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DIREITO CIVIL IV - BEDONE

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FADI - SOROCABA
DIREITO CIVIL IV 
COISAS
PRIMEIRO SEMESTRE
08/02/13
A-) PLANEJAMENTO DO SEMESTRE:
- Sujeito a alterações, segundo as circunstâncias o exigirem
- Matérias
 Introdução (01)
 Aula prática e Dia Jurídico-Cultural (01)
 1ª Atividade extra (01)
 1ª Prova Oral (01)
 1ª Prova Parcial (01)
 Direito das Coisas (12)
 Feriados (02)
 Total (19)
- Datas (algumas meramente prováveis):
 Aula prática e Dia Jurídico-Cultural: 12/04
 1ª Atividade extra: 24/05
 1ª Prova oral: 07/06
 1ª Prova Parcial: 14/06
 Introdução e Coisas: demais dias
B-) CONDIÇÕES DE REALIZAÇÃO DAS AVALIAÇÕES:
	1-) A 1ª Atividade Extra será desenvolvida consoante as seguintes regras, ou seja, os alunos interessados deverão ter formado grupos de no mínimo 09 (nove) e no máximo 12 (doze) pessoas, até o limite de 10 (dez) grupos para cada período (diurno e noturno), sem exceções, e pesquisar e escolher um acórdão relacionado à matéria ventilada no 1º semestre, ou seja, de posse até condomínio edilício (art. 1.196 a 1.358)
- Ademais, deverão ter cadastrado o grupo e o acórdão na biblioteca de periódicos, de modo que uma mesma decisão não seja utilizada repetidamente e de que um aluno esteja em mais de um grupo, no período compreendido entre 15/02/13 a 10/05/13, deixando-se cópia do acórdão escolhido juntamente com o cadastro
Deverão os alunos se inscrever e apresentar o trabalho escrito em rigorosa ordem alfabética, com a indicação da série (4º ano diurno, 4º ano noturno, adaptação ou DP), sob pena de desconto substancial na nota da atividade
- Caber-lhes-á ainda fazer resumo e análise crítica do acórdão, abrangendo tanto o direito material como o processual, de maneira manuscrita, para fins de entrega no dia previsto
Nesse dia, o docente formulará perguntas orais acerca da decisão e/ou da matéria nela contida para todos os integrantes do grupo
- Os alunos do grupo que não comparecem no dia da argüição ficarão sem nota na atividade, no que tange à argüição oral
- Os grupos que não atenderem aos números mínimo ou máximo de participantes inscritos não terão seus trabalhos apreciados e ficarão sem nota na atividade
- A nota variará de 0,0 (zero) a 2,0 (dois), a qual será uniforme para todo o grupo (exceto os alunos faltantes no dia), e será incorporada à nota semestral, sem possibilidade de utilização em semestres vindouros
- A natureza da atividade extra é facultativa e acessória, nos mesmos moldes da prova oral
- Considerando, nos termos de experiências anteriores, ser grande o tempo consumido com a assinatura de lista de presença, prejudicando o andamento dos trabalhos, nesse dia a freqüência será geral
	2-) A 1ª Prova Oral é relativa à matéria abordada no primeiro semestre, em valor de 0,0 (zero) a 2,0 (dois), cujo valor será incorporado à nota obtida na 1ª Prova Parcial, com caráter facultativo e acessório
	3-) A 1ª Prova Parcial será realizada da seguinte maneira: divulgação de decisão(ões) judicial(is) a ser(em) analisada(s) de maneira crítica durante a realização da mesma
	- Da 1ª Prova Parcial constarão perguntas relativas à(s) mencionada(s) decisão(ões), bem como outras, do tipo dissertativa, cujo objeto será a matéria verificada ao longo do semestre letivo
	- Valor de 0,0 (zero) a 10,0 (dez)
C-) PANORAMA GERAL DO DIREITO CIVIL:
- Resumidamente, aborda-se o estudo da relação jurídica, quer dizer, o relacionamento interpessoal de cunho patrimonial direto ou indireto
Sujeitos da relação jurídica: pessoas físicas e jurídicas
Objeto da relação jurídica: bens e/ou interesses patrimoniais
Cunho patrimonial direto: objetivo específico ligado à circulação de riquezas, transferência da propriedade ou utilização de coisas
	Cunho patrimonial indireto: relações jurídicas extrapatrimoniais (como família e sucessões), as quais, no entanto, possuem efeitos patrimoniais reflexos (regime de bens no casamento, usufruto dos bens dos filhos menores, recebimento de herança, etc)
- 1º ano
relação jurídica em geral
ênfase em seus elementos constitutivos (partes integrantes)
visão estática da relação jurídica
pessoas, objeto, vínculo, conteúdo e negócio jurídico
pessoas: os sujeitos de direitos e obrigações (físicas e jurídicas)
objeto: os objetos de direitos e obrigações (bens)
vínculo: liame que liga as partes (jurídico)
conteúdo: efeito produzido pela relação jurídica, o qual é aferível direta ou indiretamente
negócio jurídico: veículo da relação jurídica
abordagem de outros temas: representação (legal e convencional), condição, termo e encargo, nulidades, responsabilidade civil extracontratual, e prescrição e decadência
- 2º ano
relação jurídica em geral
ênfase em seu modo de funcionamento
tipos de obrigação e conseqüências
visão da relação jurídica em sua dinâmica
continuação do estudo da responsabilidade civil (contratual)
teoria geral dos contratos, visando ao estudo particularizado dos mesmos no ano seguinte
- 3º ano
relações jurídicas em particular
ênfase nas de cunho patrimonial direto (contratos em espécie)
término do estudo da responsabilidade civil
- 4º ano
relações jurídicas em particular
ênfase no efeito da patrimonialidade direta dos contratos
relação de submissão entre as coisas e os sujeitos de direito (posse, propriedade, usucapião, condomínio, servidões, usufruto, etc)
complemento do curso: direitos autorais
- 5º ano
relações jurídicas em particular
ênfase nas de cunho patrimonial indireto (família e sucessões)
D-) PANORAMA GERAL DO DIREITO DAS COISAS:
	- 1º Semestre:
	a-) estudo da posse, entendida enquanto condição de visibilidade do domínio
	b-) análise da detenção, figura que não chega a configurar atos de posse
	c-) estudo da propriedade, com seu conceito, abrangêngia, atributos e limitações
	d-) formas de aquisição da propriedade imóvel e móvel, com destaque para a usucapião
	e-) formas de perda da propriedade imóvel e móvel
	f-) direitos de vizinhança
	g-) condomínio geral e condomínio edilício
	- 2º Semestre:
	a-) propriedade resolúvel, abrangendo a propriedade fiduciária móvel e imóvel
	b-) direitos reais sobre coisas alheias: superfície, servidão, usufruto, uso e habitação
	c-) direitos reais de garantia: penhor, hipoteca e anticrese
E-) DIREITOS DE AUTOR:
	- A título de complementação, serão analisados tópicos básicos relacionados a essa matéria no final do segundo semestre
15/02/13
A-) DENOMINAÇÃO DA MATÉRIA:
	- Há duas denominações, quais sejam, direito das coisas, como consta do CC, cuja expressão advém do direito civil alemão (sachenrecht), mas ela é também denominada de direitos reais, mais de acordo com a origem histórica do direito romano (proveneinte de res, coisa) e empregada por Savigny
	- Seja como for, há se considerar que a nomenclatura utilizada pelo CC dá mesmo a entender que direito das coisas é gênero (abrangendo posse, propriedade, servidões e usucapião, por exemplo), do qual direitos reais constituem espécie (vide título da disciplina anteriormente ao art. 1.196, bem como a redação do art. 1.225)
B-) NOÇÃO DE DIREITO REAL:
	- Relembrar primeiramente a noção de direito pessoal, mais precisamente a esquematização do direito obrigacional (matéria do 2º ano)
	Nesse sentido, eis os elementos constitutivos das obrigações pessoais: sujeitos, objeto, vínculo e conteúdo
	Sujeitos: ativo e passivo da obrigação (credor e devedor)
Objeto: a obrigação criada (dar coisa certa e dar coisa incerta, fazer fungível e fazer infungível, e não fazer, aí abrangida a obrigação pecuniária, que é de dar coisa incerta)
Vínculo: que une os sujeitos em torno do objeto obrigacional, que é de cunho jurídico (dotada, portanto, dos elementos dívida e responsabilidade), com a necessária alusão à obrigaçãonatural (que só possui o elemento dívida) e sem se olvidar da obrigação moral (destituída de qualquer desses dois elementos)
Conteúdo: econômico, consoante lição de Orlando Gomes, ocasião de se lembrar que o DC procede ao estudo das relações jurídicas de caráter patrimonial direto (caso da obrigação pessoal) e das de natureza patrimonial indireta
- Em suma, os direitos pessoais consubstanciam uma relação jurídica entre credor e devedor, capaz de estabelecer um vínculo obrigacional entre os mesmos
- Traços mais significativos dos direitos pessoais, para adiante serem confrontados com os dos direitos reais: partes determinadas, objeto obrigacional e garantia
Partes determinadas: credor e devedor são conhecidos
Objeto obrigacional: o dar, o fazer e o não fazer dizem respeito a coisas corpóreas e incorpóreas (ex.: locação e cessão de crédito)
Garantia: detém o credor a garantia genérica de cumprimento da obrigação, quer dizer, o patrimônio ativo do devedor (dívidas quirografárias), não se olvidando do sistema especial de garantias, que é pessoal (fiança e aval) e real (penhor, hipoteca e anticrese)
- Se a conceituação dos direitos pessoais é mais tranqüila, o mesmo não se dá relativamente aos direitos reais, para os quais há várias correntes doutrinárias, razão pela qual serão apresentadas apenas as duas mais importantes: teoria clássica (ou realista), e teoria personalista
Clássica ou realista: contrapõe-se ao conceito de direito pessoal (relação estabelecida entre credor e devedor), pois considera que o direito real é uma relação estabelecida diretamente entre o titular e a coisa, de modo a se criar um vínculo de submissão entre esta e aquele, já que, conceitualmente falando, sujeito de direito e objeto de direito não podem estabelecer relação jurídica entre si
Personalista: criada por Planiol, no Século XIX, afirma que esse vínculo de submissão entre o titular e a coisa é o mero resultado de uma relação jurídica anterior, estabelecida entre dois sujeitos de direito
Noutros termos, o direito real é uma relação jurídica estabelecedora de prerrogativa que incide diretamente sobre a coisa, criando um liame de subordinação entre a mesma e o titular
- O CC não adota nem uma nem outra doutrina, mas podem-se extrair elementos de ambas, como se vê dos arts. 1.226, 1.227, 1.228, caput, 1.390 e 1.417, exemplificativamente
E, fora dessa parte do CC, lembrar também como exemplo o direito de preferência, que assiste ao locatário, para adquirir o imóvel alugado, cuja natureza é pessoal ou real, conforme o caso (Lei nº 8.245/91, art. 33), dependendo da averbação ou não do contrato no CRI; se pessoal: conversão em perdas e danos (RCSE do art. 186), e, se real: desfazimento do negócio realizado entre o locador e o terceiro, e adjudicação do imóvel, mediante o pagamento do preço, tanto por tanto
- No nosso modo de sentir, o Direito contempla todo o fenômeno jurídico, sendo que cada parte daquele é focado em determinado instante, ou seja, um momento desse fenômeno; exs.: o contrato de compra e venda, do Direito das Obrigações, permite a aquisição da propriedade, após a tradição (481, 1.226 e 1.227), enquanto que o Direito das Coisas estuda os atributos da propriedade e os direitos do proprietário (1.228 e ss.)
