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Direito Penal Professor: Jordan Chaves 2017 1 1) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL O Direito Penal, na Constituição, é abordado nos incisos do artigo 5º. Vejamos os principais. LEGALIDADE Art. 5º... XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Obs> apenas lei em sentido estrito pode criar crimes. PERSONALIDADE OU INTRANSCENDÊNCIA PESSOAL OU INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS Art. 5º... XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; OBS> Multa é pena, portanto não é transmitida aos sucessores PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Art. 5º... LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; IRRETROATIVIDADE Art. 5º... XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; NÃO AUTO INCRIMINAÇÃO Art. 5º... LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo- lhe assegurada a assistência da família e de advogado; PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA É chamado de princípio da insignificância ou bagatela aquele que trata de ações tipificadas como crime, mas cujo efeito concreto é completamente irrelevante e não causa qualquer lesão à sociedade, ao ordenamento jurídico ou à própria vítima. São requisitos: a) Mínima ofensividade da conduta; b) Ausência de periculosidade social da ação; c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento Anterioridade Reserva legal 1 d) Inexpressividade da lesão jurídica CONFLITO DE NORMAS: Quando existe uma pluralidade de normas aparentemente regulando um mesmo fato criminoso (CONFLITO APARENTE DE NORMAS), para saber qual das normas deve ser aplicada, temos que recorrer aos seguintes princípios: ( SECA) SUBSIDIARIEDADE (lex primaria derrogat subsidiariae) Se, entre duas normas, uma pode ser considerada primária e a outra subsidiária (secundária), aplica-se a primária. ESPECIALIDADE (lex specialis derrogat generali) A norma especial é aplicada com prejuízo da norma geral. CONSUNÇÃO Ocorre quando um fato definido como crime atua como fase de preparação ou de execução, ou ainda, como exaurimento de outro crime mais grave, ficando absorvido por este. Ex: Lesão corporal + homicídio. ALTERNATIVIDADE Quando a norma penal descreve várias formas de execução de um mesmo delito, a prática de mais de uma dessas condutas caracteriza crime único. Ex: Participação em suicídio (art.122 CP) – instigar e auxiliar. Em pouso no território nacional ou espaço aéreo correspondente DE PROPRIEDADE PRIVADA Em porto ou mar territorial do Brasil EMBARCAÇÕES E AERONAVES ESTRANGEIRAS APLICAÇÃO DA LEI PENAL ABOLITIO CRIMINIS Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. LEX MITIOR (Princípio da retroatividade da Lei Penal mais benigna) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. TEMPUS REGIT ACTUM (Ultratividade da Lei Penal) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. TEMPO DO CRIME Teoria da atividade => Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão (momento da conduta), ainda que outro seja o momento do resultado. O que acontece na prática de um crime (permanente ou continuado) sob a vigência de uma lei, vindo a se prolongar até a entrada em vigor de outra lei? - Crime Permanente (Ex seqüestro) – aplica-se a última lei, mesmo que seja mais severa. - Crime Continuado (Ex: furto dos quartos de um hotel) – aplica-se a ultima lei mesmo que mais servera. - TERRITORIALIDADE Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Consideram-se como extensão do território nacional: 2 PÚBLICAS OU A SERVIÇO DO GOVERNO EMBARCAÇÕES E AERONAVES BRASILEIRAS MERCANTES OU PRIVADAS Onde quer que se encontrem No espaço aéreo correspondente ou em alto mar 3 LUGAR DO CRIME Teoria da Ubiqüidade => Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão (Teoria da Atividade), no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (Teoria do Resultado). TEORIA DA UBIQUIDADE = TEORIA DO RESULTADO + TEORIA DA ATIVIDADE 4 EXTRATERRITORIALIDADE (exceções a regra de aplicação da territorialidade) Pode ser de dois tipos: a) Incondicionada - o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro quando ocorrer: Crimes - contra a vida ou a liberdade do Presidente da República - contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público - contra a administração pública, por quem está a seu serviço - de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil b) Condicionada - a aplicação da lei brasileira depende do concurso de algumas condições quando ocorrer: - que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir - praticados por brasileiro Crimes - praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados Condições - entrar o agente no território nacional - ser o fato punível também no país em que foi praticado - estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição - não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena - não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável Condições necessárias para aplicabilidade da lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do país: - a extradição ter sido negada ou não ter sido pedida, e - haver requisição do Ministro da Justiça. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO - Pena igual no Brasil => ocorre o cômputo da pena já cumprida na pena brasileira. - Pena diferente no Brasil => a pena brasileira é atenuada. 