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Cuidados com a saúde da mulher

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AT 1
CUIDADOS COM A SAÚDE 
DA MULHER
2 32
S
U
M
Á
R
IO
3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - Assistência à Adolescência
6	 2.1	Modificações	do	organismo	feminino
6	 2.2	Desenvolvimento	psicossocial
6	 2.3	Exame	ginecológico
7	 2.4	Consulta	de	enfermagem
10 UNIDADE 3 - Aconselhamento Genético
12	 3.1	Aconselhamento	Genético	em	Obstetrícia
14	 3.2	O	papel	do	enfermeiro	no	aconselhamento	genético
16 UNIDADE 4 - Planejamento Familiar e Contracepção
16	 4.1	Planejamento	familiar
17	 4.2	Evolução	dos	métodos	anticoncepcionais
19	 4.3	Os	métodos	contraceptivos	atuais
22	 4.4	A	consulta	de	Enfermagem
25 UNIDADE 5 - Infertilidade e Fertilização
25	 5.1	Causas	da	infertilidade	feminina	e	masculina
26	 5.2	Classificação	dos	fatores	de	infertilidade
27	 5.3	Métodos	e	Técnicas	de	fertilização	e	reprodução
29	 5.4	A	conduta	da	enfermagem
33 UNIDADE 6 - Abortamento
33	 6.1	Definição,	incidência	e	fatores	predisponentes	ao	aborto
33	 6.2	Diagnóstico	e	classificação	das	manifestações	clínicas	de	abortamento
33	 6.3	Complicações
34	 6.4	Métodos	para	abortamento
34	 6.5	Condutas	de	Enfermagem
37 UNIDADE 7 - Climatério e Menopausa
38	 7.1	Fisiologia	do	climatério
39	 7.2	Aspectos	psicossociais
40	 7.3	Sintomas	e	exames
41	 7.4	Consulta	de	Enfermagem
45 REFERÊNCIAS
2 33
UNIDADE 1 - Introdução
Da puberdade à velhice, a mulher merece 
e precisa de atenção e cuidados específicos 
em cada uma dessas etapas de vida.
Começaremos o módulo discorrendo so-
bre a assistência à adolescência, quando 
veremos as modificações do organismo, o 
desenvolvimento psicossocial, o exame gi-
necológico e os procedimentos da consulta 
de enfermagem.
A terceira unidade foi dedicada ao acon-
selhamento genético que ainda é área nova 
para muitos profissionais, mas nela reside a 
possibilidade de diagnosticar e muitas vezes 
prevenir doenças que vem de herança gené-
tica. Os estudos dos geneticistas oferecem 
avanços em diagnóstico, prevenção e trata-
mento de enfermidades genéticas, permi-
tindo muitas vezes reduzir o sofrimento e as 
mortes produzidas por esses estados pato-
lógicos.
Planejamento familiar e contracepção são 
os temas da unidade quatro, momento de re-
fletir sobre esses conteúdos e mais uma vez 
sobre a conduta de enfermagem para essas 
situações.
Causas da infertilidade, classificação dos 
fatores, métodos e técnicas de fertilização e 
reprodução e aqui também a conduta de en-
fermagem serão os temas da unidade cinco.
Como lembram Barros, Graner e Faria 
(2009), uma das maiores preocupações em 
todos os povos e tempos foi conseguir meios 
de corrigir a infertilidade conjugal. Os primei-
ros relatos sobre a fertilidade e a infertilida-
de datam de 1.100 anos a.C.
Nos tempos primitivos havia rituais de 
fecundidade onde vinculavam a maternida-
de a objetos ou elementos como estátuas e 
animais. Caldeus e assírios acreditavam na 
importância da influência dos astros sobre a 
fertilidade. Já os judeus consideravam a falta 
de filhos como um castigo de Deus. Para os 
aborígenes, a infertilidade era uma maldição 
relacionada à fúria dos antepassados, das 
bruxas e deuses. Além desses, há relatos de 
crenças praticadas pelos povos da Nigéria do 
Norte, África e persas!
Na unidade seis, voltamos nossas aten-
ções para as questões que envolvem o 
aborto: definições, incidência, fatores pre-
disponentes, diagnóstico e classificação 
das manifestações clínicas de abortamento, 
complicações, métodos e condutas de enfer-
magem.
Chegando ao final do módulo, veremos o 
climatério e menopausa. O estudo do clima-
tério feminino é tema de interesse e pesqui-
sa mundial. Nas três últimas décadas, o Brasil 
tem dado especial atenção a essa fase da 
vida da mulher, principalmente pelo aumen-
to cada vez maior da expectativa de vida, 
visando à melhor qualidade de vida (PINELLI; 
SOARES, 2009).
Sua fisiologia, aspectos psicossociais, sin-
tomas e exames e para finalizar as condutas 
de enfermagem também serão revistas nes-
sa unidade.
Ressaltamos em primeiro lugar que embo-
ra a escrita acadêmica tenha como premissa 
ser científica, baseada em normas e padrões 
da academia, fugiremos um pouco às regras 
para nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira 
clara e objetiva, mas não menos científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este 
4 54
módulo é uma compilação das ideias de vá-
rios autores, incluindo aqueles que conside-
ramos clássicos, não se tratando, portanto, 
de uma redação original e tendo em vista o 
caráter didático da obra, não serão expres-
sas opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de refe-
rências básicas, encontram-se outras que 
foram ora utilizadas, ora somente consulta-
das, mas que, de todo modo, podem servir 
para sanar lacunas que por ventura venham 
a surgir ao longo dos estudos.
4 55
UNIDADE 2 - Assistência à Adolescência
A palavra adolescência vem de adoles-
cere do Latim e significa crescer, engros-
sar, tornar-se maior, atingir a maioridade.
A adolescência é um período de transi-
ção entre a infância e a idade adulta. A Or-
ganização Mundial de Saúde (OMS, 1985) 
considera adolescente o indivíduo que se 
encontra na idade dos 10 aos 20 anos. En-
tretanto, a idade cronológica não é precisa 
para se definir os seus limites, pois este 
período é marcado por grandes transfor-
mações gerais do organismo, transforma-
ções locais do aparelho genital, além de 
transformações psíquicas. Esta fase e seu 
início sofrem influências do clima, do sexo, 
da hereditariedade, da cultura e de outros 
fatores (CARVALHO; MERIGHI, 2004).
A puberdade, por sua vez, define o com-
ponente biológico das transformações 
características da adolescência. O termo 
puberdade origina-se do Latim pubertas 
(idade fértil), caracterizando o período no 
qual adquirimos a capacidade de nos repro-
duzir. A puberdade é, portanto, uma parte 
da adolescência que se evidencia pelo apa-
recimento dos caracteres sexuais secun-
dários até o completo desenvolvimento fí-
sico, parada do crescimento e aquisição da 
capacidade de reprodução.
A puberdade e a adolescência iniciam-se 
no mesmo período, porém, a adolescência 
prolonga-se após o término da puberdade.
Tem-se observado, a partir do século 
XIX, uma aceleração do crescimento e ma-
turação biológica, caracterizado por um 
aumento progressivo da estatura de crian-
ças, adolescentes e da estatura final dos 
indivíduos.
Observa-se também uma antecipação 
do início da puberdade e da menarca. Esse 
fenômeno é considerado por alguns auto-
res como resultante da melhoria das con-
dições gerais de vida e de saúde, principal-
mente no que se refere à nutrição.
Fisiopatologicamente, a puberdade fe-
minina pode ser classificada em precoce, 
quando ocorre antes dos 9 anos e tardia, 
quando acontece após os 16 anos.
Didaticamente, a adolescência pode ser 
dividida em estágios: inicial ou precoce, 
média e tardia (OPS, 1992; NICHOLS e PO-
DGURSKI, 1997, LEAL e SAITO, 2001, et al. 
apud CARVALHO; MERIGHI, 2004):
 adolescência inicial ou precoce: de 11 
a 13 anos;
 adolescência média: de 14 a 16 anos;
 adolescência tardia: de 17 a 19 anos.
Como já dito, a idade cronológica, entre-
tanto, não é precisa para se definir os limi-
tes da adolescência, a qual é também mais 
que um fato biológico. Pode-se dizer que 
ela tem um início biológico e uma resolução 
psicossociocultural. Esta resolução pode 
ser caracterizada por:
 separação e independência dos pais;
 estabelecimento da identidade sexu-
al;
 aceitação do trabalho;
 elaboração de um sistema de valores 
éticos;
6 7
 capacidade de manter relações dura-
douras;
 retorno aos pais numa nova relação 
fundamentada numa igualdade relativa 
(CARVALHO; MERIGHI, 2004).2.1 Modificações do orga-
nismo feminino
 Desenvolvimento do tronco.
 Deposição de gordura nos quadris e 
tórax.
 Desenvolvimento das mamas e hiper-
pigmentação das aréolas e proeminência 
dos mamilos.
 Surgimento dos pelos pubianos e axi-
lares.
 Alargamento da bacia.
 Acontecimento da menarca.
 Mudança de entonação da voz.
 Desenvolvimento do ovário e matura-
ção folicular.
 Modificações do útero e tubas uteri-
nas.
 Transformações no tecido de revesti-
mento da vagina.
 Desenvolvimento das formações la-
biais.
 Fechamento da rima vulvar.
 Crescimento discreto do clitóris.
 Alterações endócrinas.
 Alterações emocionais.
2.2 Desenvolvimento psi-
cossocial
O indivíduo tem uma capacidade ines-
gotável para desenvolver-se psicosso-
cialmente. Esta capacidade inicia-se com 
o nascimento e teoricamente só termina 
com a sua morte.
É talvez, na fase de adolescência que o 
indivíduo mais exercita esta capacidade, 
pois nessa fase, ele precisa criar sua pró-
pria identidade.
Para isso, há necessidade de elabora-
ção pelos adolescentes e pelos seus pais, 
de três perdas ou lutos que são (KNOBEL, 
1999):
a) Perda do corpo infantil: trata-se 
da aceitação das transformações corporais 
que geralmente são vividas com muita an-
siedade. É na adolescência que há uma de-
finição sexual em nível psicológico. A mas-
turbação é intensa nesta fase e tem um 
sentido exploratório do corpo e é uma pre-
paração para a atividade sexual do adulto.
b) Perda dos pais na infância: nesta 
fase, o ajuste mais importante é a passa-
gem de dependência da criança para in-
dependência do adulto. O crescimento, 
maturação e responsabilidade desejados, 
tanto pelos filhos como pelos pais são vivi-
dos pelos adolescentes com agressividade 
e culpa com avanços e recuos. Os pais que 
foram idealizados na infância podem ser 
alvos de muitas críticas e surge a necessi-
dade de identificação com figuras fora do 
âmbito familiar.
c) Perda da identidade e do papel in-
fantil: para desenhar sua própria identida-
de, o adolescente passa por uma confusão 
de papéis, vivendo diferentes identidades, 
transitórias, ocasionais ou circunstanciais. 
