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UNIVERSIDADE PAULISTA (5 Smestres - APS)

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP SOROCABA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
ALINE RIBEIRO VAZ 
CARLOS ALBERTO DIAS DA SILVA 
JAQUELINE MICHELE DOS SANTOS 
KARIANE ARAUJO ALVES 
KARINA REGINA SEABRA 
 
 
 
 
 
ESTUDO SOBRE CONCRETO DE ALTO 
DESEMPENHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2014 
 
 
ALINE RIBEIRO VAZ B19716-1 EC5R17 
CARLOS ALBERTO DIAS DA SILVA B30IDJ-5 EC5R17 
JAQUELINE MICHELE DOS SANTOS B28570-2 EC5R17 
KARIANE ARAUJO ALVES B404CA-6 EC5R17 
KARINA REGINA SEABRA B20DBF-1 EC5R17 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO SOBRE CONCRETO DE ALTO 
DESEMPENHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2014 
Trabalho apresentado para avaliação 
de Atividades Práticas Supervisionadas 
(APS), do curso de Engenharia Civil, 
apresentado à Universidade Paulista –
UNIP. 
 
Orientadora: Prof.ª: Sandra 
 
 
ENGENHARIA CIVIL 
- Estudo sobre Concreto de Alto Desempenho: aspectos técnicos e aspectos 
econômicos. 
 
 
ESTUDO SOBRE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
INTRODUÇÃO 
As construções em concreto têm sua história contada ao longo dos anos por 
todo o benefício que tem trazido à humanidade, não apenas no que diz respeito a 
habitações, onde sua presença e indiscutível, mas também em obras diversas e 
muitas delas emblemáticas, como pontes, usinas hidrelétricas, usinas nucleares, 
obras de saneamento, todos os tipos de edificações, estradas, portos, aeroportos, 
templos e, até mesmo, monumentos, entre tantos outros exemplos. 
Até a década de 80, o principal critério para avaliação de um concreto, que 
se presumia de bom desempenho era a resistência à compressão. Em virtude das 
inúmeras manifestações patológicas que vêm ocorrendo nas construções civis 
atuais, houve necessidade de uma revisão profunda nos conceitos de durabilidade e 
desempenho dos materiais usados nestas construções. 
O concreto armado está entre os materiais de construção mais largamente 
utilizados. Ao longo dos anos, acompanhamentos de estruturas em concreto vêm 
sendo feitos e mostrados a necessidade de fazer reforços, recuperações e, em 
situações mais críticas, demolição e reconstrução. Nota-se, então, a necessidade 
crescente da utilização de um concreto mais resistente estruturalmente e às 
agressões sofridas no ambiente. 
Após várias pesquisas chegou-se a um material de alta resistência, maiores 
durabilidade, trabalhabilidade e resistência aos agentes agressivos o que 
proporcionaria uma menor despesa com manutenção e reparos. Surge então o 
chamado Concreto de Alto Desempenho – CAD. 
Geralmente associa-se Concreto de Alto Desempenho (CAD) ao concreto de 
alta resistência. Porém, isto não se aplica a todos os casos, os estudos sobre o CAD 
produziram resultados eficientes possibilitando sua aplicação há pouco mais de vinte 
anos. Com o desenvolvimento dos aditivos químicos, capazes de modificar algumas 
de suas propriedades, aperfeiçoando-o como material de construção, incentivou-se 
a pesquisa sobre materiais pozolânicos¹, pois a ação combinada desses dois 
produtos resultou num aperfeiçoamento do concreto. 
A utilização de determinados rejeitos industriais, com propriedades 
pozolânicas, reduzem o custo e a quantidade de energia consumida na produção do 
concreto contribuindo para a preservação ambiental. 
A durabilidade é outra característica importantíssima que passou a ser 
exigida desse material. Deve-se pensar primeiramente em durabilidade e 
6 
 
posteriormente, em alta resistência, principalmente quando a estrutura está inserida 
em ambientes agressivos. 
Mas a utilização real do CAD teve que superar o conservadorismo de 
engenheiros e arquitetos, a reduzida disponibilidade comercial em centrais pré-
misturadas, a pequena trabalhabilidade das composições iniciais, as limitações 
impostas pelos códigos de obras ou do cálculo estrutural além da falta de 
conhecimento sobre o seu comportamento a longo prazo. 
É consenso dentre muitos pesquisadores de CAD que o principal fator que 
determina ao concreto o alto desempenho é o emprego de uma baixa relação 
água/cimento. Hoje em algumas regiões brasileiras o CAD é empregado em pilares 
de edificações, em pontes e obras de arte especiais, peças pré-fabricadas, pisos e 
pavimentos ou em recuperações estruturais entre outras. 
Uma das maiores vantagens desse material é sua reduzida capacidade de 
carga por unidade de custos maior do que a obtida em concretos convencionais, 
compensando os custos envolvidos na sua produção. 
Em estruturas pré-fabricadas as fôrmas, moldes e mesas de moldagens, 
podem ser reutilizados mais rapidamente. Já em peças protendidas podem receber 
a protensão mais cedo, trazendo benefícios para a velocidade e economia da obra. 
Neste trabalho encontram-se definições importantes, características, 
propriedades em geral, aplicações e outros dados necessários para melhor 
compreensão do CAD. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
1. TIPOS DE CONCRETO 
Concreto Convencional - Utilizado na maioria das obras civis deve ser 
lançado nas fôrmas por método convencional (carrinhos de mão, gericas, gruas, 
etc.). O concreto convencional é de consistência seca e a sua resistência varia de 
5,0 em 5,0MPa, a partir de 10,0 até 40,0MPa. É aplicado em obras civis, industriais 
e em peças pré-moldadas. 
As vantagens são: aumento da durabilidade e qualidade final da obra, 
redução dos custos da obra e redução no tempo de execução. 
Concreto de Alto Desempenho - Normalmente elaborado com adições 
minerais tipo sílica ativa e metacaulim e aditivos superplastificantes. Os concretos 
assim obtidos possuem excelentes propriedades. É aplicado em obras civis 
especiais, hidráulicas em geral e em recuperações. 
As vantagens são: aumento da durabilidade e vida útil das obras; redução 
dos custos da obra e melhor aproveitamento das áreas disponíveis para construção. 
Concreto Bombeável - Utilizado na maioria das obras civis. A sua dosagem 
é apropriada para utilização em bombas de concreto, evitando segregação e perdas 
de material. Sua resistência varia de 5,0 em 5,0MPa, a partir de 10,0 até 40,0MPa. É 
aplicado em obras civis em geral, obras industriais e peças pré-moldadas. 
As vantagens são: aumento da durabilidade e qualidade final da obra; 
redução dos custos da obra e redução no tempo de execução. 
Concreto de Alta Resistência Inicial - O concreto de alta resistência inicial, 
como o nome já diz é aquele que tem a característica de atingir grande resistência, 
com pouca idade, podendo dar mais velocidade à obra ou ser utilizado para atender 
situações emergenciais. Sua aplicação pode ser necessária em indústrias de pré-
moldados, em estruturas convencionais ou protendidas, na fabricação de tubos e 
artefatos de concreto, entre outras. O aumento na velocidade das obras que este 
concreto pode gerar traz consigo a redução dos custos com funcionários, com 
aluguéis de formas, equipamentos e diversos outros ganhos de produtividade. A alta 
resistência inicial é fruto de uma dosagem racional do concreto, feita com base nas 
características específicas de cada obra. Portanto, a obra deve fornecer o maior 
número de informações possíveis para a elaboração do traço, que pode exigir 
aditivos especiais, tipos específicos de cimento e adições. 
8 
 
Concreto de Pavimento Rígido- O principal requisito exigido para esse 
concreto é a resistência à tração na flexão e ao desgaste superficial. Trata-se de um 
concreto de fácil lançamento e execução. É aplicado em estradas e vias urbanas. 
As vantagens são: maior durabilidade; redução dos custos de manutenção e 
maior luminosidade. 
Concreto Pesado - A característica principal desse tipo de concreto é a sua 
alta densidade que varia entre 2800 e 4500kg/m³, obtida com a utilização de 
agregados especiais, normalmente a hematita. É aplicado como contra peso em 
gasodutos, hospitais e usinas nucleares. Pode ser citada a vantagem de ser isolante 
radioativo. 
Concreto Projetado – Concreto que é lançado por equipamentos especiais 
e em velocidade sobre uma superfície, proporcionando a compactação e a 
aderência do mesmo a esta superfície. São utilizados para revestimentos de túneis, 
paredes, pilares, contenção de encostas, etc. Este concreto pode ser projetado por 
via seca ou via úmida, alterando desta forma a especificação do equipamento de 
aplicação e do traço que será utilizado. 
Concreto Leve Estrutural – Os concretos leves são reconhecidos pelo seu 
reduzido peso específico e elevada capacidade de isolamento térmico e acústico. 
Enquanto os concretos normais têm sua densidade variando entre 2300 e 
2500kg/m³, os leves chegam a atingir densidades próximas a 500kg/m³. Cabe 
lembrar que a diminuição da densidade afeta diretamente a resistência do concreto. 
Os concretos leves mais utilizados são os celulares, os sem finos e os produzidos 
com agregados leves, como isopor, vermiculita e argila expandida. Sua aplicação 
está voltada para procurar atender exigências específicas de algumas obras e 
também para enchimento de lajes, fabricação de blocos, regularização de 
superfícies, envelopamento de tubulações, entre outras. 
Concreto Leve - A densidade desse concreto varia de 400 a 1800kg/m³. Os 
tipos mais comuns são o concreto celular espumoso, concreto com isopor e concreto 
com argila expandida. É aplicado em: enchimento e regularização de lajes, pisos e 
elementos de vedação. 
As vantagens são: redução de peso próprio e isolante termo acústico. 
Concreto Fluído - Indicados para concretagens de peças densamente 
armadas, estruturas pré-moldadas, fôrmas em alto relevo, fachadas em concreto 
aparente, painéis arquitetônicos, lajes, vigas etc. Este concreto, com grande 
9 
 
