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FÍSICA MECÂNICA AULA 2 Prof. Cristiano Cruz 2 CONVERSA INICIAL Até o momento consideramos o estudo do movimento de objetos, partículas, movendo-se em uma única dimensão. Como o movimento ocorre ao longo de uma linha reta, chamamos de movimento retilíneo e consideramos apenas um eixo cartesiano como referência, porém existem muitos movimentos que ocorrem em duas ou três dimensões. Por exemplo: um atleta de atletismo na prova de lançamentos de dardos, ao efetuar o lançamento, o dardo viaja em movimento parabólico realizando em sua trajetória uma espécie de arco. Se o movimento do dardo ocorrer em um único plano, partindo do ponto de lançamento, o dardo irá subir afastando do solo e depois descer, aproximando-se do solo, mas ao mesmo tempo irá afastar-se em linha reta do ponto de lançamento. Neste caso o movimento ocorreu em duas dimensões, uma na vertical e outra na horizontal. O mesmo tipo de movimento ocorre quando uma bola é lançada em tiro de meta pelo goleiro, ou na trajetória de uma bola de vôlei após o saque em direção ao campo adversário. O movimento em duas dimensões também pode ser observado no movimento de rotação de um disco ou outro objeto qualquer girando. Para todos esses exemplos, que envolvem mais de uma dimensão, é necessário estender a descrição do movimento visto na aula 1 e considerar todos outros eixos cartesianos, eixo x, eixo y e ou eixo z. Continuaremos expressar grandezas vetoriais de deslocamento, velocidade e aceleração, que 3 até o momento possuíam apenas uma direção, um eixo cartesiano, e o sentido era determinado pelos sinais positivo ou negativo, porém essas grandezas agora possuíram mais de um componente vetorial, uma para cada eixo cartesiano considerado. Nesta aula, iremos continuar estudando o movimento sem a preocupação de identificar suas causas. Para um melhor aproveitamento desta aula, você irá precisar conhecer a linguagem da matemática vetorial e a linguagem cinemática vistas na aula 1, o que irá lhe proporcionar o entendimento de uma ferramenta essencial para estudo das relações entre força e movimento em aulas futuras. Assista ao vídeo a seguir, em que um atleta faz um arremesso com o movimento do móvel em mais dimensões. https://www.youtube.com/watch?v=zT__XesemEA TEMA 1 – VETOR POSIÇÃO E VETOR DESLOCAMENTO Vetor Posição Durante o estudo de uma partícula em movimento retilíneo, a posição da partícula em relação ao sistema de referência era determinada por uma coordenada no eixo considerado para representar o movimento. Quando o movimento ocorrer em duas dimensões, uma maneira de localizar a posição da partícula é utilizando um vetor posição. Entenda o exemplo para definição do vetor posição. Considere uma partícula que esteja localizada em um ponto P em dado instante de tempo, veja figura. https://www.youtube.com/watch?v=zT__XesemEA 4 Figura 1 – O vetor posição localiza o ponto P, partindo da origem do sistema cartesiano até o ponto P. O vetor posição , chamado de vetor posição, localiza o ponto P no espaço em referência a um sistema cartesiano. O módulo desse vetor informa a que distância o ponto P encontra-se da origem do sistema de referência. O vetor posição pode ser escrito na forma de vetor unitário através das suas componentes cartesianas x, y e z. 5 Vetor Deslocamento Quando uma partícula desloca-se de um ponto para outro, ela mudou sua posição. Vamos supor que durante um deslocamento uma partícula mova- se do ponto P1, para o ponto P2 e leve um intervalo de tempo para completar esse deslocamento. Utilizando o vetor posição para localizar os pontos P1 e P2, teremos a seguinte situação, veja a figura 2. Figura 2 – Vetor deslocamento O ponto P1 é localizado pelo vetor posição , e o ponto P2 pelo vetor posição . Quando a partícula saiu do ponto P1 em direção ao ponto P2, ela realizou um deslocamento . Por definição, o deslocamento é dado pela variação da posição, ou seja: Escrevendo os