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Educação Ambiental: Desafios e Conceitos

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
webaula: Profª Karina Garcia Montovanni
tutor: Profª LUDMILA GALVAO VARGAS
Atualmente, o câmbio do meio ambiente está apresentando de forma preocupante: impactos ambientais sérios unidos a desastres naturais e catástrofes. É percebido que a cultura humana, desde seus primórdios (a partir da análise de sambaquis), é de uso e exploração desenfreada do meio natural e seus recursos, muitos deles não renováveis no tempo de vida do homem.
Surge, com isso, a necessidade de implantação de uma feramente de conscientização social sobre a necessidade de preservação da natureza: A Educação Ambiental. Este instrumento, disponibiliza em caráter multidisciplinar ao estudante, conteúdos e capacidades de analisar e discutir os aspectos do meio ambiente relacionados ao contexto educacional, principalmente o brasileiro.
Esta discussão de educação ambiental será feita através da produção de projetos e atividades práticas multidisciplinares na compreensão da disciplina como instrumento de transformação de posturas, condutas e hábitos socioambientais na escola e na comunidade.
Bibliografia
Fique atento aos livros que servirão de base para o conteúdo das aulas, bem como para sua consulta:
DIAS, Genebaldo Freire. Dinâmicas e instrumentação para educação ambiental. São Paulo: Gaia, 2010.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia 2010.
MARTHA, Tristão. Educação ambiental na formação de professores: redes de saberes . São Paulo: Annablume, 2004.
PANOCCHESCHI, Bruno (Coord.). Educação ambiental: experiências e perspectivas. v1, n2c, 2003. serie documental.
PHILIPPI JUNIOR, Arlindo (editor). Saneamento, saúde e ambiente. São Paulo: Manole, 2005.
PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; PELICIONI, Maria Cecïlia. Educação ambiental e sustentabilidade. São Paulo: Manole 2005.
RUSCHEINSKY, Aloísio et al.. Educação ambiental. São Paulo: Artmed, 2002.
SATO, Michele; CARVALHO, Isabel. Educação ambiental: Pesquisa e Desafios. São Paulo: Artmed, 2005.
Introdução
Esta disciplina tem como objetivos:
Oferecer embasamento teórico prático ao aluno para compreensão da disciplina de Educação Ambiental como instrumento de transformação socioambiental.
Demonstrar conceitos sobre meio ambiente, desenvolvimento sustentável, consumo, gestão ambiental e educação ambiental.
Apresentar as diferentes correntes pedagógicas da Educação Ambiental.
Explicar as declarações internacionais de Educação Ambiental de Belgrado, Tbilisi, Moscou e Rio-92.
Analisar as Políticas e Programas Públicos em Educação Ambiental.
Discutir sobre Educação Ambiental no currículo escolar, para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares de educação.
Aula 1
Tema: Meio ambiente e educação
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
Verificar os conceitos e definições sobre meio ambiente e educação ambiental. 
Reconhecer o histórico do uso do meio ambiente pelo homem como fator determinante dos problemas ambientais de hoje. 
Refletir sobre os desafios do século XXI no que tange à área ambiental na educação.
Introdução
A questão ambiental, um dos temas mais discutidos da atualidade, envolve toda sorte de problemas e discussões em relação às condições socioambientais de áreas urbanizadas ou não, incluindo os aspectos relacionados à qualidade de vida humana, os impactos da ação humana sobre as condições climáticas, hidrológicas, geomorfológicas, pedológicas e biogeográficas, em todas as escalas de tempo e espaço, segundo Christofoletti (1993 apud Pelicioni, 2005).
Pode-se considerar que a degradação ambiental que hoje se apresenta é decorrente da profunda crise social, econômica, filosófica e política que atinge toda a humanidade, resultado da introjeção de valores e práticas que estão em desacordo com as bases necessárias para a manutenção de um ambiente sadio e que favoreça uma boa qualidade de vida a todos os membros da sociedade (Pelicioni, 2005).
A partir disso, vemos a necessidade da inserção urgente de práticas e instrumentos que viabilizem a mudança do cenário atual de meio ambiente e cultura social. 
Aqui levantamos a reflexão sobre o desafio da humanidade atualmente: a discussão da educação ambiental.
A degradação ambiental causada por ações antrópicas tem aumentado gradativamente no mundo todo. Desde 1972, data da realização da I Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, as práticas humanas predatórias têm sido intensamente discutidas; no entanto, poucos resultados têm sido obtidos para reverter esse processo. Os problemas ambientais se tornaram muito preocupantes quando começaram a ser divulgados pela mídia, principalmente em relação à quantidade de agravos à saúde por eles ocasionados (Pelicioni, 2005). 
Mas uma pergunta que não quer calar é: Afinal, o que é meio ambiente e como estamos relacionados a ele?
Meio ambiente
Uma discussão recorrente a respeito do termo meio ambiente é a suposta redundância que existe entre os termos: a palavra meio significa o mesmo que ambiente. 
O motivo desta reiteração obedece a razões históricas, já que, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), a impressão semântica das traduções do inglês (environment = ambiente), acabou por gerar o termo meio ambiente como e uso comum, em vez de se usar somente um deles (ou meio ou ambiente). 
Será que existe um conceito certo ou errado de ambiente? Com esta questão, iniciaremos nosso processo de reflexão nesta disciplina.
Ambiente
O conceito de ambiente ou meio ambiente, está em constante processo de construção e é possível encontrarmos diferentes definições para este termo, segundo a Feema (1990) e o Ibama (1994).
As condições, influência ou forças que envolvem ou influem ou modificam: o complexo de fatores climáticos, edáficos e bióticos que atuam sobre um organismo vivo, ou uma comunidade ecológica, e acaba por determinar sua forma e sua sobrevivência, a agregação das condições sociais e culturais que influenciam a vida de um indivíduo ou uma comunidade (Webster’s, 1976).
O conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, químicos e biológicos e dos fatores sociais suscetíveis de terem um efeito direto ou indireto, imediato ou a termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas (Poutrel & Wasserman, 1977).
A soma das condições externas e das influências que afetam a vida, o desenvolvimento e, em última análise, a sobrevivência de um organismo (Banco Mundial, 1977).
O conjunto do sistema externo físico e biológico, no qual vivem o homem e os outros organismos (Pnuma, 1978).
O conjunto de sistemas naturais e sociais em que vivem o homem e os demais organismos e de onde obtêm sua subsistência (Conferência de Tibillisi, 1978).
Conjunto de componentes naturais e sociais, e suas interações em um determinado espaço de tempo, no qual se dá a dinâmica das interações sociedade-natureza, e suas consequências, no espaço que habita o ser humano, o qual é parte integrante deste todo. Desta forma, o ambiente é gerado e construído ao longo do processo histórico de ocupação e transformação do espaço da sociedade (Gutman, 1988).
“Qualquer espaço de interação e suas consequências entre a sociedade (elementos sociais, recursos humanos) e a natureza (elementos ou recursos naturais)” (Queiroz e Tréllez, 1992).
Vamos observar a questão ambiental, à qual vemos que é complexa, pois os sistemas ambientais são evolutivos, ou seja, não deterministas, não lineares, irreversíveis e com estados de desequilíbrio constante. Esse processo evolutivo e suas modificações constantes inserem acontecimentos irreversíveis, aumentando a complexidade do sistema (Philippi Junior e Silveira, 2009).
Chegamos à conclusão de que há muitas maneiras de abordar conceitualmente o meio ambiente e uma única área do conhecimento humano não pode abranger e explicar a gama de fenômenos naturais e culturais que ocorre em escalas espaciais e temporais diversas. 
Vemos, assim, que a questão da definição do ambiente é complexa,pois está relacionada aos aspectos evolutivos da própria sociedade. 
Apenas para ampliarmos essa discussão, numa segunda abordagem conceitual da própria questão ambiental, percebemos que há o envolvimento da visão econômica. Os economistas clássicos, com algumas exceções, sempre teorizaram sobre os sistemas econômicos sem considerar o meio natural como fornecedor de materiais, energia para a sociedade humana e como receptor dos resíduos resultantes e da energia dissipada pelas atividades antrópicas (Philippi Junior e Silveira, 2009). 
Agora, vamos refletir um pouco sobre como o homem vê o meio ambiente perante a Constituição: 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Artigo 225 da Constituição Federal).
Percebemos, aqui, a abertura de interpretações que a lei nos fornece: o que é ambiente ecologicamente equilibrado? Será que isso tem o mesmo parâmetro para mim e para você? Mais uma coisa: essencial à sadia qualidade de vida – será que há igualdade na qualidade de vida da sociedade? Todos têm o mesmo padrão de vida social (pobres, classes média e alta)?
Vemos com isso que meio ambiente está muito mais relacionado com a questão social e cultural, do que somente a definições biológicas. Esse é um dos desafios primordiais do século XXI para a preservação do meio ambiente: a questão da reforma de valores culturais e sociais, começando pela reforma das próprias políticas públicas. 
Educação Ambiental
Educação, do vocábulo latino educere, significa conduzir, liderar, puxar para fora. Baseia-se na ideia de que todos os seres humanos nascem com o mesmo potencial, que deve ser desenvolvido no decorrer da vida. O papel do educador é, portanto, criar condições para que isso ocorra, criar condições para que levem o desenvolvimento desse potencial, que estimulem as pessoas a crescer cada vez mais Pelicioni, 2009). 
