Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATIVOS E PASSIVOSATIVOS E PASSIVOSATIVOS E PASSIVOSATIVOS E PASSIVOS SÓCIOSÓCIOSÓCIOSÓCIO----AMBIENTAISAMBIENTAISAMBIENTAISAMBIENTAIS SERRANO NEVESSERRANO NEVESSERRANO NEVESSERRANO NEVES Versão Versão Versão Versão 1.11.11.11.1 15/03/200615/03/200615/03/200615/03/2006 Ativos e Passivos Sócio-ambientais 2 INSTITUTO SERRANO NEVESINSTITUTO SERRANO NEVESINSTITUTO SERRANO NEVESINSTITUTO SERRANO NEVES Entidade dedicada à estimulação e articulação da Educação SócioEntidade dedicada à estimulação e articulação da Educação SócioEntidade dedicada à estimulação e articulação da Educação SócioEntidade dedicada à estimulação e articulação da Educação Sócio---- ambiental para o desenvolvimento sustentável.ambiental para o desenvolvimento sustentável.ambiental para o desenvolvimento sustentável.ambiental para o desenvolvimento sustentável. Diretor Institucional: Serrano NevesDiretor Institucional: Serrano NevesDiretor Institucional: Serrano NevesDiretor Institucional: Serrano Neves Gestora Operacional: Cylene GamaGestora Operacional: Cylene GamaGestora Operacional: Cylene GamaGestora Operacional: Cylene Gama Superintendente Administrativo: HumberSuperintendente Administrativo: HumberSuperintendente Administrativo: HumberSuperintendente Administrativo: Humberto Moreirato Moreirato Moreirato Moreira DECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVREDECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVREDECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVREDECLARAÇÃO DE CÓDIGO LIVRE 1. Este trabalho é um esforço de estimulação à quebra de paradigmas e formatação de novos modelos de desenvolvimento. 2. É um trabalho em “código livre”, que pode ser reproduzido na sua originalidade independente de licença do autor e repassado ao usuário pelo custo da reprodução. 3. O trabalho pode ser modificado, acrescido e aperfeiçoado independente de licença, desde que mantido o texto original, total ou parcial, na forma de anotação de claro e fácil acesso, para que o leitor conheça o processo de desenvolvimento, vedada a incorporação em material que tenha finalidade comercial. 4. Entende-se por “código livre” o texto redigido, as idéias, definições e conceitos que possam ser aferidos como inéditos na data do depósito na Biblioteca Nacional. 5. Não se aplica o item [3] quando o texto original, modificado, acrescido ou aperfeiçoado, servir de motivo para edição de norma governamental ou não-governamental. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 3 ÍNDICE 1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 5 1.1 - PREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUAL.......................................................................................... 6 1.2 - A PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIO ............................................................................................ 7 1.3 - CULPADOS E INOCENTES............................................................................................................... 10 2 - PANORAMA CONSTITUCIONAL .......................................................................................................... 12 2.1 - DOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA.......................................................................................... 13 2.1.1 - Tabela 1 – Matriz de relacionamento entre os fundamentos ...................................................... 13 2.2 - DOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA .................................................................. 14 2.2.1 - Tabela 2 – Matriz de relacionamento entre os objetivos fundamentais...................................... 14 2.3 - FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO. .......................................................................... 14 2.4 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS .................................................................. 15 2.5 - DOS DIREITOS SOCIAIS................................................................................................................... 15 2.6 - DO MINISTÉRIO PÚBLICO .............................................................................................................. 16 2.7 - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA .......................................................... 17 2.7.1 - Tabela 3 – Matriz de relacionamento do princípios da ordem econômica: ............................... 18 2.8 - DA POLÍTICA URBANA.................................................................................................................... 19 2.9 - DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA...................................................................................... 20 2.10 - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL............................................................................................................... 21 2.11 - DA EDUCAÇÃO ................................................................................................................................. 21 2.12 - DO MEIO AMBIENTE........................................................................................................................ 23 3 - DAS FUNÇÕES SOCIAIS DA PROPRIEDADE ..................................................................................... 25 3.1 - COMO UM DIREITO COLETIVO: .................................................................................................... 25 3.2 - COMO PRINCÍPIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA:....................................................................... 26 3.3 - COMO UMA FUNÇÃO DE RESULTADOS...................................................................................... 26 3.3.1 - TABELA 4 –Matriz de correlação entre atividade econômica e função social da propriedade: 27 3.4 - DA FUNÇÃO SOCIAL NÃO ECONÔMICA...................................................................................... 29 4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL .............................................................................................................. 32 4.1.1 - TABELA XX ................................................................................................................................ 32 5 - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................................................... 33 5.1 - INDÚSTRIAS E MEIO AMBIENTE................................................................................................... 34 6 - VISÃO DOS DOUTRINADORES ............................................................................................................. 35 6.1 - IMPACTOS.......................................................................................................................................... 35 6.2 - CONTABILIDADE E MEIO AMBIENTE.......................................................................................... 36 6.3 - ATIVOS AMBIENTAIS...................................................................................................................... 36 6.4 - PASSIVOS AMBIENTAIS.................................................................................................................. 37 6.5 - CONTABILIDADE AMBIENTAL ..................................................................................................... 37 6.6 - RECEITA AMBIENTAL..................................................................................................................... 37 6.7 - CUSTOS E DESPESAS AMBIENTAIS.............................................................................................. 38 6.8 - BALANÇO SOCIAL ........................................................................................................................... 38 7 - PLATAFORMA SÓCIO-AMBIENTAL ...................................................................................................39 7.1 - AFLUENTES E EFLUENTES............................................................................................................. 41 7.2 - VALORAÇÃO DOS AFLUENTES E EFLUENTES .......................................................................... 41 8 - VISÃO SÓCIO-AMBIENTAL ................................................................................................................... 43 8.1 - AFLUENTES....................................................................................................................................... 43 8.2 - EFLUENTES ....................................................................................................................................... 43 8.3 - PRODUTO PRINCIPAL ............................................................................................................................. 