vetores e na forma de vetor unitário, temos: e 6 Logo: TEMA 2 - VETOR VELOCIDADE E VETOR ACELERAÇÃO Vetor Velocidade Da mesma maneira que fizemos na aula 1, quando o movimento ocorria em um único eixo, agora iremos definir a velocidade média por meio do vetor velocidade média , obtido pela razão (divisão) entre o vetor deslocamento e o intervalo de tempo para realizar tal deslocamento. Vetor Velocidade Instantânea 7 O vetor velocidade instantânea é obtido como o limite da velocidade média quando o intervalo de tempo tende a zero, sendo igual a taxa de variação do vetor posição com o tempo. Matematicamente, podemos escrever a velocidade instantânea como: (vetor velocidade instantânea) O módulo do vetor velocidade instantânea em determinado instante é igual à velocidade escalar da partícula no referido instante. É importante lembrar que esse vetor é tangente a trajetória em cada um dos seus pontos. Cada componente do vetor velocidade instantânea pode ser determinado pela derivada das coordenadas x, y e z em relação ao tempo. (componentes da velocidade instantânea) O módulo do vetor velocidade instantânea é dado em termos dos componentes da velocidade, pelo teorema de Pitágoras: Quando a partícula se move no plano xy, a coordenada z e a componente são nulos e o módulo da velocidade instantânea será obtido por: 8 A direção da velocidade instantânea será dado pelo ângulo que pode ser calculado por: Tome cuidado, pois a partir de agora sempre que mencionarmos a palavra velocidade vamos nos referir ao vetor velocidade instantânea . Cabe a você lembrar de que a velocidade é uma grandeza vetorial e, portanto, possui módulo, direção e sentido. Vetor Aceleração Vimos que a grandeza aceleração representa como a velocidade da partícula está variando no decorrer do tempo do movimento, mas, como até o momento o movimento ocorria em uma única dimensão, a variação da velocidade ocorria apenas em módulo. Lembre-se que agora estamos tratando a velocidade com todas as características de um vetor, deve ficar claro, portanto, que a velocidade pode variar em módulo e também na direção e sentido durante o movimento. Por exemplo, um avião de acrobacias aéreas durante um voo realiza a manobra destacada na imagem. Figura 3 – Variação da velocidade entre os instantes t1 e t2 9 Os vetores velocidades instantâneas nos instantes t1 e t2 quando o avião passa pelas posições P1 e P2 estão indicadas respectivamente por e . No intervalo de tempo , a variação vetorial da velocidade será: Define-se o vetor aceleração média entre os instantes t1 e t2 como a divisão da variação do vetor velocidade pelo intervalo de tempo . O vetor aceleração média é uma grandeza vetorial. Ela possui a mesma direção e o mesmo sentido do vetor . Como: Logo: 10 Vetor Aceleração Instantânea O vetor aceleração instantânea é definido como o limite da aceleração média quando o vetor , simultaneamente com o intervalo de tempo , tendem a zero. Como: Então: As componentes retangulares da aceleração instantâneas são: Clique no ícone a seguir e confira um vídeo que mostra as consequências da força G. https://www.youtube.com/watch?v=KxVic7FwIkU TEMA 3 - MOVIMENTO DE UM PROJÉTIL Iremos considerar um projétil, qualquer objeto que quando lançado com certa velocidade inicial descreve uma trajetória curva influenciado apenas pela aceleração da gravidade e pela resistência do ar. Com a intenção de simplificarmos o movimento iremos propor um modelo idealizado no qual o objeto lançado pode ser consideradocomo uma https://www.youtube.com/watch?v=KxVic7FwIkU 11 partícula que move-se sob a ação da aceleração da gravidade, constante em módulo, direção e sentido, e também com a resistência do ar desprezada, nula. Como a aceleração da gravidade tem direção sempre vertical com módulo na superfície do planeta Terra, g = 9,8 m/s2, e sentido para baixo ela não irá proporcionar ao projétil movimento lateral algum, portanto o movimento irá ocorrer apenas em duas dimensões, ou seja, com essas características o movimento de um projeto sempre será descrito em um plano vertical. Iremos considerar dois eixos cartesianos, plano xy. O eixo y estará posicionado na vertical de baixo para cima e o eixo x localizado na horizontal na direção do vetor velocidade inicial de lançamento. Clique nos ícones a seguir para ver alguns movimentos que podem ser tratados com a teoria envolvida no lançamento de projéteis. 