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GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 1 Gestão dos Tributos na Formação de Preços e Custos GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 2 Gestão dos Tributos na Formação de Preços e Custos Apresentação Empresas, com fins lucrativos ou não, enfrentam dificuldades para determinar o preço de seus produtos ou serviços, visto que o preço sofre grande influência do mercado, levando em conta o poder aquisitivo da população, qualidade, oferta e alternativas de escolha em função de suas preferências. O mercado requer que empresas ofereçam produtos e serviços de qualidade com preços que o consumidor esteja disposto a pagar. Os preços devem ser suficientes para cobrir todos os custos e despesas, além de conter margem suficiente para retorno sobre o capital aplicado. O entendimento da política e formação de preços é fundamental para que as organizações conheçam seus limites financeiros. Dessa forma pretende-se discutir o processo de registro e gestão de custos e preços, enfatizando os aspectos relativos ao registro contábil e ao suporte da decisão empresarial. Além de conhecer o procedimento de formação de preços, compreender métodos de custeamento, desenvolver conhecimentos acerca do impacto dos tributos previdenciários, trabalhistas e internacionais na formação do preço e custo. Bons estudos! GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 3 1. Custos para formação de preços Introdução Vamos apresentar nessa aula os elementos que compõem o preço e a venda e, também, compreender a diferenciação de custos e despesas sob o ponto de vista da terminologia contábil aplicada a custos. Tem-se, ainda, a apresentação de como se deve avaliar o mercado para determinar preços competitivos e, compreender a fixação de preço de produtos e serviços. Custos Para Formação de Preços Pode-se dizer que a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: o auxílio ao Controle – fornecendo dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e demais previsões e acompanhamento efetivo para comparabilidade – e a ajuda às tomadas de decisões sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção etc. O sistema de informações gerenciais, aquele que contém as informações necessárias para que o gestor ou o administrador da empresa possa tomar decisão, é formado por informações provenientes da Contabilidade Financeira, da Contabilidade de Custos, pela Contabilidade Gerencial e pelo controle orçamentário. Esses quatro tipos de fonte de informação interagem entre si, um fornece informações ou bases para o outro, eles se complementam. Assim, conclui-se que administrar custos constitui parte das estratégias de administração e sua implementação colocada em ação. As instituições vivem atualmente uma fase em que a concorrência é cada vez mais acirrada. Existem demasiadas pressões quanto a responsabilidades sociais, uma necessidade contínua de aperfeiçoamento tecnológico e de processos, um número GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 4 cada vez maior de consumidores exigindo produtos de alta qualidade, funcionais e de baixo custo e uma pressão oriunda dos efeitos da globalização a partir da possibilidade de novos entrantes no mercado. Embasada nesse contexto, qualquer empresa passa a ter uma principal preocupação: sobreviver na nova conjuntura socioeconômica mundial. Características da Contabilidade de Custos A Contabilidade de Custos pode ser definida como o segmento ou área da Contabilidade que trata especificamente de elaborar técnicas, métodos, procedimentos e fundamentos teóricos visando à mensuração, à classificação e à avaliação das mutações patrimoniais relacionadas às operações internas da empresa, objetivando a obtenção do custo de determinados bens ou serviços (Iudícibus, 2000). Tais custos irão compor o valor do estoque e o custo do produto ou serviço vendido. Inicialmente, a Contabilidade de Custos tinha o objetivo principal de avaliar os estoques e os custos para demonstração de resultado em nível de divulgação das demonstrações contábeis aos usuários externos. Contudo, atualmente, a Contabilidade de Custos tornou-se um importante instrumento gerador de informações para planejamento, controle e tomada de decisões internas à empresa. Martins (2010) lista grupos dentro dos quais a Contabilidade de Custos pode cumprir seu papel. São eles: Inventariar e ativar os produtos fabricados e vendidos Conhecer o valor final dos produtos acabados e em processamento; confeccionar demonstrativos do custo de produção de cada produto fabricado; elaborar demonstrativos do CPV (Custo dos Produtos Vendidos), CMV (Custo da Mercadoria Vendida) e ainda o custo dos Serviços Prestados; elaborar demonstrativos de resultados. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 5 Planejar e controlar as atividades 1. Analisar o comportamento dos custos, tanto por meio de análise vertical quanto de análise horizontal; promover orçamentos empresariais com base no custo de fabricação; estabelecer o custo-padrão de fabricação; definir as responsabilidades no processo de produção; decidir sobre o preço de venda de cada item de produção; determinar o volume da produção (além do ponto de equilíbrio, porém dentro da capacidade física da empresa). 2. Eliminar, criar, aumentar ou diminuir a linha de produção de certos produtos; produzir ou adquirir já pronto no mercado; formar preço de venda ou pricing; aceitar ou não encomendas; alugar ou comprar, terceirizar ou produzir. O objetivo de mensurar estoques e resultado da empresa não deixou de ser um dos focos da Contabilidade de Custos. Porém a função de controle e auxílio à tomada de decisão passou a ser determinante para a eficácia de um sistema de custos no que tange à satisfação das necessidades dos usuários da Contabilidade. Com relação ao processo de contabilidade de custos, apesar de todo o avanço encontrado na Contabilidade de Custos, pode ser observado que o processo básico para chegar aos objetivos almejados por esta contabilidade não foi modificado, mas, sim, otimizado. Conceito e tratamento dos custos Com base na correta conceituação e segregação dos gastos entre investimentos, custos, despesas, perdas etc., torna-se imprescindível, em seguida, a perfeita identificação desses gastos em relação a dos principais fatores: a) Quanto às variações no volume de produção e de vendas; GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 6 Custos Fixos Segundo Cardoso, Mario e Aquino (2007), os custos fixos são: aquele que não varia em função de alterações do nível de produção, dentro do intervalo relevante de capacidade instalada. De acordo com Alves (2013), os custos fixos são classificados independentemente do volume produzido ou vendido, há certos gastos dentro do setor produtivo que se mantêm constantes, obedecendo à determinada capacidade instalada. Dessa forma, esses são custos necessários ao desenvolvimento do produto industrial em geral, motivo pelo qual se repetem todos os meses do ano. Denominam-se custos fixos e podemos citar como exemplo mais comum o aluguel do prédio, máquinas produtivas e a depreciação dos itens do setor produtivo. Os custos fixos têm as seguintes características: 1. O valor total permanece constante dentro de determinado intervalo de volume de produção. 2. O valor por unidade produzida variaà medida que ocorre variação no volume de produção. 3. Sua alocação aos produtos, aos departamentos ou centros de custos necessita da adoção de critérios de rateio. Segundo Bornia (2009), os custos fixos são aqueles independentemente do nível de produção, como salário do gerente, por exemplo. Figura 1 – Comportamentos dos Custos Fixos. Custo (R$) Volume de Atividade Custo fixo GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 7 Despesas Fixas Para Alves (2013), as despesas fixas possuem características semelhantes aos custos fixos, as despesas fixas são aquelas que permanecem iguais, independentemente do volume de vendas ou prestação de serviços. Segundo Bruni e Famá (2009), as despesas fixas não variam em função do volume de vendas. Exemplo: aluguel e seguro das lojas. O aluguel dos escritórios administrativos e das lojas de vendas são bons exemplos de despesas fixas dentro de uma empresa que tem bem definidos seus setores. Gastos semifixos e semivariáveis Para Bruni e Famá (2009), semifixos correspondem a custos que são fixos em determinado patamar, passando a ser variáveis quando esse patamar for excedido. Já os semivariáveis correspondem a custos variáveis que não acompanham linearmente a variação da produção, mas aos saltos, mantendo-se fixos dentro de certos limites. Figura 2 – Comportamento dos Custos Fixos no Médio e ou no Longo Prazo Custo (R$) Volume de Atividade Custo fixo GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 8 Custos variáveis Para Bornia (2009), os custos variáveis, estão intimamente relacionados com a produção, isto é, crescem com o aumento do nível de atividade da empresa, tais