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ATIVOS E PASSIVOS SÓCIO AMBIENTAIS

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ATIVOS E PASSIVOSATIVOS E PASSIVOSATIVOS E PASSIVOSATIVOS E PASSIVOS 
SÓCIOSÓCIOSÓCIOSÓCIO----AMBIENTAISAMBIENTAISAMBIENTAISAMBIENTAIS 
SERRANO NEVESSERRANO NEVESSERRANO NEVESSERRANO NEVES 
Versão Versão Versão Versão 1.11.11.11.1 
15/03/200615/03/200615/03/200615/03/2006 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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INSTITUTO SERRANO NEVESINSTITUTO SERRANO NEVESINSTITUTO SERRANO NEVESINSTITUTO SERRANO NEVES 
Entidade dedicada à estimulação e articulação da Educação SócioEntidade dedicada à estimulação e articulação da Educação SócioEntidade dedicada à estimulação e articulação da Educação SócioEntidade dedicada à estimulação e articulação da Educação Sócio----
ambiental para o desenvolvimento sustentável.ambiental para o desenvolvimento sustentável.ambiental para o desenvolvimento sustentável.ambiental para o desenvolvimento sustentável. 
 
Diretor Institucional: Serrano NevesDiretor Institucional: Serrano NevesDiretor Institucional: Serrano NevesDiretor Institucional: Serrano Neves 
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Superintendente Administrativo: HumberSuperintendente Administrativo: HumberSuperintendente Administrativo: HumberSuperintendente Administrativo: Humberto Moreirato Moreirato Moreirato Moreira 
 
 
 
DECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVREDECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVREDECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVREDECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVRE 
1. Este trabalho é um esforço de estimulação à quebra de paradigmas e formatação de novos 
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Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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ÍNDICE 
1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 5 
1.1 - PREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUAL.......................................................................................... 6 
1.2 - A PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIO ............................................................................................ 7 
1.3 - CULPADOS E INOCENTES............................................................................................................... 10 
2 - PANORAMA CONSTITUCIONAL .......................................................................................................... 12 
2.1 - DOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA.......................................................................................... 13 
2.1.1 - Tabela 1 – Matriz de relacionamento entre os fundamentos ...................................................... 13 
2.2 - DOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA .................................................................. 14 
2.2.1 - Tabela 2 – Matriz de relacionamento entre os objetivos fundamentais...................................... 14 
2.3 - FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO. .......................................................................... 14 
2.4 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS .................................................................. 15 
2.5 - DOS DIREITOS SOCIAIS................................................................................................................... 15 
2.6 - DO MINISTÉRIO PÚBLICO .............................................................................................................. 16 
2.7 - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA .......................................................... 17 
2.7.1 - Tabela 3 – Matriz de relacionamento do princípios da ordem econômica: ............................... 18 
2.8 - DA POLÍTICA URBANA.................................................................................................................... 19 
2.9 - DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA...................................................................................... 20 
2.10 - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL............................................................................................................... 21 
2.11 - DA EDUCAÇÃO ................................................................................................................................. 21 
2.12 - DO MEIO AMBIENTE........................................................................................................................ 23 
3 - DAS FUNÇÕES SOCIAIS DA PROPRIEDADE ..................................................................................... 25 
3.1 - COMO UM DIREITO COLETIVO: .................................................................................................... 25 
3.2 - COMO PRINCÍPIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA:....................................................................... 26 
3.3 - COMO UMA FUNÇÃO DE RESULTADOS...................................................................................... 26 
3.3.1 - TABELA 4 –Matriz de correlação entre atividade econômica e função social da propriedade: 27 
3.4 - DA FUNÇÃO SOCIAL NÃO ECONÔMICA...................................................................................... 29 
4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL .............................................................................................................. 32 
4.1.1 - TABELA XX ................................................................................................................................ 32 
5 - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................................................... 33 
5.1 - INDÚSTRIAS E MEIO AMBIENTE................................................................................................... 34 
6 - VISÃO DOS DOUTRINADORES ............................................................................................................. 35 
6.1 - IMPACTOS.......................................................................................................................................... 35 
6.2 - CONTABILIDADE E MEIO AMBIENTE.......................................................................................... 36 
6.3 - ATIVOS AMBIENTAIS...................................................................................................................... 36 
6.4 - PASSIVOS AMBIENTAIS.................................................................................................................. 37 
6.5 - CONTABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................................................... 37 
6.6 - RECEITA AMBIENTAL..................................................................................................................... 37 
6.7 - CUSTOS E DESPESAS AMBIENTAIS.............................................................................................. 38 
6.8 - BALANÇO SOCIAL ........................................................................................................................... 38 
7 - PLATAFORMA SÓCIO-AMBIENTAL ...................................................................................................39 
7.1 - AFLUENTES E EFLUENTES............................................................................................................. 41 
7.2 - VALORAÇÃO DOS AFLUENTES E EFLUENTES .......................................................................... 41 
8 - VISÃO SÓCIO-AMBIENTAL ................................................................................................................... 43 
8.1 - AFLUENTES....................................................................................................................................... 43 
8.2 - EFLUENTES ....................................................................................................................................... 43 
8.3 - PRODUTO PRINCIPAL ............................................................................................................................. 43 
8.3.1 - Produto social............................................................................................................................. 44 
8.3.2 - Bem estar .................................................................................................................................... 44 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 4 
8.4 - PASSIVO SÓCIO-AMBIENTAL........................................................................................................ 44 
8.5 - ATIVOS SÓCIO-AMBIENTAIS......................................................................................................... 45 
8.6 - BALANÇO SÓCIO-AMBIENTAL ..................................................................................................... 45 
9 - O EQUILÍBRIO SÓCIO-AMBIENTAL ................................................................................................... 45 
9.1 - AS VARIÁVEIS DO EQUILÍBRIO SÓCIO-AMBIENTAL ............................................................... 47 
10 - BALANÇO SÓCIO-AMBIENTAL ....................................................................................................... 49 
10.1 - ATIVO E PASSIVO NA CONTABILIDADE AMBIENTAL............................................................. 49 
10.2 - BALANÇO AMBIENTAL E BALANÇO SOCIAL ............................................................................ 50 
10.2.1 - IMPACTO ................................................................................................................................... 50 
10.2.2 - CARGA ....................................................................................................................................... 50 
11 - MERCADO SÓCIO-AMBIENTAL...................................................................................................... 51 
12 - DOS CERTIFICADOS DE PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO DE ATIVOS SÓCIO-
AMBIENTAIS ....................................................................................................................................................... 52 
13 - PRECEDENTES FAVORÁVEIS.......................................................................................................... 53 
13.1 - ATIVOS COMUNITÁRIOS ........................................................................................................................ 53 
13.2 - COTA DE RESERVA FLORESTAL ............................................................................................................ 53 
13.3 - CRÉDITOS DE CARBONO........................................................................................................................ 54 
13.4 - ATIVOS INTANGÍVEIS ............................................................................................................................ 54 
13.5 - INCENTIVOS .......................................................................................................................................... 54 
14 - CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 55 
15 - DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA ........................................................................................................ 55 
15.1 - DIMENSIONAMENTO E CUSTOS DE IMPACTO E CARGA CONTÍNUA:......................................................... 57 
15.2 - EVOLUÇÃO DAS APLICAÇÕES POR 10 ANOS ........................................................................................... 58 
15.3 - APROPRIAÇÃO DAS CONTAS .................................................................................................................. 59 
15.4 - CONCLUSÕES ........................................................................................................................................ 59 
15.5 - FONTES DOS PREÇOS E DA PRODUÇÃO ................................................................................................... 60 
16 - VISUALIZAÇÕES GRÁFICAS............................................................................................................ 62 
17 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NÃO CITADAS DIRETAMENTE NO TEXTO: ............... 63 
 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 5 
 