12 O movimento de um projétil ocorre em um plano vertical contendo o vetor velocidade inicial . A trajetória depende somente da velocidade inicial e da aceleração descendente em função da gravidade. O grande segredo para o estudo desse tipo de movimento é tratar cada um dos eixos, coordenadas x e y, separados. Como a aceleração da gravidade atua apenas na vertical, não haverá aceleração no eixo horizontal x, aceleração igual a zero; já no eixo vertical y, a aceleração é constante e igual a - g. Com essas características o movimento de um projétil será a combinação de um movimento horizontal com velocidade constante e um movimento vertical com aceleração constante. Nesse contexto, podemos expressar todas as relações vetoriais para posição, velocidade e aceleração usando equações separadas para os componentes horizontais e verticais. O movimento efetivo do projétil é a superposição desses movimentos separados. Utilizando as equações do movimento estudadas na aula 1, e considerando o eixo x onde e , podemos escrever: 13 Já para o eixo y, onde a aceleração , escrevemos: Para simplificar, iremos considerar as posições iniciais na origem dos eixos cartesianos, quando o tempo inicial do movimento to = 0. Figura 4 – Composição do movimento de um projétil, movimento horizontal com velocidade constante e movimento vertical com aceleração constante. O movimento de lançamento de projéteis pode ser separado em dois movimentos distintos, movimento horizontal e vertical. No movimento horizontal, o projétil segue com velocidade constante, pois a aceleração horizontal é zero, , como a velocidade é constante o projétil percorre no eixo x distâncias iguais em intervalo de tempo iguais. Já no movimento vertical, o movimento possui aceleração constante devido à atração gravitacional da Terra, consequentemente sua velocidade na vertical varia quantidades iguais em tempos iguais. 14 Na competição olímpica de lançamento de dardos, o atleta corre numa pista de lançamento com 34,9 metros de comprimento para tomar impulso e lançar o dardo. O lançador faz um giro rápido com o corpo e lança o dardo. O ganhador da competição é o atleta que atinge a maior distância desde o ponto de lançamento até o local de queda do dardo. É claro que para conseguir a melhor marca o atleta necessita impor condições ideais ao dardo no exato momento em que esse deixa sua mão, como a velocidade inicial de lançamento e o ângulo inicial de lançamento . A figura acima mostra os vários momentos do lançamento de um dardo, passo a passo, desde a corrida até o momento exato do lançamento (quando o dardo deixa a mão do atleta), o qual está destacado na figura. Conhecendo-se o ângulo de lançamento , a velocidade inicial pode ser decomposta em suas componentes retangulares . Fig ura 5 – Etapas do lançamento de um dardo passo a passo, destaque para o momento em que o lançamento ocorre. Observe que se posicionarmos os vetores de forma diferente, obteremos o seguinte triângulo: 15 Figura 6 – Triângulo retângulo formado pelo vetor (hipotenusa) e suas componentes retangulares e (catetos) O módulo da velocidade do projétil em qualquer instante pode ser calculado pela equação: Conhecendo essas relações de velocidade, e considerando , iremos substituir nas equações do movimento, temos para o eixo horizontal: E para o eixo vertical: 16 Com essas equações podemos determinar a posição no eixo x e y, e também as velocidades do projétil em qualquer instante de tempo t. Obtendo as coordenadas de posição x e y em determinado instante de tempo, podemos