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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ UNIARAXÁ
PROFa. Adriene Coimbra
Língua, fala, linguagem
	A língua: “contrato” social
	Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano está a linguagem, que é a capacidade de se comunicar por meio de um código. O mais utilizado desses códigos comunicativos é a língua. Língua é “um conjunto de sons e ruídos, combinados, com os quais um ser humano, o falante, transmite a outro ou outros seres humanos, o ouvinte ou os ouvintes, o que está em sua mente.” A língua é, portanto, um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos – os signos lingüísticos. 
	Um signo lingüísticos é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: um significante e um significado, unidos num todo indissolúvel. Ao ouvir a palavra árvore, reconhecemos os sons que a formam. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está presente em sua memória. Essa lembrança constitui uma verdadeira imagem sonora, armazenada em nosso cérebro – é o significante do signo árvore. Ao ouvir essa palavra, mentalizamos um “vegetal lenhoso cujo caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que exibe ramos desde junto ao solo”. Esse conceito, que não se refere a um vegetal particular mas engloba uma ampla gama de vegetais, é o significado do signo árvore – e também se encontra armazenado em nosso cérebro.
	O signo árvore, portanto, relaciona-se com dois dados de nossa memória: uma imagem acústica, correspondente à lembrança de uma seqüência de sons – o significante – e um conceito, um dado do conhecimento humano sobre o mundo – o significado.
	Como a língua é um patrimônio social, tanto os signos como as formas de combiná-los são conhecidos e acatados pelos membros da comunidade que a emprega. Pode-se dizer, por isso, que a língua é um verdadeiro “contrato” que os indivíduos de um grupo social estabelecem. Aceitos os termos desse contrato, a comunicação está garantida.
	A língua: escolha individual
	Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala. Quando lemos ou escrevemos, damos preferência a determinadas palavras ou construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua expressão oral e escrita deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa: caso contrário, estaremos deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pelos membros da nossa comunidade. Daí, percebemos, que língua é um conceito amplo e elástico, capaz de abarcar todas as manifestações individuais, todas as falas.
Linguagem: é a capacidade humana de comunicar por meio de uma língua.
Língua: é um conjunto de signos e formas de combinar esses signos partilhado pelos membros de uma comunidade.
Signo: é um elemento representativo; no caso do signo lingüístico, é a união indissolúvel de um significante e um significado.
Fala: é o uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de compreensão e expressão.
	Unidade e variedade lingüística
	O conceito de língua é bastante amplo, englobando todas as manifestações individuais, com suas incontáveis possibilidades. Dentro desse extenso universo, há também variações que não são decorrentes do uso individual da língua, mas sim de outros fatores. Esses fatores podem ser:
a) geográficos – Há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas diferentes regiões em que é falada. Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo de falar de um lisboeta e de um carioca, por exemplo, ou na expressão de um gaúcho em contraste com a de um amazonense. Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos. Não há motivo lingüístico algum para que se considere qualquer uma dessas formas superior às outras;
b) sociais – O português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto outras são vítimas de preconceito por empregarem formas de língua menos prestigiadas. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua – a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação social. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha de contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes lingüísticas cuja principal característica é a constante modificação;
c) profissionais – O exercício de certas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos, químicos, lingüistas e outros especialistas;
d) situacionais – Em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes que assumimos em situações formais ( como, por exemplo, um discurso numa solenidade de formatura ) e em situações informais ( uma conversa descontraída com amigos, por exemplo ): em cada uma dessas oportunidades, empregamos formas de língua diferentes, procurando adequar nosso nível vocabular e sintático ao ambiente lingüístico em que nos encontramos.

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