1 1 1 1 ---- INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO 
A Constituição da República foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e 
desde então a função social da propriedade tem sido posta debaixo da visão 
limitada pela especificação das funções da propriedade rural. 
O noticiário sobre reforma agrária, as invasões de terras dadas como 
improdutivas e a defesa dos movimentos sociais, vem estimulando outras 
práticas, como, por exemplo, o movimento dos sem teto que prenuncia uma 
"reforma imobiliária”, trazendo preocupação com a crescente violência na 
tomada e na recuperação das propriedades. Por outro lado, esses movimentos 
sociais mostram faces da função social da propriedade ainda não especificadas 
em textos legais, e somam-se aos esforços empresariais ordenados de 
responsabilidade social e outras práticas de repercussão externa à plataforma de 
produção. 
O que existe no fundo é um movimento de exercício de direitos, um 
processo de conquista que amplia os horizontes democráticos. 
Um conceito de função social da propriedade poderia ser construído a 
partir da realidade existente, bastando verificar se uma determinada propriedade 
está exercendo uma finalidade bastante próxima da máxima eficiência sistêmica: 
produção, produtividade, duração, bem estar para os trabalhadores e para a 
sociedade próxima e remota, eco-sustentação etc. 
A avaliação da produtividade de uma propriedade rural não pode ser feita 
pelo enfoque dominante do seu aproveitamento econômico – como será visto 
mais adiante – dado que sempre constituirá um subsistema relacionado com 
outros no entorno próximo ou remoto, podendo ocorrer que a maximização ou 
minimização de um fluxo de energia produza desequilíbrio, vindo a acontecer 
que as perdas com os danos sejam maiores que os ganhos com a produção. 
Macro-políticas poderão ser geradoras ou destruidoras do equilíbrio, 
conforme o governo queira atender as exigências da economia e do mercado, ou 
da sociedade. 
Uma reflexão sobre esses aspectos leva à conclusão de que os 
desequilíbrios ambientais e os desequilíbrios sociais, além de necessariamente 
imbricados e tendo como causa alguns fatores naturais, estão sob a influência de 
visões e vontades. Visões e vontades de investidores privados e de políticas 
governamentais. 
A história mostra que as tentativas de controle social e ambiental 
fracassaram, e provavelmente fracassaram porque se tentava exercer o controle 
pela padronização de condutas e de métodos. O fracasso - ou a baixa eficácia - 
acontece porque os principais atores no piso da plataforma social - as multidões 
– por não compartilharem da mesma visão aérea dos governantes não formavam 
as mesmas vontades. 
Os aglomerados humanos de menor tamanho e dotados de controle difuso– comunidades ou tribos - tendem para práticas sociais e ambientais mais 
duradouras, com baixo ganho é certo, mas com perdas tão mínimas que o 
sistema pode ser classificado como sustentado pela própria natureza. Porém, 
nestes sistemas o progresso é lento, e a ruptura do equilíbrio pode ocorrer por 
simples competição do aglomerado vizinho, ocorrência que não tem solução 
prevista. 
Outra conclusão que se pode tirar do exame da linha do tempo é que a 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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inteligência humana imprime nos aglomerados humanos um ritmo de 
transformações mais acelerado do que os sistemas naturais podem suportar. 
Esse ritmo é chamado de progresso e é basicamente um refinamento de energia 
que gera enormes quantidades de energia degradada, levando a que passem a 
existir no cenário os excluídos (não participantes) sociais, ambientais, 
tecnológicos etc, já reconhecidos e assistidos nas suas necessidades, à vista que 
de exceção se transformaram em regra concorrente com os incluídos 
(participantes). 
Grosso modo, ao lado dos resíduos materiais que demandam grandes 
investimentos para reacomodá-los no meio-ambiente, existem os resíduos 
sociais também demandando enormes investimentos para reacomodá-los no 
meio-social. 
A prática da reacomodação, porém, vem acontecendo por via de ações 
setorizadas e segmentadas, como se o social e o ambiental existissem em 
planetas distintos: os humanos são expulsos do "meio-ambiente" que se quer 
recuperar ou conservar, e o meio-ambiente não é dado aos humanos para que 
constituam um meio-social sustentável. 
O híbrido sócio-ambiental se apresenta não como solução, mas como uma 
prática de ações integradas que consideram o meio-ambiente como a plataforma 
sobre a qual os humanos devem operar, assim como o hardware suporta o 
processamento do software e precisa ser conservado para um bom desempenho, 
os orientadores das políticas e ações parecem não ter entendido que o software 
não funciona sem o hardware, e que o hardware sem o software não tem 
utilidade. 
1.1 1.1 1.1 1.1 ---- PREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUALPREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUALPREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUALPREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUAL 
O endurecimento da legislação ambiental no sentido de conter a 
degradação, e o crescimento dos esforços de educação ambiental voltados para a 
formação de uma geração que pelo menos conserve, são os principais 
reveladores das preocupações. Porém, as informações internas sobre o futuro 
ambiental do País não chegam ao grosso da população e as informações externas 
passam ao largo do conhecimento geral. Essa desinformação faz tardarem as 
ações corretivas, vez que o povo ainda não sentiu de perto - salvo exceções 
localizadas - os efeitos dos maus tratos ao ambiente. 
O desconforto tem marcado algumas preocupações; poucos desastres 
ambientais têm chamado a atenção; muito se tem falado e pouco se tem agido. 
Os que falam não têm poder para agir e os que têm o poder não têm recursos ou 
não entendem o que é falado. 
O desastre ambiental de Cataguases-MG (rompimento de uma barragem 
de acumulação de resíduos de processamento de celulose), que contaminou toda 
uma micro-bacia e prejudicou uma grande população, saiu da mídia tão 
rapidamente quanto entrou a reforma previdenciária. 
A desastrosa intervenção no sistema alimentador do Mar de Aral (Ásia 
Central) em nome da política agrícola soviética, que provocou a diminuição do 
espelho d'água e a salinização que inviabilizou a pesca e o uso da água; o terrível 
impacto da represa das Três Gargantas na China (Yichang na província central de 
Hubei) alterando o fluxo do lendário Yang-Tse e movendo mais de um milhão de 
pessoas de seus lugares; somadas às previsões da grave escassez de água 
dentro de 50 anos [1] e o terrível anúncio de Nossa Hora Final (Our Final Hour, 
de Martim Rees) se contrapõe aos mananciais do território nacional, cuja 
grandeza e abundância não sugerem que o momento da tomada de consciência 
seja agora. 
A simulação de uma carta escrita em 2050 mostra um dos quadros 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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visualizados: 
[1] Quando minha filha me pede que lhe fale da minha juventude, descrevo a beleza dos 
bosques, falo das chuvas de verão, das flores e do prazer que se desfrutava de se poder tomar banho 
sem medir a água, que se podia beber quanta água quisesse... e falo do aspecto saudável que as 
pessoas tinham. Ela me pergunta por que a água se acabou e, então, sinto um nó na garganta. Não 
posso deixar de sentir culpa. Pertenço à geração do desperdício - são decorridos apenas 25 anos 
desde quando éramos advertidos: "gota a gota a água se esgota". Não dávamos a devida importância. 
Agora nossos filhos pagam um alto preço pela nossa negligência. 
(Mensagem original em espanhol, de DIALOG-AGUA-L- CES.FAU.EDU list serv – Tradução de Cylene 
Dantas da Gama) 
Acostumados que estamos à seca nordestina, e mais acostumados ainda a 
ver povos que contam a água por gotas já por milhares de anos, a idéia de que o 
povo nordestino padece por vontade da natureza (ou vontade divina) impede que 
o solo árido daquela região seja visto como o retrato do futuro. 
Torneiras que não secam, e calçadas e carros lavados com água tratada 
em todas as cidades, impedem que aqueles que desfrutam desse bem entendam 
que à sua volta outros não desfrutam, e constitui um enorme obstáculo à 
compreensão de que as fontes de água estão na natureza, ou seja, as 
companhias de tratamento não são fábricas de água. 
A cultura de que os impostos são pagos para que as municipalidades 
cuidem da sanidade ambiental faz com que o ato de jogar lixo no meio da rua 
esteja ligado à geração de emprego: mais lixo no chão igual a mais pessoas 
trabalhando, e a idéia parece boa num cenário de desemprego, pouco 
importando que o lixo seja despejado nos cursos d’água e o custo do tratamento 
aumente, porque isto também gera mais empregos. 
Soluções de curto prazo para maximizar a economia agrícola expandem 
fronteiras de contaminação e desertificação através do consumo descontrolado 
de água para a irrigação e perda de solo fértil. 
Os impactos ambientais das atividades são sub-avaliados porque é preciso 
atender às demandas da economia, e os impactos sociais nem avaliados são 
porque considerados inerentes. 
O preço da busca pela estabilidade econômica está sendo cobrado dos que 
menos tem e cada vez menos terão, na medida em que as políticas de 
desenvolvimento minimizam a participação humana e produzem legiões de não-
participantes do processo produtivo, que são aquietados nas periferias urbanas à 
custa do assistencialismo. 
O Brasil não gastou mais do que duas décadas para preparar o contingente 
a ser atendido pelo Fome Zero e existe o risco de em mais duas estarmos diante 
do Vida Próximo de Zero. 
1.2 1.2 1.2 1.2 ---- A PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIOA PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIOA PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIOA PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIO 
Em outubro de 1988 sugeri a órgãos governamentais à introdução dos 
Direitos Individuais e Coletivos no ensino fundamental e recebi a resposta 
simples de que crianças não têm cabeça para aprender Direito Constitucional. 
Talvez eu tenha feito a sugestão às pessoas erradas, mas fiquei com a impressão 
de que a Carta não era um bom indicador de mudanças. 
Nascida como a Carta da ingovernabilidade por conta da estrutura 
administrativa que privilegiava o Município, rompendo com a dominância dos 
Estados e da União, foi pichada da primeira à quarta capa como utopia: uma 
Constituição muito avançada para o País. Por isto os direitos fundamentais 
caíram na vala comum do imprestável, ou pelo menos do inadequado. 
As gerações que receberam a Constituição de 88 dividiam-se em dois 
segmentos: os que se formaram adultos sob a Carta de 46 e os que se formaram 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais8 
sob a Carta de 69 de origem militar. A geração mais antiga leu a Carta com a 
esperança de haver reavido e ampliado o espaço democrático já conhecido; a 
geração mais nova recebeu a carta como uma novidade e não entendeu a euforia 
dos mais velhos. 
Poucos se deram ao trabalho de comparar o texto de 88 com o de 46 para 
perceberem sutis mudanças para melhor, como por exemplo, o exercício direto 
do poder pelo povo e a instituição de defensores da ordem jurídica e do regime 
democrático, e sem essa visão não encontraram na Carta o chamamento da 
participação de todos, simplesmente aglomerados ou organizados, para a 
construção da sociedade livre, justa e solidária. 
Perdida no espaço indefinido da cultura da autoridade, na verticalidade do 
mando que dava a um chefete de repartição poder para despachar dizendo que a 
Constituição não podia ser aplicada contra o governo, e sem experiência de 
exercício direto do poder - como no caso do desatrelamento dos sindicados do 
Estado - a reação, que se prorroga até hoje, foi de ficar aguardando que a 
autoridade interprete o texto e diga o que pode e o que não pode ser feito. 
À época pipocaram os seminários constitucionais e num deles, para 
acadêmicos de Direito, à pergunta de se as Constituições Estaduais poderiam 
dispor sobre Direitos Fundamentais foi dada à resposta não, sob o argumento de 
ser isto privativo da União. Tomei a palavra para dizer que o parágrafo segundo 
do artigo 5º dava aplicação para qualquer direito fundamental compatível com os 
princípios da Carta, estivesse escrito onde estivesse, ou mesmo que não 
estivesse escrito poderia ser reconhecido. Causei aos membros da mesa um 
enorme constrangimento, aferrados que eram ao princípio da autoridade: manda 
quem pode e obedece quem tem juízo. 
Cerca de dez anos depois escrevi "Paralelo 666 - o reverso do apocalipse": 
A população brasileira vem enfrentando severa degradação na estrutura familiar e social, e as 
causas são atribuídas como as mais diversas: da dívida externa à perda da moral individual, e tudo o 
que couber entre tais extremos, ou seja, conexo ou afim. 
O Estado - e seus componentes políticos e de governo - vem apresentando sinais de 
impotência instrumental, e buscando força realizadora para relacionar-se com o complexo de causas 
degradantes e reverte-las. 
Dentre os instrumentos possíveis para atuar na reversão está a transferência de parte da 
administração pública e do patrimônio ativo estatal para a iniciativa privada, caindo sobre essa política 
criticas ideológicas demolidoras que, embora calcadas no patriotismo do Brasil é nosso, só aparecem 
quando do encaminhamento de alguma solução, mas adormecidas ficam enquanto o problema cresce. 
Nesse emaranhado de opiniões o próprio Estado se inclina, no sentido de curvar a espinha, 
para reconhecer a fonte do seu poder originário, um tanto quanto desdenhada, embora teoricamente 
homenageada: o povo. 
O povo seja na plenitude de sua difusão pelo território geográfico e cultural, seja por suas 
organizações de interesses de construção, conservação ou produção está sendo convocado para 
exercer o poder diretamente. 
Não, não é um lema, tal como o povo no poder, nem está o povo sendo chamado para assumir 
como síndico de uma massa falida. 
O povo está sendo chamado para fazer o que o parágrafo único do art. 1º. da Constituição lhe 
assegura: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus representantes eleitos ou 
diretamente nos termos desta Constituição. 
E é no particular do diretamente nos termos desta Constituição que se justifica a convergência 
de recursos para reverter a degradação. 
O mesmo art. 1º. apresenta como fundamentos do Estado Democrático de Direito, dentre 
outros, a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa, e a um passo, o art. 2º. estabelece como objetivos fundamentais da República a construção 
de uma sociedade livre, justa e solidária, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da 
marginalização, e a redução das desigualdades sociais e regionais, com a promoção do bem estar de 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 9 
todos. 
Adiante, o art. 5º. abre a sede dos direitos e garantias fundamentais com a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
Seja que a soma dos artigos 1, 3 e 5 é 9. 
Cuidando da célula mãe da sociedade, a Carta dispõe no art. 227: é dever da família, da 
sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, 
à liberdade e à convivência familiar e comunitária. No parágrafo primeiro desse artigo o Estado admite 
a participação das entidades não governamentais. 
Deveras está o Estado, ao admitir, usando um verbo soberano, apenas. Não esta minimizando 
nem de qualquer forma excluindo que a família e a sociedade atuem diretamente nestes termos da 
Constituição. Quer o Estado - e de outro modo não poderia ser - que aconteça de forma organizada. 
Seja que a soma de 227 com 9 é 236. 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - vem dizendo o art. 225 do 
Magno Diploma, bem comum de uso do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
Neste aspecto tem-se uma imposição de dever à coletividade, sendo de esperar que também 
se organize a sociedade para cumprimento de um dever, ao que não pode se recusar. 
Seja que a soma de 236 com 225 é 461. 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida ou incentivada 
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, é o teor do art. 205 da Regência Maior. 
E de novo o povo, pelas famílias e pela sociedade é chamado para promoção e incentivo. 
Não seria exagero denominar esse conjunto de chamamentos de plataforma democrática para 
o exercício do poder, diretamente, na forma da Constituição. 
Ora, convenhamos! A impotência instrumental do Estado tem origem na falta de capital para 
investir nos itens que podem ser pinçados dentro dos artigos citados para formarem um rol único. 
Logo, estamos diante de uma solução de capital, ou seja, uma solução homeopática, não na dose, 
mas baseada no mesmo princípio de semelhança: a degradação da falta de capital curada com o 
aporte de capital, e sem arrepios nacionalistas ou patrióticos de escravização ao capital nacional ou 
estrangeiro, pois, se não soubermos aportar capital com dignidade para o bem comum, então seremos 
mesmo merecedores da escravidão. 
Os ativos de inteligência do governo podem estar inibidos por algum fator estranho à vocação 
cidadã, mas não estão distanciados da necessidade de novos instrumentos para a promoção do bem 
comum e expressaram a inclinação através da Lei Federal N° 9.790, de 23 de março de 1999, que 
dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como 
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. 
Essa nova instrumentalização veio à luz sob fogo cerrado dos teóricos que não admitem o 
Estado dividindo com o povo organizado a gestão do bem comum. Essa posição contraria o texto da 
Constituição - segundo o que apontamos - pois, no mínimo, acena que o exercício direto do poder 
seria uma extremada limitação, e que o preço da democracia é esperar que um dia o governo possa 
fazer o que deve. 
Esperar e sofrer, sofrer e esperar. 
Não creio que o Estado Democrático de Direito esteja dizendo ao povo que o povo mesmo não 
pode dar encaminhamento às soluções que conduzam as comunidades a se estruturarem de modo a 
se tornaremmais propícias ao bem comum do que ao mal geral; ou que o povo mesmo não saiba o 
que é cidadania, vida, saúde e educação, e por não saber não pode promover. 
A resistência a que o bem estar de todos gere lucro para alguns não se justifica diante da atual 
situação em que o mal geral gera lucro para outros “alguns”. 
Assim seja com o dinheiro do próprio bolso, ou seja, com a inteligência de passar o dinheiro 
dos outros - ou do próprio governo - pelo crivo da dignidade, como conditio sine qua non de entrada na 
plataforma social, é preciso quebrar a rotina de esperar sentados enquanto a miséria grassa, e tentar 
novos e legítimos exercícios diretos do poder que atendam aos imperativos do regime democrático. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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Seja que a soma de 461 com 205 é 666. 
666 é o número da Besta do Apocalipse, mas pode ser o número que, sustentando o exercício 
direto do poder pelo povo, reverta a degradação da plataforma social. 
1.3 1.3 1.3 1.3 ---- CULPADOS E INOCENTESCULPADOS E INOCENTESCULPADOS E INOCENTESCULPADOS E INOCENTES 
Na medida em que a degradação ambiental e social se tornava mais visível 
a impotência governamental se tornava proporcionalmente mais acentuada. Não 
que os governantes não quisessem fazer alguma coisa, mas, mesmo sendo certo 
que recursos para fazer se tornavam cada vez mais escassos, não se chegava a 
pensar que não soubessem o que fazer. 
A educação, base do comportamento social, sujeita a décadas de queda na 
qualidade, já não se apresentava como formadora e as pessoas, com baixo nível 
de ação e reação, adotaram a idéia de que a prioridade era o ambiente. 
Nascia o Direito Penal Ambiental, assim denominado por minha conta e 
risco. Um direito que leva para a prisão um pobre que tira a casca de uma árvore 
para fazer remédio e faz com que bater na própria mãe seja menos grave do que 
chutar um tatu (casos concretos de Goiânia-GO). 
As atividades econômicas de porte foram eleitas como culpadas pela 
degradação, e eleitas foram pelo mesmo povo que joga lixo no meio da rua. 
Mais do que isto as políticas de preservação ao invés de privilegiarem o 
convívio dos humanos com o ambiente os expulsam como predadores naturais. 
O resultado disso tudo é que os empreendedores, de um lado facilitados 
pela necessidade institucional do progresso e de outro lado à larga de uma 
fiscalização eficaz, passaram a atender a demanda de produção dando pouca 
importância ao social e ao ambiental. Festejados pelo crescimento econômico 
(ou coisa parecida) tornam-se agora culpados porque os previsíveis desastres 
estão acontecendo. 
Existe muita gente trabalhando bem e, com certeza, os empreendedores já 
perceberam que a plataforma sócio-ambiental em que operam precisa de 
manutenção. 
 