como os custos de matéria-prima. Bruni e Famá (2009) definem os custos variáveis como valores que se alteram diretamente em função das atividades da empresa. Quanto maior a produção, maiores serão os custos variáveis. Exemplos podem ser expressos por meio dos gastos com matéria-prima e embalagens. Figura 3 – Comportamento dos Custos Variáveis Despesas variáveis De acordo com Bruni e Famá (2009), as despesas variáveis variam de acordo com as vendas. Exemplo: comissões dos vendedores e gastos com fretes. b) Quanto à forma e critério de identificação e apropriação aos diversos produtos e serviços produzidos. Custos diretos Segundo Bornia (2009), os custos diretos são aqueles facilmente relacionados com as unidades de alocação de custos (produtos, processos, setores, clientes etc.). São exemplos: matéria-prima e mão de obra direta. Custo (R$) Volume de Atividade Custo variável GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 9 Bruni e Famá (2009) definem os custos diretos como aqueles diretamente incluídos no cálculo dos produtos. Consistem nos materiais diretos usados na fabricação do produto e mão de obra direta. Vale ressaltar que apresentam a propriedade de serem mensuráveis de maneira objetiva. Exemplo: aço para fabricar chapas e salários dos operários da fábrica. Custos indiretos De acordo com Bornia (2009), os custos indiretos não podem ser facilmente atribuídos às unidades, necessitando de alocações para isso. São exemplos: aluguel e mão de obra indireta. As alocações causam a maior parte das dificuldades e deficiências dos sistemas de custos, pois não são simples e podem ser feitos por vários critérios. O autor ainda coloca que essa problemática da alocação dos custos indiretos aos produtos e análise dos mesmos dá origem aos métodos de custeio. Para Bruni e Famá (2009), os custos indiretos necessitam de aproximações, isto é, alguns critérios de rateio, para serem atribuídos aos produtos. Exemplos: seguros e aluguéis da fábrica, supervisão de diversas linhas de produção. Abordagens para formação do preço de venda Segundo Crepaldi (2014), a formação do preço de venda de produtos é um trabalho técnico e também um fator determinante de sobrevivência da exploração da atividade. Alguns especialistas afirmam que ter os preços definidos exclusivamente pelo mercado é um risco. Ou seja, o mercado não é nem deve ser o único caminho para a definição de preços, mas é importante ter os preços compatíveis com o mercado. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 10 Para Bruni e Famá (2009), um dos mais importantes aspectos financeiros de qualquer entidade consiste na fixação dos preços dos produtos e serviços comercializados. De acordo com os autores em relação ao processo de formação de preço, alguns dos principais objetivos podem ser apresentados, como: − proporcionar, a longo prazo, o maior lucro possível: a empresa consiste em uma entidade que deve buscar sua perpetuidade. Políticas de preços de curto prazo, voltadas para a maximização dos lucros, devem ser utilizadas somente em condições especiais; − permitir a maximização lucrativa da participação de mercado: não apenas o faturamento deveria ser aumentado, mas também os lucros das vendas. Algumas razões contribuem com efeitos negativos sobre os lucros: excesso de estoques, fluxo de caixa negativo, concorrência agressiva, sazonalidade etc. − maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios operacionais: os preços devem considerar a capacidade de atendimento aos clientes – preços baixos podem ocasionar elevação das vendas e a não-capacidade da manutenção de qualidade do atendimento ou dos prazos de entrega. Por outro lado, preços elevados reduzem vendas, podendo ocasionar ociosidade da estrutura de produção e de pessoal; − maximizar o capital empregado para perpetuar os negócios de modo autossustentado: o retorno do capital dá-se por meio de lucros auferidos ao longo do tempo. Assim, somente por meio da correta fixação e mensuração dos preços de venda é possível assegurar o correto retorno do investimento efetuado. Segundo Megliorini (2012), muitos empreendedores ainda buscam atribuir o preço de venda de um produto ou serviço tendo seu custo como base, e nesse ponto que começam a surgir os problemas. Um dos problemas se refere à determinação do custo. De acordo com Ching (2006) o preço é algo que o cliente paga pelo produto ou serviço. O autor coloca que o significado do preço aos clientes traduz-se em diversos benefícios: GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 11 − Benefício funcional: ajuda a resolver os problemas do pessoal técnico da empresa. No caso de uma máquina produtiva, seus benefícios vão de encontro dos interesses dos engenheiros da fábrica. − Benefício Operacional: relativo às necessidades do pessoal da produção. − Benefício Financeiro: atende às necessidades do pessoal de compras e finanças. Assim, o preço a ser pago por um produto é muito menor que o benefício percebido que produz, o que resulta num valor econômico para esse pessoal. − Benefício intrínseco: relativo ao status do produto, segurança e imagem da empresa e satisfação pessoal. Comprar um objeto caro e a que poucos têm acesso, comprar de uma empresa que tem reputação no mercado, tudo isso deve ser apresentado como benefício na venda. Corroborando com autor, embora o preço possa trazer os vários benefícios citados, a decisão sobre qual será o preço de um produto deve levar em conta também os demais componentes mercadológicos – produto, promoção e distribuição, conforme veremos no item seguinte. Mercado De acordo com Ching (2006), o preço é um item muitoimportante para atingir o mercado-alvo, porém ele só não basta. Precisa vir acompanhado dos demais componentes do composto. Produto, promoção e distribuição → Criam valor e são as origens dos custos. Preço → Captura o valor criado por esses componentes e gera receita Segundo Megliorini (2012, p. 232): No paradigma atual, o mercado é o grande sinalizador de preços. Os consumidores passaram a ter mais força para influenciar o preço das mercadorias ofertadas. Nesse novo ambiente, a empresa deixa de ter o poder de impor os GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 12 preços de seus produtos. É o mercado, portanto, que acaba ditando o preço que está disposto a pagar. Às empresas cabe verificar se é viável ofertar determinado produto por um preço tal que permita que o lucro gerado remunere adequadamente os investimentos realizados nas empresas por seus proprietários. O autor coloca que nesse mecanismo, o custo deixa de ser a base para a formação do preço, passando a representar o valor que a empresa pode despender para fabricar o produto. Dessa forma, para chegar a esse custo, a empresa atende a dois interessados: 1. Os clientes consumidores – que determinam o preço que estão dispostos a pagar; 2. Os proprietários – em que o lucro gerado pelos produtos compõe a remuneração do capital por eles investido na empresa. Aprenda Mais Leia o artigo “Formação do preço de venda em uma confecção de moda íntima”. Disponível em: http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/IJIE/article/view/1541/pdf. Acessado em 25/08/2016. 2. Métodos de Custeamento Introdução A presente aula aborda a apuração dos custos dos produtos empregando o método do custeio por absorção, por meio do qual os produtos absorvem os custos totais de um período de maneira direta ou indireta, e também os conceitos e tratamentos dos custos e a demonstração do resultado. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 13 Outro item relevante é o método de custeio variável que é utilizado para fins gerenciais e eficientes para a tomada de decisão e, por fim uma abordagem sobre a conciliação dos resultados apurados pelo custeio por absorção e pelo custeio variável Custeio por absorção De acordo com Alves (2013), o custeio por absorção tem base no método alemão de custos denominado RKW, foi difundido no Brasil por grandes empresas alemãs aqui instaladas como a Wolkswagem, Mercedes Benz, Mannesmamm e outras. Ainda, de acordo com o autor no Custeio por Absorção, todos os custos de produção são alocados aos bens ou serviços produzidos, o que compreende todos os custos, independentemente de serem fixos ou variáveis, diretos ou indiretos. O custeio por absorção, segundo Martins, (2010, p. 41-42), “consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos”. Portanto, esses custos fixos podem ser estocados ou transferidos para custo de produto vendido. A principal característica desse método é a distinção que se faz entre custos e despesas. A separação é importante porque as despesas são atribuídas diretamente contra o resultado do período, enquanto somente os custos são apropriados como gastos de produções. O método de Custeio por Absorção é o mais tradicional método de custo existente. No Brasil, o método tem sido aceito pela legislação comercial e pela legislação fiscal, inclusive para a apresentação das demonstrações contábeis e para efeito do imposto de renda. