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Gastro Cirúrgica - Aula 17 - Nutrição na Cirurgia da Obesidade ou Cirurgia Bariátrica - Tratamento da obesidade mórbida. - Transtornos e principalmente comorbidades que acompanham a obesidade mórbida. - Indicação deve ser criteriosa -> pacientes que realmente já tentaram mudanças no padrão e comportamento alimentar, aumento de atividade física e terapia medicamentosa. *Principalmente para obesos grau 3 ou acima. Critérios para Indicação de Cirurgia - Pacientes com IMC maior ou igual a 40Kg/m2 e que tentaram tratamento clínico por mais de 2 anos consecutivos, mas sem sucesso. - Pacientes com IMC maior ou igual a 35Kg/m2, mas que apresentem, pelo menos, uma comorbidade. Contra-Indicações: Condições clínicas precárias; Idade inferior a 18 anos e superior a 65 anos; Retardo mental, transtornos psiquiátricos graves; Abuso ou dependência de droga ou álcool. **Cuidados psiquiátricos, devido a dificuldade de seguir o tratamento pelas restrições alimentares. Técnicas Cirúrgicas *Define a nutrição pós cirúrgica. - Restritivas: saciedade precoce e restrição da ingestão de alimentos calóricos Banda gástrica ajustável Gastroplastia vertical com bandagem - Malabsortivas: redução expressiva do segmento intestinal capaz de absorver nutrientes Derivação biliopancreática de Scopinaro Duodenal switch - Mistas: restrição da ingestão alimentar, além de promover disabsorção de parte dos nutrientes ingeridos Bypass gástrico em Y-de-Roux Balão Intragástrico: Técnica restritiva - Balão intragástrico feito de silicone e preenchido com soro e azul de metileno na proporção de 400 a 700 mL, dependendo do tamanho do estômago do paciente. Escolha da Técnica - IMC - Técnicas restritivas são apropriadas para indivíduos com IMC inferior a 50Kg/m2, rigorosamente selecionados entre aqueles com boa aderência à dieta. - Técnicas mistas aplicam-se a maioria dos obesos mórbidos, e por isso são consideradas padrão-ouro. - Técnicas malabsortivas são indicadas para superobesos e para obesos mórbidos que não aceitem restrição alimentar. Escolha da Técnica - **Hábito alimentar = * Implica na escolha da técnica cirurgica a ser utilizada - Grande comedor ("comilones") - Hiperfágico. - Polifágico ("snackers"). - Comedor de doces ("sweets eaters"). Escolha da Técnica e Emagrecimento Esperado - Os resultados dos procedimentos cirúrgicos são avaliados em termos de melhora da qualidade de vida, remissão de comorbidades e perda de peso em excesso (PPE). - % PPE = [(peso inicial – peso final) / (peso inicial – peso ideal)] x 100. *Médico devine o peso que o paciente perderá. No primeiro ano há uma perda de peso mais ascentuada. - A %PPE é de 50% nas técnicas restritivas, de 60 a 70% nas mistas e de 70 a 80% nas malabsortivas. Tratamento Nutricional - Objetivos: Promover perda de peso saudável e prevenção de deficiências nutricionais por meio da reeducação alimentar, acarretando modificação no comportamento alimentar e no estilo de vida desses indivíduos, além de diminuição de comorbidades e melhora da qualidade de vida. *GRANDE importância do acompanhamento psicológico!!! Auto-imagem alterada, pode levar a alterações pós-cirúrgica, como anorexia, depressão... Objetivos do Atendimento Nutricional - Preparar o paciente para o programa de alimentação no período pós-operatório. - Promover uma reeducação alimentar que terá continuidade com o processo cirúrgico. - Superobesos deveriam emagrecer 10% do peso antes da operação. - Identificar erros alimentares e de comportamento praticados. Compreensão: Análise da habilidade para preparar os alimentos; Compreensão das orientações relativas à técnica cirúrgica e às etapas de realimentação. Educação Nutricional - Processo de reeducação alimentar. - Orientação de práticas alimentares saudáveis - Guia Alimentar para a População Brasileira. - Correção dos erros alimentares e, principalmente, as condições para evitar carências