 
Ilustração 1-1 (diagrama em revisão) 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 11 
1. Sem tratamento, das 10 unidades oriundas da natureza 4 resultam 
em trabalho. 
2. A totalidade das perdas retorna pela via lenta do processo natural. 
3. Um aumento na quantidade de consumo pode saturar a via lenta do 
processo natural e produzir acumulação de energias degradadas. 
O lucro tornou-se o vilão e o capital a senha para a vilania, levando à 
consideração, para efeitos didáticos, que o capital, chamado de selvagem, podia 
ser domesticado, e assim fiz, mais por perceber que os capitalistas voltados para 
a produção já se mostravam sensíveis a terem consumidores sustentados ao 
invés de simplesmente esgotarem o mercado, segmento por segmento. 
A sociedade está dividida em vítimas e culpados. Como vítima a sociedade 
que sofre as conseqüências da degradação social e ambiental, como culpados os 
empreendedores que sustentam a economia dessa sociedade. 
Lobos comem cordeiros, mas não têm nenhum interesse em acabar com o 
pasto que engorda as ovelhas ou interromper o ciclo de reprodução delas. Mal 
comparando: lobos precisam comer ovelhas e ovelhas precisam comer capim 
assim como um sistema que refina uma forma de energia necessita de consumir 
outra forma de energia. 
 