5 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA NO BRASIL Quando a lei brasileira produz as mesmas conseqüências da sentença estrangeira, esta pode ser homologada no Brasil para: - obrigar o condenado à reparação do dano a restituições a outros efeitos civis - sujeita-lo à medidas de segurança CONTAGEM DE PRAZO O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA - Pena de multa => desprezam-se as frações de cruzeiro. - Pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos => desprezam-se as frações de dia. LEGISLAÇÃO ESPECIAL (Princípio da especialidade) As regras gerais do Código Penal aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso São providências de caráter preventivo que têm por objeto os inimputáveis e os semi-imputáveis. Podem ser detentivas (internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico) ou restritivas (sujeição a tratamento ambulatorial). As obrigações dependem de pedido da parte interessada Depende da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridadejudiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 6 2) SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL SUJEITO ATIVO - É aquele que pratica a conduta descrita na norma penal, ou seja, é aquele a quem se atribui a responsabilidade. - Não pode ser seres irracionais. (Ex: um cachorro) - Pode ser pessoa jurídica nas seguintes situações: I – quando praticar atos contra a ordem econômica e financeira. II – quando praticar atos contra a economia popular. III – quando praticar atos contra o meio ambiente. SUJEITO PASSIVO - É o titular do bem lesionado. - Pode ser classificado de duas formas: I – Constante ou formal => é o Estado que sempre zela pela coletividade. II – Material ou eventual => é o protegido diretamente que tem o bem lesionado. E L E M E N T O S 3) TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE Vontade (dolo ou culpa) Finalidade CONDUTA Exteriorizaç ão Consciência FATO TÍPICO SUJEITOS DA AÇÃO ativo ou passivo RESULTADO NEXO CAUSAL TIPICIDADE Jurídico – todo crime possui Naturalístico – nem todo crime possui Liame estabelecido entre a conduta e o resultado Modelo de conduta descrito na norma penal (refere-se ao fato) ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico (refere-se ao agente) IMPUTABILIDADE CULPABILIDADE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DE ILICITUDE EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA EXCLUDENTES DE ILICITUDE 1) Estado de necessidade (art 24 CP) 2) Estrito cumprimento do dever legal 3) Exercício regular de direito 4) Legítima defesa (art 25 CP) A emoção ou a paixão não excluem a imputabilidade penal. E L E M E N T O S D O C R IM E E L E M E N T O S 7 EXCLUDENTES DE IMPUTABILIDADE 1) Doença mental 2) Desenvolvimento mental incompleto ou retardado 3) Menoridade 4) Embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força maior EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE 1) Erro inevitável sobre a ilicitude do fato (erro de proibição) 2) Coação irresistível 3) Orem não manifestamente ilegal de superior hierárquico 8 - Não há conduta - Erro de proibição nos movimentos reflexos na coação física absoluta nos estados de inconsciência Evitável diminui a pena de 1/6ª1/3 Inevitável exclui a culpabilidade - Erro de tipo exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo se previsto em lei CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 1) Quanto à duração do momento consumativo: - instantâneo – Ex: estupro - permanente – Ex: seqüestro - instantâneo de efeitos permanentes – EX: homicídio 2) Quanto ao meio de execução - comissivo – praticado através de uma ação Próprio – simples abstenção independente de um resultado posterior -omissivo Ex: omissão de socorro Impróprio – simples abstenção dependente de um resultado posterior Ex: a mãe que deixa de amamentar seu filho, provocando a morte 3) Quanto ao resultado - material – ação e resultados exigidos – Ex: estelionato (empregar fraude para obter vantagem ilícita) - formal – ação e resultado não exigido – Ex: o seqüestro (independe do recebimento do resgate) - de mera conduta – simples ação – Ex: violação de domicílio 4) Quanto ao sujeito ativo da infração penal - comum – pode ser praticado por qualquer pessoa – Ex: furto - próprio – só determinada categoria de pessoas pode cometer – Ex: corrupção passiva - de mão própria – só pode ser executado por uma única pessoa, não admite co-autoria – Ex: falso testemunho 5) Quanto à valoração da pena - simples – o legislador enumera as elementares do crime em sua figura fundamental - privilegiado – quando o legislador estabelece circunstâncias que reduzem a pena - qualificado – quando o legislador estabelece circunstâncias que aumentam a pena 9 Ver esquema do inter criminis 6) Quanto à quantidade de atos: - unissubsistente – a ação é composta por um só ato, não admite tentativa – Ex: injúria verbal - plurissubsistente – a ação é representada por vários atos formando um processo executivo que pode ser fracionado, admite tentativa – Ex: homicídio 7) Quanto à quantidade de agentes - unissubjetivo – pode ser praticado individualmente pelo agente – Ex: homicídio - plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo duas pessoas – Ex: quadrilha e bigamia CONCURSO DE PESSOAS (autor, co-autor e partícipe) I – Autor => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) II – Co-autoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) III – Partícipe => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão assaltar uma loja) 8) Quanto à quantidade de agentes - unissubjetivo – pode ser praticado individualmente pelo agente – Ex: homicídio - plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo duas pessoas – Ex: quadrilha e bigamia CONCURSO DE PESSOAS (autor, co-autor e partícipe) IV – Autor => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) V – Co-autoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) VI – Partícipe => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão assaltar uma loja) 10 9) Quanto à quantidade de agentes - unissubjetivo – pode ser praticado individualmente pelo agente – Ex: homicídio - plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo duas pessoas – Ex: quadrilha e bigamia CONCURSO DE PESSOAS (autor, co-autor e partícipe) VII – Autor => é aquele que executa a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem realiza o verbo contido no tipo penal. (Ex: homicídio – matar alguém) VIII – Co-autoria => existe quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta descrita no tipo. (Ex: homicídio – duas pessoas atiram ao mesmo tempo em ciclano) IX – Partícipe => é aquele que não comete qualquer das condutas típicas (verbos), mas de alguma forma concorre para o crime. (Ex: o motorista de um carro que espera um ladrão assaltar uma loja) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 11 CONCEITOS IMPORTANTES Dolo Direto Indireto o agente quer o resultado Eventual – o agente prefere agir e correr o risco a deixar de fazer. (Foda- se) Alternativo – o agente antevê dois ou mais resultados possíveis e age assumindo o risco de causar outro resultado. Culpa Crime Inconsciente – não há previsão do previsível. (Ih Fudeu) Consciente – o agente antevê o resultado danoso possível, mas sinceramente não aceita que ele ocorra. Imprópria – há um erro acerca dos elementos constitutivos do tipo penal.