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 14 De acordo com Bornia (2009), no custeio por absorção a totalidade dos custos (fixos e variáveis) é distribuída aos produtos. Esse sistema relaciona-se principalmente com a avaliação de estoques, ou seja, com o uso da contabilidade de custos como apêndice da contabilidade financeira, a qual se presta para gerar informações para usuários externos à empresa. Segue exemplo de Bornia (2009): A empresa EX, em determinado mês produziu 80 mil unidades. Os custos totais do período atingiram R$ 1.400.000,00. Qual o custo do produto de acordo com o custeio por absorção? Resposta: o custo unitário seria R$ 17,50 (1.400.000/80.000). Para Viceconti e Neves (2012), o custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris são (despesas) são excluídos. Vale ressaltar, que a distinção principal no custeio por absorção é entre custos e despesas. A separação é importante porque as despesas são contabilizadas imediatamente contra o resultado do período. Exemplo Suponhamos que uma empresa que tenha fabricado 1.000 unidades de um determinado produto incorrendo em custos de R$ 9.000,00 e despesas operacionais de R$ 3.000,00. Foram vendidas 800 unidades a R$ 20,00, num total de vendas de R$ 16.000,00. Portanto, o custo unitário será R$ 9.000,00/1.000 = R$ 9,00 Segundo Viceconti e Neves (2012), o custeio por absorção é o único aceito pela Auditoria Externa, porque atende aos princípios contábeis da Realização da Receita, da Competência e da Confrontação. De acordo com Crepaldi (2014): O custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção do GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 15 período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos. É o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais da contabilidade e, é no Brasil, adotado pela legislação comercial e pela legislação fiscal. Não é um princípio contábil em sí, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios. Dessa forma, o método é válido para a apresentação de demonstrações financeiras e para o pagamento do Imposto de Renda. Os custos vão para o ativo na forma de produtos e só podem ser consideradas despesas ao ocorrer a venda do produto. Vale ressaltar, que uma empresa não deve alterar o modo de apropriar os custos invariavelmente, pois existem diferenças entre eles e, quase sempre, essas mudanças podem dar uma falsa impressão dos resultados obtidos. O custeio por absorção se dá em por meio de um esquema básico que consiste em: a) Separação entre Custos e Despesas; b) Apropriação dos custos diretos diretamente aos produtos ou serviços; c) Rateio dos custos indiretos. Figura 1 – Custeio por Absorção Empresas de Manufatura. Fonte: Martins (2010, p. 37) Despesas Custo Estoque de Produtos Demonstração de Resultados: RECEITA (-) CPV (=) Lucro Bruto (-) Despesas (=) Lucro Operacional GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 16 Figura 2 – Custeio por Absorção Empresas de Serviços. Fonte: Martins (2010, p. 38) O registro dos encargos financeiros é tratado na Contabilidade como despesa, e não como custo. Os encargos financeiros não são custos de produção, mesmo que facilmente identificados com financiamentos para aquisição de matérias-primas ou outros fatores de produção. Assim, são gastos de falta de capital próprio, e não gastos de produção (custos). Segundo Martins (2010), a separação dos custos e despesas é fácil, pois os gastos relativos ao processo produtivo são custos, e os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos são despesas. Mas, na prática, surgem problemas pelo fato denão ser possível a separação de forma clara e objetiva. Assim, será necessário ratear parte do gasto para a despesa e parte para o custo, rateio esse arbitrário, pela dificuldade prática de uma divisão. Despesas Custo Prestação de Serviços Demonstração de Resultados: RECEITA (-) Custo Serviço Prestado (=) Lucro Bruto (-) Despesas (=) Lucro Operacional GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 17 Figura 3 – Custeio por Absorção. Fonte: Adaptado Martins (2010, p. 57) A Demonstração de Resultado Uma forma explícita de comparar as diferenças entre os dois métodos de custeio é pela aplicação de um exemplo. A Cia. Brasileira apresentou os seguintes dados contábeis para determinado exercício social: Produção 1.000 unidades acabadas Custos fixos R$ 12.000,00 Custos variáveis R$ 20.000,00 Despesas fixas R$ 6.000,00 Despesas variáveis R$ 4.000,00 Não há estoques iniciais e finais de produtos em elaboração. Não há estoques iniciais de produtos acabados. Vendas líquidas – 800 unidades a R$ 60,00 cada uma. A apresentação da demonstração do resultado da empresa seria a seguinte, adotando- se o método de custeio por absorção: Demonstração do Resultado pelo custeio por Absorção Vendas líquidas = 48.000,00 (-) CPV GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 18 Custos Fixos 12.000,00 Custos Variáveis 20.000,00 = 32.000,00 (=) Lucro Bruto (-) Despesas Despesas Fixas 6.000,00 Despesas Variáveis 4.000,00 = 10.000,00 (=) Lucro Líquido = 6.000,00 Custeio Variável Para Alves (2013), no método do Custeio Variável somente os custos variáveis de produção são apropriados aos produtos fabricados. E são eles que serão atribuídos aos produtos e considerados como gastos efetivos contidos na produção terminada. O método do Custeio Variável também é conhecido como Custeio Direto que é um tipo de custeamento que se fundamenta no pressuposto de que os custos fixos são considerados como custos do período necessários para manter a estrutura da empresa, sejam os produtos fabricados ou não. Assim, pelo método do Custeio Variável, os custos fixos adquirem a mesma classificação dada às despesas. Portanto, no Custeio Variável somente os custos variáveis de produção são alocados aos bens e serviços produzidos. De acordo com Crepaldi (2014), o custeio variável (também conhecido como custeio direto) é um tipo de custeamento que consiste em considerar custo de produção do período apenas os custos varáveis incorridos. Os custos fixos, pelo fato de existirem mesmo que não havendo produção, pois estes não são considerados custo de produção, e sim despesas, sendo encerrados diretamente contra o resultado do período. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 19 Vale ressaltar que, no Brasil, o uso do custeio variável se restringe a fins gerenciais, uma vez que oficialmente, tanto por determinação do Fisco quanto pela observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, para custeamento dos produtos fabricados deve-se adotar o sistema de custeio por absorção, que contempla como custo de produção tanto os custos diretos (variáveis) quanto os custos indiretos (fixos). Segundo Megliorini (2012), pelo método de custeio variável obtém-se a margem de contribuição de cada produto, linha de produtos, clientes etc., o que possibilita aos gestores utilizá-la como ferramenta auxiliar no processo decisório, que inclui ações como: − Identificar os produtos que mais contribuem para a lucratividade da empresa; − Determinar os produtos que podem ter suas vendas incentivadas ou reduzidas e aqueles que podem ser excluídos da linha de produção; − Identificar os produtos que proporcionam maior rentabilidade quando existem fatores que limitam a produção (gargalos), permitindo o uso mais racional desses fatores; − Definir o preço dos produtos em condições especiais, por exemplo, para ocupar eventual capacidade ociosa; − Decidir entre comprar e fabricar; − Determinar o nível mínimo de atividades para que o negócio passe a ser rentável; − Definir, em uma negociação com o cliente, o limite de desconto permitido. A gestão de custos oferece uma alternativa diferente de como demonstrar o resultado, apoiando a tomada de decisão: Onde: MC = margem de contribuição; MC = PV – (CV – DV) Receitas de vendas (-) Custos e despesas variáveis (=) Margem de contribuição (-) Custos e despesas fixos (=) Resultado GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 20 PV = preço de venda; CV – soma dos custos variáveis; DV = soma das despesas variáveis. Conceito e Tratamento dos Custos Para Bruni e Famá (2009), os principais elementos que influenciam no resultado de qualquer entidade são representados por meio das receitas auferidas, dos custos, diretos ou indiretos, e despesas incorridas. Figura 4 – Custeio por Absorção. Fonte: Bruni e Famá (2009, p.34) A figura demostra que os custos diretos são facilmente associados aos produtos fabricados, os custos indiretos precisar passar pelo rateio e, após são incorporados aos produtos. As receitas e despesas são confrontadas diretamente no momento de apuração do resultado. Os autores colocam que, em relação ao custo da produção, este poderia ser expresso por meio de três elementos básicos, conforme a seguir: − Material direto (MD): todo material que pode ser identificado como uma unidade do produto a. Que está sendo fabricado; e b. que sai da fábrica incorporado ao