Segundo Paulo Freire, famoso educador brasileiro, hoje reconhecido internacionalmente, ninguém educa ninguém, ninguém conscientiza ninguém, ninguém se educa sozinho. Isso significa que a educação depende de adesão voluntária, depende de quem a incorpora e não de quem a propõe. 
No Relatório para a UNESCO de 1996, da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, a educação aparece como indispensável à humanidade na construção dos ideais de paz, da liberdade e da justiça social como também para o desenvolvimento contínuo, tanto das pessoas como das sociedades, do século XXI em diante (Pelicioni, 2009).
Aqui, vemos que para falar de educação ambiental, temos que admiti-la como processo de educação política que busca formar para que a cidadania seja exercida e para uma ação transformadora, a fim de melhorar a qualidade de vida da coletividade. A abordagem sociocultural permite a ação pró-ativa e transformadora, proposta pela educação ambiental, se efetive, já que implica em formação para uma reflexão crítica (Pelicioni, 2009). 
A educação ambiental se coloca numa posição contrária ao modelo de desenvolvimento econômico vigente no sistema capitalista selvagem, em que os valores éticos, de justiça social e solidariedade não são considerados nem a cooperação é estimulada, mas prevalecem o lucro a qualquer preço, a competição, o egoísmo e os privilégios de poucos em detrimento da maioria da população (Pelicioni e Philippi Junior, 2005). 
Mas, enfim, qual é a definição de educação ambiental?
Educação ambiental é um instrumento que pode proporcionar mudanças na relação do homem com o ambiente e surge como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da vida.
A educação ambiental também pode ser chamada de EA, sua abreviação, e tem como proposta principal a superação da dicotomia entre natureza e sociedade, através da formação de uma atitude ecológica nas pessoas. Um dos seus fundamentos é a visão socioambiental, que afirma que o meio ambiente é um espaço de relações, é um campo de interações culturais, sociais e naturais (a dimensão física e biológica dos processos vitais). Ressalte-se que, de acordo com essa visão, nem sempre as interações humanas com a natureza são daninhas, porque existe um copertencimento, uma coevolução entre o homem e seu meio. Coevolução é a ideia de que a evolução é fruto das interações entre a natureza e as diferentes espécies, e a humanidade também faz parte desse processo, segundo o mesmo site.
Para fecharmos nossa primeira aula, definimos a educação ambiental como um processo que busca: 
“(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)” (capítulo 36 da Agenda 21).
Atividade proposta
Observe ao seu redor se há o uso da educação ambiental na atitude das pessoas: Ruas e calçadas sem lixo, carros com mais de uma pessoa dentro circulando pelas ruas e postos de coleta seletiva. Reflita como esse cenário pode ser revertido em seu bairro.
Saiba mais
Assista ao vídeo sobre educação ambiental de alunos do CEFET – GO. 'Desenvolvimento sustentável'.
Síntese da aula
Nesta aula, você:
Verificou os conceitos e definições sobre meio ambiente e educação ambiental.
Reconheceu o histórico do uso do meio ambiente pelo homem como fator determinante dos problemas ambientais de hoje.
Refletiu sobre os desafios do século XXI no que tange à área ambiental na educação.
 Na próxima aula, você vai estudar:
O desenvolvimento sustentável no contexto da dimensão humana.
A questão do consumo consciente e do consumo sustentável.
Aula 2
Tema: Desenvolvimento sustentável
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
Verificar o desenvolvimento sustentável no contexto da dimensão humana.
Reconhecer a questão do consumo consciente e do consumo sustentável.
Nos 2 ou 5 milhões de história da humanidade, foi só no começo dos anos 1800 que a população mundial alcançou seu primeiro bilhão. 
Levou somente mais 100 anos para essa população duplicar e, outra vez, apenas mais 100 anos para atingir o sêxtuplo. Hoje, existem 6,5 bilhões de humanos na face da Terra (Dourojeanni & Pádua, 2007). 
As perspectivas são ainda mais aterrorizadoras que antes: mesmo considerando a redução da taxa anual de crescimento, a população continuará crescendo 9,2 bilhões de pessoas até 2050, essencialmente nos países em processo de desenvolvimento. 
Seu impacto sobre o mundo natural é grande e continuará. Segundo estimativas, poderemos alcançar a extinção de quase todas as espécies não domesticadas. 
Ainda considerando exagero, essas projeções tem fundamento para a maioria das espécies do mundo, como é revelado pelas evidências já disponíveis, é o caso, por exemplo, das Listas Vermelhas da IUCN, segundo os mesmos autores. 
Será que através da conscientização ambiental de todos poderemos ainda reverter esta previsão de cenário? 
Dicotomia entre ser humano e natureza
Desde os tempos dos caçadores e coletores, três grandes mudanças culturais aumentaram o impacto sobre o meio ambiente. Para que possamos entendê-las e assim discutir o desenvolvimento sustentável na dimensão humana, vamos ler o texto de Miller Junior (2007):
Evidências fósseis e estudos de culturas antigas sugerem que a atual forma de nossa espécie, Homo sapiens sapiens, tem povoado a Terra há apenas 60 mil anos (algumas evidências recentes afirmam 90 mil a 195 mil) – menos que um piscar de olhos nesse maravilhoso planeta com 3,7 bilhões de anos de vida. 
Até, aproximadamente, há 12 mil anos, éramos na maioria caçadores e coletores que se moviam conforme a necessidade de encontrar alimento suficiente para a sobrevivência. A partir daí, três grandes mudanças culturais ocorreram: a revolução agrícola(que começou há 10-12 mil anos); a revolução industrial-médica (iniciada por volta de 275 anos atrás) e a revolução da informação-globalização (iniciada há cerca de 50 anos).
Essas mudanças culturais aumentaram de forma considerável nosso impacto no meio ambiente. Por meio dessas mudanças, passamos a dispor de muito mais energia e novas tecnologias para alterar e controlar o planeta, visando atender a nossas necessidades básicas e crescentes desejos. Elas também permitiram a expansão da população humana, em especial devido à farta disponibilidade de suprimentos alimentares e maior expectativa de vida. Além disso, elevaram consideravelmente o uso de recursos, poluição e degradação ambiental, que ameaçam a sustentabilidade das culturas humanas a longo prazo.
Interessante este histórico exposto pelo autor não? 
Mas o que é desenvolvimento sustentável então?
Antes de respondermos essa questão, vamos observar, como o fez Gonçalves (1990 apud Pelicioni, 2005), que o modo de ser, de produzir e de viver dessa sociedade é fruto de um modo de pensar e agir em relação à natureza e aos outros seres humanos que remonta a muitos séculos. 
Restringindo-se ao pensamento ocidental, percebem-se nas obras de alguns filósofos da Grécia e Roma clássicas, bem como na tradição judaico-cristã, espinha dorsal da cultura ocidental, indícios de certos valores presentes nas sociedades atuais, como o antropocentrismo e a visão dicotomizada entre o ser humano e a natureza.
Platão, por exemplo, no ano de 111 a.C., já denunciava a ocorrência de desmatamento e erosão (*) de solo nas colinas de Átila, na Grécia, ocasionados pelo excesso de pastoreio de ovelhas e pelo corte de madeira (Darby, 1956).
(*) Através do exposto, percebemos que medidas precisariam ter sido tomadas desde então, mas que infelizmente não o foram. 
A concepção de desenvolvimento sustentável tem suas raízes fixadas na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, capital da Suécia, em julho de 1972, segundo Brunacci e Philippi Junior (2009).
Segundo Funiber (2209), o termo desenvolvimento sustentável, como é, foi estabelecido pela International Union for The Conservation of Nature (IUCN), embora sua popularidade tenha origem no relatório “Nosso futuro comum” ou relatório Bruntland (WCED, 1987), preparado pela Comissão Bruntland das Nações Unidas, no qual se lê:
“O desenvolvimento sustentável satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a capacidade de futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades”. 
Os componentes substantivos nesta definição são as questões de equidade.
Tanto entre uma mesma geração como entre diferentes gerações, a fim de que todas, presentes e futuras, aproveitem o máximo sua capacidade potencial.
Atualmente, esses dois objetivos não tem assegurada a prioridade que merece. Hoje, uma reestruturação das pautas concernentes à distribuição de renda e à produção e ao consumo em escala mundial seria uma condição prévia a toda estratégia de desenvolvimento sustentável. 
Desenvolvimento sustentável
O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em um contexto de crise econômica e revisão de paradigmas de desenvolvimento. A instabilidade, o aumento da pobreza, etc., colocavam em dúvida a viabilidade dos modelos convencionais, inclusive, a própria ideia de “desenvolvimento” havia sido sustada das políticas ante a urgente necessidade de estabilizar as economias e recuperar o crescimento econômico (Funiber, 2009). 
O surgimento da ideia do desenvolvimento sustentável teve repercussões importantes em todos os meios – graças aos esforços da Comissão das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) (*) – devido à necessidade de renovar concepções e estratégias, buscando o desenvolvimento das nações pobres e reorientando o processo de industrialização dos países mais avançados. 