 
Ilustração 1-2 (diagrama em revisão) 
4. Com tratamento, das 10 unidades oriundas da natureza 7 resultam 
em trabalho. 
5. Apenas 3 unidades de perdas retornam pela via lenta do processo 
natural. 
6. Um aumento na quantidade de consumo pode ser controlado por 
aumento da intervenção. 
A noção de cadeia ou ciclo - que é um modelo da natureza - permite ver 
que cada um ocupa a necessária posição no sistema e que a exploração 
(esgotamento) de uns sobre outros constitui desvio em relação ao que seria 
desejável. 
O processo de refinamento deve gerar energia de reposição para o capital, 
para o trabalho e para a fonte. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 12 
Não há culpados nem inocentes, não há exploradores nem explorados, há, 
sim, uma forma de inconsciência que estanca fluxos e cria pontos de 
acumulação. 
Assim, não existem inocentes nem culpados, mas correções de desvio a 
serem feitas e que se não puderem ser feitas pelo governo devem ser feitas pela 
iniciativa privada. 
A manutenção das cadeias de produção e do bem estar não implica em que 
o lobo se torne vegetariano (existe o risco de o capim virar a vítima da vez), mas 
talvez implique em que o lobo diminua seu apetite, forneça insumos para o pasto 
e não coma as borregas. 
2 2 2 2 ---- PANORAMA CONSTITUCIONALPANORAMA CONSTITUCIONALPANORAMA CONSTITUCIONALPANORAMA CONSTITUCIONAL 
A Constituição de 88 abriu caminhos para o exercício pleno das liberdades 
e direitos, mas, estranhamente, tais caminhos não têm sido terraplenados, 
pavimentados e sinalizados adequadamente, e os esforços nesse sentido 
parecem estar sendo inibidos pela tradição do culto à autoridade, dependência 
que se instalou com a descoberta em 1500. 
Através dos séculos formou-se a consciência de que apenas a autoridade 
pode e somente a autoridade sabe o que a lei quer dizer. 
A Constituição consiste a lei superior que rege a vida e existência de um Estado e cuja força 
valorativa subordina necessariamente toda legislação ordinária, ou melhor, toda legislação 
INFRACONSTITUCIONAL, às suas disposições. Quer dizer, as normas inferiores terão subsistência e 
eficácia apenas se não contrariarem as previsões da Lei Maior (entre os atos normativos 
infraconstitucionais encontram-se as leis, os atos administrativos, as sentenças, os contratos 
particulares, medidas provisórias, emendas, projetos de lei e etc., assim como as convenções e 
acordos coletivos de trabalho). 
Conclui-se que a supremacia da Constituição pressupõe indubitavelmente a subordinação de 
todas as leis que lhe são posteriores, e também de todas que lhe são hierarquicamente inferiores 
(todas as obras legislativas passadas, atuais e futuras), ao teor de seus preceitos. [19] 
[19] O que impede o exercício das Liberdades - Cristiane Rozicki - Revista Mensal - Ano II - Número 
16 - Setembro de 2002 - ISSN: 1519.6186 
A necessidade de construir a obra democrática apresentou-se neste último 
sete de setembro (2002) quando as Forças Armadas, na Capital da República, 
desfilaram sem viaturas e aviões por escassez de verba para o combustível, 
escassez essa que já havia atingido a alimentação nos quartéis. 
A Pátria comemorou sua independência, mas não pode servir aos 
convidados o melhor de sua despensa. 
A Pátria a pé mostrou-se alinhada com os milhões de brasileiros que 
sobrevivem o outro lado da “economia vai bem”, ou seja, o lado em que o povo 
vai mal. 
A população brasileira vem enfrentando severa degradação na estrutura 
familiar e social, e as causas são atribuídas como as mais diversas: da dívida 
externa à perda da moral individual, e tudo o que couber entre tais extremos, ou 
seja, conexo ou afim. 
O Estado - e seus componentes políticos e de governo - vem apresentando sinais deimpotência instrumental, e buscando força realizadora para relacionar-se com o complexo de causas 
degradantes e revertê-las. 
Dentre os instrumentos possíveis para atuar na reversão está a transferência de parte da 
administração pública e do patrimônio ativo estatal para a iniciativa privada, caindo sobre essa política 
criticas ideológicas demolidoras que, embora calcadas no patriotismo do Brasil é nosso, só aparecem 
quando do encaminhamento de alguma solução, mas adormecidas ficam enquanto o problema cresce. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 13 
[2] 
[2] PARALELO 666, o reverso do apocalipse. Serrano Neves – http://www.serrano.neves.nom.br, em 
Plataforma Social. 
Salva que a Constituição, por força do seu próprio texto (artigo 7º, inciso 
XXXIII), já maior de 16 anos (5 de outubro de 2004) possa ter “emprego” pleno. 
2.1 2.1 2.1 2.1 ---- DOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICADOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICADOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICADOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA 
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Não seria de estranhar, pela tradição, que os incisos deste artigo 
estivessem sendo interpretados de forma estanque. 
Esse tradicional vício se apresenta como o “dividir para governar” que, 
além do sentido de poder, permite lidar com a impotência ideológica e 
instrumental: se não quero ou não sei fazer, ou se não disponho de recursos, 
posso dizer que não estou cuidando da dignidade da pessoa humana porque 
estou ocupado com a cidadania, por exemplo. 
A forma direta de exercício do poder bate de frente com a cultura de 
perguntar se alguma coisa que não está permitida expressamente pode ser feita, 
vez que seria demasiada ousadia imaginar que o inciso II do artigo 5º (ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei) 
está debaixo da rasteira interpretação: ninguém poderá fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei. 
O que a Constituição não proíbe não pode ser proibido na legislação 
inferior, logo, qualquer poder que derive do texto constitucional pode ser 
exercido diretamente pelo povo, mesmo na ausência de regulamentação, diga-
se, para total desgosto dos que praticam a antidemocrática arte do Aqui Mando 
Eu. 
2.1.1 2.1.1 2.1.1 2.1.1 ---- Tabela 1Tabela 1Tabela 1Tabela 1 –––– Matriz de relacionamento entre os fundamentos Matriz de relacionamento entre os fundamentos Matriz de relacionamento entre os fundamentos Matriz de relacionamento entre os fundamentos 
A escolha do inciso IV como determinante dos demais incisos tem por 
fundamento que o trabalho e a livre iniciativa não podem ser cassados na sua 
totalidade: 
 
