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Módulo I

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Direitos HumanosDireitos Humanos
Módulo I
 Sumário
Unidade 1 – Direitos Humanos: Origem...........................................................................5
1.1 – Panorama histórico dos direitos humanos............................................................6
1.2 – Conceitualização e objetivos dos direitos humanos...........................................12
1.3 – A dignidade do indivíduo humano.....................................................................16
1.4 – Cidadania: breve histórico..................................................................................20
1.5 – Valores de igualdade..........................................................................................25
Unidade 2 – Aspectos Legais..........................................................................................28
2.1 – A internacionalização dos direitos humanos......................................................28
2.2 – Direitos sociais...................................................................................................37
2.3 – Tratados internacionais e outros mecanismos....................................................42
2.4 – Cidadania e educação.........................................................................................47
2.5 – Direitos humanos: Constituição.........................................................................52
Conclusão do Módulo I...................................................................................................55
 
Introdução 
Olá, aluno(a)!
Seja bem-vindo ao nosso curso de Direitos Humanos. Nesta pesquisa,
abordaremos o panorama histórico dos direitos humanos, observando o importante
papel da Carta Magna e da Revolução Francesa na constituição destes direitos.
Conceitualizaremos o termo “Direitos Humanos” e analisaremos seus objetivos
gerais. Veremos como a dignidade humana influencia nossas relações interpessoais.
Aprenderemos um pouco mais sobre os direitos e deveres, individuais e coletivos, de
um indivíduo.
Ao fim, desta unidade, trataremos dos valores de igualdade que devem permear
em qualquer sociedade democrática.
No segundo momento, trataremos dos aspectos legais que circundam os direitos
humanos. Veremos como ocorreu o processo de internacionalização dos direitos
humanos. 
Analisaremos pormenorizadamente os direitos sociais e os tratados
internacionais de direitos humanos, dando especial atenção à cidadania e à educação.
Veremos como a constituição brasileira contempla os direitos humanos universais.
Posteriormente, veremos as questões práticas dos direitos humanos, ou seja,
tratar dos mecanismos que nos permitem por em prática estes preceitos. Aprenderemos
o que é um estado democrático de direito e soberania.
Refletiremos sobre a importância da preservação da integridade física e moral de
um indivíduo. Trataremos do princípio de “liberdade”, analisando o termo em todas as
suas configurações. Ao fim desta unidade, analisaremos o sistema carcerário brasileiro,
levantando aspectos de uma relação de oposição aos Direitos Humanos.
3
 
Na última unidade, trataremos das ferramentas e dos dispositivos de acesso a
esses direitos. Veremos a que passo anda os direitos humanos no Brasil e quais foram os
avanços desde a Constituição de 1988.
Apresentaremos os principais artigos de nossa Constituição, que versam sobre os
direitos inalienáveis do cidadão, o que de certa forma caminha ao lado dos direitos
humanos internacionalmente estabelecidos.
Veremos como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) atuou na proteção
dos direitos fundamentais. Por fim, trataremos dos avanços e desafios das políticas
públicas em prol dos Direitos Humanos no Brasil.
Bom estudo!
4
 
Unidade 1 – Direitos Humanos: Origem
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, trataremos de mostrar um breve resumo acerca da história dos
Direitos Humanos. Conceitualizaremos o termo e discutiremos seus objetivos mais
importantes.
Também analisaremos o conceito abstrato de “dignidade”, importante para o
desenvolvimento individual e coletivo de uma sociedade. Posteriormente, aprenderemos
um pouco mais sobre os direitos e os deveres, coletivos e individuais, de um cidadão.
Por fim, teremos a difícil tarefa de definir o conceito de igualdade, contudo,
ampliaremos este conceito as suas mais diversas significações. Em suma, seremos
apresentados ao tema: Direitos Humanos.
Bom curso!
5
 
1.1 – Panorama histórico dos direitos humanos
Em 539 a.C., os exércitos de Ciro,
O Grande, o primeiro rei da antiga Pérsia,
conquistaram a cidade de Babilônia. Mas
foram outras ações dele que marcaram um
grande avanço para a humanidade. 
Esses e entre outros decretos foram
gravados em um cilindro de barro cozido
no idioma acadiano com escrita
cuneiforme. Conhecido hoje como o
Cilindro de Ciro, este antigo registro foi agora reconhecido como o primeiro foral do
mundo dos direitos humanos. 
Está traduzido em todas as seis línguas oficiais das Nações Unidas e das suas
disposições paralelas dos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
Observe, na imagem abaixo, este objeto que serviu como primeiro documento
dos direitos humanos de toda a historia da humanidade:
6
 
 Fonte: jesusmaioramor.blogspot.com
A propagação dos Direitos Humanos
Da Babilônia, a ideia de direitos humanos se espalhou rapidamente pela Índia,
Grécia e Roma. Existe o conceito de "lei natural", que surgiu na observação do fato de
que as pessoas tendem a seguir certas leis não escritas no decorrer da vida, sendo que o
direito romano foi baseado em ideias racionais derivados deste pensamento antigo.
Documentos reivindicam os direitos individuais, como a Magna Carta (1215), a
Petição de Direito (1628), a Constituição dos EUA (1787) e a Declaração Francesa dos
Direitos do Homem e do Cidadão (1789), que são alguns dos precursores escritos, os
quais deram origem a muitos dos documentos atuais sobre os direitos humanos.
A Magna Carta, ou "Grande Carta", foi sem dúvida a influência adiantada mais
significativa sobre o extenso processo histórico que levou ao Estado de direito
constitucional, do qual trataremos mais adiante.
Em 1215, depois que o rei João da Inglaterra violou uma série de leis e costumes
antigos pelos quais a Inglaterra tinha sido governada é que seus súditos o obrigaram a
assinar a Magna Carta, que enumera o que mais tarde veio a ser pensado como os
direitos humanos. 
Entre eles estava o direito da igreja em ser livre da interferência governamental,
os direitos de todos os cidadãos livres de possuir e herdar propriedades, e serem
protegidos contra os impostos excessivos.
A Magna Carta ainda estabeleceu o direito das viúvas que possuíam propriedade
em optarem por não se casar de novo, os princípios consagrados do devido processo
legal e igualdade perante a lei. 
Ela também continha disposições que proibiam o suborno e a improbidade
oficial. Em suma, este documento serviu de alicerce paratodos os acordos modernos
acerca dos direitos humanos fundamentais.
7
 
Amplamente vista como um dos documentos jurídicos mais importantes no
desenvolvimento da democracia moderna, a Magna Carta foi um ponto de
transformação crucial na luta para estabelecer a liberdade.
O próximo marco registrado no desenvolvimento dos direitos humanos foi a
Petição de Direito, produzida, em 1628, pelo Parlamento Inglês e enviado para Charles I
como uma afirmação das liberdades civis. 
A recusa do Parlamento em financiar a política externa impopular do rei causou
a seu governo drásticas medidas políticas e econômicas. 
A Petição de Direito, iniciada por Sir Edward Coke, fora baseada em estatutos e
cartas anteriores e firmou quatro princípios:
1. Nenhum imposto pode ser cobrado sem o consentimento do Parlamento;
2. Nenhum indivíduo pode ser preso sem motivo (reafirmação do direito de
habeas corpus);
3. Nenhum soldado pode ficar aquartelado nas casas dos cidadãos;
4. Nenhuma lei marcial pode ser utilizada em tempo de paz.
Em 4 de julho de 1776, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Declaração
de Independência. Seu autor principal, Thomas Jefferson, escreveu a Declaração como
meio de estabelecer a independência da Grã-Bretanha.
Filosoficamente, a Declaração de Independência Americana ressaltou dois
temas: os direitos individuais e o direito de revolução. 
8
 
