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Direito Penal Econômico e Tributário

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Direito Penal Econômico e Tributário
Prof. Ramon Olímpio de Oliveira
Introdução
O Direito Penal Econômico é comumente definido como o ramo do Direito responsável pelo estudo dos chamados “Crimes de colarinho branco” (white collar crimes) ou “crimes dos poderosos” (crime of the powerful)
Edwin Sutherland, sociólogo proveniente dos Estados Unidos foi o primeiro a utilizar a terminologia “white collar crime” em 1939.
Introdução
Apesar de correta, tal definição peca ao limitar o Direito Penal econômico a um tipo específico de autor (geralmente os magnatas e políticos), deixando em aberto os crimes cometidos.
Como não podemos limitar o Direito Penal Econômico apenas aos autores, é necessário traçar uma definição mais objetiva em relação aos fatos e crimes que envolvem a matéria, observando suas características objetivas.
Definição de Direito Penal Econômico
Ramo do Direito Penal cujo intuito é o estudo de crimes que ocorrem nas relações comerciais ou decorrentes da atividade empresarial, muitas vezes praticados pelos seus sócios, diretores ou gestores de forma não violenta (geralmente) e através de fraude ou violação da relação de confiança;
Definição de Direito Penal Econômico
Para Zygmunt Bauman, Direito Penal Econômico pode ser definido como “conjunto de normas que regulam a vida e as atividades econômicas e dos preceitos que de alguma forma se relacionam com a produção e distribuição dos bens econômicos”
Contextualização do Direito Penal Econômico
Como se desenvolve o estudo e o interesse acerca do Direito Penal Econômico?
O fortalecimento das relações econômicas através da globalização e as transformações sofridas pela sociedade e pelas Nações.
Contextualização do Direito Penal Econômico
Uma das consequências da globalização é a integração dos países em um nível extremamente elevado, com a formação de redes econômicas supranacionais, o que leva os países a reprimirem atos e comportamentos que visem lesar à ordem econômica atingida até então.
Contextualização do Direito Penal Econômico
 Além disso, a estruturação de grandes empresas detentoras de forte poder econômico provoca o Estado a formular um sistema jurídico que pretende ser eficaz na proteção aos interesses de uma sociedade de massas – a norma legal como instrumento de proteção da economia nacional e popular
Contextualização do Direito Penal Econômico
Outra explicação para o crescimento do tema na experiência jurídica contemporânea é a mudança social que implicou uma alteração no paradigma da criminalidade. Evoluímos de um modelo clássico de criminalidade – onde o foco é a delinqüência individual – para um paradigma de criminalidade coletiva
Contextualização do Direito Penal Econômico
Sobre a evolução do modelo de criminalidade, Edwin Sutherland, em 1949, elaborou as seguintes teses:
1. O crime não deriva de fatores como pobreza, lares desfeitos nem fixações freudianas em violações de regras, pois há pessoas absolutamente saudáveis e bem criadas que praticam crimes. E mais: não impediu que se verificassem vários ilícitos penais praticados por pessoas em situação de poder.
Contextualização do Direito Penal Econômico
2. As práticas negligentes adotadas por grandes empresas ocorriam com a mesma freqüência e de forma tão profissional como crimes praticados por quadrilhas de assaltantes de bancos e de estelionatários.
3. Os delitos mais comuns nesse grupo eram as violações anti-truste (ordem econômica), propagandas enganosas (relações de consumo), roubo de segredos industriais (propriedade industrial) e corrupção para obtenção de favores especiais.
Contextualização do Direito Penal Econômico
Como a influência das grandes empresas na vida da sociedade é um fato sempre constante e sempre crescente, nós temos o Estado formulando normas para proteger a sociedade de eventuais males causados pela ruptura do status quo na ordem econômica, tendo como foco a proteção da sociedade de forma geral, e não apenas o s indivíduos.
Contextualização do Direito Penal Econômico
	Assim, as ações que se caracterizam como concorrência desleal, fraudes ao fisco, o contrabando, condutas contra a ordem econômica, contra as relações de consumo, contra os sistemas tributário, financeiro e previdenciário, são exemplos de comportamentos que se inserem nesse contexto do Direito Penal Econômico. 