(Erro de tipo) doloso – o agente quer diretamente o resultado (admite tentativa) culposo – o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia preterdoloso – o agente, através de uma conduta dolosa, acarreta um resultado agravador culposo 12 INTER CRIMINIS (O CAMINHO DO CRIME) TENTATIVA DESISTÊN CIA VOLUNTÁ RIA ARREPENDIME NTO EFICAZ ARREPENDIMEN TO POSTERIOR RESULTADO COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO - cogitação – nessa fase o agente está apenas pensando em cometer o crime e, como não há exteriorização do pensamento, o ato praticado durante a fase de cogitação não é punível. - preparação – compreende a prática de todos os atos necessários ao início da execução. Em regra, o ato praticado durante a fase da preparação não é punível, a não ser que constitua crime autônomo. Ex: alugar uma casa para cativeiro (não é punível). aquisição de uma arma ilegal (é um crime autônomo, portanto é punível). TENTATIVA => não ocorre a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado diminuído de 1/3 a 2/3. - não é admitida nos crimes De mera conduta Omissivos Culposos Preterdolosos Impossíveis DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA => o agente pode prosseguir, mas para de praticar o crime durante a sua execução. - o agente só responde pelos atos que efetivamente já praticou. ARREPENDIMENTO EFICAZ => durante a consumação o agente se arrepende e atua em sentido contrário, buscando impedir que o resultado ocorra. - o agente só responde pelos atos que efetivamente já praticou. 13 ARREPENDIMENTO POSTERIOR => o agente percorre todas as fases do crime e alcança o resultado, mas, antes do recebimento da denúncia/queixa, ele age voluntariamente buscando sanar o dano. *PENAS: TIPOS DE PENAS - Privativas de liberdade – máximo de 30 anos - Restritiva de direitos - Multa – se, mesmo aplicado o máximo da pena, o Juiz considera-la ineficaz virtude situação econômica do réu, a pena poderá ser triplicada PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Reclusão - Regimes Detenção - Regimes Fechado - estabelecimento de segurança máxima ou média Semi-aberto - colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar Aberto - casa de albergado ou estabelecimento adequado Semi-aberto - colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar Aberto - casa de albergado ou estabelecimento adequado Condenado Pena > 8 anos obrigatoriedade do regime fechado Não reincidente 4 anos < pena <ou= 8 anos regime semi-aberto pena <ou= 4 anos regime aberto PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Prestação pecuniária entre 1 e 360 salários mínimo Perda de bens e valores Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (condenações superiores a seis meses de privação da liberdade) Interdição temporária de direitos Limitação de fim de semana (obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado) SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (PPL) POR RESTRITIVA DE DIREITOS (PRD) 14 - PPL não superior a 4 anos e crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa - qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo - o réu não for reincidente em crime doloso - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente H IP Ó T E S E S 15 - se PPL < ou = a 1 ano, a substituição pode ser por multa ou por uma única PRD. - se PPL > 1 ano, a substituição pode ser por uma PRD e uma multa ou duas PRD. CONCURSO DE CRIMES Material 2 ou + ações implicam em 2 ou + resultados (cumulatividade das penas) Formal – -1 ação implica em 2 ou + resultados (exasperação da pena de 1/6 a 1/2). - PROPRIO: Agente não tinha a intenção de produzir ambos os resultados - IMPROPRIO: Agente tinha a intenção de produzir ambos os resutados. Neste caso aplica-se a ( cumulatividade das penas) 5) IMPUTABILIDADE PENAL Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis. INIMPUTÁVEL (isenção da pena) - o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. SEMI INIMPUTAVEL - REDUÇÃO DA PENA (de 1/3 a 2/3) - se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 6) EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE A punibilidade não é um elemento do crime, é uma conseqüência jurídica que decorre da prática de um ilícito. Ou seja, se uma causa extintiva de punibilidade é utilizada, o Estado abre mão de punir, porém a infração penal não deixa de existir. 16 EXCLUDENTES DE PUNIBILIDADE 1) Morte do agente 2) Anistia, graça ou indulto 3) Retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso 4) Prescrição, decadência ou perempção 5) Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada 6) Retratação do agente, nos casos em que a lei a admite 7) Perdão judicial, nos casos previstos em lei 17 Vejamos todas elas separadamente: MORTE DO AGENTE - extingue a punibilidade até mesmo quando aplicada a pena de multa. ANISTIA - é a declaração do Estado de que não mais se interessa em punir determinados fatos. O Estado abre mão do direito de punir. - será concedida por lei. INDULTO - é a clemência cometida pelo Presidente da República. - será concedido por decreto e dirigido à várias pessoas que preencham os requisitos estabelecidos. GRAÇA - é o indulto individual. RETROATIVIDADE DA LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO - ver abolitio criminis na página 1. DECADÊNCIA - é a perda do direito de representar na ação penal pública condicionada ou oferecer queixa na ação penal privada, por decurso do prazo previsto em lei. 18 - Prazo: 6 meses contados do dia que o ofendido veio a saber quem é o autor do crime ou do dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. - A decadência na ação penal privada subsidiária da pública não extingue a punibilidade, pois o Ministério Público ainda poderá propor a ação penal pública. PEREMPÇÃO - é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada em razão da inércia ou negligência processual do querelante (ofendido). RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA - é o ato unilateral por meio do qual o ofendido ou seu representante legal abre mão do direito de queixa ou abdica do direito