produto ou utilizado como embalagem; GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 21 − Mão-de-obra direta (MOD): todo salário devido ao operário que trabalha diretamente no produto, cujo tempo pode ser identificado com a unidade que está sendo produzida; − Custos indiretos de fabricação (CIF): todos os custos relacionados com a fabricação que não podem ser economicamente identificados com as unidades que estão sendo produzidas. Exemplos: aluguel da fábrica, materiais indiretos, mão de obra indireta, seguro, impostos, depreciação etc. E, os outros gastos significativos, porém não classificados como custos, são agrupados como: − Despesas diversas: não podem ser alocadas ao produto final. Exemplos: despesas com vendas, salário do pessoal administrativo, água e luz do escritório. A Demonstração de Resultado Uma forma explícita de comparar as diferenças entre os dois métodos de custeio é pela aplicação de um exemplo. A Cia. Brasileira apresentou os seguintes dados contábeis para determinado exercício social: Produção 1.000 unidades acabadas Custos fixos R$ 12.000,00 Custos variáveis R$ 20.000,00 Despesas fixas R$ 6.000,00 Despesas variáveis R$ 4.000,00 Não há estoques iniciais e finais de produtos em elaboração. Não há estoques iniciais de produtos acabados. Vendas líquidas – 800 unidades a R$ 60,00 cada uma. A apresentação da demonstração do resultado da empresa seria a seguinte, adotando- se o método de custeio variável: GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 22 Demonstração do Resultado pelo custeio variável Vendas líquidas = 48.000,00 (-) CPV Custos variáveis 20.000,00 = 20.000,00 (=) Lucro bruto 28.000,00 (-) Despesas Despesas fixas 6.000,00 Despesas variáveis 4.000,00 = 10.000,00 (-) Custos fixos 12.000,00 (=) Lucro líquido = 6.000,00 Conciliação dos Resultados Apurados pelo Custeio por Absorçãoe pelo Custeio Variável Segundo Alves (2013), os dois métodos são clássicos e amplamente praticados no meio empresarial, com restrição de que, para efeitos de tributação pelo fisco brasileiro, somente o Custeio por Absorção é aceito. De acordo com Megliorini (2012), tanto o método do custeio por absorção como o método do custeio variável utilizam os mesmos dados referentes à produção e aos custos. Eles se diferenciam apenas no tratamento dados aos custos fixos. Segundo Alves (2013), pode-se dizer que tanto um método quanto o outro apresentam suas vantagens e desvantagens, sendo difícil definir qual o melhor método entre eles. Vantagens Desvantagens Custeio por Absorção A permissão legal do Custeio por Absorção pela legislação comercial e pela legislação fiscal, inclusive para apresentação de demonstrações contábeis para o pagamento do imposto de renda, representa por si só uma vantagem. A crítica que se faz ao Custeio por Absorção é que os custos fixos, independentemente de produção e venda, existem e terão de ser suportados pela empresa, razão pela qual os custos fixos devem ser encarados como gastos GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 23 No Custeio por Absorção todos os custos são apropriados aos produtos e serviços; os custos variáveis de forma direta, e os fixos são absorvidos por cada produto por meio de rateios. necessários para que a empresa tenha condições de produzir, e não como gastos de um produto específico. A adoção do Custeio por Absorção também não permite uma comparação em bases unitárias quando há alteração no volume de produção. Custeio Variável Pode-se citar como vantagem no Custeio Variável que os custos dos produtos podem ser comparados em bases unitárias, independentemente do volume de produção. Também por esse método os custos fixos, por se apresentarem separados nos relatórios e demonstrações, podem ser mais bem controlados, facilitando o tempo e o trabalho com a apresentação de informações e fornecimento de instrumentos de decisão dentro da empresa. Contrariam a utilização do Custeio Variável as argumentações de que, na prática, a separação de custos fixos e variáveis não é tão clara como parece. Há também críticas em relação ao fato de que no Custeio Variável os custos fixos não são apropriados aos produtos, o que é totalmente contestável da nossa parte, os custos fixos não são provocados pela produção em si e não estão associados diretamente aos produtos e serviços, mas apenas necessários para dar ã empresa condições de produzir. Padoveze (2009) salienta que, ao se alocar os custos indiretos fixos, tem-se uma forte probabilidade de distorcer as informações dos custos dos produtos. Com intuito de reduzir informações inadequadas, aponta a viabilidade da metodologia do custeamento por atividades (ABC). Martins (2008, p.103) afirma que o método de custeio ABC “é uma ferramenta que permite melhor visualização dos custos através da análise das atividades executadas dentro da empresa e suas respectivas relações com os produtos”. Apesar de o sistema ABC não atender às exigências fiscais, é uma ferramenta bastante precisa na mensuração dos custos por relacionar suas atividades aos produtos e recursos, porém, diante de sua complexidade, geralmente a sua utilização não é feita por empresas pequenas. Assim, cada método de custeio tem sua utilidade, seja ele GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 24 por Absorção, que para efeitos fiscais é o que prevalece, Variável, ABC ou qualquer outro, porquanto depende do tipo de atividade e conveniência da empresa. No método de custeio com base em atividade os custos inicialmente são atribuídos aos recursos, depois a atividade, depois aos produtos e por fim, faz-se o caminho contrário, calculando com base no consumo de recursos pelas atividades, o consumo das atividades por produtos. Maher (2001, p. 280) simplifica: “o custeio baseado em atividade baseia-se no conceito de que produtos consomem atividades e atividades consomem recursos.” Garrison, Noreen e Brewer (2011, p. 263) apresentam um modelo simplificado do custeio com base em atividade que demonstra esse método, em que os objetos dependem da identificação das atividades que, por sua vez, são calculados com base no consumo de recursos, aos quais são de fato atribuídos valor (custo): Figura 5 – ABC x Absorção GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 25 Figura 6 – Modelo de Custeio Baseado em Atividade. Fonte: Adaptado de Garrison, Noreen e Brewer (2011, p. 263) Por Atividade entende-se, segundo Nakagawa (1994, p. 42), como: “um processo que combina, de forma adequada, pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seu ambiente, tendo como objetivo a produção de produtos”, não sendo a produção entendida apenas como fabricação manufatureira e restrita a processos manuais ou mecânicos, mas também como produção de serviços. E recursos, neste caso, são artigos, objetos, elementos e afins utilizados para a ocorrência das atividades, como, por exemplo, água, luz, instrumentos, pessoal, dentro outros. O relacionamento dessas partes se dá pela atribuição dos custos às atividades por meio de direcionadores, que servirão como guia para o cálculo do custo. Wensing et al. (2005, p. 3) separa os direcionadores de custos em dois tipos: direcionadores de recursos e direcionadores de atividades, e explica que “os direcionadores de recursos são aqueles que direcionam os recursos às atividades, e os direcionadores de atividades direcionam o custo das atividades aos objetos de custo”. Quanto à metodologia geral de implantação do ABC, Garrison, Noreen e Brewer (2011, p. 263) demonstram que envolve seis etapas adaptáveis: 1. Identificar e definir atividades e acumuladores de custos de atividades. 2. Sempre que possível, vincular custos gerais diretamente a atividades e objetos de custo. 3. Atribuir custos a acumuladores de custos de atividades. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 26 4. Calcular taxas de atividade. 5. Atribuir custos a objetos de custo por meio do uso das taxas e das medidas de atividade. 6. Preparar relatórios gerenciais. Ao fim da implantação é possível obter o custo do produto ou serviço a partir do somatório dos custos de todas as atividades identificadas na Etapa 1. 