Fundamentação do Direito Penal Econômico
Fundamentação Material:
Pode-se fundamentar o D. Penal Econômico a partir de uma noção quantitativa, ou seja, o crime econômico é a expressão dos danos que ele causa, ou também, a partir da natureza coletiva ou supraindividual dos interesses ou bens jurídicos. Enquanto os crimes contra o patrimônio atingem interesses inscritos na esfera da livre disponibilidade de seus portadores concretos, o crime contra a economia atinge interesses que o legislador converte em bens jurídicos supra-individuais, por isso, mesmo, indisponíveis. 
Fundamentação do Direito Penal Econômico
Fundamentação Legal: Tendo em vista que o objetivo do Direito Penal é a defesa de bens jurídicos e valores específicos, não seria diferente com o Direito Penal Econômico.
Todavia, devido à natureza supraindividual dos valores protegidos por ele, há uma grande dificuldade em definir, de forma exata, esses valores. 
Fundamentação do Direito Penal Econômico
O que se observa, e muitas vezes se critica, é que em material de Direito Penal Econômico há um caráter altamente criminalizador, visto que não raro se erige à categoria de delito uma grande quantidade de comportamentos que, a rigor, não deveriam passar de meras infrações administrativas, em dissonância, talvez, com os princípios penais da intervenção mínima, da ultima ratio, da insignificância, da fragmentariedade etc. 
Bem Jurídico e interesses protegidos pelo Direito Penal Econômico
O bem jurídico tutelado pelo Direito Penal Econômico é todo aquele que se relaciona com a manutenção da ordem econômica, ou seja, a economia popular, o sistema financeiro, o sistema tributário, o sistema previdenciário, as relações de consumo.
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
- Lei 8.137, de 1990: Delitos contra a ordem econômica (arts. 4º a 6º): BEM JURÍDICO: livre concorrência e livre iniciativa, fundamentos basilares da ordem econômica.
- Lei 8.137, de 1990: Delitos contra as relações de consumo (art. 7º): BEM JURIDICO: nos incisos I a IX, os interesses econômicos ou sociais do consumidor (indiretamente, a vida, a saúde, o patrimônio e o mercado); 
- Lei 8.137, de 1990: Delitos contra a ordem tributária (arts. 1º a 3º): BEM JURIDICO: erário público, como bem supraindividual, de cunho institucional; proteção da política socioeconômica do Estado.
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Lei 8.176, de 1991: Trata de delitos contra a ordem econômica. BEM JURÍDICO: fontes energéticas.
Lei 8.078, de 1990: Trata dos crimes contra as relações de consumo – Código de Defesa do Consumidor; BEM JURÍDICO: relações de consumo, relação jurídica de consumo.
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Lei 7.492, de 1986: Trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional; BEM JURÍDICO: proteção pública aos valores mobiliários (públicos e das empresas privadas que atuam nesse setor) e o patrimônio de terceiros (investidores); a higidez da gestão das instituições financeiras; a fé pública; fé pública de documentos; veracidade dos demonstrativos contábeis das instituições; regular funcionamento do sistema financeiro; reservas cambiais; 
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Código Penal Brasileiro, de 1940: nos artigos 359-A a 359-H, trata dos crimes contra as finanças públicas; BEM JURIDICO: finanças públicas;
Código Penal Brasileiro, de 1940: nos artigos 168-A e 337-A, trata dos crimes contra o sistema previdenciário; BEM JURÍDICO: interesse patrimonial da previdência social;
Legislação Específica e seus respectivos bens tutelados
Código Penal Brasileiro,de 1940: artigo 334; BEM JURÍDICO: prestígio da administração pública e o interesse econômico do Estado;
- Lei 9.613, de 1998: Lavagem ou ocultação de bens. BEM JURÍDICO: administração da justiça e a ordem socioeconômica (ordem econômico-financeira);
Teoria Geral do Crime: Teoria Tripartite (Tripartida)
Como observa Rogério Greco (2011), para que um fato constitua crime é necessário que atenda aos seguintes requisitos quanto ao fato:
Tipicidade;
Culpabilidade;
Ilicitude.
Da Tipicidade
Tendo em vista que o Direito Penal Econômico não possui autonomia científica, trata-se de matéria cujas definições e construção jurídico-legal encontra-se atrelada ao Direito Penal, seus princípios e categorias, apresentando variações específicas de acordo com os crimes.
Da Tipicidade
O fato típico é o primeiro elemento que estrutura o crime e que, portanto, condiciona à responsabilidade penal. Nele estão integradas:
Conduta;
Nexo de causalidade;
Resultado;
Tipicidade.