43 8.3.1 - Produto social............................................................................................................................. 44 8.3.2 - Bem estar .................................................................................................................................... 44 Ativos e Passivos Sócio-ambientais 4 8.4 - PASSIVO SÓCIO-AMBIENTAL........................................................................................................ 44 8.5 - ATIVOS SÓCIO-AMBIENTAIS......................................................................................................... 45 8.6 - BALANÇO SÓCIO-AMBIENTAL ..................................................................................................... 45 9 - O EQUILÍBRIO SÓCIO-AMBIENTAL ................................................................................................... 45 9.1 - AS VARIÁVEIS DO EQUILÍBRIO SÓCIO-AMBIENTAL ............................................................... 47 10 - BALANÇO SÓCIO-AMBIENTAL ....................................................................................................... 49 10.1 - ATIVO E PASSIVO NA CONTABILIDADE AMBIENTAL............................................................. 49 10.2 - BALANÇO AMBIENTAL E BALANÇO SOCIAL ............................................................................ 50 10.2.1 - IMPACTO ................................................................................................................................... 50 10.2.2 - CARGA ....................................................................................................................................... 50 11 - MERCADO SÓCIO-AMBIENTAL...................................................................................................... 51 12 - DOS CERTIFICADOS DE PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO DE ATIVOS SÓCIO- AMBIENTAIS ....................................................................................................................................................... 52 13 - PRECEDENTES FAVORÁVEIS.......................................................................................................... 53 13.1 - ATIVOS COMUNITÁRIOS ........................................................................................................................ 53 13.2 - COTA DE RESERVA FLORESTAL ............................................................................................................ 53 13.3 - CRÉDITOS DE CARBONO........................................................................................................................ 54 13.4 - ATIVOS INTANGÍVEIS ............................................................................................................................ 54 13.5 - INCENTIVOS .......................................................................................................................................... 54 14 - CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 55 15 - DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA ........................................................................................................ 55 15.1 - DIMENSIONAMENTO E CUSTOS DE IMPACTO E CARGA CONTÍNUA:......................................................... 57 15.2 - EVOLUÇÃO DAS APLICAÇÕES POR 10 ANOS ........................................................................................... 58 15.3 - APROPRIAÇÃO DAS CONTAS .................................................................................................................. 59 15.4 - CONCLUSÕES ........................................................................................................................................ 59 15.5 - FONTES DOS PREÇOS E DA PRODUÇÃO ................................................................................................... 60 16 - VISUALIZAÇÕES GRÁFICAS............................................................................................................ 62 17 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NÃO CITADAS DIRETAMENTE NO TEXTO: ............... 63 Ativos e Passivos Sócio-ambientais 5 1 1 1 1 ---- INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO A Constituição da República foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e desde então a função social da propriedade tem sido posta debaixo da visão limitada pela especificação das funções da propriedade rural. O noticiário sobre reforma agrária, as invasões de terras dadas como improdutivas e a defesa dos movimentos sociais, vem estimulando outras práticas, como, por exemplo, o movimento dos sem teto que prenuncia uma "reforma imobiliária”, trazendo preocupação com a crescente violência na tomada e na recuperação das propriedades. Por outro lado, esses movimentos sociais mostram faces da função social da propriedade ainda não especificadas em textos legais, e somam-se aos esforços empresariais ordenados de responsabilidade social e outras práticas de repercussão externa à plataforma de produção. O que existe no fundo é um movimento de exercício de direitos, um processo de conquista que amplia os horizontes democráticos. Um conceito de função social da propriedade poderia ser construído a partir da realidade existente, bastando verificar se uma determinada propriedade está exercendo uma finalidade bastante próxima da máxima eficiência sistêmica: produção, produtividade, duração, bem estar para os trabalhadores e para a sociedade próxima e remota, eco-sustentação etc. A avaliação da produtividade de uma propriedade rural não pode ser feita pelo enfoque dominante do seu aproveitamento econômico – como será visto mais adiante – dado que sempre constituirá um subsistema relacionado com outros no entorno próximo ou remoto, podendo ocorrer que a maximização ou minimização de um fluxo de energia produza desequilíbrio, vindo a acontecer que as perdas com os danos sejam maiores que os ganhos com a produção. Macro-políticas poderão ser geradoras ou destruidoras do equilíbrio, conforme o governo queira atender as exigências da economia e do mercado, ou da sociedade. Uma reflexão sobre esses aspectos leva à conclusão de que os desequilíbrios ambientais e os desequilíbrios sociais, além de necessariamente imbricados e tendo como causa alguns fatores naturais, estão sob a influência de visões e vontades. Visões e vontades de investidores privados e de políticas governamentais. A história mostra que as tentativas de controle social e ambiental fracassaram, e provavelmente fracassaram porque se tentava exercer o controle pela padronização de condutas e de métodos. O fracasso - ou a baixa eficácia - acontece porque os principais atores no piso da plataforma social - as multidões – por não compartilharem da mesma visão aérea dos governantes não formavam as mesmas vontades. Os aglomerados humanos de menor tamanho e dotados de controle difuso– comunidades ou tribos - tendem para práticas sociais e ambientais mais duradouras, com baixo ganho é certo, mas com perdas tão mínimas que o sistema pode ser classificado como sustentado pela própria natureza. Porém, nestes sistemas o progresso é lento, e a ruptura do equilíbrio pode ocorrer por simples competição do aglomerado vizinho, ocorrência que não tem solução prevista. Outra conclusão que se pode tirar do exame da linha do tempo é que a Ativos e Passivos Sócio-ambientais 6 inteligência humana imprime nos aglomerados humanos um ritmo de transformações mais acelerado do que os sistemas naturais podem suportar. Esse ritmo é chamado de progresso e é basicamente um refinamento de energia que gera enormes quantidades de energia degradada, levando a que passem a existir no cenário os excluídos (não participantes) sociais, ambientais, tecnológicos etc, já reconhecidos e assistidos nas suas necessidades, à vista que de exceção se transformaram em regra concorrente com os incluídos (participantes). Grosso modo, ao lado dos resíduos materiais que demandam grandes investimentos para reacomodá-los no meio-ambiente, existem os resíduos sociais também demandando enormes investimentos para reacomodá-los no meio-social. A prática da reacomodação, porém, vem acontecendo por via de ações setorizadas e segmentadas, como se o social e o ambiental existissem em planetas distintos: os humanos são expulsos do "meio-ambiente" que se quer recuperar ou conservar, e o meio-ambiente não é dado aos humanos para que constituam um meio-social sustentável. O híbrido sócio-ambiental se apresenta não como solução, mas como uma prática de ações integradas que consideram o meio-ambiente como a plataforma sobre a qual os humanos devem operar, assim como o hardware suporta o processamento do software e precisa ser conservado para um bom desempenho, os orientadores das políticas e ações parecem não ter entendido que o software não funciona sem o hardware, e que o hardware sem o software não tem utilidade. 