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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE ENFERMAGEM NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS PROGRAMA DE ENSINO E PESQUISA EM EMERGÊNCIAS, AGRAVOS E VIOLÊNCIAS. Monitor Responsável: Rayanna Thais. Trauma Cranioencefálico O Trauma Crânioencefálico (TCE) é uma agressão ao cérebro, causada por ação física externa, que pode produzir alteração no nível de consciência e resultar em comprometimento das habilidades cognitivas, físicas e comportamentais. O TCE tem atingido proporções gigantescas, sendo considerado a principal causa de morte e incapacidade em adultos jovens e de lesões permanentes do Sistema Nervoso Central. O TCE mata cerca de 60% dos indivíduos que se envolvem em acidentes automobilísticos. As vitimas de TCE podem está agressivas e a tentativa de intubação pode ser muito difícil devido ao enrijecimento dos músculos da mandíbula (Trismo) e vômitos. A intoxicação por álcool e drogas além da presença de choque devido a outros traumas pode dificultar a avaliação neurológica. O objetivo no tratamento pré-hospitalar do paciente é estabelecer uma boa ventilação e oxigenação e manter a perfusão cerebral (oxigenação e fluxo sanguíneo cerebral adequado). A manutenção do fluxo sanguíneo cerebral pode ser alcançada pela correta manutenção da pressão arterial sistêmica e oxigenação do tecido cerebral hipoperfundido com o uso de oxigênio em doses altas. Pacientes com choque ou com má ventilação terão piora do quadro neurológico. A Pressão Intracraniana (PIC) deve ser mantida dentro dos padrões de normalidade. Um paciente com edema cerebral terá uma PIC aumentada, diminuindo a perfusão cerebral. Pacientes com PIC diminuída terão redução na perfusão cerebral. O TCE pode ser classificado como Fechado ou Penetrante. O Fechado está associado a colisões de automóveis, quedas e agressões com contusão. O Penetrante por ferimento de arma de fogo e por arma branca. As lesões podem ser por Ação primária (Lesão cervical Primária) ou secundária (Lesão Cervical secundária). As principais lesões são as lesões de couro cabeludo, fraturas de crânio e lesões intracranianas. Com relação às lesões de couro cabeludo, podemos citar as abrasões, lacerações, contusões e hematoma subgaleal. O couro cabeludo é altamente vascularizado, até mesmo uma pequena laceração pode causar hemorragia abundante. Pode também ocorrer lesões de desluvamento. As fraturas de crânio podem resultar de traumas fechados ou traumas penetrantes. Elas podem ser lineares, com afundamento de crânio e por base de crânio. As principais características das lesões de base de crânio são a otoliquorreia (sangue ou liquor pelo ouvido), rinoliquorreia (sangue ou liquor pelo nariz), Sinal de Battle (equimose retroauricular), olhos de guaxinim (equimose periorbital) e disfunção dos 7º e 8º pares de nervos cranianos que causam paralisia facial e perda de audição respectivamente. As lesões intracranianas podem ser difusas (Concussão e Lesão axonal difusa) e focais (Contusões, Hemorragias e Hematomas). A concussão é definida como uma “sacudida” no cérebro. Não há lesão cerebral. Pode ser observada perda momentânea de consciência e alteração da memória. A alteração da memória se expressa pela incapacidade de recordar eventos pré-trauma (amnesia retrograda) ou pós-trauma (amnesia anterógrada). Cefaleia, náusea vomito e tontura são outros sintomas que podem acometer o paciente vitima de concussão cerebral. A lesão axonal difusa é um estiramento ou rompimento dos axônios causados por movimentos de aceleração e desaceleração. Pode causar coma profundo imediato por tempo indeterminado e pode está associada à presença de edema cerebral e aumento da PIC. A contusão cerebral é causada pela aceleração brusca, levando o cérebro a colidir contra a calota craniana, lesionando os tecidos cerebrais. Quando uma área mais extensa de cérebro sofre uma contusão, pode