Estas ideias se tornaram amplamente aceitas pelos americanos e se espalharam
internacionalmente também, influenciando, em particular, a Revolução Francesa, outro
importante evento na construção dos direitos humanos fundamentais.
A segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, foi outro grande evento
no resgate dos direitos humanos. 
Em abril de 1945, os delegados de cinquenta países se reuniram nos EUA cheios
de otimismo e esperança. O objetivo da Conferência das Nações Unidas era mobilizar a
comunidade internacional para promover a paz e evitar guerras futuras. 
Os ideais da ONU foram afirmados no preâmbulo de sua carta proposta: "Nós,
os povos das Nações Unidas, estamos decididos a preservar as gerações vindouras do
flagelo da guerra, que, por duas vezes, em nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à
humanidade”.
A Carta da nova organização das Nações Unidas entrou em vigor em 24 de
Outubro de 1945, uma data que é comemorada todos os anos como o Dia das Nações
Unidas. 
Em 1948, a nova Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas tinha
conseguido atrair a atenção do mundo. 
Sob a presidência dinâmica de Eleanor Roosevelt, viúva do Presidente Franklin
Roosevelt, um ícone dos direitos humanos, a comissão se propôs a elaborar um
documento que se tornaria a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
No seu preâmbulo e no artigo 1 º, a Declaração de forma inequívoca proclama os
direitos inerentes a todos os seres humanos:
“o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que
ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os
seres humanos gozam de liberdade de palavra, de crença e da liberdade do medo e da
9
 
miséria, foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum ... Todos os
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”
Fonte: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
Os Estados-Membros das Nações Unidas se comprometeram a trabalhar em
conjunto para promover os 30 artigos da declaração dos direitos humanos que, pela
primeira vez na história, foram reunidos e codificados em um único documento. 
Em consequência, muitos desses direitos, sob diversas formas, são hoje parte das
leis constitucionais de praticamente todas as nações democráticas. 
Vejamos, abaixo, os principais artigos deste documento, cuja importância
começa a ser analisada neste tópico:
Artigo 1º. 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Todos são
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.
Artigo 2°. 
Toda pessoa tem direito a todos os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento
ou qualquer outra condição.
Artigo 3°.
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4 º.
10
 
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5º.
Ninguém será submetido à tortura nem a penas, aos tratamento ou ao castigo cruel,
desumano ou degradante.
Artigo 6°.
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento em todos os lugares como uma pessoa
perante a lei.
Artigo 7°.
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°.
Toda pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes
contra os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
constituição ou pela lei.
Artigo 9°.
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10°.
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte
de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre os seus direitos e deveres
11
 
ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
(...)
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer
atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e das
liberdades aqui estabelecidos.
Fonte: http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
1.2 – Conceitualização e objetivos dos direitos humanos
O objetivo central de nossos
direitos humanos é motivar as pessoas
a terem uma ação positiva e pacífica
em prol dos direitos coletivos e
individuais fundamentais. As pesquisas
destacam como os abusos de direitos
humanos impactam todas as esferas da
sociedade.
Acreditamos que o apoio aos direitos humanos é benéfico em todos os sentidos,
já que se baseiam em valores específicos, visto que cada pessoa pode fazer a diferença. 
A única maneira pela qual os direitos humanos podem ser eficazmente
protegidos é respeitando o princípio de que cada indivíduo possui certos direitos
fundamentais inerentes, que não podem ser tirados, nem mesmo em nome do "bem
comum".
 Caso contrário, nenhum de nós estaria realmente seguro. Não podemos defender
princípios e ideais por ações que lhes são prejudiciais. 
12
 
Por exemplo, um assassino vai a julgamento por seu crime, mesmo diante disso,
ele tem direito a uma defesa, a um julgamentojusto e um cumprimento digno de sua
pena.
Cada episódio da história de nossos direitos humanos vai mostrando algumas
ações que poderiam ser tomadas para apoiar um mundo mais seguro, mais humano e
mais pacífico.
O fato é que nas sociedades modernas, cada indivíduo é um agente para impedir
a discriminação de todos os tipos, apoiando a liberdade política e de expressão.
 Defensores dos direitos humanos concordam que, 60 anos após a sua emissão, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos ainda é mais um sonho do que
propriamente realidade.
 Violações existem em todas as partes do mundo. Por exemplo, em 2009, um
relatório sobre a Anistia Internacional e outras fontes mostraram que há indivíduos que
são:
Torturados ou abusados em pelo menos 81 países;
Enfrentam julgamentos injustos em pelo menos 54 países;
Foram restritos de sua liberdade de expressão em pelo menos 77 países.
Não só isso, mas as mulheres e as crianças, em particular, são marginalizadas de
várias maneiras, a imprensa não é livre em muitos países e os dissidentes são
silenciados, muitas vezes, de forma permanente.
13
 
 Enquanto alguns ganhos foram feitos ao longo das últimas seis décadas, as
violações dos direitos humanos ainda assolam o mundo de hoje. Sobretudo, em
sociedades em processo de democratização ou em ditaduras neo-liberais, a exemplo da
China.
Para ajudá-lo(a) a se informar sobre a verdadeira situação em todo o mundo, esta
seção fornece exemplos de violações dos seis artigos da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, observe e tome nota:
ARTIGO 3º – O direito de viver livre
”Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”
Estima-se que 6.500 pessoas foram mortas, em 2007, no conflito armado no
Afeganistão, quase a metade das mortes composta de civis não-combatentes. Centenas
de civis também foram mortos em ataques suicidas por grupos armados.
No Brasil, em 2007, de acordo com dados oficiais, a polícia matou pelo menos
1.260 pessoas. Todos os incidentes foram oficialmente rotulados como "atos de
resistência" e receberam pouca ou nenhuma investigação.
Em Uganda, no mesmo ano, 1.500 pessoas morrem a cada semana nos campos
de exilados. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 500.000 pessoas morreram
nesses campos.
Como pudemos observar, depois de muito tempo passado, desde a elaboração da
Declaração Mundial dos Direitos Humanos, vemos que em certas sociedades estes
direitos não são respeitados. 
Naturalmente que estes dados estão desatualizados, os números atualmente
devem ser maiores.
14
 
Existem direitos humanos consagrados na Declaração Universal dos Direitos
Humanos que são reconhecidos, pelo menos em princípio, pela maioria das nações e
formam o coração de muitas constituições nacionais. 
No entanto, a situação atual do mundo é muito distante dos ideais previstos na
Declaração. Para alguns, a plena realização dos direitos humanos é um objetivo remoto
e inatingível. 
Essas leis internacionais servem como uma função de restrição, mas são
insuficientes para garantir uma proteção adequada dos direitos humanos em sua
totalidade, como evidenciado pela dura realidade dos abusos perpetrados diariamente.
Na verdade, estamos longe do cenário ideal. A discriminação é galopante em
todo o mundo. Milhares de pessoas sem julgamento justo estão na prisão. A tortura se
torna instrumento para manobras políticas, muitas vezes, sem julgamento, mesmo em
alguns países democráticos.
1.3 – A dignidade do 
indivíduo humano
15
 
O termo dignidade tornou-se conhecido após o advento da Revolução Francesa.
No mundo ocidental a preeminência da dignidade humana pode ser vista como uma
reação contra a política do passado, mas é essencialmente um reflexo do fato de que a
dignidade humana é o direito humano mais importante entre os direitos fundamentais.
A dignidade humana é inerente a todo ser humano, inalienável e independente
do Estado. Em contraste, outros direitos humanos podem ser suspensos em estado de
emergência ou limitados em tempos de guerra.
A Declaração Universal das Nações Unidas sobre o Genoma Humano e os
Direitos Humanos, refere-se, mas não define a dignidade humana.
De um modo geral, podemos dizer que nada deve prevalecer sobre o respeito aos
direitos humanos, às liberdades fundamentais e à dignidade humana dos indivíduos ou,
quando aplicável a grupos de pessoas. A dignidade está relacionada aos direitos e aos
princípios mais básicos do ser humano.
Em 2006, o Bundesverfassungsgericht (Tribunal Constitucional da Alemanha)
teve que pesar a proteção constitucional da dignidade humana contra uma lei que
propunha o abate de qualquer aeronave não identificada que, embora levando reféns,
pudesse representar uma ameaça iminente para estruturas de solo e civis. 
O Tribunal alemão, felizmente, derrubou a lei dizendo que o que pode
comprometer a dignidade da pessoa humana é uma análise orientada a verdade, e que
vidas humanas não podem ser submetidas a meros posicionamentos do Estado.
A dignidade humana significa que um indivíduo ou grupo de indivíduos sinta
autorrespeito e autoestima. 
Se assim for podemos crer que no Brasil, alguns grupos sociais não têm acesso a
estes direitos. E, portanto, vivem sem dignidade, como é o caso dos moradores de rua.
16
 