variedade de aplicações é obtido pela ação de aditivos superplastificantes, que 
proporcionam maior facilidade de bombeamento, excelente homogeneidade, 
resistência e durabilidade. Sua característica é de fluir com facilidade dentro das 
formas, passando pelas armaduras e preenchendo os espaços sob o efeito de seu 
próprio peso, sem o uso de equipamento de vibração. Para lajes e calçadas, por 
exemplo, ele se auto nivela, eliminando a utilização de vibradores e diminuindo o 
número de funcionários envolvidos na concretagens. 
Concreto Rolado - É utilizado em pavimentações urbanas, como sub-base 
de pavimentos e barragens de grande porte. Seu acabamento não é tão bom quanto 
aos concretos utilizados em pisos industriais ou na pavimentação de pistas de 
aeroportos e rodovias, por isso ele é mais utilizado como sub-base. 
Concreto Colorido - Concreto normal adicionado de pigmentos especiais, 
os quais conferem ao concreto várias cores com diferentes tonalidades, a saber: 
amarela, azul, vermelha, verde, marrom e preta. É aplicado em pisos, calçadas e 
fachadas. 
As vantagens são: elimina pintura e pode ser usado como marcador de 
áreas específicas. 
Concreto Resfriado com Gelo - Trata-se de um concreto, cuja quantidade 
de água é parcialmente substituída por gelo, para atender a condições específicas 
de projeto, por exemplo, a retração térmica. É aplicado em paredes espessas e 
grandes blocos de fundação. A vantagem é a redução da fissuração de origem 
térmica. 
Concreto Auto Adensável - É o concreto do futuro. Trata-se de um 
concreto de elevada plasticidade. Em alguns casos, pode ter a sua reologia 
controlada com a utilização de aditivos de última geração. É aplicado em fundações 
especiais tipo hélice contínua e paredes diafragma; peças delgadas e peças 
densamente armadas. 
As vantagens são: Maior durabilidade e fácil aplicação. Dispensa a utilização 
total ou parcial de vibradores; redução dos custos com mão de obra e energia e 
maior produtividade no lançamento. 
Concreto com Adição de Fibras - Normalmente elaborado com fibras de 
nylon, polipropileno e aço, dependendo das condições de projeto. Os concretos 
assim obtidos inibem os efeitos da fissuração por retração. Obras civis especiais e 
pisos industriais. 
10 
 
As vantagens são: aumenta a durabilidade das obras quanto à abrasão e 
desgaste superficial; melhora a resistência à tração do concreto e pode ser utilizado 
em pistas de aeroportos. 
Concreto Impermeável - Trata-se de um concreto com a relação 
água/cimento limitada, normalmente menor ou igual a 0,55; e dosado com um 
cimento apropriado, tipo Portland de alto – forno ou pozolânico. É aplicado em obras 
hidráulicas em geral, estações de tratamento d’água e esgoto e barragens. 
As vantagens são: aumento da durabilidade da obra e redução dos custos 
de manutenção da obra. 
 
2. LEGISLAÇÃO 
2.1. A NOVA NORMA DE DESEMPENHO – ABNT/NBR 15575 
A Norma cria um marco regulatório no setor da construção civil. 
A publicação da NBR 15575 ocorre conceitos já aplicados há muito tempo 
nos países desenvolvidos e que, agora, com a sua vigência, passarão a ser 
implementados também no Brasil. E consenso entre especialistas que a Norma vai 
trazer, de fato, muitos avanços a toda a cadeia da indústria da construção e 
estabelecerá uma relação de corresponsabilidade entre projetistas, fabricantes, 
construtores, incorporadores e consumidores, criando uma linguagem unificada e 
transparente dentro da cadeia produtiva. 
2.2. EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS – DESEMPENHO REQUISITOS PARA OS 
SISTEMAS ESTRUTURAIS - ABNT/NBR 15575:2013 
Essa nova versão traz uma série de ajustes necessários para tornar essa 
importante norma mais clara no entendimento, inclusive com metodologias de 
avaliação do desempenho que possam ser executadas pelos laboratórios e 
construtoras nacionais. O escopo da norma também foi ampliado: enquanto a versão 
de 2008 era exigível para projetos residenciais de até cinco pavimentos, a nova 
versão determina seu uso para edifício de qualquer número de pavimentos, porém 
continuando a limitação para edifícios residenciais. 
Um dos grandes desafios para o setor da construção e ter o conhecimento 
dos sistemas que atendem aos requisitos da nova Norma e direcionar ações que 
sirvam de incentivo a adequação geral aos novos parâmetros, lembrando que, 
apesar da Norma de Desempenho não estabelecer requisitos para produtos, em 
11 
 
grande parte dos casos o atendimento as normas prescritivas específicas e 
suficiente para seu atendimento, de modo que são necessárias ações para que só 
sejam produzidos e vendidos produtos em conformidade com as normas técnicas. 
No caso particular dos projetos das estruturas de edifícios, devem continuar 
sendo elaborados pelas normas específicas. Assim, para uma estrutura em concreto 
armado, por exemplo, deve ser utilizada a ABNT/NBR 6118: 
 Projeto de estruturas de concreto; 
Procedimento para uma estrutura pré-moldada de concreto, a norma 
ABNT/NBR 9062: 
 Projeto e execução de estruturas pré-moldados de concreto. 
De forma análoga, os projetos das estruturas de paredes de concreto, 
alvenaria estrutural e outras, como estruturas metálicas ou de madeira, devem ser 
concebidos e desenvolvidos pelas normas especificas existentes. 
Na norma ABNT/NBR 6118, desdea versão de 2003, já havia a 
preocupação com o desempenho das estruturas: “As estruturas de concreto devem 
ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas 
na época do projeto, e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, 
conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante um período 
correspondente a sua vida útil”. 
Nesta norma, a durabilidade de uma estrutura e obtida pela espessura e 
característica do concreto do cobrimento (função da relação água/cimento - a/c, do 
nível de resistência do concreto e do consumo mínimo de cimento, em função das 
classes de agressividade ambiental a que a estrutura estará sujeita) e pela limitação 
da fissuração das peças estruturais. 
A parte II da ABNT/NBR 15575:2013 estabelece que, para atender aos 
requisitos da segurança, as estruturas devem, durante a sua vida útil de projeto, sob 
as diversas condições de exposição (ação do peso próprio, sobrecargas de 
utilização, atuações do vento e outros), atender aos requisitos do estado limite último 
(ELU) e do estado limite de serviço (ELS). Dessa forma, foram estabelecidos os 
seguintes requisitos: 
 Estabilidade e resistência do sistema estrutural e demais elementos 
com função estrutural; 
 Deformações ou estados de fissuração do sistema estrutural; 
12 
 
 Impactos de corpo mole e corpo duro; 
 Em que os elementos da estrutura não podem sofrer ruptura ou 
instabilidade sob as energias de impacto indicada nas tabelas 
apresentadas na norma, sendo dispensadas da verificação deste 
requisito as estruturas projetadas conforme a ABNT/NBR 6118 e 
outras normas específicas citadas. 
O atendimento a esses requisitos e fundamental na validação de novos 
métodos construtivos inovadores, utilizados, por exemplo, em conjuntos 
habitacionais. Além dos aspectos estruturais, a parte II remete a parte I da Norma de 
Desempenho (Requisitos Gerais), o atendimento de outros desempenhos 
requeridos, como segurança contra incêndio, segurança no uso e operação, entre 
outros. Mas, estabelece requisitos quanto à durabilidade e “manutenibilidade¹”, 
visando “conservar a segurança, estabilidade e aptidão da estrutura em serviço 
durante o período correspondente a sua vida útil”. O texto da norma esclarece que a 
durabilidade “e função das condições ambientais previstas na época do projeto e da 
utilização das estruturas conforme preconizado em projeto e submetidas a 
intervenções periódicas de manutenção e conservação, segundo instruções contidas 
no manual de operação, uso e manutenção” e ainda... “as boas práticas, de acordo 
com a ABNT/NBR 5674 - Manutenção de edificações” - Procedimento. 
Esse requisito estabelecido na norma e de muita importância, pois obrigará 
uma mudança cultural quanto à operação e manutenção das estruturas, itens 
normalmente negligenciados pelos responsáveis dessas funções. 
2.3. VIDA ÚTIL E DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES - ABNT/NBR 15575:2013 
A Norma de Desempenho para edificações habitacionais, que entrou em 
vigor em julho de 2013, concretizada na NBR 15575-1 da ABNT, estabelecerá uma 
nova dinâmica no processo construtivo, consolidando-se como um marco 
fundamental para a construção civil brasileira, ao determinar as atribuições 
impostas, de forma individualizada, no que concerne a ação efetiva de cada 
interveniente, dentro do ciclo do processo construtivo das edificações, ao longo da 
sua vida útil. As etapas do ciclo de construção, denominadas como “PPEEU”, estão 
contempladas e distinguidas pela Engenharia Diagnóstica em Edificações, algumas 
premissas e conceitos devem ser previamente esclarecidos em relação ao 
13 
 
