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Pilates Clínico Pelve Ft. Ruy Figueiras Antes de começar a absorver o conteúdo disponibilizado neste material gostaria de fazer uma pergunta: Com que frequência vocês vivenciam situações onde o cliente chega em seu estúdio apresentando uma queixa e/ou um diagnóstico clínico e não sabem exatamente o que ocorre com aquele corpo? E, por um simples momento passa em nossas cabeças: "O que devo fazer?". Tenho observado que cada vez mais o profissional que trabalha com o Pilates utiliza o método de forma equivocada, pois seguem um padrão de exercícios, mas sem saber como, 1 quando e onde aplicar num determinado cliente, muitas vezes não respeitando a individualidade do mesmo. Não seguem uma sistemática avaliativa a fim de decifrar a mensagem “corporal” que o cliente apresenta num determinado momento. Sabemos que o “corpo humano fala” e se perguntarmos aos tecidos “eles saberão nos responder”. Essa unidade indivisível pode se comunicar conosco através da forma que se apresenta, basta estarmos em sintonia para decifrar os códigos. Vivemos em completa harmonia, em busca do equilíbrio. O corpo se comporta dessa forma, do micro ao macro. 2 Antes de mais nada, não podemos esquecer de nossas competências, devemos estar capacitados e seguros quando executamos uma avaliação minuciosa e estarmos aptos à realizar correlações clínicas funcionais através do raciocínio recorrido pela anatomia e fisiologia. O intuito desse conteúdo é exatamente isso! Vou te propor, após ler esse material, interpretar as alterações que o cliente/ paciente apresenta, através da anatomia, biomecânica e fisiologia para que possa ser traçado um tratamento ou um atendimento eficaz dentro dos estúdios de Pilates. E após ter feito isso, pensaremos nos exercícios! 3 Introdução O raciocínio das cadeias funcionais integradas vem sendo aplicada no meu dia a dia há um tempo. E através da compreensão dela podemos construir um entendimento sobre o estado de boa saúde ou de doença sobre o corpo humano, nos permitindo esclarecer a etiologia e o diagnóstico da patologia. Sendo assim assumimos nossas escolhas de forma eficaz. "O ser humano é um ser indivisível em que todos os sistemas: musculoesquelético, fascial, vascular, neural, psicossomático,visceral e craniano estão em completa harmonia." 4 Primeiramente devemos entender as leis que o corpo humano adota: 1° Lei do equilíbrio: Os sistemas no esquema fisiológico terão que manter o equilíbrio homeostático e pressórico entre eles. 2° Lei da economia: As soluções no esquema de funcionamento são econômicas, a fim de evitar os gastos energéticos excessivos para evitar uma fadiga precoce nos sistemas. 3° Lei do conforto: Se as duas primeiras leis descritas acima estiverem funcionando organizadamente, é certamente confortável, ou seja, ausência de dores. 5 Agora vamos raciocinar como seria se o corpo estivesse organizado num esquema adaptativo: No esquema adaptativo, só é mantida essa organização se o corpo humano conservar o equilíbrio pois a prioridade é ausência de dor. Estamos prontos a fazer de tudo para não sofrermos. Então os nossos sistemas irão "trapacear", deformarse, diminuindo a mobilidade na medida que as adaptações defensivas forem se instalando, e que geralmente são menos econômicas, para ainda sim manter o conforto. Pagamos pelo nosso conforto e nosso equilíbrio com um desgaste grande de energia, e assim produzimos uma fadiga importante. 6 Então, no esquema adaptativo podemos chegar a conclusão que: " O corpo humano para ter conforto irá compensar para manter o equilíbrio, porém gastando muita energia (sem economia) ". Ruy Figueiras. 7 A Pelve A cintura pélvica é composta pelos dois ilíacos e o sacro, devendo responder às funções estáticas e dinâmicas. As asas ilíacas são braços de alavanca importantes para a transmissão de forças do membro superior para o membro inferior e viceversa. 8 Os ilíacos possuem 2 mobilidades principais: 1° anterioridade e posterioridade; 2° abertura e fechamento. Anterioridade Ilíaca A asa ilíaca realiza uma rotação no sentido anterior em torno da cabeça femoral, e durante esse movimento a articulação sacroilíaca é levada para cima e para frente. Consequentemente o sacro adotará a posição horizontal. A anterioridade ilíaca bilateral levará a anteversão da pelve. 9 Podemos ter associado a anterioridade, uma abertura ilíaca, por conta de tensões na musculatura perineal e do sartório que vão influenciar nesse mecanismo. Mas como evidenciar esse movimento durante a avaliação? Através dos exames: estático e dinâmico. No exame estático, estaremos colocando em evidência o posicionamento desse ilíaco em relação a postura. 10 Veja à seguir o que encontraremos quando realizamos os testes de posicionamento (avaliação estática): Subida da EIPS ( espinha ilíaca póstero superior), e descida da EIAS ( espinha ilíaca antero superior): 11 Sacro horizontalizado Perna longa do lado da anterioridade Ilíaca 12 Aumento da lordose lombar A explicação dessa mecânica se deve por conta da articulação sacro ilíaca ser levada para cima e para frente, levando o sacro em posição de horizontalidade, a coluna lombar irá diminuir a sua projeção vertical aumentando a lordose 13 lombar e L5L4 avançarão. Nesse caso, o apoio discal lombar será posterior e os músculos influenciadores (hiperativação) para desencadear essa anterioridade serão: quadrado lombar e o reto femoral. 