de processar o autor da infração penal. - o direito de queixa ficará indisponível em duas ocasiões: I – quando da decadência II – quando já recebida a queixa pelo judiciário PERDÃO ACEITO NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA - a ação penal privada não pode ser subsidiária da pública - se concedido a qualquer dos querelados aproveita a todos - se concedido por um dos ofendidos não prejudica o direito dos outros - não produz efeitos se o querelado o recusa (bilateralidade) - perdão tácito => é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação RETRATAÇÃO DO AGENTE NOS CASOS EM QUE A LEI ADMITE - a aceitação da retratação é irrelevante, o ato é unilateral Casos admitidos Calúnia Difamação Falso testemunho Falsa perícia PERDÃO JUDICIAL - é a clemência do Estado para determinadassituações expressamente previstas em lei. - a sentença que concede o perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência - hipótese de aplicação: homicídio culposo Ex: o pai, por imprudência, mata o filho em acidente de trânsito. Não é admitido o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. A injúria não admite retratação A retratação deve ocorrer antes de prolatada a sentença 19 PRESCRIÇÃO Tendo em vista que este assunto é bastante cobrado pela FCC, vou adaptar o comentário de uma questão dos simulados disponibilizados no site do adinoel. CRIM E QUEIXA OU REPRESENTAÇà O SENTENÇ A FINAL INÍCIO DO CUMPRIMENT O DA PENA A decadência ocorre quando o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, na ação penal privada subsidiária da pública (quando o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal), do dia que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Já a prescrição é a perda do direito de punir (pretensão punitiva) ou de executar a pena (pretensão executória) pelo decurso de prazo legal para as respectivas pretensões. Ou seja, após o recebimento da queixa, enquanto o Estado não transitar em julgado a sentença, poderá ocorrer a prescrição da pretensão punitiva. Após o trânsito em julgado, enquanto o condenado não iniciar o cumprimento da pena, poderá ocorrer a prescrição da pretensão executória. Vamos tratar da prescrição da pretensão punitiva e da prescrição da pretensão executória comparando os conceitos. O prazo prescricional da pretensão punitiva regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade que pode ser aplicada ao crime. Vejamos a tabela abaixo: PRAZO PARA A PRESCRIÇÃO MÁXIMO DA PENA / PENA APLICADA 2 anos Inferior a 1 ano 4 anos Maior ou igual a 1 ano e menor ou igual a 2 anos 8 anos Maior que 2 anos e menor ou igual a 4 anos 12 anos Maior que 4 anos e menor ou igual a 8 anos 16 anos Maior que 8 anos e menor ou igual a 12 anos 20 anos Superior a 12 anos Ex: Se um funcionário público comete crime de concussão, que tem como pena prevista reclusão de 2 a 12 anos e multa, a prescrição da pretensão punitiva será regulada pelo máximo da pena. Ou seja, se o máximo é de 12 anos, ao olharmos na tabela, vemos que o PRESCRIÇÃO PUNTIVA PRESCRIÇÃO EXECUTÓRIA 20 prazo prescricional é de 16 anos. PARTE ESPECIAL 1.CP ART. 121 – Matar alguém. I - Bem jurídico e sujeito do delito O bem jurídico se apresenta na forma da destruição da vida humana, por um fim. Com isto em mente o bem jurídico tutelado é a vida, sua preservação e integridade. A importância do estabelecimento é de vital importância e deve assumir preponderância, pois está assegurada pela Constituição Federal. Assim se refere o doutrinador: O bem jurídica “vida humana” pode ser compreendido de um ponto de vista estritamente físico-biológico ou sob uma perspectiva ou sob uma perspectiva valorativa. Para uma concepção naturalista, a presença de vida aferida segundo critérios científico-naturalísticos (biológicos e fisiológicos). (PRADO; 2014, p. 630). Importa apontar que o Direito protege a vida a partir do nascimento até ser ceifada e com tal importância há um destaque acentuado e necessário atribuído pela Carta Magna e o próprio Código que trata de estabelecer sua proeminência. Não é demais citar, Bitencourt: O Direito Penal protege a vida desde o momento da concepção até que ela se extinga, sem distinção da capacidade física ou mental das pessoas. Dentre os bens jurídicos que o indivíduo é titular e para cuja proteção a ordem jurídica vai ao extremo de utilizar a própria repressão penal, a vida destaca-se como o mais valioso. (BITENCOURT, 2014, p. 441). Sem amparo para discutir a importância e valor uma vez que a lei e a doutrina assim a conserva, resta seguro o valor e a proteção demonstrada. 21 II - Classificação a) Crime é comum – não demanda do sujeito ativo qualificação especial. b) Material – Exige resultado naturalístico, consistindo na morte da vítima. c). De forma livre – Pode ser qualquer meio escolhido pelo agente. d). Comissivo – O ato matar implica em ação. e) Instantâneo – quando não há prolongação no tempo da ação praticada é instantânea. f) Dano – a efetiva lesão consuma efetiva lesão ao bem jurídico. g) Unissubjetivo – que pode ser praticado por um só agente. h). Progressivo – Por trazer em seu bojo a lesão corporal como elemento implícito). i) Plurissubsistente – via de regra, vários atos integram a conduta de matar. ADMITE TENTATIVA. (NUCCI, 2012, p.625). III - Espécies: a) Homicídio Simples (art. 121, caput). O tipo penal prevê como crime de homicídio o ato de suprimir a vida humana, não definindo o modo empregado para tanto, que estará sujeita a perícia e todos procedimentos que seguem tal crime. Há compreensão da necessidade do dolo para alcançar os efeitos e a realização da descrição legal. Para embasamento doutrinário cita-se: O núcleo do tipo é representado pelo verbo matar. A conduta incriminada consiste em matar alguém – que não o próprio agente – por qualquer meio (delito de forma livre). Admite-se a sua execução, portanto, o recurso a meios variados, diretos ou indiretos, físicos ou morais, desde que idôneos à produção do resultado morte. (PRADO; 2014, p. 633). 