estabelecimento e especificações da vida útil, para favorecer ao entendimento do 
tema, a saber, de acordo com a citada norma, existem os conceitos de vida útil. 
 Existe também o conceito de “durabilidade” que, por sua vez, está definido 
na norma de desempenho como sendo a capacidade da edificação ou de seus 
sistemas de desempenhar suas funções, ao longo do tempo e sob condições de uso 
e manutenção especificadas no manual de uso, operação e manutenção. A 
durabilidade expressa, qualitativamente, as condições em que a edificação e seus 
sistemas mantém o desempenho requerido durante a vida útil. 
A durabilidade deve ser quantificada, e expressa em anos. A determinação 
da VUP e obrigação dos projetistas, fase do projeto da obra (“P” do PPEEU), de 
comum acordo com o empreendedor e usuários (quando aplicável) que deve 
especificar, para os diversos sistemas, os produtos e processos que atendam ao 
desempenho mínimo estabelecido na norma. Observa-se que as normas prescritivas 
e as normas de produtos devem ser adotadas, conjuntamente, e respeitadas as 
suas exigência, prevalecendo quando for o caso, a de maior restrição. Caberá aos 
projetistas a necessária apresentação de plantas, desenhos, acompanhados de 
memoriais com especificação de materiais, produtos e processos que venham 
atender aos requisitos de desempenho propostos na NBR 15575. 
Ao incorporador ou prepostos caberá, na fase do planejamento da obra (“P” 
do PPEEU), identificar os riscos previsíveis e interferências na vizinhança da futura 
obra, para subsidiar aos projetistas, no que se referente às condições locais e 
ambientais do entorno da mesma, na fase que antecede ao desenvolvimento dos 
projetos, nos termos previstos na norma de desempenho. 
Também caberá ao construtor ou incorporador elaborar e fornecer o manual 
de uso, operação e manutenção da edificação, por ocasião da entrega da obra ao 
proprietário ou condomínio. 
Por sua vez, caberá aos fabricantes e fornecedores em geral caracterizar o 
desempenho dos seus sistemas ou produtos, pressupondo-se o fornecimento, além 
da vida útil prevista para os mesmos, das orientações completas para a operação e 
manutenção, a serem apresentadas e inseridas nos projetos, pelos respectivos 
projetistas. 
Caberá ao construtor, na fase execução da obra (“E” do PPEEU), observar o 
emprego de materiais e produtos, além de treinar a mão de obra para executar a 
edificação segundo os projetos e memoriais disponibilizados. 
14 
 
A VU das edificações ou de seus elementos se extinguem, na prática, 
quando os mesmos deixam de atender aos níveis mínimos exigidos no 
cumprimentos de suas funções. 
Note que, após a fase da entrega da obra (“E” do PPEEU), caberá aos 
proprietários ou condomínios, proceder às ações de manutenção, desenvolvendo e 
propiciando condições materiais e financeiras para sua implantação. Essa condição 
ressalta-se, e de importancia fundamental para que a vida útil de projeto seja 
alcançada. 
Também na fase de uso (“U” do PPEEU), caberá ao usuário ou prepostos, 
além do uso correto da edificação, a ressalva para não introduzir mudanças na 
destinação, impor sobrecargas não previstas no “manual” disponibilizado pelo 
construtor ou incorporador, ou introduzir alterações nas condições previstas 
originalmente nos projetos. 
As ações de manutenção devem ser consolidadas e implantadas pelo 
proprietário ou síndico, quando se tratar de condomínio, consolidando o Plano de 
Manutenção da Edificação, em estreita observação as prescrições propostas pelos 
construtores e incorporadores, sugeridos ou detalhados no denominado manual de 
uso, operação e manutenção das edificações, visando à preservação ou eventual 
incremento da VU. 
2.4 NORMAS COMPLEMENTARES 
Em função do exposto, destaca-se a existência de outras importantes 
normas da ABNT, que devem ser utilizadas, complementarmente a norma de 
desempenho, sendo inclusive referênciadas na mesma. A observancias das 
referidas normas pelos intervenientes nominados nas mesmas constitui-se como 
pré-requisito paraa obtenção da VU. As normas estão a seguir indicadas: 
a) NBR- 14037 (Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e 
manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e 
apresentação dos conteúdos) direciona construtores ou incorporadores 
na elaboração das instruções e informações fundamentais das condições 
seguras, previstas no projeto, para o uso, operação e manutenção da 
edificação. 
A Norma em apreço prevê a apresentação pelos construtores ou 
incorporadores de uma proposta ou modelo de Plano de Manutenção, com 
15 
 
instruções expressas de periodicidade e procedimentos de ação aos proprietários ou 
condominios. Tal documento, quando elaborado em consonância estreita e em 
atendimento as respectivas prescrições, possibilita aos incorporadores e 
construtores a salvaguarda, em caso de necessidade de apuração de danos ou 
falhas. Comprovados que os critérios de projeto e execução, associado ao uso de 
produtos e insumos previstos nos projetos, aliada a boa técnica de execução, foram 
respeitados, cumpridas as normas prescritivas e de normas de produtos, os 
construtores e incorporadores podem se eximir em ações de reparos, corroborada a 
negligência no uso, na manutenção das edificações ou mediante intervenção 
irregular nos sistemas originalmente entregues. 
b) NBR – 5674 (Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de 
gestão de manutenção) consolida as diretrizes gerais para 
gerenciamento e implantação dos planos de manutenção, direcionados 
aos usuários: proprietários ou síndico, quando condominio. 
A implantação e gerenciamento do plano também pressupõe a formalização 
dos registros da manutenção e arquivo dos documentos. Quando as ações e o 
atendimento ao plano são desenvolvidos em consonância com a citada norma, ela 
possibilita que o proprietário, ou condominio, quando aplicável, sejam resguardados, 
quando sobrevem as anomalias associadas à presença de vicios ou defeitos 
construtivos. 
Note que a reparação de “falhas” para obras em garantia, sob a vigência dos 
prazos de garantia, recairá sobre incorporador ou construtor, ressalvada as 
questões de mau uso ou negligência na manutenção. Após o decurso do prazo de 
garantia, será necessária a apuração das responsabilidades. 
Nessa nova fase vivenciada pelos intervenientes do processo da construção 
civil, com advento das três normas citadas, sem embargo da necessidade da 
observância das demais normas prescritivas, fica claro que, à medida que as regras 
ficam mais transparentes, mais claras, as perspectivas para o melhor entendimento 
entre os intervenientes do processo construtivo fica mais bem estabelecida. 
Em função do exposto, existem alguns aspectos que justificam a busca para 
a determinação e a consequente aplicação da VU, na prática, para os setores 
envolvidos na Construção Civil e seus intervenientes, ressaltado-se a sua 
importância, nos termos previstos na norma de desempenho, como forma de 
estabelecer: 
16 
 
 Parâmetros para uma concorrência saudável no mercado de imovéis, 
visando à depuração de empresas de baixa qualificação técnica do 
mercado; 
 Referênciais técnicos para contratação de obras pelos proprietários 
ou condominio, uma vez que, mesmo atentando para as prescrições 
normativas, os produtos disponibilizados podem apresentar 
durabilidade diversa da aquisicao; portanto, com o referencial de VU 
minimiza-se a possibilidade dos produtos serem disponibilizados com 
durabilidade inferior ao que foi adquirido; 
 Parâmetros para orientação dos peritos e para instruir as demandas, 
além de respaldar as decisões judiciais, especialmente quando 
decorridos os prazos de garantia e vida útil previstos na legislação 
vigente (Código civil – CC e CDC – Código de defesa do consumidor), 
facilitando a apuração de responsabilidades; 
 Parâmetros concretos e critérios para a adoção das soluções, custos 
e níveis de desempenho ao longo do tempo, viabilizando a definição, 
aplicação e apuração do “Custo Global” nas construções. 
Nesse passo, também se faz necessário inferir que o custo de um imóvel 
seja analisado sob a ótica da abordagem de longo prazo, adotando-se os conceitos 
do “Custo Global”. Esse conceito preve que, além do “custo inicial” demandado 
durante a construção, também sejam contabilizados, complementarmente, os custos 
de “operação e manutenção” ao longo da vida útil e também considerada, segundo 
uma vertente mais atualizada, a inclusão do custo do “desmonte”. 
Essa abordagem tem ganhado adeptos, considerada a atual e ascendente 
demanda para a adoção do tema da sustentabilidade nas obras. Por outro lado, sem 
o estabelecimento de uma vida útil mínima obrigatória para as edificações, quer seja 
em normas ou mesmo em lei, futuramente, e possível que alguns construtores ainda 
optém para a realização de obras com um “custo inicial menor” em relação ao custo 
global da mesma. 
Tal postura pode gerar prejuíizo ao usuário, uma vez que terá de 
desembolsar expressivo montante com a manutenção do seu imóvel, também com 
reflexos na expectativa de durabilidade e gerando o comprometimento do valor do 
patrimônio. 
17 
 