 IV IV IV IV ---- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
I I I I ---- a soberania; a soberania; a soberania; a soberania; 
Popularização do conceito de soberania com a introdução de elementos 
ideológicos de defesa e preservação dos recursos através dos diversos níveis 
de atividade. 
II II II II ---- a cidadania; a cidadania; a cidadania; a cidadania; 
Abertura de espaços para o exercício dos direitos e a livre manifestação do 
pensamento 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 14 
III III III III ---- a dignidade da pessoa a dignidade da pessoa a dignidade da pessoa a dignidade da pessoa 
humana;humana;humana;humana; 
Valorização da pessoa humana pela melhora das condições para usufruir os 
bens e serviços gerados pelo trabalho. 
V V V V ---- o pluralismo polític o pluralismo polític o pluralismo polític o pluralismo político.o.o.o. 
Conscientização de que as diferenças são necessárias para a existência de 
um sistema político sustentável. 
2.2 2.2 2.2 2.2 ---- DOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICADOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICADOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICADOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA 
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação. 
República – no bom e velho latim - é “respublica”, que significa “de todos”. 
Desse bem público derivam a “publica utilitas” e a “communis utilitas”. 
Federativa – no mesmo – designa a união política, e vem de “societas, 
atis” que tem o sentido também de pessoas associadas, comunidade, afinidade, 
participação. 
Brasil, ora, Brasil vem do Pau Brasil, vermelho, cor de brasa, como me 
empurraram para dentro da cabeça no curso primário, e eu achei formidável 
porque vermelha é também a cor da vergonha na cara. 
Vejo, mais uma vez, o bom senso apontar que a construção de uma 
sociedade livre, justa e solidária garante o desenvolvimento, erradica a pobreza 
e promove o bem estar de todos. 
2.2.1 2.2.1 2.2.1 2.2.1 ---- Tabela 2 Tabela 2 Tabela 2 Tabela 2 –––– Matriz de relacionamento entre os objetiv Matriz de relacionamento entre os objetiv Matriz de relacionamento entre os objetiv Matriz de relacionamento entre os objetivos fundamentaisos fundamentaisos fundamentaisos fundamentais 
A escolha do inciso I como determinante dos demais incisos tem por 
fundamento que a construção da sociedade objeta por dar-se até pela via da 
revolução armada: 
 