(*) O conceito convencional de desenvolvimento se referia ao processo de melhoria das condições econômicas e sociais de uma nação. O enfoque da Comissão buscou ir além da dimensão econômica e social, tratando de incluir a questão ambiental como um dos elementos centrais da concepção e da estratégias de desenvolvimento, ainda segundo Funiber (2009). 
Ainda segundo o mesmo autor, ao qualificar o desenvolvimento como o adjetivo “sustentável”, incorpora-se um conceito de capacidade de subsistir ou continuar. 
Sustentabilidade
A sustentabilidade expressa uma preocupação com o meio ambiente para que as gerações futuras o utilizem e o desfrutem da mesma forma que a presente. 
Neste caso, “desenvolvimento” não é sinônimo de “crescimento”. Crescimento econômico é entendido como aumentos na renda nacional. Em contra partida, o desenvolvimento implica algo mais amplo, uma noção de bem-estar econômico que reconhece componentes não monetários. Estes podem incluir a qualidade do meio ambiente. 
O desenvolvimento sustentável exige que se definam prazos, com qual ordem de prioridades, a que níveis e escalas e quais recursos econômicos utilizar para obter a sustentabilidade. Essa tarefa é muito complexa, dados os aspectos sociais, políticos e elementos técnicos implicados, por exemplo, na superação da pobreza, em que a sustentabilidade pode ser inalcançável, mesmo em prazos relativamente longos (Funiber, 2009).
Vemos em diversos estudos, que as modificações ambientais provocadas pela ação antrópica, alterando significativamente os ambientes naturais, poluindo o meio ambiente físico, consumindo recursos naturais sem critérios adequados, aumentam o risco de exposição a doenças e atuam negativamente na qualidade de vida da população (Miranda et al., 1994; Ministério da Saúde, 1995; Banco Mundial, 1998; Who, 1999).
As modificações ambientais decorrentes do processo antrópico de ocupação dos espaços e de urbanização, que ocorrem em escala global, especialmente as que vêm acontecendo desde os séculos XIX e XX, impõem taxas incompatíveis com a capacidade de suporte dos ecossistemas naturais (Philippi Junior & Malheiros, 2008).
Ainda segundo os mesmos autores, a análise dos impactos potenciais dessas modificações pode ser feita sob o enfoque da mudança nos padrões de consumo e de produção, facilitando assim a compreensão dessa questão e das medidas necessárias para a reversão dos problemas instaurados.
Consumo consciente
Mas afinal, o que podemos fazer em relação ao consumo, se o mesmo é necessário para a sobrevivência das espécies? Para responder isso, surge as questões de consumo consciente e consumo sustentável.
Todos os organismos consomem: água, nutrientes, energia. Mas há uma diferença significativa entre outras espécies de organismos vivos e o homem: o consumismo desenfreado e exagerado que não é somente para sobreviver no meio em que vive. 
Ver vídeo: I Seminário Consumo Consciente FASB
Quando falamos em consumo, a primeira coisa que vem à mente é o ato de comprar, seja de maneira programada, por necessidade ou por impulso. A compra é apenas um dos sentidos deste conceito. Antes dela, temos que decidir:
O que consumir?
Por que consumir?
Como consumir?
De quem consumir?
Compra
Uso e descarte
O consumo consciente é uma maneira de consumir levando em consideração os impactos provocados pelo consumo. 
Com isso, o consumidor pode, por meio de suas escolhas, maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos dos seus atos, e desta forma contribuir para construir um mundo melhor.
Esses conceitos estão no seguinte site: http://www.ressoar.org.br/
O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta.
Ele reflete a respeito de seus atos de consumo e como irão repercutir sobre si mesmo, nas relações sociais, na economia e na natureza. Dissemina o conceito e a prática do consumo consciente, pois sabe que pequenos gestos realizados por muitas pessoas promovem grandes transformações. 
Vários são os exemplos que podem ser citados quanto ao uso não consciente dos recursos naturais esgotáveis que já estão gerando sériosproblemas no mundo: água potável, combustíveis fósseis, energia elétrica, minerais como ouro e o mercúrio.
O conceito de consumo sustentável começou a ser construído a partir do termo desenvolvimento sustentável, divulgado com a Agenda 21, documento produzido durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992. 
A Agenda 21 relata quais as principais ações que devem ser tomadas pelos governos para aliar a necessidade de crescimento dos países com a manutenção do equilíbrio do meio ambiente. 
Os temas principais desse documento falam justamente sobre mudanças de padrões de consumo, manejo ambiental dos resíduos sólidos e saneamento e abordam ainda o fortalecimento do papel do comércio e da indústria.
Para saber mais, visite o leia o artigo: O Que é Consumo Sustentável?
Consumidor consciente
Podemos definir o consumo sustentável como: o uso dos recursos naturais para satisfazer as necessidades pessoais sem o comprometimento das necessidades das gerações futuras. Saber usar para nunca faltar. 
Se o consumo é um ato essencial e inevitável da vida humana, e apresenta características particulares que ultrapassam as necessidades da vida biológica ou material, precisamos raciocinar que a satisfação das necessidades humanas tem três componentes:
Utilitário: O componente utilitário nem sempre determina a escolha.
Comunicação: Às vezes o ato do consumo está motivado pelo propósito de se comunicar com os outros, de demonstrar que se respeitam as convenções sociais, que se está na moda ou que se é completamente diferente. 
Psicológico: O componente psicológico impulsiona a consumir para se provar algo a si mesmo, para se assemelhar à imagem que tem de si e se sentir bem consigo mesmo. 
O consumo desmedido das sociedades modernas implica o uso de elevadas quantidades de recursos naturais. Ao mesmo tempo, os atos de consumo comprometem todas as esferas da vida humana: a material, a social e a psicológica. 
Modificar os hábitos de compra da população é um objetivo indispensável para coadjuvar a proteção do meio ambiente, diminuir a contaminação e a geração de resíduos e promover um eficiente controle de energia, entre outras coisas. 
A aquisição de novos hábitos implica a modificação da cultura que faz consumir bens e serviços supérfluos, limitando-se apenas a satisfação das necessidades básicas e gerando novas formas de relação entre a população e o meio natural. 
Torna-se evidente que a educação é um instrumento catalisador através do qual se pode impulsionar e fomentar uma cultura da responsabilidade ambiental. 
Percebemos ao longo da discussão desse tema, que temos a possibilidade de deixarmos para as futuras gerações um pouco do nosso patrimônio natural, nos dado pelo planeta Terra, de modo que todos tenham a possibilidade de usufruto consciente do mesmo. 
Para isso, medidas políticas, sociais e culturais precisam ser tomadas e praticadas continuamente. 
Que tal fazermos a nossa parte?
Atividade Proposta
No início da década de 1970, a noção de desenvolvimento de um país era medida de forma diferente da atual, onde não existia, antes da Comissão de 1972, a questão ambiental como um dos elementos centrais da concepção e das estratégias de desenvolvimento. Como era visto o progresso naquele tempo?
R: A medida era tomada pelo tamanho do campo industrial de cada país.
Gabarito: O conceito convencional de desenvolvimento se referia ao processo de melhoria das condições econômicas e sociais de uma nação, e a poluição pelas indústrias era considerada um fator de progresso. 
Síntese da aula
Nesta aula, você:
Verificou o desenvolvimento sustentável no contexto da dimensão humana.
Reconheceu a questão do consumo consciente e do consumo sustentável.
Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos:
Os encontros e eventos importantes para a discussão de meio ambiente e educação ambiental: Tbilisi, Moscou, Rio-92.
Aula 3
Tema: Movimentos ambientalistas
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de reconhecer os principais encontros e eventos importantes para a discussão de meio ambiente e educação ambiental:
Tbilisi, 
Moscou, 
Rio-92.
Introdução
“Podemos ajudar a tornar o mundo um lugar melhor ao não cairmos em armadilhas mentais que levam à negação e à inação, e ao manter nossos sentimentos poderosos de esperança ligeiramente à frente de nossos sentimentos imobilizantes de desespero.” (Miller Junior, 2007). 
Ainda segundo o mesmo autor, contribuímos de forma diretas e indiretas para os problemas ambientais que enfrentamos. Entretanto, por não querermos nos sentir culpados pelos danos ambientais que podemos estar criando, tentamos não pensar muito nessa questão.
A quebra deste paradigma é feita, quando grupos se reúnem para discutir a questão das possibilidades de preservação do meio e de mudanças de políticas públicas para que isso ocorra da melhor forma: para a sociedade e para a natureza. 
Vamos conhecer esses grupos? 
Surge a educação ambiental
“A insatisfação gerada por uma série de situações, como o crescimento desordenado das cidades, a exclusão social, o autoritarismo, a ameaça nuclear, os desastres ambientais resultantes da ação humana, entre outros problemas, foi reunindo cada vez mais pessoas em torno de questões relativas ao meio ambiente, à qualidade de vida e à cidadania.” (Pelicioni, 2009).