22 b) Homicídio Privilegiado Está inserido no art.121, §1°, que preceitua “ se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um 1/6 a 1/3”. A descrição legal carrega vários elementos que que são necessários discorrer para que o texto legal não cai em uso abusivo e a natureza do ato praticado seja o contemplado. Vejamos o que os doutrinadores afirmam: [...]o motivo de relevante valor moral é aquele cujo conteúdo revela-se em conformidade com os princípios éticos dominantes em uma determinada sociedade. Ou seja, são os motivos nobres e altruístas, havidos como merecedores de indulgência. Tal aferição deve ser balizada por critérios de natureza objetiva, de acordo com aquilo que a moral média reputa digno de condescendência. (PRADO, 2014, 635). Para não flutuar em outros focos, se mantenha este até para servir de laboratório de apreciação da dificuldade da interpretação legal. [...]relevante valor é um valor importante para a vida em sociedade, tais como patriotismo, lealdade, fidelidade, inviolabilidade de intimidade e de domicílio entre outros. Quando se tratar de relevante valor social, levam-se em consideração interesses não exclusivamente individuais, mas de ordem geral, coletiva. (NUCCI, 2012, p.630) Por amor ao debate, cumpre citar mais um dos bons doutrinadores: Relevante valor moral, por usa vez é aquele superior, enobrecedor de qualquer cidadão em circunstâncias normais. Faz-se necessário que se trate de valor considerável, isto é, adequado aos princípios éticos dominantes segundo aquilo que a moral média reputa nobre e merecedor de indulgência. 23 (BITENCOURT, 2014, p. 447). Buscando ainda explicitar algo de relevante explicação é “sob domínio de violenta emoção”. Bitencourt assim conceitua: Não é qualquer emoção que pode assumir a condição de privilegiadora no homicídio, mas somente a emoção intensa, violenta, absorvente, que seja capaz de reduzir quase que completamente a vis electiva, em razão dos motivos que a eclodiram, dominando, segundo os termos legais, o próprio autocontrole do agente. (BITENCOURT, 2014, p. 447). c) Homicídio Qualificado § 2° É importante determinar que é a palavra tem um peso que impinge um valor ao crimepraticado distinguindo de um homicídio simples. Para permitir que impulsione a atividade delituosa. Assim é classificado: Considera-se qualificado o homicídio se impulsionando por certos motivos se praticado com o recurso a determinados meios que denotem crueldade, insídia ou perigo comum ou de forma a dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima; ou, por fim, se perpetrado com o escopo de atingir fins especialmente reprováveis (execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime). (PRADO, 2014, p. 639). O legislador foi pródigo em apresentar nos incisos correspondentes ao homicídio qualificado para que não houvesse dúvida ou construções impróprias para a causação do crime. d) Homicídio Culposo § 3° Vem em linha diversa do doloso e apresenta elementos nos parágrafos que corroboram com a construção do tipo penal não cavilando dúvidas que seccione possibilidades não contempladas pelo legislador. 24 Cumpre analisar cada parágrafo para escavar suas circunstâncias. e) Feminicídio Entrou em vigor a lei 13.104/15. A nova lei alterou o código penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. O § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo "razões da condição de sexo feminino", esclarecendo que ocorrerá em duas hipóteses: a) violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher; A lei acrescentou ainda o § 7º ao art. 121 do CP estabelecendo causas de aumento de pena para o crime de feminicídio. A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a) durante a gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na presença de ascendente ou descendente da vítima. Por fim, a lei alterou o art. 1º da Lei 8072/90 (Lei de crimes hediondos) para incluir a alteração, deixando claro que o feminicídio é nova modalidade de homicídio qualificado, entrando, portanto, no rol dos crimes hediondos. f) Perdão Judicial É previsto que no caso de homicídio culposo, o juiz pode discricionariamente não aplicar a pena, “se as consequências da infração atingem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. (PRADO, 2014, p.646). Infelizmente, há casos que escapam até ao entendimento maior de justiça, um exemplo onde o pai esquece o filho no carro trancado num calor escaldante e a criança vem a falecer. Entende-se que neste caso, já houve uma penalização que é até maior do que a penalização que poderia ser aplicada. 25 Observação: é inadmissível o perdão judicial em se tratando de homicídio culposo, se as consequências da infração atingirem o próprio de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Art. 121, §5°, CP). g) Pena e ação penal Comina-se ao homicídio simples pena de reclusão, de seis a vinte anos (art. 121, caput, CP), e a cada classificação do homicídio há a cominação da pena, levando em conta agravantes, atenuantes e todas as circunstâncias. 2. Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. (Art. 31, CP) I - Bem jurídico tutelado e sujeito do delito O bem tutelado juridicamente é a vida humana, nas palavras de Bitencourt “ a vida é um bem jurídico indisponível! ” (BITENCOURT, 2014, 466). O sujeito ativo do delito pode ser qualquer agente, não necessitando ter qualidade específica, a não ser a capacidade de induzir, instigar ou auxiliar. II – Tipo objetivo Induzir, Instigar e auxiliar. III – Lesões corporais O doutrinador assim trata este tema: A produção de lesões corporais graves não consuma o tipo penal descrito no preceito primário, que a ela não se refere. Aliás, lesões corporais de natureza grave, como caracterizadoras da tentativa perfeita, aparecem somente no preceito secundário. (BITENCOURT, 2014, p.122). Não há exaurimento do tipo penal, uma vez que para que ocorra há a necessidade de consumação do suicídio. IV – Causas de aumento de pena No dispositivo legal, em seu parágrafo único, do art.122 estabelece duas causas especiais de aumento de pena: a) A prática do crime por motivo egoístico; 26 b) A prática do crime contra vítima menor ou com capacidade de resistência diminuída, por qualquer causa. V – Pena e ação penal O doutrinador Luiz Regis Prado assim preleciona: O delito em tela só é punível quando sobrevém a morte ou, na tentativa, a lesão corporal de natureza grave ao suicida. Estas operam como condições objetivas de punibilidade. Se o suicídio se consuma, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. Se há tentativa e desta resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de um a três anos. Quando da tentativa resultam apenas lesões corporais leves, a instigação, o induzimento ou o auxílio prestado são impuníveis. (PRADO, 2014, p. 654). Desta forma atendida as caracterizações impostas pela legislação penal, o atendimento fica objetivo e satisfatório. 