1.1 1.1 1.1 1.1 ---- PREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUALPREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUALPREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUALPREOCUPAÇÕES NO CENÁRIO ATUAL O endurecimento da legislação ambiental no sentido de conter a degradação, e o crescimento dos esforços de educação ambiental voltados para a formação de uma geração que pelo menos conserve, são os principais reveladores das preocupações. Porém, as informações internas sobre o futuro ambiental do País não chegam ao grosso da população e as informações externas passam ao largo do conhecimento geral. Essa desinformação faz tardarem as ações corretivas, vez que o povo ainda não sentiu de perto - salvo exceções localizadas - os efeitos dos maus tratos ao ambiente. O desconforto tem marcado algumas preocupações; poucos desastres ambientais têm chamado a atenção; muito se tem falado e pouco se tem agido. Os que falam não têm poder para agir e os que têm o poder não têm recursos ou não entendem o que é falado. O desastre ambiental de Cataguases-MG (rompimento de uma barragem de acumulação de resíduos de processamento de celulose), que contaminou toda uma micro-bacia e prejudicou uma grande população, saiu da mídia tão rapidamente quanto entrou a reforma previdenciária. A desastrosa intervenção no sistema alimentador do Mar de Aral (Ásia Central) em nome da política agrícola soviética, que provocou a diminuição do espelho d'água e a salinização que inviabilizou a pesca e o uso da água; o terrível impacto da represa das Três Gargantas na China (Yichang na província central de Hubei) alterando o fluxo do lendário Yang-Tse e movendo mais de um milhão de pessoas de seus lugares; somadas às previsões da grave escassez de água dentro de 50 anos [1] e o terrível anúncio de Nossa Hora Final (Our Final Hour, de Martim Rees) se contrapõe aos mananciais do território nacional, cuja grandeza e abundância não sugerem que o momento da tomada de consciência seja agora. A simulação de uma carta escrita em 2050 mostra um dos quadros Ativos e Passivos Sócio-ambientais 7 visualizados: [1] Quando minha filha me pede que lhe fale da minha juventude, descrevo a beleza dos bosques, falo das chuvas de verão, das flores e do prazer que se desfrutava de se poder tomar banho sem medir a água, que se podia beber quanta água quisesse... e falo do aspecto saudável que as pessoas tinham. Ela me pergunta por que a água se acabou e, então, sinto um nó na garganta. Não posso deixar de sentir culpa. Pertenço à geração do desperdício - são decorridos apenas 25 anos desde quando éramos advertidos: "gota a gota a água se esgota". Não dávamos a devida importância. Agora nossos filhos pagam um alto preço pela nossa negligência. (Mensagem original em espanhol, de DIALOG-AGUA-L- CES.FAU.EDU list serv – Tradução de Cylene Dantas da Gama) Acostumados que estamos à seca nordestina, e mais acostumados ainda a ver povos que contam a água por gotas já por milhares de anos, a idéia de que o povo nordestino padece por vontade da natureza (ou vontade divina) impede que o solo árido daquela região seja visto como o retrato do futuro. Torneiras que não secam, e calçadas e carros lavados com água tratada em todas as cidades, impedem que aqueles que desfrutam desse bem entendam que à sua volta outros não desfrutam, e constitui um enorme obstáculo à compreensão de que as fontes de água estão na natureza, ou seja, as companhias de tratamento não são fábricas de água. A cultura de que os impostos são pagos para que as municipalidades cuidem da sanidade ambiental faz com que o ato de jogar lixo no meio da rua esteja ligado à geração de emprego: mais lixo no chão igual a mais pessoas trabalhando, e a idéia parece boa num cenário de desemprego, pouco importando que o lixo seja despejado nos cursos d’água e o custo do tratamento aumente, porque isto também gera mais empregos. Soluções de curto prazo para maximizar a economia agrícola expandem fronteiras de contaminação e desertificação através do consumo descontrolado de água para a irrigação e perda de solo fértil. Os impactos ambientais das atividades são sub-avaliados porque é preciso atender às demandas da economia, e os impactos sociais nem avaliados são porque considerados inerentes. O preço da busca pela estabilidade econômica está sendo cobrado dos que menos tem e cada vez menos terão, na medida em que as políticas de desenvolvimento minimizam a participação humana e produzem legiões de não- participantes do processo produtivo, que são aquietados nas periferias urbanas à custa do assistencialismo. O Brasil não gastou mais do que duas décadas para preparar o contingente a ser atendido pelo Fome Zero e existe o risco de em mais duas estarmos diante do Vida Próximo de Zero. 1.2 1.2 1.2 1.2 ---- A PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIOA PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIOA PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIOA PRESENÇA PRIVADA NO CENÁRIO Em outubro de 1988 sugeri a órgãos governamentais à introdução dos Direitos Individuais e Coletivos no ensino fundamental e recebi a resposta simples de que crianças não têm cabeça para aprender Direito Constitucional. Talvez eu tenha feito a sugestão às pessoas erradas, mas fiquei com a impressão de que a Carta não era um bom indicador de mudanças. Nascida como a Carta da ingovernabilidade por conta da estrutura administrativa que privilegiava o Município, rompendo com a dominância dos Estados e da União, foi pichada da primeira à quarta capa como utopia: uma Constituição muito avançada para o País. Por isto os direitos fundamentais caíram na vala comum do imprestável, ou pelo menos do inadequado. As gerações que receberam a Constituição de 88 dividiam-se em dois segmentos: os que se formaram adultos sob a Carta de 46 e os que se formaram Ativos e Passivos Sócio-ambientais8 sob a Carta de 69 de origem militar. A geração mais antiga leu a Carta com a esperança de haver reavido e ampliado o espaço democrático já conhecido; a geração mais nova recebeu a carta como uma novidade e não entendeu a euforia dos mais velhos. Poucos se deram ao trabalho de comparar o texto de 88 com o de 46 para perceberem sutis mudanças para melhor, como por exemplo, o exercício direto do poder pelo povo e a instituição de defensores da ordem jurídica e do regime democrático, e sem essa visão não encontraram na Carta o chamamento da participação de todos, simplesmente aglomerados ou organizados, para a construção da sociedade livre, justa e solidária. Perdida no espaço indefinido da cultura da autoridade, na verticalidade do mando que dava a um chefete de repartição poder para despachar dizendo que a Constituição não podia ser aplicada contra o governo, e sem experiência de exercício direto do poder - como no caso do desatrelamento dos sindicados do Estado - a reação, que se prorroga até hoje, foi de ficar aguardando que a autoridade interprete o texto e diga o que pode e o que não pode ser feito. À época pipocaram os seminários constitucionais e num deles, para acadêmicos de Direito, à pergunta de se as Constituições Estaduais poderiam dispor sobre Direitos Fundamentais foi dada à resposta não, sob o argumento de ser isto privativo da União. Tomei a palavra para dizer que o parágrafo segundo do artigo 5º dava aplicação para qualquer direito fundamental compatível com os princípios da Carta, estivesse escrito onde estivesse, ou mesmo que não estivesse escrito poderia ser reconhecido. Causei aos membros da mesa um enorme constrangimento, aferrados que eram ao princípio da autoridade: manda quem pode e obedece quem tem juízo. Cerca de dez anos depois escrevi "Paralelo 666 - o reverso do apocalipse": A população brasileira vem enfrentando severa degradação na estrutura familiar e social, e as causas são atribuídas como as mais diversas: da dívida externa à perda da moral individual, e tudo o que couber entre tais extremos, ou seja, conexo ou afim. O Estado - e seus componentes políticos e de governo - vem apresentando sinais de impotência instrumental, e buscando força realizadora para relacionar-se com o complexo de causas degradantes e reverte-las. Dentre os instrumentos possíveis para atuar na reversão está a transferência de parte da administração pública e do patrimônio ativo estatal para a iniciativa privada, caindo sobre essa política criticas ideológicas demolidoras que, embora calcadas no patriotismo do Brasil é nosso, só aparecem quando do encaminhamento de alguma solução, mas adormecidas ficam enquanto o problema cresce. Nesse emaranhado de opiniões o próprio Estado se inclina, no sentido de curvar a espinha, para reconhecer a fonte do seu poder originário, um tanto quanto desdenhada, embora teoricamente homenageada: o povo. O povo seja na plenitude de sua difusão pelo território geográfico e cultural, seja por suas organizações de interesses de construção, conservação ou produção está sendo convocado para exercer o poder