“Ao longo da década de 1960, ocorreram manifestações populares em diversos países, por exemplo Brasil, Japão, antiga Tchecoslováquia, EUA, em razão de problemas como a ditadura, a ocupação soviética, a Guerra do Vietnã, entre outros. Na França, essa movimentação atingiu seu apogeu ao longo de 1968, quando vários grupos – estudantes, artistas, intelectuais e operários – articularam uma grande greve nacional contra o status quo (*).” (Simonnet, 1981). 
(*) Estado atual das coisas na época em questão.
Greve de 1968: Estudantes da Universidade Sorbonne protestam nas ruas de Paris.
Já nessa época, vemos que o movimento ecológico colocou em xeque a estrutura de necessidades, o modo de vida das pessoas e as relações entre a humanidade e o mundo, segundo Castoriadis e Cohn-Bendit (1981). 
Mas por onde andava a questão de educação ambiental? 
A educação ambiental (EA) na década de 1960, ainda não estava bem delineada e, por vezes, era confundida com educação conservacionista, aulas de ecologia ou atividades propostas por professores de determinadas disciplinas.
Essa educação ora privilegiava o estudo compartimentalizado dos recursos naturais e as soluções técnicas para os problemas ambientais locais, ora visavam despertar nos jovens um senso de maravilhamento em relação à natureza. (Pelicioni, 2002 apud Pelicioni, 2009). 
Vários autores apontam a Keele Conference on Education and Countryside, realizada em 1965, na Universidade de Keele (Inglaterra), como um marco a partir do qual o termo Environmental Education (educação ambiental), que circulava em meios específicos, alcançou ampla divulgação (Martin e Wheeler, 1975 apud Pelicioni, 2009).
Conselho para Educação Ambiental
Pouco tempo depois, na Grã-Bretanha, implantou-se o Conselho para Educação Ambiental, voltado para a coordenação de organizações envolvidas com os temas educação e meio ambiente. Já em 1970, segundo Pelicioni (2009), o Conselho para EA fazia o seguinte alerta por meio de um relatório: 
... pessoas diferentes atribuem diversos significados {à EA}, e também muitos dos que usam o termo não têm certeza do que querem dizer. Parte da confusão emerge da tendência de ministrantes de diversas disciplinas em se apropriar do termo “ambiental” para sua área, qual seja ecologia, geografia, história, arqueologia, arquitetura, planejamento, sociologia ou estudos rurais. Alguns pensam exclusivamente em termos de ambientes naturais, outros em ambiente urbano ou em qualquer estágio do ambiente construído.
Educação ambiental - Brasil
No Brasil, durante a década de 1960, ocorreu uma nova onda de produção legislativa– o novo Código Florestal, a nova Lei de Proteção aos Animais e a criação de vários parques nacionais e estaduais. Entretanto, continuavam não sendo discutidos problemas fundamentais como o estilo de desenvolvimento que o país deveria adotar, a poluição, o zoneamento das atividades urbano-industriais, entre outros. Como observa Drummond (1997):
... a disseminação da consciência ambientalista no Brasil foi muito prejudicada pelos altos e baixos da democratização do país. A ditadura de 1964 desmobilizou a cidadania, resultando numa atuação estatal tímida e particularmente voltada para a preservação do chamado ambientalismo geográfico, naturalista, ou seja, ainda voltado para a criação de áreas naturais protegidas.
Conferência de Biosfera
No final da década de 1960, percebemos que a problemática ambiental suscita debates no mundo: A UNESCO (em colaboração com outras entidades) organiza a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, ou simplesmente, a Conferência da Biosfera. 
Esse evento, em Paris, deu continuidade ao tema da cooperação internacional em pesquisas científicas, que havia sido inicialmente abordado, em 1949, na Conferência Científica das Nações Unidas sobre a Conservação e Utilização de Recursos (Pelicioni, 2009).
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
A cidade de Estocolmo (Suécia) sediou a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (*), em 1972 que foi a primeira conferência temática da ONU e reuniu representantes de 113 países (Pelicioni, 2009).
(*) Em decorrência de uma das recomendações oriundas da Conferência da Biosfera e atendendo à solicitação dos representantes suecos presentes na XXIII Assembleia Geral da ONU(1969), uma vez que a Suécia estava sofrendo os efeitos da poluição gerada em outros países.
Segundo McCormick (1992), em Estocolmo foi a “primeira vez que as questões políticas, sociais e econômicas do meio ambiente global foram discutidas em um fórum intergovernamental, com a perspectiva de realmente empreender ações corretivas”, o que produziu maior envolvimento tanto por parte dos governantes e das instituições supranacionais quanto das Organizações Não-Governamentais (ONGs), mesmo tendo participado de fóruns distintos. Nessa fase, portanto, a visão conservacionista estava dando lugar a um movimento mais amplo. 
O mesmo autor afirma que foi:
“o acontecimento isolado que mais influiu na evolução do movimento ambientalista internacional, pois confirmou a tendência em direção a uma nova ênfase sobre o meio ambiente humano. O pensamento progrediu das metas limitadas de proteção da natureza e conservação dos recursos naturais para a visão mais abrangente da má utilização da biosfera por parte dos humanos. 
A própria natureza do ambientalismo mudou: da forma popular, intuitiva e provinciana com a qual emergiu nos países mais desenvolvidos no final dos anos 60, para uma forma de perspectivas mais racionais e globais, a qual enfatizava o esforço no sentido de uma compreensão plena dos problemas e do acordo sobre uma ação legislativa efetiva. Forçou um compromisso entre as diferentes percepções sobre o meio ambiente defendidas pelos países mais e menos desenvolvidos”.
Desdobramentos de Estocolmo: Tbilisi, Moscou e Rio 92
Importantes desdobramentos de Estocolmo foram as iniciativas voltadas para a recuperação da saúde ambiental do planeta, por meio do incentivo à implantação de políticas públicas, órgãos ambientais estatais, cooperação e acordos internacionais, além da ênfase na necessidade da generalização de esforços para a educação ambiental. 
A própria Declaração sobre o Ambiente Humano, gerada no evento, enfatizou a necessidade de mais trabalhos em educação voltados para as questões ambientais (Pelicioni, 2009). 
Após Estocolmo e seguindo sua recomendação de número 96, que atribuiu grande importância estratégica à EA, foram realizados diversos encontros nacionais, regionais e internacionais, dentro os quais, destacaremos:
Conferência de Tbilisi;
Congresso de Moscou;
Conferência do Rio de Janeiro.
Tbilisi, 1977
A primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental – Conferência de Tbilisi (*), constituiu-se num marco histórico para a evolução da EA. 
(*) Foi realizada em Tbilisi na capital da Geórgia, de 14 a 26 de outubro de 1977, organizada pela UNESCOA, em cooperação com o Pnuma. Até o presente, é a referência internacional para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental. 
Esta Conferência produziu um documento, publicado em 1980, chamado “Livro Azul”, que até hoje é uma importante fonte de consulta para ações em EA. De uma forma sintética, o documento explica que: 
Mediante a utilização dos avanços da ciência e da tecnologia, a educação deve desempenhar uma função capital com vistas a criar a consciência e a melhor compreensão dos problemas que afetam o meio ambiente. Essa educação há de fomentar a elaboração de comportamentos positivos de conduta com respeito ao meio ambiente e à utilização de seus recursos pelas nações. 
A EA deve dirigir-se a pessoas de todas as idades, a todos os níveis, na educação formal e não formal. Os meios de comunicação social têm a grande responsabilidade de por seus enormes recursos a serviço dessa missão educativa.
 A EA, devidamente entendida, deveria constituir uma educação permanente, geral, que reaja às mudanças que se produzem em um mundo em rápida evolução. Essa educação deveria preparar o indivíduo, mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente, prestando a devida atenção aos valores éticos.
Ao adotar um enfoque global, sustentado em uma ampla base interdisciplinar, a EA cria uma perspectiva dentro da qual se reconhece a existência de uma profunda interdependência entre o meio natural e o meio artificial, demonstrando a continuidade dos vínculos dos atos do presente com as consequências do futuro, bem como a interdependência entre as comunidades nacionais e a solidariedade necessária entre os povos.
Moscou, 1987
Dez anos depois da Conferência de Tbilisi, trezentos especialistas de cem países e observadores da IUCN, reuniram-se em Moscou, CEI (17 a 21 de agosto de 1987) para o Congresso Internacional em Educação e Formação Ambientais, promovido pela Unesco/ Unep/IEEP, conhecido como o Congresso de Moscou.
O Congresso objetivou a discussão das dificuldades encontradas e dos progressos alcançados pelas nações, no campo da EA, e a determinação de necessidades e prioridades em relação ao seu desenvolvimento, desde Tbilisi.
Fez uma análise da situação ambiental global e não encontrou sinais de que a crise ambiental houvesse diminuído. Ao contrário, o abismo entre as nações aumentou e as mazelas dos modelos de desenvolvimento econômico adotados se espalharam pelo mundo, piorando as perspectivas para o futuro. 
Concordou-se que a EA deveria, simultaneamente, preocupar-se com a promoção da:
conscientização, 
transmissão de informações, 
desenvolvimento de hábitos e habilidades, 
promoção de valores, 
estabelecimento de critérios e padrões, 
e orientações para resolução de problemas e tomada de decisões. 
Portanto, deveria objetivar modificações comportamentais nos campos cognitivos e afetivos. 