Conduta
A conduta, como pressuposto do fato típico, diz respeito ao comportamento humano voluntário, consciente e que objetiva determinado objetivo.
Ela se traduz em ação (conduta positiva) e omissão (conduta negativa).
Conduta
A maioria dos crimes previstos na legislação penal brasileira se constitui modalidade comissiva, ou seja, são crimes de ação. Não obstante, há outros tantos que se perfazem através da chamada omissão. 
No âmbito do Direito Penal a omissão é normativa, ou seja, a possibilidade de imputar ao omitente um resultado lesivo decorre da obrigação jurídica que se impõe ao sujeito de, podendo, agir para evita qualquer tipo de resultado. O nexo causal, assim, entre a omissão e o resultado não é naturalístico, mas normativo. 
Resultado
O resultado diz respeito à consequência da conduta, seja ela positiva (comissão) ou negativa (omissão).
Para que o fato seja típico, há a necessidade do resultado estar diretamente conectado à conduta do agente (Nexo de Causalidade).
Nexo de Causalidade
Na interligação do comportamento ao resultado, outro instituto de D. Penal tem lugar: o nexo de causalidade. A legislação penal brasileira adota, quanto ao nexo causal, a Teoria da Equivalência das causas ou da conditio sine qua non. 
Para esta teoria, o resultado de que depende a existência do crime é imputável a quem lhe deu causa, considerando-se como causa, toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido (artigo 13 do CPB).
Da Tipicidade
A tipicidade, dessa forma, é a adequação do fato ou conduta à norma jurídica penal previamente estabelecida, de forma que, ao analisar a conduta, o resultado e o nexo de causalidade, temos um fato concreto.
Caso esse fato encontre semelhança com aquilo que está previsto na norma penal, considerar-se-á típico.
Crime de dano e de perigo
Diz-se crime de dano, quando da o resultado da ação provoca algum tipo de prejuízo ou lesão ao bem tutelado pela legislação.
O crime é de perigo quando o resultado dele é a ameaça de direito e a norma penal prevê essa ameaça como sendo tipo penal punitivo.
Tipo Penal aberto e fechado
O tipo penal é considerado aberto quando a norma institui como fato típico um resultado que pode ser alcançado através de várias condutas diversas, tendo em comum apenas a lesão ou ameaça de direito entre elas.
O tipo penal fechado, por sua vez, ocorre quando a norma especifica a conduta que deve ser praticada (ou ignorada) pelo agente de forma específica, restringindo a punibilidade à especificidade do comportamento do agente.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo aberto
É bastante comum encontrar essa modalidade no Direito Penal Econômico, o que gera uma tendência, por parte desse ramo, na adoção de condutas amplas para caracterização da norma incriminadora.
Essa tendência tem como consequência uma menor precisão na aplicação da norma, posto que a amplitude do tipo penal acaba prejudicando a sua aplicação e gerando uma instabilidade perigosa.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo aberto
Como exemplo de tipo penal econômico aberto, vemos o que sucede na Lei 8.137, no que pertine ao crime contra a ordem econômica. 
Segundo o artigo 4º, inciso I, constitui crime contra a ordem econômica abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando total ou parcialmente a concorrência mediante alguma daquelas condições estabelecidas nas letras “a” a “f”. 
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo aberto
Como se observa, a expressão abuso de poder econômico traz a ideia de mau uso do poder, de certo desvirtuamento ou da aplicação ardilosa, deformada de atitudes em detrimento de outrem.
Esse tipo penal revela a finalidade da conduta, mas deixa em aberto a forma como o agente irá cumprir seus objetivos.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo aberto
Outro exemplo interessante diz respeito ao artigo 4º, parágrafo único, da Lei 7492/86, no que tange à gestão temerária, cuja pena prevista é de reclusão de dois a oito anos e multa. 
O tipo penal é a gestão temerária (arriscada de forma exacerbada, ousada, pródiga), sem que haja o devido aviso aos investidores sobre o risco da operação de compra/venda de ações.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo aberto
Deve-se observar que o tipo penal é aplicável à gestão temerária, não especificando a necessidade de causar prejuízo para os investidores ou para as relações de consumo, ordem econômica e outros bens tutelados pelo Direito Penal Econômico.