3. INFANTICÍDIO Art. 123, CP- Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após; (ver art. 30, CP). A exemplo do crime de homicídio, o infanticídio tem a pretensão de proteger a vida humana, o que se distingue aqui é ser a vida da nascente e do recém-nascido. “É indiferente a existência de capacidade de vida autônoma, sendo suficiente a presença de vida biológica”. (BITERNCOURT, 2014, p.474). Tipo objetivo A conduta resultante deste delito é matar o próprio filho, sendo necessário para tipificação ser “durante” ou, “logo após” o parto, e se torna indispensável apontar que esta condição é sine qua non, pois se for horas e dias depois o crime praticado é ou abandono de incapaz (art. 134, CP) ou homicídio. A base fundamental e psicológica para o Infanticídio É de suma necessidade existir uma perturbação psíquica e essa característica patológica existe neste estado puerperal. Se faz necessário se produzir laudo psiquiátrico para que a constatação de tal ato se comprove. O prof. Luiz Regis Prado traz ao centro da discussão um tema que merece atenção: Assim, por um lado, tem-se o motivo da honra, nas hipóteses em que a gravidez resulta de relações extramatrimoniais. A 27 culpabilidade é atenuada pelo temor da própria desonra. O delito é motivado pelo ímpeto de resguardar o pudor ante a inevitável reprovação social que seria endereçada à mulher. A angústia resultante dessa situação e o conflito íntimo que aflige a mãe nessas circunstâncias contribuiria para a eclosão – durante o parto ou logo após – de um processo perturbador da consciência, que culminaria na morte dada ao filho. O privilégio é consequência do desespero da parturiente que concebeu fora do casamento. (PRADO, 2014, p. 655 e 656). Nexo Causal Assim se comenta o doutrinador: “É indispensável uma relação de causalidade entre o estado puerperal e a ação delituosa praticada; esta tem de ser consequência da influência daquele, que tem nem sempre produz perturbações psíquicas na mulher”. (BITENCOURT, 2014, p. 475). Os efeitos do Estado Puerperal A doutrina assim preleciona: a) O puerpério não produz nenhuma alteração na mulher; b). Acarreta-lhe perturbações psicossomáticas que são a causa da violência contra o próprio filho; c). Provoca-lhe doença mental; d). Produz –lhe perturbação da saúde mental diminuindo-lhe a capacidade de entendimento ou de determinação. Na primeira hipótese, haverá homicídio; na segunda, infanticídio; na terceira, a parturiente é isenta de pena em razão de sua inimputabilidade (art. 26, CP); na quarta, terá redução de pena, em razão de sua semi-imputabilidade. (BITERNCOURT, 2014, p.475). Crime próprio privilegiado O crime é próprio, pois exige a mãe em estado puerperal expõeprivilégio, pois há uma condição necessária e indispensável para que tal ato aconteça. Diferença entre infanticídio e aborto Aborto é a interrupção da gravidez com consequente morte do feto (produto da concepção). Consiste na eliminação da vida intrauterina. A lei não faz distinção entre o óvulo fecundado (3 primeiras semanas de gestação), embrião (3 primeiros meses) ou feto (a partir dos 3 meses), pois qualquer fase da gravidez estará configurada o delito de aborto, quer dizer, entre a concepção e o início do parto. A principal característica do infanticídio é que nele o feto é 28 morto enquanto nasce ou logo após o nascimento. O aborto, ao contrário, somente se tipificará se o feto morto antes de iniciado o trabalho do parto haja ou não a expulsão. Antes de iniciado o parto existe aborto e não infanticídio. É necessário precisar em que momento tem início o parto, uma vez que o fato se classifica como um ou outro crime de acordo com a ocasião da prática delituosa: antes do início do parto existe aborto; a partir do seu início, infanticídio. (http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes- juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de- aborto-e-homicidio,38211.html ). Crime impossível Ocorre no caso da mãe sem saber que a criança em seu ventre está morta pratica os atos característicos do infanticídio. Classificação Doutrinária Crime próprio, de dano, material, comissivo ou omissivo, instantâneo, doloso. 4. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque Bem jurídico protegido A análise juridicamente deste bem jurídico “consiste em dar morte ao embrião ou feto humanos, seja no claustro materno, seja provocando sua expulsão prematura”. (PRADO, 2014, p.664). O bem jurídico protegido é a vida do ser humano em formação. Cumpre dizer que para o Direito Penal, o produto da concepção – feto ou embrião – não é uma pessoa, embora tampouco, seja mera esperança de vida ou simples. [...] (Bitencourt, 2014, p. 480). Só após a concepção com vida que para efeito de Direito Penal, passa a ser pessoa humana constituída de direitos. Tipo Penal http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-homicidio,38211.html http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-homicidio,38211.html http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,diferenciacoes-juridicas-entre-o-delito-de-infanticidio-e-os-crimes-de-aborto-e-homicidio,38211.html 29 Consiste basicamente em provocar, dando causa da morte do feto, originando desta forma a condição sine qua non ao tipo que imperiosamente exige para que o ato seja tratado na seara do aborto. Segundo alguns, o aborto consiste na “morte dolosa do feto dentro do útero” ou “na violenta expulsão do feto do ventre materno, da qual resulte a morte”. De fato, a mera interrupção da gestação, por si só, não implica aborto, dado que o feto pode ser expulso do ventre materno e sobreviver ou, embora com vida, ser morto por outra conduta punível (infanticídio ou homicídio). (PRADO, 2014, 665, 666). Se faz necessário deter no entendimento ainda sobre a forma e instrumentalização para a prática deste crime. Para se alcançar a plenitude do delito se faz necessário adentrar no ambiente