3. Métodos de formação de preços Introdução Essa aula objetiva refletir sobre a importância de se conhecer e identificar que a formação de preço é um fator determinante para a sobrevivência da exploração da atividade da empresa. Custo Mais Margem De acordo com Bruni e Famá (2009) nesse método, os preços são estabelecidos com base nos custos plenos ou integrais – custos totais de produção acrescidos das despesas de vendas, de administração e da margem de lucro desejada. Exemplo A Vende Mais Ltda. produz e comercializa arranjos com flores ornamentais. Sabe-se que os custos com materiais diretos para cada arranjo comercializado são iguais a R$ 3,40. Os custos com MOD são aproximadamente iguais a R$ 2,20. Custos indiretos de fabricação são apropriados com base em 300% da MOD. Despesas administrativas, com vendas e fretes de entregas alcançam R$ 1,80. Se a empresa desejasse um lucro de R$ 1,20 por arranjo, qual deveria ser o preço praticado? Componente Valor Observação MD 3,40 MOD 2,20 CIF 6,60 Calculando com base em 300% da MOD (300% x 2,20 = 6,60) CUSTO TOTAL 12,20Soma das parcelas anteriores GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 27 DESPESAS 1,80 GASTO TOTAL 14,00 Soma dos custos e despesas LUCRO DESEJADO 1,20 PREÇO A PRATICAR 15,20 Soma dos custos, despesas e lucro desejado Custo-Meta Segundo Megliorini (2012, p. 232): a empresa deve calcular o custo do seu produto para se certificar de que ele não ultrapasse o custo resultante da equação P – L = C (preço – lucro = custo). Exemplo Suponhamos que uma empresa esteja avaliando fabricar e vender o produto Y. Os proprietários da empresa determinam que o lucro deva corresponder a 20% do preço de venda. O preço de mercado desse produto é R$ 100,00. Assim, o custo que esse produto deverá alcançar será de: Preço de mercado R$ 100,00 (-) Lucro definido pelos proprietários R$ 20,00 (=) Custo máximo permitido R$ 80,00 Assim, o custo de R$ 80,00 é o valor máximo em que a empresa pode incorrer, tendo em vista que o preço de R$ 100,00 é definido pelo mercado, e o lucro, pelos proprietários. Tal custo, passa, portanto, a representar o custo-meta ou custo-alvo e deve ser definido antes que se comece a fabricar o produto, ainda na fase de desenvolvimento de projeto. No entanto, se o custo estimado desse produto, calculado na fase de projeto, ultrapassar o limite (que é R$ 80,00), a empresa deverá reformular o projeto ou encontrar meios de reduzi-lo até atingir o valor determinado. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 28 Mark-up multiplicador e divisor Segundo Megliorini (2012, p. 232), na composição do mark-up, é necessário determinar: − Os percentuais das despesas de vendas e das despesas administrativas que podem ser obtidos, por exemplo, por meio da Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) do ano anterior, relacionando-se os valores das despesas com a receita liquida de vendas; − O percentual de lucro desejado; − As alíquotas dos impostos para o produto ou serviço que está sendo precificado (ISS, ICMS, IPI), bem como as dos impostos incidentes sobre as receitas da empresa (PIS, Cofins). Como os impostos são definidos por legislação especifica, é preciso estar atendo às leis municipais, estaduais e federais no que se refere à alteração de alíquotas, novos impostos, critérios e cálculos etc. Definindo o custo, o preço de venda pode ser calculado da seguinte forma: Preço de venda = custo/Mark-up Ou Preço de venda – custo x Mark-up A de marcação, os itens que se pretende incluir no preço de venda devem ser apresentados em percentuais. De acordo com Ribeiro (2009), para o cálculo da taxa de marcação, os itens que se pretende incluir no preço de venda devem ser apresentados em percentuais em relação ao próprio preço de venda. As duas modalidades de taxa de marcação, mark-up multiplicador e mark-up divisor, chagam ao mesmo resultado. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 29 Exemplo Vamos supor que uma empresa tenha, como base no seu controle interno, definido os seguintes valores para compor o preço de venda de uma unidade do produto X: Custos variáveis, por unidade: Matéria-prima: R$ 10 Materiais secundários: R$ 3 Material de acondicionamento e embalagem: R$ 1 Mão de obra direta: R$ 6 Comissão a vendedores: 3% sobre o PV Tributos incidentes sobre vendas e sobre o lucro: 22% sobre o PV Custos fixos: 13% sobre o PV Despesas fixas: 7% sobre o PV Margem de lucro desejada: 15% sobre o PV Inicialmente calcularemos taxa de marcação pela modalidade mark-up multiplicador. Fórmula do mark-up multiplicador. 100/ (100 -% DV + % CF + % DF + % ML) Desenvolvendo a formula, temos: a) Somatório dos percentuais de participação no preço de venda, de cada elemento, conforme interesse da empresa: Comissão a vendedores: 3% sobre o PV Tributos incidentes sobre vendas e sobre o lucro: 22% sobre o PV Custos fixos: 13% sobre o PV Despesas fixas: 7% sobre o PV Margem de lucro desejada: 15% sobre o PV Total 60 % b) Subtrair de 100% o somatório dos percentuais apurado na letra “a”. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 30 100% - 60% = 40% c) Dividir 100 pelo resultado apurado na letra “b” 100% / 40% = 2.5 Esse resultado de 2.5 é o mark-up multiplicador. d) Multiplicar o custo unitário pelo mark-up multiplicador para encontrar o preço de venda unitário: R$ 20,00 x 2.5 = R$ 50 Logo, o preço de venda unitário será de R$ 50. Veja, agora, a apuração do preço de venda pelo mark-up divisor. Fórmula do mark-up divisor. 1 – (% DV + % CF + % DF + % ML/100) Desenvolvendo a formula, temos: a) Somatório dos percentuais de participação no preço de venda, de cada elemento, conforme interesse da empresa: Comissão a vendedores: 3% sobre o PV Tributos incidentes sobre vendas e sobre o lucro: 22% sobre o PV Custos fixos: 13% sobre o PV Despesas fixas: 7% sobre o PV Margem de lucro desejada: 15% sobre o PV Total = 60 % b) Dividir o somatório dos percentuais por 100. 60%/100% = 0.60 c) Subtrair de 1 o resultado apurado na letra “b”. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 31 1 – 0,60 = 0,40 O resultado obtido por essa operação foi 0,40, denomina-se mark-up divisor. d) Dividir o custo unitário pelo mark-up divisor: R$ 20,00 / 0,40 = R$ 50 Logo, o preço de venda unitário será de R$ 50. 4. Métodos de formação de preços Introdução A formação do preço de venda dos produtos/mercadorias e serviços é elemento essencial da gestão econômico-financeira e mercadológica das empresas, envolve inúmeros fatores em sua composição; entre eles se destacam: estrutura de custos; demanda (mercado); ação da concorrência; governo e objetivos pretendidos com o produto/mercadoria e serviço. O sucesso empresarial poderia até não ser consequência direta da decisão acerca dos preços. Mas, um preço equivocado de um produto ou serviço certamente causara sua ruina. Preço de venda à vista e a prazo De acordo com Megliorini (2012), se considerarmos o custo unitário de R$ 50,00 para o produto X, calculado pelo método de custeio por absorção. O preço de venda à vista será: a) Utilizando o mark-up divisor: PV à vista = Custo / Mark-up PV à vista = R$ 50,00/0,4435 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 32 PV à vista = R$ 112,74 a) Utilizando o mark-up multiplicador: PV à vista = Custo x Mark-up PV à vista = R$ 50,00 x 2,25479 PV à vista = R$ 112,74 Decompondo esse preço, temos: Preço de venda à vista $ 112,74 (-) ICMS $ 20,29 (18% de $ 112,74) (-) PIS $ 0,73 (0,65% de $ 112,74) (-) Confins $ 3,38 (3% de $ 112,74) (=) PV sem impostos $ 88,34 (-) Comissões sobre vendas $ 2,25 (2% de $ 112,74) (=) PV líquido $ 86,09 (-) Custo $ 50,00 (=) Margem de lucro bruto $ 36,09 (-) Despesas de vendas $ 5,64 (5% de $ 112,74) (-) Despesas Administrativas $ 7,89 (7% de $ 112,74) (=) Lucro antes do IR $ 22,56 – este valor corresponde a 20% do PV Já na definição do preço de venda a prazo Megliorini (2012, p. 239) diz que: Quando a empresa concede ao cliente um prazo para efetuar o pagamento do produto, da mercadoria ou do serviço, acrescenta ao preço de venda à vista um custo financeiro, e essa situação se caracteriza como um financiamento ao cliente pelo prazo concedido. Dessa forma, o custo financeiro deveria representar a remuneração de uma aplicação financeira,se a empresa financiasse o cliente com recursos próprios; a taxa de captação de recursos, em uma situação oposta; ou, então a taxa cobrada pelo marcado financeiro nas operações de desconto de duplicata. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 33 Preço de venda a prazo com custo financeiro “por fora” Ainda, utilizando o exemplo do produto X, cujo preço à vista foi calculado em R$ 112,74. Para calcular o preço de venda a prazo, devemos considerar dois aspectos: 1. São concedidos ao cliente 30 dias para que ele efetue o pagamento; e 2. O custo financeiro para essa operação é de 3% ao mês. Portanto, ao incluir o custo financeiro, é preciso recorrer à matemática financeira para proceder ao cálculo do montante, que consiste no valor principal acrescido de juros. Conforme fórmula a seguir: PV a prazo = PV à vista x (1 + i) n Onde: i = taxa de juros n = prazo de pagamento No exemplo, temos: PV a prazo = $112,74 x (1 + 0,03)1 PV a prazo = $ 116,12 Decompondo esse preço, temos: Preço de venda a prazo $ 116,12 (-) Custo financeiro $ 3,38 (PV a prazo – PV à vista) (-) ICMS $ 20,90 (18% de $ 116,12) (-) PIS $ 0,75 (0,65% de $ 116,12) (-) Confins $ 3,48 (3% de $ 116,12) (=) PV sem impostos $ 87,61 (-) Comissões sobre vendas $ 2,32 (2% de $ 116,12) (=) PV líquido $ 85,29 (-) Custo $ 50,00 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 34 (=) Margem de lucro bruto $ 35,29 (-) Despesas de vendas $ 5,64 (5% de $ 112,74) (-) Despesas Administrativas $ 7,89 (7% de $ 112,74) (=) Lucro antes do IR $ 21,76 Nota-se com a adoção desse cálculo, tanto a margem de lucro bruto quanto o lucro foram reduzidos, se