nutricionais no pós-operatório - Orientação do programa de alimentação pós-operatório - Progressão da dieta em consistência e volume, primeiro período pós-operatório, mudanças definitivas devido ao processo cirúrgico. Dietas e Suplementos no Pré-Operatório - A avaliação pré-operatória dos pacientes candidatos à cirurgia bariátrica deverá ser realizada por equipe multidisciplinar como objetivo de informar sobre os riscos, benefícios e opções de técnicas cirúrgicas disponíveis. A conduta nutricional no prédivide-se 3 etapas: - Avaliação Antropométrica: na qual será avaliada a compleição física através de peso, altura, circunferências e por vezes: bioimpedância elétrica, dobras cutâneas e calorimetria; - Avaliação Bioquímica: a partir de exames laboratoriais(desangue). - Avaliação Dietética . Anamnese alimentar, questionário de frequência alimentar, recordatório 24h. . Avaliando a ingestão das principais vitaminas e minerais e o consumo de alimentos proteicos ou muito calóricos (doces, gorduras, bebidas adoçadas -alcoólicas). A partir dessas avaliações é possível: - Identificar e tratar deficiências nutricionais. - Minimizar risco cirúrgico mediante redução de peso. - Planejar um programa alimentar de baixa caloria em pré-operatório visando reduzir a gordura hepática e abdominal. - Fazer um diagnóstico nutricional emitindo assim um parecer nutricional. - Na maioria dos casos, é comum iniciar com dieta hipocalórica e de baixa carga glicêmica e hiperprotéica antes da cirurgia. Preparo Pós-Operatório: O programa de realimentação leva em consideração a progressão de consistência em fases e o progresso de volumes pequenos para volumes maiores. Volume Técnicas restritivas e mistas – adaptação a uma dieta fracionada, com pequeno volume: - Bypass em Y-de-Roux (reservatório gástrico em torno de 20 mL) – ingestão de no máximo 50mL por refeição (um copo de café descartável). - Derivações biliopancreáticas (redução da capacidade gástrica para 200 a 500mL) – ingestão aceitável de 200 a 300mL por vez. - Frequência maior do número de refeições- Evitar período de jejum maior que 3h – prevenir hipoglicemia. *A modificação total da CONSISTÊNCIA dos alimentos ao longo de 2 meses, podendo variar de acordo com a tolerância individual. PRIMEIRA FASE - DIETA LÍQUIDA ***SABER!!!!!!!!!!!!! 1- DIETA COM LÍQUIDOS CLAROS – 1 semana - Objetivos: repouso gástrico, avaliação da tolerância oral e hidratação. - Alimentos na consistência líquida, de cores claras, em temperatura ambiente e sem adição de gordura e açúcar. - Excluir leite e produtos preparados com ele. - Pequenos intervalos e frequentes – 50mL a cada 2h. - Alimentos Permitidos: Água sem gás, água de coco, bebidas isotônicas, chás claros; Sucos naturais de frutas não ácidas coados, sem adição de açúcar; Caldo de vegetais coado sem temperos; Gelatina dietética. 2- DIETA LÍQUIDA - 15 dias - Objetivos: repouso gástrico, hidratação, adaptação a pequenos volumes. - Alimentos na consistência líquida, ou que se dissolvam na boca, em temperatura ambiente e sem adição de açúcar. - Fracionamento de 6 a 8 refeições diárias – 50mL por refeição. - Alimentos Permitidos: Introduzir leite desnatado e derivados líquidos sem gordura; Sucos naturais de frutas peneirados, sem adição de açúcar; Água sem gás, na temperatura normal ou gelada, água de coco, bebidas isotônicas, chás claros; Caldos de legumes liquidificados, preparados com carne de boi magra, frango ou peixe. - Temperos: óleo vegetal, temperos normais: sal, cebola, alho, tomate, salsinha; Gelatina dietética, pudins e flans dietéticos. 