 
3. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O CIMENTO 
Data de 1824 ocorreu à obtenção da patente do cimento, na Inglaterra, por 
Joseph Aspdin. A partir daí, a utilização de concreto tem sido cada vez mais 
difundida em todo o mundo, incrementada por estudos que resultaram no 
surgimento da Lei de Abrams, em 1918, que relacionou a resistência do concreto 
com o seu fator água/cimento. 
Através de dados fornecidos pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento 
Portland), tem-se conhecimento de que a primeira regulamentação de obras com 
estrutura em concreto foi elaborada pela ABC (Associação Brasileira de Concreto), 
em 1931, intitulada “Regulamento para Construções em Concreto Armado”. Tal 
regulamento contemplava concretos com fck < 12MPa, sendo que a máxima 
resistência permitida para fc28 era de 26MPa. 
Historicamente, percebe-se uma evolução nos incrementos de resistências, 
em função das necessidades, sendo a partir daí adotada a denominação de 
concreto de alta resistência, referindo-se àqueles que possuem resistências muito 
mais elevadas em relação aos outros mais regularmente utilizados, denominados 
concretos comuns. 
Na medida em que a abordagem prescritiva, baseada na experiência 
passada e na simples comparação com os padrões pré-estabelecidos, não fazia uso 
de ensaios para verificação do comportamento potencial do edifício, seus elementos 
e instalações, quando submetido às condições regulares de exposição, pode-se 
dizer que a tendência era perpetuar as técnicas convencionais de construção, sem 
qualquer espaço para o surgimento da inovação. 
Exemplo disso e a experiência pioneira do arquiteto inglês, John Brodie, 
responsável pelo desenvolvimento do primeiro sistema de painéis pré-fabricados de 
concreto de que se tem noticia utilizado em 1905, em Liverpool, para a construção 
do edifício conhecido como Eldon Street Apartamentos (Figura 1). 
18 
 
 
Mundialmente, há registros de que em meados da década de 50, 
resistências de 34MPa eram consideradas altas. Nos anos 60, já eram produzidos 
comercialmente concretos com resistências entre 41MPa e 52MPa. 
No entanto, quando as resistências à compressão chegaram perto dos 
60MPa, houve um obstáculo técnico que impediu a continuação de seu incremento. 
Tal barreira só foi transposta com a disponibilidade de novos materiais, que 
tornaram viável reduzir ainda mais o fator água/aglomerante, uma vez que os 
redutores de água disponíveis, elaborados à base de lignossulfonatos, haviam 
chegado ao seu limite. 
No final dos anos 60, os superplastificantesforam utilizados pela primeira 
vez em concretos quase simultaneamente no Japão e na Alemanha. Cabe 
esclarecer que já havia um conhecimento prévio e até uma patente americana do 
desempenho de redutores de água à base de policondensados de naftaleno 
sulfonato desde 1938, mas seu custo era considerado muito alto e os redutores à 
base de lignossulfonatos atendiam bem às expectativas até então. 
Para citar o caso mais emblemático deste período, tem-se o colapso 
estrutural ocorrido em 1968 no edifício Ronan Point, em Londres, que marca o 
declínio das construções habitacionais massivas no Reino Unido (figura 3). Em 
1970, cresce a controvérsia sobre as condições de conservação de alguns destes 
conjuntos, não só devido ao grave problema de colapso progressivo observado no 
Ronan Point, que levou a uma completa revisão nas ligações de sistemas 
construtivos a base de grandes painéis de concreto, mas também em função de 
patologias observadas, tais como condensação e mau funcionamento de 
19 
 
equipamentos de calefação, indispensáveis para as severas condições climáticas do 
inverno europeu. 
 
Foi nos anos 1970 que, apoiado nos trabalhos realizados no CIB (acrônimo 
proveniente da sigla em francês de Conseil Internacional do Batiment, atual 
Internacional Council for Research and Innovation in Building and Construction), se 
deu um importante salto conceitual, na medida em que ficavam evidentes, por um 
lado, o esgotamento do modelo produtivista de industrialização da construção, até 
então adotado na Europa, e, por outro, a necessidade de se elaborar novos 
instrumentos descontrole para a produção do edifício, capazes de contemplar as 
exigências dos futuros usuários e corrigir os erros cometidos no período inicial de 
reconstrução no pós-guerra. 
O resgate do usuário como protagonista e destinatário final do processo 
construtivo do edifício fez com que as normas técnicas passassem a ter um caráter 
de direito social e deixassem de ser encaradas como facultativas pelos produtores. 
20 
 
É importante ressaltar que a expressão usuário designa não somente os ocupantes 
finais do bem produzido, a habitação, mas todos os participem no processo de 
produção e gestão. A está definição ampliada de usuário, deve-se também agregar 
as noções de conservação e manutenção da edificação, além da avaliação do 
impacto que os elementos constituintes da edificação provocam sobre o meio 
ambiente. 
Nos anos 80, com o desenvolvimento tecnológico dos superplastificantes e 
com o aumento de sua dosagem aliados à utilização de subprodutos com 
propriedades pozolânicas, foi efetivamente possível à obtenção de concretos com 
resistências próximas e superiores a 100MPa, com significativa redução de seu fator 
água/cimento, sem detrimento da trabalhabilidade. 
No Brasil, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo 
(IPT) foi pioneiro no estudo e na aplicação do conceito de desempenho para 
avaliação de sistemas construtivos destinados a habitação popular. Em 1981, foram 
apresentados os resultados de uma pesquisa intitulada “Formulação de critérios 
para avaliação de desempenho de habitações”, desenvolvida pela antiga Divisão de 
Edificações daquele Instituto para o extinto BNH - Banco Nacional de Habitação 
(1964-1986). Na época da publicação deste trabalho, a normalização brasileira era 
basicamente prescritiva, como majoritariamente ainda o e atualmente, abordando 
soluções construtivas especificas, sem a definição de limites mínimos de qualidade 
que pudessem servir de referência para a avaliação de desempenho para novos 
produtos ou sistemas construtivos. 
Posteriormente, em 1997, a Caixa Econômica Federal contratou o IPT para 
revisar o trabalho realizado em 1981, ao qual se somaram outros estudos, tal como 
aquele elaborado pelo Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola 
Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP-PCC) e pelo Instituto Brasileiro 
de Tecnologia e Qualidade da Construção (ITQC), em 1998. 
Frente aos vários estudos e pesquisas desenvolvidos de forma 
independente, a Caixa Econômica Federal e representantes do meio técnico 
identificaram a necessidade de harmonizá-los, convertendo-os em uma base para 
futuras normas técnicas. Com o apoio da FINEP (Financiadora de Estudos e 
Projetos), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, foi 
desenvolvida no ano de 2000 o projeto de pesquisa “Normas técnicas para avaliação 
de sistemas construtivos inovadores para habitações”, tendo como objetivo chegar a 
21 
 
um conjunto de normas técnicas brasileiras para avaliação de desempenho de 
edifícios habitacionais. 
E neste contexto que se cria no ano 2000, no âmbito do Comitê Brasileiro da 
Construção Civil (ABNT/CB-02), uma Comissão de Estudo com o objetivo de 
elaborar o projeto de norma sobre desempenho de edificações, cujo primeiro 
coordenador foi o Eng.º. Ercio Thomaz, do IPT. Sucedeu-o, em 2004, o Eng.º. 
Carlos Borges, representando o segmento produtor, ate à primeira publicação oficial 
da Norma de Desempenho, em maio de 2008. Em setembro de 2010, no entanto, 
após a realização de vários workshops, entre representantes da cadeia produtiva, da 
Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades, chegou-se a necessidade de 
reativação da Comissão de Estudo, na medida em que foram identificados vários 
tópicos relevantes a serem revisados, aperfeiçoados ou acrescentados ao texto 
original da ABNT/NBR 15575:2008. 
Finalmente, nesta sua ultima etapa, a coordenação da Comissão de Estudo 
para revisão da ABNT/NBR 15575 coube ao Eng.º. Fabio Villas Boas, também 
representante do segmento dos produtores, tendo a mesma sido publicada em 
fevereiro de 2013, com inicio de sua exigibilidade previsto para julho de 2013. 
O adiamento da publicação da Norma de Desempenho, que pode ser visto 
como algo negativo por alguns, principalmente aqueles que não tomaram parte nos 
trabalhos, foi imprescindível para que o processo de revisão do texto fosse concluído 
e os atores envolvidos nesta tarefa pudessem, de fato, chegar a um consenso com 
respeito aos parâmetros técnicos que a orientam e, por certo, impactarão de forma 
positiva o mercado brasileiro da construção civil habitacional nas próximas décadas. 
A Norma de Desempenho e hoje, reconhecidamente, um divisor de águas na 
construção civil brasileira, pois levam projetistas a conceberem e construtoras a 
executarem obras para um determinado nível de desempenho especificado, a ser 
atendido ao longo da vida útil da edificação. Trata-se de uma das maiores 
autorregulamentações técnicas, de um setor da atividade econômica. 
 