 
I I I I ---- construir uma sociedade livre, construir uma sociedade livre, construir uma sociedade livre, construir uma sociedade livre, 
justa e solidária;justa e solidária;justa e solidária;justa e solidária; 
II II II II ---- garantir o desenvo garantir o desenvo garantir o desenvo garantir o desenvolvimento nacional;lvimento nacional;lvimento nacional;lvimento nacional; 
Fortalecimento da micro-economia, minimização da 
dependência ao assistencialismo; 
III III III III ---- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionaisas desigualdades sociais e regionaisas desigualdades sociais e regionaisas desigualdades sociais e regionais 
Dar suporte aos setores informais e não formais 
através da distribuição de tecnologia, engenharia e 
produção em descarte; 
IV IV IV IV ---- promover o bem de todos, sem preconceitos de promover o bem de todos, sem preconceitos de promover o bem de todos, sem preconceitos de promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação.formas de discriminação.formas de discriminação.formas de discriminação. 
Reconhecer os estratos sociais de qualquer 
natureza como inerentes à estrutura, reformatá-los 
do mal estar para o bem estar e repavimentar as 
vias de circulação das pessoas entre eles. 
Mas, nada mau, temos uma Constituição bem "explicadinha" por 
desdobramento. 
2.3 2.3 2.3 2.3 ---- FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO.FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTEE IDOSO.FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO.FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO. 
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, 
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 15 
Criar filhos ou proporcionar um razoável fim de vida aos pais não é só uma 
questão de custos, vez que a população cresce à margem da relação 
custo/benefício. 
Controlar a natalidade representa uma economia de custos tão sensível 
quanto eliminar aqueles que deixam de ser produtivos no sentido puramente 
econômico. 
A realidade – que é brutal como no parágrafo anterior - está mostrando 
(estatísticas recentes) que é crescente o número de idosos com renda fixa de 
aposentadoria ou pensão que está sustentando seus filhos desempregados e 
seus netos filhos de desempregados. 
Grosso modo, e os indicadores são visíveis, os pobres teriam menos filhos 
se fossem menos pobres e os velhos custariam menos se o “sistema” lhes desse 
segurança na autonomia de vida pós-trabalho. 
A preocupação constitucional com a criança e com o idoso não seria 
necessária se a sociedade já fosse livre, justa e solidária. Então, devemos estar 
atentos a que o comando de construir essa sociedade (art. 3º, I da CF), deve 
começar a ser obedecido, pois o começo e o fim da vida não podem estar 
condicionados a deduções do imposto de renda e benefícios fiscais, 
simplesmente. 
2.4 2.4 2.4 2.4 ---- DIREITDIREITDIREITDIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:... 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
Muito tem os especialistas escritos sobre a função social da propriedade e 
prática hodierna de responsabilidade social, por isto apenas acrescento a visão 
de que função social é o mesmo que função federativa ou função comunitária, 
capaz de gerar o bem estar de todos, não me esquecendo de que “todos” é um 
continente no qual cabem também os capitalistas cujo bem estar inclui auferir 
lucro. Lucro que, falando de passagem, entendo necessário para a realimentação 
da cadeia de produção. 
A garantia do direito de propriedade classifica sua função social como um 
dever do proprietário, ou seja, a função social não é conseqüência do direito de 
propriedade, devendo ser um efeito do uso. 
Afeito a dar o maior alcance possível aos dispositivos constitucionais 
entendo que todos os direitos de propriedade atribuem aos seus titulares o dever 
de, pelo uso, dar-lhe função social, mesmo os chamados direitos imateriais. 
Para vencer as dificuldades tradicionais aponto o “produto social” como 
solução, o que será examinado em tópico separado. 
2.5 2.5 2.5 2.5 ---- DOS DIREITOS SOCIAISDOS DIREITOS SOCIAISDOS DIREITOS SOCIAISDOS DIREITOS SOCIAIS 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a 
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. 
Seguindo a ótica os direitos sociais se encaixam naturalmente na função 
social da propriedade em razão de que o social é um só. Logo, não deveria causar 
espécie que da propriedade produtiva decorram elementos para a educação, 
saúde, moradia etc. o que acontece através da tributação. No entanto, existem 
sérias resistências justificadas pelo fato de que, da nascente (propriedade 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 16 
produtiva) até o mar (sociedade) os “rios” vão perdendo água pelos drenos do 
mau emprego do dinheiro, do desvio e da corrupção e o povo fica na foz, de 
canequinha na mão, recolhendo cestas básicas, vales-sobrevivência e bolsas-
aquietantes. 
Aos direitos sociais correspondem deveres governamentais, como visto no 
Paralelo 666, mas essa relação não é de partes em oposição, como num contrato, 
é, antes, um curioso sistema no qual os que têm deveres a cumprir são eleitos 
pelos que tem direitos a usufruir: os governantes são mandatários, o povo é o 
mandante e a procuração é a lei. 
Sugiro que o leitor se imagine mandante e passe procuração para que o 
mandatário execute determinada atividade em seu nome, durante um tempo 
certo. 
Imagine agora que tenha feito má escolha do mandatário e não possa 
revogar o mandato. 
Imagine que o mandatário, por uma causa qualquer, não está cumprindo o 
que lhe foi determinado e escolha entre duas opções: 
a - sofrer as conseqüências e ficar esperando chegar a hora de trocar o 
mandatário; 
b - colaborar com o mandatário e diminuir as conseqüências a serem 
sofridas até o final do tempo de mandato. 
A resposta “a” será dada por aqueles que tem como princípio pagar (ou 
não pagar) impostos e responsabilizar o governo em todo os níveis: de fixar a 
taxa de juros até recolher o lixo nas ruas. Estes não procuram alternativas para 
os seus negócios se sustentarem nem para os seus narizes que respiram fedor. 
A resposta “b” será dada por aqueles que perceberam na Constituição as 
declarações de que existem o Estado Democrático de Direito, a ordem jurídica e 
o regime democrático. 
Conclusão: não basta ter uma boa Constituição, é preciso preparar as 
pessoas para segui-la. 
2.6 2.6 2.6 2.6 ---- DO MINISTÉRIO PÚBLICODO MINISTÉRIO PÚBLICODO MINISTÉRIO PÚBLICODO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. 
Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos 
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
Essa incumbência de defesa nada mais é do que um mandato, uma 
procuração que o povo passou para o Ministério Público e, por isto, sempre que 
os interesses do povo estiverem em jogo o Ministério Público deverá agir. 
Para agir, o Ministério Público deve possuir sólida compreensão do que 
sejam a ordem jurídica e o regime democrático, bem como estar afeiçoado a dar 
ao texto constitucional a interpretação que mais aumente o seu alcance. 
Na realidade, o poder constitui o princípio de toda a vida política, enquanto que o regime 
político indica seu efeito, suas conseqüências, erigindo-se não apenas no quadro em que esta vida se 
desenvolve, mas esta própria vida. [20] 
[20] Teoria Geral do Estado – Wilson Accioli, Forense, RJ, 1985,1ª ed., pág. 324. 
Destacam-se na democracia os aspectos ideológicos e sócio-econômicos 
enquanto os aspectos normativos, institucionais e operacionais assumem papel 
na funcionalidade do poder. Democracia é poder aberto – ensina Wilson Accioli 
retro citado – no qual deve haver conciliação entre a soberania popular e as 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 17 
liberdades públicas, e a funcionalidade do poder, exigindo, para tal, o 
desenvolvimento de práticas ideológicas e sócio-econômicas compatíveis com o 
fim proposto de bem estar para todos – concluo eu. 
A defesa para a qual o Ministério Púbico tem mandato é, então, bifronte, 
complexa, e por vezes tormentosa, poislhe compete tanto assegurar a 
estabilidade das instituições através dos seus aspectos normativos e 
operacionais, quanto assegurar a soberania popular e as liberdades públicas.. 
Gozando da faculdade de formação da vontade, que o caracteriza como 
poder do Estado, o Ministério Público se ergue, então, como poder político, 
inserido na realidade da vida pública como garante de que os demais poderes 
respeitarão os direitos assegurados na Constituição. 
Se o constituinte quisesse que as medidas necessárias para garantia do 
respeito aos direitos fossem apenas medidas judiciais teria escrito isto, mas não 
escreveu, e por não ter escrito – olha ai a necessidade do "explicadinho" 
atacando o Ministério Público – a legislação infraconstitucional não fez a 
previsão de que possa ser um agente direto da terraplenagem, pavimentação e 
sinalização dos caminhos democráticos. Destarte, a instituição se recolheu numa 
posição de corregedora dos poderes que ainda está muito próxima da dos 
antigos (e que deveriam estar todos desaparecidos) fiscais da lei, confinando o 
regime democrático nos limites da lei, o que tem conduzido para a interpretação 
restritiva dos direitos assegurados na Constituição. 
Bom serviço tem prestado o Ministério Público, mas melhor serviço 
prestará quando as portas dos gabinetes se abrirem para que seus membros 
saiam para a realidade da vida e possam sentir o cheiro daqueles que ganham 
em um mês – é o suor que cheira – o que eles ganham num dia, das 13 às 17 
horas (trazido à conta o teto). 
Ora, como não! Devemos cobrar, sim, que o Ministério Público faça a 
defesa com suas armas legais em punho, presente na parte mais furiosa do 
campo de batalha pela dignidade real da pessoa humana. 
O Ministério Público (publicus ministerium, ofício de servir a todos) pode 
retomar a figura do “pubes poplicus ministerium” e servir mais de perto a esse 
povo frente à Carta Magna ainda adolescente. 
2.7 2.7 2.7 2.7 ---- DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICADOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICADOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICADOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os 
seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Parágrafo único - É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
Nos casos previstos em lei estão as atividades que dependem de 
habilitação especial ou licença, e mesmo nestas, é preciso distinguir as 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 18 
atividades acessórias ou úteis que apenas orbitam na dependência. Essas 
atividades acessórias ou úteis necessitam ganhar um foro de reconhecimento 
que permita a participação na atividade econômica de modo informal ou não 
formal, através de políticas que privilegiem a participação nas cadeias de 
produção ou serviços. 
O termo “excluídos” ganhou conotação de carência, pobreza, quando, na 
verdade, qualquer pessoa ou empresa, independente do seu porte e capacidade, 
pode estar excluída de alguma ou várias atividades em função de suas políticas 
de atuação ou de mercado, ou por falta de informações ou recursos que as 
incluam. Daí ser razoável empregar a expressão não-participante, para evitar 
que não-participantes conscientes sejam categorizados na vala comum da 
expulsão, rejeição ou descaso. 
 Não é possível que todos estejam incluídos em tudo, mas a função social 
da propriedade deve proporcionar que todos possam participar de tudo, para que 
a liberdade seja um exercício e não apenas uma oportunidade. 
De um modo simples, quando surge uma nova geração de processadores 
para computadores, mais velozes e mais caros, a absorção das novas máquinas 
pelo mercado inferioriza os proprietários de máquinas menos velozes. Isto, em 
si, é normal, mas a exclusão acontece quando a tecnologia dos programas se 
reorienta para o novo e se torna inacessível para o velho. 
Claro que eu sei tratar-se de políticas de mercado e não pretendo alterá-
las em prejuízo do avanço tecnológico, mas estou atento a que a participação 
não está sendo mantida quando meu Explorer 3 não mais acessa alguma página 
na internet e meu computador não agüenta rodar a versão 6, e minha liberdade 
de exercício de alguma atividade econômica pode ficar afetada por isto. 
O exercício da liberdade econômica de uns não pode afetar igual exercício 
de outros, mas pode, via de um “produto social” assegurar a continuidade do 
exercício dos outros. 
Asseguro ter conhecimento da “selvageria” do mercado e que a 
“agressividade” é um componente da sustentabilidade, mas acredito que a 
geração do produto social possa, a partir de um ponto de sua escalabilidade, 
civilizar a agressividade. 
2.7.1 2.7.1 2.7.1 2.7.1 ---- Tabela 3Tabela 3Tabela 3Tabela 3 –––– Matriz de relacionamento do princípios da ordem Matriz de relacionamento do princípios da ordem Matriz de relacionamento do princípios da ordem Matriz de relacionamento do princípios da ordem 
econômica:econômica:econômica:econômica: 
A escolha do inciso III como determinante dos demais incisos tem por 
fundamento que num modelo mínimo sobrevivência em grupo as posses são 
socializadas para assegurar o máximo de sobrevida dos indivíduos: 
 
