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Criminologia Aula Unica

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Livro Eletrônico
Aula 01
Criminologia p/ PC-MG (Delegado) Pós-Edital
Professor: Renan Araujo
01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 88 
CRIMINOLOGIA Ð PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA 
Teoria e quest›es 
Aula òNICA Ð Prof. Renan Araujo 
 
 
AULA òNICA 
TîPICOS DE CRIMINOLOGIA 
SUMçRIO 
1 CRIMINOLOGIA: FUNDAMENTOS. VITIMOLOGIA. PROCESSOS DE 
CRIMINALIZA‚ÌO. ...................................................................................................... 4 
1.1 Fundamentos te—ricos .................................................................................... 4 
1.1.1 Conceito ....................................................................................................... 4 
1.1.2 Objeto de estudo ........................................................................................... 5 
1.2 Vitimologia ..................................................................................................... 6 
1.2.1 Conceito e classifica‹o ................................................................................... 6 
1.2.2 Processos de vitimiza‹o ................................................................................. 8 
1.3 Processos de criminaliza‹o ......................................................................... 10 
1.3.1 Criminaliza‹o prim‡ria ................................................................................ 10 
1.3.2 Criminaliza‹o secund‡ria ............................................................................. 10 
2 MODELOS TEîRICOS ........................................................................................... 10 
2.1 Criminologia cient’fica e seus modelos te—ricos ........................................... 10 
2.2 Teorias bioantropol—gicas, psicodin‰micas e psicopsicol—gicas. O homem 
delinquente ............................................................................................................... 12 
2.3 Teorias sociol—gicas ..................................................................................... 16 
2.3.1 Criminologia do consenso .............................................................................. 16 
2.3.1.1 Escola de Chicago .................................................................................. 16 
2.3.1.2 Teoria da associa‹o diferencial (aprendizagem social ou social learning) ...... 18 
2.3.1.3 Teoria das subculturas delinquentes ......................................................... 18 
2.3.1.4 Teoria da anomia .................................................................................. 19 
2.3.2 Criminologia do conflito ................................................................................ 20 
2.3.2.1 Teoria do etiquetamento ou labeling approach ........................................... 20 
2.3.2.2 Garantismo, minimalismo e abolicionismo penal ........................................ 21 
2.3.3 Criminologia ambiental ................................................................................. 24 
3 SISTEMA PENAL E CONTROLE SOCIAL. POLêTICA CRIMINAL NO BRASIL Ð A 
PREVEN‚ÌO DA INFRA‚ÌO PENAL NO ESTADO DEMOCRçTICO DE DIREITO .............. 26 
3.1 Sistema penal e controle social .................................................................... 26 
3.1.1 Conceito e Institui›es .................................................................................. 26 
3.1.2 Discrep‰ncia entre discurso e realidade ........................................................... 26 
3.2 A preven‹o penal no Estado Democr‡tico de Direito ................................... 27 
3.2.1 Preven‹o prim‡ria ...................................................................................... 28 
3.2.2 Preven‹o secund‡ria ................................................................................... 28 
3.2.3 Preven‹o terci‡ria ....................................................................................... 29 
3.2.3.1 Teoria absoluta da pena ......................................................................... 29 
3.2.3.2 Teoria relativa e sua finalidade preventiva ................................................ 29 
3.2.3.3 Teoria Mista (unificadora ou eclŽtica ou unit‡ria) e sua dupla finalidade ........ 30 
3.2.4 Programas de preven‹o de infra›es penais ................................................... 30 
01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA
 
 
 
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CRIMINOLOGIA Ð PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA 
Teoria e quest›es 
Aula òNICA Ð Prof. Renan Araujo 
 4 CRIMINOLOGIA E POLêTICA CRIMINAL. CRIMINOLOGIA E CIæNCIAS CRIMINAIS
 33 
4.1 MODELOS DE REA‚ÌO AO CRIME .................................................................. 33 
4.1.1 Cl‡ssico ou dissuas—rio ................................................................................. 33 
4.1.2 Ressocializador ............................................................................................ 34 
4.1.3 Restaurador ................................................................................................ 34 
5 RESUMO .............................................................................................................. 34 
6 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 44 
7 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 59 
8 GABARITO .......................................................................................................... 87 
 
Ol‡, meus amigos! 
 
ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA 
CONCURSOS Ð CARREIRAS JURêDICAS, tendo a oportunidade de poder 
contribuir para a aprova‹o de vocs no concurso da PC-MG. N—s vamos estudar 
teoria e comentar exerc’cios sobre CRIMINOLOGIA, para o cargo de 
DELEGADO DE POLêCIA. 
E a’, povo, preparados para a maratona? 
O edital acabou de ser publicado! S‹o 76 vagas para Delegado de 
Pol’cia Substituto, para provimento imediato, mais cadastro de reserva. 
O concurso ser‡ realizado pela FUMARC, com provas objetivas em 17/6 e 
provas discursivas em 12/8. 
Bom, est‡ na hora de me apresentar a vocs, n‹o Ž? 
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico 
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro, 
e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, 
porŽm, fui servidor da Justia Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de 
TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s-
graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho. 
Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos. 
Desde o comeo da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha 
vida! E querem saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam 
como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco + 
Fora de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente 
secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso 
funciona! 
ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, 
poder colaborar para a aprova‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu 
fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova‹oÓ, n‹o estou falando apenas 
por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova‹o 
em todos os concursos! 
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Teoria e quest›es 
Aula òNICA Ð Prof. Renan Araujo 
 Neste curso vocs receber‹o todas as informa›es necess‡rias para que 
possam ter sucesso na prova da PC-MG. Acreditem, vocs n‹o v‹o se 
arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua 
aprova‹o, com sua vaga, ou seja, com voc! 
Bom, neste curso estudaremos todo o conteœdo de CRIMINOLOGIA 
previsto no edital. Nosso curso ser‡ curto, contando apenas com esta aula. 
Com rela‹o ˆs quest›es, vamos dar preferncia ˆquelas que tenham 
sido cobradas em concursos de n’vel superior na ‡rea jur’dica 
(Magistratura, Defensoria Pœblica, MP, etc.). 
AlŽm da teoria e das quest›es, vocs ter‹o acesso a duas ferramentas 
muito importantes: 
¥! RESUMO Ð Nossa aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado, 
indo direto ao ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para 
quem est‡ sem muito tempo. 
¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta 
perguntar ao professor Vinicius Silva (respons‡vel pelo f—rum), 
que ir‡ responder seus questionamentos no f—rum de dœvidas 
exclusivo para os alunos do curso. 
 
No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 E-mail: profrenanaraujo@gmail.com 
 Periscope: @profrenanaraujo 
Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia 
Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br 
Youtube: 
www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ 
 
Observa‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legisla‹o sobre direitos autorais e d‡ outras providncias. 
 
Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os 
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe 
adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-) 
 
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Teoria e quest›es 
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1! CRIMINOLOGIA: FUNDAMENTOS. VITIMOLOGIA. 
PROCESSOS DE CRIMINALIZA‚ÌO. 
1.1!Fundamentos te—ricos 
1.1.1!Conceito 
Inicialmente, devemos analisar a criminologia por seu conceito. 
A criminologia pode ser conceituada como a cincia emp’rica (humana e 
social) que busca estudar o crime, o criminoso, a v’tima, o controle 
social, bem como todas as circunst‰ncias que envolvem o fen™meno do 
crime. 
Na defini‹o de GARCêA-PABLOS DE MOLINA1, Ò(...) trata-se de uma cincia 
emp’rica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do 
infrator, da v’tima e do controle social do comportamento delitivo(...).Ó 
Inicialmente, a palavra CRIMINOLOGIA fora utilizada por RAFFAELE 
GAROFALO. PorŽm, h‡ ind’cios de que esta palavra j‡ teria sido utilizada 
anteriormente, por TOPINARD. 
Diz-se que a criminologia Ž uma cincia emp’rica porque ela trabalha sobre 
bases concretas, atravŽs da an‡lise dos acontecimentos no mundo real, e n‹o 
meramente abstratos, utilizando-se, portanto, do mŽtodo da observa‹o e da 
experimenta‹o. 
Entende-se a criminologia, ainda, como uma cincia INTERDISCIPLINAR, 
eis que como seu objeto de estudo Ž por demais amplo, ela necessariamente se 
vale de outros ramos da cincia como forma de aux’lio (Dentre elas a psicologia, 
a sociologia, a antropologia, etc.). 
Embora seja reconhecida pela maioria da Doutrina como uma cincia 
aut™noma em rela‹o ao Direito Penal, h‡ quem defenda sua vincula‹o ao 
Direito Penal. 
Contudo, prevalece, com acerto, a separa‹o entre ambos. 
O Direito Penal Ž uma cincia meramente NORMATIVA, que analisa o 
fen™meno do crime do ponto de vista da transgress‹o da norma pura e 
simplesmente, e as consequncias que dessa transgress‹o advir‹o. 
A Criminologia, por sua vez, Ž uma cincia CAUSAL-EXPLICATIVA, ou 
seja, busca explicar o delito n‹o como mera viola‹o ˆ norma, mas tendo em 
conta todas as suas causas (sejam elas psicol—gicas, biol—gicas, sociais, etc.), 
 
1 GARCêA-PABLOS DE MOLINA, Ant™nio; FLçVIO GOMES, Luiz. Criminologia. editora RT. S‹o 
Paulo, 2002. P‡gina 30. 
 
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 bem como se volta ˆ an‡lise do delinquente numa perspectiva ressocializadora 
(PREVEN‚ÌO ESPECIAL). 
Assim, ambos analisam o CRIME, s— que cada um analisa por um prisma 
pr—prio. Assim: 
 
 
 