Com isso, um negócio arriscado, mas que deu certo, poderia, em tese, acarretar em prisão do sócio diretor por gestão temerária de sua empresa.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo aberto
Até mesmo a utilização de escrituração paralela lícita poderia incidir em crime, posto que a Lei 7.492/86 prevê o chamado Caixa 2, com a seguinte redação: “manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação”
O tipo penal aberto, com isso, prejudica a precisão jurídica na adequação do fato à norma, o que pode implicar em situações onde a tipicidade dos fatos praticados pode ser contestada, e com razão.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo omissivo
São bastante presentes no Direito Penal Econômico os crimes omissivos, caracterizados pela conduta negativa do agente que resulta em dano ou violação de direito de terceiro.
Como exemplo podemos citar o Código de Defesa do Consumidor, que prevê, entre seus arts. 61 e 80, crimes contra as relações de consumo, dentre os quais 6 deles são omissivos próprios.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Tipo omissivo
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade;
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata;
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Crimes de Perigo
Não é incomum encontrar crimes de perigo no Direito Penal Econômico. Isso ocorre devido à sua característica de defesa de direitos difusos, ou seja, que atingem um número indeterminado de pessoas.
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Crimes de Perigo
A doutrina e a jurisprudência majoritárias vêm entendendo que os crimes de perigo abstrato ou presumido são inconstitucionais. Se o juízo de tipicidade exige que a ação do agente deva ter promovido um dano ou um perigo efetivo de dano, somente será possível punir alguém se essa situação de risco se mostrar diagnóstica. Caso contrário, o comportamento resta irrelevante para o Direito Penal. 
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico:Crimes de Perigo
A questão é tormentosa, e divide opiniões na doutrina e na jurisprudência. Para alguns a aceitação dos tipos penais de perigo é condição imperiosa para a responsabilidade por delitos econômicos, porque as conseqüências da criminalidade econômica nem sempre são apreciáveis imediatamente. 
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Crimes de Perigo
Muitas vezes não há sequer como valorar, de maneira objetiva, o resultado possivelmente alcançado, ou provavelmente contraído pela ação que atenta contra a ordem econômica e, assim, o legislador tem necessidade de considerar como típicos o mero perigo que as ações causam, ou podem causar, a bens jurídicos tutelados pela macrocriminalidade. 
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Crimes de Perigo
Exemplo: gestão temerária (Lei 7.492/86): a simples possibilidade de risco de prejuízo aos investidores ou ao bem estar econômico da empresa pode ser punido, ainda que não haja prejuízo efetivo ou mesmo quando há lucro;
Aplicação da Teoria Geral do Crime no Direito Penal Econômico: Normas penais em branco
As normais penais em branco são aquelas que dependem de legislação ou norma diversa para que seu sentido se complete, devendo ser violado aquilo que está disposto tanto no tipo contido na norma penal como o que prevê a norma complementar.
Exemplo: Lei 8176/91, no artigo 1º, inciso II, já citada anteriormente, a utilização de gás liquefeito de petróleo, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei
Excludentes de tipicidade
Coação física irresistível – aquela que exclui o controle dos movimentos do corpo – um empurrão por exemplo. – exclui a conduta.
Erro de tipo inevitável, invencível, escusável – exclui tanto o dolo, quanto a culpa – torna o fato atípico. Já o erro de tipo evitável, vencível ou inescusável somente exclui a tipicidade dolosa, mantém, se previsto em lei, o crime culposo.
Excludentes de tipicidade
Arrependimento eficaz e desistência voluntária – são excludentes de tipicidade mediata da tentativa, permite que o agente seja punido pelo que ele causou.
Crime impossível – exclui a tentativa quando por ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto o crime jamais se consumaria.
Princípio da insignificância – embora o fato esteja formalmente previsto em lei, não será típico materialmente, pois não houve lesão grave para o bem jurídico tutelado. O fato é atípico.
Excludentes de tipicidade
Para o Direito Penal Econômico, as excludentes de tipicidade que o afetam diretamente são: 
Princípio da Insignificância (crime de bagatela);
Princípio da Adequação Social;
Consentimento do ofendido.