biológico. Do ponto de vista biológico, o início da gravidez é marcado pela fecundação. Todavia, pelo prisma jurídico, a gestação tem início com a implantação do óvulo fecundado no endométrio, ou seja, com a sua fixação no útero materno (nidação). Destarte, o aborto tem como limite mínimo necessário para sua existência a nidação, que ocorre cerca de quatorze dias após a concepção. (PRADO, 2014, p. 666, 667). Aborto e homicídio: distinção Torna-se fundamental se distinguir as duas práticas que tem resultados semelhantes, porém, como aponta Bitencourt, há diferenças fundamentais e características: [...]uma em relação ao objeto da proteção legal e outra em relação ao estágio da vida que se protege: relativamente ao objeto não é a pessoa humana que se protege, mas a sua formação embrionária; em relação ao aspecto temporal, somente a vida intrauterina, ou seja, desde a concepção até momentos antes do início do parto[...] (Bitencourt, 2014, p.480). Desta feita não se pode falar que houve homicídio no aborto por considerar que não houve vida fora do útero, na concepção aceita pela doutrina majoritária, há um embrião em formação e na aceitação do direito, como não houve a expulsão deste feto fora do útero com vida, não há de se falar de homicídio e sim de aborto, pois houve um rompimento do ciclo natural que o classificaria como uma pessoa humana com vida. Figuras típicas de aborto 30 “O CP de 1940 tipifica 3 figuras: aborto provocado (124); aborto sofrido (125); aborto consentido (126) ”. (Bitencourt, 2014,480). Nestes três típicos caracterizado pelo código cumpre apontar quais são especificamente excludentes e qual é o criminoso, lembrando que o STF no julgamento da ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio fundamental) em 12/04/2012, por maioria de votos, julgou precedente a ação para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II). Com esta decisão do STF, hoje na doutrina brasileira, existe 3 excludentes a saber: 1) Aborto no caso de estupro; 2) Aborto no caso quando a vida da gestante esteja em risco e 3) Aborto anencéfalo. Análise do art. 124 do CP O sujeito ativo no caso chamado “autoaborto”, ou “aborto consentido figura a própria mulher, pois ela mesma pode provocar aborto em si mesma ou consentir que alguém, uma segunda pessoa o faça. Trata-se nesta autoaborto, a qualificação é de crime de mão própria “só pode ser autor quem esteja em situação de realizar pessoalmente e de forma direta o fato punível”. (Luiz Flávio Gomes, http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121924054/o-que-se-entende- por-crimes-comum-proprio-de-mao-propria-e-vago) E cumpre lembrar que como qualquer crime de mão própria admite a participação, como atividade acessória, quando o partícipe se limita a instigar, induzir ou auxiliar a gestante. (Bitencourt, 2014, p481). É de suma importância lembrar que neste caso em comento, haverá autoria por participação ativa no ato de aborto, como afirma o art. 126, D.P. Definição de Aborto Para melhor clareza e compreensão se torna necessário que o conceito de aborto seja assim dividido. 1) A destruição da vida até o início do parto, que pode ou não ser criminoso. Após iniciado o parto, a supressão da vida constitui homicídio, salvo se ocorrem as especiais circunstâncias que caracterizam o infanticídio, que é figura privilegiada do homicídio (art.122, DP) 2) Aborto é a interrupção da gravidez antes de atingir o limite fisiológico, isto é, durante o período compreendido do processo de gestão, mas é indispensável que ocorram as duas coisas, acrescidas da morte do feto, pois somente com ocorrência desta o crime se consuma. (Bitencourt, 2014, 481). 31 Provocar o aborto e consentir Neste caso de forma particular não há distinção entre a mulher que consente o aborto e o autoaborto, para efeito doutrinário é como se a própria gestante tivesse realizado o autoaborto (art.124, DP). O que claramente ocorre é que o consentimento encerra dois crimes, um para gestante que consente (art.124, D.P) e, outro para o sujeito que provoca (art. Art.126, DP). 5. Aborto provocado por terceiro Art. 125 – Provocar aborto, sem consentimento da gestante; Esta ação descrita no art. 125, do DP, conduz a punição mais gravosa, pois trata-se de aborto sofrido, onde houve ausência de consentimento real da gestante “ouausência de consentimento presumido (menor de 14 anos, alienada ou débil mental) ” (Bitencourt, 2014, p. 482). O doutrinador ainda explorando o tema o estende de forma a não deixar dúvidas: Para provocar aborto sem consentimento da gestante não é necessário que seja mediante violência, fraude ou grave ameaça; basta simulação ou mesmo dissimulação, ardil ou qualquer outra forma de burlar a atenção ou vigilância da gestante. Em outros termos, é suficiente que a gestante desconheça que nela está sendo praticado o aborto. (Bitencourt, 2014, 483). Nesta esteira é importante a análise de “morte de mulher grávida: concurso”, como preleciona “Matar mulher que sabe estar grávida configura também crime de aborto, verificando-se, o concurso formal, pelo crime de homicídio e aborto”. (Bitencourt, 2014, p. 483). Consumação e tentativa O crime de aborto é consumido com a morte do feto ou do embrião, não importando que a morte ocorra dentro do ventre ou fora dele, assim, consuma-se o crime com “o perecimento do feto ou a destruição do óvulo”. (Bitencourt, 2014, p.484). Sendo este crime material, admite-se a tentativa , desde que já esteja ocorrendo todas as manobras para que se efetue o aborto e por motivo alheio a vontade do agente, não consiga chegar ao fim da prática iniciada. Classificação Doutrinária Crime de mão própria (no autoaborto e no consentido), crime comum, de dano, material, instantâneo e doloso. Forma qualificada 32 Art. 127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Este artigo provê duas formas de aumento de pena: a) lesão corporal de natureza grave – a pena é elevada em um terço; b) pela segunda – morte da gestante – a pena é duplicada. Aborto agravado: preterdoloso Assim leciona o doutrinador: Para que se configure o crime qualificado pelo resultado, é indispensável que o evento morte ou lesão grave decorra, pelo menos, de culpa (art.19, do CP). No entanto, se o dolo do agente abranger os resultados lesão grave ou