4. COMPOSIÇÃO DO CONCRETO ARMADO 
Entende-se por concreto armado o material resultante da combinação do 
concreto com as barras de aço nele imersas, trabalhando em conjunto devido à 
aderência entre estes dois materiais. A função das barras de ferro é absorver as 
tensões de tração, quando as peças são submetidas a esforços de flexão, de 
22 
 
cisalhamento, de torção e de tração; o concreto resiste melhor aos esforços de 
compressão. 
O concreto é o material mais utilizado na construção civil, por ao menos três 
razões principais. São elas: consistência plástica enquanto fresco, proporcionando 
uma grande variedade de formas e tamanhos; excelente resistência à água, sendo, 
portanto, o material ideal para estruturas como barragens, revestimento de canais e 
elementos estruturais expostos à umidade, como estacas, sapatas, lajes, vigas e 
pilares; e o seu baixo custo, associado à rápida disponibilidade do material para a 
obra. 
Pode ser definido como um material compósito constituído de um meio 
aglomerante, no qual estão aglutinados partículasou fragmentos de agregado. O 
cimento utilizado na fabricação do concreto é o que endurece com a água, o cimento 
hidráulico. A fabricação do concreto consiste na mistura de brita, areia, cimento e 
água, em proporções adequadas, e, eventualmente, aditivos. 
A dosagem do concreto, que inclui o fator água/cimento e o traço do 
concreto, deve ser definida para a construção, a partir de fatores como 
trabalhabilidade, durabilidade e resistência mecânica mínima a ser atingida. A 
durabilidade do concreto está associada aos requisitos mínimos de resistência ao 
desgaste, ação da umidade, temperatura, agentes agressivos e impermeabilidade, 
além de uma distribuição adequada da armadura e boa concretagem. 
 A resistência do concreto varia em função do processo de hidratação do 
cimento, que é relativamente lento. Sendo assim, as especificações e os ensaios 
para resistência do concreto se baseiam em corpos de prova curados, sob 
condições padrão de temperatura e umidade, para períodos de 28 (vinte e oito) dias. 
 A resistência do concreto decresce com o fator água/cimento, que é a 
relação da água para o cimento, em peso. Este fator varia entre 45% e 70%. Uma 
menor relação água/cimento é benéfica para a durabilidade da estrutura, reduzindo, 
no entanto, a trabalhabilidade do concreto novo. A resistência do concreto aumenta 
com o consumo de cimento, em uma faixa de utilização entre 250 a 450kg/m³. 
 O concreto começa a endurecer em poucas horas, podendo ser moldado in 
loco ou ser pré-fabricado. Este concreto novo deve ser curado, ou seja, protegido 
contra a desidratação, ação de agentes nocivos e variações bruscas de temperatura. 
A umidade presente durante a concretagem deve ser mantida, pelo menos durante 
os primeiros 7 (sete) dias após o lançamento. 
23 
 
4.1. Cimento 
 Material seco, finamente pulverizado, que não é um aglomerante por si só, 
mas através de reações químicas entre seus minerais e a água, desenvolve 
propriedade aglomerante. Um cimento é chamado hidráulico quando os produtos da 
hidratação ficam estáveis em ambiente aquoso. O cimento Portland é o cimento 
hidráulico mais comum, sendo constituído essencialmente de silicatos reativos de 
cálcio. 
 O cimento é um material composto de clínquer e adições, sendo o clínquer 
o componente principal, presente em todos os tipos de cimento. As matérias-primas 
básicas do clínquer são a argila e o calcário. Para sua fabricação, a rocha calcária é 
britada e moída e misturada com argila moída. A mistura é submetida a um calor de 
até 1.450ºC e então é subitamente resfriada, formando o clínquer, que então é 
moído até transformar-se em pó. 
 Durante o processo de moagem do clínquer, são acrescentados materiais, 
que definem as propriedades dos diferentes tipos de cimento. As principais adições 
são o gesso, materiais pozolânicos e carbonáticos, e as escórias de alto-forno. 
 Os tipos de cimento que existem no Brasil diferem em função da sua 
composição, como o cimento Portland comum, cimento Portland composto, de alto-
forno, pozolânicos, de alta resistência inicial, resistente a sulfatos, de baixo calor de 
hidratação, o cimento Portland branco e cimento para poços petrolíferos. 
4.2. Agregados 
 Material granular, como areia, pedregulho, pedrisco, rocha britada, escória 
de alto-forno ou resíduos de construção e de demolição, que é usado com um meio 
cimentício para produzir concreto ou argamassa. O termo areia é usualmente 
utilizado para agregado miúdo, resultante da desintegração natural ou da britagem 
de rocha. Brita é o produto resultante da trituração industrial de rochas. Escória de 
alto-forno é o subproduto da indústria siderúrgica, gerado a partir da produção do 
ferro gusa. 
 São muito importantes na composição do concreto, pois cerca de 70% dela 
é constituída de agregados. Uma das principais vantagens do uso em grandes 
proporções dos agregados no concreto ou argamassa é a de apresentar custo muito 
inferior ao do cimento. Do ponto de vista técnico, os agregados influenciam certas 
24 
 
propriedades do concreto, beneficiando-as, principalmente na redução da retração, 
que é a alta na pasta de cimento, e na melhoria da resistência ao desgaste. 
4.3. Água 
Normalmente, a água potável é a indicada para a confecção dos concretos. 
A água é necessária para possibilitar as reações químicas do cimento, chamadas 
reações de hidratação, que irão garantir as propriedades de resistência e 
durabilidade do concreto. 
Tem também a função de lubrificar as demais partículas, para proporcionar 
melhor trabalhabilidade do concreto. 
4.4. Aditivos e adições 
 Materiais que não são agregados, cimento e água. São adicionados à 
dosagem do concreto imediatamente antes ou durante a mistura, podendo aumentar 
a plasticidade do concreto sem aumentar o consumo de água, reduzir a exsudação e 
segregação, retardar ou acelerar o tempo de pega, aumentar à resistência à ação do 
congelamento, fissuração térmica e corrosão da armadura. 
 A composição desses materiais varia muito, desde surfactantes e sais 
solúveis até polímeros e minerais insolúveis. Pode-se classificá-los como aditivos 
químicos, que agem instantaneamente no sistema cimento/água ou se dissociam, 
afetando as reações químicas entre os compostos do cimento e da água, e as 
adições minerais, como os materiais pozolânicos e subprodutos industriais, como 
cinzas volantes e escórias. 
 
5. CONCRETO PRÉ-FABRICADO x CONCRETO PRÉ-MOLDADO 
Pré-moldagem: Processo de construção em que os elementos estruturais 
ou parte da estrutura de uma obra são moldados fora do local de sua utilização 
definitiva. 
Pré-fabricação: Processo de construção em que os elementos estruturais 
ou parte de uma estrutura de uma obra são moldados em instalações industriais. 
 A diferenciação entre as definições de pré-moldagem e de pré-fabricação 
tem como origem a ABNT/NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas Pré-
moldadas de concreto. Embora os elementos pré-fabricados sejam submetidos a 
exigências mais rigorosas de qualidade em função de sua execução e controle, tal 
fato não indica que os pré-moldados em canteiro de obras sejam inferiores aos pré-
25 
 
fabricados. O importante é que em ambos os casos haja conformidade total com os 
requisitos estabelecidos em norma. 
 
6. SISTEMA DE FÔRMAS PLÁSTICAS PARA LAJES DE CONCRETO 
O sistema de fôrmas para lajes de concreto atua no processo de moldagem 
e sustentação do concreto fresco até que este atinja a resistência suficiente para 
suportar as cargas que lhes são submetidas, tais como: o seu próprio peso, peso do 
concreto, do aço, do tráfego de operários e equipamentos, devendo esses ser 
previstos no projeto. A busca pela racionalização das fôrmas está ligada diretamente 
ao bom desempenho de uma estrutura de concreto. Dentre os elementos que 
constituem um sistema de fôrmas para execução de lajes podem ser classificados 
na seguinte ordem: moldes, estrutura do molde (cimbramento metálico) e 
escoramento metálico. 
O critério para escolha de um sistema de fôrmas depende do custo em 
função do prazo, ou seja, considerar quanto custa alugar as fôrmas durante o 
período da obra, verificar a disposição econômica da empresa de investir na 
aquisição em curto prazo, visando o aproveitamento em longo prazo. Em seguida, 
deve-se calcular quanto custa para fabricar as fôrmas com outros tipos de materiais. 
A partir dos resultados obtidos, deve ser escolhido o material que será utilizado 
nessa execução. Assim, em função do custo da fôrma ter um valor elevado, que 
pode variar de 30% a 60% do valor total da estrutura de concreto, torna-se 
importante a discussão e análise do sistema de fôrmas. 
Atualmente,no Brasil, existem diversas obras em andamento com serviços 
especializados para execução das estruturas de concreto. A Figura 1 mostra um 
sistema de fôrmas de plástico para execução de lajes de concreto, que vem sendo 
utilizado em experiências recentes em muitas obras. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
7. SISTEMA CONSTRUTIVO DE PAREDES DE CONCRETO 
MOLDADAS NO LOCAL: ASPECTOS DE CONTROLE DA 
EXECUÇÃO. 
 O sistema construtivo constituído de paredes estruturais maciças de 
concreto armado moldadas no local vem sendo utilizado por diversas empresas 
construtoras ao longo dos últimos anos por ser um sistema que pode proporcionar 
reduções no prazo da obra e do contingente de mão de obra. 
De fato, quando se compara as etapas de execução de um edifício com 
estrutura reticular e vedação vertical de alvenaria com aquelas de um edifício com 
paredes de concreto, verifica-se que a obtenção de paredes monolíticas com uma 
única etapa de concretagem, além da óbvia eliminação da necessidade de se 
executar paredes de alvenaria, simplifica as etapas de acabamento, por já se obter 
uma parede regular. Dessa forma, a qualidade de execução deste sistema 
construtivo sofre menor dependência da mão de obra. 
Por outro lado, a qualidade de execução das paredes de concreto 
dependerá de outros fatores além da mão de obra, tais como as formas e as 
propriedades do concreto. A qualidade de execução de uma estrutura convencional 
de concreto, além de interferir no comportamento mecânico, influencia nos custos e 
prazos de execução, uma vez que “(...) desaprumos, embarrigamentos, 
desalinhamentos, desbitolamentos, desníveis e outras irregularidades das peças 
implicam a necessidade de demolições, escarificações, enchimentos e grande série 
de improvisações, repercutindo em atrasos de cronograma e desperdícios de 
materiais e de mão de obra (...)”. 
Pode-se inferir que, para o caso específico do sistema de paredes de 
concreto, a qualidade de execução das paredes irá interferir nos custos e nos prazos 
de execução de maneira muito mais intensa do que para uma estrutura reticular, já 
que as paredes de concreto não somente se constituem em elementos estruturais, 
como também em elementos de vedação, além de determinar a qualidade e a 
velocidade das etapas de acabamento das paredes. De fato, a eventual necessidade 
de correções na parede de concreto pode atrasar a execução do acabamento final e 
implicar em atrasos no processo como um todo, por ser um serviço não previsto. 
27 
 
Nesse contexto, a adoção de procedimentos de controle dos materiais e de 
execução das paredes de concreto justifica-se por ser um cuidado essencial à 
obtenção de todas as vantagens do sistema construtivo. 
Assim, nesse trabalho faz-se um levantamento de problemas identificados 
em obras de paredes de concreto e propõem-se ações de controle de execução e de 
recebimento de materiais que devem ser tomados para garantir a qualidade desse 
sistema. Dentre os problemas identificados no levantamento de campo, para os 
quais se sugerem ações de controle, pode-se citar a segregação do concreto, falhas 
de concretagem, exposição de armadura e ressaltos na ligação de paredes de 
pavimentos sucessivos. 
 