Este não é mais criança, mas também não 
é adulto.
2.3 Exame ginecológico
Numa abordagem promocional, a con-
sulta a adolescentes deve levar em conta 
6 7
os vários processos de vulnerabilidade, 
necessidades e agravos a que estes estão 
sujeitos: processos infecciosos, alterações 
nutricionais, distúrbios da autoimagem, 
DST, AIDS, uso de drogas psicoativas, gra-
videz precoce e/ou indesejada, entre ou-
tros (MANDÚ; PAIVA, 2001 apud CARVA-
LHO; MERIGHI, 2004).
A maioria dos adolescentes é basica-
mente sadia. Eles procuram menos os pro-
fissionais de saúde do que outros grupos 
etários. Mas pode haver anomalias do de-
senvolvimento e desajuste emocional nes-
ta faixa etária.
Geralmente, as adolescentes precisam 
de tratamento para pequenas queixas e 
orientação em relação à saúde geral e edu-
cação sexual incluindo orientação anticon-
cepcional.
Não há necessidade de se procurar as-
sistência médica apenas porque a menina 
tornou-se adolescente. O exame ginecoló-
gico só está indicado quando houver uma 
queixa específica ou quando:
 completar 18 anos;
 for sexualmente ativa;
 na presença de uma leucorreia;
 houver suspeita de DST;
 houver suspeita de gravidez;
 houver sangramento anormal;
 houver puberdade anormal;
 houver abuso sexual;
 houver dor abdominal ou pélvica.
São queixas ginecológicas mais co-
muns:
 distúrbios menstruais;
 corrimento vaginal;
 dismenorreia;
 algia pélvica;
 queixas relacionadas ao desenvol-
vimento mamário (CARVALHO; MERIGHI, 
2004).
2.4 Consulta de enferma-
gem
Médicos e enfermeiros devem aprovei-
tar a consulta ginecológica ou outra opor-
tunidade profissional para se realizar a 
educação para a saúde, discutindo com os 
adolescentes assuntos como: anticoncep-
ção/atividade sexual/gravidez/desenvol-
vimento físico.
A verdade é que os adolescentes ge-
ralmente conhecem, pelo menos superfi-
cialmente os métodos anticoncepcionais. 
Entretanto, usam-nos de maneira incor-
reta e/ou descontinuada, talvez por falta 
de orientação ou pelo caráter esporádico 
das suas relações sexuais. Os métodos an-
ticoncepcionais mais indicados para essa 
faixa etária são:
 os métodos de barreira como a cami-
sinha masculina e feminina e o diafragma;
 anticoncepcionais hormonais com-
binados, desde que seja prescrita após 2 
anos de ciclos regulares e respeitadas as 
suas contraindicações;
 os métodos naturais também pode-
riam ser indicados respeitando as contrain-
dicações e após completa compreensão do 
uso do método e sob supervisão profissio-
nal;
 o DIU poderá ser utilizado por adoles-
centes que já tiveram um filho.
Em relação à atividade sexual, esta tem 
o início médio em torno dos 16 anos e cer-
8 9
ca de 1/5 das meninas e 1/3 dos meninos 
já tiveram pelo menos um coito até os 15 
anos. O primeiro coito é denominado, coi-
tarca. Geralmente as relações sexuais são 
esporádicas e imprevisíveis.
A gravidez na adolescência é ainda um 
grave problema, embora de 5 a 10% delas 
fiquem grávidas, frequentemente os ado-
lescentes não vinculam a prática sexual 
com a possibilidade de gravidez. Deve-se 
reforçar aos adolescentes a necessidade 
de proteção contra uma gravidez indeseja-
da ou uma doença sexualmente transmis-
sível.
Quanto ao desenvolvimento físico, ge-
ralmente os adolescentes são desinfor-
mados a respeito do seu próprio corpo e da 
anatomia dos aparelhos reprodutores, ne-
cessitando de informações quanto ao de-
senvolvimento físico para evitar ansiedade 
e conflitos.
Os interesses e preocupações mais 
comuns são relacionados com:
 o crescimento dos pelos;
 o desenvolvimento mamário;
 a menstruação;
 o tamanho do pênis;
 a polução noturna;
 a masturbação e suas consequências;
 a gravidez;
 a DST (a frequência de DST é bem 
maior nos adolescentes e pessoas jovens);
 as drogas;
 a higiene corporal;
 a atividade esportiva;
 outras.
Padrão alimentar também deverá ser in-
vestigado buscando-se relacionar hábitos 
e características familiares e pessoais de 
alimentação com obesidade, anorexia, bu-
limia, entre outras.
Outros fatores que devem ser conside-
rados para que se preste uma assistência 
de qualidade aos adolescentes, principal-
mente para aqueles que se predispõem a 
ter relações sexuais precoces, seriam:
 menarca precoce;
 fracasso escolar;
 conflito ou separação dos pais;
 doença prolongada ou morte na famí-
lia;
 relação tensa com os pais (CARVALHO; 
MERIGHI, 2004).
Guarde...
 A abordagem do adolescente deve 
ser clara, franca, adequada, evitando indu-
ções, juízos de valor, reprovações, imposi-
ções, práticas discriminatórias, que gerem 
desigualdades ou tratamento de forma 
infantilizada. Deve ser permeada pelo res-
peito e confiança, favorecendo um diálogo 
aberto e fundamentado sobre questões 
de saúde.
 Cabe aos enfermeiros, independente 
da razão pela qual o adolescente procure 
o serviço, oportunizar um momento para a 
detecção, reflexão e auxílio às suas neces-
sidades. Portanto, a privacidade e o aco-
lhimento desse jovem são essenciais para 
que ele se sinta confiante, valorizado e à 
vontade.
 Ao realizar a consulta de enferma-
gem, os enfermeiros devem contemplar 
os processos socioculturais, familiares e 
comportamentais que possam gerar vul-
nerabilidades ou que sejam promotores 
de potenciais para o enfrentamento de 
8 9
problemas visando promoção da saúde, 
prevenção de agravos, monitoramento e 
reabilitação.
 A Consulta de Enfermagem é um ins-
trumento relevante para o enfermeiro, 
pois poderá potencializar a formação de 
autonomia, além de contribuir para uma 
assistência sistematizada com mais qua-
lidadea partir de processos de interação, 
investigação, diagnóstico, intervenção, 
medidas educativas e de articulação para 
apoios necessários.
 A Consulta de Enfermagem consti-
tui-se num momento de expressão/ cap-
tação de necessidades e de resolução de 
problemas, contemplando a participação 
ativa dos sujeitos. Essas ações requerem 
do profissional além da competência téc-
nica, sensibilidade para compreender o ser 
humano e o seu modo de vida e habilidade 
de comunicação, baseada na escuta e na 
ação. É também, momento de integração 
e articulação com outros saberes, conside-
rando outros profissionais, setores e equi-
pamentos de apoio (MARTINS; ALBUQUER-
QUE; CUBAS, 2012).
10 11
UNIDADE 3 - Aconselhamento Genético
Falar em Aconselhamento Genético 
(AG) nos faz lembrar quase que de imedia-
to do Projeto Genoma Humano, uma ini-
ciativa audaciosa criada na pesquisa bio-
médica, em 1990, a nível mundial, tendo 
como objetivo mapear e sequenciar todo 
o material genético de humanos e de al-
guns outros organismos geneticamente 
importantes.
A iniciativa partiu do National Institu-
tes of Health (NIH) dos Estados Unidos e 
centenas de laboratórios de todo o mun-
do se uniram à tarefa de sequenciar, um a 
um, os genes que codificam as proteínas 
do corpo humano e também aquelas se-
quências de DNA que não são genes. La-
boratórios de países em desenvolvimento 
também participaram do empreendimen-
to com o objetivo de formar mão de obra 
qualificada em genômica.
Isso queria dizer determinar a sequ-
ência completa dos 3 bilhões de pares de 
nucleotídeos no DNA do genoma humano 
e encontrar todos os genes dentro dela. 
Uma tarefa assustadora! Comparável a 
decifrar cada letra individual de 1 mm de 
largura ao longo de uma faixa de texto de 
3.000 km de comprimento. Como mais de 
90% do DNA não fazem parte dos genes, 
são realizadas outras abordagens dirigi-
das aos genes expressos (ativos).
Pois bem, em 14 de abril de 2003, um 
comunicado de imprensa conjunto1 anun-
ciou que o projeto fora concluído com su-
cesso, com a sequenciação ou sequencia-
mento de 99% do genoma humano com 
uma precisão de 99,99%.
O Projeto Genoma Humano possibilitou 
a transmissão de informação e tecnologia 
genética em escala mundial numa propor-
ção até a pouco tempo sequer imaginada. 
As doenças genéticas, historicamente 
consideradas raras, passaram a ganhar 
importância com o desenvolvimento bio-
tecnológico dessa área, tornando-se evi-
dente a necessidade de um contínuo e 
crescente conhecimento sobre as contri-
buições da genética para a saúde e na gê-
nese das doenças.
E desde então, a genética passou a as-
sumir lugar de destaque no cotidiano das 
pessoas, com um grau de envolvimen-
to sem precedentes quando compara-
do a outras áreas científicas (ABRAHÃO, 
2009).
Esses importantes avanços em diag-
nóstico, prevenção e tratamento das en-
fermidades genéticas permitem, portan-
to, aliviar apreciavelmente o sofrimento 
e as mortes produzidas por esses estados 
patológicos.
Paralelamente ao desenvolvimento da 
genética, devemos ressaltar que, com a 
redução das enfermidades infecciosas e 
nutricionais nos países desenvolvidos, as 
anomalias congênitas (sejam de origem 
genética ou não) vêm se situando entre as 
primeiras causas de morbidade e mortali-
dade infantis, e essa tendência se obser-
va em diversos países da América Latina e 
no Caribe. Consequentemente, as anoma-
lias congênitas (AC) estão adquirindo um 
papel cada vez mais relevante entre os 
1- http://www.genoscope.cns.fr/externe/English/Actualites/
Presse/HGP/HGP_press_release-140403.pdf
10
10 11
problemas de saúde, o que pode ser cons-
tatado no relatório da Organização Pan-A-
mericana da Saúde (OPAS), já em 1984.