 III III III III ---- função social da propriedade; função social da propriedade; função social da propriedade; função social da propriedade; 
I I I I ---- soberania nacional; soberania nacional; soberania nacional; soberania nacional; 
Popularização do conceito de soberania com a 
introdução de elementos ideológicos de defesa e 
preservação dos recursos através dos diversos 
níveis de atividade. 
II II II II ---- propriedade privada; propriedade privada; propriedade privada; propriedade privada; 
Estimular a participação privada nas políticas 
públicas sem perder de vista que o concorrente é 
um parceiro para o bem estar de todos 
IV IV IV IV ---- livre concorrência; livre concorrência; livre concorrência; livre concorrência; 
Auto-regulamentação do uso do poder econômico 
tendente à dominação dos mercados, à eliminação 
da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. 
V V V V ---- defesa do consumidor; defesa do consumidor; defesa do consumidor; defesa do consumidor; 
Tecnologia compatível, garantia, assistência 
técnica. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
 19 
VI VI VI VI ---- defesa do meio ambiente; defesa do meio ambiente; defesa do meio ambiente; defesa do meio ambiente; 
Produtos menos agressivos e que gerem menos 
resíduos 
VII VII VII VII ---- redução das desigualdades regionais e sociais; redução das desigualdades regionais e sociais; redução das desigualdades regionais e sociais; redução das desigualdades regionais e sociais; 
Política de preços, embalagens alternativas, 
enfoque nas commodities regionais. 
VIII VIII VIII VIII ---- busca busca busca busca do pleno emprego;do pleno emprego;do pleno emprego;do pleno emprego; 
Entender o pleno emprego como o caminho entre a 
participação não formal e informal até o 
engajamento formal. 
IX IX IX IX ---- tratamento favorecido para as empresas de tratamento favorecido para as empresas de tratamento favorecido para as empresas de tratamento favorecido para as empresas de 
pequenoporte constituídas sob as leis brasileiras e pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e 
que tenham sua sede e adminique tenham sua sede e adminique tenham sua sede e adminique tenham sua sede e administração no País.stração no País.stração no País.stração no País. 
Entender algumas formas de participação não 
formal e informal como “terceirização” possível na 
cadeia de produção e serviços. 
 
Tenho conhecimento, por certo, que para atingir o ponto ideal em que o 
sistema se torne estável, uma quantidade extraordinária de energia atrativa 
deverá ser despendida, com algum sacrifício de idéias e de recursos. 
Trata-se, no entanto, de uma aposta no futuro: coloquem as fichas no pano 
verde. 
2.8 2.8 2.8 2.8 ---- DA POLÍTICA URBANADA POLÍTICA URBANADA POLÍTICA URBANADA POLÍTICA URBANA 
Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, 
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das 
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. 
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de 
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana 
Pouco foi realizado e pode ser realizado, em razão da “crise” que desloca 
do campo das prioridades aquilo que deveria permanecer no campo do cotidiano, 
tal como ter emprego, moradia, assistência etc. 
Guerras fiscais entre municípios são travadas para viabilizar as prioridades 
deslocadas e um das armas é a lei, logo, as empresas que se envolverem com os 
benefícios, poderão, perfeitamente, cobrar dos legisladores as diretrizes sócio-
ambientais adequadas. 
O artigo em destaque, mais do que criar um dever para os municípios com 
mais de 20.000 habitantes (§ 1º) cria um direito para os de menor população, 
direito este que, em se tratando de funções sociais, pertence ao povo e por este 
poderá ser exercido através da colaboração, quebrando o paradigma do esperar 
sentado. 
El presente documento pretende ésto, analizar cuáles son los mecanismos que permitan crear 
una gestión de comuna participativa, donde los ciudadanos no asuman el papel de usuarios de 
servicios que la municipalidad entrega, y por otra parte que la municipalidad no conciba la participación 
como la entrega de información para hacer "participada" las decisiones que ya se han tomado. La idea 
de este trabajo surge como una inquietud personal en el marco del Máster en Investigación, Gestión y 
Desarrollo Local de la Universidad Complutense de Madrid. Como profesional de una municipalidad 
chilena, creo que el rol de estas entidades públicas no puede supeditarse al "fomento" de la 
participación ciudadana con el sólo financiamiento de programas. Los municipios no pueden estar 
ajenos a los cambios y a las revoluciones que se están gestando dentro de los movimientos sociales. 
Claudio Andrés Briceño Olivera - cbriceno@temuko.cl - Participación y municipio - Estudio social – 
www.monografias.com 
Atrair a participação do povo e de seus segmentos sociais e econômicos 
para o desenvolvimento sustentável e integrado é um desafio para os 
governantes municipais e constitui também a quebra do paradigma da 
dependência municipal. 
As propostas enunciadas para cada um dos subtemas indicados pelo Ministério do Meio 
Ambiente, uma vez sistematizadas e selecionadas por meio da aplicação de matrizes analíticas 
desenvolvidas pelos consultores de integração temática, foram consolidadas e ordenadas em quatro 
 
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estratégias de sustentabilidade urbana, identificadas como prioritárias para o desenvolvimento 
sustentável das cidades brasileiras. 
1. Aperfeiçoar a regulamentação do uso e da ocupação do solo urbano e promover o 
ordenamento do território, contribuindo para a melhoria das condições de vida da população, 
considerando a promoção da eqüidade, a eficiência e a qualidade ambiental. 
2. Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de planejamento 
e de gestão democrática da cidade, incorporando no processo a dimensão ambiental urbana e 
assegurando a efetiva participação da sociedade.(grifo nosso) 
3. Promover mudanças nos padrões de produção e de consumo da cidade, reduzindo custos e 
desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis. 
4. Desenvolver e estimular a aplicação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos 
recursos naturais visando a sustentabilidade urbana. 
Cidades Sustentáveis - Subsídios à Elaboração da Agenda 21 Brasileira - Consórcio Parceria 21 - 
Ministério do Meio Ambiente/Projeto 1-BRA/94/016 – Estratégias de Elaboração e Implementação da 
Agenda 21 Brasileira. 
2.9 2.9 2.9 2.9 ---- DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUDA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUDA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUDA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIANDIÁRIANDIÁRIANDIÁRIA 
Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, 
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
A topologia desta definição de função social revela a preocupação do 
constituinte com a questão rural, mas pode perfeitamente ser aproveitada como 
proposição universal com mínima alteração, vez que, pela técnica, se a 
Constituição declara a função social da propriedade como um princípio geral, e 
define a função social de um tipo de propriedade, os atributos particulares da 
propriedade pertencem necessariamente ao princípio geral, se o próprio princípio 
geral não forem. 
Para verificar a pertinência será suprimida do texto original (novo texto 
adiante) a palavra RURAL que especifica a propriedade, seguindo-se examinar se 
os incisos podem ser aplicados a outras espécies de propriedade. Alargar o 
campo de visão é importante para alcançar as relações da propriedade em exame 
– foi escolhida a propriedade intelectual como exercício – com as demais 
propriedades que promovem a expressão. 
Seja examinada a proposição seguinte: 
Art. XXX - A função social é cumprida quando a propriedade [[[rural]]] atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes 
requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado dos recursos de produção; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
A propriedade intelectual – salvo raríssimas exceções – é um bem 
destinado à circulação, seja por expressão verbal ou escrita, gravada em algum 
suporte (papel, meio magnético ou ótico etc), ou transmitida por algum tipo de 
sinal ou onda (telefone, rádio, televisão, satélite etc), permitindo concluir que a 
propriedade intelectual, para ter função, depende de algum tipo de produção 
sujeito a aproveitamento racional e adequado, e está satisfeito, por conexão, o 
inciso I. 
Se uma modalidade de produção utiliza recursos naturais ou produz 
 
