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Analise Psicológica Criminal de Francisco de Assis Pereira(Maníaco do Parque)

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Eduardo Theodoro Costa – Direto Noturno – 5ºCiclo – FAFRAM
Psicologia Jurídica
Prof.ª Sophia Muniz Alves Gracioli.
Dados do Criminoso
Nome: Francisco de Assis Pereira.
Data de Nascimento: 29 de Novembro de 1967(50 anos). 
Local de Nascimento: São Paulo, SP.
Crimes: Homicídio Triplamente Qualificado, estupro, atentado ao pudor e ocultação de cadáver.
Pena: ≅ 268 anos.
Situação: Preso em Regime Fechado.
Popularmente conhecido: O Maníaco do Parque.
Da Infância e Relacionamentos.
Como toda maioria de assassinos em série, o indivíduo teve traumas sexuais em sua infância. Quando ainda criança (conhecido como Tim), uma tia por parte de mãe o teria molestado sexualmente e com isso ele teria desenvolvido uma fixação em seios. 
Já na fase adulta seus relacionamentos eram mais complicados e um tanto problemáticos. Houve um patrão que o teria seduzido, o que levou ao interesse por relações homossexuais. Posteriormente houve seu relacionamento com Thayná, uma travesti com quem viveu por mais de um ano, que apanhava de Francisco frequentemente recebendo socos no estômago e tapas no rosto, exatamente como algumas das mulheres que sobreviveram relataram. 
Além disso, uma gótica que teria quase arrancado seu pênis com uma mordida, fazendo com que ele tivesse medo da perda do membro viril e sentisse dor durante o ato sexual. Além da ocorrência de uma desilusão amorosa que marcou sua vida. 
Dos Fatos
Na época dos assassinatos, Francisco trabalhava como motoboy em uma empresa próxima à delegacia que investigou os crimes. Antes de ser preso e julgado ele já tinha sido detido como suspeito, porém liberado logo depois. 
Ao ver seu retrato falado nos jornais, ele começa a traçar sua rota de fuga, onde foi para Cuiabá, depois para Assunção no Paraguai segue depois para Argentina para não ser reconhecido pela polícia, e por fim chega em Itaqui, no estado do Rio Grande do Sul, onde ele consegue abrigo na casa de um pescador. Mas, antes de fugir, ele deixou apenas o jornal e um bilhete sobre a mesa da empresa onde trabalhava. No bilhete ele lamentava ir embora, pedia desculpas pela partida inesperada e indeterminada:
“Jorge, me desculpe mas tem que ser assim obrigado por tudo meus amigos e até um dia e que deus os acompanhe, um abraço.”
Nesse mesmo dia de sua partida, seu ex-chefe notou que havia algo de errado com o vaso sanitário da empresa. Tentou consertar duas vezes, mas não conseguiu. Na mesma semana, quebrou o encanamento para tentar encontrar a causa do entupimento e achou um bolo de papéis queimados e a carteira de identidade de Selma Ferreira Queiroz, que estava parcialmente queimada. Selma foi uma das mulheres cujo cadáver a polícia encontrou no Parque do Estado. Isso alertou seu ex-patrão, que comunicou a delegacia de polícia, fazendo com que assim descobriram sua identidade.
Francisco, que ainda estava em fuga, causou desconfiança aos moradores das cidades por onde passou, até que foi denunciado e preso, sendo posteriormente enviado de Itaqui para São Paulo. Após ser capturado pela polícia, o que mais impressionou as autoridades foi como alguém sem armas conseguia convencer as mulheres a subir na garupa de uma moto e ir para o meio de um matagal com um homem que tinham acabado de conhecer.
Dos Crimes
O Maníaco do Parque, no interrogatório, falou que convencer as mulheres era muito simples: falar aquilo que elas queriam ouvir, cobrindo-as de elogios. Ele se identificava como um caça-talentos de uma importante revista oferecendo um bom cachê e convidava as moças para uma sessão de fotos no meio da natureza. Dizia que era uma oportunidade exclusiva, algo predestinado, que não poderia ser desperdiçado. Convencidas da história, as mulheres subiam na garupa da moto de Francisco, que seguia direto para o parque do Estado, uma área de 550 hectares que ele conhecia bem. Uma vez isolados no meio da mata, o motoboy estuprava e matava suas vítimas por estrangulamento. 
Das Vítimas
Elisângela Francisco da Silva
Depois de ser deixada por uma amiga no Shopping Eldorado, na Zona Oeste de São Paulo, nunca mais foi vista, tendo seu corpo nu encontrado em 28 de julho, no Parque do Estado. O corpo já decomposto exigiu um duro trabalho de identificação. O reconhecimento só aconteceu três dias depois. "Eu tinha esperança de que não fosse ela", diz a tia. No dia de seu desaparecimento, Elisângela saiu de casa dizendo que voltaria em duas horas.
Raquel Mota Rodrigues
No dia 9 de Janeiro, ao desembarcar na Estação Jabaquara do metrô, já quase em casa, telefonou para a prima avisando que conhecera um rapaz e que aceitara posar de modelo para ele em Diadema, na Grande São Paulo. "Disse que era melhor ela não ir", lembra Lígia. Era muito arriscado sair com um desconhecido. "É, eu não vou", respondeu a garota. Raquel nunca mais apareceu. Seu corpo foi encontrado no matagal do Parque do Estado no dia 16 de janeiro.
Selma Ferreira Queiroz
Selma Ferreira Queiroz era menor de idade e a mais nova de três irmãs. Entre sua casa, na cidade de Cotia, na Grande São Paulo, e o centro da capital paulista, onde trataria das formalidades referentes à sua demissão como balconista de uma rede de drogaria, ela desapareceu. No dia seguinte, um homem telefonou para Sara, irmã de Selma. Informou que a moça havia sido sequestrada e pediu um resgate de R$1.000, dizendo que voltaria a ligar no final da tarde. Não ligou. Nesse mesmo dia, o corpo de Selma foi encontrado no Parque do Estado. Estava nua, com sinais de estupro e espancamento. Nos ombros, seios e interior das pernas, havia marcas de mordidas. Selma morreu estrangulada e o último sinal de vida da garota foi para o namorado.
Patrícia Gonçalves Marinho
No dia 17 de abril, ela saiu da casa da avó Josefa, com quem morava e desapareceu. Seu corpo só foi descoberto em 28 de julho. Estava jogado numa área deserta do Parque do Estado. A identificação de Patrícia só foi possível porque ao lado do corpo foram encontradas roupas e bijuterias da moça. Foi estuprada e morreu por estrangulamento.
Das Cartas
O famoso motoboy recebia várias cartas de admiradoras na cadeia, aqui vão alguns trechos:
	