diretamente. Não, não é um lema, tal como o povo no poder, nem está o povo sendo chamado para assumir como síndico de uma massa falida. O povo está sendo chamado para fazer o que o parágrafo único do art. 1º. da Constituição lhe assegura: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constituição. E é no particular do diretamente nos termos desta Constituição que se justifica a convergência de recursos para reverter a degradação. O mesmo art. 1º. apresenta como fundamentos do Estado Democrático de Direito, dentre outros, a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e a um passo, o art. 2º. estabelece como objetivos fundamentais da República a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, e a redução das desigualdades sociais e regionais, com a promoção do bem estar de Ativos e Passivos Sócio-ambientais 9 todos. Adiante, o art. 5º. abre a sede dos direitos e garantias fundamentais com a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Seja que a soma dos artigos 1, 3 e 5 é 9. Cuidando da célula mãe da sociedade, a Carta dispõe no art. 227: é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. No parágrafo primeiro desse artigo o Estado admite a participação das entidades não governamentais. Deveras está o Estado, ao admitir, usando um verbo soberano, apenas. Não esta minimizando nem de qualquer forma excluindo que a família e a sociedade atuem diretamente nestes termos da Constituição. Quer o Estado - e de outro modo não poderia ser - que aconteça de forma organizada. Seja que a soma de 227 com 9 é 236. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - vem dizendo o art. 225 do Magno Diploma, bem comum de uso do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Neste aspecto tem-se uma imposição de dever à coletividade, sendo de esperar que também se organize a sociedade para cumprimento de um dever, ao que não pode se recusar. Seja que a soma de 236 com 225 é 461. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida ou incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, é o teor do art. 205 da Regência Maior. E de novo o povo, pelas famílias e pela sociedade é chamado para promoção e incentivo. Não seria exagero denominar esse conjunto de chamamentos de plataforma democrática para o exercício do poder, diretamente, na forma da Constituição. Ora, convenhamos! A impotência instrumental do Estado tem origem na falta de capital para investir nos itens que podem ser pinçados dentro dos artigos citados para formarem um rol único. Logo, estamos diante de uma solução de capital, ou seja, uma solução homeopática, não na dose, mas baseada no mesmo princípio de semelhança: a degradação da falta de capital curada com o aporte de capital, e sem arrepios nacionalistas ou patrióticos de escravização ao capital nacional ou estrangeiro, pois, se não soubermos aportar capital com dignidade para o bem comum, então seremos mesmo merecedores da escravidão. Os ativos de inteligência do governo podem estar inibidos por algum fator estranho à vocação cidadã, mas não estão distanciados da necessidade de novos instrumentos para a promoção do bem comum e expressaram a inclinação através da Lei Federal N° 9.790, de 23 de março de 1999, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Essa nova instrumentalização veio à luz sob fogo cerrado dos teóricos que não admitem o Estado dividindo com o povo organizado a gestão do bem comum. Essa posição contraria o texto da Constituição - segundo o que apontamos - pois, no mínimo, acena que o exercício direto do poder seria uma extremada limitação, e que o preço da democracia é esperar que um dia o governo possa fazer o que deve. Esperar e sofrer, sofrer e esperar. Não creio que o Estado Democrático de Direito esteja dizendo ao povo que o povo mesmo não pode dar encaminhamento às soluções que conduzam as comunidades a se estruturarem de modo a se tornaremmais propícias ao bem comum do que ao mal geral; ou que o povo mesmo não saiba o que é cidadania, vida, saúde e educação, e por não saber não pode promover. A resistência a que o bem estar de todos gere lucro para alguns não se justifica diante da atual situação em que o mal geral gera lucro para outros “alguns”. Assim seja com o dinheiro do próprio bolso, ou seja, com a inteligência de passar o dinheiro dos outros - ou do próprio governo - pelo crivo da dignidade, como conditio sine qua non de entrada na plataforma social, é preciso quebrar a rotina de esperar sentados enquanto a miséria grassa, e tentar novos e legítimos exercícios diretos do poder que atendam aos imperativos do regime democrático. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 10 Seja que a soma de 461 com 205 é 666. 666 é o número da Besta do Apocalipse, mas pode ser o número que, sustentando o exercício direto do poder pelo povo, reverta a degradação da plataforma social. 1.3 1.3 1.3 1.3 ---- CULPADOS E INOCENTESCULPADOS E INOCENTESCULPADOS E INOCENTESCULPADOS E INOCENTES Na medida em que a degradação ambiental e social se tornava mais visível a impotência governamental se tornava proporcionalmente mais acentuada. Não que os governantes não quisessem fazer alguma coisa, mas, mesmo sendo certo que recursos para fazer se tornavam cada vez mais escassos, não se chegava a pensar que não soubessem o que fazer. A educação, base do comportamento social, sujeita a décadas de queda na qualidade, já não se apresentava como formadora e as pessoas, com baixo nível de ação e reação, adotaram a idéia de que a prioridade era o ambiente. Nascia o Direito Penal Ambiental, assim denominado por minha conta e risco. Um direito que leva para a prisão um pobre que tira a casca de uma árvore para fazer remédio e faz com que bater na própria mãe seja menos grave do que chutar um tatu (casos concretos de Goiânia-GO). As atividades econômicas de porte foram eleitas como culpadas pela degradação, e eleitas foram pelo mesmo povo que joga lixo no meio da rua. Mais do que isto as políticas de preservação ao invés de privilegiarem o convívio dos humanos com o ambiente os expulsam como predadores naturais. O resultado disso tudo é que os empreendedores, de um lado facilitados pela necessidade institucional do progresso e de outro lado à larga de uma fiscalização eficaz, passaram a atender a demanda de produção dando pouca importância ao social e ao ambiental. Festejados pelo crescimento econômico (ou coisa parecida) tornam-se agora culpados porque os previsíveis desastres estão acontecendo. Existe muita gente trabalhando bem e, com certeza, os empreendedores já perceberam que a plataforma sócio-ambiental em que operam precisa de manutenção. Ilustração 1-1 (diagrama em revisão) Ativos e Passivos Sócio-ambientais 11 1. Sem tratamento, das 10 unidades oriundas da natureza 4 resultam em trabalho. 2. A totalidade das perdas retorna pela via lenta do processo natural. 3. Um aumento na quantidade de consumo pode saturar a via lenta do processo natural e produzir acumulação de energias degradadas. O lucro tornou-se o vilão e o capital a senha para a vilania, levando à consideração, para efeitos didáticos, que o capital, chamado de selvagem, podia ser domesticado, e assim fiz, mais por perceber que os capitalistas voltados para a produção já se mostravam sensíveis a terem consumidores sustentados ao invés de simplesmente esgotarem o mercado, segmento por segmento. A sociedade está dividida em vítimas e culpados. Como vítima a sociedade que sofre as conseqüências da degradação social e ambiental, como culpados os empreendedores que sustentam a economia dessa sociedade. Lobos comem cordeiros, mas não têm nenhum interesse em acabar com o pasto que engorda as ovelhas ou interromper o ciclo de reprodução delas. Mal comparando: lobos precisam comer ovelhas e ovelhas precisam comer capim assim como um sistema que refina uma forma de energia necessita de consumir outra forma de energia. Ilustração 1-2 (diagrama em revisão) 4. Com tratamento, das 10 unidades oriundas da natureza 7 resultam em trabalho. 5. Apenas 3 unidades de perdas retornam pela via lenta do processo natural. 6. Um aumento na quantidade de consumo pode ser controlado por aumento da intervenção. A noção de cadeia ou ciclo - que é um modelo da natureza - permite ver que cada um ocupa a necessária posição no sistema e que a exploração (esgotamento) de uns sobre outros constitui desvio em relação ao que seria desejável. O processo de refinamento deve gerar energia de reposição para o capital, para o trabalho e para a fonte. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 12 Não há culpados nem inocentes, não há exploradores nem explorados, há, sim, uma forma de inconsciência que estanca fluxos e cria pontos de acumulação. Assim, não existem inocentes nem culpados, mas correções de desvio a serem feitas e que se não puderem ser feitas pelo governo devem ser feitas pela iniciativa privada. A manutenção das cadeias de produção e do bem estar não implica em que o lobo se torne vegetariano (existe o risco de o capim virar a vítima da vez), mas talvez implique em que o lobo diminua seu apetite, forneça insumos para o pasto e não coma as borregas. 