3- PERÍODO DE TRANSIÇÃO PARA A DIETA PASTOSA - Objetivos: transição de consistência da alimentação. - Alimentos Permitidos: Clara de ovo cozida ou ovos quentes moles - duas unidades por dia; Biscoito cream cracker - uma unidade, misturada ao leite; As frutas podem ser consumidas sob a forma de creme ou raspadas; Acrescentar à sopa caldo de feijão bem cozido. SEGUNDA FASE - DIETA PASTOSA - Dieta de transição de consistência para a dieta branda (maior consistência efácil digestão) - 1 semana - Alimentos na forma de purês ou cremes, mingaus; as carnes batidas ou desfiadas. - Excluir alimentos doces, como açúcar, mel. - Comer devagar, aumentando a mastigação de forma exaustiva. *Começa a reaprender a mastigar!! Precisa mastigar bem, quantomais se mastiga, mais tempo demora para a ingestão e mais rápido chega a saciedade. - Não ingerir líquidos durante as refeições (deve ser realizada nos intervalos das refeições, em pequenas quantidades). - Consumir uma colher de sopa por preparação, totalizando 4 colheres de sopa por refeição. - Alimentos Permitidos: Água sem gás, na temperatura normal ou gelada, água de coco, bebidas isotônicas, chás, refrescos de frutas; Leite e derivados: leite desnatado, iogurte natural ou desnatado; queijos, principalmente cottage e ricota e derivados líquidos sem gordura; Frutas em pedaços pequenos amassados, sob a forma de cremes ou raspadas. Excluir frutas em caldas e sucos de frutas com açúcar; Cereais: bolacha salgada, pães moles, de forma, arroz em papa, macarrão bem cozido; Leguminosas: feijão liquidificado; Sopa de legumes preparada com carne de boi magra, frango ou peixe; vegetais liquidificadados; Hortaliças: cozidas ou em forma de purê (purê de batata, de mandioquinha, etc.). Excluir folhas cruas, brócolis, abóbora, couve-flor, pepino, pimentão; Carnes: carnes moídas, aves e peixes bem cozidos e desfiados, almôndegas, ovo cozido; Temperos: óleo vegetal; temperos normais: sal, cebola, alho, tomate,salsinha; Gelatina dietética, pudins e flans dietéticos TERCEIRA FASE - DIETA BRANDA - Objetivos: evoluir para uma consistência próxima ao normal - 15 dias. - Alimentos abrandados por ação da cocção ou ação mecânica. - Excluir alimentos muito fibrosos e consistentes. - Realizar 6 refeições diárias, com o volume de 50mL por vez até o volume de 200mL. - Alimentos Excluídos: Especiarias e condimentos fortes; Frituras; Hortaliças cruas; Grão das leguminosas (ingerir apenas o grão liquidificado); Embutidos e conservas. QUARTA FASE - DIETA NORMAL - 45 dias a 2 meses após - Preocupação com a seleção dos alimentos ricos em proteínas, cálcio, ferro, vitaminas A e C e folatos. - O controle do volume deve ser mantido. - Excluir alimentos muito fibrosos e consistentes. - Realizar 6 refeições diárias, com o volume de 50mL por vez até o volume de 200mL. - Alimentos Excluídos: Especiarias e condimentos fortes; Frituras; Hortaliças cruas; Grão das leguminosas (ingerir apenas o grão liquidificado); Embutidos e conservas. Necessidades Nutricionais - Objetivos: evitar desidratação, desnutrição protéica e deficiência de vitaminas e minerais Hidratação: Causas – ingestão diminuída de líquidos, frequentes episódios de fezes líquidas, vômitos e diarreia * Ingestão de 2000mL/dia de líquidos, com baixo teor calórico Proteínas: Dificuldades – baixa ingestão alimentar e intolerância a carne comum nesses pacientes, perda nas fezes (cirurgias malabsortivas). - 3º mês pós-operatório = déficit protéico, com perda de massa corporal (restaurado 12 a 18 meses após a cirurgia) - Suplementação proteica: Whey. Carboidratos: A ingestão de carboidratos de absorção rápida e açúcares pode causar síndrome de dumping (mal estar pós-prandial, fraqueza, taquicardia, sudorese fria e vertigem) devem ser evitados. - O açúcar e os alimentos que o contenham devem ser excluídos. - Alguns pacientes apresentam na fase inicial intolerância à lactose, devendo-se, nesse caso, excluir o leite de vaca. - Fórmulas especiais sem lactose, como substituto ao leite de vaca, além de suplementação de vitamina D e cálcio. Gorduras: Ingestão de gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas para a prevenção de deficiência de ácidos graxos essenciais. - Por conterem alto valor calórico, deve-se consumir alimentos e preparações com pouca quantidade de