A dignidade humana é prejudicada por um tratamento injusto dos traços pessoais
ou circunstâncias que não se relacionam com as necessidades individuais, capacidades
ou méritos. 
Ela é prejudicada, também, quando os indivíduos e grupos são marginalizados,
ignorados ou desvalorizados, e é reforçada quando as leis reconhecem o lugar de todos
os indivíduos e grupos dentro da sociedade. 
Por exemplo, no Brasil, grupos étnicos ainda sofrem desrespeito e
discriminação, como é o caso de alguns povos indígenas e da comunidade
afrodescendente.
A dignidade humana, no alcance da garantia da igualdade, não se relaciona com
o estado ou a posição de um indivíduo na sociedade, por si só, mas sim refere-se à
maneira pela qual uma pessoa legitimamente sente, quando confrontada com uma lei
específica. 
Será que a lei irá tratá-lo injustamente, tendo em conta todas as circunstâncias
em relação aos indivíduos afetados e excluídos pela lei? 
De um modo geral, a dignidade da pessoa é uma suposição prévia necessária a
partir do qual derivam direitos fundamentais. 
Afirmar o conceito de dignidade é afirmar muito mais fortemente a importância
do indivíduo e seus direitos. 
Eles são tecidos em um conceito de comunidade que prevê a pessoa como uma
parte sagrada do todo. 
Direitos são relativos e existem dentro de um contexto histórico e social, sendo
inteligíveis apenas em termos de obrigações dos indivíduos para com outras pessoas.
Por exemplo, o conceito de dignidade na Grécia antiga é bastante diferente de
nosso conceito contemporâneo. 
17
 
Basta nos atentar para o fato de que naquele período o comércio escravo era uma
prática natural.
Esta moderna maneira de pensar a dignidade nos coloca como umtodo e
completo dentro de uma coletividade igualmente complexa. 
O problema é que em nossa sociedade onde impera o liberalismo contemporâneo
é que o pobre pode ser reduzido a propósitos que tendem a favorecer alguns interesses
particulares e individuais.
Construir valores e ter acesso aos meios de vida e trabalho é viver com
dignidade. Ter acesso à informação, à saúde, à escola, à segurança e à moradia é
sinônimo de dignidade.
Nossa dignidade, aquela com a qual começamos, é dada por Deus e não pode ser
revogada, negada, ou diluída por governos ou qualquer outra instituição. Os direitos
dessas pessoas dignas são invioláveis.
Nós temos um direito e, portanto, um dever, de procurar a verdade, esse direito,
que fala profundamente à busca da verdade é um dos maiores entre os direitos
fundamentais. 
Nossas consciências não estão à venda ou distribuidas como moeda de troca em
uma negociação política. 
Os fins para o qual tendem os direitos não podem ser avaliados na ausência de
um reconhecimento de que é preciso começar a observar com um pouco de
compreensão da pessoa humana. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que a "dignidade
inerente" é de todas as pessoas. Esta dignidade não é livre flutuante, um princípio
arbitrário apanhado, mas, sim, esta dignidade é apresentada no fato de que os seres
humanos são criaturas únicas. 
18
 
Devemos tornar, neste sentido, nossas vidas mais dignas, sob uma perspectriva
materialista, onde analisamos as condiçoes que nos favorecem viver, e também levando
em conta o aspecto coletivo, isto é, possibilitar que o outro tenha uma vida digna.
Não se engane voce faz parte de uma coletividade e suas escolhas influenciam a
vida daqueles que o cercam.
O fato é que mesmo após essa reflexão acerca da dignidade humana, ainda não
conseguimos exprimir sua essência, sua matiz originária. Podemos apenas refletir sobre
essa e outras questões relevantes para uma vida harmoniosa.
Ética e cidadania no Brasil
A natureza da cidadania e a educação adequada para a sua realização,
tradicionalmente, figurou entre as questões básicas da teoria política normativa. Sua
negligência, no Brasil, durante décadas na metade do século XX, foi apenas uma
consequência da marginalização da ética e da filosofia política, não só aqui, mas em
todo o mundo.
Em um passado recente, o Brasil sofreu com profundas agressões à cidadania,
foi o golpe militar de 1964, que instituiu o regime de exceção em nosso país. Os
militares suprimiram a liberdade de expressão, bem como as manifestações populares.
Baseados na ideologia da proteção nacional os militares instituíram um episódio
lamentável da história recente do Brasil.
Percebemos aqui, o começo de um problema bastante atual, que é a inércia do
povo, este não tem conhecimento nem esclarecimento acerca de suas responsabilidades
e deveres enquanto cidadãos.
O povo, antes reprimido, é agora instrumento de massificação, os movimentos
populares estão quase extintos. 
19
 
Em virtude da forte repressão sofrida por aquela geração de brasileiros acabou
por amputar a capacidade reflexiva da coletividade. A ética e a cidadania foram
abafadas naquele momento histórico.
Hoje, felizmente, este cenário é diferente, contudo, vemos que a coletividade
brasileira ainda ignora preceitos éticos e morais, não exercendo sua cidadania em sua
totalidade.
O fato é que a ética e a cidadania têm sua importância inquestionável, portanto o
investimento em educação e cultura é imprescindível para um povo que almeja evoluir
socialmente. Certo é que o desinteresse pela busca do conhecimento da ética parece ser
marcante no comportamento daqueles que governam nosso país. 
1.4 – Cidadania: breve histórico
Muitos pensadores apontam para
o conceito de cidadania a partir de
cidades-estados iniciais da Grécia antiga,
embora outros a veem como
essencialmente um fenômeno moderno
que remonta apenas há algumas centenas
de anos, considerando que o conceito de
cidadania surgiu com as primeiras leis. 
Polis significava tanto a assembleia política da cidade-estado, bem como toda a
sociedade. A cidadania, geralmente, tem sido identificada como um fenômeno
ocidental. 
Há uma opinião generalizada de que a cidadania nos tempos antigos, em suas
várias formas, era uma relação mais simples do que no contexto moderno. 
20
 
A relação de cidadania não tem sido uma relação fixa ou estática, mas
constantemente mudada dentro de cada sociedade e de cada período, podendo ser mais
ou menos estudada e praticada em momentos diversos.
Pode-se argumentar que o crescimento da escravidão foi o que fez com que os
gregos particularmente se conscientizassem acerca do valor da liberdade. Afinal,
qualquer agricultor grego poderia cair em dívida e, portanto, poderia se tornar um
escravo. 
Quando os gregos lutaram juntos, eles lutaram para evitar que fossem
escravizados pela guerra, para não serem derrotados por aqueles que poderiam levá-los
à escravidão. E eles também organizaram suas instituições políticas de modo a
permanecerem homens livres.
Contudo, como mencionado acima, os escravos não tinham direitos na polis, ou
seja, não votavam e não participavam das questões e escolhas sociais.
A primeira forma de cidadania foi baseada na maneira como as pessoas viviam
nos tempos antigos, isto é, em comunidades orgânicas da polis. 
A cidadania não era vista como uma atividade separada da vida privada do
indivíduo, no sentido de que não havia uma distinção entre a vida pública e a privada.
 As obrigações de cidadania foram profundamente ligadas em sua vida cotidiana
na polis. Estas comunidades orgânicas de pequena escala eram geralmente vistas como
um novo desenvolvimento na história do mundo, em contraste com as antigas
civilizações do Egito ou da Pérsia. 
Do ponto de vista dos gregos antigos, a vida pública de uma pessoa não estava
separada de sua vida privada e eles não faziam distinção entre os dois mundos, de
acordo com a concepção ocidental moderna. Para ser verdadeiramente humano, o
sujeito tinha que ser um cidadão ativo para a comunidade.
21
 
