Defesa Comercial nas Políticas Comerciais Contemporâneas

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DISCURSIVA PARA ANALISTA-TRIBUTÁRIO DA RECEITA FEDERAL 
Professores: Júnia Andrade e Décio Terror 
 
Prof. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 08 
 
 Prezados alunos, 
 
 Conforme prometi na aula anterior, segue mais um texto comentado. Os 
que precisarem reescrever temas ou questões, que, por acaso, ficaram mal 
formulados estruturalmente, deverão seguir o exemplo da questão da aula 
anterior e o desta aula. Não deixem de fazer isso, porque os exemplos e os 
comentários bem expressam o que realmente um examinador da Esaf quer ver 
em seu texto. 
 Dessa vez, vou comentar uma discursiva que desenvolve um TEMA, ou 
seja, texto com resposta até 60 linhas, o que é exatamente similar a um dos 
exercícios que irão fazer na prova discursiva da Esaf, na segunda fase do 
concurso do Fisco. 
 Trata-se da redação de outra ex-aluna nossa, que conseguiu uma 
colocação notável no recente concurso do Mdic e que gentilmente cedeu o 
texto para auxiliá-los num dos processos mais duros do concurso. 
 Vocês notarão, mais uma vez, que a simplicidade vocabular, a 
objetividade para começar cada assunto e a fundamentação são os pesos 
maiores para quem quer definitivamente ocupar a vaga no serviço público. 
 Na aula passada, vimos uma “Questão” do Mdic, aquele texto menor. 
Hoje vamos ao tema, que foi o seguinte: 
Tema MDIC/2012 
Disserte sobre a defesa comercial como dimensão constitutiva das políticas 
comerciais contemporâneas, abordando os seguintes aspectos: 
a) os fatores que justificam sua crescente valorização; 
b) as principais situações em que os países recorrem à aplicação de medidas 
de defesa comercial; 
c) as principais instâncias e acordos pertinentes ao tema e reflexos do mesmo 
no plano multilateral; 
d) a defesa comercial no âmbito do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); 
e) as instâncias brasileiras diretamente envolvidas com a defesa comercial. 
 
Valor do conteúdo/estrutura: 30 pontos 
Valor do uso do idioma: 15 pontos 
Valor total deste exercício: 45 pontos 
 
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 Em seguida, vocês entrarão em contato com a primeira parte do texto 
dessa nossa gentil ex-aluna. Quero que reparem o tópico A e comparem este 
tópico com a abertura do texto dela: 
 
 
 
 Primeiramente reparem que houve perda em conteúdo, foram 4 pontos 
perdidos, mas esta perda será justificada mais adiante. Quanto ao uso do 
idioma, não houve perdas nessa seara. 
É importante que vocês desta turma, em especial, tenham esse 
compromisso de resguardar-se de perdas gramaticais, em especial, causadas 
pelos seguintes erros que nós professores temos reparado: extensão do 
período (ultrapassando mais de três linhas), má distribuição de assuntos por 
parágrafos (há parágrafos muito pequenos ao lado de parágrafos muito 
extensos). Tem havido também uso desmesurado de expressões coloquiais 
(coisa, o mesmo, confusão entre dentre/entre, Carta Magna etc.), de 
estrangeirismos sem aspas (veja que na redação acima a ex-aluna, agora 
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futura servidora do Mdic, teve o cuidado de empregar o sinal gráfico) e de 
siglas, sem ao menos mencionar o nome extensivo destas. 
 São pequenos cuidados formais e gramaticais que, na soma do esforço 
do aluno em rever a aula e rever as correções para sanar esses erros, ajudam 
a conseguir superar etapas na classificação da discursiva. 
 Sei que o tempo anda meio corrido, mas vocês devem levar em conta o 
fato de estarem num momento seguro, ao optarem por estudar discursivas 
ainda na primeira fase. Digo isso, porque, se forem classificados para a 
segunda, terão uma noção infinitamente maior do dever a ser cumprido dos 
que os que ainda forem entender os passos para se elaborar uma discursiva na 
Esaf. 
Enquanto aqueles outros candidatos estarão entrando em contato com o 
processo de aprendizagem, você estará apenas “aparando arestas” daquilo que 
já sabe. Mas esse processo faz sentido quando realmente nos comprometemos 
com esse aprendizado antecipado. 
 Vejam que nossa ex-aluna adota procedimentos já debatidos à exaustão 
aqui e nas correções: 
1º - ela começa a redação, sem perder tempo, a partir do primeiro tópico. 
2º - Produz frases curtas. 
3º - Organiza ideias em períodos, empregando ordenadores tais como “por um 
lado...”; “por outro lado...”. 
4º - Fundamenta sua resposta, citando exemplos, tais como a prática de 
“dumping” e a “remoção das barreiras comerciais”. 
 