 
1.1.2!Objeto de estudo 
Como dissemos anteriormente, n‹o s— do crime vive a criminologia, ela 
tambŽm se ocupa: 
⇒!DO CRIMINOSO Ð A criminologia, enquanto cincia causal-explicativa, 
est‡ sempre em busca de entender o delinquente, a estrutura social 
que o cerca, bem como todos os fatores internos e externos que o 
levaram a delinquir. 
⇒!DA VêTIMA Ð Antigamente n‹o se dava muita import‰ncia para o papel 
da v’tima no estudo do fen™meno conhecido como ÒcrimeÓ, relegando-
a a um papel meramente secund‡rio. Curioso que, nos dias atuais, a 
v’tima n‹o s— ganhou mais espao, como recebeu aten‹o destacada, 
tendo sido criado um sub-ramo espec’fico para seu estudo (A 
VITIMOLOGIA). 
⇒!DO CONTROLE SOCIAL Ð Como diria Hobbes, o ÒHomem Ž lobo do 
HomemÓ. Partindo desta premissa, podemos concluir que o ser humano 
Ž incapaz de viver em sociedade sem que haja algum aparato de 
controle, cuja finalidade Ž estabelecer um conjunto normativo apto a 
reger as rela›es interpessoais, sob pena de estabelecimento do caos. 
Um dos instrumentos de que se vale o Estado para o exerc’cio deste 
controle Ž o DIREITO PENAL. Contudo, o controle social n‹o se d‡ 
CRIME
DIREITO	PENAL
PRISMA	
NORMATIVO
CRIMINOLOGIA
PRISMA	
EXPLICATIVO-
CAUSAL
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 apenas pelo Estado, mas tambŽm por meio dele. Existem formas 
de controle social n‹o vinculadas ao Estado, e inclusive prŽvia a ele, 
como a fam’lia, a religi‹o, etc. Todas estas s‹o formas de controle 
social, ainda que n‹o formais. Quando estas formas de controle social 
se mostram deficit‡rias, o indiv’duo tende a desvirtuar-se e o Estado Ž 
chamado a intervir a posteriori, por meio do seu instrumento de 
repress‹o por excelncia: O DIREITO PENAL. 
 
1.2!Vitimologia 
1.2.1!Conceito e classifica‹o 
A vitimologia Ž, basicamente, o estudo da v’tima e sua import‰ncia no 
fen™meno do crime. 
Este sub-ramo da criminologia passou a ganhar relev‰ncia com a obra de 
MENDELSOHN, que entendia que a v’tima n‹o poderia, de forma alguma, 
continuar a ser analisada como mero coadjuvante. 
Na classifica‹o de MENDELSOHN, temos que a v’tima pode ser: 
⇒! VêTIMA IDEAL (OU COMPLETAMENTE INOCENTE) Ð ƒ aquele 
que n‹o contribui, em nada, para a ocorrncia do delito. EXEMPLO: Um 
trabalhador que Ž assaltado e tem sua carteira roubada, sem que estivesse 
ostentando qualquer bem ou, de alguma forma, chamando a aten‹o. 
⇒! VêTIMA DE CULPABILIDADE MENOR (OU POR IGNORåNCIA) Ð 
Trata-se da v’tima que contribui para a ocorrncia do delito, embora n‹o 
haja um direcionamento doloso para isso. EXEMPLO: Rapaz que anda 
sozinho ˆ noite na Linha Vermelha, ostentando um celular de R$ 4.000,00 
e acaba sendo v’tima de roubo. 
⇒! VêTIMA TÌO CULPADA QUANTO O INFRATOR (OU 
VOLUNTçRIA) Ð Trata-se da v’tima que contribui para o delito em grausemelhante ao do pr—prio infrator. O exemplo cl‡ssico Ž o da roleta-russa. 
⇒! VêTIMA MAIS CULPADA QUE O INFRATOR Ð Aqui n—s temos a 
figura da v’tima que d‡ causa, que provoca a a‹o do infrator. EXEMPLO: 
A v’tima que mata o filho do vizinho e acaba sendo por ele assassinada. 
⇒! VêTIMA UNICAMENTE CULPADA Ð Classificam-se em: v’tima 
infratora (aquela que se torna v’tima por ter praticado um delito prŽvio), 
v’tima simuladora (aquela que simula a ocorrncia de um delito para gerar 
uma acusa‹o em face de alguŽm) e v’tima imagin‡ria (por um problema 
psicol—gico, acredita que foi v’tima de crime, quando n‹o foi). 
 
Podemos utilizar, portanto, o seguinte esquema: 
 
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CUIDADO! Imprescind’vel que se compreenda o conceito de PERIGOSIDADE 
VITIMAL. Perigosidade vitimal Ž o nome que se d‡ ao estado em que a v’tima 
se coloca de forma a estimular sua vitimiza‹o, de forma direta ou indireta. 
 
H‡, ainda, outras classifica›es menos utilizadas: 
⇒! V’tima nata Ð Apresenta, desde seu nascimento, predisposi‹o para 
figurar como v’tima de crimes. 
⇒! V’tima potencial Ð Apresenta comportamento ou estilo de vida que atrai 
o criminoso. 
⇒! V’tima eventual ou real Ð Aquela que n‹o contribui em nada para o 
evento criminoso, Ž a v’tima ÒverdadeiraÓ. 
⇒! V’tima simuladora (ou falsa) Ð Est‡ consciente de que n‹o foi v’tima de 
delito algum, mas por alguma raz‹o imputa a alguŽm a pr‡tica de um crime 
contra si. 
⇒! V’tima volunt‡ria Ð Aquela que consente com o crime, exercendo algum 
ÒpapelÓ na produ‹o criminosa. 
⇒! V’tima acidental Ð Aquela que Ž v’tima de sua pr—pria conduta, 
geralmente por ausncia de observ‰ncia de um dever de cuidado. 
⇒! V’tima ilhada Ð Aquela que se afasta das rela›es sociais. 
 
VÍTIMAS
IDEAL
POR	
IGNORÂNCIA
TÃO	CULPADA	
QUANTO	O	
INFRATOR
MAIS	CULPADA	
QUE	O	
INFRATOR
UNICAMENTE	
CULPADA
VÍTIMA	
INFRATORA
VÍTIMA	
SIMULADORA
VÍTIMA	
IMAGINÁRIA
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SêNDROME DE ESTOCOLMO Ð A s’ndrome de Estocolmo nada mais Ž que 
o desenvolvimento de laos afetivos entre v’timas de crimes que 
envolvam priva‹o da liberdade (sequestro, c‡rcere privado, etc.) e 
seus raptores. 
Termo criado por NILS BEJEROT, a s’ndrome se desenvolve a partir de uma 
tŽcnica de defesa, consistente na tentativa da v’tima em conquistar a simpatia 
do infrator, mas acaba criando laos de afeto. 
 
1.2.2!Processos de vitimiza‹o 
AlŽm da classifica‹o dos Òtipos de v’timaÓ, importante se mostra o estudo 
dos PROCESSOS DE VITIMIZA‚ÌO. 
A vitimiza‹o ou processo vitimizat—rio Ž o processo pelo qual alguŽm se 
torna v’tima, em defini‹o livre. 
Podemos defini-lo da seguinte forma: 
⇒! VITIMIZA‚ÌO PRIMçRIA - ƒ aquela inerente ao pr—prio crime, 
ˆ pr—pria conduta criminosa, como os danos causados pela pr‡tica da 
conduta (les›es corporais, psicol—gicas, etc.); 
⇒! VITIMIZA‚ÌO SECUNDçRIA - ƒ aquela provocada, direta ou 
indiretamente, pelo Poder Pœblico, pelas chamadas "inst‰ncias de 
controle social", quando, na tentativa de punir o crime, acabam por 
provocar mais danos ˆ v’tima (normalmente psicol—gicos, por ter que 
relembrar o fato, ter contato com o infrator, etc.); 
⇒! VITIMIZA‚ÌO TERCIçRIA - Causada pela sociedade que 
envolve a v’tima, geralmente pelo afastamento, desamparo dos 
familiares, dos amigos ou do c’rculo social da v’tima, de um modo geral. 
Ocorre, com maior frequncia, nos crimes que provocam efeitos 
ÒestigmatizantesÓ, como o estupro. 
 
Nesse sentido: 
 
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Esse processo de REVITIMIZA‚ÌO tambŽm ocorre no plano interno, ou 
seja, dentro da pr—pria v’tima, no que se chamou de AUTOVITIMIZA‚ÌO 
SECUNDçRIA. Neste processo a v’tima passa a nutrir sentimentos negativos 
contra si pr—pria, de culpa inconsciente pela ocorrncia do delito.2 
A v’tima possui papel relevante, ainda, no CP. 
O art. 59 assim estabelece: 
Art. 59. "O juiz, atendendo ˆ culpabilidade, aos antecedentes, ˆ conduta social, ˆ 
personalidade do agente, aos motivos, ˆs circunst‰ncias e consequncias do crime, 
bem como o comportamento da v’tima, estabelecer‡, conforme seja necess‡rio e 
suficiente para reprova‹o e preven‹o do crime". 
 
Percebam, assim, que o Òtipo de v’timaÓ (na classifica‹o de MENDENSOHN) 
ir‡ influenciar no momento da fixa‹o da pena base, podendo gerar, em alguns 
casos, a atipicidade da conduta (nos crimes em que a discord‰ncia da v’tima Ž 
exigida) ou a exclus‹o da ilicitude, dentre outros reflexos. 
ATEN‚ÌO! Parte da Doutrina, ao analisar o papel da v’tima no campo 
criminol—gico e o reflexo deste papel na responsabilidade penal do infrator e na 
pena aplicada, entende que se est‡ diante de um ramo conhecido como 
VITIMODOGMçTICA. 
 
 
2 Todos estes processos de vitimiza‹o, notadamente a vitimiza‹o secund‡ria e a 
terci‡ria (provocadas pelas agncias de controle e pela sociedade, respectivamente), 
colaboram para que a v’tima acabe se desestimulando no processo de busca pela puni‹o 
ao infrator, muitas vezes sequer levando o fato ˆ autoridade competente, ocasionando 
as chamadas Òcifras negrasÓ, ou seja, infra›es penais que n‹o entram nas 
estat’sticas oficiais. 
VITIMIZAÇÃO
PRIMÁRIA
DECORRENTE	DO	
PRÓPRIO	FATO
SECUNDÁRIA
DECORRENTE	DA	
ATUAÇÃO	DAS	
INSTÂNCIAS	FORMAIS	
DE	CONTROLE
TERCIÁRIA
OCORRE	NO	SEIO	SOCIAL	
DA	VÍTIMA	-
PRINCIPALMENTE	NOS	
CRIMES	
ESTIGMATIZANTES
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 Entretanto, as v’timas nem sempre foram compreendidas da mesma 
maneira no campo criminol—gico. 
GARCêA-PABLOS DE MOLINA descreve trs fases na evolu‹o hist—rica da 
compreens‹o da v’tima e seu papel: 
⇒! PROTAGONISMO Ð Deu-se no per’odo da vingana privada. Neste 
momento hist—rico a v’tima recebe a incumbncia de fazer, ela 
pr—pria, a Justia. 
⇒!NEUTRALIZA‚ÌO Ð Puni‹o com viŽs imparcial e preventivo, sem 
grande preocupa‹o com a figura da v’tima e a necessidade de 
repara‹o dos danos sofridos. 
⇒! REDESCOBRIMENTO Ð Surgiu no segundo p—s-guerra, como 
resposta ao processo de vitimiza‹o de minorias que atingiu diversos 
grupos vulner‡veis, como os judeus, por exemplo. 
 