comparados ao cálculo do preço de venda à vista: eles passaram, respectivamente, de $ 36,09 para $ 35,29, e de $ 22,56 para $ 21,76. Dessa forma, para preservar a margem de lucro bruto de $36,09 e o lucro antes do IR de $ 22,56, tem-se o cálculo do preço de venda a prazo com o custo financeiro “por dentro”. Preço de venda a prazo com o custo financeiro “por dentro” (mantendo-se o valor do lucro do peço de venda à vista) Considerando os custos do produto X e a mesma margem de lucro bruto do preço de venda à vista, temos: Custo $ 50,00 Margem de lucro bruto $ 36,09 Receita de vendas 100% ICMS 18 % 23,65% de impostos e taxas sobre vendas PIS 0,65 % Cofins 3,00 % Comissões sobre vendas 2,00 $ Nesse caso, para a composição do mark-up, consideramos os impostos e as taxas sobre vendas com a inclusão do custo financeiro pelo prazo de pagamento. No exemplo, a taxa de juros é 3% ao mês, e o prazo concedido ao cliente é de 30 dias. Recorrendo à matemática financeira, temos o percentual de juros conforme o prazo concedido: GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 35 J= <(1 + i) n – 1> x 100 J = <(1 + 0,03) 1 – 1> x 100 J = 3% Mark-up divisor: <100% - (23.65% + 3,00%)> /100% = 0,7335 Mark-up multiplicador (1/ 0,7335) = 1,36332 Utilizando o mark-up divisor, temos: PV a prazo = (Custo + Margem de lucro bruto) / Mark-up PV a prazo = ($ 50,00 + $ 36,09) / 0,7335 PV a prazo = $ 117,37 Utilizando o mark-up multiplicador, temos: PV a prazo = (Custo + Margem de lucro bruto) X Mark-up PV a prazo = ($ 50,00 + $ 36,09) X 1,36332 PV a prazo = $ 117,37 Decompondo esse preço, chegamos aos seguintes valores: Preço de venda a prazo $ 117,34 (-) Custo financeiro $ 3,52 (3% de $ 117,34) (-) ICMS $ 21,12 (18% de $ 117,34) (-) PIS $ 0,76 (0,65% de $ 117,34) (-) Confins $ 3,52 (3% de $ 117,37) (=) PV sem impostos $ 88,42 (-) Comissões sobre vendas $ 2,35 (2% de $ 117,37) (=) PV líquido $ 86,07 (-) Custo $ 50,00 (=) Margem de lucro bruto $ 36,07 (-) Despesas de vendas $ 5,64 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 36 (-) Despesas Administrativas $ 7,89 (=) Lucro antes do IR $ 22,54 Pode-se notar que a formulação do preço de venda com o custo financeiro “por dentro” permite à empresa determinar um preço que lhe preserve o valor monetário do lucro do IR calculado para o preço de venda à vista. Assim, pode-se determinar o mark-up para o preço de venda a prazo calculando um fator que representa a variação entre o preço de venda a prazo de venda à vista. 5. Tributos Diretos e Indiretos Introdução A fixação do preço de venda das mercadorias ou produtos é uma tarefa complexa, em que diversos fatores tendem a influenciar a sua determinação. Nesse contexto o custo de aquisição ou produção é uma variável que desempenha importante papel, uma vez que, em condições normais, o produto não deve ser vendido por um valor que esteja abaixo do preço de custo. Para que o preço de venda seja fixado por um valor superior ao de seu custo de aquisição ou produção, a empresa deverá transferir para o consumidor o ônus da incidência dos tributos sobre o faturamento e o lucro da empresa. Impostos cumulativos e não cumulativos O art. 3º CTN traz o que chamamos de definição legal de tributo. É um conceito criticado por muitos autores. Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 37 Por prestação entendemos obrigação. Pecuniária significa em dinheiro. Compulsória no sentido de que há uma imposição pela lei, e a vontade das partes não é prestigiada. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: a obrigação tributária, originariamente nascida em dinheiro, poderia ser satisfeita não apenas em dinheiro, mas também em alguma coisa que tenha valor, como a prestação de um serviço ou a entrega de uma mercadoria. Que não constitua sanção de ato ilícito: o tributo deve ser exercido tão somente em relação a atos/fatos lícitos. Instituída em lei: se é uma prestação compulsória, logo ela deve ter sido instituída por lei. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. IMPOSTO CUMULATIVO – Diz-se de um imposto ou tributo que incide em todas as etapas intermediárias dos processos produtivo e/ou de comercialização de determinado bem, inclusive sobre o próprio imposto/tributo anteriormente pago, da origem até o consumidor final, influindo na composição de seu custo e, em consequência, na fixação de seu preço de venda. IMPOSTO NÃO CUMULATIVO – Diz-se do imposto/tributo que, na etapa subsequente dos processos produtivos e/ou de comercialização, não incide sobre o mesmo imposto/tributo pago/recolhido na etapa anterior. Exemplos: IPI e ICMS. Talvez, em palavras mais simples, significa que quando no regime cumulativo não há a compensação de valores desse imposto já pago em algum processo anterior de industrialização ou comercialização. Por exemplo, se a empresa é do Lucro Presumido, o PIS do Faturamento e a Cofins, quando de seu cálculo, não há credito algum para dedução desses impostos. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 38 Sempre as alíquotas serão para o PIS 0,65% e para a Cofins, 3,00%. Nesse caso específico, a empresa do Lucro Presumido é “Cumulativo”. Já se a empresa for do Lucro Real, terá como creditar os valores desses impostos já pagos nas etapas anteriores da circulação, inclusive de PIS e Cofins pagos na importação, o que não é permitido para a empresa do Lucro Presumido. Então,a empresa do Lucro Real – “Não Cumulativo” terá créditos desses impostos e só depois ela aplicará sobre a base de cálculo, as alíquotas específicas, para cada imposto, sendo que neste caso, o PIS Faturamento será de 1,65%, e a Cofins, 7,6%. Créditos e Débitos Fiscais O conceito de crédito fiscal tem várias acepções, em geral vinculadas aos vários países. Pode fazer referência, por exemplo, à possibilidade de uma empresa reduzir os impostos que paga no seu país por meio daqueles que pagou a um governo estrangeiro por alguma operação de comércio internacional. Por outro lado, o crédito fiscal é o montante que uma empresa pagou a título de impostos ao adquirir um produto ou um bem podendo ser deduzido junto do Estado no momento de realizar uma revenda. Por exemplo: uma loja compra um leitor de DVD e paga 125 euros pelo mesmo, dos quais 25 correspondem a impostos. No dia seguinte, o comerciante vende esse mesmo equipamento a um consumidor final por 250 euros (50 correspondentes a impostos). Na hora de pagar as suas contribuições ao Estado, o comerciante terá de pagar 25 euros de impostos por essas transações, já que os 25 restantes podem ser considerados para efeitos de crédito fiscal por se tratar de uma compra original. Por outras palavras, pode-se dizer que o crédito fiscal é uma quantia de dinheiro a favor do contribuinte, isto é, uma dedução fiscal. Na hora de determinar a obrigação tributária, o contribuinte pode deduzi-lo do débito fiscal (a sua dívida) para calcular o montante que deve pagar ao Estado. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 39 O governo pode instrumentar diferentes programas para usufruir do crédito fiscal (que, em todo o caso, será uma quantia de dinheiro a favor do contribuinte, seja este uma empresa ou uma pessoa). Existem planos por meio dos quais o contribuinte pode usar o crédito fiscal para pagar sessões de formação; nesse caso, o dinheiro volta para o Estado, mas o contribuinte recebe mais serviços. Débito fiscal – Débito em que o contribuinte, deixando de pagar tributo na época certa na Fazenda Pública o contribuinte passa a ser inscrito como devedor desta. Cálculo dos Impostos por Dentro e por Fora Chama-se “imposto por dentro” àquele cujo valor imputado ao contribuinte compõe sua própria base de cálculo. Quando isso não acontece, tem-se o chamado “imposto por fora”. O ICMS é um exemplo do 1º caso, enquanto o IPI faz parte do 2º grupo. Para exemplificar vamos imaginar uma mercadoria saída de uma indústria, cuja composição final de custos foi de R$ 50,00 por unidade: 1º caso – imposto por fora (a exemplo do IPI) − Preço de custo sem imposto = 50,00 − Lucro desejável = 10,00 (20%) − Preço do produto sem imposto = 60,00 (base de cálculo para o imposto) imposto (alíquota 17%) = 10,20 − Preço final de venda = 70,20 2º caso – imposto por dentro (a exemplo do ICMS) − Preço final de venda = 70,20 (base de cálculo para o imposto) − Imposto (alíquota.17%) = 11,93 − Preço do produto sem imposto = 58,27 (70,20 – 11,93) − Preço de custo sem imposto = 50,00 lucro = 8,27 (16,54% = 100*8,27/50) Assim, para que se mantenha a mesma margem de lucro (20%) ter-se-á que fazer a GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 40 seguinte operação matemática, no caso do imposto por dentro: Sejam: PP o preço do produto sem imposto BC a base de cálculo para o imposto (alíquota = 17% = 17/100 = 0,17) PP + 0,17*BC = BC BC – 0,17*BC = PP 0,83*BC = PP BC = PP/0,83 = 1,2048*PP = PP + 20,48%*PP Ou seja, a nova composição assim ficaria: preço de custo sem imposto = 50,00 lucro desejável = 10,00 (20%) preço do produto sem imposto = 60,00 preço final de venda = 72,29 (PP + 20,48% = BC para o imposto) imposto (alíquota 17%) = 12,29. Pelo demonstrado, pode-se afirmar que o produto em questão foi efetivamente tributado em 20,48% e não em 17%. A alíquota real foi, portanto, 20,47% maior que a nominal (1 – 20,48%/17%)*100%. O produto encareceu 2,98%- (1 - 72,29/70,20)*100. Outra forma (de mais fácil compreensão) demonstra as diferenças entre um e outro modo de tributação é a seguinte (simulações com diversas alíquotas, e com imposto por dentro): a) Preço final de venda (BC) = 100,00 Imposto por dentro (alíquota 17%) = 17,00 Preço sem imposto = 83,00 a Alíquota c/ imposto por fora = 20,48% (17,00/83,00)*100 O incremento de alíquota do imposto por dentro em relação ao por fora é de 20,47%, e o produto ficou mais caro em 2,98%, já que o preço final seria 97,11 no caso de imposto por fora (83,00*1,17). b) Preço final de venda (BC) = 100,00 Imposto por dentro (alíquota. 