- Daí é possível extraírem-se também os traços mais marcantes dos direitos reais, comparativamente aos direitos pessoais, acima examinados: partes, objeto e garantia
Partes: o titular do direito real é conhecido, ao passo que as prerrogativas incumbidas ao mesmo são exercíveis contra qualquer pessoa (sujeito passivo universal); já nos direitos pessoais credor e devedor são conhecidos
Objeto: o objeto dos direitos reais diz respeito à sujeição da coisa ao respectivo titular, como o que acontece, por exemplo, com a propriedade, o usufruto e as servidões, e quase que invariavelmente diz respeito a coisas corpóreas; já os direitos pessoais são marcados pelas obrigações de dar, fazer e não fazer, as quais dizem respeito a coisas corpóreas e incorpóreas
Garantia: os direitos reais por vezes se prestam a concretizar um dos sistemas especiais de garantia, as reais (penhor, hipoteca e anticrese); já nos direitos pessoais detém o credor a garantia genérica de cumprimento da obrigação, quer dizer, o patrimônio ativo do devedor (dívidas quirografárias)
C-) CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS:
	- Oponibilidade erga omnes: corrobora a idéia de sujeito passivo universal, já que pode ser invocado contra qualquer pessoa; exs.: preferência na locação cujo contrato foi averbado junto ao CRI, exercício do direito de propriedade, utilização da servidão
	- Direito de seqüela: prerrogativa atribuída ao titular consistente em reivindicar a coisa de quem quer que a detenha; exs.: proprietário esbulhado em sua posse, instituição financeira que empreende busca e apreensão do veículo alienado
	- Objeto: bens corpóreos ou incorpóreos, conceitualmente falando, mas na imensa maioria dos casos o objeto é tangível, podendo-se apenas pontuar os direitos reais cujo objeto é intangível, como o que sói ocorrer, exemplificativamente, com o penhor de direitos e a titularidade de linha telefônica
	- Numerus clausus: o rol é taxativamente definido pela lei (1.225), a cuja enumeração só se deve acrescentar a posse, também prevista pelo CC (1.196 e ss.); desse modo, não podem as partes, via contrato, criarem outros direitos reais a par dos já existentes, diferentemente do que acontece com os contratos, no direito obrigacional, que podem ser tanto nominados quanto inominados (425)
	- Passíveis de serem achados e abandonados: corolário de serem constituídos geralmente por coisas corpóreas; exs.: ocupar um imóvel, achar um bem móvel, descobrir um tesouro
	- Passíveis de prescrição aquisitiva: possibilidade de atribuição da propriedade decorrente da posse prolongada no tempo, aliada a outros requisitos, conforme o caso (usucapião)
	Pode-se adquirir servidão também, e não exatamente propriedade, através da usucapião
	- Passíveis de posse: o possuidor age como se dono fosse em relação a coisas corpóreas, se bem que seja igualmente cogitável falar-se em posse de direitos pessoais, como se verá adiante
22/02/13
A-) POSSE:
	- Talvez seja um dos conceitos mais tormentosos do DC, pelo que se faz necessária uma pequena digressão histórica acerca do assunto
	Nesse sentido, tradicionalmente são apresentadas as duas principais teorias a respeito do tema, que são de Savigny e Ihering, como se as mesmas formassem um contraponto perfeito uma em relação à outra, mas não é bem assim
	Na verdade, é preciso, historicamente falando, dar um passo atrás relativamente às duas doutrinas, bem como um passo adiante, a fim de se obter um quadro mais completo
	- O passo atrás: os romanos encaravam a posse de uma maneira bem simples, quer dizer, deveria estar presente a idéia de contato físico entre o possuidor e a coisa (elemento material)
	Por outras palavras, tratava-se de mero estado de fato, pelo que, se não se exercesse ostensivamente a condição de possuidor, não haveria se falar em posse
	E, a par desse elemento material, cumpriria existir também um elemento psíquico, qual seja, um liame psicológico pelo qual o possuidor havia a coisa para si, como se dono fosse, independentemente de ser ou não proprietário da mesma; noutros termos, o possuidor agia parecendo ser o dono
	Bem por isso já dizia o Digesto que “et adipiscimur possessionem corpore et animo: neque per se animo aut per se corpore” (e a posse é vislumbrada pelo corpo e pelo sopro: nem só pelo sopro ou só pelo corpo)
	OBS: Adipiscor: lit., alcançar com a mente; por ext., vislumbrar, conceber
	- Savigny: no começo do século XIX, retomou a concepção romana de posse, para dizer que a mesma é formada pelo corpus e pelo animus, designando, assim, seu fato exterior e seu fato interior
	Chamada de teoria subjetivista, porque contempla também o liame psicológico existenteentre o possuidor e a coisa, havendo aplicabilidade até os dias de hoje, como se vê no art. 1.196
	- Ihering: em meados do Século XIX, refutou tal dicotomização para definir a posse, afirmando que o fato exterior da posse (corpus) já englobava o fato interior (animus), porque o modo de proceder da pessoa já denota se a mesma age ou não como se dono fosse (animus domini)
	Denominada, então, teoria objetivista, mas o ganho conceitual veio com a observação abaixo
	Acrescentava, porém, que continuava havendo corpus ainda que o possuidor não estivesse exercendo poder físico imediato sobre a coisa; era uma concepção então inovadora de posse, ou seja, enquanto estado de direito, e não somente como mero estado de fato 
	Modernamente, designa-se isso como posse direta e indireta, tal como previsto no art. 1.197
	Exs.: contrato estimatório ou venda em consignação (art. 534), locação (art. 565 e Lei nº 8.245/91), comodato (art. 579), depósito (art. 627), propriedade fiduciária (art. 1.361), superfície (art. 1.369), servidões (art. 1.378), usufruto (art. 1.390), uso (art. 1.412), habitação (1.414), compromisso de compra e venda de imóvel (art. 1.417), penhor (1.431), anticrese (1.506)
Outros aplicativos: arts. 1.205, II e 1.224 (posse adquirida por terceiro e perda da posse para quem não estava presente)
	
	- O passo adiante: a teoria subjetivista experimentou uma evolução, no sentido de afirmar que tanto o corpus como o animus se estendiam também a coisas incorpóreas, o que só pode ser concebido mediante abstração conceitual, pois, do ponto de vista literal, como pode haver um fato exterior (corpus) relativamente a algo intangível?