1.3!Processos de criminaliza‹o 
1.3.1!Criminaliza‹o prim‡ria 
O processo de criminaliza‹o pode ser dividido em fases, no qual temos 
como fase prim‡ria o momento de sele‹o do bem jur’dico-penal que se 
pretende tutelar, ou o grupo social que se pretende atingir com determinada 
criminaliza‹o, ou seja, com a escolha das condutas que ser‹o 
criminalizadas. 
 
1.3.2!Criminaliza‹o secund‡ria 
J‡ a criminaliza‹o secund‡ria n‹o ocorre no plano legislativo, mas 
no plano concreto, quando o delito j‡ praticado Ž reprimido pelas Institui›es 
do Estado (MP, Pol’cia, Judici‡rio, etc.). 
Assim, a criminaliza‹o prim‡ria Ž abstrata e anterior ao fatocriminoso, 
enquanto a criminaliza‹o secund‡ria Ž concreta e posterior ao fato criminoso. 
 
2! MODELOS TEîRICOS 
 
2.1!Criminologia cient’fica e seus modelos te—ricos 
A criminologia enquanto cincia s— surge no final do sŽculo XIX, e apesar de 
romper com o modelo criminol—gico prŽ-cient’fico, se valeu de algumas 
contribui›es destas ÒpseudocinciasÓ para seu desenvolvimento. 
PrŽ-cientificamente podemos citar a: 
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DEMONOLOGIA Explica o crime por meio da existncia do dem™nio. 
Focava muito nos doentes mentais, pois eram 
confundidos com possu’dos e endemoniados 
FISIONOMIA Foi a pseudocincia que mais se aproximou da 
criminologia positivista (ou positivismo criminol—gico) 
do final do sŽculo XIX. Busca explicar o crime com base 
na aparncia do indiv’duo, na sua fisionomia, fazendo 
uma liga‹o entre o f’sico e o ps’quico. Por meio das 
caracter’sticas f’sicas seria poss’vel determinar se o 
indiv’duo era ÒbomÓ ou ÒmalÓ e, portanto, menos ou 
mais propenso ˆ pr‡tica de delitos. Tem em DELLA 
PORTA o seu maior expoente (embora o precursor mais 
rudimentar tenha sido SÌO JERïNIMO). Curiosamente, 
a repercuss‹o de tal pseudocincia foi t‹o grande que 
chegou-se atŽ mesmo ao conhecido ҃DITO DE 
VALƒRIOÓ3. 
FRENOLOGIA Os fren—logos se valem da contribui‹o da 
fisionomia para desenvolver sua teoria. Contudo, para 
esta teoria, o comportamento delitivo poderia ser 
explicado por meio da an‡lise do cr‰nio, 
especificamente. Foi fundada e difundida por FRAN‚OIS 
JOSEPH GALL. Para GALL o formato do cr‰nio ir‡ 
influenciar a atividade cerebral, podendo, pela an‡lise 
externa da caixa craniana, saber quais faculdades 
cerebrais s‹o mais ou menos desenvolvidas e, assim, 
determinar as caracter’sticas psicol—gicas da pessoa 
(agressividade, coragem, etc.), o que culmina na 
possibilidade de afirmar a propens‹o ˆ pr‡tica de 
delitos. 
PSIQUIATRIA Surge com o francs PHILIPPE PINEL. Sua grande 
contribui‹o foi a diferencia‹o entre criminoso e 
enfermo mental. 
Tal diferencia‹o possibilitou o desenvolvimento da 
ideia de imputabilidade penal e de cria‹o de 
estabelecimentos distintos para cada um (doente 
mental e criminoso). 
 
Ultrapassada esta fase prŽ-cient’fica, a criminologia passa a tentar explicar 
o fen™meno do crime e o comportamento criminal de forma mais cient’fica, 
utilizando-se do empirismo como ponto de partida. 
 
3 ÒQuando se tem dœvida entre dois presumidos culpados, condena-se o mais feioÓ (VIANA, Eduardo. 
CRIMINOLOGIA, 2¼ ed. 2014. Ed. Juspodivm. P‡g. 24.) 
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 Seus PRINCIPAIS MODELOS TEîRICOS FORAM: 
CRIMINOLOGIA 
CLçSSICA E 
NEOCLçSSICA 
Tinham como ponto central de seu trabalho o LIVRE 
ARBêTRIO. Para este modelo, o homem Ž LIVRE para 
fazer suas escolhas, inclusive para cometer delitos. 
Nega completamente a influncia de fatores 
externos, como a condi‹o econ™mico-social, etc. 
CRIMINOLOGIA 
POSITIVISTA 
Rompe com a ideia de que o homem ÒdelinqueÓ 
porque quer delinquir. Para este modelo te—rico, 
compreender o fen™meno criminal Ž uma tarefa que 
demanda a an‡lise de fatores causais-explicativos, 
ou seja, deve-se buscar as causas do delito (o que 
se pode chamar de Òparadigma etiol—gicoÓ). 
Contudo, as ÒcausasÓ do delito poderiam se de 
diversas ordens (biol—gicas, psicol—gicas, sociais, 
etc.). 
SOCIOLOGIA 
CRIMINAL 
Enquanto a criminologia positivista v o crime como 
uma consequncia de determinados fatores 
(diversos), a sociologia criminal rompe com a ideia 
de Òcausas do crimeÓ e parte para a ideia da teoria 
da criminaliza‹o. Com uma forte influncia 
marxista, tal modelo entende que n‹o importa tanto 
a ÒcausaÓ de determinado comportamento 
criminoso, e mais o ÒporquÓ de se considerar 
criminoso determinado comportamento, ou seja, 
quais os interesses est‹o por tr‡s da criminaliza‹o 
de determinadas condutas. A teoria da REA‚ÌO 
SOCIAL Ž o principal marco deste modelo. TambŽm 
Ž conhecida como teoria da rotula‹o social ou do 
etiquetamento (labelling aproach). 
 
LUIZ FLAVIO GOMES e ANTONIO GARCêA-PABLOS DE MOLINA ainda 
acrescentam um QUARTO modelo te—rico, que seria representado por diversas 
correntes criminol—gicas contempor‰neas (como a teoria do curso da vida, a 
teoria das trajet—rias criminais, etc.), que tentam explicar o fen™meno delituoso 
por meio de uma an‡lise din‰mica dos padr›es de comportamento do indiv’duo 
ao longo da vida (e suas diversas vari‡veis). 
 
2.2!Teorias bioantropol—gicas, psicodin‰micas e 
psicopsicol—gicas. O homem delinquente 
Embora na atualidade a classifica‹o dos criminosos em determinados 
ÒgruposÓ, de acordo com suas caracter’sticas biol—gicas, psicol—gicas, etc., tenha 
perdido bastante de sua relev‰ncia, ainda gozam de algum prest’gio em 
determinados setores. 
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 Vamos estudar as principais classifica›es do Òhomem delinquenteÓ: 
 
Classifica‹o de HILçRIO VEIGA DE CARVALHO 
BIOCRIMINOSOS PUROS 
(pseudocriminosos) 
S‹o criminosos apenas por fatores 
biol—gicos, de forma que se nega a estes o 
livre arb’trio (Ž o caso dos doentes mentais) 
BIOCRIMINOSOS 
PREPONDERANTES 
(criminosos de dif’cil 
corre‹o) 
Possuem uma tendncia biol—gica ao delito, 
e acabam por delinquir ao ceder a est’mulos 
externos. Aqui h‡ alguma dose de livre 
arb’trio. 
BIOMESOCRIMINOSOS 
(criminosos de corre‹o 
poss’vel) 
Sofrem influncias de fatores biol—gicos e 
externos, n‹o sendo poss’vel definir qual 
destes fatores prepondera. A reincidncia, 
aqui, Ž ocasional. 
MESOCRIMINOSOS 
(criminosos de corre‹o 
prov‡vel ou esperada) 
Possuem personalidade fraca, sofrendo 
grande influncia do meio. S‹o os cl‡ssicos 
ÒMaria vai com as outrasÓ, nas palavras do 
pr—prio mestre HILçRIO. 
MESOCRIMINOSOS PUROS 
(criminosos ambientais) 
S‹o considerados Òv’timasÓ do meio. Agem 
de forma antissocial apenas em raz‹o de 
fatores externos. ƒ o caso do holands que 
vem ao Brasil e acende um cigarro de 
maconha. Em seu seio social tal conduta Ž 
permitida. No Brasil, trata-se de conduta 
criminosa (posse de droga para uso 
pr—prio). 
 
Para esta classifica‹o os ÒPUROSÓ (mesocriminosos puros e biocriminosos 
puros) s‹o considerados ÒpseudocriminososÓ, pois n‹o possuem todos os 
elementos necess‡rios ao delito. 
Em rela‹o aos œltimos faltaria a conscincia da ilicitude, n‹o possuindo a 
inten‹o de violar a Lei. Em rela‹o aos primeiros faltaria a possibilidade de 
autodetermina‹o. 
 