14 Posterioridade Ilíaca A asa ilíaca realiza uma rotação no sentido posterior em torno da cabeça femoral, e durante esse movimento a articulação sacroilíaca é levada para baixo e para trás. Consequentemente o sacro adotará a posição vertical. A posterioridade ilíaca bilateral levará a retroversão da pelve. Podese ter associado a uma posterioridade,um fechamento ilíaco, por conta da musculatura dos adutores da coxa e os oblíquos do abdômen, Podemos visualizar nesses paciente um aumento do valgismo do joelho. 15 E o que devemos encontrar durante a nossa avaliação estática? Veja abaixo: Subida da EIAS ( espinha ilíaca antero superior), e descida da EIPS ( espinha ilíaca postero superior): 16 Sacro verticalizado Retificação Lombar 17 Perna curta no lado da posterioridade ilíaca Devido a articulação sacro ilíaca ser influenciada pela posterioridade ilíaca, o sacro adotará a posição verticalizada levando a retificação lombar pelo recuo de L5L4, a projeção vertical lombar aumenta. O apoio discal nesse caso será central. Os músculos envolvidos nessa posterioridade ilíaca são: reto abdominal e isquiotibiais que estarão hiperativados. 18 Exame Dinâmico Após colhermos todas a informações dos testes de posicionamento que executamos anteriormente em nossa avaliação estática, podemos partir para o exame dinâmico. 19 No exame dinâmico, iremos testar dois movimentos que nos indicarão se há uma restrição articular na pelve: ilíaco em relação ao sacro ou o sacro em relação ao ilíaco. Essa restrição do jogo articular poderá sofrer influências das cadeias musculares, da cadeia visceral, ou da cadeia neurovascular. Nosso objetivo quando realizamos o exame dinâmico, é justamente colocar em evidência a estrutura que sofre perda de mobilidade por conta das influências internas e/ou externas. 20 TFP Teste de flexão em pé Durante o teste de flexão em pé, nos posicionaremos atrás do paciente e colocaremos os polegares na EIPS bilateralmente e solicitaremos que o paciente faça a flexão anterior de toda a coluna (começando pela cervical passando pela torácica e terminando na lombar). Nossos polegares servem de palpação sensitiva, a fim de perceber analíticamente a mobilidade articular da sacroilíaca. 21 O teste será interpretado como positivo quando uma EIPS for mais adiante do que a outra, isso significa que o sacro estará influenciando (carregando) esse ilíaco a subir rápido e mais alto durante o movimento de flexão anterior. 22 TFS Teste de flexão sentado Nesse teste a posição do paciente será sentado evitando deixar as pernas pendentes (aconselhável colocar um apoio para criar ponto fixo fechando a cadeia), as mãos do paciente estarão entrelaçadas atrás do pescoço e com os cotovelos fechados. O nosso posicionamento será o mesmo do teste anterior, e solicitaremos uma flexão anterior da coluna do paciente para que possamos avaliar esse jogo articular da sacro ilíaca sem as influências dos membros inferiores ( por isso da posição sentada). 23 O teste será positivo se a EIPS subir mais rápido e mais alto do que a do outro lado. Lembrando que os nossos polegares sentirão essa mobilidade. 24 A interpretação desses testes nos trará informações valiosas durante a nossa avaliação, e podemos através do exame estático e dinâmico fazer as correlações clínicas e funcionais do estado atual do paciente. É de extrema importância quando encontramos as perdas de mobilidade da estrutura, buscar saber o motivo pelo qual o paciente adotou esse "novo esquema corporal". E será através da nossa investigação por conta do entendimento da anatomia, fisiologia e biomecânica que colocaremos em evidência qual será o sistema que estará sendo o grande "vilão", e influenciando na perda de mobilidade, elasticidade e plasticidade das estruturas. 25 Vamos voltar para o nosso âmbito de trabalho, especificamente o Pilates, e vamos pensar nas seguintes perguntas: Será que precisamos fortalecer os grupos musculares que estão hiperativados, levando um distúrbio na mobilidade da pelve? No caso da anterioridade ilíaca, os músculos reto femoral e quadrado lombar poderão estar sob trabalho constante, e nesse caso devo fortalecer esses músculos? Já na posterioridade ilíaca, devo fazer exercícios de ativação do abdômen (tendo em vista que no método pilates trabalhamos muito 26 com o abdômen) e dos isquiostibiais podendo aumentar essa compensação? Que tal começarmos a pensar em diminuir essas tensões geradas por essas musculaturas, realizando exercícios de alongamento ativo rítmico? E fortalecer as cadeias hipoativadas com exercícios ativos resistidos? Podemos potencializar nosso trabalho inserindo algumas manobras de liberação do tecido superprogramado no pré atendimento do método Pilates. " Identifique o problema, elimine as tensões, relaxe as estruturas e fortaleça somente as cadeias hipoativadas ". Ruy Figueiras 27 Meus agradecimentos à minha noiva, Bruna Iaciura (fotos), por ter contribuído com a sua imagem para esse material, e à todos os profissionais que solicitaram e baixaram esse eBook. Para ficar por dentro de todo material e conteúdo relacionado ao pilates clínico, acesse: facebook.com.br/ruyfigueiras 28
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