	Evoluiu também para dizer que o corpus abrangia a possibilidade de exercer-se o contato físico sobre a coisa
	- Conclusão até aqui: as duas teorias, no final das contas, não se afastam tanto assim uma da outra, mas não se pode retirar o brilho da teoria objetivista, que verdadeiramente inovou acerca da matéria e provocou a evolução da teoria subjetivista
	- Postura do CC: adotou a teoria objetivista para conceitos fundamentais de posse (1.196 a 1.198) e a teoria subjetivista evoluída no que pertine à posse recainte sobre coisas incorpóreas (1.390 e 1.451)
B-) POSSE X PROPRIEDADE:
	- A posse, em suma, é marcada pela existência de um fato exterior revelado pela maneira como procede o possuidor, tomando a coisa como se sua fosse (1.196 c/c 1.228, caput)
	Isso significa, então, que o possuidor seja necessariamente o proprietário da coisa? Não, pois pode ser que seja ou não
	- A posse, assim, é um mero indicativo de propriedade, já que corresponde ao exercício fático de algum dos poderes atinentes à condição de proprietário
	Bem por isso é que se diz que a posse corresponde à exteriorização do domínio ou à condição de visibilidade do domínio (expressões de Ihering); exs.: locação de imóvel, comodato e usucapião
	Dizendo todas essas coisas em outros termos:
a-) através da posse pode eventualmente se chegar ao proprietário;
b-) todo aquele que é proprietário tem o direito de exercer a posse sobre a coisa, mas nem todo possuidor detém o direito de propriedade sobre a coisa;
c-) toda propriedade induz atos de posse, mas nem todos atos de posse fazem induzir a propriedade
C-) PROTEÇÃO POSSESSÓRIA:
	- Não se pode perder de vista, pois, que o exercício da posse não induz necessariamente em propriedade
Mas como a posse é condição de visibilidade do domínio, ou seja, como o possuidor aparentemente age como se dono fosse, a lei confere proteção à posse
Cumpre frisar, no entanto, que a lei protege a posse enquanto situação de fato, no intuito de gerar paz social e mitigar conflitos; a lei, desse modo, não protege o possuidor diretamente
- Instrumentos de proteção possessória:
a-) ações possessórias: reintegração de posse para o caso de esbulho, manutenção de posse para a hipótese de turbação, e interdito proibitório para a ameaça de esbulho ou turbação (art. 1.210, caput);
b-) ação de usucapião: uma vez preenchidos os requisitos legais, além de se proteger a posse, confere-se a titularidade do domínio ao possuidor ou a titularidade de servidão - prescrição aquisitiva – nos termos do art. 1.238 e ss.;
c-) ação de imissão na posse: discute-se a posse apenas indiretamente, a fim de se imitir o proprietário que jamais teve atos de posse;
d-) exercício de direito de retenção: faculdade atribuída ao possuidor de continuar na posse até ser indenizado por benfeitorias (art. 1.219)
- Todas essas figuras serão examinadas ao longo do curso de Direito das Coisas, com maior enfoque no direito material
D-) NATUREZA JURÍDICA DA POSSE E OUTROS ASSUNTOS:
	- Considera-se a mesma como direito real, em que pese não conste expressamente do rol do art. 1.225, e os fundamentos para tanto são esses:
	1-) como visto, não se cuida de mero estado de fato, mas também de estado de direito, como na posse indireta;
	2-) está disciplinada de maneira geral no Direito das Coisas;
	3-) vem prevista no art. 167, I, 21, da LRP (Lei nº 6.015/73), pelo que se apresenta cabível o registro de ações reais, aí incluídas as que discutem posse
	- Posse de direitos pessoais: ainda que reste assente a natureza jurídica da posse como sendo um direito real, a questão agora é saber-se se ela se estende também aos direito pessoais
	A resposta é afirmativa, se não houver outro meio de se proteger esses direitos pessoais
O que acontece, no entanto, é que geralmente há; o exemplo histórico advém de Rui Barbosa, que manejou ação possessória (reintegração de posse) visando ao retorno de servidor público ao seu posto de trabalho do qual houvera sido injustamente afastado
Conferiu à demanda o nome de “reintegração de posse ao emprego”, que depois se generalizou para todos os casos desse jaez, sendo denominada simplesmente de “reintegração ao emprego”, como se conhece até hoje
Seja como for, sempre existe a possibilidade conceitual de se estender a posse a direitos pessoais, como, por exemplo, a posse do estado de casados do art. 1.545, e a posse de todo o acervo hereditário até a partilha, aí incluídos direitos pessoais (art. 1.791, parágrafo único)
- Espécies de posse: um pequeno glossário acerca da mesma, o qual será utilizado durante o transcorrer do curso
1-) ius possidendi e ius possessionis: a primeira revela a relação entre a pessoa e a coisa decorrente de NJ anterior, ao passo que na segunda essa relação vem desacompanhada de NJ anterior; exs.: troca e posseiro
2-) posse direta e posse indireta (art. 1.197): apreensão física da coisa e possibilidade de a mesma ocorrer x direito à posse não perdido em virtude do contrato; exs.: locatário e locador
3-) posse simples e composse (art. 1.199): um só possuidor x mais de um possuidor; exs.: proprietário individual e cônjuges em relação a bem comum
4-) posse justa e injusta (art. 1.200): conforme não seja ou seja violenta, clandestina ou precária; assunto a ser aprofundado na próxima aula
Violenta: tomada à força
Clandestina: tomada às escondidas
Precária: não restituída a seu tempo quando decorrente de NJ anterior
5-) posse nova e posse velha (art. 924, CPC): conforme seja de menos de ano e dia, ou de mais de ano e dia
6-) posse de boa-fé e de má-fé (art. 1.201): a de boa-fé é a posse justa vista do ângulo subjetivo, ou seja, é de boa-fé a posse cujo possuidor desconheça os vícios que a acompanham (vis, clam et precario), no sentido de não saber que ela é violenta, clandestina ou precária; tal ocorre com certa freqüência quando da transmissão da posse de uma pessoa para outra
Já a posse de má-fé é a posse injusta, subjetivamente falando
7-) posse ad interdicta e posse ad usucapionem: é a posse que permite ao possuidor lançar mão dos interditos possessórios (art. 1.210) x posse que permite ao possuidor fazer uso da ação de usucapião (arts. 1.238 e 1.260 para aquisição de propriedade, e art. 1.379 para aquisição deservidão)
01/03/13
A-) QUALIFICAÇÃO DA POSSE:
	- Posse justa e injusta, consoante o art. 1.200: caracteres objetivos denotados pelos aspectos da violência, clandestinidade e precariedade
	Violenta: é a posse tomada à força, assim entendida a força empregada injustificadamente, pois o CC admite que o possuidor turbado ou esbulhado defenda sua posse sem se socorre do PJ
	Um dos poucos casos nos quais o titular pode exercer a autotutela de seus direitos (1.210, § 1º, hipótese de legítima defesa aplicada ao campo possessório, a qual constitui excludente de responsabilidade civil, nos termos do art. 188, I, 1ª parte)
Outro caso de autotutela é o da nunciação de obra nova, na qual o vizinho pode promover o embargo extrajudicial de obra para ratificá-lo posteriormente em juízo (CPC, arts. 934, I, e 935)
	Requisito da autotutela possessória: desde que o possuidor o faça logo, assim entendido antes da consolidação da situação fática
	Clandestina: é a posse tomadas às escondidas, no sentido de sê-lo em relação ao proprietário ou antigo possuidor; ou seja, para os vizinhos o apossamento pode ser público e notório, mas para o proprietário ou antigo possuidor será clandestino; é a inteligência do art. 1.224
	Precária: é a posse não restituída a seu tempo injustificadamente; exs.: término de locação, de comodato, de contrato de trabalho de caseiro
	Ou seja, implica na quebra de confiança e do princípio da boa-fé dos contratos
	A posse, no entanto, pode deixar de ser restituída justificadamente, o que se dá quando do exercício do direito de retenção (1.219)
	- Convalescimento da posse: circunstância pela qual a posse deixa de conter os vícios que a maculavam; quer dizer, de injusta passa a ser justa, independentemente de ser de boa-fé ou de má-fé (art. 1.208)
	Portanto, ainda que a posse seja originariamente violenta ou clandestina (injusta), ela deixa de sê-lo se cessarem a violência ou a clandestinidade (passa a ser justa)
	Quando cessam a violência ou a clandestinidade? Depois de ano e dia, vale dizer, no momento em que a posse deixa de ser nova e passa a ser velha (art. 924, CPC)
	Resumidamente, pode-se dizer que a posse velha convalida a posse injusta, tornando-a justa, se se tratar de posse originariamente violenta ou clandestina
	No entanto, o art. 1.208 não faz alusão à posse precária para fins de convalescimento, mas não se cuida de omissão que sugira a aplicação de interpretação extensiva
	É que a posse precária nunca se convalida em virtude da quebra de confiança acima aludida; desse modo, não cabe proteção possessória à posse precária, de modo que a única maneira de consertar a situação é tentar-se lançar mão de alguma forma de usucapião que não dependa de justo título e boa-fé (verificar nas aulas seguintes)
	- Posse de má-fé e de boa-fé: conforme se tenha ou não ciência de que é justa ou injusta (art. 1.201)
	Nesse ponto, o justo título faz presumir que o possuidor está de boa-fé (arts. 1.201 e 1.202); presunção relativa
	Justo título: é o título hábil para se conferir ou transmitir o direito à posse; ex.: outorga de escritura pelo aparente proprietário, locação firmada por possuidor em relação a terceiro
	Importância da distinção: justo título e boa-fé encurtam prazos de usucapião e efeitos possessórios relativos a frutos, benfeitorias, perda e deterioração da coisa (verificar depois)
B-) AQUISIÇÃO DA POSSE:
	- Consoante a regra do art. 1.204, adquire-se a posse desde que se viabilize algum dos poderes inerentes ao domínio, o que endossa o disposto no art. 1.196, já que possuidor é aquele que detém, de fato, algum desses poderes
	- Formas de aquisição: apreensão da coisa, exercício do direito, tradição, ex vi legis, constituto possessório e tradição de longa mão
	Apreensão da coisa: ato de assenhoreamento praticado unilateralmente pelo possuidor, o que se dá em relação a coisas abandonadas (res derelicta), coisas de ninguém (res nullius) e posse injusta (vis, clam et precario)
Exercício do direito: apreensão decorrente de negócio jurídico anterior que garanta o exercício possessório; exs.: locação, servidão de passagem
Tradição: apreensão decorrente do ato de transferência da coisa, passando de uma pessoa para outra, podendo ser real ou simbólica (efetiva ou simbolizada pela entrega das chaves de um carro, por exemplo)
Ex vi legis: por força de lei, o que se dá com a herança (art. 1.784)