Classifica‹o segundo LOMBROSO, FERRI e GAROFALO 
Classifica‹o de LOMBROSO 
NATOS Um degenerado, por fatores biol—gicos (cabea 
pequena ou deformada, sobrancelhas salientes, 
etc.). Um selvagem sem corre‹o. 
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LOUCOS Perverso, louco moral, alienado mental. Deve 
permanecer fora da sociedade, segregadoem 
manic™mio ou similar. 
DE OCASIÌO Possuem predisposi‹o heredit‡ria e s‹o 
influenciados pelo meio, ou seja, s‹o criminosos em 
raz‹o das circunst‰ncias (ÒA ocasi‹o faz o ladr‹oÓ. 
POR PAIXÌO S‹o inconsequentes, irrefletidos, impulsivos, 
exaltados. 
 
Classifica‹o de ENRICO FERRI 
NATO Possui as mesmas caracter’sticas do criminoso nato de 
LOMBROSO. 
LOUCO Inclui, alŽm dos alienados completos, os semiloucos 
(ou fronteirios). 
OCASIONAL O indiv’duo que n‹o se dedica ao crime habitualmente, 
mas acaba por cometer delitos de forma ocasional, 
inclusive em raz‹o das circunst‰ncias moment‰neas. 
Pode ser associado ao criminoso Òde ocasi‹oÓ de 
LOMBROSO. 
HABITUAL Faz do crime seu meio de vida. Poderia comear como 
ocasional e Òse desenvolverÓ para o criminoso 
habitual. 
PASSIONAL Semelhante ao criminoso Òpor paix‹oÓ de LOMBROSO. 
ƒ impetuoso, inconsequente, etc. 
 
Classifica‹o de GARîFALO 
ASSASSINOS S‹o instintivos, ego’stas, aproximando-se dos seres 
selvagens e das crianas. 
ENƒRGICOS OU 
VIOLENTOS 
Possuem senso moral, mas lhes falta compaix‹o. 
LADRÍES OU 
NEURASTæNICOS 
Falta a estes criminosos a ideia de honestidade, de 
probidade, embora n‹o lhes falte o senso moral. 
 
Percebam que as classifica›es destes trs expoentes do 
POSITIVISMO criminol—gico s‹o bem semelhantes. As classifica›es de 
FERRI e LOMBROSO, ent‹o, s‹o praticamente idnticas. 
 
Classifica‹o de ODON RAMOS MARANHÌO 
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OCASIONAL Sua personalidade Ž normal, mas em decorrncia de 
algum fator poderoso (externo ou interno) h‡ um 
rompimento transit—rio dos mecanismos de 
conten‹o impulsos. 
SINTOMçTICO Seus atos est‹o mais vinculados ˆ predisposi‹o 
criminosa decorrente de uma doena do que ˆ 
existncia de um fato desencadeante. 
CARACTEROLîGICO A delinquncia, aqui, deriva de falha na forma‹o do 
car‡ter, havendo pouca ou nenhuma influncia de 
um fator desencadeante. 
 
Classifica‹o para GUIDO ARTURO PALOMBA 
IMPETUOSOS Seus atos s‹o frutos de ÒamnŽsia moment‰nea do 
senso cr’ticoÓ. S‹o similares aos criminosos 
passionais de FERRI. 
OCASIONAIS N‹o se dedicam ˆ atividade criminosa, cometendo 
crimes esporadicamente, em raz‹o de fatores 
internos e externos. 
HABITUAIS Segundo o professor, s‹o Òincapazes de readquirir 
uma existncia honestaÓ. Fazem do crime seu meio 
de vida. ƒ o chamado Òcriminosos contumazÓ. 
FRONTEIRI‚OS Apresentam deformidades permanentes em seu 
senso moral, com distœrbios de afeto e sensibilidade. 
Tais altera›es ps’quicas os conduzem ao crime. 
LOUCOS CRIMINOSOS Dois tipos: (i) Agem mediante um processo lento e 
reflexivo; (ii) Agem por impulso. 
 
Como vocs podem perceber, a bem da verdade, existem diversas 
classifica›es que acabam por dizer, se n‹o a mesma coisa, quase a mesma coisa, 
com pequenas vari‡veis. 
Assim, podemos resumir as teorias BIOANTROPOLîGICAS como aquelas 
que buscam explicar o criminoso com base em fatores biol—gicos. Para 
esta teoria, existe o ÒcriminosoÓ e Òn‹o criminosoÓ. 
As teorias PSICODINåMICAS tambŽm entendem haver o ÒcriminosoÓ 
e o Òn‹o criminosoÓ, mas ao invŽs de considerar tal distin‹o com base em 
fatores biol—gicos, enxergam a diferena entre eles como decorrncia de 
falhas no processo de aprendizado e socializa‹o do indiv’duo. 
Por fim, as teorias PSICOSOCIOLîGICAS verificam a existncia de 
predomin‰ncia dos fatores sociais sobre o fen™meno do crime, em 
detrimento de fatores ligados ˆ personalidade do criminoso. 
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2.3!Teorias sociol—gicas 
Sociedade crimin—gena Ž, por defini‹o, uma sociedade que PRODUZ 
CRIME. 
Essa ideia de que a sociedade produz o criminoso e, por consequncia, o 
crime, possibilitou o surgimento de diversas teorias calcadas na ideia de que o 
centro da an‡lise do fen™meno delitivo n‹o Ž o criminoso, e sim a 
sociedade (embora aquele tambŽm merea aten‹o). 
Assim, desloca-se o centro do estudo para o meio (a sociedade), 
criando-se o que se convencionou chamar de SOCIOLOGIA CRIMINAL. 
Dentro deste quadro sociol—gico, dois grandes grupos te—ricos se 
desenvolveram: A TEORIA DO CONSENSO e a TEORIA DO CONFLITO. 
A teoria do consenso ou Òcriminologia do consensoÓ parte da premissa 
de que a sociedade Ž formada por uma sŽria de valores fundamentais 
consensuais, que devem ser protegidos e promovidos por todos. Assim, o Direito 
Penal nada mais seria que uma ferramenta para a defesa destes valores comuns 
a todos os indiv’duos. 
Inserem-se nesta ideia as teorias desenvolvidas pela ESCOLA DE CHICAGO, 
ANOMIA E ASSOCIA‚ÌO DIFERENCIAL. 
A criminologia do conflito, por sua vez, verifica a sociedade n‹o como um 
todo coeso e harm™nico, fundado em valores comuns a todos os indiv’duos, e sim 
um campo de batalha entre classe dominante e dominada. Partindo deste viŽs 
marxista, as teorias decorrentes desta ideia v‹o estabelecer que o Direito Penal 
nada mais Ž que uma ferramenta a servio da classe dominante, de forma a 
garantir a manuten‹o do status quo, coagindo a classe dominada a Òandar na 
linhaÓ. Para tanto, o Direito Penal seria absolutamente seletivo na escolha 
das condutas que seriam criminalizadas, optando por uma criminaliza‹o 
prim‡ria voltada ˆs condutas geralmente praticadas pelos indiv’duos 
pertencentes ˆ classe dominada (furto seria mais grave que condutas lesivas ˆ 
ordem econ™mica, por exemplo). 
Feita essa distin‹o, vamos ˆ an‡lise das principais teorias relativas ˆ 
sociologia criminal. 
 
2.3.1!Criminologia do consenso 
2.3.1.1! Escola de Chicago 
A Escola de CHICAGO e sua explica‹o ECOLîGICA do crime talvez seja 
a principal escola criminol—gica moderna. 
PARK foi o principal expoente desta Escola. Este autor analisou o crescimento 
populacional na cidade de Chicago no comeo do sŽculo XX e, com suas 
observa›es, a Escola de Chicago chegou ˆ conclus‹o de que o fen™meno delitivo 
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 estava relacionado diretamente ao conglomerado urbano e suas caracter’sticas 
(multiculturais, Žtnicas, etc.). 
Assim, a CIDADE (mais especificamente do que a ÒsociedadeÓ genericamente 
considerada) seria o foco principal da aten‹o da criminologia. Para os te—ricos 
desta Escola, a CIDADE, ou seja, o meio urbano produz a criminalidade 
(crescimento populacional, crescimento desordenado, etc.). 
A Escola de Chicago tambŽm chegou ˆ conclus‹o de que a delinquncia era 
mais concentrada em determinadas ‡reas, e tal concentra‹o seria fruto, dentre 
outras coisas, da desorganiza‹o social destas ‡reas. 
S‹o oriundas da Escola de Chicago as teorias ECOLîGICA, ESPACIAL, 
DAS JANELAS QUEBRADAS e DA TOLERåNCIA ZERO. 
Vejamos sinteticamente cada uma delas: 
 
ECOLîGICA 
(DESORGANIZA‚ÌO 
SOCIAL) 
Para esta teoria o progresso leva a criminalidade aos 
grandes centros urbanos. Prop›e que a estabilidade e a 
integra‹o contribuem para a ordem social, enquanto a 
desordem social e a ausncia de integra‹o entre os 
indiv’duos contribuem para ’ndices mais elevados de 
criminalidade. A deteriora‹o de nœcleos prim‡rios 
(fam’lia, igreja, etc.), a superficializa‹odas rela›es 
sociais, tudo isso cria um meio desorganizado e 
potencialmente crimin—geno4. 
ESPACIAL Defendia a reestrutura‹o arquitet™nica das cidades 
como forma de preven‹o do delito, inclusive como 
forma de permitir maior controle sobre as pessoas. 
Teve em OSCAR NEWMAN seu maior expoente. 
JANELAS 
QUEBRADAS 
Tem suas ra’zes na obra dos estadunidenses JAMES 
WILSON e GEORGE KELLING. Para esta teoria a 
repress‹o dos menores delitos Ž ABSOLUTAMENTE 
INDISPENSçVEL para inibir a pr‡tica dos delitos mais 
graves. Tem este nome em raz‹o de um experimento 
de PHILIP ZIMBARDO. O citado psic—logo deixou um 
carro estacionado na rua em um bairro de classe alta 
da cidade de Palo Alto, Calif—rnia. Durante a primeira 
semana, o carro permaneceu intacto. Ap—s, o 
pesquisador quebrou uma das janelas do ve’culo e o 
deixou mais uma semana parado na rua. Ao final desta 
segunda semana o ve’culo foi completamente destru’do 
e furtado por v‰ndalos. Da’ a ideia de que um 
ÒpequenoÓ dano ˆ sociedade, se n‹o consertado, gera 
 
4 GARCêA ÐPABLOS DE MOLINA, Antonio. GOMES, Luiz Flavio. Criminologia. Ed. Revista dos Tribunais. 8¼ 
ed. P. 344. 
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 a sensa‹o de que Òtudo Ž permitidoÓ, estimulando a 
pr‡tica de delitos. 
TOLERåNCIA ZERO A teoria da toler‰ncia zero (neorretribucionismo) 
decorre naturalmente da ideia defendida pela teoria das 
janelas quebradas. Trata-se de uma pol’tica 
criminal de repress‹o a toda e qualquer conduta 
desviante, por menor que seja, como forma de 
reafirmar o poder do Estado e a necessidade de respeito 
ˆ Lei. Surgiu em Nova York, no comeo dos anos 90. 
Trata-se de decorrncia do como ÒMovimento Lei e 
OrdemÓ (Law and Order), que pugna pela 
expans‹o do Direito Penal, um seja, um 
incremento da resposta formal do Estado. 
 