haver importante aumento da PIC devido ao inchaço da área contundida. Perda de consciência, amnesia retrograda ou anterógrada podem surgir após contusão cerebral. Pode também ocorrer vômito. Tem como consequências principais a concussão e a herniação. OBS.: Mecanismo de Monro-Kellie Após o fechamento das fontanelas, o cérebro fica “encaixotado” em um espaço fechado, e todo espaço dentro do crânio é ocupado pelo cérebro, por sangue e por LCR. Caso outra massa como um hematoma, edema cerebral ou tumor, ocupe qualquer espaço dentro da cavidade craniana, alguma outra estrutura precisa ser “empurrada” para fora. O sangue venoso e o LCR são reduzidos até o ponto da PIC ficar tão alta, que o cérebro é “forçado” a sair. O cérebro só pode se mover para baixo, em direção ao forame magno. As consequências desse movimento são as diversas síndromes de herniação. Pode ser: Herniação Uncal, Herniação do Cíngulo e Herniação de Amigdala cerebelar. A herniação uncal frequentemente produzirá dilatação ou lentidão na resposta da pupila ao estimulo epsilateral. Alterações motoras podem acompanhar essa herniação. Uma herniação mais extensa pode causar a destruição de estruturas no cérebro como os núcleos vestibulares. Isto pode resultar numa postura de decorticação ou em casos mais graves em uma postura de descerebração. Os hematomas intracranianos traumáticos podem levar o paciente a sequelas irreversíveis. São três tipos básicos de hematomas: Epidural Representa cerca de 2% de todas as internações hospitalares por trauma crânioencefálico. O hematoma epidural é a presença de sangue entre a dura máter e o crânio, geralmente ocorre por ruptura na artéria meníngea média. O doente com hematoma epidural pode ficar inconsciente, em seguida acordar, para, após minutos ou horas, entrar em coma novamente. Esse período de retorno da consciência é denominado de intervalo lúcido. As principais manifestações clínicas são perda da consciência, aparecimento de hemiparesia e pupila fixa e dilatada. Subdural Resulta de sangramento venoso entre o córtex e a dura máter. Os doentes com hematoma subdural podem apresentar perda de consciência e déficits neurológicos focais logo após o trauma. Em outros casos, as alterações neurológicas podem surgir horas, dias ou meses mais tarde. Pode ser agudo (72 horas após o evento) ou subagudo (entre 3 a 21 dias após o trauma). Os principais sintomas são alteração no nível de consciência, confusão mental e desorientação, cefaleia persistente, visão borrada ou dupla, náuseas ou vômitos, hemiparesia, fala arrastada ou empastada. Intracerebral Decorrente de ruptura de vasos sanguíneos dentro do cérebro, causada por lesões penetrantes ou desaceleração brusca, ocasionando atrito do cérebro com saliências internas de calota craniana. Com relação à avaliação deste paciente, devemos seguir o protocolo de avaliação primaria e secundária. Na avaliação primária: No A, manter via aérea pérvia e imobilizar coluna cervical. No B, deve ser fornecido oxigênio a 100% ao paciente com a bolsa-válvula- máscara. Deve ser usado oxímetro de pulso e colhida a gasometria. A intubação endotraqueal precoce deve ser realizada em doentes comatosos (Glasgow <8). No C, controlar hemorragias presentes e estabelecer a normovolemia. No D, deve ser realizada a escala de coma de Glasgow. Na avaliação secundária, deve ser coletada a história do paciente pelo SAMPLA, realizado um exame físico detalhado com atenção a todos os tipos de fraturas que podem ocorrer na face e no crânio, além de examinar as pupilas e verificar os sinais vitais. Com relação à classificação do TCE, ele pode ser classificado como: Leve: Glasgow de 13-15 Moderado: Glasgow de 12-9 Grave: de 8-3 Referencia: Atendimento Pré-hospitalarao Traumatizado. PHTLS. 7º Ed. Brasil Colégio Americano de Cirurgiões. Suporte Avançado de Vida no Trauma – ATLS. 8º.ed. Brasil, 2008.
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