	“Eu não sei o que fazer para te distrair. Mas eu tenho uma ideia: primeiro quero dizer que te desejo todas as noites. É muito bom. Te acho gostoso, meu fogoso. Você está juntinho comigo, dentro do meu coração. Depois que chego em casa, queria você de corpo e alma, te amando. Te quero de qualquer jeito. Eu te amo do fundo do meu coração. Não perca a esperança, acredite em Deus, porque algum dia a gente vai se encontrar. Sei de seu comportamento doentio, por isso quero que fique calmo…”
	
	
	“Por enquanto, nossos beijos são assim. Mas quero te beijar de verdade. Acho que tens saudades. Eu te amo, te amo, te amo etc., te desejo, te quero de corpo e alma. E me perdoe por tudo que estou sofrendo. Sabe Francis, eu não me conformo, e choro. E eu preciso ser forte (…)”
	
	
	“Quero te dizer que estou morrendo de saudade, querendo você… Aih meu Deus como te desejo todas as noites. Eu durmo sozinha e querendo você aqui. Mas sei que é impossível. O certo é eu ir te ver. E como posso sentir. Que é meu?”
	
	
	“Francisco, não deixe a tristeza tomar conta de você e acabar com o brilho do seu olhar. Acredite em Deus, você não está e nunca ficará sozinho. Jesus te ama, sua mãe e seu pai também e, principalmente, eu…”
	
	
	“Depois que tudo aconteceu, tentei dar um fim a minha vida, mais uma coisa super interessante teve que acontecer, eu pensei muito e tive esperanças, acredite o mundo dá voltas, quando a gente menos espera algo de bom sempre acontece.”
	