Rio 92
A Conferência do Rio ou Rio-92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced ou Earth Summit) veio contrariar os que gostam de tornar as coisas mais complicadas. Através do capítulo 4, Seção IV da Agenda 21, a Rio-92 corroborou as recomendações de Tbilisi para a EA.
Ficou patente a necessidade do enfoque interdisciplinar e da prioridade das seguintes áreas de programas: 
Reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável.
Aumentar os esforços para proporcionar informações sobre o meioambiente, que possam promover a conscientização popular.
Promover o treinamento.
Vídeo do Discurso de Severn Suzuki na ECO 92 - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento: https://www.youtube.com/watch?v=es2OuHWsFeI
Conclusão
É importante termos a percepção de que a discussão da educação ambiental transcende a educação formal e os próprios encontros especializados no assunto, mas parte também da educação familiar e social. 
Somente através da união desses fatores é que poderemos ter esperança de que a preservação ambiental, para nosso presente e futuro no planeta, realmente aconteça. 
Reforçamos que não foram somente estes três encontros com foco na discussão de educação ambiental que ocorreram no mundo, mas que estes foram os marcantes para a divulgação do assunto.
Saiba mais
Leia a página da entidade ambientalista onda verde sobre Agenda 21.
Síntese da aula 
Nesta aula, você reconheceu os principais encontros e eventos importantes para a discussão de meio ambiente e educação ambiental: 
Tbilisi, 
Moscou, 
Rio-92.
Na próxima aula, conheceremos:
As discussões sobre modelo de desenvolvimento, desigualdade social, globalização.
A inserção da educação ambiental nesse contexto.
Pergunta da professora desenvolver uma consciência da EA e a vida de consumo
Aula 4
Tema: Educação ambiental, pedagogia, política e sociedade
Objetivo desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
Reconhecer as principais discussões sobre modelo de desenvolvimento, desigualdade social, globalização e a inserção da educação ambiental nesse contexto.
Introdução
A educação ambiental nada mais é do que a própria educação, com sua base teórica determinada historicamente e que tem como objetivo final melhorar a qualidade de vida ambiental da coletividade e garantir a sua sustentabilidade.
Isso significa que é obrigatório que o educador ambiental conheça e compreenda a história da educação, e os pensamentos pedagógicos aí gerados. Seja capaz de escolher as melhores estratégias educativas (*) para atuar sobre os problemas socioambientais e, com a participação popular, tente resolvê-los (Pelicioni, 2009).
(*) A ação transformadora da educação ambiental deve estar apoiada na ética, na justiça social e na equidade. Os conhecimentos das outras ciências: como filosofia, psicologia, sociologia e, principalmente subsídios para a consolidação de um novo projeto civilizatório, de uma nova visão do ser humano em suas relações com a natureza (Philippi Junior e Pelicioni, 2000 apud Pelicioni, 2009).
Segundo o mesmo autor, a interdisciplinaridade, então, é inerente à educação ambiental. Se os problemas ambientais são muito complexos e são causados pelos modelos de desenvolvimento adotados até hoje, suas soluções dependem de diferentes saberes, de pessoas com diferentes formações voltadas para o objetivo comum de resolvê-los.
Histórico
O século XXI inicia-se por meio de uma emergência socioambiental que promete agravar-se caso sejam mantidas as tendências atuais de degradação; um problema enraizado na cultura, nos estilos de pensamento, nos valores, nos pressupostos epistemológicos e no conhecimento, que configuram o sistema político, econômico e social que vivemos (Luzzi, 2009).
Uma emergência que mais do que ecológica, é uma crise do estilo de pensamento, do imaginário social e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e mercantilizando o mundo. Uma crise do ser no mundo, que se manifesta em toda a sua plenitude; nos espaços internos do sujeito, nas condutos sociais autodestrutivas; e nos espaços externos, na degradação da natureza e da qualidade de vida das pessoas. É nesse sentido que consideramos que a solução dos problemas do presente não se encontra na mera gestão dos recursos naturais nem na incorporação das externalidades ambientais aos processos produtivos (Luzzi, 2009).
Ainda segundo o mesmo autor, a resolução requer amadurecimento da espécie humana, ruptura das hipocrisias sociais, construção de novos desejos, de novos horizontes, de novos estilos de pensamentos e sentimentos.
A humanidade chegou a uma encruzilhada que exige examinar-se para tentar achar novos rumos e refletir sobre a cultura, as crenças, os valores e conhecimentos em que se baseia o comportamento cotidiano, assim como sobre o paradigma antropológico-social que persiste nas ações, no qual a educação tem um enorme peso.
A educação deve produzir ser próprio giro copernicano, tentando formar as gerações atuais não somente para aceitar a incerteza e o futuro. Mas para gerar um pensamento complexo e aberto às determinações, às mudanças, à diversidade, à possibilidade de construir e reconstruir em um processo contínuo de novas leituras e interpretações do já pensado, configurando possibilidades de ação naquilo que ainda há por se pensar (Leff, 2000).
Educação ambiental
O binômio educação/ambiente deverá então desaparecer com o tempo. A educação será ambiental, ou não será, no sentido de permitir rumarmos para uma nova sociedade sustentável.
Uma educação que, mais além das denominações que adquira – Educação Ambiental, Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Educação para o Futuro Sustentável, Educação para Sociedades Responsáveis -, perca os adjetivos e como um todo se encaminhe na busca de sentido e significação para a existência humana (Luzzi, 2009).
Essa discussão pedagógica sobre a educação ambiental também nos remete a sua interligação com o desenvolvimento, relacionado à educação ambiental, onde precisamos entender sobre economia, pois o desenvolvimento econômico sustentável do ponto de vista ambiental pode premiar práticas sustentáveis e benéficas e também condenar as não sustentáveis e nocivas.
Segundo Miller Junior (2008), neste século, muitos analistas nos desafiam a dedicar mais atenção ao desenvolvimento econômico sustentável no que se refere ao meio ambiente. Esse tipo de desenvolvimento faz uso de prêmios econômicos (principalmente subsídios governamentais ou incentivos fiscais) para incentivar formas benéficas e sustentáveis de crescimento econômico e utiliza sanções econômicas (especialmente impostos e regulamentações governamentais) para desencorajar formas nocivas e não sustentáveis de crescimento econômico ligado ao meio ambiente.
Um sistema econômico produz mercadorias e serviços utilizando recursos naturais, humanos e manufaturados e é uma instituição por meio da qual as mercadorias e serviços são produzidos, distribuídos e consumidos para satisfazer as necessidades das pessoas e os desejos ilimitados da maneira mais eficiente possível. 
Sistema econômico
Em um sistema econômico com base no mercado, os compradores (consumidores) e vendedores (fornecedores) interagem em mercados para tomar decisões econômicas sobre quais mercadorias e serviços serão produzidos, distribuídos e consumidos (Miller Junior, 2008).
Desigualdade social
Isso nos remete a outra discussão, que é a questão da desigualdade social (*), pois como falar em aquisição de produtos e até serviços, com o quadro atual de miséria generalizada que temos?
(*) Quando falamos em desigualdade social, o problema não está na escassez de riqueza, mas na sua distribuição. O século XX tem sido testemunha do aumento do consumo em um ritmo sem precedentes, chegando a 24 trilhões de dólares em 1998, o dobro do nível de 1975 e seis vezes o de 1950, refletindo o crescimento de mais de 40% do PIB mundial. Contudo a pobreza cresceu 17% nesse período (Luzzi, 2009).
Segundo o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (1998) - o mundo se encontra cada vez mais polarizado, pois no fim dos anos 90:
A quinta parte da população mundial, que vivia nos países de maior renda possuía:
86% do PIB mundial;
82% dos mercados mundiais de exportação.
A quinta parte inferior somente possuía:
1% do PIB mundial;
1% dos mercados mundiais de exportação.
Ainda conforme o PNUD (1998), a não ser que os governos adotem oportunamente medidas corretivas, o crescimento econômicopode ficar distorcido e defeituoso. O certo é que o modelo de desenvolvimento já se mostrou defeituoso, gerando um crescimento econômico:
sem emprego: As economias crescem, sem aumentar as oportunidades de emprego.
sem raízes: O processo de globalização cultural unidirecional, liderado pelo livre mercado, gera a massificação das pautas culturais, sepultando as raízes dos povos, a história e a memória coletiva, uma verdadeira armadilha social, pois um povo que não tem memória histórica está condenado a repetir seus erros sem chance de reflexão e amadurecimento
sem equidade: Os frutos do crescimento econômico beneficiam principalmente os ricos, deixando milhões de pessoas imersas em uma pobreza cada vez mais profunda.
sem voz: Crescem economias, mas não se fortalecem as democracias no que se refere à participação das pessoas.
sem futuro: Já que o crescimento econômico descontrolado de muitos países está acabando com os bosques, contaminando os rios, o mar, o solo, o ar, destruindo a diversidade biológica e cultural e esgotando os recursos naturais não renováveis.
Globalização
A globalização está abrindo oportunidades a milhões de pessoas, entretanto encontra-se impulsionada pela expansão dos mercados; e todos nós sabemos que os mercados competitivos podem ser a melhor garantia de eficiência, porém não necessariamente de equidade. Quando a ambição do lucro dos participantes no mercado se descontrola, desafia a ética dos povos e sacrifica o respeito pela justiça e pelos direitos humanos (PNUD, 1999).