Constituto possessório: dá-se quando o proprietário da coisa nela permanece, porém a outro título; ex.: proprietário de casa que a vende e lá continua morando agora como locatário
Tradição de longa mão: o inverso do constituto possessório, ou seja, quando o possuidor direto se torna proprietário da coisa
- Aquisição originária e derivada: posse adquirida sem a participação volitiva de outro possuidor antecedente (ato unilateral); posse transmitida de um possuidor a outro (ato bilateral)
Aplicando-se aos modos de aquisição acima vistos, tem-se que a apreensão da coisa é originária e os demais modos são derivados
Efeitos: na aquisição originária, se a posse anterior contiver vícios, tal não é considerado em relação ao novo possuidor, com a nota, entretanto, de que se a posse for tomada injusta e unilateralmente, ela nasce com esse vício
Já na derivada os caracteres da posse são sempre transmitidos de um possuidor a outro (arts. 1.203 e 1.206)
A diferenciação é importante para fins de determinação de espécies e qualificação da posse
- Aquisição a título universal e singular: deve-se entender como a aquisição de todos os bens ou de algum bem em particular; deve-se também pressupor sempre uma aquisição a título derivado
Nesse sentido, a sucessão universal sempre se dá mortis causa (herdeiro legítimo ou testamentário), ao passo que a singular se dá inter vivos ou mortis causa (adquirente ou legatário)
Sucessor universal: a posse é considerada ininterrupta antes e depois da morte do de cujus
Sucessor singular: duas posses são consideradas, uma antes e outra depois da sucessão
Eis a razão de ser do art. 1.207, que afeta os prazos para proteção possessória (ações possessórias e a de usucapião, principalmente)
- Posse por extensão: a do imóvel inclui a dos móveis naquele contidos; é a presunção relativa do art. 1.209
- Quem pode adquirir a posse: o próprio possuidor ou seu representante legal ou convencional (1.205, I); mediante gestão de negócios, desde que haja confirmação por parte do dono do negócio (1.205, II)
C-) PERDA DA POSSE:
	- Essa parte do CC (arts. 1.223 e 1.224) constitui claramente reminiscência da doutrina de Savigny, pois para Ihering se é possuidor até que outro o seja, haja vista que a posse é condição de visibilidade do domínio
	De qualquer forma, essa é mesmo a idéia básica contida no art. 1.223, ao condicionar a perda da posse à ausência de poder sobre a coisa
	- Modos de perda da posse:
abandono (contrário da apreensão)
tradição (já que também é modo de aquisição para a outra parte do NJ)
perda e destruição da coisa (perecimento total ou parcial do objeto, que deixa de existir)
- Perda da posse de direitos: assunto decorrente da teoria subjetivista evoluída, a qual estendeu a posse a coisas incorpóreas (ou direitos pessoais)
Cuida-se da impossibilidade do exercício ou do não uso
Impossibilidade do exercício: pode ser física ou jurídica
A física é natural ou provocada, como o que ocorre com um aqueduto soterrado ou tapado por outrem; a jurídica decorre de circunstância formal que implica em solução de continuidade do exercício do direito; ex.: desapropriação de ações de determinada sociedade
Não uso: ato análogo ao do abandono de coisas corpóreas, como o que acontece, por exemplo, com a falta de exercício do direito a uma servidão predial por determinado período, que o extingue (1.389, III)
- Caso do art. 1.224: perda da posse para quem não está presente à mesma, a qual se configura com a negligênciado possuidor esbulhado (que se abstém de retomar a coisa depois de cientificado do fato) ou quando o mesmo é repelido por conta da tentativa de retomar a posse
08/03/13
A-) EFEITOS DA POSSE:
	- São as conseqüências de cunho jurídico advindas da posse, mas o assunto não se esgota com a matéria assim titulada no CC (1.210 a 1.222), pois há outros efeitos espalhados pela legislação
	Eis os efeitos da posse: autotutela da posse, interditos possessórios, servidões, frutos, responsabilidade civil, benfeitorias, outras ações de caráter possessório, usucapião e outros efeitos
B-) AUTOTUTELA DA POSSE:
	- Possibilidade de o possuidor defender, por seus próprios meios, a posse turbada ou esbulhada (1.210, § 1º)
	Trata-se de um aplicativo do conceito de legítima defesa aplicado ao campo da posse (art. 188, I, 1ª parte), posto se tratar de excludente de responsabilidade civil, salvo a regra do art. 930
	Requisitos da autodefesa: imediatidade e proporcionalidade
Imediatidade: da reação do possuidor turbado ou esbulhado (é o “contanto que faça logo” da lei)
Proporcionalidade: dos meios empregados na autodefesa, sob pena de se responder pelo excesso doloso ou culposo (é o “não podem ir além do indispensável” do CC)
C-) INTERDITOS POSSESSÓRIOS:
	- São as ações possessórias no sentido mais tradicional, sendo todas são de rito especial de jurisdição contenciosa
Tratam-se:
da ação de manutenção de posse (para o caso de turbação);
da ação de reintegração de posse (para a hipótese de esbulho); e
do interdito proibitório (para a ameaça de turbação ou de esbulho)
- Características gerais das três ações:
Discussão posse x domínio: saber-se se em uma ação possessória pode-se ou não discutir a quem pertence o domínio da coisa
A idéia básica apontaria para a resposta negativa, já que a posse é exteriorização do domínio, sua condição de visibilidade, correspondendo ao exercício, de fato, de algum dos poderes inerentes àquele
Assim, em ações possessórias só haveria se discutir quem deve ou não permanecer na posse da coisa (art. 1.210, caput)
Cumpre, porém, atentar para o disposto no art. 1.210, § 2º, e na Súmula nº 487, do STF: é a chamada exceção de domínio, ou seja, argüição baseada na alegação de domínio sobre a coisa
O que acaba ocorrendo na prática é que na geralmente na fase inicial das ações possessórias discute-se apenas a posse para fins de preservação da paz social (até porque as mesmas contêm a possibilidade de concessão de liminar), enquanto que quando da prolação da sentença usualmente se leva em consideração a alegação de domínio
Ano e dia: discussão sobre o fato de a posse ser de mais ou menos de ano e dia (posse velha ou nova), havendo dois efeitos, quais sejam, um de direito material e outro de direito processual
Efeito material: convalescimento da posse (art. 1.208), examinado na aula passada
Efeito processual: rito especial para posse nova e rito ordinário para posse velha (art. 924, CPC), mas hoje o problema resta mitigado em função da antecipação de tutela (art. 273, CPC)
Pedido: regra geral, o pedido é certo e determinado, interpretando-se-o estritamente (arts. 286 e 293, CPC), mas nas ações possessórias isso não tem pertinência, já que a situação fática pode mudar de uma hora para outra, de sorte que tanto faz pedir-se manutenção, reintegração ou interdito proibitório (art. 920)
Cumulatividade com outras pretensões, sem que se tenha de abrir mão do rito especial (art. 292 x art. 921, CPC)
Caráter dúplice: se o réu tiver alguma pendência possessória em relação ao autor, não precisa de reconvenção, de ação autônoma ou de pedido contraposto; diferentemente, aduz suas pretensões na própria contestação (art. 922, CPC), o mesmo se dando na ação de desapropriação
Liminar: concessão nos termos do art. 928, do CPC, ou seja, sem justificação prévia (inaudita altera pars) ou com justificação prévia (mediante designação de audiência)
	
	- Características específicas das três ações:
	Manutenção de posse: possuidor conserva a posse, mas a mesma está sendo turbada em seu exercício; essa turbação é atual, pois, se já ultimada, cabe apenas reparação por perdas e danos
	Reintegração de posse: possuidor perde a posse, deixando de conservá-la, e procura remediar a situação com a mencionada demanda
	Interdito proibitório: corresponde ao justo receio de o possuidor ser turbado ou esbulhado, podendo-se arbitrar uma multa para o caso de transgressão
Trata-se da defesa preventiva da posse e, caso a ameaça se concretize, a ação se converte em manutenção ou reintegração de posse
	
D-) SERVIDÕES:
	- O estudo das servidões se dará mais detalhadamente no segundo semestre, mas, de maneira geral, trata-se da utilidade proporcionada por um imóvel relativamente a outro (art. 1.378), como o que acontece, por exemplo, com a servidão de passagem
	As servidões (básica, porém não exclusivamente) são de duas categorias, as quais podem se combinar entre si: aparentes ou não aparentes (com ou sem obras exteriores) e contínuas ou descontínuas (dependentes ou não de ação humana)
	Há proteção possessória para as servidões aparentes, contínuas ou descontínuas (art. 1.213), de vez que nas não aparentes não há a exteriorização do domínio
- Porém, como visto, pode-se falar em posse ad interdicta e posse ad usucapionem
A primeira é a posse que permite ao possuidor lançar mão dos interditos possessórios (art. 1.213)
As ações possessórias, ademais, voltam-se à proteção das servidões aparentes, salvo justo título, nos termos art. 1.213; demais disso, a Súmula nº 415, do STF, considera aparente servidão de trânsito para fins de proteção possessória (porque a mesma é descontínua, ou seja, não é utilizada a todo momento, o que poderia descaracterizar a posse ininterrupta, mansa e pacífica)
A segunda é a posse que permite ao possuidor fazer uso da ação de usucapião relativamente à aquisição de servidões (art. 1.379), mas ela deve ser aparente, com a nota da mencionada súmula
Com justo título e boa-fé: prazo de 10 anos, reduzível a 05 no caso do art. 1.242, parágrafo único; sem isso, 20 anos
E-) FRUTOS:
	- São coisas acessórias (arts. 92 e 95), podendo se apresentar como naturais, industriais ou civis; e quanto à percepção, são pendentes, percebidos, estantes, percipiendos e consumidos
	Quanto aos efeitos possessórios, o assunto é abordado no art. 1.214 a 1.216, e a lei confere, regra geral, os frutos ao possuidor de boa-fé, respondendo o possuidor de má-fé, por outro lado, por todos os frutos, inclusive os percipiendos
F-) RESPONSABILIDADE CIVIL:
	- Efeito da posse concernente especificamente à perda ou deterioração da coisa, o que dependerá se trate de possuidor de boa-fé ou de possuidor de má-fé
	Boa-fé (art. 1.217): possuidor responde por culpa lato sensu (RCSE) 
	Má-fé (art. 1.218): possuidor responde objetivamente (RCO), ainda que o evento ocorra por caso fortuito ou força maior, salvo se provar que o dano ocorreria de qualquer modo, mesmo que a coisa estivesse na posse de outrem
G-) BENFEITORIAS:
	- Obra ou melhoramento levada a efeito pela vontade humana, nos termos do art. 97, podendo ser de três espécies, de acordo com o art. 96, ou seja, necessárias, úteis e voluptuárias; exs.: respectivamente, reforma no telhado ou encanamento; cobrir a garagem ou fazer uma entrada nova; fazer um jardim ou construir uma piscina