Princípio da Insignificância (Crime de Bagatela)
As decisões do Supremo Tribunal Federal vem adotando critérios bastante razoáveis para aferição da insignificância ou bagatela que, é casuística, sendo eles: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Princípio da Insignificância (Crime de Bagatela)
Na legislação criminal previdenciária – tanto no que se refere ao crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no artigo 168-A, quanto ao delito do artigo 337-A do Código Penal Brasileiro, tem sido comum a utilização do princípio para exclusão da tipicidade do comportamento, quando a dívida ativa previdenciária não ultrapassa R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
Princípio da Insignificância (Crime de Bagatela)
Ou seja, dívidas até R$10.000,00 não executadas e são “perdoadas”, do ponto de vista que não constituírão crime.
Adequação Social
O Princípio da Adequação social é considerado quando se está diante de uma conduta formalmente típica, mas que materialmente não se caracteriza como tal, porque não se verifica desvalor social na ação e desvalor social no resultado. São condutas que, formalmente típicas, acabaram por atingir aceitação social. 
Ex: descriminação do descaminho através do pagamento de tributo.
Consentimento do ofdendido
Consentimento do ofendido é causa que também pode ser considerada como excludente da tipicidade, especialmente quando o dissentimento da vítima faz parte da estrutura típica, como elemento expresso ou tácito da descrição típica. 
Consentimento do ofdendido
A Lei 8.137, em seu artigo 7º. Inciso IX menciona o crime de quem entrega mercadoria em condições impróprias para o consumo. Decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais promoveu o reconhecimento do consentimento do ofendido em matéria desta natureza, em situação em que alguém aceitou doação de animal com nível de gordura abaixo do indicado para consumo.
Consentimento do ofdendido
A hipótese de consentimento do ofendido pode ser observada na Lei 8176/91, na proteção da ordem econômica. Em seu artigo 2º, parágrafo primeiro, a lei estabelece que incorre na pena de 1 a 5 anos e multa aquele que, sem autorização legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir ou comercializar produtos ou matéria prima obtida na forma prevista no caput do artigo – constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo titulo autorizativo.
Desistência Voluntária
Primeira causa legal de exclusão da tipicidade, a desistência voluntária está presente quando o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução da conduta delitiva. Assim, segundo o artigo 15 do CPB, o agente que podendo prosseguir na execução desiste do seu intento, voluntariamente, só responderá por aqueles atos já alcançados pelo seu agir que, por si, já sejam típicos. 
Arrependimento Eficaz
No mesmo artigo 15, a legislação penal prevê o arrependimento eficaz como uma causa de exclusão da tipicidade. Nesta situação, o agente, embora tenha realizado a integralmente os atos executórios do crime, impede que o resultado se produza. Ou seja, o agente, arrependido pela sua conduta, outra realiza, neutralizando, impedindo, mesmo, e eficazmente, a produção do resultado. Neste caso, também só responderá o agente pelo que logrou produzir, e não por aquilo que pretendia e do qual, eficazmente, impediu. 
Crime Impossível
Nesta excludente, o agente realiza uma conduta e não atinge seu objeto, ou porque ele não existe (absoluta impropriedade material), ou porque o meio escolhido para atacá-lo é ineficaz (absoluta ineficácia do meio). 
A hipótese é de tentativa impunível. O próprio artigo 17 do CPB diz que a tentativa não será punida, configurando-se, assim, causa de exclusão da adequação típica do crime tentado. 
Erro de Tipo
O artigo 20 está contemplado no artigo 20 do CPB, e ocorre quando o agente erro sobre algum dos elementos constitutivos do tipo penal. Assim, há erro de tipo quando o agente tem uma falsa percepção sobre a realidade que o circunda, de modo que ele confunde-se. O erro, então recai sobre dados da realidade. É a falsa percepção da realidade. 
Erro de Tipo
Serve como situação exemplificativa de erro de tipo em matéria de D. Penal Econômico o desconhecimento de se tratar a matéria prima ou a mercadoria imprópria ao consumo ( Lei 8137/90, artigo 7º, inciso IX).
Ilicitude
No Brasil, há quatro causas legais de exclusão da ilicitude, ou seja, quatro hipóteses em que é rompido o caráter indiciário de tipicidade, ocasiões em que, mesmo um fato sendo típico, não será antijurídico e, por conseguinte, não haverá crime. Tais causas estão previstas no artigo 23 do Código Penal, são elas: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de um direito. 