Neste mesmo informe do PNUD (1999), destacou-se que o objetivo da globalização do novo século não consiste em deter a expansão dos mercados, mas é necessário gerar uma globalização com ética, ou seja, com menos violações dos direitos humanos; com equidade, que implique menos disparidade dentro das nações e entre elas; com inclusão, isto é, menos marginalização dos povos e países; com segurança humana, gerando menos instabilidade social e vulnerabilidade; com sustentação, implicando menos destruição ambiental; com desenvolvimento, ou seja, menos pobreza e privação.
Nesse cenário de sucessos e padecimentos humanos, deve-se encontrar um novo conceito de segurança humana, um novo paradigma. Segundo Luzzi (2009), um novo modelo de desenvolvimento que:
Coloque o ser humano no centro do desenvolvimento.
Considere o crescimento econômico como um meio e não um fim.
Proteja a vida das futuras gerações e igualmente a das atuais.
Respeite os sistemas naturais do qual dependem todos os seres vivos.
Modelo atual de desenvolvimento
Conforme Bifani (1997), no atual modelo de desenvolvimento, a sociedade rica explora ao máximo a natureza para satisfazer às necessidades luxuosas ou supérfluas, enquanto os mais necessitados a deterioram para prover-se com o mínimo requerido para a subsistência. O século XXI começa com uma crescente tensão socioambiental, em que se podem identificar três dimensões principais:
Consumo
No final do milênio, a sociedade industrial moderna não somente consome recursos naturais renováveis a uma velocidade maior do que requer o planeta para sua natural reposição, mas, além disso, gera desperdícios em um nível superior do que precisa para sua natural reciclagem.
Degradação ambiental
A civilização em seu conjunto criou tecnologias capazes de manufaturar produtos não degradáveis e tóxicos para o ambiente. Centenas de milhões de quilos dessas substâncias são produzidas anualmente sem ser assimiladas por nenhum organismo vivo. Somente podem acumular, e com isso contaminar a terra, as águas, o ar, e portanto, a cadeia de alimentos: flora, fauna e seres humanos. Esse ecossistema demorou milhões de anos para se formar e a civilização industrial o agrediu no transcurso de apenas dois séculos.
Pobreza
O consumo crescente de recursos naturais não está associado a uma divisão equitativa, gerando grande desigualdade. Quase a metade do mundo luta por sua sobrevivência cotidiana. Esta desigualdade está produzindo conflitos armados e grandes deslocamento de populações das zonas rurais para os centros urbanos.
Educação ambiental
Nesse contexto é que se defende que a educação ambiental não pode ser reduzida a uma simples visão ecologista, naturalista ou conservadora sem perder legitimidade social, por uma simples questão de ética, e sem perder sua coerência, porque a resolução dos problemas socioambientais anteriormente apresentados se localiza no campo político e social, na superação da pobreza, na desaparição do analfabetismo, na geração de oportunidades, na participação ativa dos cidadãos (Luzzi, 2009).
Conforme Luzzi (2009), o problema ambiental não se resolve com a assepsia cientificista, seja esta ecológica, biológica ou tecnológica; sua resolução se localiza no campo da cultura, do imaginário social, dos valores e da organização política e econômica global. A definição de educação ambiental nesse contexto deve estar estreitamente relacionada à visão construída sobre a realidade em que se vive, já que toda ação é resultado de certa compreensão, da interpretação de algo que configure sentido; por isso, é conveniente abordar os principais problemas ambientais do presente, aprofundando suas origens e suas alternativas de solução, com uma interpretação própria do problema, a fim de avançar nessa aventura de construção de sentidos que significa aprender a aprender.
Conclusão
Precisamos ter em mente que o desafio que temos é de utilizar de forma criativa os sistemas econômicos e políticos para implementar soluções dos problemas sobre o funcionamento da natureza e como se sustenta. A chave é reconhecer que a maioria das mudanças econômicas e políticas é resultado de ações individuais (*) e de indivíduos agindo conjuntamente para promover mudanças por meio de ação envolvendo pessoas comuns, de baixo para cima.
(*) Cientistas sociais sugerem que é necessário apenas 5 a 10% da população de um país para provocar uma grande mudança social. A antropóloga Margaret Mead resumiu nosso potencial de mudança: “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos atentos e comprometidos possa mudar o mundo. Na realidade, só assim se foi capaz de mudar o mundo até hoje”. Isso significa que devemos aceitar nossa responsabilidade ética de administradores do capital natural da Terra, deixando-a em uma condição boa, senão melhor, do que aquela que encontramos (Miller Junior, 2008).
Com isso posto, os educadores ambientais devem integrar-se aos movimentos políticos e sociais que lutam por uma vida melhor para todos, contribuindo humildemente nesse processo de diálogo permanente, tentando gerar as bases de uma educação que se objetive na busca do outro, para a construção de uma pluralidade que fundamente o sentido ético da ida humana, e a presença constante da utopia e da esperança. Esse é o desafio, segundo Luzzi (2009).
Para que serve uma casa se você não tiver um planeta para colocá-la? Henry David Thoreau
Atividade Proposta
O século XXI inicia-se por meio de uma emergência socioambiental que promete agravar-se caso sejam mantidas as tendências atuais de degradação; um problema enraizado na cultura, nos estilos de pensamento, nos valores, nos pressupostos epistemológicos e no conhecimento, que configuram o sistema político, econômico e social que vivemos.
Qual o principal paradigma que temos que quebrar para podermos ter uma visão mais positiva do futuro do homem em relação à educação ambiental e a preservação do meio ambiente? Selecione a alternativas correta:
( ) A forma como o ser humano se reproduz sem controle, levando a superpopulação e escassez de recursos. Essa escassez tem nos levado a desigualdade social, e problemas ambientais.
(X) É a crise do estilo de pensamento, do imaginário social e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e mercantilizando o mundo, que se não for alterada de forma emergencial, não sustentará nem nossas próximas gerações.
Saiba mais
INTERAÇÃO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DE MATERIAIS INSTRUCIONAISde Silva e Leme (2008) - ver na biblioteca da disciplina
Livro
Educação Ambiental: Pesquisa e Desafios, Autor: Michèle Sato e Isabel Carvalho e colaboradores, Editora: Artmed, Ano: 2005, Capítulo 7. - Interdisciplinaridade e educação ambiental: explorando novos territórios epistêmicos. 15 páginas
Síntese da aula
Nesta aula, você:
Reconheceu as principais discussões sobre modelo de desenvolvimento, desigualdade social, globalização e a inserção da educação ambiental nesse contexto.
Na próxima aula, conheceremos:
Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99).
Política Nacional do Meio Ambiente e seus Sistemas e Institutos.
Aula 5
Tema: Educação ambiental e legislação
Objetivo desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
Reconhecer a Política Nacional do Meio Ambiente e seus Sistemas e Institutos.
Identificar a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99).
Introdução
Sabe-se que as democracias foram designadas para lidar principalmente com problemas isolados de curto prazo. Mas o que é democracia e política afinal? Segundo Miller Júnior (2007):
Política é o processo pelo qual indivíduos e grupos influenciam ou controlam as políticas e ações dos governos nos níveis local, estadual, nacional e internacional. A política está preocupada com quem tem poder sobre a distribuição de recursos e quem recebe o quê, quando e como. Muitas pessoas pensam em política no âmbito nacional, mas o que afeta diretamente a maioria das pessoas é o que acontece nas comunidades locais.
Democracia é o governo das pessoas por meio de delegados ou políticos e representantes eleitos. Em uma democracia constitucional, a constituição fornece a base de autoridade governamental, limita o poder do governo ordenando eleições livres e garantias de liberdade de expressão.
Aprovando leis, desenvolvendo orçamentos e formulando regulamentações, os representantes eleitos e nomeados pelo governo devem lidar com a pressão de muitos grupos competitivos de interesse especial.
Para o bem-estar da sociedade e a preservação do meio ambiente, a partir dessas decisões políticas, as pessoas que compõem estes grupos políticos precisam de educação ambiental.
Política
Segundo Sorrentino et al. (2005), a palavra política origina-se do grego e significa limite. Dava-se o nome de polis ao muro que delimitava a cidade do campo; só depois se passou a designar polis o que estava contido no interior dos limites do muro. O resgate desse significado, como limite, talvez nos ajude a entender o verdadeiro significado da política, que é a arte de definir os limites, ou seja, o que é o bem-comum (Gonçalves, 2002, p. 64).
Para Arendt (2000), a pluralidade é a “condição pela qual” (conditio per quam) da política, implica e tem por função a conciliação entre pluralidade e igualdade.
Quando a entendemos política a partir da origem do termo, como limite não falamos de regulação sobre a sociedade, mas de uma regulação dialética sociedade-Estado que favoreça a pluralidade e a igualdade social e política.
Por sua vez, o ambientalismo coloca-nos a questão dos limites que as sociedades têm na sua relação com a natureza, com suas próprias naturezas como sociedades. Assim, resgatar a política é fundamental para que se estabeleça uma ética da sustentabilidade resultante das lutas ambientalistas (Sorrentino et al., 2005).