8. CONTROLE DA RESISTÊNCIA DO CONCRETO 
O que é resistência característica do concreto admite-se, ou melhor, 
convenciona-se que a função de erro, distribuição normal ou de Gauss, e um modelo 
matemático que pode representar de maneira satisfatória a distribuição das 
resistências à compressão do concreto (fenômeno físico real). 
A curva densidade de probabilidade das resistências e admitida como 
normal e o valor característico e calculado em função da dispersão dos resultados, 
originados pelo processo de produção e ensaio. 
O valor de resistência à compressão que apresenta uma probabilidade de 
5% de não ser alcançado e denominado resistência característica do concreto a 
compressão e indica-se com a notação fck, conforme indicado na Figura 5. Esse 
valor e o adotado no projeto estrutural e também é conhecido por resistência 
especificada, característica ou de projeto, indicada por fck. 
A estrutura será moldada com um concreto de resistência característica a 
compressão, efetiva ou real, sempre igual ou menor, denominado fck’ef, cujo valor é 
complexo e difícil de ser conhecido, pois envolve muitas variáveis de execução, tais 
como: geometrias, excentricidades, cura, adensamento, etc. 
Em outras palavras, a maioria esmagadora do concreto deve ir para moldar 
a estrutura e dar origem a uma fck efetivo ou real, e somente uma pequena parte 
deve ir para o controle. Em vista disso, há necessidade de – a partir de uma 
pequena amostra representativa, ou seja, uns poucos corpos de prova com volume 
menor que 0,01m³ – obter uma resistência característica estimada do concreto a 
28 
 
compressão (fck,est) daquela população em estudo, em geral maior que 8m³, 
normalmente da ordem de 50m³ ou mais. 
Essa estimativa do valor real ou efetivo será tanto mais perfeita quanto maior 
o tamanho da amostra (quanto mais próxima do tamanho da população ou lote), 
quanto maior a eficiência do estimador (fórmula matemática adotada para inferência 
estatística) e quanto menor a dispersão dos resultados (ou seja, quanto mais 
rigoroso e homogêneo o processo de produção e ensaio do concreto). 
Na Figura 6, apresentam-se as definições de alguns termos normalmente 
utilizados em controle de qualidade do concreto. 
Atualmente, o interesse pelos procedimentos para Controle de Produção fica 
restrito as empresas de serviços de concretagem (“ready mix companies”), que 
produzem concreto em central ou aquelas poucas obras onde há produção de 
concreto no canteiro, com assessoria de um Tecnologista de Concreto que, através 
da análise dos resultados, possa interferir na dosagem, traço e produção do 
concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Representação da distribuição da resistência à compressão do concreto. Curva de Gauss com 
parâmetros obtidos de amostras. (Helene, 1984) 
29 
 
 
O interesse maior – principalmente porque afeta diretamente a segurança da 
estrutura – esta relacionado com os procedimentos para Controle de Aceitação, de 
Recebimento ou de Conformidade de concreto, que se aplica a toda e qualquer 
obra. 
Na Figura 7, apresentam-se os conceitos de controle de produção e controle 
de aceitação, que, juntos, constituem a dinâmica das operações de controle. 
Os próprios textos das normas, em geral, fazem referência apenas ao 
Controle de Aceitação. Em vista disso, abordá-se em continuação apenas os 
procedimentos relacionados ao controle de aceitação do concreto, recebimento ou 
conformidade. 
No controle de aceitação de um produto acabado, a finalidade da decisão e 
julgar a conformidade ou não de certa quantidade do produto, e não julgar a sua 
uniformidade. 
E necessário estabelecer para cada decisão uma quantidade determinada 
do produto (concreto), denominada unidade de produto, lote ou população, dentro da 
qual se fará uma amostragem aleatória e representativa. 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
9. CONTROLE DE ACEITAÇÃO DO CONCRETO 
A confirmação da conformidade do concreto que esta sendo produzido e 
lançado numa determinada estrutura, com o que foi especificado no projeto 
estrutural, pode ser efetuada através dos passos a seguir descritos: 
 
 1° Passo: Definição da extensão do lote que será oportunamente julgado. 
Esta definição e muito variável de uma norma a outra, de um país a outro. O 
importante e o conceito de definir certo volume de concreto para o qual se pode 
admitir que tenha sido produzido com mesmos materiais, na mesma central, comtemperaturas e RH equivalentes, e que corresponda a uma parte definida da 
estrutura que será, então, julgada como conforme ou não. 
Como exemplo, segundo a ABNT/NBR 12655:2006, os limites de um lote 
devem atender as recomendações expressas na Tabela 1. Está implícito nessas 
recomendações que se busca, por um lado, identificar o volume de concreto de 
mesmas características, pressuposto básico de uma inferência estatística e, por 
outro, delimitar uma porção restrita de estrutura para localizar esse volume, 
permitindo encontrá-lo após a obtenção e análise dos resultados de controle 
(conceito de rastreabilidade). 
Portanto, o 1° passo corresponde à identificação a priori (antes da 
concretagem) do lote de concreto que será controlado e julgado. 
 2° Passo: Definição do tipo de amostragem a ser adotado. 
o Controle por amostragem total ou a 100% (item 6.2.3.2 da ABNT/NBR 
12655): corresponde a mapear a posição do concreto de cada 
amassada e a amostrar todas as amassadas. É o ideal para todas as 
situações, sendo altamente recomendável para pilares, certas vigas 
de transição e peças de importância elevada. Todas as amassadas 
(caminhões betoneira ou grandes betoneiras de obra) devem estar 
31 
 
com suas resistências aferidas, ou seja, todo o lote conhecido, não há 
concreto com resistência desconhecida. É um procedimento de 
controle muito confiável, porém o mais caro e raramente utilizado ou 
recomendado nas normas estrangeiras (ACI, EN), apesar de usual no 
Brasil; 
o Controle por amostragem parcial (item 6.2.3.1 da ABNT NBR 12655): 
corresponde a apenas amostrar algumas amassadas representativas. 
Pode ser o caso de lajes, grandes blocos e sapatas, paredes-cortina e 
grandes volumes de concreto nos quais a resistência mínima do 
concreto não tem consequências tão desastrosas quanto em pilares. 
Algumas amassadas (caminhões betoneira ou betonadas) serão 
aferidas, outras não. Portanto, e uma amostra daquele lote ou 
população e, para tal, precisa ser definido o tamanho mínimo dessa 
amostra, ou seja, em quantas amassadas será realizada a tomada de 
corpos de prova representativos que darão origem a exemplares. 
 3° Passo: Tamanho mínimo da amostra (só aplicável à amostragem parcial). 
No caso brasileiro, aqui usado como exemplo didático, o tamanho mínimo da 
amostra no caso de amostragem parcial, ou seja, o número mínimo de exemplares 
que deve constituir uma amostra, segundo a ABNT/NBR 12655:2006, é de 6 
exemplares, para os concretos classificados segundo a ABNT/NBR 8953:2009, 
como do grupo I (classes até C50) e de 12 exemplares, para os concretos do grupo 
II (classes superiores a C50). 
A definição do tamanho da amostra parcial deverá considerar dois fatores, a 
saber: 
a) Número mínimo de exemplares para permitir uma estimativa confiável da 
resistência do lote (inferência estatística); 
b) Número máximo de betonadas ou amassadas empregadas na 
concretagem da peça em questão, já que não tem sentido retirar mais de 
um exemplar por betoneira (menor unidade de produto). 
E permitido ainda pelo item 6.2.3.3 da ABNT/NBR 12655:2006, em casos 
excepcionais, por exemplo nos casos de concreto produzido por várias betoneiras 
estacionarias de obra e somente para volumes inferiores a 10m³, que a amostra 
tenha de 2 a 5 exemplares. 
 4° Passo: Retirada (coleta) e moldagem dos corpos de prova (exemplares). 
32 
 