2.3.1.2! Teoria da associa‹o diferencial (aprendizagem social ou social 
learning) 
Difundida por Edwin Sutherland, tendo como base as ideias de Gabriel 
TARDE (e suas ÒLeis da Imita‹oÓ). 
SUTHERLAND focou seus estudos sobre os crimes de colarinho 
Branco, nos Estados Unidos da AmŽrica, mais especificamente em Chicago. 
Para Sutherland, as explica›es fornecidas pelas diversas teorias 
criminol—gicas atŽ ent‹o n‹o seriam capazes de responder de forma 
adequada ˆ quest‹o dos crimes de colarinho branco, j‡ que todas (ou quase 
todas) viam nas mazelas sociais (desorganiza‹o social, pobreza, etc.) a gnese 
do crime, de forma que se distanciavam da realidade dos crimes de colarinho 
branco (White colar crimes). 
Para Sutherland, ninguŽm nasce criminoso, mas APRENDE a se tornar um, 
ou seja, o crime Ž mero resultado de um processo inadequado ou falho de 
socializa‹o do indiv’duo. 
Segundo esta teoria o indiv’duo se tornaria criminoso ao observar outras 
condutas criminosas e INTERAGIR com outras pessoas, notadamente aquelas que 
se dedicam ao delito. 
Assim, a pessoa se tornaria delinquente por estar mais submetida a modelos 
de comportamento delitivo do que a modelos de comportamento n‹o delitivos. A 
cultura criminosa existe e, a depender do n’vel de atua‹o do Estado em 
determinados grupos sociais, ela predomina em rela‹o ˆ cultura legal. 
 
2.3.1.3! Teoria das subculturas delinquentes 
Tal teoria acaba defende que a conduta delitiva n‹o seria um reflexo negativo 
da desorganiza‹o social e outras mazelas da sociedade contempor‰nea. Para 
esta teoria todo agrupamento humano Ž dotado de subculturas, com uma filosofia 
de vida e regras pr—prias. 
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 Assim, a existncia de subculturas corresponde, naturalmente, ˆ existncia 
de valores distintos daqueles pregados pela cultura dominante. 
Desta forma, Ž poss’vel que algumas destas subculturas possuam valores 
que se contraponham aos valores da cultura dominante e, em raz‹o disso, o 
delito n‹o derivaria de uma predisposi‹o ˆ viola‹o da Lei, e sim um 
mero reflexo destas diferenas culturais. 
 
2.3.1.4! Teoria da anomia 
Denominada por alguns de Òestrutural-funcionalistaÓ, teve como principais 
expoentes ROBERT MERTON e TALCOTT PARSONS, que se valeu das ideias de 
DURKHEIN, para desenvolver sua teoria. 
Para esta teoria, o crime Ž um fen™meno ÒnaturalÓ, inerente ˆ sociedade, de 
forma que seriam inv‡lidas as ideias de criminoso como anormal, bem como as 
tentativas de explicar o crime com base em aspectos sociol—gicos. 
DURKHEIM, talvez o principal nome desta teoria, entendia que o crime era 
algo ÒnormalÓ na sociedade, pois uma sociedade sem crime seria absolutamente 
invi‡vel, e que patologia social n‹o seria a existncia de crime, mas a sua 
ausncia. 
Para DURKHEIM, o crime era o fen™meno o social que permitia a reafirma‹o 
da ordem social, pois toda vez que um crime era praticado surgia a possibilidade 
de reafirma‹o e legitima‹o dos v’nculos estruturais e estruturantes da 
sociedade. 
Tal Teoria n‹o prega a desvincula‹o entre crime e ambiente social, apenas 
entende que o crime Ž decorrncia natural do meio social, e n‹o uma 
anormalidade. 
Para esta teoria a sociedade imp›e objetivos e metas inalcan‡veis 
para a maioria dos indiv’duos (sucesso, poder, status), e como tais metas 
s‹o inating’veis, a dissocia‹o entre os objetivos e os instrumentos para 
seu alcance geraria a ANOMIA, que seria uma situa‹o de renœncia ˆs normas 
sociais. 
Esta teoria elenca diversos modelos de adapta‹o do indiv’duo ˆ sociedade. 
Primeiro temos o indiv’duo que aceita as metas sociais e os meios ˆ sua 
disposi‹o. 
Depois temos o indiv’duo que, ao perceber que os meios n‹o s‹o h‡beis ˆ 
obten‹o das finalidades, continua aceitando as metas sociais, mas n‹o os meios 
colocados ˆ sua disposi‹o. Ou seja, aqui ele passa a buscar um ÒatalhoÓ para 
alcanar as metas sociais. 
Outro modelo Ž o do ritualismo. O indiv’duo renuncia ˆs metas sociais, aos 
objetivos culturais, mas permanece apegado ˆs normas da sociedade. 
H‡, tambŽm, o modelo evasivo (retraimento). Neste grupo se incluem os 
bbados habituais, mendigos, drogados cr™nicos, etc. Tais indiv’duos se 
conformam e buscam mecanismos de fuga. 
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 Por fim, h‡ o modelo da rebeli‹o. Aqui o indiv’duo rejeita completamente as 
metas culturais e os meios ˆ sua disposi‹o (institucionalmente falando). Este 
indiv’duo passa a se dedicar ˆ luta pela cria‹o de novos paradigmas sociais, de 
uma nova ordem. 
 
2.3.2!Criminologia do conflito 
 
2.3.2.1! Teoria do etiquetamento ou labeling approach 
No seio da criminologia cr’tica, surge a TEORIA DO LABELING 
APPROACH, ou ÒTeoria do EtiquetamentoÓ. 
A teoria do etiquetamento vai dizer, basicamente, que o crime n‹o Ž um 
dado ontol—gico, ou seja, n‹o existem condutas que s‹o, por sua pr—pria 
natureza, criminosas. 
O que existem s‹o condutas, simplesmente, condutas. 
A qualidade de ÒcriminosaÓ a uma conduta Ž o que revela o car‡ter 
de ÒetiquetamentoÓ do Direito Penal, ou seja, as condutas, em seu estado 
natural, n‹o s‹o criminosas, atŽ que surge um dado novo, de cunho 
normativo, que lhes confere tal ÒestigmaÓ. 
Tal teoria tem, em grande parte, fundamento naideia de Òinteracionismo 
simb—licoÓ. A express‹o Òintera‹o simb—licaÓ se refere aos processos de 
relacionamento interpessoal entre os indiv’duos, de forma que a no‹o de crime 
surge da rela‹o entre os indiv’duos e da elei‹o dos valores que devem 
ser protegidos, ou seja, o r—tulo de ÒcrimeÓ a uma conduta Ž dado pela 
sociedade, e n‹o pela natureza. 
Isto posto, temos uma corrente criminol—gica que sustenta que n‹o se deve 
buscar entender por que alguŽm vira criminoso, mas porque a sociedade rotula 
tal conduta cromo criminosa (ou tal pessoa como criminosa). 
 
 
EXEMPLO: A conduta criminosa prevista no art. 169, ¤ œnico, II do CP, que 
estabelece o crime de Òapropria‹o de coisa achadaÓ. Vejamos a reda‹o: 
Art. 169 - Apropriar-se alguŽm de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso 
fortuito ou fora da natureza: 
Pena - deten‹o, de um ms a um ano, ou multa. 
Par‡grafo œnico - Na mesma pena incorre: 
(...) 
Apropria‹o de coisa achada 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, 
deixando de restitu’-la ao dono ou leg’timo possuidor ou de entreg‡-la ˆ autoridade 
competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 
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 Vejam, assim, que a conduta de Òapropriar-se de coisa achadaÓ n‹o Ž, por 
si s—, crime. Ela passa a ser crime quando a norma penal assim estabelece. 
Qual Ž a grande sacada desta teoria? Ela desmistifica a ideia de 
criminoso. Imagine que a ideia de criminoso esteja centrada sobre aquele que 
furta. Se amanh‹ surgir nova lei dizendo que furto n‹o Ž crime, aquela pessoa 
Òdeixaria de ser criminosoÓ e todos os estudos referentes ao crime e suas causas 
iriam por ‡gua abaixo. 
AlŽm disso, seguindo a linha da teoria do conflito, a teoria do 
etiquetamento entende que o Direito Penal procede ˆ Òrotula‹oÓ de condutas 
n‹o em raz‹o da persecu‹o de um fim leg’timo e a defesa de valores comuns 
aos cidad‹os, mas tendo como objetivo supremo a perpetua‹o da estrutura 
social dividida em classes. 
Desta forma, o Estado se vale do Direito Penal para rotular como 
ÒcriminosasÓ as condutas praticadas com maior frequncia pelos membros das 
classes mais baixas, bem como imp›e a elas penas mais severas. Com rela‹o 
ˆs condutas praticadas com maior frequncia pelas classes altas, ou n‹o s‹o 
rotuladas como criminosas ou, quando o s‹o, recebem penas brandas. 
 