Munidos desses preceitos, entenderemos melhor o histórico das políticas públicas de meio ambiente em nosso país (não que a mesma seja justificável em seus erros e acertos, mas está hoje da forma como se apresenta por determinantes históricos).
Política ambiental - Brasil
Até o início do século XX, o campo político e institucional brasileiro não se sensibilizava com os problemas ambientais, embora não faltassem problemas e nem vozes que os apontassem. A abundância de terras férteis e de outros recursos naturais, enaltecida desde a Carta de Caminha ao rei de Portugal, tornou-se uma espécie de dogma que impedia enxergar a destruição que vinha ocorrendo desde os primeiros anos da colonização.
A degradação de uma área não era considerada um problema ambiental pela classe política, pois sempre havia outras a ocupar com o trabalho escravo. As denúncias sobre o mau uso dos recursos naturais não encontravam ecos na esfera política dessa época, embora muitos denunciantes fossem políticos ilustres, como José Bonifácio, Joaquim Nabuco e André Rebouças.
Nenhuma legislação explicitamente ambiental teve origem nas muitas denúncias desses políticos, que podem ser considerados os precursores dos movimentos ambientalistas nacionais e que, já nas suas origens, apresentavam uma tônica socioambiental dada pela luta contra a escravatura, a monocultura e o latifúndio.
Somente quando o Brasil começa a dar passos firmes em direção à industrialização, inicia-se o esboço de uma política ambiental. A adesão do Brasil aos acordos ambientais multilaterais das primeiras décadas do século XX, praticamente não gerou nenhuma repercussão digna de nota na ordem interna do país. Tomando como critério a eficácia da ação pública e não apenas a geração de leis, pode-se apontar a década de 1930 como o início de uma política ambiental efetiva (Barbieri, 2010).
Conforme Barbieri (2010), uma data de referência é o ano de 1934, quando foram promulgados os seguintes documentos relativos à gestão de recursos naturais:
Código de Caça;
Código Florestal;
Código de Minas;
Código de Águas.
Outras iniciativas governamentais importantes desse período foram: criação do Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil e a organização do patrimônio histórico e artístico nacional.
As políticas públicas dessa fase procuram alcançar efeitos sobre os recursos naturais por meio de gestões setoriais (água, florestas, mineração, etc), para as quais foram sendo criados órgãos específicos, como o Departamento Nacional de Recursos Minerais, Departamento Nacional de Água e Energia Elétrica e outros.
Os problemas relativos à poluição só seriam sentidos em meados da década de 1960, quando o processo de industrialização já havia se consolidado. No início dessa fase, na década de 1930, o rio Tietê, por exemplo, era usado para lazer de muitos paulistanos, e que se tornaria inviável algumas décadas depois. Até meados da década de 1970, a poluição industrial ainda era vista como um sinal de progresso e, por isso, muito bem-vinda para muitos políticos e cidadãos.
Propaganda política de divulgação da evolução da política ambiental no Brasil.
Política ambiental - Mundo
Enquanto isso ocorria no Brasil, no mundo iniciava-se uma política de comando e controle (Command and Control Policy), que assumiu duas características muito definidas, segundo Lustosa, Cánepa e Young (2003):
A imposição pela autoridade ambiental, de padrões de emissão incidentes sobre a produção final (ou sobre o nível de utilização de um insumo básico) do agente poluidor.
A determinação da melhor tecnologia disponível para abatimento da poluição e cumprimento do padrão de emissão.
A razão de ser dessa política é perfeitamente compreensível. Dado o elevado crescimento das economias ocidentais no pós-guerra, com a sua também crescente poluição associada, é necessária uma intervenção maciça por parte do Estado. Este não pode mais se apoiar simplesmente na disputa em tribunais, caso a caso (esfera do Direito Civil), sendo necessário dispor de instrumentos vinculados ao Direito Administrativo.
Entretanto, essa política “pura” de comando e controle apresenta uma série de deficiências, como a morosidade na sua implementação, segundo os mesmos autores.
Política mista de comando e controle
Tentando solucionar os problemas, de certo modo acumulados e agravados ao longo do tempo, os países desenvolvidos encontram-se hoje numa terceira etapa da política ambiental e que, a falta de melhor nome, poderíamos chamar de política “mista” de comando e controle.
Nessa modalidade de política ambiental, os padrões de emissão deixam de ser meio e fim da intervenção estatal e passam a ser instrumentos,dentre outros, de uma política que usa diversas alternativas e possibilidades para a consecução de metas acordadas socialmente.
Temos assim, a adoção progressiva dos padrões de qualidade dos corpos receptores como metas de política e a adoção de instrumentos econômicos – em complementação aos padrões de emissão – no sentido de induzir os agentes a combaterem a poluição e a moderarem a utilização dos recursos naturais, ainda conforme Lustosa, Cánepa e Young (2003).
Voltando ao Brasil, após a Conferência de Estocolmo de 1972, quando as preocupações ambientais se tornam mais intensas, embora nessa ocasião o governo militar brasileiro não reconheceu a gravidade dos problemas ambientais e defendeu sua ideia de desenvolvimento econômico, na verdade um mal desenvolvimento, em razão da ausência de preocupações com o meio ambiente e a distribuição de renda.
Porém, os estragos ambientais mais do que evidentes e a colocação dos problemas ambientais em dimensões planetárias exigiram do poder público uma nova postura. Em 1973, o Executivo Federal cria a Secretaria Especial do Meio Ambiente e diversos estados criaram sua agências ambientais especializadas, como a Cetesb no Estado de São Paulo e a Feema no Estado do Rio de Janeiro (Barbieri, 2010).
O mesmo autor também mostra que, em matéria ambiental, o Brasil também seguiu uma tendência observada em outros países. Onde os problemas ambientais são percebidos e tratados de modo isolado (*) e localizado. Só no início da década de 1980 é que passariam a ser considerados problemas generalizados e interdependentes, que deveriam ser tratados mediante políticas integradas.
(*) Repartindo o meio ambiente em solo, ar e água; e mantendo a divisão dos recursos naturais: água, florestas, recursos minerais e outros.
A legislação federal sobre matéria ambiental nessa fase procurava atender problemas específicos, dentro de uma abordagem segmentada do meio ambiente e percebe-se isso através dos textos legais abaixo:
Decreto-lei 1.413 de 14/8/1975 sobre medidas de prevenção da poluição industrial;
Lei 6.453 de 17/10/1977 sobre responsabilidade civil e criminal relacionada com atividades nucleares;
Lei 6.567 de 24/9/1978 sobre regime especial para exploração e aproveitamento das substâncias minerais;
Lei 6.766 de 19/12/1981 sobre o parcelamento do solo urbano;
Lei 6.902 de 27/4/1981 sobre a criação de estações ecológicas e áreas de proteção ambiental. 
Foi com o advento da Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, que conhecemos uma definição legal e passamos a ter uma visão global de proteção ao meio ambiente. Ela foi editada com o fito de estabelecer a política nacional do meio ambiente, seus fins, mecanismos de formulação, aplicação, conceitos, princípios, objetivos e penalidades devendo ser entendida como um conjunto de instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentado da sociedade e da economia brasileira.
Embora tenha sido editada no início da década de 1980, continua sendo de fundamental importância para o meio ambiente (Funiber, 2009).
Temos assim, a adoção progressiva dos padrões de qualidade dos corpos receptores como metas de política e a adoção de instrumentos econômicos – em complementação aos padrões de emissão – no sentido de induzir os agentes a combaterem a poluição e a moderarem a utilização dos recursos naturais, ainda conforme Lustosa, Cánepa e Young (2003).
Princípios da PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente
O artigo 2º. da referida lei, estabeleceu que a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propiciem à vida, visando assegurar no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios, segundo Funiber (2009):
 Equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público.
Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Planejamento e fiscalização do uso dos recursos naturais;
 Proteção dos ecossistemas;
Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
 Incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias voltadas para o uso racional e à proteção dos recursos ambientais;
Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
Recuperação de áreas degradadas;
Proteção de áreas ameaçadas de degradação; e
Educação ambiental em todos os níveis de ensino.
A Lei da PNMA foi em quase todos os seus aspectos, recepcionada pela Constituição Federal de 1988, pois, valoriza a dignidade humana, a qualidade ambiental propícia à vida e ao desenvolvimento socioeconômico e tem uma abrangência grandiosa. A preservação referida na lei tem sentido de perenizar, de perpetuar, de salvaguardar, os recursos naturais.
Já a melhoria do meio ambiente significa dar-lhe condições mais adequadas do que aquelas que se apresentam. O art. 3º da lei em comento, considerou o meio ambiente como sendo o conjunto de condições, leis influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Funiber, 2009). 
“Meio Ambiente” é a expressão incorporada à língua portuguesa para indicar, segundo o Aurélio, o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos.
José Afonso da Silva (segundo Funiber, 2009), observou que a palavra “ambiente” indicando a esfera, o círculo, o âmbito que nos cerca, em que vivemos, em certo aspecto, já contém o sentido da palavra “meio”.
Justifica o uso, na língua portuguesa, pela necessidade de reforçar o sentido significante de determinados termos diante do enfraquecimento no sentido a destacar ou, porque sua expressividade é mais ampla e mais difusa. E afirmou, o meio constitui uma unidade que abrange bens naturais, e culturais e que compreende a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida humana.
