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FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES A U L A 1 1 Apresentação Nesta aula apresentamos os fundamentos da gestão de operações e um breve histórico. Unidade 1 – Fundamentos da gestão de operações 1.1 Definição acadêmica Gestão de operações tem a ver com a forma como as organizações geram seus produtos e serviços. Tudo que você veste, come, senta sobre, usa, lê chega até você graças aos gerentes de operações que organizam suas produções. Todo livro que você pega na biblioteca, todo atendimento que você recebe no hospital, todo atendimento que você tem nas lojas e toda aula a que você assiste na universidade — todos foram produzidos (CORRÊA, 2008, p. 24). 1.2 Definição prática A gestão de operações pode ser definida como o planejamento, a operação, o controle e a melhoria dos processos que transformam recursos em bens e/ou serviços. Tal como a função marketing induz ao desenvolvimento de produtos e a função financeira gerencia o capital, as operações são responsáveis pela geração do pacote de produtos e serviços vendido aos clientes. 1.3 Importância da área de operações Por meio da figura 1, pode-se observar a importância da área de operações do ponto de vista dos aspectos estratégicos, do aumento de escopo e da gestão de redes de suprimentos. a) Do ponto de vista estratégico, a área de operações deve estar alinhada com os objetivos estratégicos da companhia. b) Em termos de aumento de escopo, a cada dia surgem novas composições, pelas quais as empresas de serviços também oferecem produtos, na sua composição de mix, e as empresas de produtos oferecem serviços. c) Para atingir a competividade de mercado se faz nescessária a gestão de toda a rede (ou cadeia) de suprimentos, em que os consumidores agem diretamente com o fabricante (B2C) ou as empresas entre si (B2B). A U L A 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES 2 Figura 1. Aspectos fundamentais da área de operações. Fonte: O Autor. 1.4 Origens da produção Faz parte da natureza humana transformar coisas. Desde tempos pré-históricos a civilização humana tem convertido matérias-primas em produtos acabados. Essas atividades exigiam um mínimo de coordenação e de controle. Gerenciar essas operações, mesmo que de forma primaria, também faz parte da natureza humana. As técnicas primitivas tiveram origem na descoberta da alavanca, no domínio do fogo, no polimento das pedras e no cozimento dos alimentos. A evolução da humanidade se processa de forma contínua, mas quando a humanidade está diante de grandes crises ou quando existe uma conjunção de fatores propícios, a evolução tem dado alguns saltos. Aspecto estratégico • A área de operações precisa estar alinhada à estratégia da empresa • De acordo com a estratégia, define-se o modelo de produção ou operação Aumento de escopo • Cada vez mais agregam-se serviços aos produtos • Atualmente muitos serviços estão acompanhados de produtos Gestão de redes • Os consumidores integrados com os seus fornecedores (B2C) • As empresas integradas com seus fornecedores e clientes(B2B).e c FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES A U L A 1 3 1.5 Histórico Por volta de 4.000 A.C., há uma revolução técnica, provocando mudanças culturais, basicamente pela introdução da agricultura, da domesticação dos animais, da modelagem cerâmica e da fabricação do vinho e da cerveja. • Sumérios, assírios, babilônios e acádios (antes de 2000 A.C.). • Os povos sumérios, originários do planalto do Irã, se fixaram ao sul da Mesopotâmia e criaram as primeiras cidades-estados: Kish, Ur, Uruk, Lagash, Eridu e Nippur. Figura 1: Primeiras cidades-estados na Mesopotâmia Fonte: Wikipedia. • Por volta de 2.000 A.C: Os egípcios destacaram-se pelas formas e métodos de planejar as suas obras e a sua sociedade. Os chineses se destacaram pela maneira como estruturavam o seu sistema de governo em todos os níveis. Os romanos, por sua vez, criaram sistemas de governo (cobrança de impostos) altamente eficazes, bem como se tornaram exímios planejadores. A U L A 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES 4 • Revolução Industrial: Inicia-se no século XVIII, na Inglaterra. Tem como marco inicial a invenção da máquina a vapor, por James Watt, em 1764. A força da máquina começa a substituir a força humana. Mecanização dos sistemas produtivos. • As pessoas-chave foram: - Eli Whitney (fins do século XVIII) — Intercambiabilidade de partes • Criou um sistema de produção, que posteriormente seria conhecido como “sistema americano de produção”, em que trabalhadores pouco qualificados conseguiriam fazer um produto final com a mesma qualidade que um especialista sozinho, porém com uma velocidade muito maior. • Este sistema se baseava na ideia de padronização dos produtos: um trabalhador seguia uma linha de montagem sempre idêntica e, auxiliado por máquinas (a maioria projetada pelo próprio Whitney), diminuiria incrivelmente o tempo de produção. Bastava aprender a usar as máquinas e seguir o planejamento de produção previamente elaborado. - Frederick Winslow Taylor (início do século XX) — Administração Científica • Pai da