Esta forma de cidadania foi baseada nas obrigações dos cidadãos para com a
comunidade , ao invés de direitos dados aos cidadãos da comunidade. 
Com o passar do tempo, o conceito de cidadania foi se reconfigurando e se
adequando aos novos contextos sócio-políticos. Atualmente quando falamos em
cidadania, nos remetemos à forma como vivemos em sociedade.
Cidadania, na concepção moderna, é o fio comum que liga todos os indivíduos
de uma sociedade. Somos uma nação ligada não pela raça ou religião, mas pelos valores
comuns de liberdade e igualdade. 
De um modo geral, em qualquer democracia teremos responsabilidades sobre os
direitos e deveres. Isso é importante para que todos possam seguir as regras e obedecer
às leis dentro de uma sociedade moderna. Leis criam justiça e protegem a saúde e a
segurança de todos os indivíduos. 
Elas protegem nossa liberdade e democracia. Devemos obedecer às leis que
foram estabelecidas em prol de um bem comum. 
Cabe ao cidadão ser informadosobre o seu governo e sua comunidade, isso é
uma responsabilidade importante. A votação nas eleições não é apenas um direito, mas
sim uma responsabilidade de todos os cidadãos. 
Abaixo, temos um interessante texto, extraído da internet, que trata justamente
das questões que circundam o ato de cidadania. O artigo apresenta uma reflexão
relevante acerca de nossos direitos e deveres. Observe e tome nota:
DIREITOS E DEVERES: cada cidadão tem o direito de viver, de ser livre, de ter sua
casa, de ser respeitado como pessoa, de não sofrer coação, de não sofrer preconceito
por causa do seu sexo, de sua cor, de sua idade, do seu trabalho, da sua origem, ou por
qualquer outra causa. Todos os brasileiros têm os mesmos direitos. Esses direitos são
invioláveis e não podem ser tirados de ninguém.
22
 
É importante lembrar que como cidadãos, nós não temos somente direitos, mas também
deveres para com a nação, além da obrigação de lutar pela igualdade de direitos para
todos, de defender a pátria, de preservar a natureza e de fazer cumprir as leis.
Os nossos direitos e deveres estão definidos de acordo com a Constituição Brasileira e
em consonância com a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
De acordo com o Art. 5º. da Constituição Brasileira, em resumo, estes sãos os nossos
direitos e deveres enquanto cidadãos brasileiros:
Direitos:
• Ir e vir em todo território nacional em tempo de Paz;
• Direito de igualdade perante a Lei;
• Direito de não ser torturado e de não receber tratamento desumano ou degradante;
• Direito a sua intimidade, sua vida particular, sua honra, sua imagem, à inviolabilidade
de seu domicílio, de sua correspondência e de suas comunicações telegráficas, de dados
e telefônicas;
• Direito de liberdade de expressão de atividade artística, intelectual, científica, literária
e de comunicação;
• Direito de reunião e às liberdades políticas e religiosas;
• Direito à informação e direito de propriedade.
Deveres: 
• Votar para escolher nossos governantes e nossos representantes nos poderes
executivos e legislativo;
• Cumprir a leis;
• Respeitar os direitos sociais de outras pessoas;
• Prover o seu sustento com o seu trabalho; alimentar parentes próximos que sejam
incapazes;
• Educar e proteger nossos semelhantes; proteger a natureza;
• Proteger o patrimônio comunitário; proteger o patrimônio público e social do país;
23
 
colaborar com as autoridades.
Fonte: http://www.cidadaoalerta.org.br/conteudo.php?id=36
Tornar-se um cidadão com todas as liberdades e oportunidades que este país tem
para oferecer é o sonho de muitos brasileiros e imigrantes. 
Com estes direitos estabelecidos internacionalmente, a cidadania também traz
consigo algumas responsabilidades importantes. Contudo, traz uma ideia intrinseca
ainda mais importante, quais sejam o respeito e a tolerância.
Em pleno século XXI, ainda lidamos com o preconceito, a discriminação e a
intolerância, tenham eles razões religiosa, política, racial ou sexual. 
O fato é que devemos revisitar os ideais propostos pela Declaração dos Direitos
Humanos. Ainda hoje, homossexuais apanham e presos são encarcerados em condições
desumanas.
Também no século XXI, devemos ter aceso em nossas mentes, os conceitos,
como a liberdade de pensamento, crença, opinião e expressão, incluindo a liberdade de
expressão e de imprensa, e também a liberdade de reunião pacífica e de associação.
Sem mencionar o direito das minorias aos meios de produção, cultura e
educação, bem como os direitos das mulheres. No Brasil, homens e mulheres são iguais
perante a lei . 
A abertura e a generosidade no Brasil não se estendem às práticas bárbaras
culturais que toleram maus-tratos, "crimes de honra", casamento forçado ou outras
formas de violência baseadas no gênero. 
Essa, aliás, vem sendo uma dicussão em todo o Oriente Médio, onde, por valores
culturais, pratica-se maus tratos contra as mulheres, que sofrem violência de todos os
tipos quase que diariamente.
24
 
Os culpados desses crimes são severamente punidos segundo as leis criminais do
Brasil, contudo, a cada cinco minutos uma mulher é violentada e cerca de 30 % destas
são mortas, muitas vezes, pelo cônjuge. 
A Lei Maria da Penha, nº. 11.340, em linhas gerais, é um mecanismo que
objetiva aumentar o rigor das punições das agressões contra as mulheres quando
ocorridas no âmbito doméstico ou familiar.
1.5 – Valores de igualdade
A igualdade social é algo que todas
as pessoas em uma determinada sociedade
compartilham. Ela implica na igualdade de
direitos, oportunidades, obrigações, bem
como a equidade econômica. 
Apesar dos esforços para garantir a
igualdade social, em muitos países,
manteve-se um grande desafio e nenhuma
sociedade foi capaz de alcançá-la. Pelo menos, não nos países em desenvolvimento.
No mínimo, a igualdade social inclui direitos iguais perante a lei, como: a
segurança, os direitos de voto, liberdade de expressão e de reunião, direitos de
propriedade e de igualdade de acesso a bens e aos serviços sociais. 
No entanto, também inclui conceitos de equidade econômica, ou seja, acesso à
educação, aos cuidados de saúde e a outros títulos sociais. Também inclui a igualdade
de oportunidades e obrigações, sendo que isso envolve toda a sociedade.
Por exemplo: sexo, gênero, raça, idade, orientação sexual, origem, classe social,
renda ou propriedade, língua, religião, convicções, opiniões, não devem resultar em um
25
 
tratamento desigual perante a lei e não devem reduzir as oportunidades
injustificadamente.
A igualdade social refere-se a igualdade entre as pessoas de uma determinada
sociedade, ao invés de econômica ou de renda. A “igualdade de oportunidades” é
interpretada como sendo a capacidade de compra, o que é compatível com uma
economia de livre mercado. 
Um problema é a desigualdade horizontal: a desigualdade de duas pessoas de
mesma origem e habilidade.
A perfeita igualdade social é uma situação ideal que não ocorre na realidade. Na
economia da complexidade, verificou-se que a desigualdade horizontal resulta em
sistemas complexos. Os termos "igualdade" e "diversidade" não são, definitivamente,
sinônimos.
A igualdade refere-se à criação de uma sociedade mais justa, onde todos possam
participar e ter a oportunidade de realizar o seu potencial. 
Ao eliminar o preconceito e a discriminação, o Estado pode fornecer serviços
justos e diversificados a uma sociedade que é mais saudável e mais feliz. 
Por exemplo, a segregação ocupacional, as mulheres representam quase 75% da
força de trabalho, mas estão concentradas nas áreas profissionais com menor
remuneração: enfermagem, profissionais de saúde, trabalhadores administrativos e
trabalhadores auxiliares. 
Naturalmente que este cenário tem excessões. Já que cada vez mais vemos as
mulheres ocupando cargos de destaque em grandes empresas, contudo, estes casos ainda
são minoria.
Pessoas de grupos e minorias étnicas compõem 39,1% da equipe médica do
hospital, mas elas representam apenas 22,1% de todos os consultores médicos
hospitalares. 
26Isso porque essa camada da população não tem acesso aos meios de informação
e às escolas de qualidade, o que impede sua inserção em áreas, como: arquitetura,
medicina, engenharia etc.
Uma sociedade com base nos preceitos de igualdade entende quem somos,
independente de posições sociais, como gênero, raça, deficiência, idade, classe social,
sexualidade e religião.
Diversidade significa, literalmente, diferença e o Brasil é um país da diversidade
e pluralidade.
A igualdade e a diversidade estão se tornando mais importantes em todos os
aspectos de nossa vida e de trabalho por uma série de razões. Nós vivemos em uma
sociedade cada vez mais diversificada, que precisa ser capaz de responder de forma
adequada e com sensibilidade a este cenário. 
As pessoas devem refletir cada vez mais sobre essa diversidade em torno de
gênero, raça, etnia, deficiência, religião, sexualidade, classe e idade.
A igualdade de oportunidades foi o credo fundador de muitas sociedades
modernas, mas a igualdade entre todos se mostrou mais fácil de legislar do que se
praticar. 
Os esforços do governo para alcançar a igualdade econômica incluem o aumento
das oportunidades através das políticas públicas de inclusão, formação e a educação de
qualidade, redistribuição da riqueza ou dos recursos e melhoria constante dos serviços
públicos.
27
 