Ilicitude
No âmbito do D. Penal Econômico a proteção se dirige a bens jurídicos supra-individuais, ou a bens jurídicos coletivos e difusos. Assim, há algumas dificuldades em fazer-se uma definição rigorosa e precisa do conteúdo destes direitos,bens ou interesses. Há, como se sustenta, imprecisão muitas vezes, na delimitação dos bens protegidos pelo direito penal econômico.
Ilicitude
Veja-se, por exemplo, os já mencionados crimes da Lei 8176/91, artigo 1º, inciso, II, quando refere, “em desacordo com as normas estabelecidas em lei”; ou, o artigo 2º do mesmo diploma legal, na menção “sem autorização legal”, em referências específicas à possível concorrência de causa de justificação supra legal. 
Ilicitude
No âmbito do Estado de Necessidade, por exemplo, causa de exclusão da ilicitude contemplada no artigo 24 do CPB, uma situação de necessidade econômica poderá ser considerada para eximir de responsabilidade um agente. 
Ilicitude
Não é desconhecida a enorme carga tributária que recai sobre todos, especialmente para a sociedade empresária. Sabe-se, por outro lado, que muitas vezes os esforços do empresário são inúmeros no sentido de viabilizar e manter o prosseguimento da sua atividade empresarial.
Assim, não raro, o empresário opta pela satisfação de créditos de natureza trabalhista ou contratual em detrimento dos de natureza tributária, por falta de recursos para tanto. 
Ilicitude
Assim, uma vez frágil a saúde financeira da empresa, não se pode falar em infração penal tributária, mas apenas a infração administrativa tributária. Por isso, não havendo desvio econômico por parte dos gestores e/ou enriquecimento ilícito, não se pode cogitar a existência do crime.
Ilicitude
Veja-se que as normas da legislação tributária dispõem ex vi do art. 186 do Código Tributário Nacional, que os créditos decorrentes da legislação do trabalho precedem os créditos tributários. Como então exigir e punir com prisão, no campo penal, o empregador que deixar de recolher a contribuição previdenciária para pagar o salário? De um lado o Direito determina que ele privilegie o salário e de outro que ele privilegie o tributo? A qual rumo deve obedecer?
Culpabilidade
A culpabilidade que interessa ao conceito de crime é a aquela cuja natureza está evidenciada como fundamento da pena, composta por três elementos normativos: a capacidade de culpabilidade, ou imputabilidade; a consciência da ilicitude e a exigibilidade da conduta adequada ao direito. 
Culpabilidade
No finalismo a culpabilidade é o juízo de reprovação dirigido ao autor do fato por não ter obrado de acordo com o direito, quando lhe era exigível uma conduta em tal direção.
Culpabilidade
Também no que toca à culpabilidade, estão presente as chamadas causa legais e extra legais de exclusão. As causas legais estão elencadas na legislação penal brasileira e são as inimputabilidades - por menoridade ou patologia mental - (arts. 26 e 27), a coação moral irresistível (art. 22), a obediência hierárquica (art. 22), o erro de proibição (art. 21) e as descriminantes putativas (art. 20, parágrafo primeiro).
Culpabilidade
Na seara do D. Penal Econômico o conceito de culpabilidade como fundamento da responsabilidade penal, encontra discussões acirradas porque, como se percebe, os elementos que integram a culpabilidade são eminentemente pessoais e, não raro, a prática de comportamentos delituosos, por exemplo, no âmbito das empresas – sonegação fiscal, crimes previdenciários ou mesmo os financeiros - são resultantes de uma difusa impessoalidade no âmbito das organizações, sejam elas públicas ou privadas
Culpabilidade
Resulta, daí, muitas vezes, a dificuldade de identificação do autor do fato criminoso e, por conseguinte, da sua responsabilidade ou, noutra vertente, da punição de gerentes, administradores, diretores, pelas ilegalidades cometidas pela ‘empresa’. 
Ela está assentada na responsabilidade criminal das pessoas jurídicas ou coletivas, eis que esse conceito de responsabilidade/de culpabilidade, aliás, é exclusivamente pessoal.
Culpabilidade
No Brasil, apenas no âmbito das condutas lesivas ao ambiente essa possibilidade existe. No mais, não se reconhece tal forma de responsabilização e, por isso, estão as empresas sujeitas, apenas, a sanções administrativas. 