Sob o ponto de vista etiológico, as AC 
representam um grupo muito heterogê-
neo de alterações do desenvolvimento 
embriofetal onde, cerca de 60% das ve-
zes, o fator causal ainda não está definido 
(RABELLO-GAY; RODRIGUES; MONTELEO-
NE-NETO, 1991).
Sob análise global, os defeitos congê-
nitos afetam cerca de 5% dos nascidos 
vivos, sendo responsáveis por 20% da 
mortalidade neonatal e 30 a 50% da mor-
talidade perinatal nos países desenvolvi-
dos. Na América Latina, as informações 
sobre defeitos congênitos são ainda frag-
mentadas por deficiência na qualidade do 
diagnóstico e nas estatísticas de saúde, 
no entanto, dados provenientes de nume-
rosos estudos epidemiológicos locais e do 
Estudo Colaborativo Latino-Americano de 
Malformações Congênitas (ECLAMC) con-
firmam que os defeitos congênitos ocor-
rem na América Latina com frequências 
similares às observadas em outras regi-
ões do mundo (CASTRO et al., 2006).
No Brasil, apesar da dificuldade na ob-
tenção de dados epidemiológicos confi-
áveis em relação a doenças genéticas, é 
óbvia a melhora dos indicadores de saú-
de nas últimas décadas onde, no período 
de 1980 a 1997, as anomalias congênitas 
passaram de 6% para 12% como causa de 
mortalidade infantil, segundo o Banco de 
Dados do Sistema Único de Saúde (DATA-
SUS) (ABRAHÃO, 2009).
Outro dado relevante é que o impac-
to das doenças genéticas e dos defeitos 
congênitos na saúde não pode ser esti-
mado somente em termos de cifras de 
frequência e contribuição quantitativa da 
morbidade e mortalidade. A realidade é 
muito mais complexa; uma vez que essas 
doenças são de natureza crônica, podem 
afetar muitos órgãos e sistemas e os mé-
todos terapêuticos disponíveis são caros 
e pouco acessíveis. Além disso, as crian-
ças afetadas são mais suscetíveis aos 
agressores ambientais, como infecção e 
desnutrição, que as não-afetadas.
Por outro lado, o caráter hereditário 
das doenças genéticas predispõe uma fa-
mília em particular a possuir mais de um 
filho afetado.
As particularidades mencionadas de-
monstram o grande impacto dos defeitos 
congênitos na família e na sociedade, so-
bretudo nas regiões com poucos recursos. 
Os problemas médicos, psicológicos e/ou 
econômicos, entre outros, que essa famí-
lia deve enfrentar são enormes.
É imprescindível, portanto, que todo 
programa de saúde inclua estratégias de 
prevenção primária, secundária e terciária 
voltadas para os defeitos congênitos.
A detecção de fatores de risco repro-
dutivos, genéticos ou não, deve fazer par-
te da atenção primária de saúde, sendo 
seguida de assessoramento genético ao 
indivíduo e/ou à gestante sem, contudo, 
pretender interferir na autonomia repro-
dutiva do casal. O aconselhamento gené-
tico tem por objetivo fazer com que as de-
cisões reprodutivas estejam baseadas em 
informações claras e precisas e não em 
ideias errôneas (PENCHASZADEH, 1993 
apud ABRAHÃO, 2009).
A possibilidade do diagnóstico pré-na-
tal por meio da obtenção de amostras de 
11
12 13
material fetal, como as vilosidades coriô-
nicas, líquido amniótico, sangue ou pele, 
ampliou muito o estabelecimento de diag-
nóstico de aberrações cromossômicas, 
bem como de doenças gênicas pela tec-
nologia da citogenética e biologia mole-
cular, respectivamente. Assim também o 
desenvolvimento das técnicas de ultras-
sonografia, ecocardiografia, dopplerflu-
xometria, entre outras, permitiu o diag-
nóstico acurado de malformações fetais 
em fases precoces da gestação.
Por conseguinte, o diagnóstico pré-na-
tal veio possibilitar que a gestante de ris-
co elevado desenvolvesse uma gestação 
sem o temor do nascimento de outro filho 
afetado ou, ainda, o diagnóstico precoce 
de tal anomalia, sendo que algumas ano-
malias, atualmente passíveis de trata-
mento, com diagnóstico ainda na fase in-
trauterina.
O aconselhamento genético e o diag-
nóstico pré-natal são recursos que se ofe-
recem às gestantes consideradas de risco 
para gerarem prole portadora de AC, que 
decidem voluntariamente aceitá-los ou 
não e está presente no Brasil há 20 anos,por meio do serviço público (PENCHASZA-
DEH, 1993 apud ABRAHÃO, 2009).
3.1 Aconselhamento Gené-
tico em Obstetrícia
Com o desenvolvimento do diagnóstico 
pré-natal, as atividades de AG foram apri-
moradas, deixando de ser fundamenta-
das somente em riscos de probabilidade 
estatística de ocorrência ou recorrência 
de determinada anomalia, passando a 
prever com exatidão a presença ou não 
da anomalia congênita em questão (HIRS-
CHHORN, 1982 apud ABRAHÃO, 2009).
Durante a gravidez, a mulher passa por 
intensas mudanças, físicas, sociais e psi-
cológicas e é diante desta fragilidade que 
lhe é fornecido o anúncio de resultados de 
testes pré-natais, os quais muitas vezes 
vão fornecer segurança e tranquilidade; 
no entanto, em algumas situações trarão 
dúvidas, incertezas e temores resultantes 
da suspeita ou do diagnóstico de anomalia 
fetal. Essas são situações que exigem da 
mulher tomada de decisões para as quais 
nem sempre se sentem capacitadas sem 
o auxílio de aconselhamento genético 
(QUAYLE, 1997).
Assim sendo, o AG deve ser um proces-
so contínuo em um serviço de medicina 
fetal, tendo início na recepção do casal 
e estendendo-se por todas as etapas do 
seu atendimento pré e pós-natal, sen-
do considerado de extrema importância, 
uma vez que, para cada etapa do aten-
dimento da gestante, seja a escolha de 
exames para o diagnóstico pré-natal, a 
comunicação de resultados e de possibi-
lidades de tratamento intrauterino ou as 
limitações desses métodos, exige a parti-
cipação ativa e consciente do casal, o que 
não é facilmente obtido, por estarem em 
jogo não só aspectos racionais, mas tam-
bém sentimentais, éticos, religiosos e 
legais. Essa importância e complexidade 
foram evidenciadas por vários estudos e 
é devido a este grau de complexidade que 
as atividades de aconselhamento gené-
tico devem ocorrer de forma integrada à 
equipe multiprofissional que presta assis-
tência a esta grávida e/ou a este casal, as-
pecto este fundamental para o estabele-
cimento da sua eficiência (EPSTEIN, 1975; 
KESLLER, 1989 apud ABRAHÃO, 2009).
O conselheiro deve expor de forma cla-
12 13
ra e precisa todos os fatos detectados, a 
fim de que o casal possa tomá-los como 
base para sua própria decisão. O sucesso 
desse aconselhamento depende muito do 
grau de compreensão do consulente e da 
adequação das orientações para, assim, 
permitir uma decisão reprodutiva cons-
ciente do casal.
Segundo Abrahão (2009), a eficácia do 
aconselhamento genético consiste, acima 
de tudo, em um relacionamento de em-
patia entre o conselheiro e o consulente, 
portanto, antes de iniciar qualquer pro-
cesso formal de coleta de dados, torna-
-se necessário a realização de um correto 
acolhimento do casal, deixando-o à von-
tade e não demonstrando pressa.
É muito importante, principalmente em 
um serviço público, explicar para o consu-
lente por que ele está sendo atendido e 
no que consiste a consulta de aconselha-
mento genético, independentemente da 
especialidade a que se destina tal atendi-
mento, seja em medicina fetal, pediatria, 
oncologia, entre outras. 
Para o consulente, é muito importante 
o estabelecimento de um vínculo de con-
fiança no serviço em que ele será atendido 
por um período, muitas vezes, prolongado 
e, acima de tudo, envolvendo informações 
que irão influenciar muito seus aspectos 
emocionais, sociais, econômicos, entre 
outros. O conselheiro deverá se esforçar 
para ser esse vínculo do qual o paciente 
necessita, pois, assim, ele garantirá que 
todos os seus questionamentos serão 
respondidos.
Uma segunda etapa é a coleta de da-
dos do paciente, de seus antecedentes 
pessoais e familiares. Com relação aos 
antecedentes pessoais, serão pesquisa-
dos todos os dados referentes a doenças 
clínicas, hábitos, vícios, exposição ocupa-
cional a agressores ambientais. Com rela-
ção aos antecedentes familiares, damos 
maior enfoque na ocorrência de anomalias 
congênitas na família, casamentos con-
sanguíneos e usamos esses dados para a 
construção do heredograma da família.
Concluída a coleta de dados, passamos 
a analisá-los para estabelecer os fatores 
de risco encontrados.
A quarta etapa consiste em explicar to-
dos os fatores encontrados. Nessa etapa, 
é extremamente importante que as expli-
cações sejam realizadas de forma que o 
consulente possa entender. Termos téc-
nicos devem ser evitados quando o grau 
de instrução do consulente não permite 
sua compreensão, no entanto, não de-
vemos utilizar terminologia simbólica e 
simplificada quando o consulente possui 
condições de entender termos técnicos. 
Não estar atento a uma dessas situações 
poderá comprometer todo o processo do 
aconselhamento.
A etapa seguinte consiste na apresen-
tação dos exames necessários para o es-
tabelecimento de um diagnóstico, seus 
riscos e limitações. Nessa ocasião, deve-
mos mostrar todas as opções diagnós-
ticas disponíveis, no entanto, mais uma 
vez ressaltamos que caberá aos consu-
lentes aceitá-los ou não, por esse motivo 
é necessário que nos certifiquemos do 
real entendimento das informações for-
necidas. Essa situação é particularmente 
frequente no atendimento à gestante de 
risco, pois os exames que necessitam de 
coleta de material fetal demandam riscos 
que, por menores que sejam, trazem an-
14 15
siedade e fortes dúvidas em aceitá-los ou 
não.
O conselheiro deve ser sensível e per-
ceber quando os consulentes não têm 
certeza de sua decisão; nesses casos não 
pode haver pressa, é melhor dar-lhes tem-
po para sedimentarem as informações 
e tirarem suas dúvidas, agendando uma 
nova consulta.
Toda vez que um paciente ou casal opta 
por se submeter à coleta de exames para 
estudos genéticos, deverão assinar um 
termo de consentimento informado, no 
qual deve constar toda a orientação for-
necida sobre riscos e limitações deste.