2 2 2 2 ---- PANORAMA CONSTITUCIONALPANORAMA CONSTITUCIONALPANORAMA CONSTITUCIONALPANORAMA CONSTITUCIONAL A Constituição de 88 abriu caminhos para o exercício pleno das liberdades e direitos, mas, estranhamente, tais caminhos não têm sido terraplenados, pavimentados e sinalizados adequadamente, e os esforços nesse sentido parecem estar sendo inibidos pela tradição do culto à autoridade, dependência que se instalou com a descoberta em 1500. Através dos séculos formou-se a consciência de que apenas a autoridade pode e somente a autoridade sabe o que a lei quer dizer. A Constituição consiste a lei superior que rege a vida e existência de um Estado e cuja força valorativa subordina necessariamente toda legislação ordinária, ou melhor, toda legislação INFRACONSTITUCIONAL, às suas disposições. Quer dizer, as normas inferiores terão subsistência e eficácia apenas se não contrariarem as previsões da Lei Maior (entre os atos normativos infraconstitucionais encontram-se as leis, os atos administrativos, as sentenças, os contratos particulares, medidas provisórias, emendas, projetos de lei e etc., assim como as convenções e acordos coletivos de trabalho). Conclui-se que a supremacia da Constituição pressupõe indubitavelmente a subordinação de todas as leis que lhe são posteriores, e também de todas que lhe são hierarquicamente inferiores (todas as obras legislativas passadas, atuais e futuras), ao teor de seus preceitos. [19] [19] O que impede o exercício das Liberdades - Cristiane Rozicki - Revista Mensal - Ano II - Número 16 - Setembro de 2002 - ISSN: 1519.6186 A necessidade de construir a obra democrática apresentou-se neste último sete de setembro (2002) quando as Forças Armadas, na Capital da República, desfilaram sem viaturas e aviões por escassez de verba para o combustível, escassez essa que já havia atingido a alimentação nos quartéis. A Pátria comemorou sua independência, mas não pode servir aos convidados o melhor de sua despensa. A Pátria a pé mostrou-se alinhada com os milhões de brasileiros que sobrevivem o outro lado da “economia vai bem”, ou seja, o lado em que o povo vai mal. A população brasileira vem enfrentando severa degradação na estrutura familiar e social, e as causas são atribuídas como as mais diversas: da dívida externa à perda da moral individual, e tudo o que couber entre tais extremos, ou seja, conexo ou afim. O Estado - e seus componentes políticos e de governo - vem apresentando sinais deimpotência instrumental, e buscando força realizadora para relacionar-se com o complexo de causas degradantes e revertê-las. Dentre os instrumentos possíveis para atuar na reversão está a transferência de parte da administração pública e do patrimônio ativo estatal para a iniciativa privada, caindo sobre essa política criticas ideológicas demolidoras que, embora calcadas no patriotismo do Brasil é nosso, só aparecem quando do encaminhamento de alguma solução, mas adormecidas ficam enquanto o problema cresce. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 13 [2] [2] PARALELO 666, o reverso do apocalipse. Serrano Neves – http://www.serrano.neves.nom.br, em Plataforma Social. Salva que a Constituição, por força do seu próprio texto (artigo 7º, inciso XXXIII), já maior de 16 anos (5 de outubro de 2004) possa ter “emprego” pleno. 2.1 2.1 2.1 2.1 ---- DOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICADOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICADOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICADOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Não seria de estranhar, pela tradição, que os incisos deste artigo estivessem sendo interpretados de forma estanque. Esse tradicional vício se apresenta como o “dividir para governar” que, além do sentido de poder, permite lidar com a impotência ideológica e instrumental: se não quero ou não sei fazer, ou se não disponho de recursos, posso dizer que não estou cuidando da dignidade da pessoa humana porque estou ocupado com a cidadania, por exemplo. A forma direta de exercício do poder bate de frente com a cultura de perguntar se alguma coisa que não está permitida expressamente pode ser feita, vez que seria demasiada ousadia imaginar que o inciso II do artigo 5º (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei) está debaixo da rasteira interpretação: ninguém poderá fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O que a Constituição não proíbe não pode ser proibido na legislação inferior, logo, qualquer poder que derive do texto constitucional pode ser exercido diretamente pelo povo, mesmo na ausência de regulamentação, diga- se, para total desgosto dos que praticam a antidemocrática arte do Aqui Mando Eu. 2.1.1 2.1.1 2.1.1 2.1.1 ---- Tabela 1Tabela 1Tabela 1Tabela 1 –––– Matriz de relacionamento entre os fundamentos Matriz de relacionamento entre os fundamentos Matriz de relacionamento entre os fundamentos Matriz de relacionamento entre os fundamentos A escolha do inciso IV como determinante dos demais incisos tem por fundamento que o trabalho e a livre iniciativa não podem ser cassados na sua totalidade: IV IV IV IV ---- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; I I I I ---- a soberania; a soberania; a soberania; a soberania; Popularização do conceito de soberania com a introdução de elementos ideológicos de defesa e preservação dos recursos através dos diversos níveis de atividade. II II II II ---- a cidadania; a cidadania; a cidadania; a cidadania; Abertura de espaços para o exercício dos direitos e a livre manifestação do pensamento Ativos e Passivos Sócio-ambientais 14 III III III III ---- a dignidade da pessoa a dignidade da pessoa a dignidade da pessoa a dignidade da pessoa humana;humana;humana;humana; Valorização da pessoa humana pela melhora das condições para usufruir os bens e serviços gerados pelo trabalho. V V V V ---- o pluralismo polític o pluralismo polític o pluralismo polític o pluralismo político.o.o.o. Conscientização de que as diferenças são necessárias para a existência de um sistema político sustentável. 2.2 2.2 2.2 2.2 ---- DOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICADOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICADOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICADOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. República – no bom e velho latim - é “respublica”, que significa “de todos”. Desse bem público derivam a “publica utilitas” e a “communis utilitas”. Federativa – no mesmo – designa a união política, e vem de “societas, atis” que tem o sentido também de pessoas associadas, comunidade, afinidade, participação. Brasil, ora, Brasil vem do Pau Brasil, vermelho, cor de brasa, como me empurraram para dentro da cabeça no curso primário, e eu achei formidável porque vermelha é também a cor da vergonha na cara. Vejo, mais uma vez, o bom senso apontar que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária garante o desenvolvimento, erradica a pobreza e promove o bem estar de todos. 2.2.1 2.2.1 2.2.1 2.2.1 ---- Tabela 2 Tabela 2 Tabela 2 Tabela 2 –––– Matriz de relacionamento entre os objetiv Matriz de relacionamento entre os objetiv Matriz de relacionamento entre os objetiv Matriz de relacionamento entre os objetivos fundamentaisos fundamentaisos fundamentaisos fundamentais A escolha do inciso I como determinante dos demais incisos tem por fundamento que a construção da sociedade objeta por dar-se até pela via da revolução armada: I I I I ---- construir uma sociedade livre, construir uma sociedade livre, construir uma sociedade livre, construir uma sociedade livre, justa e solidária;justa e solidária;justa e solidária;justa e solidária; II II II II ---- garantir o desenvo garantir o desenvo garantir o desenvo garantir o desenvolvimento nacional;lvimento nacional;lvimento nacional;lvimento nacional; Fortalecimento da micro-economia, minimização da dependência ao assistencialismo; III III III III ---- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionaisas desigualdades sociais e regionaisas desigualdades sociais e regionaisas desigualdades sociais e regionais Dar suporte aos setores informais e não formais através da distribuição de tecnologia, engenharia e produção em descarte; IV IV IV IV ---- promover o bem de todos, sem preconceitos de promover o bem de todos, sem preconceitos de promover o bem de todos, sem preconceitos de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.formas de discriminação.formas de discriminação.formas de discriminação. Reconhecer os estratos sociais de qualquer natureza como inerentes à estrutura, reformatá-los do mal estar para o bem estar e repavimentar as vias de circulação das pessoas entre eles. Mas, nada mau, temos uma Constituição bem "explicadinha" por desdobramento. 