encontrar o módulo do vetor posição do projétil para esse instante por: O vetor velocidade em cada instante de tempo é tangente a linha da trajetória do projétil na posição em que se encontra naquele instante. Sua direção e sentido pode ser determinada em função do ângulo α que o vetor velocidade forma com o eixo x positivo por: Outra equação que em alguns cálculos pode ser útil é a que descreve a forma da trajetória do movimento, a equação de uma parábola, sendo: 17 TEMA 4 - MOVIMENTO CIRCULAR Em muitas situações do nosso dia a dia nos deparamos com objetos que descrevem trajetórias circulares, por exemplo, os ponteiros do relógio, as facas do liquidificador, as rodas dos carros em movimento, a hélice do ventilador, o disco rígido do seu computador, um satélite em órbita na Terra, entre tantos outros. Sempre que um objeto se move em uma trajetória curva o vetor velocidade instantânea do movimento varia a cada posição da trajetória, mesmo que o módulo dessa velocidade seja constante (velocidade escalar constante), pois, nesse caso, a variação do vetor velocidade ocorre em direção e sentido (lembre-se que a velocidade é uma grandeza vetorial). Quando temos esse tipo de movimento, dizemos ser um movimento circular uniforme e, sendo assim, não há aceleração tangente a trajetória, pois se essa aceleração não fosse nula, haveria mudança na aceleração escalar do movimento. A única aceleração envolvida no movimento é o vetor aceleração perpendicular à trajetória. Um vetor que aponta no centro da trajetória e que proporciona variação na direção e sentido do vetor velocidade. A figura abaixo ilustra o movimento de uma partícula que se move no intervalo de tempo Δt do ponto P1 para o ponto P2 em movimento curvilíneo uniforme de raio R. Repare que, ao mover-se do ponto P1 para P2, a direção entre os vetores velocidade e varia em cada ponto. A variação da velocidade pode ser obtida pela operação vetorial , como as velocidades e são perpendiculares ao raio da trajetória (R), o triângulo formado por R e e o triângulo formado por são triângulos semelhantes. 18 Figura 7 – Vetor aceleração média Quando dois triângulos são ditos semelhantes entre si, eles satisfazem duas condições simultaneamente. Seus lados correspondentes possuem medidas proporcionais e os ângulos internos correspondentes a cada lado são iguais (congruentes). Logo, para os triângulos supracitados, o lado do primeiro triângulo é proporcional ao módulo de do lado do segundo triângulo e lado do triângulo de raio R é proporcional ao módulo dos lados indicados por no segundo triângulo. Portanto, matematicamente, as razões entre os lados dos triângulos serão iguais. ou Sabendo que o módulo da aceleração média durante o intervalo de tempo Δt é dado por , podemos escrever: Para encontrarmos o módulo da aceleração no ponto P1, teremos a aceleração instantânea nesse ponto, dado por: 19 Mas o limite de no ponto P1, quando Δt tende a zero é a velocidade escalar instantânea nesse ponto, ou seja . Como o ponto P1 pode estar em qualquer local da trajetória, ou seja, pode ser qualquer ponto nessa trajetória, podemos retirar o índicee escrever: O índice “rad” indica que a aceleração é radial, ou seja, ela está orientada apontando ao centro da trajetória, por essa característica, a aceleração também é chamado de aceleração centrípeta. Como a velocidade escalar é constante, o vetor aceleração é sempre perpendicular ao vetor velocidade instantânea. Outra maneira de se determinar a velocidade escalar é através do período de rotação (T). O período é o tempo necessário para a partícula realizar uma revolução completa na circunferência. A velocidade escalar da partícula será determinada pela razão entre o deslocamento percorrido em uma volta completa pelo período de rotação, sendo: Substituindo essa equação na equação da aceleração radial, temos uma equação alternativa para o cálculo dessa aceleração:
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