Por ocasião do recebimento dos re-
sultados dos exames solicitados, os con-
sulentes devem retomar ao AG para que 
possamos explicar-lhes os diagnósticos e 
tirar-lhes qualquer dúvida que possa sur-
gir.
Cabe ao conselheiro estar sempre dis-
ponível em qualquer etapa do atendimen-
to clínico para que, a qualquer momen-
to, o consulente sinta-se à vontade para 
procurá-lo com o intuito de sanar dúvidas 
que possam surgir. O acompanhamento 
pós-natal é fundamental para a manuten-
ção do vínculo estabelecido entre o con-
selheiro e o consulente durante todo o 
período pré-natal, sendo também um mo-
mento importante de complementação 
de orientações e, em alguns casos, confir-
mação diagnóstica com orientações pre-
concepcionais e de planejamento familiar 
(ABRAHÃO, 2009).
3.2 O papel do enfermeiro 
no aconselhamento genéti-
co
O aconselhamento genético constitui-
-se atualmente em um processo bastante 
complexo, exigindo que o conselheiro seja 
um profissional dotado de profundos co-
nhecimentos dos princípios de genética, 
das doenças de origem genética e dismor-
fologia, além de muito tato, bom senso e 
disponibilidade para ensinar. Sua atuação 
deve ser interligada a uma equipe multi-
profissional para que a assistência seja 
completa.
Em relação ao enfermeiro, apesar da 
preocupação com os conteúdos de ge-
nética em sua formação datar de 1962, 
ainda hoje, nos Estados Unidos, reconhe-
ce-se que tais conteúdos desenvolvidos 
durante a graduação ainda são insufi-
cientes, contudo, já se pode observar o 
surgimento de uma nova especialização 
que vem englobando diversos programas 
educacionais em genética, desenvolvidos 
por profissionais de diferentes áreas de 
atuação devido à sua abrangência de apli-
cação, entre eles, os enfermeiros. Além 
disso, é notório o trabalho executado por 
enfermeiros em diversos países, entre os 
quais podemos incluir o Brasil, como edu-
cadores em saúde, atividade muito pre-
sente durante toda a sua formaçãopro-
fissional (ABRAHÃO, 2009).
Assim sendo, seguindo o modelo ame-
ricano, Abrahão salienta que estamos 
acompanhando o desenvolvimento desta 
área com o enfermeiro educador em ge-
nética, atuando em diferentes especiali-
dades como já afirmado anteriormente, 
não lhe cabendo o estabelecimento de 
diagnóstico clínico, mas sim toda a ativi-
dade de aconselhamento genético, que 
se constitui em um processo basicamente 
14 15
psicoeducativo.
No que diz respeito às bases legais 
para a atuação do enfermeiro como con-
selheiro genético, o Conselho Regional 
de Enfermagem do Estado de São Paulo, 
posicionou-se favoravelmente em 03 de 
outubro de 2001, com o parecer de que 
o enfermeiro, desde que tenha treina-
mento específico na área, pode atuar na 
função de conselheiro genético (EVERS-
-KIEBOAMS; VAN DENBERGHE, 1979 apud 
ABRAHÃO, 2009). 
Seguindo o que está determinado pela 
lei do exercício profissional, observa-se 
que o enfermeiro é um profissional mui-
to adequado para atuar como conselheiro 
devido a sua formação acadêmica, uma 
vez que esta tem enfoque tanto em ciên-
cias humanas quanto em biológicas, que 
lhe dão embasamento teórico-prático su-
ficiente para ministrar atenção holística 
e assistência integral aplicadas à genéti-
ca (EVERS-KIEBOAMS; VAN DENBERGHE, 
1979 apud ABRAHÃO, 2009).
16 1716
UNIDADE 4 - Planejamento Familiar e 
Contracepção
No ano de 1984, quando o Ministério da 
Saúde elaborou o Programa de Assistên-
cia Integral à Saúde da Mulher (PAlSM), ele 
inclui o planejamento familiar entre suas 
ações, tornando-se um direito legal do 
cidadão com a aprovação da Constituição 
Federal de 1988 que, em seu artigo 226, 
§ 7º, afirma:
Fundado nos princípios da dignidade 
da pessoa humana e da paternidade 
responsável, o planejamento familiar 
é livre decisão do casal, competindo 
ao Estado propiciar recursos educacio-
nais e científicos para o exercício desse 
direito, vedada qualquer forma coerci-
tiva por parte de instituições oficiais 
ou privadas. 
Em 12 de janeiro de 1996, foi sanciona-
da a Lei 9.263, que regulamenta o Plane-
jamento Familiar no Brasil (LEAL; ARAÚJO, 
2010).
Na série: “Direitos Sexuais e Reprodu-
tivos”, elaborada pelo Ministério da Saúde 
em 2005, está claro que o governo bra-
sileiro pauta-se pelo respeito e garantia 
aos direitos humanos, entre os quais se 
incluem os direitos sexuais e os direitos 
reprodutivos, para formulação e imple-
mentação de políticas relativas ao pla-
nejamento familiar e a toda e qualquer 
questão referente à população e ao de-
senvolvimento, ampliando medidas em 
planejamento familiar e redução da mor-
talidade materna.
Existem estratégias para a população 
brasileira em relação a acesso, esclareci-
mentos e estímulos ao planejamento fa-
miliar, incluindo a distribuição nos centros 
comunitários e nas Unidades de Saúde da 
Família de material educativo com infor-
mações sobre as diversas maneiras de se 
evitar uma gravidez não planejada (BRA-
SIL, 2006).
O histórico do planejamento familiar 
tem como base os direitos sexuais e os 
direitos reprodutivos, que são ancorados 
na liberdade de todo casal decidir livre e 
responsavelmente sobre o número, os es-
paçamento de tempo e a escolha do mo-
mento para ter filhos, para o que se faz 
necessário ter informação e meios ade-
quados. Prevê também o direito de gozar 
do mais elevado padrão de saúde sexual e 
reprodutiva, incluindo o direito de tomar 
decisões sobre reprodução livre de dis-
criminação, coerção ou violência, além da 
garantia da liberdade de orientação sexu-
al e da dupla proteção contra as infecções 
sexualmente transmissíveis (lST)/AIDS e 
a gestação não planejada (BRASIL, 2006).
4.1 Planejamento familiar
Mediante esse enfoque geral, pode-
mos definir o planejamento familiar como 
um conjunto de ações de regulação da 
fecundidade que garanta direito à limita-
ção ou ao aumento da prole pela mulher, 
pelo homem ou pelo casal. Desse modo, o 
planejamento familiar dá ao casal a opor-
tunidade de obter recursos para a escolha 
do momento da concepção ou da anticon-
cepção, por meio de diferentes métodos. 
Esses métodos oferecem segurança e efi-
cácia comprovada, não acarretando risco 
à saúde e garantindo a liberdade de esco-
lha assegurada na Constituição Federal e 
16 1717
pela Lei nº 9.263/96.
Historicamente, as atividades do Pla-
nejamento Familiar tomaram forma com 
a Conferência Internacional sobre Popu-
lação e Desenvolvimento (CIPD), realizada 
em 1994, no Cairo e a Conferência da Mu-
lher, realizada em Pequim, em 1995.
Nessas conferências, vários países, 
entre eles o Brasil, assumiram o compro-
misso de integrar os direitos sexuais e re-
produtivos nas políticas e nos programas 
nacionais, voltados à população e desen-
volvimento, envolvendo o planejamento 
familiar.
A Política Nacional de Planejamento Fa-
miliar surgiu no ano de 2007, com a amplia-
ção das ações acerca do oferecimento de 
métodos contraceptivos gratuitamente 
para homens e mulheres em idade repro-
dutiva, por meio dos serviços de saúde.
Quanto à assistência em anticoncep-
ção, esta pressupõe a oferta de todas as 
alternativas possíveis de métodos anti-
concepcionais, bem como o conhecimen-
to de suas indicações, contraindicações e 
implicações de uso, garantindo à mulher, 
ao homem ou ao casal, os elementos ne-
cessários para a opção do método que a 
eles melhor se adaptem (BRASIL, 2002).
4.2 Evolução dos métodos 
anticoncepcionais
Segundo Camiá e Barbieri (2009), a 
preocupação com o controle da repro-
dução é antiga, quase coincidindo com o 
aparecimento da cultura humana. Desde 
os tempos mais remotos, o ser humano 
sempre procurou exercer o controle sobre 
a natalidade, incrementando-a ou evitan-
do-a por meios voluntários e conscientes. 
A Bíblia, no Antigo Testamento, narra o 
coito interrompido no capítulo 38, versí-
culos 7-10, do livro de Genesis, como um 
meio de contracepção.
Na antiguidade, as práticas anticon-
ceptivas eram pouco difundidas, se base-
avam em superstições e, como a gravidez, 
relacionava-se ao ciclo menstrual; a mu-
lher era considerada a única responsável 
por esse acontecimento. Na ocorrência de 
gravidez indesejada, os povos primitivos 
tentavam interrompê-la com o uso de er-
vas abortivas, amuletos, orações, poções 
mágicas e tabus sexuais, que, às vezes, 
ajudavam a proporcionar maior intervalo 
entre as gestações (KAUFMAN; RONDI-
NELLI, 1989).
A inserção de substâncias na vagina era 
uma das práticas mais simples de preven-
ção à gravidez. Em 1850 a.C., no papiro de 
Petri, já se encontrava uma receita, que 
consistia na mistura de dejetos de croco-
dilo ou mel e carbonato de sódio nativo ou 
goma arábica. No papiro de Ebers, de 1550 
a.C., encontrou-se indicação de brotos de 
acácia que continham goma arábica que, 
devido à sua reação, produzia ácido lático, 
considerado espermicida.
Aristóteles, em 400 a.C., relatava que 
o óleo de cedro e o unguento eram esper-
micidas e, em 138 d.C., Soranos, o maior 
ginecologista da antiguidade, orientava 
o uso de supositórios de lã associados a 
substâncias oleosas. Em 600 d.C., Aetios 
de Amida recomendava, para uso vaginal, 
vinagre e salmoura, e no século IX, as mu-
lheres moldavam o ópio em forma de con-
cha, inserindo-o na vagina. Posteriormen-
te, apareceram os primeiros espermicidas 
comercializados, tendo como ingredien-
tes o sulfato de quinino e a manteiga de 
18 19
cacau.