2.3 2.3 2.3 2.3 ---- FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO.FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTEE IDOSO.FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO.FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO. Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 15 Criar filhos ou proporcionar um razoável fim de vida aos pais não é só uma questão de custos, vez que a população cresce à margem da relação custo/benefício. Controlar a natalidade representa uma economia de custos tão sensível quanto eliminar aqueles que deixam de ser produtivos no sentido puramente econômico. A realidade – que é brutal como no parágrafo anterior - está mostrando (estatísticas recentes) que é crescente o número de idosos com renda fixa de aposentadoria ou pensão que está sustentando seus filhos desempregados e seus netos filhos de desempregados. Grosso modo, e os indicadores são visíveis, os pobres teriam menos filhos se fossem menos pobres e os velhos custariam menos se o “sistema” lhes desse segurança na autonomia de vida pós-trabalho. A preocupação constitucional com a criança e com o idoso não seria necessária se a sociedade já fosse livre, justa e solidária. Então, devemos estar atentos a que o comando de construir essa sociedade (art. 3º, I da CF), deve começar a ser obedecido, pois o começo e o fim da vida não podem estar condicionados a deduções do imposto de renda e benefícios fiscais, simplesmente. 2.4 2.4 2.4 2.4 ---- DIREITDIREITDIREITDIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:... XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; Muito tem os especialistas escritos sobre a função social da propriedade e prática hodierna de responsabilidade social, por isto apenas acrescento a visão de que função social é o mesmo que função federativa ou função comunitária, capaz de gerar o bem estar de todos, não me esquecendo de que “todos” é um continente no qual cabem também os capitalistas cujo bem estar inclui auferir lucro. Lucro que, falando de passagem, entendo necessário para a realimentação da cadeia de produção. A garantia do direito de propriedade classifica sua função social como um dever do proprietário, ou seja, a função social não é conseqüência do direito de propriedade, devendo ser um efeito do uso. Afeito a dar o maior alcance possível aos dispositivos constitucionais entendo que todos os direitos de propriedade atribuem aos seus titulares o dever de, pelo uso, dar-lhe função social, mesmo os chamados direitos imateriais. Para vencer as dificuldades tradicionais aponto o “produto social” como solução, o que será examinado em tópico separado. 2.5 2.5 2.5 2.5 ---- DOS DIREITOS SOCIAISDOS DIREITOS SOCIAISDOS DIREITOS SOCIAISDOS DIREITOS SOCIAIS Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Seguindo a ótica os direitos sociais se encaixam naturalmente na função social da propriedade em razão de que o social é um só. Logo, não deveria causar espécie que da propriedade produtiva decorram elementos para a educação, saúde, moradia etc. o que acontece através da tributação. No entanto, existem sérias resistências justificadas pelo fato de que, da nascente (propriedade Ativos e Passivos Sócio-ambientais 16 produtiva) até o mar (sociedade) os “rios” vão perdendo água pelos drenos do mau emprego do dinheiro, do desvio e da corrupção e o povo fica na foz, de canequinha na mão, recolhendo cestas básicas, vales-sobrevivência e bolsas- aquietantes. Aos direitos sociais correspondem deveres governamentais, como visto no Paralelo 666, mas essa relação não é de partes em oposição, como num contrato, é, antes, um curioso sistema no qual os que têm deveres a cumprir são eleitos pelos que tem direitos a usufruir: os governantes são mandatários, o povo é o mandante e a procuração é a lei. Sugiro que o leitor se imagine mandante e passe procuração para que o mandatário execute determinada atividade em seu nome, durante um tempo certo. Imagine agora que tenha feito má escolha do mandatário e não possa revogar o mandato. Imagine que o mandatário, por uma causa qualquer, não está cumprindo o que lhe foi determinado e escolha entre duas opções: a - sofrer as conseqüências e ficar esperando chegar a hora de trocar o mandatário; b - colaborar com o mandatário e diminuir as conseqüências a serem sofridas até o final do tempo de mandato. A resposta “a” será dada por aqueles que tem como princípio pagar (ou não pagar) impostos e responsabilizar o governo em todo os níveis: de fixar a taxa de juros até recolher o lixo nas ruas. Estes não procuram alternativas para os seus negócios se sustentarem nem para os seus narizes que respiram fedor. A resposta “b” será dada por aqueles que perceberam na Constituição as declarações de que existem o Estado Democrático de Direito, a ordem jurídica e o regime democrático. Conclusão: não basta ter uma boa Constituição, é preciso preparar as pessoas para segui-la. 2.6 2.6 2.6 2.6 ---- DO MINISTÉRIO PÚBLICODO MINISTÉRIO PÚBLICODO MINISTÉRIO PÚBLICODO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; Essa incumbência de defesa nada mais é do que um mandato, uma procuração que o povo passou para o Ministério Público e, por isto, sempre que os interesses do povo estiverem em jogo o Ministério Público deverá agir. Para agir, o Ministério Público deve possuir sólida compreensão do que sejam a ordem jurídica e o regime democrático, bem como estar afeiçoado a dar ao texto constitucional a interpretação que mais aumente o seu alcance. Na realidade, o poder constitui o princípio de toda a vida política, enquanto que o regime político indica seu efeito, suas conseqüências, erigindo-se não apenas no quadro em que esta vida se desenvolve, mas esta própria vida. [20] [20] Teoria Geral do Estado – Wilson Accioli, Forense, RJ, 1985,1ª ed., pág. 324. Destacam-se na democracia os aspectos ideológicos e sócio-econômicos enquanto os aspectos normativos, institucionais e operacionais assumem papel na funcionalidade do poder. Democracia é poder aberto – ensina Wilson Accioli retro citado – no qual deve haver conciliação entre a soberania popular e as Ativos e Passivos Sócio-ambientais 17 liberdades públicas, e a funcionalidade do poder, exigindo, para tal, o desenvolvimento de práticas ideológicas e sócio-econômicas compatíveis com o fim proposto de bem estar para todos – concluo eu. A defesa para a qual o Ministério Púbico tem mandato é, então, bifronte, complexa, e por vezes tormentosa, poislhe compete tanto assegurar a estabilidade das instituições através dos seus aspectos normativos e operacionais, quanto assegurar a soberania popular e as liberdades públicas.. Gozando da faculdade de formação da vontade, que o caracteriza como poder do Estado, o Ministério Público se ergue, então, como poder político, inserido na realidade da vida pública como garante de que os demais poderes respeitarão os direitos assegurados na Constituição. Se o constituinte quisesse que as medidas necessárias para garantia do respeito aos direitos fossem apenas medidas judiciais teria escrito isto, mas não escreveu, e por não ter escrito – olha ai a necessidade do "explicadinho" atacando o Ministério Público – a legislação infraconstitucional não fez a previsão de que possa ser um agente direto da terraplenagem, pavimentação e sinalização dos caminhos democráticos. Destarte, a instituição se recolheu numa posição de corregedora dos poderes que ainda está muito próxima da dos antigos (e que deveriam estar todos desaparecidos) fiscais da lei, confinando o regime democrático nos limites da lei, o que tem conduzido para a interpretação restritiva dos direitos assegurados na Constituição. Bom serviço tem prestado o Ministério Público, mas melhor serviço prestará quando as portas dos gabinetes se abrirem para que seus membros saiam para a realidade da vida e possam sentir o cheiro daqueles que ganham em um mês – é o suor que cheira – o que eles ganham num dia, das 13 às 17 horas (trazido à conta o teto). Ora, como não! Devemos cobrar, sim, que o Ministério Público faça a defesa com suas armas legais em punho, presente na parte mais furiosa do campo de batalha pela dignidade real da pessoa humana. O Ministério Público (publicus ministerium, ofício de servir a todos) pode retomar a figura do “pubes poplicus ministerium” e servir mais de perto a esse povo frente à Carta Magna ainda adolescente. 