O concreto para moldagem dos corpos de prova deve ser o mais 
representativo possível da amassada em questão e deve ser coletado de acordo 
com a ABNT NBR 33:1998. Evidentemente, o concreto entregue por caminhões 
betoneira e aceito, condicional e preliminarmente, apenas com base na medida do 
abatimento do tronco de cone ou espalhamento e na observação visual do concreto. 
A aceitação definitiva fica condicionada aos resultados obtidos dos corpos 
de prova destinados a medida da resistência à compressão a j dias de idade. 
Os moldes dos corpos de prova devem estar em local plano, 
preferencialmente coberto, à sombra e devem ter sido preparados com produto 
desmoldante e cera para calafetar as juntas, evitando a fuga de nata de cimento. 
Constitui boa técnica umedecer o carrinho e os instrumentos (concha, 
soquete, pás, etc.) que entrarão em contato com o concreto e moldar dois corpos de 
prova por amassada, apenas para idade especificada no projeto (em geral, 28 dias). 
Pode ser conveniente moldar corpos de prova para ruptura a 63d e 91d. A 
prática usual de moldar dois corpos de prova para idades precoces (7d) não tem 
muita utilidade quando se trata de Controle de Aceitação do concreto, pois 
raríssimas vezes essa informação tem sido utilizada para corrigir os novos traços de 
concreto, o que seria o ideal. 
Nos casos de retirada de escoramentos, transporte de peças pré-moldadas 
e protensão, as resistências a baixas idades são indispensáveis. 
No caso dos Produtores do concreto, ou seja, para o Controle de Produção, 
corpos de prova para baixas idades também são muito importantes e úteis. 
 5° passo: Análise dos resultados – caso 1: Amostragem total ou a 100%. 
No controle de aceitação, tipo a 100% ou total, no qual se conhece todos os 
valores de resistência de todas as amassadas, ou seja, a população ou lote é 
integralmente conhecido, então não há necessidade de inferência estatística, que é 
a ferramenta utilizada para amostras (parciais) de populações desconhecidas. 
Nestes casos, basta aplicar a definição, ou seja, buscar naquela população 
integralmente conhecida o quantil de 5%, ou seja, de cada 20 resultados, será o 
inferior deles, quando o número de exemplares for maior do que 20. Se a amostra é 
menor ou igual do que 20, será o menor de todos, conhecido como fc1. De 40 
resultados, será o segundo menor e de cada 100 resultados, será o quinto menor 
resultado. 
33 
 
Claro que a estatística deve servir à engenharia, como um instrumento, uma 
ferramenta e não o contrário. Portanto, o ideal nas amostragens a 100% é analisar 
cada resultado individualmente em correspondência com a peça por aquele concreto 
moldada. 
Usando o conhecimento fornecido pela rastreabilidade e com um pouco de 
bom senso, cada peça poderá ser julgada individualmente. 
Em outras palavras, essa é a situação mais privilegiada possível, de maior 
segurança e de maior confiabilidade. Tudo é conhecido, nada foi inferido ou 
parcialmente estimado. 
 6° passo: Análise dos Resultados – caso 2: Amostragem Parcial. 
Neste caso, os resultados devem ser analisados por lote, ou seja, não há 
interesse no resultado individual de um corpo de prova ou de um exemplar, mas tão 
somente na estimativa da resistência característica (fck,est) do lote em questão, 
utilizando-se todos os resultados da amostra. 
 
10. CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA E CONCRETO DE ALTO 
DESEMPENHO 
Alguns estudiosos consideram o termo concreto de Alto Desempenho muito 
vago. O que é desempenho de um concreto? Como pode ser medido? Já a definição 
Concreto de Alta Resistência é bastante específica a não ser quanto ao limite a 
partir do qual o concreto usual torna-se de alta resistência. 
Para Pierre-Claude Aiticin, autor do livro High-Peformace Concrete (1998), 
um concreto de alto desempenho é essencialmente um concreto tendo uma relação 
água/aglomerante baixa, cerca de 0,40, esse é o valor sugerido como fronteira entre 
concretos usuais e concreto de alto desempenho. Quando relação 
água/aglomerante se afasta desse valor as características como resistência à 
compressão e retração desses concretos se tornam bem diferentes. 
Uma das definições mais simples, divulgada em 1999 pela então presidente 
do American Concrete Institute, Jo Coke: “CAD é o concreto otimizado para umadeterminada utilização”. 
No Brasil, na ausência de normatização a respeito, o IBRACON, define o 
CAD em função da resistência à compressão, que pode ser a classe superior à C50, 
34 
 
ou seja, concretos com resistência característica à compressão (fck), superior a 
50MPa. 
10.1. CARACTERISTICAS DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 
A princípio cabe diferenciar a terminologia entre as expressões: Concreto de 
Alto Desempenho e Concreto de Alta Resistência. Com intuito de esclarecer a 
adoção da denominação Concreto de Alto Desempenho ao longo de todo este 
trabalho, será citado a seguir um trecho transcrito de Pierre-Claude Aïtcin que nos 
diz: 
Capítulo 2 – Concreto de Alto Desempenho 
“… A despeito do fato de que até agora concreto de alto desempenho tem 
sido utilizado principalmente em aplicações de alta resistência, é inevitável que num 
futuro muito próximo o concreto de alto desempenho seja mais especificado e usado 
pela sua durabilidade do que especificamente, pela sua alta resistência à 
compressão. Quando a comunidade da engenharia vier a entender isto, e modificar 
sua percepção do concreto de alto desempenho, a indústria da construção dará 
definitivamente um grande passo adiante.” 
Em concordância com esta forma de abordagem, encontramos diversos 
autores, que nos ratifica a utilização do termo Concreto de Alto Desempenho como 
aquele que é normalmente utilizado na literatura para descrever misturas que 
possuem alta trabalhabilidade, alta resistência e baixa permeabilidade, que faz com 
que seu uso seja especificado visando uma longa durabilidade, principalmente em 
estruturas sujeitas a meios agressivos. Sem dúvida, pode haver casos onde o 
concreto de alto desempenho comporta-se como um concreto simplesmente mais 
resistente. 
 No entanto, cabe ressaltar uma diferença significativa de que os concretos 
usuais se comportam como se fossem homogêneos e de forma isotrópica, tendo a 
pasta de cimento hidratada ou zona de transição como o elo mais fraco. No caso do 
CAD, pode-se considerar seu comportamento como não isotrópico, sendo o material 
constituído, distintamente, de pasta de cimento hidratada e agregados. Desta forma, 
as propriedades do CAD resultante serão diretamente influenciadas pelos seus 
materiais constituintes, assim como pela relação água/aglomerante. As principais 
características do CAD estão, em geral, associadas diretamente a benefícios 
propiciados com o seu emprego. As principais propriedades são: 
35 
 
 Alta resistência à compressão, que se traduz no aumento de 
capacidade portante e/ou diminuição da seção transversal do 
elemento estrutural; 
 Alto Módulo de Elasticidade; 
 Fator água/cimento baixo, com o valor máximo limitado a 0,40; 
 Baixa permeabilidade, o que representa um aumento significativo na 
vida útil da estrutura, principalmente no que tange a ataques de 
fatores corrosivos em meios agressivos, sendo fator preponderante 
para a durabilidade; 
 A fluência registrada em estruturas de concreto de alto desempenho é 
bem reduzida em relação ao concreto convencional. Segundo dados 
da ABCP este valor representa cerca de 20% da fluência registrada 
no concreto convencional. Esta diferença pode ser atribuída à maior 
rigidez e à baixa porosidade da pasta de cimento; 
 Processo de cura exige cuidados mais rigorosos, com hidratação 
constante, devido à baixa relação água/cimento, evitando-se, assim, 
quaisquer efeitos de retração indesejados, seja por perda de água 
através da superfície (retração plástica) ou por redução do volume 
devido à hidratação contínua do cimento ao longo de sua massa 
(retração autógena); 
 Coeficiente de Poisson (ν) para este tipo de concreto, assim como 
seu módulo de elasticidade, são de difícil determinação. Para o 
primeiro, são encontrados valores na literatura com pequena faixa de 
variação, a saber: Ahmad e Shah registraram valores de 0.18 a 024, 
quando Kaplan já havia registrado valores entre 0.23 e 0.32. Quanto 
ao módulo de elasticidade, os valores teóricos encontrados na 
literatura variam de acordo com o código adotado e seu valor 
apresenta um patamar máximo de 50GPa. 
10.2. UTILIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO CAD 
O CAD tem tido uma larga aceitação na indústria de construção, 
principalmente no que visa à obtenção de obras com maior durabilidade, 
dispensando os gastos com manutenção de estruturas. Para um projeto onde se 
36 
 
adota uma solução em concreto de alto desempenho, são impostas condições de 
qualidade que representam etapas bem distintas, a saber: 
 Condições Arquitetônicas: aquelas que determinam por vezes as 
dimensões dos elementos estruturais; 
 Condições Funcionais: aquelas que compatibilizam cargas, 
gabaritos, rigidez e deformabilidade das peças, estanqueidade, 
alocação de juntas de dilatação, ou seja, os parâmetros que são 
determinantes no projeto estrutural; 
 Condições Estruturais: aquelas que adéquam as condições de 
funcionamento à solução estrutural adotada; 
 Condições Construtivas: trata-se da adequação das etapas 
construtivas às necessidades do projeto; 
 Condições de Integração: aquelas que tratam de todas as interfaces 
de soluções estruturais adotadas em função de interferência com 
outros serviços; 
 Condições Econômicas: aquelas que tratam da otimização de 
custos, visando sempre obter a melhor relação custo X benefício 
possível. 
10.3. MATERIAIS EMPREGADOS NA PRODUÇÃO 
Considerando todas as particularidades do CAD, torna-se importante o 
completo entendimento da função de cada material constituinte na qualidade final do 
concreto: 
Cimento: Pode-se afirmar que é, sem dúvida, o material mais importante na 
composição dos concretos. Os diferentes tipos de cimento são regidos no Brasil 
pelas normas da ABNT como, por exemplo, NBR 5732/91, que abrange o cimento 
Portland comum. Sabe-se que vários tipos de cimentos produzem diferentes tipos de 
concreto, em função da diferente proporção que eles ocupam na mistura e da 
quantidade de cada componente na mistura. No entanto, para obter maiores 
resistências nas misturas, com boa trabalhabilidade, torna-se necessário o estudo 
de sua composição química, finura dos grãos e principalmente da compatibilidade 
entre suas partículas e o aditivo superplastificante utilizado. 
Aditivos: Os aditivos foram introduzidos na mistura de concreto com a 
finalidade de ajustar as características reológicas às necessidades do projeto, com 
37 
 