Culpabilidade
A sanção penal só pode ser imposta após aferida em juízo a culpa do acusado, e a pena será proporcional a reprovabilidade que incide sobre sua conduta — por isso o Código Penal explicita que, no concurso de agentes, cada qual será punido na medida da sua culpabilidade.
Culpabilidade
No Direito Penal Econômico, devido à possibilidade de crimes cometidos por sociedades (pessoas jurídicas) há uma dificuldade da individualização da responsabilidade, tanto para fins de culpabilidade como para aferição de pena.
Isso leva o MP a realizar denúncias genéricas nos chamados crimes societários, iniciando ações penais contra quadros de sócios e possibilitando a responsabilização objetiva e aplicação de sanção penal a pessoas que podiam estar completamente alheias à situação delituosa.
Culpabilidade
A possibilidade de denúncia genérica é defendida por aqueles que alegam que não afronta as garantias individuais, uma vez que a denúncia em si não é mais que a peça processual que aciona a jurisdição criminal, mas que a averiguação da culpa dos réus sempre se faz sempre no bojo do próprio processo penal e que, independente de a denúncia ser genérica ou não, se não for provada a culpa de um ou outros envolvidos, o resultado não será outro senão sua absolvição dos acusados.
TRIBUNAL NEGA SEGURANÇA A ACUSADO DE CRIME FINANCEIRO
Tribunal Regional Federal da 5ª Região — 27 de Maio de 2009 — HC 3543 (RN)
A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), em sessão de julgamento realizada nesta terça-feira (26/05), negou segurança a Antonio Cesar dos Reis Prestes, sócio da empresa ACTION, que pretendia trancar ação penal investigativa da suposta prática dos crimes de formação de quadrilha e contra o sistema financeiro nacional (art. 288, parágrafo único, do CP e art. 16, parágrafo 1º, da Lei do Colarinho Branco).
TRIBUNAL NEGA SEGURANÇA A ACUSADO DE CRIME FINANCEIRO
MP acusa 17 membros so quadro societário da empresa Action, dentre os quais Antônio César estava presente.
Tese de defesa foi baseada na falta de individualização da responsabilidade e formulação de denúncia genérica.
HC negado pelo Relator devido à presença de provas e indícios fortes de autoria de crimes contra sistema financeiro e optando pela possibilidade de denúncia genérica.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA - É INÉPTA A DENÚNCIA QUE NÃO INDIVIDUALIZA CONDUTAS
STJ - Habeas Corpus 115.244/2009
O fato de uma pessoa pertencer à diretoria de uma empresa não significa que ela participou do crime ali cometido. A denúncia deve individualizar a conduta de cada suspeito, sob pena de tornar-se inepta. Com esse entendimento, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, concedeu Habeas Corpus para considerar inepta denúncia do Ministério Público Federal contra diretores de uma instituição de ensino do interior paulista e anular todos os atos posteriores. Eles eram acusados de crime tributário.
http://www.conjur.com.br/2009-fev-17/stj-declara-inepta-denuncia-generica-
diretores-escola
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RESPONSABILIDADE OBJETIVA - É INÉPTA A DENÚNCIA QUE NÃO INDIVIDUALIZA CONDUTAS
“Admite-se a denúncia geral, mas repudia-se a denúncia genérica. Na primeira atribui-se um determinado ato criminoso a todos os denunciados, por tê-lo praticado em conjunto; na segunda, mostra-se que ocorreram ações que levaram ao resultado delituoso, atribuindo-o a todos os diretores, sem estabelecer a correspondência concreta entre aquele e as ações de cada um dos que as produziram, impedindo-lhes a defesa, fulminando a denúncia da inépcia formal”
Questões
1) Os crimes contra o SFN, previstos na Lei 7.492/86, podem ser praticados por pessoas que não estejam no rol do art. 25? Quais as implicações de se ampliar o rol dos sujeitos ativos por decisão jurisprudencial?
Questões
2) Os crimes contra o SFN, previstos na Lei 7.492/86, podem ser praticados na modalidade culposa? E na modalidade omissiva? Os membros do Conselhode administração podem praticar crimes na forma comissiva por omissão (crimes omissivos impróprios) caso não supervisionem as práticas de gestão da diretoria?
Questões
3) Quais as mudanças estruturais que o Direito Penal sofre em razão da tutela penal de bens jurídicos supraindividuais? Como a proteção desses bens jurídicos se relaciona com o uso de tipos penais abertos e de tipos penais de perigo abstrato?

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