Unidade 2 – Aspectos Legais
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, abordaremos os aspectos legais dos direitos humanos. Veremos
como ocorreu a internacionalização dos direitos humanos. Trataremos também dos
direitos sociais.
Veremos alguns dos tratados internacionais mais importantes da história recente
da humanidade. Trataremos do tema cidadania, sob o viés da educação brasileira. Por
fim, veremos como figuram os direitos humanos em nossa constituição.
Bom curso!
2.1 – A internacionalização dos direitos humanos
A promoção e a proteção dos
direitos humanos tem sido uma
grande preocupação para as Nações
Unidas desde 1945, quando as nações
fundadoras da organização
resolveram que os horrores da
Segunda Guerra Mundial nunca
deveriam se repetir.
 Ao longo dos anos, toda uma
rede de instrumentos e mecanismos de direitos humanos foi desenvolvida para garantir a
primazia dos direitos humanos e para enfrentar as violações desses direitos onde quer
que ocorram.
Os órgãos intergovernamentais das Nações Unidas, que tratam de direitos
humanos, estão espalhados por todo o mundo.
28
 
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo da Organização das Nações
Unidas, composto por 185 Estados-Membros, ele analisa e toma as medidas em matéria
de direitos humanos.
O Conselho Econômico e Social, composto por 54 Governos membros, faz
recomendações à Assembleia Geral sobre questões de direitos humanos, analisa os
relatórios, as resoluções da Comissão e os transmite com as alterações da Assembleia
Geral. 
O fato é que diante dos horrores da Segunda Grande Guerra Mundial, todos os
países estabeleceram uma nova ordem social, que priorizava a vida humana em
detrimento de qualquer outra coisa.
Para reforçar o respeito pelos direitos humanos fundamentais e avançar no
sentido de sua realização em todo o mundo, as Nações Unidas adotaram uma
abordagem em três vertentes:
 O estabelecimento de padrões internacionais;
 A proteção dos direitos humanos;
 A assistência técnica das Nações Unidas.
Estabelecimento de normas internacionais
Normas Internacionais de Direitos Humanos são procedimentos desenvolvidos
para proteger os direitos humanos das pessoas contra violações por indivíduos, grupos
29
 
ou nações. As seguintes declarações adotadas pela comunidade internacional não são
juridicamente vinculativas à Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), à
Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento (1986) e à Declaração sobre a Proteção
de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados (1992). 
Muitos países têm incorporado as disposições destas declarações em suas leis e
constituições, o Brasil é um deles, como veremos mais adiante, quando tratarmos da
Constituição.
Os pactos e as convenções internacionais têm força de lei para os Estados que os
ratificam. O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos são juridicamente vinculados aos
acordos de direitos humanos. 
Ambos foram adotados em 1966 e entraram em vigor dez anos depois, tornando
muitas das disposições da Declaração Universal dos Direitos Humanos efetivamente
praticadas e respeitadas em diversos Estados. Entre outras convenções internacionais
incluimos:
 A Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (que entrou
em vigor em 1951);
 A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial (que entrou em vigor em 1969);
 A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Mulheres (que entrou em vigor em 1981);
 A Convenção sobre os Direitos da Criança (que entrou em vigor em 1990).
Mecanismos convencionais e mecanismos extraconvencionais foram criados a
fim de monitorar o cumprimento dos diversos instrumentos internacionais de direitos
humanos e investigar alegadas violações desses direitos em qualquer lugar que seja.
30
 
Este monitoramento é realizado por especialistas, peritos, grupos de trabalho e
representantres, todos nomeados pela ONU e com obrigações específicas.
Para monitorar a implementação das obrigações dos tratados em nível
internacional, os órgãos de tratados examinam relatórios dos países.
A cada ano, eles se envolvem em diálogo com cerca de 100 governos e emitem
observações, comentando as situações dos países e oferecendo sugestões e
recomendações de melhoria. 
Diálogos entre Estados e organismos das Nações Unidas levaram a resultados
concretos, tais como:
 A suspensão das execuções em alguns países que a tinham como pena máxima;
 A libertação dos detidos e tratamento médico aos presos, a exemplo do sistema 
carcerário brasileiro ou de Guantánamo em Cuba;
 Bem como a mudanças no sistema jurídico interno dos Estados para efetivar os 
instrumentos de direitos humanos, como ocorreu recentemente no Egito.
O programa de serviços de consultoria das Nações Unidas começou em 1955,
em uma pequena escala, para prestação de assistência à criação de instituições e outros
serviços para os Estados-Membros. 
Em 1987, o Secretário-Geral estabeleceu o Fundo Voluntário para Serviços de
Assessoria e Assistência Técnica na área de Direitos Humanos. Esta foi outra
importante medida para que houvesse a plena internacionalização dos direitos humanos
fundamentais, garantindo que todos os países respeitassem esses direitos.
A aplicação da lei internacional de direitos humanos pode ocorrer em qualquer
região de qualquer estado membro da ONU. 
31
 
Os Estados que ratificam tratados de direitos humanos se comprometem a
respeitar esses direitos e asseguram que sua legislação nacional seja compatível com a
legislaçãointernacional. 
Quando a lei nacional não fornecer uma saída para os abusos dos direitos
humanos, as partes podem ser capazes de recorrer aos mecanismos regionais ou
internacionais para fazerem valer os direitos humanos.
Geralmente, os direitos humanos são entendidos como reguladores da relação
entre estados e indivíduos no contexto da vida comum, enquanto o direito humanitário
regula as ações de um Estado.
Nas sociedades primitivas, a organização era baseada no comunitarismo. O
surgimento de Estados priorizou a organização e a distribuição de recursos com base na
lei. Com isso veio o crescimento dos "direitos" individuais, logo resultando nos direitos
humanos.
O surgimento do Estado é um desenvolvimento crucial na evolução dos direitos
humanos, precisamente porque tantos direitos, se não a maioria deles, estão centrados
no Estado. 
O Estado é um portador de deveres em relação às pessoas que dependem dele
para a proteção dos seus direitos e têm o direito de reclamar contra violações desses
direitos.
A legislação dos direitos humanos fornece as ferramentas e os mecanismos pelos
quais essas proteções e reclamações podem ser realizadas.
Em 2006, a Comissão das Nações Unidas sobre Direitos Humanos foi
substituída pelo Conselho de Direitos Humanos para a aplicação do direito internacional
e dos direitos humanos.
De forma mais ampla, a Declaração dos Direitos Humanos se tornou uma
referência de autoridade em direitos humanos. 
32
 