 Vejamos mais uma passagem do texto dela: 
 
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 Aí! Novamente, o que nossa ex-aluna fez? 
 Eu destaquei para vocês isto: retomou o tópico, sem alterações, tal como 
o fez antes também na abordagem do tópico A. 
 Seguiu a resposta, atentando-se para a necessária inserção de um 
argumento de autoridade – normas da OMC. Viram que ela não usou somente 
a sigla, tal como usei agora? Primeiramente ela cita o nome extensivo e coloca 
a sigla entre parênteses (evite o uso de travessões para isso!). 
 Novamente os períodos continuam curtos e as frases possuem sentido 
completo (não há ponto final antes de conjunção explicativa nem na separação 
entre oração principal e oração subordinada). 
 Vamos a mais um trecho desta redação. Agora a abordagem é sobre o 
tópico C (nele há um erro de português quanto ao uso do pronome “o mesmo”, 
mas você não poderá errar isso!!!): 
 
c) as principais instâncias e acordos pertinentes ao tema e reflexos do mesmo 
no plano multilateral; 
 
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 Por enquanto, sem erros, estão vendo? Os procedimentos continuam 
sendo executados da mesma forma: sempre com objetividade, com 
fundamentação e com clareza frasal. 
 Vejam que agora ela pôde usar a sigla OMC livremente, já que havia 
feito a composição correta do uso no parágrafo anterior. Já a sigla GATT 
dispensa esse cuidado, primeiramente pela extensão do seu significado e em 
segundo pela sua origem idiomática. 
 Vocês devem estar sentindo falta da segunda parte deste tópico – a que 
fala sobre os “reflexos”. 
 Ela está no parágrafo a seguir. A ex-aluna percebeu que o parágrafo 
poderia ficar demasiadamente longo e enfadonho e compôs metade da 
resposta noutra passagem: 
 
 
 
 Ela também opta por começar este outro parágrafo com o restante das 
palavras do tópico sobre o qual disserta. 
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 Mas agora vocês já podem notar que há punição quanto à abordagem do 
conteúdo (vejam as siglas AF e OPT). Então, vamos compreender o porquê 
desses descontos: 
 AF significa argumentação falsa e OPT significa omissão parcial do tópico. 
Quando vocês não dominam a resposta ou não prestam atenção exatamente 
ao que consta no tópico (que no caso pede os reflexos desses mecanismos de 
controle sobre os países que comercializam entre si), tendem, por hábito, a 
reproduzir outras passagens do texto, de modo a tornar o discurso bastante 
abstrato. Vejam que na passagem acima, logo na primeira frase, não há 
nenhuma alusão aos efeitos ou reflexos que esses mecanismos de regulação 
de trocascomerciais possam gerar. O que há é a mera repetição de que 
existem leis e normas para tal, ou seja, o argumento não é pertinente, porque 
não foi isso o proposto para ser respondido. 
 Mais adiante o que se segue é outra mera repetição de passagens 
anteriores do texto (um encher linguiça, mesmo que não proposital), mas 
muito flagrante. Sendo assim, como houve notável perda de conteúdo, perde-
se ponto na fundamentação e na abordagem do tópico, já que este não foi 
realmente abordado (mas, vejam a jogada de mestre: não sei o assunto..., 
mas pelo menos copiei o tópico tal como estava – isso garante um OPT, mas 
não um OTT, que seria a omissão total do tópico com perda maior na nota). 
 Agora, olhem que fato interessante para a maioria de vocês que devem 
ser leigos e análise do discurso: não sei se repararam, mas no texto há período 
longo exatamente nessa passagem. 
 Pessoal, se aparecem vícios de composição, o examinador pode cochilar 
na correção, mas ele abre os olhos imediatamente, porque ali se “fareja” erro. 
 Vejam que a resposta dela, para finalizar o tópico C, ocupa seis linhas 
sem qualquer sinal de ponto final. Desculpem-me a expressão chula, mas ela 
deu mole demais... 
 Estendeu o período, começa a divagação. Sai a concretude da resposta, 
entra a embromação pela falta de conteúdo. 
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 Então, lição importante: além de o período extenso nos levar ao 
cometimento de erros gramaticais de base sintática e semântica – erros 
graves-, ele leva também à desconfiança do examinador quanto ao conteúdo. 
 