objetivos de aumentar a plasticidade, reduzir a segregação, retardar ou acelerar o 
tempo de pega, acelerar o desenvolvimento da resistência nas primeiras idades, 
retardar a taxa de evolução de calor, aumentar a durabilidade em condições 
específicas. Os aditivos disponíveis no Brasil têm sua classificação estabelecida 
pela NBR 11768/92, da seguinte forma: 
 Tipo P – Plastificantes; 
 Tipo R – Retardadores; 
 Tipo A – Aceleradores; 
 Tipo PR – Plastificantes retardadores ; 
 Tipo PA – Plastificantes aceleradores; 
 Tipo IAR – Incorporadores de ar; 
 Tipo SP – Superplastificantes; 
 Tipo SPR – Superplastificantes retardadores ; 
 Tipo SPA – Superplastificantes aceleradores. 
Os aditivos são classificados em produtos químicos derivados de sais 
solúveis e polímeros ou aditivos minerais. No caso de produção de concreto de alto 
desempenho, são utilizados basicamente os dois tipos de aditivos: líquidos 
superplastificantes e minerais. Deve ser citado que, em alguns casos, são 
combinados dois tipos de aditivos minerais. 
Aditivos Superplastificantes: Os superplastificantes são polímeros 
orgânicos hidrossolúveis, obtidos sinteticamente através de um processo de 
polimerização. São aniônicoscom grande número de grupos polares na cadeia de 
hidrocarboneto, formando longas moléculas que tendem a envolver as partículas de 
cimento com carga negativa e que devido às forças de Van der Waals, geram uma 
dispersão. 
Desta forma, partículas de cimento com cargas opostas, que tenderiam a 
atrair-se, repelem-se. Com isso, há uma hidratação melhor e mais rápida do cimento 
tendo como resultado final deste processo, um concreto com alta trabalhabilidade e 
alta resistência. 
Aditivos Minerais: Os aditivos minerais são compostos por pozolânas em 
estado natural ou artificial, que são os subprodutos de fornos de usinas termelétricas 
ou de indústrias metalúrgicas. Dentre a variedade de materiais cimentícios 
disponíveis, citam-se como os mais utilizados a sílica fume ou microssílica e as 
38 
 
cinzas volantes. O emprego destes produtos em uma dosagem de concreto visa 
uma melhoria das propriedades do concreto em geral. 
Agregados: O papel dos agregados na obtenção de concretos de qualidade 
é indiscutível. Nas empresas fornecedoras de concreto é usual a constante aferição 
da qualidade dos agregados, sendo ainda mais importante no concreto de alto 
desempenho devido ao resultado final desejado. Mundialmente existem diversas 
regulamentações fazendo menção à qualidade dos agregados que devem ser 
utilizados para produção do CAD. A norma brasileira que regulamenta o 
comportamento dos agregados é a NBR 7211:1983 da ABNT. 
Os concretos são compostos heterogêneos que possuem duas fases: a 
matriz aglomerante e os agregados (cargas). É a qualidade intrínseca das fases 
pasta e agregados, bem como sua interação a responsável pelo comportamento dos 
concretos. 
A seleção criteriosa dos materiais é de fundamental importância na 
preparação do CAD, pois é muito difícil conquistar à uma hora de trabalhabilidade 
necessária para lançá-lo com segurança e uniformidade no canteiro, ou alcançar o 
último MPa de resistência à compressão. 
Água: A água potável é internacionalmente convencionada como adequada 
para a produção do concreto e o seu aspecto quantitativo é fator fundamental para a 
produção do CAD. 
A dosagem da água depende de diversos fatores, como, a natureza e a 
dosagem do cimento, características quanto à forma, tamanho densidade e 
absorção dos agregados além de temperatura e a trabalhabilidade do concreto. 
Cimento Portland: Para atingir um concreto com resistência à compressão 
de 50 a 75MPa pode se usar a maioria dos cimentos disponíveis atualmente, porém 
o desempenho do cimento em termos de reologia, ou seja, das propriedades físicas 
que influenciam o transporte de quantidade de movimento do fluído, e de resistência 
torna-se um fator crítico à medida que a resistência à compressão almejada 
aumenta. 
Alguns tipos de cimentos não podem ser usados para fazer um concreto de 
alto desempenho com resistência entre 75 e 100MPa. Poucos tipos de cimentos 
podem ser usados quando se deseja atingir resistências superiores a 100MPa. 
Os fatores mais importantes relacionados a esse material são: a natureza, a 
uniformidade e a dosagem. 
39 
 
Alguns têm bom desempenho quanto á resistência final, mas é muito difícil 
manter a trabalhabilidade desses concretos por tempo suficiente para lançá-los na 
obra de forma econômica, com alto grau de uniformidade e confiabilidade. Para 
outros a perda de abatimento nas duas primeiras horas é mínima, ou pode ser 
facilmente resolvida com o uso de superplastificantes na obra. 
A pequena quantidade de referências bibliográficas relativas à qualidade do 
cimento empregado na fabricação do CAD indica que este material tem sido 
fabricado com os cimentos comuns, cujas especificações são abrangidas pela 
normatização corrente. 
Superplastificantes: Os superplastificantes são aditivos que têm 
fundamental importância para fazer a dispersão das partículas de cimento na 
mistura, no controle de um traço com relação água/aglomerante muito baixa e para 
reduzir a quantidade de água na mistura. 
Sílica Ativa: A Sílica Ativa é um subproduto da fabricação do silício 
metálico, das ligas de ferrosilício e de outras ligas de silício. 
Os efeitos benéficos da sílica ativa na microestrutura nas propriedades 
mecânicas do concreto são devidos à rápida reação pozolânica, mas também ao 
efeito físico das partículas da sílica ativa, o qual é conhecido como “efeito fíler”. 
As finas partículas de sílica preenchem os vazios entre as partículas maiores 
de cimento e também reduzem a exsudação. O efeito fíler é responsável pelo 
aumento da fluidez dos concretos com relação água aglomerante muito baixa 
Escória de Alto-Forno: Como próprio nome diz a escória de alto-forno é o 
subproduto da manufatura do ferro-gusa num alto-forno. Se resfriada rapidamente 
quando sai do alto-forno, ela se solidifica numa forma vítrea e pode então 
desenvolver propriedades cimentícias quando devidamente moída. 
Cinza Volante: São partículas pequenas coletadas pelo sistema antipó das 
usinas de energia que queimam carvão. Algumas são auto cimentícias, a maioria 
possui propriedades pozolânicas enquanto que outras não. 
Observações 
O uso de materiais cimentícios suplementares deve ser priorizado sempre 
que haja disponibilidade e preços competitivos, pois uma vez que substituem parte 
do cimento Portland na composição do concreto de alto desempenho, reduzem o 
seu custo, melhoram algumas características tecnológicas, além de resolver 
problemas ambientais. 
40 
 
O uso de dois materiais combinados como cinza volante e sílica ativa ou 
escória e sílica ativa, é benéfico, pois a reatividade da sílica ativa pode compensar a 
reatividade mais lenta da escória ou cinza volante. 
Há algumas limitações possíveis no uso de escórias de alto-forno e de cinza 
volante no concreto de alto desempenho. Elas não são tão reativas como o cimento 
Portland. Sendo assim, a resistência à compressão do concreto de alto desempenho 
ao qual foram incorporados estes materiais, após 24 horas, é sempre mais baixa do 
que quando somente o cimento Portland é usado, ou apenas em combinação com a 
sílica ativa. Portanto isso deve ser considerado caso haja a necessidade de alta 
resistência inicial 
Agregados: É necessário um controle mais rigoroso da qualidade do 
agregado com relação à granulométrica e ao tamanho máximo, pois à medida que a 
resistência do concreto aumenta os agregados podem sofrer ruptura sob alta tensão. 
O uso de uma areia grossa leva a pequeno decréscimo na quantidade da 
água de mistura necessária para uma dada trabalhabilidade, o que é importante 
para a resistência e vantajoso economicamente. 
A seleção do agregado graúdo torna-se mais importante à medida que a 
resistência á compressão do concreto aumenta, as rochas duras como o calcário e a 
dolomita e as ígneas como granito, gabro e diábase tem sido usadas com sucesso. 
A forma também interfere na reologia do concreto, partículas lamelares são 
fracas e podem ser quebradas com os dedos, produzindo misturas ásperas que 
exigem água adicional ou superplastificantes para atingir a trabalhabilidade 
desejada. 
O tamanho máximo do agregado tem efeitos consideráveis em relação à 
perda de resistência. As partículas menores do agregado graúdos são geralmente 
mais resistentes do que as partículas grandes. Isso porque o processo de redução 
do tamanho frequentemente elimina os defeitos internos do agregado, tais como 
poros grandes, microfissuras e inclusões de minerais moles. Na ausência de 
qualquer ensaio de otimização é mais seguro usar o agregado graúdo de tamanho 
máximo de 10 a 12mm, porém não significa que um agregado de 20 ou 25mm não 
possa ser usado ou afete a trabalhabilidade e a resistência do concreto.

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