gordura e evitar as preparações que utilizam gordura no preparo Vitaminas e Minerais - Complicações nutricionais. - Síndrome de Wernicke-Korsakoff – deficiência de tiamina (anorexia, náuseas, vômitos, diplopia, ansiedade, depressão; evolui para desorientação, alucinação e coma). - Reposição de tiamina. - Anemia megaloblástica, por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico; anemia ferropriva, hipocalcemia e hipoproteinemia. - Má absorção de vitaminas lipossolúveis. - Queda de cabelo, unha quebradiça e pele ressecada no período de emagrecimento rápido (deficiência de proteínas, zinco, ferro e ácido fólico). * Deficiências tendem a melhorar com a estabilização do peso Suplementação Multivitamínica Diariamente - Reposição nos meses iniciais, na maioria dos casos, por suplementos em forma de pastilhas e/ou em pó solúveis mas há possibilidade de diluição do comprimido em líquidos; em geral, após 60-90 dias o uso de comprimidos e cápsulas é permitido. *Poderá ser utilizada por toda a cida. Frequência da Deficiência de Micronutrientes Segundo o Tipo de CB: Carências de Micronutrientes e Suplementação Sugerida de Acordo com a Técnica Cirúrgica Empregada: - Em geral, as deficiências nutricionais mais comuns são: proteína, ferro, zinco, cálcio, vitamina De vitaminas do complexo B. - Os sinais e sintomas que geralmente podem ocorrer destas deficiências são: queda de cabelo, unhas quebradiças, anemia, fraqueza, cansaço, pele ressecada, “formigamento” das extremidades (braço/mãos e pernas/pés), e algumas vezes déficit de memória. Complicações - Evacuações pastosas e frequentes (cirurgias malabsortivas), com odor fétido e flatulência -> Restringir gordura da dieta. - Vômito persistente -> Investigar estenose no nível do anel de silicone ou de estoma calibrado ou pode ser atribuído a uma tendência ao refluxo gastroesofágico. - Intolerância a certos alimentos, como carne vermelha, arroz, frituras, verduras, etc. -> Orientar cozimento, trituração, mastigação. - IMPORTANTE: Avaliação e acompanhamento dos pacientes por equipe multidisciplinar, por muitos anos. SÍNDROME DE DUMPING *SABER - Resposta fisiológica complexa à presença de quantidades maiores que o habitual de alimentos sólidos ou líquidos na porção proximal do intestino delgado. -Resultado da gastrectomia total ou subtotal, cirurgia de fundoplicatura ou manipulação pilórica. - Nos estágios mais avançados de dumping pode ocorrer distensão abdominal, flatulência e diarréia, culminando com hipoglicemia (pelo aumento exagerado de insulina, com um declínio subseqüente da glicemia), sudorese, ansiedade, fraqueza, tremor ou sensação de fome. Cirurgia Bariátrica - Eventos Adversos - Manejo - Refeições de pequeno volume (menor absorção e transferência de líquidos menos intensa). - Alimentos ricos em proteínas e moderados em gordura são recomendados. - Carboidratos de alta complexidade podem ser incluídos se bem tolerados. - Alimentos ricos em fibras diminuem a velocidade de trânsito intestinal e aumentam a viscosidade. - Decúbito dorsal e evitar atividades físicas durante as refeições pode ajudar a retardar o esvaziamento gástrico. - Não ingerir líquidos durante as refeições. - Evitar doces hipertônicos e concentrados: refrigerantes, sucos, tortas, bolos, biscoitos e sobremesas congeladas (a não ser quando feitos com adoçante). - Pode ser necessário evitar a lactose, queijos e iogurtes são provavelmente mais bem tolerados. Monitoração - Acompanhamento ambulatorial a cada 3 meses no primeiro ano, após a cada semestre - Exames de sangue de rotina. - Acompanhamento nutricional mensal nos primeiros quatro meses, após bimestral até estabilizar o peso (1,5 ano após a cirurgia) - Atividade física liberada pelo médico e orientada (Ex: 30 min. de caminhada diária associada com hidroginástica, esporte ou dança). * A GRAVIDEZ é contra-indicada até o segundo ano pós-cirúrgico.
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