2.7 2.7 2.7 2.7 ---- DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICADOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICADOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICADOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único - É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Nos casos previstos em lei estão as atividades que dependem de habilitação especial ou licença, e mesmo nestas, é preciso distinguir as Ativos e Passivos Sócio-ambientais 18 atividades acessórias ou úteis que apenas orbitam na dependência. Essas atividades acessórias ou úteis necessitam ganhar um foro de reconhecimento que permita a participação na atividade econômica de modo informal ou não formal, através de políticas que privilegiem a participação nas cadeias de produção ou serviços. O termo “excluídos” ganhou conotação de carência, pobreza, quando, na verdade, qualquer pessoa ou empresa, independente do seu porte e capacidade, pode estar excluída de alguma ou várias atividades em função de suas políticas de atuação ou de mercado, ou por falta de informações ou recursos que as incluam. Daí ser razoável empregar a expressão não-participante, para evitar que não-participantes conscientes sejam categorizados na vala comum da expulsão, rejeição ou descaso. Não é possível que todos estejam incluídos em tudo, mas a função social da propriedade deve proporcionar que todos possam participar de tudo, para que a liberdade seja um exercício e não apenas uma oportunidade. De um modo simples, quando surge uma nova geração de processadores para computadores, mais velozes e mais caros, a absorção das novas máquinas pelo mercado inferioriza os proprietários de máquinas menos velozes. Isto, em si, é normal, mas a exclusão acontece quando a tecnologia dos programas se reorienta para o novo e se torna inacessível para o velho. Claro que eu sei tratar-se de políticas de mercado e não pretendo alterá- las em prejuízo do avanço tecnológico, mas estou atento a que a participação não está sendo mantida quando meu Explorer 3 não mais acessa alguma página na internet e meu computador não agüenta rodar a versão 6, e minha liberdade de exercício de alguma atividade econômica pode ficar afetada por isto. O exercício da liberdade econômica de uns não pode afetar igual exercício de outros, mas pode, via de um “produto social” assegurar a continuidade do exercício dos outros. Asseguro ter conhecimento da “selvageria” do mercado e que a “agressividade” é um componente da sustentabilidade, mas acredito que a geração do produto social possa, a partir de um ponto de sua escalabilidade, civilizar a agressividade. 2.7.1 2.7.1 2.7.1 2.7.1 ---- Tabela 3Tabela 3Tabela 3Tabela 3 –––– Matriz de relacionamento do princípios da ordem Matriz de relacionamento do princípios da ordem Matriz de relacionamento do princípios da ordem Matriz de relacionamento do princípios da ordem econômica:econômica:econômica:econômica: A escolha do inciso III como determinante dos demais incisos tem por fundamento que num modelo mínimo sobrevivência em grupo as posses são socializadas para assegurar o máximo de sobrevida dos indivíduos: III III III III ---- função social da propriedade; função social da propriedade; função social da propriedade; função social da propriedade; I I I I ---- soberania nacional; soberania nacional; soberania nacional; soberania nacional; Popularização do conceito de soberania com a introdução de elementos ideológicos de defesa e preservação dos recursos através dos diversos níveis de atividade. II II II II ---- propriedade privada; propriedade privada; propriedade privada; propriedade privada; Estimular a participação privada nas políticas públicas sem perder de vista que o concorrente é um parceiro para o bem estar de todos IV IV IV IV ---- livre concorrência; livre concorrência; livre concorrência; livre concorrência; Auto-regulamentação do uso do poder econômico tendente à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. V V V V ---- defesa do consumidor; defesa do consumidor; defesa do consumidor; defesa do consumidor; Tecnologia compatível, garantia, assistência técnica. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 19 VI VI VI VI ---- defesa do meio ambiente; defesa do meio ambiente; defesa do meio ambiente; defesa do meio ambiente; Produtos menos agressivos e que gerem menos resíduos VII VII VII VII ---- redução das desigualdades regionais e sociais; redução das desigualdades regionais e sociais; redução das desigualdades regionais e sociais; redução das desigualdades regionais e sociais; Política de preços, embalagens alternativas, enfoque nas commodities regionais. VIII VIII VIII VIII ---- busca busca busca busca do pleno emprego;do pleno emprego;do pleno emprego;do pleno emprego; Entender o pleno emprego como o caminho entre a participação não formal e informal até o engajamento formal. IX IX IX IX ---- tratamento favorecido para as empresas de tratamento favorecido para as empresas de tratamento favorecido para as empresas de tratamento favorecido para as empresas de pequenoporte constituídas sob as leis brasileiras e pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e adminique tenham sua sede e adminique tenham sua sede e adminique tenham sua sede e administração no País.stração no País.stração no País.stração no País. Entender algumas formas de participação não formal e informal como “terceirização” possível na cadeia de produção e serviços. Tenho conhecimento, por certo, que para atingir o ponto ideal em que o sistema se torne estável, uma quantidade extraordinária de energia atrativa deverá ser despendida, com algum sacrifício de idéias e de recursos. Trata-se, no entanto, de uma aposta no futuro: coloquem as fichas no pano verde. 2.8 2.8 2.8 2.8 ---- DA POLÍTICA URBANADA POLÍTICA URBANADA POLÍTICA URBANADA POLÍTICA URBANA Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana Pouco foi realizado e pode ser realizado, em razão da “crise” que desloca do campo das prioridades aquilo que deveria permanecer no campo do cotidiano, tal como ter emprego, moradia, assistência etc. Guerras fiscais entre municípios são travadas para viabilizar as prioridades deslocadas e um das armas é a lei, logo, as empresas que se envolverem com os benefícios, poderão, perfeitamente, cobrar dos legisladores as diretrizes sócio- ambientais adequadas. O artigo em destaque, mais do que criar um dever para os municípios com mais de 20.000 habitantes (§ 1º) cria um direito para os de menor população, direito este que, em se tratando de funções sociais, pertence ao povo e por este poderá ser exercido através da colaboração, quebrando o paradigma do esperar sentado. El presente documento pretende ésto, analizar cuáles son los mecanismos que permitan crear una gestión de comuna participativa, donde los ciudadanos no asuman el papel de usuarios de servicios que la municipalidad entrega, y por otra parte que la municipalidad no conciba la participación como la entrega de información para hacer "participada" las decisiones que ya se han tomado. La idea de este trabajo surge como una inquietud personal en el marco del Máster en Investigación, Gestión y Desarrollo Local de la Universidad Complutense de Madrid. Como profesional de una municipalidad chilena, creo que el rol de estas entidades públicas no puede supeditarse al "fomento" de la participación ciudadana con el sólo financiamiento de programas. Los municipios no pueden estar ajenos a los cambios y a las revoluciones que se están gestando dentro de los movimientos sociales. Claudio Andrés Briceño Olivera - cbriceno@temuko.cl - Participación y municipio - Estudio social – www.monografias.com Atrair a participação do povo e de seus segmentos sociais e econômicos para o desenvolvimento sustentável e integrado é um desafio para os governantes municipais e constitui também a quebra do paradigma da dependência municipal. As propostas enunciadas para cada um dos subtemas indicados pelo Ministério do Meio Ambiente, uma vez sistematizadas e selecionadas por meio da aplicação de matrizes analíticas desenvolvidas pelos consultores de integração temática, foram consolidadas e ordenadas em quatro Ativos e Passivos Sócio-ambientais 20 estratégias de sustentabilidade urbana, identificadas como prioritárias para o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras. 1. Aperfeiçoar a regulamentação do uso e da ocupação do solo urbano e promover o ordenamento do território, contribuindo para a melhoria das condições de vida da população, considerando a promoção da eqüidade, a eficiência e a qualidade ambiental. 2. Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de planejamento e de gestão democrática da cidade, incorporando no processo a dimensão ambiental urbana e assegurando a efetiva participação da sociedade.(grifo nosso) 3. Promover mudanças nos padrões de produção e de consumo da cidade, reduzindo custos e desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis. 4. Desenvolver e estimular a aplicação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos recursos naturais visando a sustentabilidade urbana. Cidades Sustentáveis - Subsídios à Elaboração da Agenda 21 Brasileira - Consórcio Parceria 21 - Ministério do Meio Ambiente/Projeto 1-BRA/94/016 – Estratégias de Elaboração e Implementação da Agenda 21 Brasileira. 