Para esta teoria, portanto, o crime n‹o seria um fen™meno social, mas um 
fen™meno normativo, ou seja, o Estado rotula como crime as condutas 
que ele pretende sejam consideradas como criminosas. Assim, n‹o existiria 
um crime Òpor naturezaÓ, mas apenas ÒcondutasÓ, que recebem o r—tulo de 
criminosas de acordo com os interesses do Estado (que nem sempre protegem 
por igual os interesses dos mais diversos grupos sociais, tendendo a conferir 
maior prote‹o aos bens de interesse da classe dominante).5 
AlŽm disso, n‹o seriam apenas as condutas (isoladamente consideradas) que 
influenciariam na resposta do Estado, mas tambŽm a pessoa do indiv’duo e sua 
posi‹o social. 
Portanto, ao desviar o foco do desviante para o processo de criminaliza‹o 
(e suas seletivas escolhas), a teoria da rea‹o social coloca em xeque os 
repressores, ao argumento de que o desviante Ž mero produto das inst‰ncias 
formais de controle na sociedade punitiva. 
Teve como principais expoentes GOFFMAN, LEMERT e BECKER. 
 
2.3.2.2! Garantismo, minimalismo e abolicionismo penal 
O principal papel da criminologia num Estado Democr‡tico de Direito Ž 
pugnar pelo desenvolvimento de um sistema jur’dico-penal que respeite 
os direitos e garantias fundamentais. Um modelo, portanto, 
GARANTISTA. 
 
5 HASSEMER, Winfried. MU„OZ CONDE, Francisco. Introduci—n a la Criminologia y al Derecho Penal. Ed. 
Tirant lo blanch. Valncia, 1989, p. 18 
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 FERRAJOLI6 foi o maior expoente do Garantismo penal, que para ele pode 
ser definido segundo trs prismas: 
¥! Modelo normativo 
¥! Teoria Jur’dica 
¥! Filosofia Pol’tica 
 
Nas palavras de FERRAJOLI: 
ÒSegundo um primeiro significado, "garantismo" designa um modelo normativo de 
direito: precisamente, no que diz respeito ao direito penal, o modelo de "estrita 
legalidade, pr—prio do Estado de direito, que sob o plano epistemol—gico se caracteriza 
como um sistema cognitivo ou de poder m’nimo, sob o plano pol’tico se caracteriza 
como uma tŽcnica de tutela id™nea a minimizar a violncia e a m‡xima liberdade e, 
sob o plano jur’dico, como um sistema de v’nculos impostos ˆ func ̧‹o punitiva do 
Estado em garantia dos direitos dos cidad‹os. ƒ, consequentemente, "garantista" todo 
sistema penal que se conforma normativamente com tal modelo e que o satisfaz 
efetivamente. 
(...) 
Em um segundo significado, "garantismo" designa uma teoria jur’dica da "validade" 
e da "efetividade" como categorias distintas n‹o s— entre si mas, tambŽm, pela 
"existncia" ou "vigor" das normas. Neste sentido, a palavra garantismo exprime uma 
aproximac ̧‹o te—rica que mantŽm separados o "ser" e o "dever ser" no direito; e, ali‡s, 
p›e como quest‹o te—rica central, a diverge ̂ncia existente nos ordenamentos 
complexos entre modelos normativos (tendentemente garantistas) e pr‡ticas 
operacionais (tendentemente antigarantistas), interpretando-a com a antinomia - 
dentro de certos limites fisiol—gica e fora destes patol—gica - que subsiste entre 
validade (e n‹o efetividade) dos primeiros e efetividade (e invalidade) das segundas. 
(...) 
Segundo um terceiro significado, por fim, "garantismo" designa uma filosofia 
pol’tica que requer do direito e do Estado o o ̂nus da justificac ̧‹o externa com base nos 
bens e nos interesses dos quais a tutela ou a garantia constituem a finalidade. Neste 
œltimo sentido o Garantismo (pressup›e) a doutrina laica da separa‹o entre direito e 
moral, entre validade e justic ̧a, entre ponto de vista interno e ponto de vista externo 
na valora‹o do ordenamento, ou mesmo entre o "ser" e o "dever serÓ do direito. E 
equivale ˆ assun‹o, para os fins da legitimac ̧‹o e da perda da legitimac ̧‹o Žtico-
pol’tica do direito e do Estado, do ponto de vista exclusivamente externo. 
 
Um Estado democr‡tico de Direito deve, portanto, buscar a ado‹o 
de um sistema penal garantista, n‹o apenas no que tange ˆs previs›es 
normativas, mas tambŽm no que se refere ao efetivo respeito ao modelo 
normativamente adotado, a fim de que seja respeitado pelas inst‰ncias de 
controle (Pol’cia, Judici‡rio, etc.). 
Assim, um modelo baseado no ÒDireito Penal do InimigoÓ, por exemplo, 
n‹o pode, de forma alguma, ser admitido num Estado democr‡tico de Direito. 
 
6 O Garantismo penal foi bem desenvolvido por FERRAJOLI, professor da Universidade de Camerino, na 
It‡lia. Para um aprofundamento maior: FERRAJOLI, LUIGI. Direito e raz‹o: teoria do garantismo penal. S‹o 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 683 e seguintes. 
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 Mas o que seria o ÒDireito Penal do InimigoÓ? Trata-se de um modelo 
que pressup›e a existncia de umDireito Penal que mitigue as garantias 
constitucionais aos criminosos considerados ÒcontumazesÓ, ou seja, aqueles que 
fazem do crime seu meio de vida.7 
Assim, haveria um ÒDireito Penal do Cidad‹oÓ (garantista), no qual s‹o 
observados os direitos e garantias fundamentais do acusado, e um ÒDireito Penal 
do InimigoÓ, no qual estas garantias poderiam ser flexibilizadas ou afastadas, j‡ 
que n‹o se estaria diante de alguŽm que merecesse qualquer considera‹o por 
parte do Estado. 
Este tipo de teoria Ž inadmiss’vel num Estado Democr‡tico de Direito 
por, inicialmente, violar o princ’pio da isonomia. Num segundo plano, n‹o menos 
importante, violaria, ainda, a ideia de que o Direito Penal pune as pessoas pelo 
que elas FAZEM e n‹o pelo que elas SÌO. 
Da mesma forma, num Estado Democr‡tico de Direito o ser humano Ž o 
centro, o fim œltimo de toda e qualquer a‹o do Estado. Desta maneira, a pena 
deve ter por finalidade n‹o apenas castigar o infrator, tampouco servir apenas a 
uma esperada Òpreven‹o especialÓ, mas tambŽm, e principalmente, ressocializar 
o infrator. 
O MINIMALISMO penal, por sua vez, prega a redu‹o do raio de 
abrangncia do Direito Penal, que deve ser reservado apenas ˆquelas condutas 
absolutamente incompat’veis com a vida em sociedade, e apenas para a prote‹o 
dos bens jur’dicos mais valiosos (Direito Penal m’nimo). 
O minimalismo tem em FERRAJOLI e BARATTA dois de seus maiores 
expoentes. A l—gica do minimalismo Ž clara: se o Direito Penal Ž o instrumento 
mais invasivo de regula‹o social, s— deve ser utilizado em œltimo caso (ultima 
ratio). 
AlŽm da redu‹o do raio de abrangncia do Direito Penal, o minimalismo 
prega, ainda a redu‹o da aplica‹o da pena privativa de liberdade, que deve, 
sempre que poss’vel, ser substitu’da por san›es alternativas. 
Por fim, o ABOLICIONISMO PENAL prega a supress‹o do Sistema Penal, 
seja porque se nega legitimidade Žtico-pol’tica a essa forma de controle 
social, desde seu surgimento, seja porque Ž visto, na pr‡tica, como mais 
danoso que vantajoso. Os fundamentos do abolicionismo s‹o: 
⇒! Anomia do sistema penal Ð Apesar de existir, o Direito Penal n‹o 
consegue regular a vida em sociedade. 
⇒! Seletividade do sistema penal Ð O Direito penal n‹o tutela de maneira 
uniforme a vida em sociedade, mas seleciona, cuidadosamente, os 
destinat‡rios de sua atua‹o. 
⇒!O Direito Penal estigmatiza o condenado Ð Ao invŽs de ressocializar o 
apenado, o Direito Penal funciona como uma marca negativa para aqueles 
 
7 Este termo foi desenvolvido de maneira aprofundada pelo professor alem‹o, da Universidade de Bonn, 
GŸnther Jakobs. JAKOBS, GŸnther. La normativizaci—n de la dogm‡tica jur’dico-penal. Trad. Manuel Cancio 
Meli‡ e Bernardo Feij— S‡nchez. 1. ed. Madrid: Ed. Thomson Civitas, 2003, p. 57 e seguintes. 
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 que foram condenados, privando-os, perpetuamente, do retorno ˆ vida 
social. 
⇒!O Direito Penal marginaliza a v’tima Ð O Estado, por meio do Direito 
Penal, expropria o problema (que, a princ’pio, se d‡ entre dois indiv’duos), 
castiga o infrator (quando consegue), mas n‹o se preocupa com a v’tima. 
 
H‡, basicamente, duas grandes vertentes abolicionistas: 
⇒! Abolicionismo imediato Ð Defendido, dentre outros, por LOUCK 
HULSMAN, prega a imediata supress‹o do Direito Penal. Isso n‹o significa 
que esses doutrinadores pregam a ausncia total de controle formal do 
Estado sobre as condutas lesivas ˆ sociedade, mas a substitui‹o imediata 
do Direito Penal por outros mŽtodos de solu‹o de conflitos (composi‹o 
civil dos danos, etc.). 
⇒! Abolicionismo mediato Ð TambŽm conhecido como minimalismo radical, 
prega que o ideal seria a aboli‹o do Direito Penal, mas a realidade imp›e 
a manuten‹o de tal sistema, j‡ que seria imposs’vel sua supress‹o sem 
que houvesse um abalo social consider‡vel, com poss’vel transmuta‹o da 
violncia estatal para a vingana privada sem qualquer regulamenta‹o 
estatal. 
 
Dentre os defensores do Abolicionismo mediato podemos citar THOMAS 
MATHIESEN como o principal expoente. 
 