7%) = 7,00 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 41 Preço sem imposto = 93,00 Alíquota com imposto por fora = 7,53% (7,00/93,00)*100 O incremento de alíquota do imposto por dentro em relação ao por fora é de 7,58%, e o produto ficou mais caro em 0,49%, seguindo o mesmo raciocínio anterior. c) Preço final de venda (BC) = 100,00 Imposto por dentro (alíquota 25%) = 25,00 Preço sem imposto = 75,00 Alíquota com imposto por fora = 33,33% (25,00/75,00)*100 6 O incremento de alíquota do imposto por dentro em relação ao por fora é de 32,00%, e o produto ficou mais caro em 6,67%, na forma já mostrada. Compreender o processo de composição de notas fiscais com impostos. ICMS O ICMS é um imposto de competência estadual o qual incide sobre a circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços é considerado um imposto por dentro, o que quer dizer que o seu valor está incluso no valor das mercadorias. Se comprarmos uma mercadoria no valor de R$ 100,00, com ICMS incidente sobre a alíquota de 18%, isso significa dizer que o custo da mercadoria é de 82.00 e o ICMS é de 18,00. Nesse caso, o total da Nota Fiscal é de 100,00. É um imposto não cumulativo, o valor incidente em uma operação (compra) será compensado do valor incidente sobre a operação subsequente (venda). De acordo com Iudícibus et al. (2010) o ICMS incide sobre a circulação de mercadorias, que como regra incide nas suas compras e vendas. O ICMS está incluído no custo das compras e integra o valor das vendas. E a empresa comercial recolhe ao tesouro estadual a diferença entre ambas as operações em cada mês. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 42 Segundo Iudícibus et al. (2011), vale ressaltar que a incidência tributária não é por Regime de Competência: portanto, não é sobre Receita de Vendas diminuídas do Custo da Mercadoria Vendida, mas sobre as Receitas de Vendas diminuídas das Compras. Dessa forma, deve-se ter um especial cuidado para que a contabilização desse tributo não interfira na apuração do resultado contábil feita com base na Competência dos Exercícios. De acordo com Ribeiro (2009) o ICMS é considerado um imposto por dentro, ou seja, integra a sua base de cálculo. O valor da base de cálculo será o valor da venda da mercadoria ou a prestação dos serviços, a importação e as transferências. Excluem-se da base de cálculo o IPI (somente quando a operação realizar-se entre contribuintes e cuja destinação do produto for para comercialização ou industrialização); descontos incondicionais; acréscimos financeiros. Exemplo Determinada empresa comercial no mês de agosto realiza as seguintes operações: − Compra de R$ 100.000 em mercadorias; − Desse montante, 70% sejam vendidas, constituindo o Custo das Mercadorias Vendidas de R$ 70.000; − Restando R$ 30.000 em estoques; − Admitamos um ICMS de 18% sobreessas compras, o que significa que há R$ 18.000 desse tributo contidos dentro dos R$ 100.000 das compras do mês; − As mercadorias vendidas (com o custo de R$ 70.000) são negociadas por R$ 90.000, com incidência de ICMS de 18% também sobre esse valor (o que significa que, dentro desses R$ 90.000 estão contidos R$ 16.200 a título de ICMS). Portanto, quanto de ICMS a empresa terá de recolher? Pela nossa legislação, a empresa precisará recolher a diferença entre o ICMS nas vendas e o ICMS nas compras se o primeiro valor exceder o segundo (se ocorrer o contrário será gerado o direito de compensar esse excesso no mês seguinte): GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 43 ICMS nas vendas: 18% x 90.000 R$ 16.200 (-) ICMS nas compras: 18% x 100.000 R$ (18.000) ICMS sobre as operações do mês = R$ (1.800) Segundo Ribeiro (2009): a contabilização do ICMS torna-se muito simples a partir do momento em que passa a conhecer o mecanismo que envolve a sua incidência nas operações de compras e vendas de mercadorias. O autor coloca que os direitos relativos ao ICMS originados pelas compras e as obrigações geradas pelas vendas são contabilizadas em uma única intitulada como: Conta-Corrente ICMS, ICMS a recuperar, ICMS a compensar ou outra semelhante. Segue a seguir exemplo para demonstrar a contabilização do ICMS de uma empresa comercial durante o mês de abril: 1. Compra de mercadorias, à vista, do fornecedor Comercial Taquaral S/A, conforme nota fiscal nº 105, no valor de R$ 10.000, com ICMS incidente de R$ 1.800. 2. Vendas de mercadorias efetuadas durante o mês, à vista, conforme nossas notas fiscais números 30 a 90, no valor de R$ 30.000, com ICMS incidente de R$ 5.400. Considerando que durante o mês de abril ocorreram apenas essas operações, segue a contabilização: 1) Diversos a caixa Nota fiscal nº 105 de Comercial Taquaral S/A, como segue Compras de Mercadorias Valor líquido das mercadorias 8.200 ICMS a recuperar ICMS incidente na compra acima pela alíquota de 18% 1.200 10.000 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 44 Nota-se: a conta Compras de Mercadorias foi debitada pelo valor do custo das Mercadorias adquiridas e, que correspondem ao valor da nota fiscal, diminuído o valor do ICMS. O saldo dessa conta será transferido para a conta CMV, no final do exercício. A conta ICMS a Recuperar, que é do ativo circulante e representa o direito da empresa com o governo estadual, foi debitada pelo valor do ICMS incidente na compra. 2) Caixa A venda de Mercadorias conforme nota fiscal ns. 30 a 90 30.000 3) ICMS sobre vendas A ICMS a Recuperar ICMS incidente sobre as vendas (18%) 5.400 Nota-se: para registrar as compras quando na operação houver a incidência do ICMS, um só lançamento é suficiente. Mas quando houver vendas são necessários dois lançamentos: o primeiro, para registrar o valor da receita bruta de vendas (com o ICMS), e o segundo, separadamente, para o valor do ICMS incidente. IPI sobre compras e vendas De acordo com o Portal Tributário o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros. Suas disposições estão regulamentadas pelo decreto nº 7.212/2010 (Ripi/2010). Segundo Ribeiro (2009), o IPI é um imposto de competência federal, exigido principalmente nas empresas industriais. É considerado imposto por fora, pois seu cálculo é feito sobre o valor dos produtos (mercadorias) e a ele é adicionado. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 45 De acordo com Ribeiro (2009), embora seja um imposto próprio das empresas industriais pode também estar sujeito seu pagamento a algumas exportações efetuadas por empresas comerciais, as quais são equiparadas as empresas industriais e deverão recolher o imposto. Portanto, o saldo da conta IPI a recolher representa a obrigação da companhia com o Governo Federal (Iudicibus et al., 2010, p. 280). O IPI não está incluído no preço do produto. Ele é calculado por fora e acrescentado ao seu preço. O IPI é recuperável quando a empresa é contribuinte do IPI (indústria ou que pode ser equiparada à indústria) e quando os produtos adquiridos se destinam à utilização no processo de fabricação. O IPI incide nas compras dos materiais, que irão integrar o processo de fabricação, cujos valores são pagos aos fornecedores será compensado do valor do IPI incidente na venda dos produtos fabricados com esses materiais (Ribeiro, 2009, p. 73). A contabilização do IPI é semelhante à do ICMS. Conforme exemplo a seguir de uma empresa industrial durante o mês de outubro: 1. Compra de matéria-prima, à vista, da empresa industrial Pandora S/A, conforme nota fiscal nº 510, no valor de R$ 2.000, com IPI incidente de R$ 200, totalizando R$ 2.200. 2. Vendas de produtos, à vista, realizadas durante o mês, conforme nossas notas fiscais nº 510 a 690, no valor de R$ 7.000, com IPI incidente de R$ 700, totalizando R$ 7.700. 