2.9 2.9 2.9 2.9 ---- DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUDA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUDA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUDA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIANDIÁRIANDIÁRIANDIÁRIA Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. A topologia desta definição de função social revela a preocupação do constituinte com a questão rural, mas pode perfeitamente ser aproveitada como proposição universal com mínima alteração, vez que, pela técnica, se a Constituição declara a função social da propriedade como um princípio geral, e define a função social de um tipo de propriedade, os atributos particulares da propriedade pertencem necessariamente ao princípio geral, se o próprio princípio geral não forem. Para verificar a pertinência será suprimida do texto original (novo texto adiante) a palavra RURAL que especifica a propriedade, seguindo-se examinar se os incisos podem ser aplicados a outras espécies de propriedade. Alargar o campo de visão é importante para alcançar as relações da propriedade em exame – foi escolhida a propriedade intelectual como exercício – com as demais propriedades que promovem a expressão. Seja examinada a proposição seguinte: Art. XXX - A função social é cumprida quando a propriedade [[[rural]]] atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado dos recursos de produção; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. A propriedade intelectual – salvo raríssimas exceções – é um bem destinado à circulação, seja por expressão verbal ou escrita, gravada em algum suporte (papel, meio magnético ou ótico etc), ou transmitida por algum tipo de sinal ou onda (telefone, rádio, televisão, satélite etc), permitindo concluir que a propriedade intelectual, para ter função, depende de algum tipo de produção sujeito a aproveitamento racional e adequado, e está satisfeito, por conexão, o inciso I. Se uma modalidade de produção utiliza recursos naturais ou produz Ativos e Passivos Sócio-ambientais 21 impacto neles, a utilização adequada é reclamada, e está satisfeito, por conseqüência, o inciso II. Os meios de produção não devem exigir do trabalhador mais do que alguma lei exija, mesmo que o meio não esteja regulamentado as disposições favoráveis às relações de trabalho devem ser aplicadas por analogia, e estásatisfeito, por conseqüência, o inciso III. Proprietários intelectuais e trabalhadores da produção da expressão são igualmente titulares do direito ao bem estar, não fora o buscarem de modo natural, e está satisfeito, por conseqüência, o inciso IV. O bom senso é um aliado importante, vez que a legislação não pode alcançar todos os casos. SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA - Uma comunidade sustentável é geralmente definida como aquela capaz de satisfazer suas necessidades e aspirações sem reduzir as probabilidades afins para as próximas gerações. Esta é uma exortação moral importante. Nos lembra a responsabilidade de transmitirmos aos nossos filhos e netos um mundo com oportunidades iguais as que herdamos. Entretanto esta definição não nos diz nada a respeito de construirmos uma comunidade sustentável. O que nós precisamos é de uma definição operacional de sustentabilidade ecológica. A chave para tal definição operacional é a conscientização que não precisamos inventar comunidades humanas sustentáveis a partir do zero, mas que podemos modelá-las seguindo os ecossistemas da natureza, que são as comunidades sustentáveis de plantas, animais e micro-organismos. Uma vez que a característica notável da biosfera consiste em sua habilidade para sustentar a vida, uma comunidade humana sustentável deve ser planejada de forma que, suas formas de vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologias não venham a interferir com a habilidade inerente à Natureza ou à sustentação da vida. Fritjof Capra - AS CONEXÕES OCULTAS – IDESA São Paulo, 11 de Agosto de 2003 – Tradução de Cylene Dantas da Gama 2.10 2.10 2.10 2.10 ---- DA ADA ADA ADA ASSISTÊNCIA SOCIALSSISTÊNCIA SOCIALSSISTÊNCIA SOCIALSSISTÊNCIA SOCIAL Art. 204 - As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. A inclusão deste tópico nem de longe sugere que as cadeias de produção e serviço sejam beneficentes ou que prestem assistência social, vez que o “produto social” visa exatamente reduzir ao mínimo mais mínimo a necessidade de beneficência e assistência. A inclusão do tópico se dá para demonstrar que a pragmática constitucional quer a iniciativa privada participando. Esta participação vem acontecendo porque os sentimentos pessoais indicam que a impotência estatal deve ser suprida, mas, não só a participação deve mudar de ideologia substituindo o sentimento pessoal por sentimentos cívicos, como se orientar em função de que o governo não é todo poderoso, não deve ser todo poderoso, e nem queremos que seja todo poderoso. 2.11 2.11 2.11 2.11 ---- DA EDUCAÇÃODA EDUCAÇÃODA EDUCAÇÃODA EDUCAÇÃO Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E de novo a sociedade é chamada para participar. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 22 Com certeza já foi dito que a melhor forma de ter um adulto educado amanhã é educando uma criança hoje. Já se passam 20 anos de que, como Advogado, vislumbrei a degradação da plataforma social pelo desequilíbrio ocorrente no binômio ensino/educação, quando a necessidade de formação em massa começou a esvaziar a valoração do conteúdo da informação. Na busca de resultados imediatos os meios deixaram de ser escolhidos em função dos valores sociais porque os fins econômicos do desenvolvimento estavam a exigir que as coisas acontecessem. Atualmente, o sentimento de o bom possuir não inclui que boas pessoas estejam realizando um bom trabalho. Produção e serviços tornaram-se meros suprimentos e as coisas desagradáveis ou que não funcionam em são problemas do governo, ou do sistema, como se o povo não elegesse o governo e o sistema fosse algo estranho a todos. O esvaziamento dos valores tem como conseqüência o crescimento do egoísmo e o imediatismo, e a falência do sentido de precaução em relação a riscos que não possam ser avaliados no momento da tomada de decisão. Exemplo disto é a crescente criminalidade que tanta conta tomou da plataforma social que o povo caminha entre a polícia e o bandido, às vezes sem poder distinguir quem é quem. A ausência de valores, ou a presença de falsos valores, fragiliza os indivíduos e propicia o desvio de conduta, em tal grau, que já imagino um lema para uma campanha de apreensão de valores: “Tente ser honesto por mais dez minutos”. A propósito, sobre a criminalidade, que estudo do ponto de vista sócio- ambiental já apontado por Carrara quando disse que cada sociedade tem sua taxa própria de criminalidade: Na opinião do advogado existem duas causas, do ponto de vista jurídico, para explicar a criminalidade. "Existem a causa legal, que surge quando o direito elege um bem à categoria de tutelável, podendo até eleger como crime uma coisa aparentemente sem sentido", explicou, citando como exemplo a proibição de passar por determinado local. - A causa humana, aborda o aspecto individual e social. "Individual na própria conformação biológica do homem, que é um animal, racional, possuidor de uma agressividade natural e necessária para enfrentar a vida (responsável por seu equilíbrio) podendo, assim, reagir diante das circunstâncias, ora mais como animal, ora mais como racional", posicionou-se. O modo como o indivíduo reagirá, dependerá dos elementos que lhes sejam oferecidos através da educação e dos movimentos sociais. "Em termos médicos", continuou Serrano Neves, corresponderia à capacidade do indivíduo de estabelecer censura sobre as emoções e instintos primitivos, exteriorizando uma conduta dentro dos padrões sociais. Esta capacidade seria adquirida pela educação e por convivência em meio adequado ““. O advogado acredita que o fator econômico tem responsabilidade na formação do delinqüente, “na medida em que limita os meios ao alcance do indivíduo para se educar e conviver. Entretanto, o ponto inicial é a Educação, em todos os seus aspectos". A forma de atingir os pontos máximos de educação, diminuindo a criminalidade, para Serrano Neves, começa com o "redimensionamento dos objetivos sociais e individuais, decaindo do egoísmo e procurando meios adequados, para a plena expressão do homem como pessoa. O primeiro passo já teria sido dado pela CNBB com a Campanha da Fraternidade, que nos incita a reconhecer a todos como irmãos", garantiu. E assim, esclarece, “poderíamos nos aproximar mais uns dos outros abrindo mão de privilégios que nós mesmos elegemos, para dividir com os demais a capacidade já adquirida de harmonizar as coisas ao nosso redor, mantendo o respeito, a privacidade dos indivíduos sem, no entanto deixar de oferecer-lhes uma contribuição objetiva e sincera”.[3] [3] A Educação contra o crime - Serrano Neves em entrevista à Tribuna de Minas de Juiz de Fora MG em 1982. Ativos e Passivos Sócio-ambientais 23 2.12 2.12 2.12 2.12 ---- DO MEIO AMBIENTEDO MEIO AMBIENTEDO MEIO AMBIENTEDO MEIO AMBIENTE Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Compartilhar