2.3.3!Criminologia ambiental 
V‡rios s‹o os fatores crimin—genos, ou seja, o crime Ž um fen™meno que 
deriva de uma sŽrie de fatores, como a personalidade do agente, o meio social 
no qual est‡ inserido, etc. 
Esta ideia de que a conduta criminosa Ž influenciada pelo ambiente em que 
se insere o criminoso Ž o principal fundamento da chamada Òcriminologia 
ambientalÓ. Assim, o ambiente que cerca o infrator no momento do crime 
pode e deve ser considerado um fator crimin—geno. 
A criminologia ambiental, portanto, estuda os eventos criminosos n‹o sob a 
perspectiva do infrator como um ser isolado, mas sob a perspectiva de um 
indiv’duo cercado por um determinado contexto. 
Garofalo, j‡ em 1914, dizia que o estilo de vida de uma pessoa era um fator 
capaz de determinar sua maior ou menor propens‹o a sofrer um delito. Isto parte 
da ideia de Òteoria da oportunidadeÓ. 
As Òteorias da oportunidadeÓ foram melhor desenvolvidas por CLARKE e 
FELSON, e se fundamentam na ideia de que o comportamento criminoso Ž 
produto de da intera‹o de trs fatores: um infrator inclinado a praticar o 
delito, uma v’tima prop’cia e a ausncia de controle. 
Assim, a ÒoportunidadeÓ para delinquir seria, em determinados casos, um 
fator determinante para a ocorrncia do delito. 
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EXEMPLO: JosŽ Ž uma pessoa comum, trabalhadora, n‹o inclinada, em regra, ˆ 
pr‡tica de delitos. Certo dia, um caminh‹o-frigor’fico tombou pr—ximo ˆ sua casa, 
espalhando quilos de carne pela estrada. Como n‹o havia policiamento, v‡rias 
pessoas comearam a saquear a carga. JosŽ, percebendo a oportunidade e a 
ausncia de controle, resolveu furtar tambŽm 01 quilo de carne. 
 
Percebam que JosŽ, possivelmente, n‹o furtaria 01 quilo de carne no 
aougue da esquina, ou no supermercado, em condi›es normais. Todavia, as 
circunst‰ncias relatadas formaram um cen‡rio ideal para a pr‡tica do delito. 
 
Um outro exemplo pode ajudar a esclarecer: 
EXEMPLO: Imaginem que torcedores de times rivais frequentam o est‡dio sem 
entrar em confronto, j‡ que ambos possuem um nœmero de integrantes 
semelhante e h‡ bastante policiamento. Todavia, em determinado Òcl‡ssicoÓ, 
uma das torcidas organizadas comparece com apenas 20 integrantes, enquanto 
outra comparece com cerca de 500 integrantes. Neste mesmo dia, a pol’cia militar 
enviou efetivo extremamente reduzido para acompanhar a partida. Assim, os 
integrantes da torcida organizada que estava em maior nœmero, resolveram 
armar uma emboscada, para agredir os torcedores rivais. 
 
Percebam, assim, que no œltimo exemplo a torcida organizada que praticou 
o delito encontrou um cen‡rio ideal para a pr‡tica do delito: uma v’tima 
perfeita (uma torcida em menor nœmero) e a ausncia de controle. Tudo isto, 
aliado ˆ inclina‹o daqueles indiv’duos ˆ pr‡tica delitiva, gerou o fato criminoso. 
 
Assim, a ideia de que o contexto ajuda a maximizar ou minimizar a 
ocorrncia de um evento criminoso Ž fundamental para que se possa combater a 
criminalidade. AtravŽs de dados estat’sticos Ž poss’vel determinar quais locais e 
situa›es criam Òoportunidades delitivasÓ, de maneira que o aparato estatal possa 
intervir para fazer desaparecer tais oportunidades ou, ao menos, reduzi-
las ao m’nimo poss’vel.01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA
 
 
 
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3! SISTEMA PENAL E CONTROLE SOCIAL. POLêTICA 
CRIMINAL NO BRASIL Ð A PREVEN‚ÌO DA 
INFRA‚ÌO PENAL NO ESTADO DEMOCRçTICO DE 
DIREITO 
3.1!Sistema penal e controle social 
3.1.1!Conceito e Institui›es 
O sistema penal Ž uma das formas de controle social, atuando atravŽs 
da aplica‹o do Direito Penal, o mŽtodo mais invasivo de regulamenta‹o da vida 
em sociedade, eis que imp›e a mais grave das san›es (no Brasil, a pena 
privativa de liberdade). 
Divide-se, em s’ntese, em trs grupos de Institui›es8: 
⇒! Policial Ð Respons‡vel pela apura‹o (investiga‹o) da infra‹o penal. 
O MP, a despeito de n‹o integrar a Pol’cia, atua como Institui‹o de 
investiga‹o e acusa‹o. 
⇒! Judici‡rio Ð Trata-se da Institui‹o respons‡vel pela efetiva aplica‹o 
da Lei. 
⇒! Penitenci‡ria Ð Esta Ž a Institui‹o respons‡vel por executar a pena 
efetivamente aplicada pelo Judici‡rio. 
 
Essas, porŽm, s‹o as inst‰ncias formais de controle, que comp›em o sistema 
penal forma. H‡, ainda, o sistema penal informal, composto pela fam’lia, pela 
escola, pela opini‹o pœblica, etc., todos eles contribuindo, de alguma forma, para 
o modo pelo qual o sistema penal ir‡ se desenvolver. 
EXEMPLO: Em sociedades muito fechadas, em que o estupro Ž uma desonra 
para a fam’lia, essa Institui‹o (fam’lia) pode desempenhar um papel importante 
na puni‹o destes crimes (desestimulando a v’tima, etc.). 
 
3.1.2!Discrep‰ncia entre discurso e realidade 
A despeito do belo discurso (alguŽm descumpre a norma e recebe a pena 
justa), a realidade da operacionaliza‹o do sistema penal Ž alvo de cr’ticas 
severas por parte da Doutrina especializada. 
O discurso oficial Ž calcado sobre dois pilares aparentemente irrefut‡veis: 
⇒! Retribui‹o Ð Quem comete crime deve pagar por isso. 
⇒! Ressocializa‹o Ð Quem comete crime deve ser trabalhado e 
reintegrado ˆ sociedade. 
 
8 Zaffaroni inclui, ainda, dois outros ÒsujeitosÓ: o legislador e o pœblico. O primeiro Ž respons‡vel 
pela parte de cria‹o da norma, possibilitando a atua‹o do sistema. O segundo atuaria de duas 
formas: como delator (denœncia an™nima, etc.) e como opini‹o pœblica (capaz de influenciar a 
produ‹o da norma). 
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Contudo, partindo-se de um viŽs cr’tico, Ž poss’vel verificar que o sistema 
penal busca, na verdade, perpetuar as rela›es de poder j‡ existentes na 
sociedade, objetivando a manuten‹o do status quo, por meio da pena (e da 
ameaa de pena). 
EXEMPLO: O furto (furto, n‹o roubo) Ž um crime, eminentemente, Òde 
pobreÓ. A pena para este delito, se qualificado, varia de 02 a 08 anos 
de reclus‹o (art. 155 do CP). Vejamos, agora, o crime de redu‹o ˆ 
condi‹o an‡loga ˆ de escravo (em s’ntese, tratar alguŽm como 
escravo). Este delito tem a mesma pena que o delito de furto 
qualificado. N‹o parece razo‡vel que essas duas condutas recebam a 
mesma pena. Contudo, este œltimo Ž um crime eminentemente Òde 
ricoÓ. N‹o satisfeitos? Vejamos o crime de homic’dio culposo na dire‹o 
de ve’culo automotor. Outro crime Òde ricoÓ. A pena? Varia de 02 a 04 
anos de deten‹o (art. 302 do CTB). 
 
Esses s‹o apenas alguns exemplos capazes de pulverizar a tese de que a 
finalidade real do sistema penal seja a prote‹o da sociedade, embora seja 
poss’vel reconhecer que, em alguns casos, a priva‹o da liberdade de 
determinadas pessoas acaba por proteger a sociedade (man’acos, estupradores, 
etc.). 
AlŽm desse aspecto legislativo, a discrep‰ncia no tratamento entre ricos e 
pobres continua nas inst‰ncias formais de controle, com tratamento 
evidentemente diferenciado para os reais destinat‡rios do sistema penal (os 
pobres) e os eventuais destinat‡rios do sistema (os ricos). 
Essa, portanto, Ž a cr’tica mais feroz que se pode fazer em rela‹o ao 
Sistema Penal, ou seja, a discrep‰ncia entre o discurso e a realidade. 
 
3.2!A preven‹o penal no Estado Democr‡tico de Direito 
O principal papel da criminologia num Estado Democr‡tico de Direito Ž 
pugnar pelo desenvolvimento de um sistema jur’dico-penal que respeite 
os direitos e garantias fundamentais. 
Assim, um modelo criminol—gico baseado no ÒDireito Penal do InimigoÓ9, 
por exemplo, n‹o pode ser admitido, j‡ que pressup›e a existncia de um 
 
9 A teoria do Direito Penal do inimigo foi melhor desenvolvida por GŸnther Jakobs. Para o 
autor, o Direito Penal deve separar as pessoas dos inimigos. As pessoas seriam aquelas que, 
eventualmente, cometeram algum delito, mas que n‹o se dedicam a atividades criminosas. Para 
estes, o Direito Penal preservaria toda o sistema de garantias processuais. De outro lado, aqueles 
que praticam crimes de forma reiterada perderiam a condi‹o de ÒpessoaÓ, sendo considerados 
inimigos da sociedade e, portanto, estaria autorizada uma flexibiliza‹o no sistema de garantias. 
(JAKOBS, GŸnther. La normativizaci—n de la dogm‡tica jur’dico-penal. Trad. Manuel Cancio Meli‡ 
e Bernardo Feij—o S‡nchez. Ed. Thomson civitas, primera edici—n. Madrid, 2003, p. 57-59) 
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 Direito Penal que mitigue as garantias constitucionais aos criminosos 
considerados ÒcontumazesÓ, ou seja, aqueles que fazem do crime seu meio 
de vida. 
Assim, haveria um ÒDireito Penal do Cidad‹oÓ, no qual s‹o observados os 
direitos e garantias fundamentais do acusado, e um ÒDireito Penal do InimigoÓ, 
no qual estas garantias poderiam ser flexibilizadas ou afastadas, j‡ que n‹o se 
estaria diante de alguŽm que merecesse qualquer considera‹o por parte do 
Estado. 
Este tipo de teoria Ž inadmiss’vel num Estado Democr‡tico de Direito por, 
inicialmente, violar o princ’pio da isonomia. Num segundo plano, n‹o menos 
importante, violaria, ainda, a ideia de que o Direito Penal pune as pessoas pelo 
que elas FAZEM e n‹o pelo que elas SÌO. 
Da mesma forma, num Estado Democr‡tico de Direito o ser humano Ž o 
centro, o fim œltimo de toda e qualquer a‹o do Estado. Desta maneira, a pena 
deve ter por finalidade n‹o apenas castigar o infrator, tampouco servir apenas a 
uma esperada Òpreven‹o especialÓ, mas tambŽm, e principalmente, ressocializar 
o infrator. 
Mais especificamente no que tange ˆ preven‹o, podemos estabelecer a 
preven‹o do delito, no Estado Democr‡tico de Direito, como: 
¥! MEDIDAS DIRETAS DE PREVEN‚ÌO Ð Atuam diretamente sobre o 
delito, como a pena, a tipifica‹o de condutas, etc. 
¥! MEDIDAS INDIRETAS DE PREVEN‚ÌO DE DELITOS Ð Atuam nas 
causas da criminalidade (melhorias na condi‹o de vida da 
popula‹o, educa‹o, saœde, emprego, moradia, etc.). 
 