	Reflexos no estudo da posse (art. 1.219 a 1.222) e na locação (arts. 35 e 36, da Lei nº 8.245/91)
	Posse de boa-fé: necessárias e úteis, indenizáveis independentemente de autorização, com possibilidade de direito de retenção; já as voluptuárias não são indenizáveis, mas podem ser levantadas, se possível
	Posse de má-fé: só as necessárias são indenizáveis, mas sem direito de retenção; as úteis não são indenizáveis e não há direito de retenção; as voluptuárias não são indenizáveis e também não podem ser levantadas- Há reflexos igualmente na locação (arts. 35 e 36, da Lei nº 8.245/91), como mencionado, os quais são um pouco diferentes do que os da posse em geral
	Necessárias: realizáveis sem autorização do locador + indenizáveis + retenção; úteis: indenizáveis, se previamente autorizadas + retenção; voluptuárias: não indenizáveis, mas podem ser levantadas
	OBS: contrato pode dispor em contrário e tal não implica em falta de validade do mesmo, consoante a Súmula nº 335, do STJ
H-) OUTRAS AÇÕES DE CARÁTER POSSESSÓRIO:
	- Também consideradas desse modo, em função de se poder argüir a posse como fundamento das mesmas
	Trata-se da ação de nunciação de obra nova, dos embargos de terceiro e da imissão de posse
	- Nunciação de obra nova: consiste no direito de se impedir a edificação de obra que desatenda aos ditames legais (procedimento especial de jurisdição contenciosa, CPC, art. 934 a 940)
	Legitimados para essa demanda: proprietário, condômino, Município e possuidor; quer dizer, este último não guarda relação de domínio sobre a coisa (proprietário ou condômino), nem de vigilância (Município), mas pode defender sua posse “a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado” (art. 934, I, CPC)
	Nota distintiva dessa ação: possibilidade de embargo extrajudicial da obra, mediante ratificação em juízo posteriormente (art. 935, CPC), tema igualmente já examinado na aula passada
- Embargos de terceiro: outra ação de procedimento especial de jurisdição contenciosa, CPC, art. 1.046 a 1.054, por meio da qual aquele que não é parte na ação defende sua propriedade ou posse contra atos de constrição judicial que recaiam sobre seus bens
Atos de constrição: penhora, arresto, seqüestro, alienação judicial, etc, ou seja, atos judiciais que impedem o pleno exercício do direito de propriedade ou da posse, importando na turbação ou no esbulho possessório, de modo que o possuidor pode defender sua posse através do remédio aos embargos de terceiro (CPC, arts. 1.046 e 1.047)
A ação recebe esse nome porque é promovida por quem não é parte no processo, exceto o caso do art. 1.046, §§ 2º e 3º
- Imissão de posse: era catalogada como ação possessória no CPC de 1.939, que antecedeu o atual, de 1.973, e se destinava a fazer com que o adquirente entrasse na posse da coisa adquirida
Noutros termos, por intermédio dessa ação não se defendia posse alguma; diferentemente, buscava-se a aquisição da posse pela primeira vez através de comando judicial, para o adquirente de determinado bem
Atualmente, cuida-se de ação de rito comum, cuja imissão de posse se pode pleitear via antecipação de tutela
Não confundir com a imissão na posse, que é um incidente em execução para entrega de coisa certa imóvel (art. 625, CPC)
I-) USUCAPIÃO:
	- Não se trata de ação de cunho possessório, mas seja qual for a espécie de usucapião (assunto a ser abordado no segundo semestre), sempre haverá um ponto em comum: invariavelmente ela se baseia na posse prolongada da coisa (posse ad usucapionem)
	A usucapião se presta à aquisição da propriedade ou de servidão (arts. 1.238 e 1.260 para aquisição de propriedade, e art. 1.379 para aquisição de servidão)
J-) OUTROS EFEITOS:
	- Podem ser encontrados muitos outros efeitos da posse, se se vasculhar a legislação em vigor, podendo os mesmos, portanto, ser enumerados à exaustão
	Por exemplo, um autor francês (Tapia), analisando a legislação de seu país em determinada época, catalogou 72 efeitos da posse
	- Longe disso, apenas enumerar-se-ão alguns efeitos, à guisa de exemplificação
	Desapropriação: prevista na legislação esparsa, onde se permite a imissão provisória na posse como incidente processual, após o depósito da oferta inicial pelo poder público (Lei nº 3.365/41)
	Responsabilidade civil pela guarda de animais: responde eventualmente o possuidor ou até mesmo o detentor do animal (art. 936)
	Responsabilidade civil pela queda e arremesso da coisa (de effusis et dejectis): é de quem habita um prédio, ou seja, pode ser o mero possuidor (art. 938)
	Evicção: possuidor tem direito de regresso contra o alienante (art. 447 e ss.)
	Compra e venda: proibição para determinadas situações nas quais há de dever de guarda e administração (art. 497)
	Abertura de sucessão: com a morte, a posse dos bens é transmitida aos herdeiros (arts. 1.784 e 1.791, parágrafo único)
	Casamento: administração de bens particulares de um cônjuge por outro (arts. 1.651 e 1.652)
15/03/13
A-) INTRODUÇÃO:
	- Encerrados os temas atinentes à posse, é de se voltar a atenção agora para a propriedade
	Antes, contudo, mencione-se figura distinta das duas, a detenção, aludida no art. 1.198, como o que ocorre, v.g., com o caseiro em relação à propriedade de que toma conta; por estar nessa condição, não chega a ser possuidor
	Bem por isso é que, quando demandado como proprietário ou possuidor, pode se valer do instituto da nomeação à autoria, nos termos dos arts. 62 e 63, do CPC:
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.
- Já a origem da propriedade, enquanto mero fato social, está ligada a tempos imemoriais, provavelmente anteriores ao próprio Direito
	De fato, a propriedade é antes de tudo um sentimento atávico, quer dizer, um desejo do ser humano de se assenhorear das coisas, o que pode ser denotado até com crianças
	- Já a concepção jurídica de propriedade varia de legislação para legislação, mas sempre existiu, ainda que mesmo na antiga URSS, já que a propriedade privada era permitida relativamente a bens de pequeno valor, ao passo que o mais consistia em propriedade coletiva, pertencente formalmente ao Estado
	Outra nota distintiva é que a concepção jurídica de propriedade também é tributária de determinado momento histórico, como o que se pode verificar no CC Francês, o qual chega a falar que se pode agir em relação à coisa da “maneira mais absoluta”, o que conceitualmente é um contrassenso, porquanto o absoluto não é mais nem menos
	No entanto, a explicação reside no fato de que aquele é de 1.804, ou seja, um pouco posterior à Revolução Francesa de 1.789, que acabou com o regime feudal para privilegiar a nova classe emergente, a burguesia
	- No Brasil, a CF e o CC consagram a propriedade privada, mas a condicionam à sua função econômica e social, consoante se vê, respectivamente, nos arts. 5º, XXII e XXIII, e 1.228, § 1º
	Ou seja, essa construção conceitual demonstra que, por um lado, o Estado garante o direito à propriedade privada; porém, por outro lado, exige-se o exercício responsável desse mesmo direito
B-) CONCEITO:
	- Os textos legais e doutrinários curiosamente não costumam definir a propriedade em si mesmo considerada; diversamente, apenas mencionam os atributos da propriedade, o que, por sua vez, traduzem-se nos direitos do proprietário
	As exceções ficam por conta de Clóvis Beviláqua e Lafayette, apud Caio Mário da Silva Pereira e Sílvio Rodrigues, respectivamente
	- Etimologicamente, proprietas é a qualidade própria de alguma coisa, de sorte a se poder dizer, numa primeira instância de idéias, que a propriedade é aquilo que pertence a alguém
	Mais precisamente, é o poder jurídico de se incorporar bens e direitos à esfera do patrimônio do respectivo titular, ou, de outra maneira, é a prerrogativa que confere a possibilidade da titularidade acerca de bens e direitos
	Será justamente a propriedade, o principal dos direitos reais, que ensejará o nascimento de um vínculo de submissão entre os bens e direitose os donos respectivos, razão de ser da redação do art. 1.225 e seus incisos, notadamente o I
C-) ATRIBUTOS DA PROPRIEDADE:
	- Previstos no art. 1.228, caput, com o complemento advindo do art. 1.314, caput, de sorte que incumbe ao proprietário o direito de usar, gozar, dispor, reaver e gravar a coisa
	- Usar: direito atribuível ao proprietário de utilizar a coisa como bem lhe aprouver, respeitados, é claro, os direitos de terceiros e a função social da propriedade
	Em essência, é o direito de o proprietário servir-se da coisa
	- Gozar: direito à percepção dos frutos gerados pela coisa, que pertencerão a terceiros apenas quando a lei ou o contrato dispuserem a respeito (art. 1.232)
- Dispor: faculdade de o proprietário alienar a coisa (vender, doar, trocar, dar em pagamento), ressalvados os casos de fraude contra credores e de legitimação (ex.: casamento e venda de ascendente para descendente)
- Reaver: figura que abrange a defesa da propriedade contra terceiros, seja na defesa da posse da coisa, seja na do título dominial da mesma
Defesa da posse da coisa: ações possessórias (aulas passadas)
Defesa do título dominial da coisa: consubstanciada na ação reivindicatória, na qual se discute o próprio título dominial, como o que ocorre, por exemplo, na evicção, onde o evictor (terceiro) prova ser o verdadeiro dono em relação ao evicto (adquirente), que fica apenas com direito de regresso contra o alienante
- Gravar: possibilidade de serem impostos gravames sobre o bem de sua titularidade, visando a diversas finalidades:
1-) exploração do direito de construir e plantar (superfície)
2-) constituição de serventia de um imóvel relativamente a outro (servidão)
3-) instituição de uso e/ou gozo da coisa (usufruto, uso e habitação)
4-) garantia de débito (penhor e hipoteca)
5-) pagamento de dívida (anticrese)
D-) PROPRIEDADE PLENA E LIMITADA:
- Conceitos advindos do art. 1.231, sendo um expresso (plena) e outro implícito (limitada)
- Plena: propriedade cercada de todos os seus elementos constitutivos, donde o proprietário poder usar, gozar, dispor, reaver e gravar a coisa livremente
- Limitada: propriedade gravada com algum ônus, tolhendo, assim, seu pleno exercício
Esse ônus, por seu turno, pode ser de índole temporal ou jurídica
Temporal: propriedade resolúvel, ou seja, a propriedade limitada no tempo por estar sujeita a condição resolutiva (art. 1.359 e ss.), assunto a ser examinado no segundo semestre, com a nota de que a propriedade fiduciária (móvel e imóvel) constitui espécie da propriedade resolúvel
No Direito das Sucessões, o fideicomisso igualmente é exemplo de propriedade resolúvel (art. 1.951 e ss.)