1) Diversos A Caixa NF nº 510 de Pandora S/A Compras de matérias-primas Custo das matérias-primas 2.000 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 46 IPI a recuperar IPI incidente na compra 200 2.200 2) Diversos A Caixa NF nº 510 a 690 a venda de Produtos Valor da receita bruta de vendas, conforme notas fiscais 7.000 IPI a recuperar IPI incidente nas vendas 700 7.700 Portanto, pode-se verificar que a única diferença existente entre a contabilização do IPI apresentada e a contabilização do ICMS é o registro de venda, pois, o ICMS, por integrar o valor das mercadorias, é contabilizado por dentro, integrando a receita bruta de vendas, por isso, são necessários dois lançamentos. Mas, sendo o IPI um imposto por fora, não integra a receita bruta de vendas, podendo ser contabilizado em um lançamento só, registrando-se a receita bruta de vendas na conta Venda de Produtos e o valor do imposto a crédito da conta IPI a recuperar. IPI A RECUPERAR 200 700 500 SALDO Dessa forma, a contabilização segue conforme abaixo: IPI a recuperar a IPI a recolher pelo saldo credor apurado 500 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 47 PIS e Cofins regime cumulativo e não cumulativo De acordo com Ribeiro (2009), o programa de integralização social (PIS) e a contribuição para o financiamento da seguridade social (Cofins) são duas modalidades de tributos que as empresas em geral devem recolher mensalmente ao Governo Federal. O autor afirma que a legislação tributária trata da contribuição do PIS juntamente com o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Ribeiro (2009, p. 203) elenca os contribuintes do PIS/Pasep e da Cofins: São contribuintes do PIS/Pasep – Faturamento as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, inclusive empresas prestadoras de serviços, empresas públicas e sociedades de economia mista e suas subsidiárias, excluídas as microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo regime do SIMPLES. As entidades sem fins lucrativos, públicas ou particulares, recolhem essa contribuição com base nas suas folhas de pagamento. São contribuintes da Cofins sobre o faturamento, as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda, exceto as microempresase as empresas de pequeno porte optantes pelo regime do SIMPLES. Existem dois regimes de tributação tanto para o PIS/Pasep quanto para a Cofins: cumulativo e não cumulativo. A alíquota básica da contribuição do PIS/Pasep para as empresas sujeitas ao regime cumulativo é de 0,65% e para as empresas sujeitas ao regime não cumulativo é de 1,65%. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 48 Já para a Cofins a alíquota básica da contribuição para as empresas sujeitas ao regime cumulativo é de 3% e para as empresas sujeitas ao regime não cumulativo é de 7,6%. Corroborando com Ribeiro (2009), as legislações do PIS/Pasep e da Cofins estabelecem também alíquotas diversificadas, disciplinando as pessoas jurídicas bem como as operações nas quais devem ser aplicadas. Apuração e contabilização do PIS e Cofins – Modalidade cumulativa Segundo Iudícibus et al. (2010) o cálculo e a contabilização das contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins no regime cumulativo é muito simples. No último dia do mês, apura-se a base de cálculo de cada um dos tributos, subtraindo- se do total das receitas realizadas no mês, devidamente separadas conforme a classificação contábil de cada uma, os valores permitidos pela legislação tributária; em seguida aplica-se sobre a base de cálculo encontrada, as alíquotas próprias para se obter o valor devido de cada tributo. Exemplo De acordo com as informações referentes ao mês de março de X8 retiradas dos registros contábeis de uma empresa comercial, tem-se: Receita bruta na venda de produtos (Incluído o ICMS e excluído o IPI) R$ 5.000.000 Receitas Financeiras R$ 30.000 Aluguéis ativos R$ 20.000 Pede-se: Com base nas receitas acima, calcular e contabilizar para o PIS/Pasep pela alíquota de 0,65% e para Cofins, pela alíquota de 3%, considerando que a empresa está sujeita ao regime cumulativo de tributação dessas contribuições. GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 49 1) Diversos a PIS/Pasep a recolher PIS/Pasep sobre faturamento 0.65% sobre R$ 5.000.000 32.500 PIS/Pasep sobre receitas financeiras 0.65% sobre R$ 30.000 195 PIS/Pasep sobre outras receitas operacionais 0.65% sobre R$ 20.000 130 32.825 2) Diversos a Cofins a recolher Cofins sobre receitas totais Cofins sobre faturamento 3% sobre R$ 5.000.000 50.000 Cofins sobre receitas financeiras 3% sobre R$ 30.000 900 Cofins sobre outras receitas operacionais 3% sobre R$ 20.000 600 51.500 Modalidade não cumulativa Segue exemplo da modalidade não cumulativa do PIS/Cofins. RECEITAS: − venda de mercadorias 400.000,00 − prestação de serviços 100.000,00 − financeira 15.000,00 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 50 CUSTOS E DESPESAS: − aquisição de mercadorias para revenda 200.000,00 − mão de obra 10.000,00 − energia elétrica 5.000,00 − aluguel de máquinas pago à PJ 1.000,00 Cálculo do PIS 1ª Etapa Receita Tributável (Base de Cálculo) 500.000,00* PIS parcial (x 1,65%) 8.250,00 2ª Etapa Total dos Custos Creditáveis 206.000,00** Valor do Crédito (x 1,65%) 3.399,00 3ª Etapa Contribuição ao PIS Devida (1ª. – 2ª.) 4.851,00 * Receitas Financeiras não entram na base de cálculo, pois são tributadas à alíquota zero. ** Mão de obra não gera créditos de PIS e Cofins (já que é pagamento feito à pessoa física). Cálculo da Cofins 1ª Etapa Receita Tributável (Base de Cálculo) 500.000,00* PIS parcial (x 7,6%) 38.000,00 2ª Etapa Total dos Custos Creditáveis 206.000,00** Valor do Crédito (x 7,6%) 15.656,00 GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 51 3ª Etapa Cofins Devida (1a. – 2a.) 22.344,00 * Receitas Financeiras não entram na base de cálculo, pois são tributadas à alíquota zero. ** Mão de obra não gera créditos de PIS e Cofins (já que é pagamento feito à pessoa física). Apuração da receita líquida de vendas A Receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta diminuída: a) das devoluções e vendas canceladas; b) dos descontos concedidos incondicionalmente; e c) dos impostos e contribuições incidentes sobre vendas Ribeiro (2009) afirma que para contabilizar o Resultado da Conta Mercadorias quando aparecem fatos que alteram os valores das compras e vendas, o procedimento sugerido é: RCM = (V – VA – DIC – AV – TRIBUTOS) – CMV RCM = Resultado da conta mercadorias V = vendas de mercadorias VA = vendas anuladas DIC = descontos incondicionais concedidos AV = abatimentos sobre vendas TRIBUTOS = compreendem os impostos, taxas e contribuições incidentes sobre as vendas, como o ICMS, o PIS sobre faturamento e a COFINS CMV = Custo das Mercadorias Vendidas GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 52 Tributos indiretos São considerados tributos indiretos aqueles que em cada etapa econômica são repassados ao preço. Em finanças, chamamos de repercussão. Repercutir é transferir o ônus tributário para o consumidor, embutindo-os no preço de venda. Os empresários que produziram e comercializaram são os contribuintes de direito e responderão pelo pagamento dos tributos. O contribuinte de fato é o consumidor, que no final paga toda a conta. Tributos Indiretos – é quando na relação jurídico-tributária que se estabelece entre o Estado e o sujeito passivo, este pagar o tributo correspondente e se ressarce cobrando de terceiro por meio da inclusão do imposto no preço. Exemplos: IPI e ICMS. Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transportes interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) Antigo ICM – Imposto de circulação de mercadorias – hoje o tributo tem a nomenclatura extensa conforme o título, e tem a incidência em maior número de atividades e muito mais amplo e complexo, assim como o CFOP (Código Fiscal de Operações e Prestações), que foi amplamente modificado e muito mais detalhado para que o fisco tivesse maiores mecanismos para acompanhamento e fiscalização. Anteriormente, na Constituição Federal de 1988, o tributo que incidia sobre energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais era o Imposto Único Federal e pela Emenda Constitucional nº 3/1993, foram incluídos na incidência do ICMS juntamente com os serviços de telecomunicações. Em nível federal, passou a ser cobrado a CIDE (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico) que são contribuições regulatórias, utilizadas como instrumento de política econômica para GESTÃO DOS TRIBUTOS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS E CUSTOS 53 enfrentar determinadas situações que exijam a intervenção da União na economia do país. O ICMS é de competência dos Estados e do Distrito Federal, e os princípios constitucionais mais relevantes que regem esse tributo são a não cumulatividade (art.155, parágrafo 2º. Inciso I) e a seletividade (art.155, parágrafo 2º, inciso III), ambos da Constituição Federal. Cada estado possui uma regulamentação específica, devendo acompanhar os termos das normas gerais. No entanto, é regulamentado pela lei complementar nº 87/1996. Fato gerador Dado pela circulação de mercadorias ou à prestação de determinados serviços, como segue: Saídas de mercadorias, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, comercial,
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