Por outra classifica‹o, podemos ter a preven‹o nos seguintes moldes: 
¥! Preven‹o prim‡ria 
¥! Preven‹o secund‡ria 
¥! Preven‹o terci‡ria 
 
Vejamos cada uma delas: 
 
3.2.1!Preven‹o prim‡ria 
Programas cuja finalidade Ž atacar a causa da criminalidade, ou seja, a 
origem do problema (desigualdade social, pobreza, desemprego, etc.). Trata-se, 
portanto, de uma forma de preven‹o que busca atingir as estruturas do sistema. 
Temos, aqui, os mŽtodos preventivos com resultado de mŽdio a longo prazo.3.2.2!Preven‹o secund‡ria 
Momento posterior ao delito ou na iminncia de sua ocorrncia. Aqui 
o foco da preven‹o recai sobre os setores sociais em que a criminalidade mais 
se manifesta, ou seja, recai sobre os grupos que apresentam determinadas 
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 caracter’sticas que os tornam mais propensos a praticar ou sofrer delitos. 
Apresentam resultados de curto a mŽdio prazo. 
A preven‹o secund‡ria ocorre, por exemplo, por meio da criminaliza‹o de 
condutas, da a‹o policial, etc. 
 
3.2.3!Preven‹o terci‡ria 
Aqui a preven‹o recai sobre o condenado, ou seja, visa a evitar a 
reincidncia. Pode se dar por meio da escolha da pena mais apropriada, pela 
progress‹o de regime, que possibilita o reencontro paulatino do preso com a 
sociedade, etc. 
A preven‹o terci‡ria Ž materializada por meio da pena, ou seja, a pena Ž o 
instrumento utilizado pelo Estado para alcanar preven‹o terci‡ria, de forma a 
evitar a reincidncia. 
Para a melhor compreens‹o do tema, necess‡ria se faz uma breve s’ntese 
das finalidades atribu’das ˆ pena criminal, de acordo com as diversas teorias: 
 
3.2.3.1! Teoria absoluta da pena 
Para esta teoria, pune-se o agente simplesmente porque ele cometeu uma 
transgress‹o ˆ ordem estabelecida e deve ser castigado por isso. N‹o h‡ 
nenhuma finalidade educacional de reinser‹o do indiv’duo ˆ vida social. A pena 
Ž mero instrumento para a realiza‹o da vingana estatal. Trata-se de um 
imperativo categ—rico de Justia ou de Moral (se delinquiu, deve ser punido, 
independentemente de qualquer outra finalidade).10 
 
3.2.3.2! Teoria relativa e sua finalidade preventiva 
Pune-se o agente n‹o para castig‡-lo, mas para prevenir a pr‡tica de novos 
crimes. Essa preven‹o pode ser: 
Preven‹o Geral Ð Busca controlar a violncia social, de forma a despertar 
na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode ser negativa11, 
quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei penal, ou positiva, 
quando simplesmente se busca reafirmar a vigncia da Lei penal. 
Preven‹o especial Ð N‹o se destina ˆ sociedade, mas ao infrator, de 
forma a prevenir a pr‡tica da reincidncia. TambŽm pode ser negativa, quando 
busca intimidar o condenado, de forma a que ele n‹o cometa novos delitos por 
medo, ou positiva, quando a preocupa‹o est‡ voltada ˆ ressocializa‹o do 
condenado (Infelizmente, n‹o h‡ uma preocupa‹o com isto na pr‡tica). 
 
10 BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressi—n. 
Bogot‡, 1996, p. 12 
11 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general. Madrid: Civitas, 1997. tomo I, p. 91. 
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IMPORTANTE! FRANZ VON LISZT foi um dos mais conceituados expoentes 
da ÒEscola Moderna Alem‹Ó. Buscou enxergar a pena como meio de 
ressocializa‹o do indiv’dio, muito alŽm da mera puni‹o pelo ato cometido. 
Para tanto, defendia que a pena deveria ter finalidade preventiva, mas apenas 
em rela‹o aos criminosos corrig’veis. Para ele, os criminosos poderiam ser 
divididos em: 
⇒!Habituais Ð Sem chance de ressocializa‹o. A pena n‹o teria, aqui, 
finalidade preventiva especial. 
⇒! Iniciantes Ð Estes poderiam ser ressocializados, de maneira que a pena 
teria, em rela‹o a estes, finalidade preventiva especial. 
⇒!Ocasionais Ð Estes n‹o necessitariam de ressocializa‹o, pois apenas 
cometeram um desvio pontual. 
 Tais pensamentos ficaram conhecidos como ÒPrograma de MarburgoÓ. 
 
3.2.3.3! Teoria Mista (unificadora ou eclŽtica ou unit‡ria) e sua dupla 
finalidade 
Aqui, entende-se que a pena deve servir como castigo (puni‹o) ao infrator, 
mas tambŽm como medida de preven‹o, tanto em rela‹o ˆ sociedade quanto 
ao pr—prio infrator (preven‹o geral e especial). AlŽm de consagrada na maioria 
dos pa’ses ocidentais12, foi a adotada pelo art. 59 do CP.13 
 
3.2.4!Programas de preven‹o de infra›es penais 
Podemos elencar como principais programas os seguintes: 
⇒! PROGRAMAS DE PREVEN‚ÌO SOBRE DETERMINADAS ÒçREAS 
GEOGRçFICASÓ Ð Trata-se da preven‹o ÒdirigidaÓ. Tem como premissa 
a existncia de um determinado espao, geogr‡fica e socialmente 
delimitado, em praticamente todos os centros urbanos, que concentra os 
mais elevados ’ndices de criminalidade. S‹o ‡reas geralmente muito 
pobres, deterioradas, esquecidas pelo Poder Pœblico e com alta 
desorganiza‹o social. 
 
⇒! PREVEN‚ÌO DO DELITO POR MEIO DO DESENHO ARQUITETïNICO 
E URBANêSTICO Ð Visam a reestrutura‹o urbana e se valem do desenho 
arquitet™nico, de forma a neutralizar o elevado risco de influncias que 
 
12 DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal, Parte Geral. Curitiba: Ed. Lumen Juris, 2008, p. 470 
13 Art. 59 - O juiz, atendendo ˆ culpabilidade, aos antecedentes, ˆ conduta social, ˆ personalidade 
do agente, aos motivos, ˆs circunst‰ncias e consequncias do crime, bem como ao 
comportamento da v’tima, estabelecer‡, conforme seja necess‡rio e suficiente para reprova‹o 
e preven‹o do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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 favorecem o comportamento criminoso, existente em certos espaos. 
Somente desloca o delito para outras ‡reas menos protegidas, mas 
n‹o atinge as bases do problema criminal. 
 
⇒! PROGRAMAS DE PREVEN‚ÌO VITIMAL - Orientada para as v’timas, 
parte de uma perspectiva de que o risco de se tornar v’tima n‹o se distribuir 
de forma ison™mica na popula‹o nem Ž produto do acaso: O risco de se 
tornar v’tima Ž poss’vel de ser calculado de forma estat’stica, tendo como 
base inœmeras vari‡veis, todas relacionadas com a pr—pria v’tima (idade, 
personalidade, classe social, etc.) 
 
⇒! PROGRAMAS DE PREVEN‚ÌO POLêTICO-SOCIAL - S‹o programas de 
preven‹o Òprim‡riaÓ, autntica preven‹o. Uma sociedade que assegura a 
todos os seus membros um acesso efetivo aos mecanismos para o alcance 
dos fins que lhe s‹o exigidos, reduz, consequentemente, a possibilidade de 
que o indiv’duo recorra a instrumentos paralelos para a obten‹o destes 
fins, o que contribui para a queda nas taxas de criminalidade. 
 
⇒! PROGRAMAS DE PREVEN‚ÌO DA CRIMINALIDADE DE ORIENTA‚ÌO 
COGNITIVA Ð Fundamenta-se na premissa de que a aquisi‹o de 
determinadas habilidades (positivas) Ž uma tŽcnica reintegradora com alto 
potencial de sucesso, porque afasta o criminoso de influncias negativas, 
substituindo-as por boas influncias, no que se pode conceber como um 
ataque ˆs Òsubculturas criminaisÓ. 
⇒! PROGRAMAS DE PREVEN‚ÌO Ë REINCIDæNCIA Ð S‹o programas de 
preven‹o terci‡ria, pois aqui o crime j‡ ocorreu, de forma que se buscar‡ 
evitar sua nova ocorrncia. Na verdade, estes programas est‹o mais 
relacionados ˆ interven‹o (sobre o delinquente) do que ˆ preven‹o (para 
evitar que haja delinquncia). 
 
Um dos maiores problemas no que tange ˆ profilaxia criminal Ž a diferena 
entre a criminalidade real e a criminalidade registrada pelas agncias de controle, 
a denominada de CIFRA NEGRA. 
Assim, temos como Òcifra negraÓ o nœmero de delitos que, por qualquer 
raz‹o, n‹o chegam ao conhecimento das agncias

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