 Vamos seguir para a análise de mais uma passagem: 
 
d) a defesa comercial no âmbito do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); 
 
 
 
 Lembram-se da história do período longo, aquele vício, percebido pelo 
examinador que o ajudou a localizar a falha de conteúdo,...? 
 Pois bem, aqui também tem outro vício que vai deixar o examinador com 
a “orelha em pé”: a perda da objetividade na retomada do tópico. 
 Vejam bem, vocês podem ser muito disciplinados, estarem felizes, 
compondo cada parte de um texto cujo significado temático vocês dominam. 
De repente, aparece uma passagem que lhes deixa tensos, porque falta o 
conteúdo. O que ocorre, então? Perde-se tudo: o período estende-se, a mão 
treme e a objetividade vai embora... 
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 Fica fácil para o examinador compreender que algo deu errado. Trata-se 
daquela típica situação na qual o cão morde, porque sente que a pessoa está 
com medo... 
 Mesma coisa! A redatora perdeu um pouquinho aquele foco objetivo que 
vinha mantendo e o examinador atribuiu um AI (argumento incorreto) à 
passagem em que ela sai da questão Mercosul entra, momentaneamente, nos 
dispositivos da Aladi. 
 Então?! Já deu para vocês notarem o quanto é importante ser Xiita na 
composição formal. Nem sempre dá certo, mas em boa parte das vezes 
segurar vícios de composição pode ajudar a “tapear” o faro do examinador. E 
olhem que já presenciei exaustivamente bastante sucesso com esse tipo de 
manobra textual. 
 Mas, é bom estudar os conteúdos... 
Vamos ao tópico final! 
 
 e) as instâncias brasileiras diretamente envolvidas com a defesa 
comercial. 
 
 
 
 
 No tópico final, nossa feliz redatora voltou à disciplina que vinha 
mantendo: recuperou fielmente o tópico, compôs períodos mais curtos e 
fundamentou suas respostas, citando com clareza os órgãos envolvidos no 
processo analisado. 
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 A redação finalizou sem quaisquer outros problemas, como vocês podem 
conferir. Viram? 
 Poxa, aqui torceremos muito para você consiga o mesmo feito dessa 
aluna que ficou em 4º lugar num concursão como o do Mdic. Se vocês 
observarem bem, se ela não tivesse escorregado em pequenos detalhes de 
composição, poderia ser até a detentora do primeiro lugar do concurso. 
 Assim, minha gente, o investimento no curso apresentou a vocês um 
material de ouro, que trouxe exemplos de redações bem-sucedidas em provas 
da Esaf e algo inédito: redações extraídas de concursos “fresquinhos”, já que a 
Esaf não costuma fazer concursos tão próximos, ainda mais contendo 
discursivas. 
 Se vocês forem fiéis à leitura do material ou, se pelo menos guardarem 
esta aula, reduzirão bastante a chance de uma decepção na segunda fase. 
 Esclareço, por fim, que demorei um pouquinho na entrega das redações, 
porque fiz uma confusão entre a aula 07 e esta aula. Mas, mesmo sabendo da 
demora, preferi compor a aula primeiramente, antes de passar à finalização 
das correções. Assim, os temas (redações maiores) seguem para vocês hoje e 
as questões seguirão amanhã, o que me possibilitará fazer uma análise mais 
focada sobre aquilo que escreveram. 
 No mais, em breve, teremos aqui no Ponto dos Concursos aulas em vídeo 
também. Eu o Décio dividiremos um português bem dinâmico para Esaf e para 
a FCC, com correções de provas e com aquele “mapa da mina” para a 
resolução de exercícios. Fica dado o recado para quem futuramente vier a 
precisar de mais essa força, mas tomara que vocês não precisem mais fazer 
concursos. Esse o motivo maior desse nosso trabalho árduo, mas muito 
prazeroso. 
 Somos muitíssimo gratos pela confiança de vocês e torcemos pelo breve 
sucesso. 
Grande abraço a todos! Júnia. 
 E o Décio também manda aquele abraço amigo também.