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impacto neles, a utilização adequada é reclamada, e está satisfeito, por 
conseqüência, o inciso II. 
Os meios de produção não devem exigir do trabalhador mais do que 
alguma lei exija, mesmo que o meio não esteja regulamentado as disposições 
favoráveis às relações de trabalho devem ser aplicadas por analogia, e estásatisfeito, por conseqüência, o inciso III. 
Proprietários intelectuais e trabalhadores da produção da expressão são 
igualmente titulares do direito ao bem estar, não fora o buscarem de modo 
natural, e está satisfeito, por conseqüência, o inciso IV. 
O bom senso é um aliado importante, vez que a legislação não pode 
alcançar todos os casos. 
SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA - Uma comunidade sustentável é geralmente definida 
como aquela capaz de satisfazer suas necessidades e aspirações sem reduzir as probabilidades afins 
para as próximas gerações. Esta é uma exortação moral importante. Nos lembra a responsabilidade de 
transmitirmos aos nossos filhos e netos um mundo com oportunidades iguais as que herdamos. 
Entretanto esta definição não nos diz nada a respeito de construirmos uma comunidade sustentável. O 
que nós precisamos é de uma definição operacional de sustentabilidade ecológica. A chave para tal 
definição operacional é a conscientização que não precisamos inventar comunidades humanas 
sustentáveis a partir do zero, mas que podemos modelá-las seguindo os ecossistemas da natureza, 
que são as comunidades sustentáveis de plantas, animais e micro-organismos. Uma vez que a 
característica notável da biosfera consiste em sua habilidade para sustentar a vida, uma comunidade 
humana sustentável deve ser planejada de forma que, suas formas de vida, negócios, economia, 
estruturas físicas e tecnologias não venham a interferir com a habilidade inerente à Natureza ou à 
sustentação da vida. 
Fritjof Capra - AS CONEXÕES OCULTAS – IDESA São Paulo, 11 de Agosto de 2003 – Tradução de 
Cylene Dantas da Gama 
2.10 2.10 2.10 2.10 ---- DA ADA ADA ADA ASSISTÊNCIA SOCIALSSISTÊNCIA SOCIALSSISTÊNCIA SOCIALSSISTÊNCIA SOCIAL 
Art. 204 - As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com 
recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e 
organizadas com base nas seguintes diretrizes: 
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à 
esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e 
municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; 
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das 
políticas e no controle das ações em todos os níveis. 
A inclusão deste tópico nem de longe sugere que as cadeias de produção e 
serviço sejam beneficentes ou que prestem assistência social, vez que o 
“produto social” visa exatamente reduzir ao mínimo mais mínimo a necessidade 
de beneficência e assistência. 
A inclusão do tópico se dá para demonstrar que a pragmática 
constitucional quer a iniciativa privada participando. Esta participação vem 
acontecendo porque os sentimentos pessoais indicam que a impotência estatal 
deve ser suprida, mas, não só a participação deve mudar de ideologia 
substituindo o sentimento pessoal por sentimentos cívicos, como se orientar em 
função de que o governo não é todo poderoso, não deve ser todo poderoso, e 
nem queremos que seja todo poderoso. 
2.11 2.11 2.11 2.11 ---- DA EDUCAÇÃODA EDUCAÇÃODA EDUCAÇÃODA EDUCAÇÃO 
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
E de novo a sociedade é chamada para participar. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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Com certeza já foi dito que a melhor forma de ter um adulto educado 
amanhã é educando uma criança hoje. 
Já se passam 20 anos de que, como Advogado, vislumbrei a degradação da 
plataforma social pelo desequilíbrio ocorrente no binômio ensino/educação, 
quando a necessidade de formação em massa começou a esvaziar a valoração do 
conteúdo da informação. Na busca de resultados imediatos os meios deixaram de 
ser escolhidos em função dos valores sociais porque os fins econômicos do 
desenvolvimento estavam a exigir que as coisas acontecessem. 
Atualmente, o sentimento de o bom possuir não inclui que boas pessoas 
estejam realizando um bom trabalho. Produção e serviços tornaram-se meros 
suprimentos e as coisas desagradáveis ou que não funcionam em são problemas 
do governo, ou do sistema, como se o povo não elegesse o governo e o sistema 
fosse algo estranho a todos. 
O esvaziamento dos valores tem como conseqüência o crescimento do 
egoísmo e o imediatismo, e a falência do sentido de precaução em relação a 
riscos que não possam ser avaliados no momento da tomada de decisão. 
Exemplo disto é a crescente criminalidade que tanta conta tomou da plataforma 
social que o povo caminha entre a polícia e o bandido, às vezes sem poder 
distinguir quem é quem. 
A ausência de valores, ou a presença de falsos valores, fragiliza os 
indivíduos e propicia o desvio de conduta, em tal grau, que já imagino um lema 
para uma campanha de apreensão de valores: “Tente ser honesto por mais dez 
minutos”. 
A propósito, sobre a criminalidade, que estudo do ponto de vista sócio-
ambiental já apontado por Carrara quando disse que cada sociedade tem sua 
taxa própria de criminalidade: 
Na opinião do advogado existem duas causas, do ponto de vista jurídico, para explicar a 
criminalidade. "Existem a causa legal, que surge quando o direito elege um bem à categoria de 
tutelável, podendo até eleger como crime uma coisa aparentemente sem sentido", explicou, citando 
como exemplo a proibição de passar por determinado local. 
- A causa humana, aborda o aspecto individual e social. "Individual na própria conformação 
biológica do homem, que é um animal, racional, possuidor de uma agressividade natural e necessária 
para enfrentar a vida (responsável por seu equilíbrio) podendo, assim, reagir diante das circunstâncias, 
ora mais como animal, ora mais como racional", posicionou-se. 
O modo como o indivíduo reagirá, dependerá dos elementos que lhes sejam oferecidos através 
da educação e dos movimentos sociais. "Em termos médicos", continuou Serrano Neves, 
corresponderia à capacidade do indivíduo de estabelecer censura sobre as emoções e instintos 
primitivos, exteriorizando uma conduta dentro dos padrões sociais. Esta capacidade seria adquirida 
pela educação e por convivência em meio adequado ““. 
O advogado acredita que o fator econômico tem responsabilidade na formação do delinqüente, 
“na medida em que limita os meios ao alcance do indivíduo para se educar e conviver. Entretanto, o 
ponto inicial é a Educação, em todos os seus aspectos". 
A forma de atingir os pontos máximos de educação, diminuindo a criminalidade, para Serrano 
Neves, começa com o "redimensionamento dos objetivos sociais e individuais, decaindo do egoísmo e 
procurando meios adequados, para a plena expressão do homem como pessoa. O primeiro passo já 
teria sido dado pela CNBB com a Campanha da Fraternidade, que nos incita a reconhecer a todos 
como irmãos", garantiu. 
E assim, esclarece, “poderíamos nos aproximar mais uns dos outros abrindo mão de privilégios 
que nós mesmos elegemos, para dividir com os demais a capacidade já adquirida de harmonizar as 
coisas ao nosso redor, mantendo o respeito, a privacidade dos indivíduos sem, no entanto deixar de 
oferecer-lhes uma contribuição objetiva e sincera”.[3] 
[3] A Educação contra o crime - Serrano Neves em entrevista à Tribuna de Minas de Juiz de Fora MG 
em 1982. 
 
Ativos e Passivos Sócio-ambientais 
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2.12 2.12 2.12 2.12 ---- DO MEIO AMBIENTEDO MEIO AMBIENTEDO MEIO AMBIENTEDO MEIO AMBIENTE 
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever 
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

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