A participação do homem no processo 
da anticoncepção foi descrita pela pri-
meira vez em 1564, com o uso de pre-
servativos confeccionados com linho; em 
seguida, surgiram aqueles confecciona-
dos à base de intestino de animais, con-
tudo, eram utilizados apenas pela nobre-
za da época e, na maioria das vezes, para 
a prevenção das doenças sexualmente 
transmissíveis.Na metade do século XIX, 
a fabricação dos preservativos foi ampla-
mente difundida, principalmente devido 
ao início da indústria da borracha, quan-
do foram produzidos em escala indus-
trial, com custo inferior ao da membrana 
animal. No início do século XX, houve o 
advento do látex, razão pela qual se ob-
teve material de melhor qualidade. Atual-
mente, é um dos métodos mais utilizados, 
devido à disseminação das doenças sexu-
almente transmissíveis, inclusive o HIV, 
visto que oferece proteção eficaz quando 
utilizado de forma correta (CAMIÁ; BAR-
BIERI, 2009).
No final do século XIX, surgiram tam-
bém os diafragmas (1882), os dispositivos 
intrauterinos e o capuz cervical. O méto-
do do calendário, também denominado de 
Tabela, foi estudado por Ogino, do Japão, e 
Knaus, da Áustria, na década de 1930, no 
qual demonstraram a relação da ovulação 
com o ciclo menstrual. A partir desse tra-
balho, descobriram fórmulas para deter-
minar o período fértil, originando o Méto-
do Ogino-Knaus.
A esterilização cirúrgica feminina foi 
citada em 1834 por James Blundell, que 
recomendava a seção tubária bilateral, 
mas foi Lundgren o primeiro a realizá-la 
em um parto cesárea. No ano de 1941, foi 
utilizada a laparoscopia, definida como a 
introdução de um instrumento óptico na 
cavidade abdominal e, com o decorrer do 
tempo, novas técnicas foram descober-
tas.
Em 1960 surgiu a pílula anticoncepcio-
nal, à base de progestogênio e estrogê-
nio, sendo utilizada em larga escala pela 
população feminina, mas devido a diver-
sos efeitos colaterais relacionados às al-
tas doses do componente estrogênico, 
pesquisadores se dedicaram à investi-
gação de novas formulações com doses 
mais baixas e com boa eficácia (ALDRIGHI; 
SAUERBRONN; PETTA, 2005).
Os anticoncepcionais hormonais injetá-
veis combinados mensais também foram 
descobertos logo após os orais, aumen-
tando a cada dia o número de usuárias 
desse método.
Embora a vasectomia tenha sido desco-
berta há vários anos, ela alcançou maior 
popularidade somente a partir de 1960, 
acompanhando a liberação sexual e apre-
sentando-se como método alternativo 
para aqueles que desejavam a contracep-
ção definitivas.
Logo após esse período, surgem mo-
vimentos culturais que relacionam a im-
portância de conviver com a natureza e a 
aquisição de hábitos saudáveis, propor-
cionando um estímulo para a anticoncep-
ção natural. Nesse sentido, embora o Mé-
todo Ogino-Knaus tenha sido definido em 
1930, sua prática torna-se mais comum 
nessa época, bem como o Método da Ovu-
lação de Billings, recomendado pela pri-
meira vez em 1964, pelo casal de médicos 
australianos John e Evelin Billings. Esse 
método baseia-se na observação das va-
18 19
riações do muco cervical, durante as dife-
rentes fases do ciclo menstrual.
O anticoncepcional hormonal injetável 
trimestral foi aprovado para uso em 1992 
e nos últimos anos tem sido utilizado por 
14 milhões de mulheres em todo o mundo.
Em 1993, foi aprovado o preservativo 
feminino para uso nos Estados Unidos, 
estando disponível na Inglaterra desde 
1990. No Brasil, seu uso encontra-se ain-
da restrito, em razão do elevado custo e 
de barreiras culturais.
Após este período, outros métodos an-
ticoncepcionais surgiram e encontram-se 
disponíveis no mercado brasileiro, tais 
como o adesivo transdérmico, o anel va-
ginal, o implante contraceptivo com uma 
única cápsula de silicone e o sistema in-
trauterino liberador de levonogestrel (DIU 
hormonal).
Apesar dos diversos contraceptivos 
existentes, observa-se o uso predomi-
nante de dois métodos: a laqueadura 
tubária e a pílula, 40% e 21% respecti-
vamente, por mulheres brasileiras no con-
trole de sua fertilidade. Talvez esse fato 
ocorra pelo acesso limitado das mulheres 
à informação sobre as múltiplas opções de 
contraceptivos para regular sua fecundi-
dade (CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
4.3 Os métodos contracep-
tivos atuais
Nos últimos anos, o principal indicador 
de qualidade de programas de planeja-
mento familiar é a satisfação das usuá-
rias, que depende principalmente do tipo 
de atendimento oferecido.
A qualidade no atendimento é de difícil 
definição, mas existe consenso entre pes-
quisadores da área de que a orientação é 
de fundamental importância.
O objetivo da ação educativa em pla-
nejamento familiar é oferecer às pessoas 
informações atualizadas sobre todos os 
métodos anticoncepcionais, de maneira 
que elas possam tomar uma decisão apro-
priada e informada sobre o método que 
irão escolher para uso.
É fundamental que os profissionais 
responsáveis pela atenção em anticon-
cepção tenham competência técnica que 
inclui mais do que ter conhecimentos so-
bre os métodos anticoncepcionais. Eles 
devem estar atualizados quanto aos pro-
cedimentos e as técnicas, devem possuir 
habilidades de comunicação interpessoal 
para poder comunicar-se com as usuárias 
dos serviços de saúde, falar de maneira 
adequada, utilizar apoio visual, escutar e 
verificar a compreensão. Significa ter ain-
da uma postura aberta e de respeito aos 
direitos das pessoas (DIÁZ, 2005).
Infelizmente, não existe um método 
anticoncepcional perfeito, denominado 
ideal, isto é, que possa ser utilizado por 
qualquer mulher que seja totalmente inó-
cuo e eficaz, que seja facilmente aces-
sível, não tenha efeitos colaterais, não 
interfira no ato sexual e seja aceito sem 
restrições de ordem moral, psicossocial e 
religiosa. O melhor método é aquele que 
mais se adequa às necessidades e às con-
dições de saúde do indivíduo, aquele que 
oferece maior número de benefícios com 
o mínimo de risco, diferenciando-se cada 
caso em particular, sendo decisão conjun-
ta do casal ou da usuária, sob orientação 
de um profissional de saúde.
20 21
Para facilitar o acesso à contracepção 
efetiva para as mulheres que a desejam 
realizar, bem como para aquelas em situ-
ações especiais, o Departamento de Saú-
de Reprodutiva da Organização Mundial 
da Saúde (OMS) divulgou, em 1996, seus 
critérios médicos de elegibilidade, com o 
objetivo de garantir que, além da escolha 
livre e informada, ela seja adequada para 
as condições de saúde das usuárias, de 
modo a não oferecer riscos. Trata-se de 
diretrizes globais que devem ser utiliza-
das como referência e adaptadas à reali-
dade de cada país que têm por base evi-
dências científicas, foram revisadas em 
2000 e em 2004, estando, atualmente, 
em sua terceira edição (WHO, 2004 apud 
CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
Os critérios de elegibilidade devem ga-
rantir que os métodos não sejam utiliza-
dos por pessoas cujas condições clínicas 
de saúde possam ser agravadas pelo seu 
uso ou interferir na sua eficácia ou mesmo 
hábitos que, somados ao método, possam 
se tornar fatores de risco para a saúde. 
Neste sentido, ressalta-se que todos os 
que trabalham com Planejamento Familiar 
devem conhecer os critérios de elegibili-
dade, especialmente os profissionais res-
ponsáveis pela orientação das usuárias, 
além dos médicos.
Após vasta revisão científica, eles 
foram classificados em quatro cate-
gorias para uso, a saber:
 categoria 1 – o método pode ser 
usado sem restrição;
 categoria 2 – o método pode ser 
usado com restrição. São situações nas 
quais os benefícios do uso do método, ge-
ralmente, superam os riscos;
 categoria 3 – o método não deve ser 
usado. Os riscos possíveis e comprovados 
superam os benefícios de utilizar o méto-
do;
 categoria 4 – o método não deve ser 
usado, pois representa um risco de saúde 
inaceitável.
No que se refere à mensuração da efe-
tividade de um anticoncepcional, poderá 
ser realizada de duas formas: pelo índice 
de Pearl (ou índice de Falha), que calcula 
o número de gestações por 100 mulheres 
que utilizam o método no período de um 
ano ou pelo índice de efetividade, que cal-
cula o númerode gestações prevenidas 
por cada relação sexual.
Vejamos alguns métodos contra-
ceptivos reversíveis e definitivos.
a) Coito Interrompido
Este método exige autocontrole do ho-
mem, visto que ele deverá retirar o pênis 
da vagina quando estiver na iminência da 
ejaculação, depositando o sêmen longe 
dos genitais femininos. Essa prática deve 
ser desestimulada, pois as evidências 
mostram sua baixa eficácia, já que a se-
creção lubrificante que precede a ejacu-
lação pode conter espermatozoides. Não 
protege contra IST. Além disso, é comum a 
insatisfação sexual de um ou de ambos os 
parceiros, e ocasiona a ejaculação precoce 
em alguns homens (LEAL; ARAÚJO, 2010).
b) Preservativo masculino
Também conhecido como camisinha ou 
condom, método de barreira feito de lá-
tex, poliuretano ou de membrana natural, 
pode ser encontrado em diferentes co-
res, texturas, tamanhos, formas, espes-
suras e sabores (BRASIL, 2006). O uso do 
20 21
preservativo deve ser altamente incen-
tivado, orientando-se a população sobre 
a técnica correta de utilização (cuidados 
na abertura da embalagem; colocação 
com pênis ereto, retirando o ar da bolsa 
na extremidade, para que possa receber 
o sêmen ejaculado; proceder à retirada 
do pênis logo após a ejaculação, prender 
o preservativo na parte de cima para que 
o sêmen não extravase e descartar o pre-
servativo após sua utilização). Estimular 
o uso dos preservativos associados a ou-
tros métodos anticonceptivos mais efi-
cazes, como os hormonais, por exemplo, 
visando à dupla proteção contra gravidez 
(BRASIL, 2006).