Administração Científica, por propor a utilização de métodos científicos cartesianos na administração de empresas. Seu foco eram a eficiência e a eficácia operacional na administração industrial. • Criador do Taylorismo ou Administração Científica e um dos primeiros sistematizadores da disciplina científica da Administração de Empresas. • O taylorismo caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional. É considerado uma das vertentes da perspectiva administrativa clássica. - Henry Ford (início do século XX) — Produção em massa • A ele é atribuído o "fordismo", isto é, a produção em grande quantidade de automóveis a baixo custo por meio da utilização do artifício conhecido como "linha de montagem", o qual gerava condições de fabricar um carro a cada 98 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES A U L A 1 5 minutos, além de permitir oferecer altos salários a seus operários — notavelmente, o valor de cinco dólares por dia, adotado em 1914. • Ele foi inovador também em termos de marketing; dele é a célebre frase: "O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto". • As ideias de Henry Ford modificaram todo o pensamento da época. Foi a partir delas que se desenvolveu a mecanização do trabalho, a produção em massa, a padronização do maquinário e do equipamento, e por consequência dos produtos, a forte segregação do trabalho manual em relação ao trabalho braçal — o operário não precisava pensar apenas como fazer seu trabalho, mas também em efetuá-lo com o mínimo de movimentação possível. Além disso, ele revolucionou o tratamento dispensando aos trabalhadores, pois melhorou o salário deles; segundo Ford, ao mesmo tempo, pelo pagamento de um salário substancial para aqueles que trabalhavam com a produção e a distribuição, ocorria o aumento de poder de compra proporcionalmente, criando um movimento econômico cíclico. Por esses motivos, pode-se dizer que Henry Ford tornou-se um grande marco, sendo hoje muito estudado nas áreas de administração. - Alfred P. Sloan Jr. (década de 1920) • Engenheiro automotivo, filantropista e executivo de negócios norte-americano, que entrou na história com o propósito de consertar algumas falhas na administração das empresas e não só as organizou como um todo como também finalizou o modelode uma grande corporação. Presidente da GM (1923-1937), a partir daí pôde pôr em prática seu estudo organizacional, que havia preparado anteriormente (1919), no qual defendia a descentralização e a delegação de autoridade. Criou divisões descentralizadas e as transformou em centros de lucro, e com isso resolveu os problemas que dificultavam a expansão da produção em massa. 1.6 Histórico do século XX • Longo ciclo de vida do produto: os produtos eram desenvolvidos para ter durabilidade, portanto o ciclo de vida dos produtos era longo, ao contrário dos dias de hoje, quando o ciclo de vida dos produtos é curto em razão das constantes exigências de inovação do consumidor. A U L A 1 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES 6 • Pouca diversidade do produto favorece a padronização: os produtos não possuíam muitas variáveis, o que possibilitava sua produção em massa de forma padronizada. • Foco no preço, com pouca atenção à qualidade: mediante a produção em massa, as empresas alcançavam custos competitivos, em detrimento da qualidade. • Altos volumes e foco na economia de escala: o alvo da produção em massa era a redução do custo de produção (CPV), focando nos processos produtivos e buscando economias de escala. • As indústrias já não competiam com a produção artesanal, mas sim entre si. 1.7 Histórico do século XXI • Com a expansão da indústria, o aumento da competitividade e a disponibilidade da informação (internet), o mercado se transforma, oferecendo diversas opções ao consumidor e trazendo uma nova situação de competição, que perdura até hoje. • Novas características competitivas: produtos com ciclos de vida mais curtos e alta taxa de renovação de mix de produção; o consumidor busca maior variedade de produtos, modelos, cores, etc. Isso provoca a necessidade de constantes mudanças no mix de produção, alteração de máquinas e processos. • Alta variedade de produtos: a pressão constante dos consumidores por variedade exige das empresas constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento e, em alguns casos, posicionamento estratégico diferenciado por segmentos ou “nichos”. • Consumidores mais exigentes em termos de qualidade e atendimento rápido: o consumidor começa a diferenciar produtos que possuem qualidade e se torna mais exigente. Na área de serviços, ele exige ser atendido com rapidez e eficiência, não tolerando atrasos ou serviços desleixados; • Aumento da oferta de artigos importados e preços altamente competitivos: como efeito da globalização, o consumidor tem na “vitrine virtual” (computador) uma gama infinita de opções de compra. Com a queda de barreiras alfandegárias, a importação se torna muito atraente em muitos casos e, com a produção massificada na China, os preços ocidentais, às vezes em detrimento da qualidade, deixam de ser interessantes.
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