Ela forneceu a base para instrumentos internacionais posteriores protegerem o
direito internacional vinculativo aos direitos humanos.
A universalização e a internacionalização de direitos humanos
A importância da Declaração Universal encontra-se, nomeadamente, na sua
realização da internacionalização e universalização dos direitos fundamentais.
A Declaração "universaliza" os direitos humanos, promovendo uma ideologia
constitucional, aceita em várias partes do mundo em um padrão institucional para todos
os países. 
O conceito de direitos humanos individuais tornou-se aceito por todas as
sociedades e governos e se reflete em constituições e leis nacionais. Um exemplo
recente desse fenômeno é a Constituição pós-apartheid Sul-Africana de 1996, o que é
discutido abaixo.
A Declaração Universal “internacionalizava” os direitos humanos,
transformando assuntos que tinham sido previamente sujeitos à jurisdição doméstica
exclusiva – "soberania" – em questões de interesse internacional, colocando-os de
forma permanente na agenda política internacional e fornecendo a base para um edifício
forte em normas e instituições internacionais. 
Os direitos humanos internacionais têm consequentemente se tornado um
assunto adequado para a diplomacia, as instituições internacionais e o direito
internacional.
Estritamente falando, "os direitos humanos internacionais", isto é, os direitos
garantidos pela política internacional, devem ser distinguidos dos direitos individuais
em sociedades nacionais no âmbito dos sistemas jurídicos. 
33
 
O sistema internacional aceita os direitos humanos como direitos que, segundo
os quais, o indivíduo pode desfrutar sob o sistema constitucional-legal de sua sociedade.
No entanto, as proteções nacionais dos direitos humanos são, muitas vezes, deficientes. 
Os direitos humanos internacionais são, portanto, destinados a completar, ao
invés de substituir, a proteção nacional dos direitos humanos e para induzir os Estados a
sanarem essas deficiências. 
O direito internacional é implementado em grande parte por meio das
instituições nacionais sendo satisfeito quando as leis e as instituições nacionais são
suficientes para garantir a proteção desses direitos fundamentais.
Exemplos da universalização dos direitos humanos pós-apartheid na África do Sul
Durante a era do apartheid (um regime de segregação racial adotado
de 1948 a 1994 pelos governos do Partido Nacional na África do Sul, no qual os direitos
da grande maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado
pela minoria branca), os direitos constitucionais sul-africanos tornaram-se uma mistura
de supremacia parlamentar e de majoritarismo branco, em que os direitos democráticos
foram confundidos com os direitos da maioria das pessoas brancas ou da maioria dos
seus representantes parlamentares. 
O sistema legal da África do Sul foi, assim, formado com base nos princípios da
supremacia parlamentar e rigoroso positivismo jurídico. 
A Constituição provisória de 1993 (que entrou em vigor em 27 de Abril de
1994) e a Constituição de 1996 corrigiram esse passado, consolidando os direitos
humanos para o povo negro.
A Constituição de 1996 adicionava explicitamente em sua primeira seção
intitulada "dignidade humana" como um dos valores fundadores da nova sociedade sul-
africana. 
34
 
A afirmação de dignidade humana como um valor fundamental da ordem
constitucional colocou o ordenamento jurídico firmemente em linha com o
desenvolvimento do constitucionalismo.
A transição na Europa Oriental
O colapso do comunismo, na sequência dos acontecimentos de 1989,
desencadeou a transformação econômica, política e social em toda a Europa Central e
Oriental, os novos Estados independentes começaram a transição precária de um regime
totalitário para uma democracia. 
Ao fazer isso, os reformadores olharam para os valores do liberalismo e para a
economia de mercado livre e de direitos humanos para substituir o antigo sistema
imposto. 
Como a humanidade se aproximava do fim do milênio, as crises das economias
socialistas deram espaço à democracia liberal, à doutrina da liberdade individual e da
soberania popular. 
Duzentos anos depois do primeiro passo na elaboração dos direitos humanos
fundamentais, com as Revoluções Francesa e Americana, os princípios da liberdade e da
igualdade têm demonstrado não apenas que são duradouros, mas ressurgentes de tempos
em tempos.
Durante este período de mudança profunda e rápida, logo percebeu-se que a
derrubada dos regimes comunistas impopulares não seria suficiente para garantir as
condições necessárias para as transformações que ocorreriam, levando as reformas
sustentáveis em ordem econômica e as garantias de proteção aos direitos humanos
nesses países. 
Um dos motivos alegados na época para a necessidade de se criar as condições
de proteção aos direitos humanos nas novas constituições da Europa Oriental, foi a
fragilidade do processo de construção da democracia em países pós-comunistas.
35
 
O que é notável durante este processo de profunda reforma e transformação
econômica, foi a evolução gradual de uma cultura de direitos humanos,
constitucionalismo e do Estado de direito. 
Os tribunais constitucionais foram criados em muitos Estados pós-comunistas,
semelhante ao Tribunal Constitucional da África do Sul, para se pronunciar sobre
questões de direitos humanos e de estabelecer limites para a autoridade governamental.
Aqui tem-se mais uma forte evidência da internacionalização dos direitos humanos.
As ideias e as normas de direitos humanos têm lentamente se tornadomais
amplamente divulgadas pelas estruturas não-governamentais da sociedade civil,
permeando as escolas, as universidades, os meios de comunicação, a imprensa livre e
outras esferas da sociedade.
Simultaneamente a essas mudanças tem sido a prática adotada pelos novos
tribunais constitucionais de incorporar os princípios internacionais e regionais de
direitos humanos em sua evolução dos sistemas constitucionais e jurisprudências, em
particular, a Declaração Universal e da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. 
Ao mesmo tempo, as novas democracias tornaram-se membros plenos e ativos
da ONU e, de certa forma, também estão sujeitas às leis, às instituições e à disciplina da
União Europeia e da ONU e, portanto, a internacionalização dos direitos humanos que
tem ocorrido a nível internacional ao longo dos últimos 50 anos, tem fortalecido a
proteção desses direitos nesses países recém-democratizados.
36
 
2.2 – Direitos sociais
Os direitos sociais são aqueles direitos decorrentes do contato social, em
contraste com os direitos naturais, que surgem a partir da lei natural, antes do
estabelecimento dos direitos legais previstos em lei. 
Do ponto de vista legal, várias abordagens convivem entre si, porém todas
procuram garantir os direitos sociais das pessoas em uma sociedade. Isto assegura que a
sociedade como um todo receba a distribuição igualitária dos interesses coletivos e
privados.
Abaixo, temos um interessante texto que explica como se deu o estabelecimento
dos direitos sociais no Brasil. O artigo trata dos principais momentos de nossa história
recente. Observe:
Cidadania e direitos políticos e sociais: Origem e importância
Nos países ocidentais dos continentes europeu e americano, a cidadania moderna se
constituiu por etapas: depois dos direitos civis, no século XVIII, vieram os direitos
políticos, no século XIX. Os direitos sociais são conquistas do século XX, assim como
a quarta geração de direitos de cidadania, nascida no fim deste período.
O direitos de eleger e ser eleito
37
 
São os direitos políticos, de voto e de acesso ao cargo político. As instituições públicas
relacionadas aos direitos políticos são os órgãos legislativos representativos e
executivos.
Inicialmente, a atividade política era uma função de poucos, restrita à participação das
elites dominantes. O surgimento dos direitos políticos foi obra dos movimentos
populares dos trabalhadores. Ao se organizar e defender seus interesses eles
perceberam que a política influencia a vida da sociedade.
As camadas populares começaram a se conscientizar de que a participação no exercício
do poder político era condição fundamental para assegurar seus direitos. Essa
participação podia ser como membro de um organismo investido de autoridade política,
ou como eleitor dos integrantes de tal organismo.
Voto restrito
Inicialmente, inúmeras restrições limitavam a participação política de todos os
cidadãos. O direito de eleger e ser eleito manteve-se restrito aos homens adultos. O
voto censitário impunha padrões de renda e de escolaridade. Com isso, excluía grande
parte da população do direito de ser eleito e de eleger representantes políticos.
Esses impedimentos perduraram por décadas. As mulheres adultas e os analfabetos
conquistaram direitos políticos muito tardiamente, somente no século XX.
No Brasil, fim do voto censitário por renda.
No caso do Brasil, a proclamação da República provocou mudanças na participação
política. Foi abolido o voto censitário pecuniário que, para ser exercido, exigia uma
certa renda do cidadão. Foi estabelecida a idade mínima de 21 anos para participar do
processo eleitoral.
Os analfabetos e as mulheres permaneceram excluídos da participação política. As
mulheres só conquistaram o direito de voto em 1934. Os analfabetos conquistaram o
direito de voto em 1985, mas estão impossibilitados de se candidatar a cargos eletivos.
38
 