É um método seguro, barato, de fácil 
acesso e protege contra as IST, inclusive 
HIV. Não pode ser reutilizado, e geralmen-
te suas falhas estão associadas a erros na 
hora de colocar e/ou retirar a camisinha, 
causando vazamentos de sêmen ou rup-
turas. Tem como principal desvantagem 
a diminuição da sensibilidade para o ho-
mem. Método bastante estimulado nas 
campanhas em virtude da sua alta eficá-
cia contra as IST e para o planejamento fa-
miliar (LEAL; ARAÚJO, 2010).
c) Diafragma
Pequeno dispositivo circular de borra-
cha ou silicone, em forma de cúpula, con-
tém um anel flexível que é colocado na 
vagina, cobrindo completamente o colo 
uterino e a parte superior da vagina. Dis-
ponível em diversos tamanhos, deve ser 
avaliado para cada paciente usando-se 
os anéis medidores. Esta medida deve ser 
reavaliada a cada parto, ganho ou perda 
de peso. O diafragma combinado com gel 
ou pomada espermicida pode ser inseri-
do até 4 horas antes da relação sexual, 
porém só deve ser retirado, no mínimo, 6 
horas após a relação. O diafragma é reu-
tilizável, devendo, após o uso, ser lavado 
com água fria e sabão neutro.
Com os devidos cuidados, poderá ser 
utilizado por até 2 anos. Esse método não 
previne contra IST (LEAL; ARAÚJO, 2010).
Os métodos definitivos também são 
denominados de contracepções cirúrgi-
cas, e devem ser escolhidos após conhe-
cimentos de todos os outros métodos re-
versíveis. Com os avanços da tecnologia e 
avaliação criteriosa do ginecologista com 
relação à saúde e situação do casal, o mé-
dico pode tentar reverter, com auxílio de 
outra cirurgia, esse método.
d) Laqueadura
A ligadura das trompas, também co-
nhecida como esterilização, consiste em 
seccionar, ligar ou ocluir as trompas de 
Falópio para impedir que o óvulo atinja o 
útero e, desse modo, seja fecundado e im-
plantado. De acordo com a Portaria 48/99 
do Ministério da Saúde, parágrafo único: 
é vedada a esterilização cirúrgica em mu-
lher durante períodos de parto, aborto ou 
até o 42º dia do pós-parto ou aborto, ex-
ceto nos casos de comprovada necessida-
de, por cesarianas sucessivas anteriores, 
ou quando a mulher for portadora de do-
ença de base e a exposição a segundo ato 
cirúrgico ou anestésico representar maior 
risco para sua saúde. Neste caso, a indica-
ção deverá ser testemunhada em relató-
rio escrito e assinado por dois médicos.
Segundo a Lei do Planejamento Familiar 
(Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996), 
a laqueadura só poderá ser realizada em 
homens e mulheres com 25 anos de idade 
ou mais ou que tenham dois filhos vivos e 
22 23
que manifestarem a vontade e de realizar 
de fato o ato cirúrgico em 60 dias, após 
decidido o ato, período este em que de-
verão participar de palestras sobre o mé-
todo escolhido para que não haja decisão 
precipitada ou errônea.
Existem indicações para esterilização 
por método definitivo em razão de pato-
logias de base que levem a risco de mor-
te para a mulher, como doenças cardíacas 
e renais, entre outras. Deve-se sempre 
contar com o termo de consentimento in-
formado de procedimento, levando-se em 
conta que é um método de difícil reversão 
e, portanto, escolhido com bastante cau-
tela. Não previne contra IST (LEAL; ARAÚ-
JO, 2010; CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
e) Vasectomia
A esterilização masculina é realizada 
por um procedimento cirúrgico em que se 
utiliza anestesia local, podendo o homem, 
na maioria das vezes, retomar suas ativi-
dades normais em 1 a 2 dias. Um pequeno 
corte é feito na bolsa escrotal para cortar 
os canais deferentes, por onde passam 
os espermatozoides. É importante lem-
brar que o homem continua ejaculando e 
produzindo hormônio masculino, líquido 
seminal e secreção prostática, mas sem a 
presença de espermatozoides.
As contraindicações para a vasectomia 
são infecções cutâneas localizadas, doen-
ças que podem tornar difícil a operação, 
como varicocele, hidrocele volumosa, hér-
nia inguinal, filariose, distúrbios de coa-
gulação e presença de tecido cicatricial 
resultante de cirurgia anterior.
Este método é bastante eficaz, com 
baixo risco de falha, algo em torno de 0,15 
gravidez para cada 100 homens, após o 
primeiro ano do procedimento. Não previ-
ne contra IST (CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
4.4 A consulta de Enferma-
gem
Segundo Leal e Araújo (2010), para 
atuar de maneira adequada de acordo 
com o Programa de Planejamento Fami-
liar, o profissional da saúde deve estar 
capacitado para lidar com as diferentes 
situações socioculturais e econômicas de 
sua comunidade, promovendo, assim, ha-
bilidades e competências para atuar junto 
à população de modo a fornecer orienta-
ções sobre os métodos contraceptivos.
Camiá e Barbieri (2009, p. 33) também 
corroboram com a posição dos autores 
acima afirmando que o enfermeiro que 
trabalha na área de planejamento familiar 
deve compreender as preocupações rela-
cionadas com a fertilidade e a associação 
com a investigação de suas necessidades, 
identificar os problemas de enfermagem 
e implementar as intervenções necessá-
rias. Por isso, é importante que utilize o 
processo de enfermagem, pois é a meto-
dologia mais efetiva para exercer e docu-
mentar o cuidado.
O enfermeiro encontra-se em posição 
importante para auxiliar os casais a com-
preenderem as opções de métodos con-
traceptivos disponíveis. Na prática clínica 
em planejamento familiar, é importante 
a utilização do processo de enfermagem, 
concretizado por meio da consulta de en-
fermagem, um recurso utilizado pelo en-
fermeiro para atuar de maneira autônoma 
e direta junto ao cliente, orientando ações 
de acordo com o Ministério da Saúde sem-
pre atualizadas e específicas, fundamen-
tadas em protocolos/pautas institucio-
22 23
nais ou de serviços.
A consulta em planejamento familiar 
deve abordar os antecedentes pessoais, 
desde a menarca até a coitarca, o núme-
ro de parceiros, o número de gestações, 
os métodos contraceptivos utilizados, o 
sucesso e/ou fracasso desses métodos, 
além da motivação, da conveniência, dos 
efeitos colaterais, dos planos para futuras 
gestações, da proteção contra IST, da con-
cordância com o parceiro sobre o método 
escolhido e do comprometimento com o 
próprio.
O planejamento familiarestá direta-
mente relacionado à clara e objetiva orien-
tação sobre cada método contraceptivo e 
escolha e regularização do planejamento 
da família e da prole. Deve ser ressaltado 
o esclarecimentos de cada método e sua 
relação com a prevenção das IST, refor-
çando a necessidade da dupla proteção 
(BRASIL, 2002).
O respaldo legal para o enfermeiro rea-
lizar a assistência em planejamento fami-
liar na consulta de enfermagem se dá por 
meio da Lei do Exercício Profissional nº 
7.498, de 25 de junho de 1986 e seu De-
creto Regulamentador 94.406/87.
Segundo o manual do Ministério da 
Saúde, na primeira consulta de enfer-
magem em planejamento familiar, é 
necessário:
a) História clínica e reprodutiva.
b) Exame físico geral e ginecológico, in-
clusive ensinar o autoexame das mamas.
c) Indagar sobre queixas atuais.
d) Investigar metas reprodutivas.
e) Reforçar a importância do planeja-
mento familiar.
f) Avaliar o conhecimento prévio sobre 
os métodos anticoncepcionais e seu nível 
de compreensão.
g) Ajudar na escolha do método, dis-
cutindo suas características, mas sempre 
respeitando os desejos e interesses da 
cliente.
h) Verificar condições clínicas que po-
deriam fazer o método não recomendável 
(critérios de elegibilidade da Organização 
Mundial de Saúde). Caso seja necessário, 
auxiliá-la na escolha de outro método.
i) Oferecer informações precisas sobre 
o método escolhido, inclusive a respeito 
de seu uso e, se possível, utilizar material 
educativo para facilitar a aprendizagem.
j) Confirmar se a usuária entendeu as 
instruções e esclareceu suas dúvidas.
k) Discutir a vulnerabilidade para doen-
ças sexualmente transmissíveis/HIV e sua 
prevenção.
l) Encaminhar para consulta médica, se 
necessário.
m) Realizar a coleta de material para 
colpocitologia oncótica, se necessário.
n) Fornecer o método anticoncepcional 
de acordo com a rotina do serviço.
o) Aprazar o retorno.
p) Registrar todas as informações e re-
alizar estatísticas (BRASIL, 2002).
Nas consultas subsequentes:
a) Indagar sobre a satisfação da usuária 
com o método anticoncepcional em uso.
24 2524
b) Verificar o modo de uso e reorientar 
se necessário.
c) Perguntar sobre possíveis efeitos 
colaterais e orientar conduta.
d) Avaliar a aparição de possíveis con-
dições que façam o método não ser reco-
mendável.
e) Reafirmar a possibilidade de mudan-
ça do método, especialmente se a usuária 
não estiver satisfeita.
f) Aferir a pressão arterial e o peso.
g) Indagar sobre outras queixas clíni-
cas.
h) Realizar exame ginecológico, se ne-
cessário.
i) Colher material para colpocitologia 
oncótica, se necessário.
j) Fornecer o método anticoncepcional, 
de acordo com a rotina do serviço.
k) Encaminhar para o médico e outros 
profissionais quando necessário.
l) Aprazar o retorno.
m) Registrar todas as informações e re-
alizar estatísticas (BRASIL, 2002).
Vale ressaltar que a responsabilidade 
do cuidar exige que as decisões sobre as 
intervenções propostas sejam implemen-
tadas na avaliação do estado de saúde de 
quem estamos assistindo.
É quase impossível que a avaliação da 
cliente seja completa sem que nenhum 
aspecto de interesse seja abordado, se 
não nos basearmos em um modelo assis-
tencial de enfermagem.
24 2525
UNIDADE 5 - Infertilidade e Fertilização
Clinicamente, a infertilidade é definida 
como a incapacidade de conceber após 
um ano de relações sexuais regulares 
sem uso de qualquer método contracep-
tivo (EVERS, 2002; SCHIMIDT et al., 2005 
apud BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
A infertilidade é classificada como pri-
mária quando tanto o homem quanto a 
mulher não têm história de concepção 
prévia, mesmo mantendo-se sexualmen-
te ativa e sem utilização de métodos con-
traceptivos. É secundária, quando o ho-
mem ou a mulher, ou ambos, conceberam 
anteriormente, porém, não conseguem 
fazê-lo novamente, mesmo mantendo-
-se sexualmente ativos e sem utilização 
de métodos contraceptivos (MAMEDE; 
BARROS, 1997).