Para mais informações, leia agora o texto Objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente - 03EA_aula05_objetivos, na biblioteca da disciplina.
Importante também saber que, a Lei 6.938/81 instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), responsável pela proteção e melhoria do ambiente e constituído por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Espelhando-se no Sisnama, os estados criaram os seus Sistemas Estaduais do Meio Ambiente para integrar as ações ambientais de diferentes entidades públicas nesse âmbito. Outra inovação foi o conceito de responsabilidade objetiva do poluidor. O poluidor fica obrigado, independente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por suas atividades (Barbieri, 2010).
Observação: Embora aprovada em 1981, a implementação da Lei 6.938/81 só deslanchou efetivamente ao final desta década de 1980, principalmente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.
Slogan da campanha sobre a Política Nacional de Meio Ambiente na Rio + 10
Síntese da aula
Nesta aula, você:
Reconheceu a Política Nacional do Meio Ambiente e seus Sistemas e Institutos.
Identificou a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei N0 9.795/99).
Na próxima aula, conheceremos:
Indicadores de meio ambiente: impactos ambientais.
Estudo de impactos ambientais e relatório de impacto de meio ambiente.
Aula de Revisão
Aula 6
Tema: Indicadores ambientais
Objetivo desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
Reconhecer os indicadores ambientais: a avaliação de impactos ambientais, o estudo de impactos ambientais e o relatório de impacto de meio ambiente.
Introdução
Nos estudos ambientais, o meio ambiente é tratado como um sistema, isto é, o conjunto das partes que se integram, direta ou indiretamente, de modo que de cada uma delas dependa o comportamento das demais. Os fenômenos no interior do sistema processam-se por meiode fluxos de matéria e energia que resultam em conexões e relações de dependência entre suas partes (Philippi Júnior e Maglio, 2008).
O ecossistema, unidade funcional da ecologia, é um sistema aberto, integrado por todos os organismos vivos e os elementos físicos presentes em uma determinada área, cujas propriedades de funcionamento e de autorregulação derivam das relações entre eles (Branco, 1989).
Um sistema ambiental inclui todos os processos e as interações que compõem o ambiente, os fatores físicos e bióticos e os fatores de natureza socioeconômica, política e institucional (Moreira, 1991 apud Philippi Júnior e Maglio, 2008).
Segundo Philippi Júnior e Maglio (2008), o planejamento ambiental que utiliza esses conceitos em seu processo de trabalho, é um processo de planejamento de caráter multidisciplinar e interdisciplinar, uma vez que o estudo dos sistemas ambientais, cujos elementos estão em permanente interação, exige como ferramenta a interação do conhecimento de várias disciplinas, para que cada uma delas, interagindo com as demais leve a resultados e interpretações que permitam conhecer o sistema a ser estudado.
Dessa forma, os métodos e as técnicas de análise ambiental devem absorver a interdisciplinaridade como um pressuposto. Do ponto de vista dos participantes dos estudos, tal análise requer profissionais de várias especialidades atuando em conjunto, em equipe multidisciplinar.
Fica claro que os indicadores ambientais têm de abordar a forma mais ampla e complexa dos ecossistemas, para que assim possamos pensar na melhor forma de protegê-lo e preservá-lo.
Meio ambiente integrado
Os conceitos de sustentabilidade e crescimento econômico constituem tema emergente. Uni-los é uma tarefa árdua para economistas, políticos, empresários, ecologistas e população, visto que a preocupação das elites que governam o país ou aqueles que estão à frente de grandes empresas com o meio ambiente é mínima ou nenhuma, inclusive falta conscientização por parte da população (Oliveira Neto, 2008).
Segundo ainda o mesmo autor, na atualidade o problema principal é que essas discussões parecem míopes, pois o conceito de sustentabilidade é muito mais abrangente do que apenas tratar do desmatamento, do derretimento das geleiras ou das fontes alternativas de energia, pois a produção de bens e serviços, o consumo e a qualidade ambiental estão hoje estreitamente ligados.
Cada vez mais, há tendência à valorização e apreciação do meio ambiente como bem a integrar a produção e o consumo de bens e serviços (FUNIBER, 2009)
Segundo Granato e Oddone (2007 apud Funiber, 2009), ao aumentar o preço do meio ambiente, por exemplo, pela via da aplicação de um imposto, a conduta de produtores e consumidores mudará “produzindo-se um uso socialmente ideal dos recursos naturais”.
Conforme Funiber (2009), tendo em conta que a sustentabilidade está especialmente relacionada ao consumo de bens ambientais capazes de satisfazer as necessidades das atuais gerações sem prejudicar o direito ao consumo e à satisfação de necessidades das gerações vindouras, cabe se perguntar como se traduzem em termos econômicos esta preocupação e, em particular, “os direitos das futuras gerações”. É aqui que reside uma fundamental contraposição entre a economia ambiental e a denominada economia do bem-estar.
Indicadores
Para que possamos começar a pensar numa reversão de valores para que efetivamente façamos ações em prol da sustentabilidade, é necessário que indicadores nos forneçam informações do meio natural e socioeconômico para a análise, que deve ser sistemática e relevante, no planejamento de um sistema de gestão ambiental.
Um indicador é uma informação processada, geralmente de caráter quantitativo, que gera uma noção clara e acessível sobre um fenômeno complexo e sua evolução, de modo a dar uma ideia da situação em que ele se encontra, podendo-se estabelecer, então, qual a diferença existente entre seu estado em relação à ideal situação (Comissão Nacional de Meio Ambiente, 1999).
Por exemplo, no âmbito econômico, o PIB é um indicador de evolução da economia de um país, reunindo informação sobre processos produtivos, riqueza, empregos, etc.
Os indicadores são instrumentos auxiliares na avaliação e no acompanhamento de um projeto no decorrer do tempo. Por exemplo, indica o grau de conservação de uma região, a qualidade ambiental de uma área urbana (FUNIBER, 2009).
A seguir, alguns indicadores muito úteis nos planos de ação da gestão do meio ambiente e dos espaços naturais em diversas escalas de gestão territorial, segundo FUNIBER (2009):
Monitoramento de planos de ações específicos: Programa de monitoramento de planos de ação específicos, que permitem o acompanhamento de um plano de proteção, de recuperação e de introdução de espécies da flora e fauna, de um plano de educação e de sensibilização ambiental e de outros planos de ação que façam parte dos planos de gestão. Neste caso são escolhidos os parâmetros de diversas índoles que detectem mudanças ocorridas, sistematiza-se o acompanhamento desses parâmetros, identificando-se as causas provocadoras da mudança, modificando-se e complementando-se assim as propostas de gestão.
Acompanhamento biológico: Programas de acompanhamento biológico, que têm como principal objetivo o monitoramento do estado em que se encontram as populações de fauna e flora de uma determinada área natural, num período de tempo o mais dilatado possível, e sob uma metodologia padronizada. Mediante sua implementação pode-se manter atualizada uma base de dados (sobre as mudanças na abundância dos seres vivos e as mudanças na estrutura e na composição das populações), identificar as alterações nos parâmetros estudados, e determinar em que fase do ciclo vital das espécies de organismos vivos estudados ocorrem as mudanças.
Acompanhamento socioeconômico: Programas de acompanhamento socioeconômico, que visam monitoramento das características apresentadas pela população humana na área natural, ou em suas proximidades, num dilatado período de tempo e sob uma metodologia padronizada. Contemplam o acompanhamento de parâmetros relacionados com a situação socioeconômica da população, com a mudança de usos do solo e com o aproveitamento de recursos naturais (atividades cinergéticas, piscícolas, de coleta, de lazer e de visita, entre tantas outras).
Controle de impacto: Programas de controle de impacto que buscam como objetivo destacar mudanças de parâmetros biológicos e ambientais, produzidos geralmente por problemas de origem ou indução humana em escala global (diminuição do ozônio na estratosfera, chuva ácida) e em âmbito local e regional (contaminação de um rio, erosão de uma bacia hidrológica etc). São também úteis na gestão de espaços naturais, mas apresentam maior importância em nível supra regional, ajudando na coordenação de políticas e de planos de gestão em âmbito nacional e internacional.
O uso de indicadores como instrumentos para a gestão e para a tomada de decisões políticas é uma prática habitual em setores como o da economia, da sociologia, da educação, etc.
No terreno ambiental e no âmbito dos países da União Europeia, o desenvolvimento de planos nacionais de política ambiental teve início nos anos 80, momento em que surgiu a necessidade de se por em prática a utilização de instrumentos que avaliassem a situação do meio ambiente (Funiber, 2009).
Segundo ainda o mesmo autor, a história do desenvolvimento de indicadores ambientais teve início oficial na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Natural e Desenvolvimento, quando se produziu um consenso geral a respeito da necessidade de avançar para a implementação de um desenvolvimento sustentável.
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
O processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) (*) foi introduzido mundialmente no final da década de 1960, inicialmente nos EUA a partir de 1969 (National Environmental Policy Act) e na Europa pela França, sendo gradativamente adotado pelos demais países, ampliando as preocupações mundiais existentes com a questão

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