Direitos sociais
Os direitos sociais demarcam uma importante mudança na evolução da cidadania
moderna. Sua função é garantir certas prerrogativas relacionadas com condições
mínimas de bem-estar social e econômico que possibilitem aos cidadãos usufruir
plenamente do exercício dos direitos civis e políticos.
O princípio norteador dos direitos sociais é o argumento de que as desigualdades de
provimentos (condições sociais e econômicas) não podem se traduzir em desigualdades
de prerrogativas (direitos civis e políticos). Desse modo, adquiriu-se a noção de que
determinado grau de pobreza priva os cidadãos de participação cívica.
Finalidade dos direitos sociais
Os direitos sociais não têm por objetivo eliminar por completo as desigualdades sociais
e econômicas e as diferenças de classe social. Sua finalidade é assegurar que elas não
interfiram no pleno exercício da cidadania.
As instituições públicas representativas dos direitos sociais são os sistemas de
seguridade e previdência social e educacional.
Constituição varguista
No Brasil, o marco da instituição dos direitos sociais ocorreu na época do regime do
Estado Novo, com Getúlio Vargas (1930-1937).
A Constituição de 1934 instituiu uma minuciosa regulamentação das condições de
trabalho ao estabelecer o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso
semanal, as férias remuneradas, a indenização por dispensa sem justa causa, a
assistência médica ao trabalhador e à gestante.
39
 
Foi proibido pela nova Carta o trabalho de menores. Estabeleceu-se, ainda, a submissão
do direito de propriedade ao interesse social ou coletivo.
A quarta geração de direitos.
Desde o final do século XX surgiram inúmeros movimentos sociais que atualmente
lutam para ampliar a cidadania através da defesa de novos direitos.
A quarta geração de direitos de cidadania agrega demandas provenientes de novos tipos
de movimento social, como o das minorias étnicas e culturais, dos homossexuais, dos
movimentos ecológicos e feministas.
No contexto dos novos padrões de sociabilidade e da globalização, esses movimentos
sociais possuem novas práticas participativas e de mobilização coletiva. Isso reflete o
caráter dinâmico da cidadania.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/cidadania-e-direitos-politicos-e-sociais-origem-e-importancia.htm
Dentre os impactos decorrentes do fortalecimento dos direitos sociais e do
sistema democrático no Brasil, destacam-se:
 A presença dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais na esfera
pública;
 O reforço dos direitos e da cultura dos sujeitos coletivos;
 O controle e monitoramento dos fatores econômicos, sociais, culturais e
ambientais na implementação desses direitos;
 A visibilidade de conflitos, trazendo conflitos locais para a esfera nacional;
 A legitimidade social;
40
 
 Provoca novas ações do Estado;
 O constante debate com os ministérios e secretarias;
 A incidência em políticas públicas a partir das recomendações e proposições.
De um modo geral, a América do Sul, terra dediversidade incrível e paisagens
exuberantes, também traz consigo as cicatrizes de seu passado recente, que é marcado,
em muitas de suas áreas, pela repressão política e a consequente negação dos direitos
humanos. 
Dentro deste contexto, é preciso refletir sobre temas relacionados com o papel
dos direitos humanos na integração da América do Sul, bem como o papel dos direitos
sociais para o fortalecimento da qualidade das democracias na América Latina. Aqui,
inclui-se o Brasil.
O fato é que muito temos avançado em busca do estabelecimento dos direitos
sociais. Na América do Sul, podemos observar, em alguns regimes, como no caso da
Venezuela, que os direitos sociais ainda são abruptamente violados.
No Brasil, apesar de estarmos longe do cenário sóciopolítico ideal, estamos
caminhando com solidez. 
Ainda há muito o que fazer quando falamos de direito das minorias étnicas, onde
inclui-se os povos indígenas, os negros etc. 
Também há muito a se fazer no que tange aos direitos da mulher, do idoso e das
crianças. É, contudo, inegável que o Brasil vem tendo bastante avanços no que se refere
aos direitos sociais
41
 
2.3 – Tratados internacionais e outros mecanismos
Os instrumentos internacionais
de direitos humanos são constituídos de
tratados e outros documentos
internacionais relevantes para a lei
internacional dos direitos humanos e da
proteção dos direitos humanos em
geral. Eles podem ser classificados em
duas categorias: 
1. Declarações: adotadas por organismos como a Assembleia Geral das Nações
Unidas, que não são juridicamente vinculativas, embora possam ser
consideradas como leis;
2. Convenções: que são legalmente instrumentos vinculativos e celebrados no
âmbito do direito internacional. 
Os tratados internacionais e até mesmo declarações podem, ao longo do tempo,
obter o estatuto de direito internacional consuetudinário.
Os instrumentos internacionais de direitos humanos podem ser divididos ainda
em instrumentos globais, aos quais qualquer Estado do mundo pode ser sujeito, e a
instrumentos regionais, que estão restritos aos Estados em uma determinada região do
mundo.
A maioria das convenções estabelece mecanismos para supervisionar a sua
implementação. 
Em alguns casos, esses mecanismos têm relativamente pouca energia e são,
muitas vezes, ignorados pelos Estados membros, em outros casos, estes mecanismos
têm grande autoridade política e jurídica, sendo que suas decisões são quase sempre
implementadas. 
42
 
Para exemplo do primeiro caso estão os comitês de tratado da ONU, enquanto o
melhor exemplo do segundo caso é o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Isso faz parte da evolução do direito internacional, sobretudo, nas últimas
décadas. Essa declaração mudou-se de um conjunto de leis que regem os Estados e
começou a reconhecer a importância dos indivíduos e dos seus direitos no âmbito
jurídico internacional.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre os
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais são por vezes referidos como leis internacionais.
Há sete principais tratados internacionais de direitos humanos. Cada um deles
tratados estabeleceu um comitê de especialistas para monitorar a implementação das
disposições do tratado por seus Estados-partes. 
Alguns dos tratados são complementados por protocolos facultativos que lidam
com questões específicas. Vejamos alguns dos mais importantes:
TRATADO DATA
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial - 1965
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos - 1966
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - 1966
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres - 1979
43
 
Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes
ou Degradantes - 1984
Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) - 1989
Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores
Migrantes e dos Membros das suas Famílias - 1990
Outros documentos são gerados no monitoramento de cumprimento dos tratados,
como, por exemplo:
Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres - 1993
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, "Declaração de Viena" - 1993
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento - 1994
IV Conferência Mundial sobre a Mulher - 1995
Programa das Nações Unidas para a Reforma - 1997
Diretrizes Internacionais sobre HIV/SIDA e Direitos Humanos (última revisão em
2002) - 1998
44
 
Declaração e Objetivos do Milênio - 2000
Conferência Mundial das Nações Unidas contra o Racismo - 2001
 Aplicação dos Direitos Humanos para Saúde Sexual e Reprodutiva - 2001
Embora o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
seja o tratado mais importante do ponto de vista dos direitos econômicos e sociais,
encontraremos referências aos direitos econômicos e sociais em muitos dos outros
tratados posteriormente estabelecidos.
Cada um desses tratados internacionais de direitos humanos também tem um
órgão de monitoramento dentro do sistema de direitos humanos da ONU, que monitora
a implementação das disposições do tratado por seus Estados membros. Como vimos, o
movimento internacional dos direitos humanos foi reforçado quando a Assembleia
Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10
de dezembro de 1948. 
Observamos que esta declaração foi elaborada com "o ideal comum a ser
atingido por todos os povos e nações", a declaração pela primeira vez na história da
humanidade estabelece todos os direitos básicos que todos os seres humanos devem
desfrutar. 
Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos
adotados, desde 1945, conferiram forma jurídica sobre os direitos humanos inerentes e
desenvolveram o corpo de direitos humanos internacionais. Outros instrumentos foram
adotados em nível regional, refletindo as preocupações específicas de direitos humanos
da região que prevê mecanismos específicos de proteção. 
A maioria dos Estados também adotou constituições e outras leis que protegem
formalmente os direitos humanos básicos. 
45
 