Jurídica: propriedade limitada pela existência de um gravame, o qual visa às diversas finalidades apontadas acima:
1-) superfície (art. 1.369 e ss.)
2-) servidão (art. 1.378 e ss.)
3-) usufruto, uso e habitação (art. 1.390 e ss.)
4-) penhor e hipoteca (art. 1.419 e ss.)
5-) anticrese (art. 1.506 e ss.)
E-) EXTENSÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE:
	- Análise das dimensões corporais da propriedade, assunto que só faz sentido em se tratando de imóveis, já que os bens móveis não causam problemas relativamente à definição de seus contornos e à possibilidade de utilização
	Sendo assim, cumpre saber-se até onde se estende o domínio relativo a um imóvel, seja no plano horizontal como no vertical
	- Horizontal: limites da propriedade imóvel, o que compreende sua demarcação no solo e, conseqüentemente, confrontação com outros imóveis ao redor
	Por vezes o tema se torna conflituoso, o que pode gerar a chamada ação demarcatória, a ser examinada posteriormente
- Vertical: segundo a tradição romana, nessa perspectiva a propriedade se estendia literalmente desde os infernos até as estrelas (usque ad inferos et usque ad sidera)
O CC manteve essa tradição, mas limitou o exercício do domínio ao interesse do dono e à utilidade do aproveitamento (art. 1.229)
A falta de interesse do dono, por exemplo, acontece na construção de metrô e rota de aviões
Utilidade do aproveitamento: plantação, alicerce de obra, poço artesiano ou semi-artesiano, instalação de antena, construção de torre de caixa d’água
- Exceções quanto aos limites verticais: as preconizadas pelo art. 1.230, as quais fazem coro com o disposto nos arts. 20, IX, e 176, caput, CF (recursos hídricos e minerais, e monumentos arqueológicos)
Referidos bens são de propriedade da União, a qual pode conceder a exploração econômica a particulares, sendo que o proprietário do solo recebe apenas royalties em função disso
F-) CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE:
	- Historicamente, todas elas se mostravam intocáveis, mas ao longo dos séculos foram relativizadas
	Diz-se, nesse sentido, que o direito de propriedade é absoluto, exclusivo e perpétuo
	- Absoluto: denota o poder que o dono detém sobre a coisa, decorrente do vínculo de submissão dela àquele
	Consiste na prerrogativa de o dono proceder em relação à coisa como bem lhe aprouver, mas, modernamente, tal é limitado à noção do exercício responsável do direito de propriedade
	Daí as limitações do art. 1.228, § 1º usque 5º
	§ 1º: função econômico-social da propriedade
	§ 2º: abuso de direito
	§ 3º: desapropriação levada a efeito pelo Poder Público
	§§ 4º e 5º: posse-trabalho (espécie de expropriação privada)
- Exclusivo: prerrogativa prevista no art. 1.231, significando duas coisas
Primeiro, que o proprietário pode agir em relação à coisa sem depender de ninguém para tanto
Depois, que duas ou mais pessoas podem ser donas da mesma coisa (cada uma com direito a fração ideal dela), mas jamais serão tratadas como se fossem uma só pessoa; noutros termos, cada pessoa é dona da sua coisa (só um dono) ou de fração ideal correspondente a ela (mais de um dono)
Exs.: imóvel pertencente a 5 pessoas, cada qual com direito a fração ideal correspondente a 1/5; se uma delas é casada e a fração se comunica com o cônjuge, esse 1/5 é fracionado entre marido e mulher, de sorte que compete 1/10 a cada qual
Em suma, o direito do proprietário é sempre exclusivo, ainda que se trate de co-propriedade
- Perpétuo: denota que a propriedade mantém-se nas mãos do proprietário indefinidamente, por prazo indeterminado, só se extinguindo pela sua morte, alienação ou perecimento da coisa
Por óbvio não se pode levar isso em conta literalmente, já que a propriedade também cessa por outros motivos, como a desapropriação e a propriedade resolúvel, por exemplo
22/03/13
A-) DESCOBERTA:
	- Instituto voltado ao procedimento a ser adotado na hipótese de se achar coisa móvel perdida.
	Sendo conhecido o dono ou possuidor, ao mesmo será entregue a coisa; em não se conhecendo o mesmo, à delegacia de polícia (art. 1.233).
	O problema jurídico diz respeito ao estado de espírito de quem acha a cosia, pois se o mesmo se assenhorear dela, cuida-se de ocupação, que é um modo de aquisição de domínio de bens móveis (art. 1.263).
	- Notas distintivas:
	1-) direito de recompensa ao descobridor + reembolso de despesas de transporte e conservação (art. 1.234);
	2-) delegado de polícia deve dar conhecimento da descoberta através dos meios de comunicação + expedição de editais (art. 1.236);
	3-) alienação em hasta pública, caso ninguém se apresente reclamando a coisa (art. 1.237, caput);
	4-) descobridor responde em relação aos prejuízos causados à coisa, se proceder com dolo (art. 1.235);
	5-) pode se transformar em fonte de aquisição dominial, se o Município não desejar ficar com a coisa (art. 1.237, parágrafo único).
B-) POSSE-TRABALHO:
	- Expressão criada por Miguel Reale, atinente à hipótese do art. 1.228, §§ 4º e 5º.
	Por outra ótica, cuida-se, em linguagem livre de técnica, de espécie de expropriação privada, pois há uma alienação forçada (contra a vontade do dono), ocorrendo, no entanto, que o proprietárionão passa a ser o Poder Público, e sim particulares.
	Também não é usucapião, porquanto nesta o possuidor não paga ao proprietário pela aquisição dominial.
Outros aplicativos desse instituto se encontram nos arts. 1.255, parágrafo único, e 1.258, parágrafo único, a serem examinados no decorrer da aula.
	Em suma, cuidam-se de aquisições a título derivado.
C-) AQUISIÇÃO DA PROPRIDADE IMÓVEL:
	- Após tratar da propriedade em geral, passa o CC a cuidar, de um lado, da propriedade imóvel, e, de outro, da móvel.
	- Cumpre primeiramente, entretanto, separar idéias que muitas vezes são confundidas, quais sejam, os modos de aquisição da propriedade, as fontes de aquisição da propriedade, e a oficialização da aquisição da propriedade.
	- Modos de aquisição da propriedade: formas pelas quais se adquire a propriedade, quais sejam, originário ou derivado, universal e singular, e inter vivos ou mortis causa.
	1-) Originário ou derivado:
	Originário: é a aquisição que se dá independentemente do estado jurídico anterior da coisa, sem a intermediação de ninguém; é como se o primeiro proprietário da coisa fosse aquele que a está adquirindo.
	Em essência, não se forma relação de causalidade entre o domínio anterior e o posterior; exs.: usucapião (móveis e imóveis), ocupação (móveis).
	Derivado: é a aquisição que se dá tendo por base um ato translativo de domínio, ou seja, com a intermediação de alguém.
	Em suma, forma-se uma relação de causalidade entre o entre o domínio anterior e o posterior; exs.: compra-e-venda, herança.
	Conseqüências: vícios ou limitações são transmitidos ao próximo dono ou não (derivado e originário, respectivamente); exs.: evicção e hipoteca.
	Daí a razão de ser das certidões imobiliárias de quinze anos (15 anos = usucapião de maior prazo; 10 anos = maior prazo de prescrição).
	2-) Universal ou singular:
	Universal: transmissão de todo um patrimônio; ex.: sucessor a título universal quando do falecimento do autor da herança (herdeiros legítimos e herdeiros testamentários).
	Singular: transmissão de um bem especificamente considerado; exs.: compra-e-venda e legado.
Conseqüências: a sucessão universal só se dá mortis causa (herdeiro legítimo ou testamentário), ao passo que a singular se dá inter vivos ou mortis causa (adquirente ou legatário).
Sucessor universal: a posse é considerada ininterrupta antes e depois da morte do de cujus; sucessor singular: duas posses são consideradas, uma antes e outra depois da sucessão.
Eis a razão de ser do art. 1.207.
3-) Inter vivos ou mortis causa:
Conforme a aquisição se opere por ato entre vivos ou em função da morte de alguém; exs.: troca e herança.
- Fontes de aquisição da propriedade: aqui se discute de onde a propriedade se origina, assim como ocorre, analogamente falando, com as fontes da responsabilidade civil e com as fontes de interpretação do Direito.
Enfim, determina-se a origem factual da propriedade, o que lhe dá ensejo, com a nota de que a doutrina em geral denomina essa matéria como modos de aquisição da propriedade.
Propriedade imóvel: usucapião, transcrição do título e acessão (art. 1.238 a 1.259); casamento com comunhão universal (art. 1.667); e direito hereditário (art. 1.784).
Propriedade móvel: descoberta (art. 1.237, parágrafo único), usucapião, ocupação, tesouro, tradição, especificação e comistão (art. 1.260 a 1.274); casamento com comunhão universal (art. 1.667); e direito hereditário (art. 1.784).