Sempre houve uma grande preocupa-
ção entre os povos de conseguir meios 
para resolver os problemas de infertili-
dade conjugal, por vários motivos, den-
tre eles, conceber filhos era, assim como 
viver e comer, necessidades elementares 
do homem.
Para alguns povos como os judeus, a 
esterilidade era considerada um castigo 
de Deus. Os indígenas atribuíam a esteri-
lidade aos espíritos oclusores (OKAZAKI, 
2004).
Ao longo dos séculos, muitos ritos e 
crendices foram surgindo nos diferentes 
povos e sociedades até surgir o conhe-
cimento científico, mas mesmo nos dias 
atuais, ainda perduram muitas crenças, 
ritos e fantasias ligadas à fertilidade.
5.1 Causas da infertilidade 
feminina e masculina
De maneira ampla e geral, a inferti-
lidade atinge 20% dos casais na idade 
fértil. Os fatores femininos e masculinos 
contribuem igualmente com uma taxa de 
35% cada, 20% se referem ao conjunto 
de fatores masculinos e femininos e 10% 
são por causas inexplicáveis (MOREIRA; 
MAIA; TOMAZ, 2002). 
Embora a infertilidade esteja relacio-
nada em alguns casos a fatores femini-
nos ou masculinos, ela é um problema do 
casal (JORDAN; REVENSON, 1999 apud 
BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
A infertilidade feminina tem como 
causas principais: endometriose, doença 
tubária e adesão pélvica (30 a 40% dos 
casos); disfunção ovulatória (10%); fato-
res cervicais (15%) e, em 5% dos casos, 
hipotiroidismo, fatores imunológicos e 
alterações na fase lútea (SILVERBERG, 
2000 apud BARROS; GRANER; FARIA, 
2009).
Nos homens, a infertilidade pode ocor-
rer por alterações genéticas, deficiência 
de gonadotrofinas, defeitos anatômicos, 
infecções, reações imunológicas e cau-
sas idiopáticas (WBITMAN-ELIA; BAXLEY; 
2001; SKULL, 2004; BRITON et al., 2005 
apud BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
No quadro abaixo temos causas da in-
fertilidade feminina e masculina:
26 27
Causas da Infertilidade
Feminina Masculina
hormonal;
tubárias;
malformação uterina;
genéticas.
azoospermia – ausência de espermato-
zoides;
oligospermia – pouca quantidade de 
espermatozoides;
astenospermia – baixa motilidade dos 
espermatozoides;
teratospermia – forma alterada dos 
espermatozoides.
Fonte: Okazaki (2004, p. 182).
5.2 Classificação dos fatores 
de infertilidade
Os fatores de infertilidade podem ser 
classificados em:
 fator ovulatório;
 fator tubário;
 fator uterino corporal;
 fator uterino cervical;
 fator vaginal;
 fator masculino;
 fator peritoneal;
 fator imunológico;
 fator psicológico.
Segundo Okazaki (2004), no nosso meio, 
há predominância do fator tubário (45%), 
ovulatório (40%) e masculino (35%). A 
mulher pode engravidar em qualquer épo-
ca de sua vida reprodutiva, mais ou menos 
entre 12 e 49 anos.
Como já dito, as causas de infertilidade 
podem atingir ambos os sexos, não sendo 
causa exclusiva da mulher, mas no caso 
destas, podemos ter como causas:
a) Nutricional: hipovitaminose, defici-
ência de proteínas, anemia por deficiência 
de ferro.
b) Endócrina:
b.1) Hipofisária – a ovulação e gestação 
dependem da produção normal da tirotro-
fina, adrenocorticotrofina e gonadotrofi-
nas (FSH, LH, LTH). A insuficiência ovariana 
pode ser por hipopituitarismo ou hiperpi-
tuitarismo.
b.2) Tireoide – o hipotireoidismo produz 
anovulação, infertilidade e aborto de repe-
tição. O hipertireoidismo quando suficien-
temente grave pode produzir amenorreia.
b.3) Suprarrenal – a hiperatividade adre-
nocortical (Síndrome de Cushing) reduz a 
ocorrência de ovulação. A insuficiência su-
prarrenal (Doença de Addison) causa atro-
fia gonodal.
c) Vaginal: malformações congênitas 
da vagina podem levar à infertilidade: au-
sência de vagina, ginatresia, hímen imper-
furado ou cubiforme, estenose de vagina e 
vagina septada que impedema cópula e a 
26 27
inseminação.
A capacidade reprodutora masculina 
inicia por volta dos 16 anos. Aproximada-
mente após os 45 anos, a fertilidade dimi-
nui, embora se sabe que muitos homens 
tenham gerado filhos aos 80 anos ou mais. 
A infertilidade masculina pode ser decor-
rente das seguintes causas:
a) Coital: a penetração vaginal incom-
pleta causada por ereção dolorosa, epispá-
dias, hipospádias ou obesidade extrema.
b) Anormalidades espermáticas: vo-
lume do líquido espermático; pH; viscosi-
dade, motilidade, contagem, morfologia 
alterados.
b) Testicular: deficiência de desenvol-
vimento — agenesia dos testículos (nua), 
pequenos testículos, ausência dos testícu-
los por causa de criptorquidia.
c) Endócrina: hipopituitarismo, doença 
de Cushing. A atrofia dos testículos ocorre 
na doença de Addison. Síndrome de Kline-
felter (não desenvolvimento dos túbulos 
seminíferos).
d) Infecções: a fertilidade fica reduzi-
da durante e após a febre alta. A caxumba 
complicada nos meninos por orquite, sen-
do bilateral, geralmente, produz esterilida-
de.
e) Lesão física: irradiação, traumatis-
mo nos testículos, circulação reduzida após 
herniorrafia complicada, varicocele.
f) Pênis e uretra: malformações con-
gênitas, estenose de uretra.
g) Próstata e vesículas seminais: in-
fecções da próstata e vesículas seminais.
h) Epidídimo e canais deferentes: 
obstrução mecânica (congênita, inflama-
tória e traumática).
i) Varicocele e a hidrocele: a varicoce-
le e a hidrocele podem aumentar a tempe-
ratura escrutal e alterar a maturação dos 
espermatozoides (OKAZAKI, 2004).
5.3 Métodos e Técnicas de 
fertilização e reprodução
Em reprodução assistida, temos os 
seguintes métodos:
a) Inseminação artificial: ocorre a de-
posição de gametas masculinos no trato 
reprodutor feminino. A inseminação artifi-
cial tinha a finalidade de substituir o coito, 
que por algumas razões não era realizado. 
Iniciou-se primeiramente depositando o 
sêmen no ambiente vaginal (século XVII). 
Em 1886, Sims realizou inseminações arti-
ficiais intracervicais.
Com o passar do tempo surgiram inúme-
ras mudanças, desde a escolha do local do 
procedimento, uso de indutores de ovula-
ção, preparo laboratorial do sêmen para se 
obter uma amostra enriquecida e isenta de 
impurezas e bactérias.
A inseminação artificial pode ser homó-
loga (AIR) ou heteróloga, ou seja, por doa-
dor (AID).
Índice de sucesso: de 10 a 25% por ciclo. 
Deve-se tentar de três a quatro ciclos de 
inseminação artificial; caso não aconteça 
a gravidez, recomenda-se a Fertilização in 
vitro (FIV) ou a Transferência intratubária 
de gametas (GIFT) (CARVALHO, 2004).
b) Fertilização in vitro - FIV
A fertilização in vitro, seguida da trans-
ferência de embrião, representa um grande 
28 29
avanço no campo de esterilidade conjugal, 
possibilitando o tratamento e gestações 
nos casos que antes eram considerados in-
solúveis. O termo mais conhecido popular-
mente é “bebê de proveta”.
Em 1978, nasceu o primeiro bebê, Loui-
se Brown, por fertilização in vitro na Ingla-
terra, feito pelo Mr. Steptoe. Em 1984, nas-
ceu Anna Paula, no Brasil, pela equipe do 
Prof. Dr. Milton S. Nakamura. Desde então, 
em todo o mundo nasceram muitos bebês 
por esse procedimento, e a cada ano novas 
técnicas surgem aumentando as chances 
de gestação.
Na FIV, coleta-se vários óvulos do ová-
rio por punção do folículo, fertiliza-os em 
laboratório com o esperma do parceiro e, 
após um determinado período, transfere-
-se o embrião para o útero materno.
A expectativa de gravidez após um ciclo 
de tratamento varia entre 25% a 30%, po-
dendo chegar até 40%, quando se trans-
fere até quatro embriões em estágio mais 
avançado (mórula/blastocisto), com até 
cinco dias de cultivo para transferência 
embrionária (CARVALHO, 2004).
c) FIV - Gravidez em blastocisto
Transferência em estágio de blastocis-
to, presença de sais, substratos energéti-
cos, proteínas, aminoácidos e vitaminas.
Tem como vantagens:
 favorece a sincronização do embrião 
com o endométrio;
 aumenta a taxa de implantação;
 reduz o número de embriões a serem 
transferidos;
 evita altas taxas de gestações múlti-
plas;
 estágio mais avançado - 5º ou 6º dia 
após a coleta de oócito.
Na técnica do processo há indução da 
ovulação por meio de tratamento medica-
mentoso para estimular vários óvulos até o 
amadurecimento, monitorando a indução 
para medir o crescimento dos folículos, in-
dividualizar a dosagem dos medicamentos 
e prevenir efeitos colaterais sérios. Utili-
za-se ultrassonografia transvaginal (três 
a quatro vezes num ciclo de tratamento) e 
dosagens sanguíneas hormonais.
A Coleta de óvulos acontece em geral 
por anestesia local e sedação leve entre 10 
a 20 minutos. A aspiração é orientada pela 
ultrassonografia transvaginal coletando-
-se os óvulos via vaginal (32 a 36 horas 
após a última injeção de hormônio).
A amostra de esperma é colhida no mo-
mento da coleta dos óvulos.
Na fertilização na incubadora, óvulos e 
espermatozoides preparados são manti-
dos juntos em cultura durante alguns dias 
e os embriões fertilizados são examinados 
no microscópio diariamente. Transfere-se 
os embriões (em geral de três a cinco dias 
após a fertilização) para a cavidade uterina 
por um delgado cateter. Os embriões exce-
dentes em geral são congelados.