Enquanto os tratados internacionais formam a espinha dorsal da Lei de Direitos
Humanos, outros instrumentos internacionais, tais como declarações, diretrizes e
princípios adotados a nível internacional, contribuiram para o seu entendimento,
implementação e desenvolvimento. Vimos também que o respeito pelos direitos
humanos requer o estabelecimento do Estado de direito em nível nacional e
internacional.
O direito internacional dos direitos humanos estabelece obrigações que os
Estados são obrigados a respeitar. A obrigação de proteger requer que os Estados
defendam os indivíduos e grupos contra possíveis abusos dos direitos humanos. 
De certa forma, através da ratificação de tratados internacionaisde direitos
humanos, os governos comprometem-se a pôr em prática medidas internas e legislação
compatível com as suas obrigações e deveres. 
Quando os processos jurídicos nacionais não conseguem resolver os abusos dos
direitos humanos, entram em cena os mecanismos e os procedimentos de queixas
individuais disponíveis em níveis regional e internacional para ajudar a garantir que as
normas internacionais de direitos humanos sejam de fato respeitadas, implementadas e
aplicadas em nível local.
Um bom exemplo disso é a menina iraniana, Mina Ahadi, ativista que luta contra
a violência contra a mulher no Oriente Médio, de um modo geral. Naturalmente, de
acordo com as novas demandas sociais, novos tratados internacionais serão
estabelecidos.
2.4 – Cidadania e educação
Embora a maioria das Nações
afirmem ser uma democracia, a
utopia de um governo do povo, pelo
povo e para o povo, nunca foi
alcançada plenamente, exceto em
46
 
algumas das sociedades pré-letradas, isto é, sociedades que precederam o surgimento da
escrita. 
O dilema da democracia é que ela é universalmente proclamada, contudo, seus
ideais são universalmente rejeitados na prática. 
No entanto, esses ideais são fundamentados e derivam de ideias que têm uma
longa tradição na civilização ocidental. 
A cidadania, neste sentido, é companheira da democracia. Sem cidadania não
pode haver democracia e é através do desenvolvimento da cidadania que a democracia
se torna possível.
 
A cidadania é um conceito oriundo da sociedade ocidental em suas origens.
Embora se possa argumentar que o conceito surgiu nas cidades-estados da antiga
Grécia, também tem sido argumentado que a cidadania é uma consequência da
Revolução Francesa e da modernização decorrente da Revolução Industrial. 
Outro ponto de vista é que houve duas noções distintas de cidadania, a primeira
durante o tempo das cidades-estados gregas até a Revolução Francesa e a segunda desde
então até o presente momento.
Um cidadão é definido como um membro nativo ou naturalizado de um Estado
ou nação, que deve obediência ao seu governo e tem direito à proteção (direito
inalienável).
Embora a primeira definição de cidadão seja bastante universal em todo o
mundo moderno, é óbvio que a cidadania tem um significado muito diferente no Brasil
e na China, por exemplo. 
A cidadania é um conceito que vem evoluindo tanto histórica quanto
conceitualmente. Este capítulo irá avaliar este desenvolvimento ao longo de ambas as
dimensões, pontuando as transformações que ocorreram durante o decorrer do tempo.
 
47
 
Neste sentido, a educação para a cidadania visa capacitar as pessoas para
tomarem suas próprias decisões e assumirem a responsabilidade por suas próprias vidas
e suas comunidades.
A cidadania é mais do que um assunto. É uma forma de vida adaptada às
necessidades locais e aos valores, que visam melhorar a vida democrática para todos,
tanto nos direitos e deveres como nas responsabilidades inerentes.
Não se trata de tentar encaixar todos no mesmo molde ou sobre a criação de um
"modelo" de "bons" cidadãos.
Não devemos confundir o papel da escola neste contexto, as escolas têm uma
função social importante na construção da cidadania, que é o de inserir o indivíduo no
contexto políticossocial.
Por que ensinar cidadania?
Há elementos de educação para a cidadania em muitos assuntos, como a história,
a filosofia e a matemática. A cidadania utrapassa os limites disciplinares da escola, ela
deve ser um tema transdisciplinar, ou seja, ser discutido em todas as materias. Mas
educação para a cidadania é mais do que isso.
As democracias precisam de cidadãos ativos, informados e responsáveis, isto é,
cidadãos que estejam dispostos e capazes de assumir a responsabilidade para si e para as
suas comunidades, contribuindo para o processo político de sua sociedade.
As democracias dependem de cidadãos que, entre outras coisas, sejam:
 Conscientes dos seus direitos e responsabilidades como cidadãos;
 Informados sobre o mundo social e político;
 Preocupados com o bem-estar dos outros;
48
 
 Capazes de articular suas opiniões e argumentos;
 Capazes de ter uma influência sobre o mundo;
 Ativos em suas comunidades;
 Responsáveis na forma como eles agem como cidadãos.
Essas capacidades não se desenvolvem sozinhas, ou seja, de um dia para o outro.
Elas têm que ser aprendidas. 
Embora uma certa quantidade de valores de cidadania possam ser captados
através da experiência comum, em casa ou no trabalho, eles nunca serão suficientes para
equipar os cidadãos para o tipo de papel ativo exigido deles na sociedade complexa e
diversificada de hoje.
Se os cidadãos estão dispostos a realmente se envolverem na vida pública e nos
assuntos sociais, é necessária uma abordagem mais explícita e voltada à educação para a
construção do valor de cidadania. Esta abordagem deve ser:
 Inclusiva: um direito de todos;
 Persuasiva: não limitada às escolas, mas uma parte integrante de toda a
educação;
 Contínua: continuando ao longo da vida.
É como a vida democrática aponta: a cidadania é o único assunto no currículo
nacional que ensina sobre a maneira como a democracia, a política, a economia e o
trabalho são garantidos por direito.
Quais os benefícios para os jovens?
49
 
A cidadania ajuda os jovens a desenvolver a autoconfiança e o sucesso ao lidar
com mudanças de vida significativas e desafios, tais como: assédio moral e
discriminação. Dá a eles uma voz na vida de suas escolas, em suas comunidades e na
sociedade em geral.
Isso lhes permite fazer uma contribuição positiva ao desenvolver os
conhecimentos e a experiência necessários para reivindicar seus direitos e entender suas
responsabilidades, preparando-os para os desafios e para as oportunidades da vida
adulta e profissional.
A cidadania está se tornando um assunto fundamental em nosso sistema de
ensino e com razão. 
É uma porta de entrada para uma sociedade mais inclusiva. A cidadania também
traz benefícios para as escolas e outras organizações educacionais e para a sociedade em
geral.
Isso porque ajuda a produzir alunos motivados e responsáveis, que se relacionam
positivamente com o outro, com os colegas de escola e com a comunidade de maneira
envolvente. 
Para a sociedade, ajuda a criar uma cidadania ativa e responsável, disposta a
participar na vida da nação e do mundo em geral, além de desempenhar o seu papel no
processo democrático.
A educação para a cidadania envolve uma ampla gama de diferentes elementos
de aprendizagem, incluindo:
 Conhecimento e compreensão: sobre temas como leis e regras, o processo
democrático, a mídia, os direitos humanos, a diversidade, o dinheiro e a
economia, o desenvolvimento sustentável e o mundo como uma comunidade
global; e sobre conceitos, como: a democracia, a justiça, a igualdade, a
liberdade, a autoridade e o Estado de direito;
50
 
 Habilidades e aptidões: pensamento crítico, análise de informações,
expressando

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