- Oficialização da aquisição da propriedade: atenta para a formalização da aquisição do domínio.
Quer dizer, verificada uma das fontes de aquisição, mediante alguma de suas formas de aquisição, deve a mesma, em determinadas hipóteses, ser comunicada oficialmente junto ao órgão competente.
Trata-se, portanto, de mera comunicação da aquisição anteriormente ocorrida, ou seja, já se adquiriu a propriedade, apenas ir-se-á comunicá-la ao órgão competente.
Propriedade imóvel: usucapião e acessão; casamento com comunhão universal; direito hereditário.
Propriedade móvel: automóveis e embarcações.
OBS: tocantemente à transcrição do título por ato inter vivos, lembrar que os contratos não possuem força jurídica para transmitir a propriedade, como o que acontece, por exemplo, na compra e venda (art. 481), que apenas cria as obrigações de transferir o domínio e de pagar o preço.
A transferência da propriedade só se dá com um fator de eficácia externo ao NJ em causa, a chamada tradição, que no caso dos imóveis é denominada de transcrição do título junto ao CRI (arts. 1.227 e 1.245).
D-) AQUISIÇÃO DA PROPRIDADE IMÓVEL:
- Vejam-se, a seguir, as fontes de aquisição da propriedade imóvel, quais sejam, acessão, transcrição do título e usucapião (art. 1.238 a 1.259); casamento com comunhão universal (art. 1.667); e direito hereditário (art. 1.784).
E-) ACESSÃO:
- Antes, recordar da noção de bens imóveis: são os que não podem ser levados de um lugar a outro sem se alterar a sua natureza, podendo ser de quatro categorias.
Por sua natureza: os definidos no art. 79, 1ª parte, abrangendo também o espaço aéreo e o subsolo correspondentes (art. 1.229), mas, nesse caso, limitados à utilidade do uso.
Riquezas minerais, potencial hidráulico e sítios arqueológicos são de propriedade da União (art. 1.230), e sua exploração econômica depende de concessão da mesma.
Por acessão natural (ou força horizontal): os previstos no art. 79, 2ª parte, ou seja, circunstância pela qual uma coisa adere a outra naturalmente, sem a presença de elemento intencional; exs.: vegetação nativa e os fatores do art. 1.248 a 1.252.
Por acessão artificial (ou força vertical): previstos também no art. 79, 2ª parte, i.e., circunstância pela qual uma coisa adere a outra com a presença de elemento intencional; exs.: maquinários e equipamentos instalados em uma fazenda ou indústria, construções e plantações (art. 1.253 a 1.259).
Todos os bens dessa classe podem ser mobilizados a qualquer momento, desde que a remoção não importe em sua destruição (art. 81).
Ex vi legis: os estabelecidos no art. 80, vale dizer, os direitos reais relativos a imóveis (art. 1.225 + posse), e a sucessão aberta (arts. 1.784 e 1.793).
	- A melhor definição acerca do instituto da acessão continua sendo de Orlando Gomes: “é o aumento do volume ou do valor do objeto da propriedade, devido a forças externas”.
	Aumento de volume (natural ou horizontal): decorrente de formação de ilhas, de aluvião, de avulsão ou de abandono de álveo (art. 1.248 a 1.252); assunto de pouca utilidade prática, até porque há legislação específica a respeito (Código de Águas, Decreto nº 24.643/34, e Política Marítima Nacional, Decreto nº 1.265/94).
	Ilhas: formações de terra surgidas no álveo de rios.
	Aluvião: são os acréscimos de terra que sucessiva e imperceptivelmente se destacam dos rios para se agregar a terrenos ribeirinhos.
	Avulsão: são os acréscimos de terra que se destacam de um imóvel em decorrência de força súbita, vindo a se alojar em outro imóvel.
	Álveo abandonado: ocorre quando o rio abandona naturalmente seu antigo curso.
	Aumento de valor (artificial ou vertical): decorrente de construções ou plantações feitas pelo ser humano (art. 1.253 a 1.259).
	Regra geral, toda construção ou plantação se presume feita pelo dono, até prova em contrário (art. 1.253); tal presunção relativa decorre dos atributos do domínio examinados no art. 1.228, caput.
	Regras complementares:
1-) construção ou plantação feita em imóvel de que se é dono, mas com materiais ou sementes alheios (art. 1.254);
Efeito: dono do imóvel deve apenas indenizar o dono dos materiais ou sementes do valor dos mesmos e eventuais perdas e danos, se agir de má-fé; ou seja, o dono do imóvel adquire a propriedade dos materiais ou sementes, que se incorporam ao seu terreno e em imóveis se transformam.
2-) construção ou plantação feita com materiais ou sementes próprios, mas em imóvelalheio (art. 1.255, caput).
Efeito: dono dos materiais ou sementes só tem direito a se ver indenizado do respectivo valor, se tiver agido de boa-fé.
3-) construção ou plantação feita com materiais ou sementes próprios, mas em imóvel alheio, cujo valor se sobreponha ao do próprio imóvel (art. 1.255, parágrafo único);
Efeito: dono materiais ou sementes pode adquirir a propriedade do imóvel, se tiver agido de boa-fé e indenizar o dono do mesmo; outro aplicativo da posse-trabalho (ou “expropriação privada”).
4-) construção ou plantação feita mediante má-fé de ambas as partes, proprietário e obreiro: dono do imóvel adquire a propriedade de tudo e indeniza apenas o valor das construções ou plantações (arts. 1.256 e 1.257).
5-) construção que invade até 5% de imóvel alheio: adquire-se a parte do imóvel invadido, mediante indenização cabal, desde que se tenha agido de boa-fé (art. 1.258, caput); se se laborou com má-fé, a solução é idêntica, mas a indenização é majorada em 10 vezes (art. 1.258, par. único).
Mais um exemplo de posse-trabalho (ou “expropriação privada”).
29/03/13
FERIADO
	
05/04/13
A-) AQUISIÇÃO DA PROPRIDADE IMÓVEL (CONTINUAÇÃO):
	- Vistas as seguintes modalidades: acessão, de um lado, e construções e plantações, de outro.
Agora, o restante: usucapião (1.238 a 1.244); casamento com comunhão universal (1.667); direito hereditário (1.784); e transcrição do título (1.245).
B-) USUCAPIÃO:
	- Etimologicamente, significa adquirir pelo uso.
Trata do fator tempo influenciando nas relações jurídicas, tal qual ocorre com a prescrição e a decadência, nas quais esse mesmo fator (denominado prazo para se ajuizar a ação) extingue a pretensão ou o próprio direito material.
	Bem por isso costuma-se designar a prescrição e a decadência como prescrição extintiva de modo geral, ao passo que a usucapião de prescrição aquisitiva.
	- Abrangência da usucapião: bens imóveis, bens móveis e servidões.
	Agora, ver-se-á a relativa aos imóveis.
	- Modo de aquisição: tipicamente originário (e não derivado), quebrando-se, assim, a relação de causalidade e sucessividade com os registros anteriores.
	- Noção: a do Digesto ainda é atual e basta adaptá-la.
	Usucapião é a aquisição do domínio pela posse continuada por um tempo definido em lei.
	Assim, tem-se que usucapião é a aquisição originária do domínio pela posse continuada por um tempo definido em lei, atendidos ainda os demais requisitos desta.
	- Espécies: extraordinária, ordinária, especial urbana individual (incluindo o familiar), especial urbana coletiva, especial rural e indígena.
	- Extraordinária: serão vistos os requisitos específicos.
	1-) res habilis: é a coisa possuída, que há de ser in commercio, ficando vetada a usucapião de imóveis públicos de qualquer natureza, ainda que se trate de terras devolutas (art. 183, § 3º, e 191, parágrafo único, CF, e Lei nº 6.383/76).
	As terras devolutas são as ainda não cadastradas e, portanto, não matriculadas no CRI; são imóveis que só existem de fato, e não de direito, pertencendo à União ou aos Estados-membros (arts. 20, II, e 26, IV, CF).
	2-) possessio: é a posse do imóvel entendida enquanto exteriorização do domínio, que há de ser mansa e pacífica, ou seja, aquela exercida de maneira contínua e incontestada (art. 1.243).
	contínua: sem interrupções, sem solução de continuidade;
	incontestada: sem oposição de ninguém.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião extraordinária independe disso.
	justo título: instrumento aquisitivo da propriedade ou da posse, o qual faz presumir a boa-fé, até prova em contrário;
	boa-fé: posse que não seja violenta, clandestina ou precária.
	4-) tempus: 15 anos, podendo ser reduzido a 10 anos se o possuidor utilizar o imóvel para fins de moradia ou tiver nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
	5-) sentença judicial: a usucapião extraordinária só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, devendo a sentença transitada em julgado ser transcrita no CRI apenas para fins de oficialização da aquisição do domínio (art. 1.241, CC c/c art. 941, CPC).
	6-) fundamento legal básico: art. 1.238.
- Ordinária: 
1-) res habilis: idem usucapião extraordinária.
	2-) possessio: idem usucapião extraordinária.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião ordinária depende disso.
	justo título: instrumento aquisitivo da propriedade ou da posse, o qual faz presumir a boa-fé, até prova em contrário (titulus).
	boa-fé: fides, posse que não seja violenta (vis), clandestina (clam) ou precária (precario).
	4-) tempus: 10 anos, podendo ser reduzido a 05 anos se o possuidor tiver adquirido o imóvel onerosamente, levando-o a registro no CRI, e utilizá-lo para fins de moradia ou tiver nele tiver realizado investimentos de interesse social e econômico.
	5-) sentença judicial: a usucapião ordinária só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, devendo a sentença transitada em julgado ser transcrita no CRI apenas visando à oficialização da aquisição do domínio (art. 1.241, CC c/c art. 941, CPC).
	6-) fundamento legal básico: art. 1.242.
- Especial urbana individual: 
1-) res habilis: idem usucapião extraordinária, com a nota de que o imóvel há de ser urbano e não possuir área superior a 250 m2.
