de riquezas, produtos ou serviços, ou mesmo em razão da mitigação das fronteiras físicas interestatais. Ademais, a atuação das empresas transnacionais, através de plataformas flexíveis de produção e prestação de serviços, passou a influenciar diretamente as definições no âmbito das agendas políticas, econômicas e jurídicas dos Estados onde atuam, fator que ensejou a necessidade de regulação de suas práticas no âmbito do Direito Internacional. Neste contexto está inserido o objeto central do artigo, qual seja, as Linhas Diretrizes para Empresas Multinacionais da OCDE, que visam a regulação da atividade deste novo ator global, pois traçam preceitos que visam assegurar que as operações dessas empresas estejam em harmonia com as políticas governamentais, além de fortalecer a base da confiança mútua entre as empresas e as sociedades onde operam, bem como ajudar a melhorar o clima do investimento estrangeiro e aumentar a contribuição das empresas multinacionais para o desenvolvimento sustentável no plano mundial.

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