O jornalista e roteirista Gilmar Rodrigues publicou em 2009 o livro “Loucas de Amor – mulheres que amam serial killers e criminosos sexuais” (Editora Ideias a Granel) onde tenta entender o porquê o maníaco foi desejado por tantas mulheres. Ele ficou impressionado com as cerca de mil cartas de amor que o criminoso recebeu um mês após ter sido preso, em 1998.
Das Consequências
Francisco chegou a ser dado comomorto numa rebelião de presos ocorrida em dezembro de 2000. Mas, após uma série de desencontros, a direção da cadeia confirmou que o motoboy, jurado de morte pelos outros presos, estava vivo. Condenado a uma soma de aproximadamente 268 anos de prisão, Francisco diz que hoje se considera uma "pessoa normal". Segundo ele, está vivo por causa de sua fé. Ele diz que o que fizera no passado não teria sido fruto de sua própria vontade, mas sim de "uma coisa maligna, maldita". 
Análise Psicológica
Pensando nas informações coletadas a respeito do extenso caso do “Maníaco do Parque”, podemos apontar algumas características principais de sua personalidade e funcionamento psíquico.
Entende-se que, desde sua infância o então chamado Tim, apresentava comportamentos pouco convencionais, que, desde a época chamaram a atenção das pessoas ao redor. Destaque-se que, no citado período, não associava-se os comportamentos de Tim a quaisquer perigos ou indícios de perigo.
No decorrer de sua vida, é então relatada uma série de situações com notáveis fatores de perturbação psíquica. Situações como perda de controle perante adversidade e/ou descontentamento, tendência ao sadismo, constantes mudanças de estado de humor, passando de serenidade agradável a fúria explosiva.
Assim, analisando todos os fatos pode-se pensar sumariamente em duas principais hipóteses diagnósticas com relação a sua personalidade. Considerando um transtorno de personalidade bem enraizado, pode-se apontar a uma estruturação de psicopatia, fortemente associada à perversão. 
Definindo e diferenciando psicopatia de perversão, Malheiros (2013) aponta que:
“A psicopatia caracteriza o sujeito que possui a agressividade exteriorizada como característica central, mas nem todos os psicopatas são delinquentes. Este tipo de organização, é caracterizada pela ostentação de uma grande fragilidade psíquica derivada da relação precoce estabelecida entre o bebé e a mãe, marcada pela quebra das identificações primárias e originando uma incapacidade de simbolização, fato que predispõe estes sujeitos a descompensações variadas e repetidas. Utilizam mecanismos de defesa primitivos, existe uma intolerância à frustração, o narcisismo é precário e a angústia é a de perda do objeto. Ao longo da infância, são criados fantasmas que passam a ser reais, as carências afetivas são graves e a perigosidade apresentada é arcaica e exprime o sentimento de abandono primitivo e violento.”
Assim, podemos pensar que, como supracitado, Francisco traz raízes em sua infância que talvez possam justificar o desenvolvimento da psicopatia. Os traumas que vivenciou fizeram com que a sexualidade fosse um fator chave em seu desenvolvimento psíquico. 
A psicopatia caracteriza-se como uma estrutura de personalidade, principalmente associada a incapacidade de relacionamento com as emoções. Uma apatia perante os sentimentos e sensações próprias e alheias, trazendo um certo grau de frieza, associado geralmente a uma personalidade perspicaz e, ironicamente, atrativa as outras pessoas. Existe na maioria dos casos um fingimento de emoções, das quais eles são incapazes de possuir veridicamente. Apresentam um comportamento social bastante aceitável, caracterizado geralmente por pessoas populares, tidas como gentis e amáveis, como no caso do sujeito em questão. 
O sujeito ainda apresentava perspicácia para realizar seus crimes, além de parecer dotado de uma capacidade de identificar suas vítimas de acordo com o que pode-se chamar rudemente de radar para infelicidade alheia. Focando sua atenção sob jovens que aparentemente estavam infelizes e com grandes ambições. Francisco ainda afirmava ser interessante como ele próprio era capaz de enganar e iludir facilmente suas vítimas.
Ironicamente o sujeito passa a ter uma verdadeira legião de fãs que lhe enviavam cartas de amor, mesmo depois de preso. 
Voltando a definição de Malheiros (2013), pensemos agora a respeito da perversão:
“Por sua vez, a perversão é uma organização estrutural da psique que enquadra aspectos particulares de violência e situa o indivíduo na ordem do prazer arcaico e regressivo. A problemática central é a de negação da diferença de sexos que origina uma angústia de castração. A fixação é exclusiva do modo de obtenção do prazer característico deste modo de funcionamento arcaico. O perverso para ultrapassar o seu conflito intrapsíquico fixado a nível pré-genital, utiliza mecanismos de defesa como a clivagem e a negação. Neste sentido o indivíduo pode optar pelo prazer auto-erótico, no qual mediante o tipo de violência, pode prevalecer o sadismo ou o masoquismo. Há também uma intersubjetividade dos afetos e uma grande vulnerabilidade narcísica.”
A perversão transgredi a norma social ao que “se é aceito”. O perverso pratica uma forma de sadismo sexual, buscando prazer no sofrimento de suas vítimas, no caso do sujeito em questão.
Seus crimes apresentavam alto grau de crueldade. As vítimas eram bastante agredidas enquanto vivas e geralmente violentadas sexualmente após a morte (geralmente por estrangulamento), o que caracteriza inclusive necrofilia. Ele ainda as mordia em várias partes do corpo, quase que com a intenção de, literalmente, devorá-las. 
Em um de seus depoimentos, o sujeito explica o fato de não ter sido encontrada grande quantidade de sêmen em suas vítimas, dizendo que não queria ejacular em virtude de só querer dominar suas vítimas, tomar para si, não dar nada em troca. Em sua mente, ejacular seria dar algo às suas vítimas. 
O sujeito perverso só ganha notoriedade, socialmente, através de seus crimes ou atos cruéis. Pode-se entender também que o sujeito em questão apresenta um grande impulso por reconhecimento, ser notado. Suas vítimas eram expostas às próximas vítimas, para que essas “as admirassem”. Posteriormente, ao ficar reconhecido nacionalmente, talvez tenha alcançado a notoriedade visada. 
Referências
Extra Globo G1 – Disponível em: https://extra.globo.com/casos-de-policia/bau-do-crime/maniaco-do-parque-serial-killer-que-chocou-pais-396317.html
Folha de São Paulo – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u16913.shtml
CALHEIROS, Mafalda Gonçalves. Psicopatia e perversão: Características comuns e diferenciais, processos de passagem ao acto e perfil criminal.2008. 88f. Tese(Doutorado) – Curso de Mestrado em Psicocriminologia, Ispa Instituto Universitário, Lisboa, 2013. Disponível em: http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/2561/1/17829.pdf

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