	2-) possessio: idem usucapião extraordinária, desde que o possuidor não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião especial urbana individual independe disso.
	
	4-) tempus: 05 anos se o possuidor utilizar o imóvel para fins de moradia.
OBS: referido prazo pode ser reduzido a 02 anos se se tratar de cônjuge ou companheiro abandonado pelo outro, passando a ser o proprietário individual do imóvel.
	Essa última modalidade é também conhecida como usucapião familiar, e poderá ser argüida em ações típicas de direito de família (divórcio, dissolução de união estável, partilha de bens).
	5-) sentença judicial: a usucapião urbana individual só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, devendo a sentença transitada em julgado ser transcrita no CRI,, com a mesma finalidade das anteriores (art. 1.241, CC c/c art. 14, da Lei nº 10.257/01 c/c art. 275, II, h, CPC).
	OBS: a Lei nº 10.257/01é também conhecida como Estatuto da Cidade.
	6-) fundamento legal básico: arts. 1.240 e 1.240-A.
- Especial urbana coletiva: 
1-) res habilis: idem usucapião extraordinária, com a nota de que o imóvel há de ser urbano e possuir área superior a 250 m2.
	2-) possessio: idem usucapião extraordinária, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião especial urbana coletiva independe disso.
	
	4-) tempus: 05 anos se os possuidores utilizarem o imóvel para fins de moradia.
	5-) sentença judicial: a usucapião urbana coletiva só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, devendo a sentença transitada em julgado ser transcrita no CRI com a mesma nota anterior (art. 1.241, CC c/c art. 14, da Lei nº 10.257/01 c/c art. 275, II, h, CPC).
	A sentença declarará a fração ideal pertencente a cada possuidor (art. 10, § 3º, da Lei nº 10.257/01).
	São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana coletiva: o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; os possuidores, em estado de composse; como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados (art. 12, da Lei nº 10.257/01).
6-) fundamento legal básico: art. 10, da Lei nº 10.257/01.
- Especial rural: 
1-) res habilis: idem usucapião extraordinária, com a nota de que o imóvel há de ser rural e não possuir área superior a 50 ha (ou 500.000m2).
	2-) possessio: idem usucapião extraordinária, desde que o possuidor não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião especial rural independe disso.
	
	4-) tempus: 05 anos se o possuidor utilizar o imóvel para fins de moradia e o tornar produtivo.
	5-) sentença judicial: a usucapião especial rural só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, devendo a sentença transitada em julgado ser transcrita no CRI, acrescida da mesma nota anterior (art. 1.241, CC c/c art. 941, CPC).
	6-) fundamento legal básico: art. 1.239.
- Indígena: 
1-) res habilis: idem usucapião extraordinária, relativamente a área rural não superior a 50 ha (ou 500.000 m2).
	2-) possessio: idem usucapião extraordinária.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião indígena independe disso.
	
	4-) tempus: 10 anos.
	5-) sentença judicial: a usucapião indígena só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, devendo a sentença transitada em julgado ser transcrita no CRI com a mesma observação retro (art. 1.241, CC c/c art. 941, CPC).
	6-) fundamento legal básico: art. 33, caput, da Lei nº 6.001/73 (Estatuto do Índio).
C-) CASAMENTO COM COMUNÃO UNIVERSAL:
	- A idéia central desse regime de bens encontra-se disposta no art. 1.667, ou seja, cuida-se de um sistema de comunhão de bens quanto ao passado cumulado com um de comunhão de bens quanto ao futuro.
	- O CC faz a determinação do que não está na comunhão, de modo que o restante está abrangido na mesma.
	- Não entram na comunhão os bens descritos no art. 1.668, salvo os frutos respectivos (art. 1.669):
	sucessão ou recebimento a título gratuito com cláusula de incomunicabilidade (I);
sub-rogação real (I);
fideicomisso (II);
obrigações anteriores ao casamento, salvo as voltadas para o próprio casamento (III);
doações antenupciais entre os cônjuges com cláusula de 
incomunicabilidade (IV);
bens de uso pessoal (V);
proventos/pensões/assemelhados, sendo que o direito ao recebimento não se comunica, mas o dinheiro ganho é bem comum (V);
	- É de interesse, no momento, o disposto no art. 1.667, o que significa que o casamento com comunhão universal de bens implica na aquisição, por parte de um dos cônjuges, de metade dos bens imóveis do outro cônjuge.
D-) DIREITO HEREDITÁRIO:
	- Aberta a sucessão, o que se dá com o falecimento da pessoa (art. 1.784), todo o seu patrimônio (ativo e passivo) se transmite aos sucessores.
	- Sendo assim, os imóveis entram nesse contexto, de sorte que o falecimento de uma pessoa importa na aquisição da propriedade imóvel por parte de seus sucessores, de acordo com as regras estabelecida em lei ou ato de última vontade (sucessão legítima ou testamentária), matéria afeta ao 5º ano.
E-) TRANSCRIÇÃO DO TÍTULO: 
	- Proceder-se-á à análise específica do valor da transcrição do título no cartório de registro de imóveis (CRI) no Brasil, comparativamente a outros sistemas.
	- Assim é que nos sistemas italiano e francês, por exemplo, a propriedade imóvel não se adquire com a transcrição do título no CRI, pois o próprio contrato (solene, consubstanciado em escritura pública) já é o bastante para operar a transferência do domínio.
	Isso não quer dizer que ninguém faça o registro de escrituras públicas nesses países; tal é feito, mas a conseqüência é de só se conferir publicidade ao ato, de modo a valer perante terceiros.
	- Já nos sistemas alemão e brasileiro só se adquire a propriedade imóvel com a entabulação do contrato, seguida da transcrição do mesmo no CRI (art. 1.245).
	É fato também que o sistema germânico, a partir do registro no CRI, é um pouco diferente do pátrio, pois cria presunção absoluta de domínio, só podendo ser alterado mediante ação movida em face do Estado.
	Aqui, porém, o registro cria mera presunção relativa de domínio, de sorte que a ação judicial relativa à desconstituição do negócio jurídico base deve também conter pedido de retificação ou anulação da transcrição no CRI (art. 1.247).
12/04/13
AULA PRÁTICA E DIA JURÍDICO-CULTURAL
- Exibição dos filmes “Inquietos” e “A Ilha“ (cujos títulos originais são “Restless” e “The Island”), seguido de comentários e debates acerca do conteúdo contido nos mesmos.
19/04/13
A-) AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL:
	- Modos de aquisição da propriedade móvel: os mesmos da imóvel, ou seja, originário ou derivado, universal ou singular e mortis causa ou inter vivos.
- Fontes de aquisição da propriedade móvel: descoberta (art. 1.237, parágrafo único), usucapião, ocupação, tesouro, tradição, especificação e confusão, comistão e adjunção (art. 1.260 a 1.274); casamento com comunhão universal (art. 1.667); e direito hereditário (art. 1.784).
- Oficialização da aquisição da propriedade móvel: não existe, em princípio, porque quanto aos móveis não há maiores formalidades, salvo os casos previstos em lei, como o que ocorre, por exemplo, com automóveis, embarcações e aeronaves.
- Descoberta: procedimento por meio do qual alguém procura a autoridade policial visando à entrega de bem móvel que achou na rua (art. 1.233 e ss.).
Depois de muitos percalços, pode o descobridor tornar-se proprietário da coisa, se o dono não aparecer e o Município por ela não se interessar (art. 1.237, parágrafo único).
- Usucapião: noção e natureza jurídica na aula teórica anterior.
Espécies: extraordinária e ordinária.
	Extraordinária: serão vistos os requisitos específicos.
	1-) res habilis: é a coisa possuída, que há de ser in commercio, ficando vetada a usucapião de bens móveis públicos de qualquer natureza.
	2-) possessio: é a posse do móvel entendida enquanto exteriorização do domínio, que há de ser mansa e pacífica, ou seja, aquela exercida de maneira contínua e incontestada.
	contínua: sem interrupções, sem solução de continuidade.
	incontestada: sem oposição de ninguém.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião extraordinária independe disso.
	justo título: instrumento aquisitivo da propriedade ou da posse, o qual faz presumir a boa-fé, até prova em contrário.
	boa-fé: posse que não seja violenta, clandestina ou precária.
	4-) tempus: 5 anos.
	5-) sentença judicial: a usucapião extraordinária só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, se se tratar de bem móvel sujeito a registro em órgãos públicos, pois, em caso contrário, os mesmos não efetuam a transferência dominial daquele.
	6-) fundamento legal básico: art. 1.261.
	Ordinária: serão vistos os requisitos específicos.
	1-) res habilis: é a coisa possuída, que há de ser in commercio, ficando vetada a usucapião de bens móveis públicos de qualquer natureza.
	2-) possessio: é a posse do móvel entendida enquanto exteriorização do domínio, que há de ser mansa e pacífica, ou seja, aquela exercida de maneira contínua e incontestada.
	contínua: sem interrupções, sem solução de continuidade.
	incontestada: sem oposição de ninguém.
	3-) justo título e boa-fé: a usucapião ordinária depende disso.
	justo título: instrumento aquisitivo da propriedade ou da posse, o qual faz presumir a boa-fé, até prova em contrário.
	boa-fé: posse que não seja violenta, clandestina ou precária.
	4-) tempus: 3 anos.
	5-) sentença judicial: a usucapião extraordinária só se reconhece através de ação própria a tanto ou como meio de defesa, se se tratar de bem móvel sujeito a registro em órgãos públicos, pois, em caso contrário, os mesmos não efetuam a transferência dominial daquele.
	6-) fundamento legal básico: art. 1.260.
	- Ocupação: modo originário e mais primitivo de aquisição dominial, pois é revelado por meio do ato pelo qual a pessoa se apodera da coisa e a torna para si.
Os requisitos estão previstos no art. 1.263: coisas móveis sem dono (que não pertencem a ninguém – res nullius - ou foram abandonadas

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