Temos ainda a Transferência intratu-
bária de gametas (GIFT), que consiste na 
coleta de óvulos pela aspiração do folículo 
do ovário e que são transferidos imedia-
tamente à tuba junto com o esperma. A 
fertilização no método GIFT ocorre em seu 
ambiente natural, ou seja, na tuba uteri-
na. As indicações para este método são as 
mesmas da FIV, porém, necessita-se que a 
28 29
mulher tenha as tubas completamente sa-
dias. A chance de gravidez após um ciclo de 
tratamento é de 25% a 35%.
Outra técnica é a micromanipulação 
de gametas, ou ICSI - Intra Citoplasmatic 
Sperm Injection. Um tratamento indicado 
nos casos de infertilidade masculina (ho-
mens com baixa contagem de espermato-
zoides ou azoospermias, vasectomias após 
5 anos). Atualmente, é também utilizada 
para os óvulos com a zona pelúcida enri-
jecida (mulheres acima de 40 anos). Utili-
za-se microscópios e micromanipuladores 
para introduzir o sêmen dentro do óvulo 
(CARVALHO, 2004).
Já a punção de epidídimo ou Percuta-
neous Epididymal Sperm Aspiration (PESA), 
é indicado nos casos de ozoospermias 
obstrutivas (pós-vasectomia, obstrução 
traumática, congênitas e infecciosas), au-
sência de ejaculação por comprometimen-
to medular (paraplégicos, tetraplégicos, 
neuropatia medular, impotência sexual). A 
técnica não requer sedação. Consiste na fi-
xação manual do epidídimo e aspiração dos 
espermatozoides com agulha de insulina, 
sob anestesia local. Posteriormente, sub-
mete-se à fertilização por ICSI. O sucesso 
dessa técnica é de 25% a 30%.
A Micro-Epididymal Sperm Aspiration 
(MESA) é indicada nos mesmos casos da 
PESA, porém, a técnica de aspiração é um 
pouco mais invasiva, por necessitar de 
uma pequena incisão sobre a pele, segui-
da de uma microdissecção, expondo os 
microtúbulos epididimários, aspirando-se 
os espermatozoides dos túbulos sob visão 
direta.
Por fim, a biópsia testicular ou Testicular 
Sperm Extraction (TESA) é indicada para 
os casos em que não se encontrou esper-
matozoides na punção epididimária (PESA/
MESA). Desta forma, procura-se espermá-
tides (células jovens, precursoras do esper-
matozoide) no macerado testicular, pela 
biópsia testicular por aspiração (TESA) com 
agulha de insulina ou por extração (TESE) 
de espermátides por incisão cirúrgica. Os 
resultados nesta técnica ainda são baixos 
(CARVALHO, 2004).
5.4 A conduta da enferma-
gem
O processo de nascimento tem sido con-
siderado comoum problema de escolha. 
Muitos casais, em determinado momento 
do seu relacionamento, decidem que é hora 
de ter filhos e então interrompem o méto-
do contraceptivo que vinham utilizando e, 
após cinco ou seis meses de relações sexu-
ais não protegidas, 60% deles concebem, 
e 90% em um ano. Entretanto, em cerca 
de 10% deles, a gravidez pode não ocorrer.
Estima-se que aproximadamente 5% da 
população mundial optam, voluntariamen-
te, por não ter filhos, contudo, é sabido 
que isto pode mudar ao longo dos tempos 
de acordo com os mitos, necessidades e di-
ferentes desejos, tanto individuais como 
sociais.
A presença dos filhos no meio familiar 
nem sempre ocorre de maneira simples, 
pois existem eventos inesperados e inde-
sejados que levam os casais a reformula-
rem suas expectativas quanto ao projeto 
parental e um destes eventos é a infertili-
dade.
O número de casais inférteis tem au-
mentado nos últimos anos, atingindo cerca 
de 30% daqueles em idade fértil. Muitos 
30 31
fatores têm sido implicados nesse aumen-
to, entre eles, a decisão de desenvolver 
uma carreira profissional antes de aumen-
tar a família.
Retardar a decisão de ter filhos pode ser 
um componente indireto da infertilidade, 
devido ao fato de que algumas doenças, 
como a endometriose, podem se agravar 
com o passar do tempo. Outro fator é o 
aumento da incidência de doenças sexu-
almente transmissíveis, o que colocaria as 
mulheres em risco para problemas nas tu-
bas de Falópio e inflamações pélvicas.
Em todo esse contexto, vamos encon-
trar a assistência de enfermagem em re-
produção humana focada no suporte psi-
cossocial dos pacientes em adaptação ao 
problema da infertilidade, no trabalho em 
colaboração com outros membros da equi-
pe de saúde e na educação à saúde do casal 
infértil (BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
É importante ressaltar que a maternida-
de é tida como o papel mais importante da 
vida das mulheres e elas são valorizadas e 
honradas, em inúmeras sociedades, pela 
capacidade de gerar filhos. Já as represen-
tações da paternidade estão ligadas ao 
papel social de pai, visualizadas na busca 
do filho do “próprio sangue”, descendên-
cia. Assim, culturalmente, ser pai significa 
mostrar a masculinidade e garantir a des-
cendência, enquanto ser mãe é necessário 
para que as mulheres sintam-se inteiras/
completas.
Atualmente, mesmo a mulher tendo 
passado por um processo de emancipação 
social caracterizado pelo controle da sua 
reprodutividade (surgimento dos métodos 
contraceptivos) e inserção no mercado de 
trabalho, havendo, consequentemente, 
um retardo da paternidade/maternidade, 
os filhos ainda são considerados primor-
diais para o futuro da família, além de re-
presentarem a imagem sonhada e proje-
tada do amor e da luta contra o tempo e a 
morte (COSTA, 2004).
A infertilidade pode levar a uma crise 
de vida, pois o processo de nascimento 
é visto como básico para a sobrevivência 
dos seres humanos, por isso a não-con-
cepção pode levar a sentimento de falha, 
isolamento, culpa e não-realização do de-
sejo de ter filhos. O conhecimento desses 
sentimentos ajuda o casal em sua busca de 
soluções para a aceitação dos procedimen-
tos de investigação e, pelo fornecimento 
de informações claras aos casais, ajustar 
as expectativas à realidade e ao real prog-
nóstico.
Geralmente, quando um casal infértil 
decide investigar seu problema, se apre-
senta amedrontado, envergonhado e an-
sioso durante a primeira entrevista. Eles 
acreditam que a inabilidade de conceber 
faz com que não sejam considerados nor-
mais, que seu relacionamento sexual será 
amplamente discutido no serviço de repro-
dução humana, assim como a anatomia de 
seus órgãos genitais será exaustivamente 
examinada. Por isso, a entrevista inicial é 
muito importante para obtermos a coo-
peração e motivação dos casais inférteis. 
Criando uma atmosfera cordial, empática 
e sem pré-julgamentos, a enfermeira pode 
assistir o casal e adequá-lo ao processo de 
avaliação. O conhecimento sobre sua frus-
tração, medo e ansiedade ajuda o casal a 
aceitar sua situação e a oferta de assistên-
cia (BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
Para a assistência de enfermagem, de-
vemos considerar que esses casais cos-
30 31
tumam vivenciar uma instabilidade que é 
renovada mensalmente, antes e durante 
o processo de diagnóstico e tratamento. 
Da mesma forma que na doença crônica, 
precisamos colaborar com os necessários 
ajustes no estilo de vida para acomodar 
os procedimentos diagnósticos e de tra-
tamento que se assemelham, de alguma 
forma, com a aceitação da morte de ente 
querido, mas difere ou não, da experiência 
de uma concepção anterior.
A prática da enfermagem na reprodução 
humana inclui os aspectos biológico, psico-
lógico e social do casal infértil. O tratamen-
to da infertilidade pode ser prolongado e, 
algumas vezes, agrava a expectativa ou a 
frustração.
O plano de cuidados de enfermagem 
é individualizado, no entanto, podem ser 
feitos grupos para que os casais inférteis 
possam trocar experiências, sejam elas 
positivas ou negativas. Os indivíduos in-
férteis, principalmente os homens, têm 
dificuldades de se expressarem e a realiza-
ção destes grupos de apoio ajudam a mini-
mizar o sofrimento, pois os casais inférteis 
podem sentir-se confortados por percebe-
rem que outras pessoas têm as mesmas di-
ficuldades. Desta forma, consegue-se não 
somente transmitir as informações, mas 
também favorecer a incorporação destas.
É importante que o profissional da en-
fermagem amplie seus conhecimentos 
nesta área, para que possa ser apto a re-
alizar orientações, solicitar exames que 
fazem parte do protocolo da instituição, 
orientar e auxiliar na administração das 
medicações, inteirar-se das questões éti-
cas que envolvem não só a reprodução 
humana, como também os serviços pres-
tados.
A infertilidade é um campo novo para a 
enfermagem e esses profissionais podem 
fornecer evidências e respostas iniciais 
para muitas questões relacionadas não só 
às tecnologias reprodutivas e às alterna-
tivas para formação familiar, mas também 
sobre a qualidade da assistência. Ainda há 
muitas dúvidas sobre o impacto das tecno-
logias reprodutivas sobre a estrutura fami-
liar; o resultado das intervenções de enfer-
magem, sobre as opções de tratamento e 
diagnóstico do casal infértil e sobre o im-
pacto dessas tecnologias no futuro desen-
volvimento da criança ((BARROS; GRANER; 
FARIA, 2009).
Como afirmam os autores acima, o tra-
balho da enfermeira em reprodução hu-
mana possibilita a aquisição de maiores 
conhecimentos e relacionamentos com pa-
cientes e outros profissionais. É um papel 
relacionado com a época em que vivemos 
e o futuro da enfermagem é agora e nes-
se sentido e área de atuação, o enfermeiro 
atua desde a chegada do casal no serviço 
de reprodução, podendo entrevistá-los, 
preencher o histórico e fornecer as orien-
tações iniciais referentes ao tratamento. 
Posteriormente irá acompanhar todo o 
tratamento e procedimento de fertiliza-
ção, fazendo todas as anotações dos exa-
mes e dosagens hormonais, anotando em 
gráficos e estabelecendo contato quase 
que diário com a cliente para todo o proce-
dimento com orientação e pedidos de exa-
mes que se fazem necessários.
A sua participação durante a coleta ou 
inseminação artificial é de extrema im-
portância junto à equipe desde o posicio-
namento da cliente, bem como apoio para 
tranquilizá-la durante o procedimento.
Nos dias subsequentes à coleta e a 
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transferência, o contato com o enfermei-
ro diariamente é quase que obrigatório, 
continuando até as primeiras semanas de 
gestação.
A partir de então, inicia a atuação da 
obstetriz e/ou enfermeiro obstetra, com 
acompanhamento durante todo o pré-na-
tal em consulta individualizada, a fim de le-

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