morte da gestante, excluirá a aplicação do art.127, que prevê espécie sui generis de crime preterdoloso (dolo em relação ao aborto e culpa em relação ao resultado agravador). Nesse caso, o agente responderá pelos dois crimes, em concurso formal. (Bitencourt, 2014, p.486). Crime preterdoloso: O crime preterdoloso caracteriza-se quando o agente pratica uma conduta dolosa, menos grave, porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido, na forma culposa. Ou seja, o sujeito pretendia praticar um assalto, porém, por erro ao manusear a arma, acaba atirando e matando a vítima. Crime em concurso formal: ocorre quando o autor da infração, mediante uma única conduta ou omissão, pratica dois ou mais delitos, iguais ou não. EXCLUDENTES ESPECIAIS DA ILICITUDE No art. 128 do CP, expõe: “ Não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; se II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. Relembrando que o STF no julgamento da ADPF 54 (ação de descumprimento de princípio fundamental) em 12/04/2012, por maioria de votos, julgou precedente a ação para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada neste inciso (art.128, II). 6. Lesão Corporal Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem; 33 I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito A doutrina dominante é plural em afirmar que “o bem jurídico tutelado é a incolumidade humana”, ou seja, diretamente a proteção da integridade física, psíquica da pessoa humana, bem como “ a normalidade anatômica”. (PRADO, 2014, p.685). O professor Luiz Regis Prado avança nesta tese destacando o porquê desta proteção: Ao proteger a incolumidade pessoal, atende-se também ao interesse social na conservação de cidadãos aptos e eficientes, capazes de impulsionar o crescimento da sociedade e do Estado. Cumpre notar que no artigo 129, §9°, protege-se ainda o respeito devido à pessoa no âmbito familiar. Isso vale dizer: o bem-estar pessoal de cada integrante do círculo íntimo de convivência, como decorrência do princípio da humanidade, que veda o tratamento degradante. (PRADO, 2014, 685). Ao tratar o dispositivo legal no art. 129, caput §§1°, 2°, 3° e 6°, do Código Penal pode ser qualquer pessoa, desta forma trata-se de delito comum. Cumpre a análise de que a lei não penaliza a autolesão, e excetuando-se “quando caracteriza os delitos de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro (art. 171, §2°, V, CP) ou da criação ou simulação de incapacidade física para furtar-se para incorporação militar. (Art.184, COM). (PRADO, 214, p.685). II – Tipicidade objetiva e subjetiva Se faz sumamente necessário a análise da conduta incriminadora que se transmite através de ofender “à integridade corporal entende-se toda alteração nociva da estrutura do organismo, seja afetando as condições regulares de órgãos e tecidos internos, seja modificando o aspecto externo do indivíduo (fraturas, luxações, ferimentos) ”. (PRADO, 2014, 688). É importante salientar o “objeto material do crime de lesão corporal é o ser humano vivo”. (Idem). Por tanto, golpes desferidos contra um cadáver, mas em crimes acostados no art. 211, CP (Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele) ou art.212, CP (Vilipendiar, cadáver ou suas cinzas). Tratando da subjetividade, “O tipo subjetivo é composto pelo dolo, ou seja, pela consciência e vontade de ofender a integridade corporal ou a saúde outrem”. A consumação do crime ocorre quando efetivamente a ofensa atinge a integridade corporal ou à saúde de outrem, havendo assim delito de resultado. 34 Quanto a tentativa é admissível ao verificar-se que o agente atua com consciência e vontade de atingir a incolumidade física ou psíquica. A afirmativa exposta não é o mesmo de se admitir lesão culposa (art.129, §6°) e de lesão corporal seguida de morte (art.129, §3°). III – Espécies de lesão corporal a) Lesão Corporal leve A lesão corporal leve, mais também chamada simples é aquela que não se obtém resultado gravoso ou, que não apresenta resultado que a lei classifica como circunstâncias qualificadoras nos §§ 1°, 2° e 3° do art. 129, ou seja, pode ser definida “como a ofensa à integridade corporal ou a saúde de outrem (art. 129, caput, CP – tipo básico ou fundamental) ”. (PRADO, 2014, p. 691). Por contraste, todas as hipóteses expostas nas lesões graves e gravíssimas. Cumpre dizer que não se deve entender como a lesão insignificante, “incapaz de ofender o bem jurídico tutelado”. (PRADO, 2014, p.691). Para que não reste dúvida este delito tratado, a lesão “os danos à incolumidade física, ou psíquica”, sendo apenas estas para o exaurimento do tipo penal. b) Lesão Corporal grave Este tipo penal apresenta por sua vez a natureza grave (lato sensu), e estão arroladas nos §§ 1° e 2°, do art. 129. O professor os chamam “tipos penais derivados (qualificados), nos quais é conferido maior relevo ao desvalor do resultado (lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido). As consequências mais gravosas elencadas no mencionando dispositivo são imputadas ao agente a título de dolo e culpa”. (Prado, 2014, p. 691). Para haver a caracterizada pela doutrina e legislador há situações que devem ser geradas como forma de comprovação da gravidade: I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias (inciso I): Estas incapacidades são aquelas rotineiras desenvolvidas pelo indivíduo em sua vida normal, de trabalho, estudo, passeio, e tudoo mais que possa se encaixar em seus afazeres. Enfim, o que se depreende do texto legal é que se houver uma incapacidade que impeça a vítima de dar prosseguimento a sua vida de forma natural, sem limitações, seja física ou psíquica estabelece o tipo penal de lesão corporal grave. II – Perigo de vida (inciso II) – para que esta condição alcance seu apogeu é necessário que haja concretude e iminência de um resultado letal. Não é aceito probabilidade ou prognóstico presumida e eventual, o perigo tem que ser real, efetivo, apresentando “sinais indiscutíveis de grandes proporções sobre a vida orgânica”. (PRADO, 2014, p.693). Nas palavras da doutrina: O perigo de vida deve ser atestado por laudo pericial, devidamente fundamentado. Demais disso, cabe ao perito 35 demonstrar que a lesão provocada deu lugar a perigo – ainda que breve – para a vida da vítima. (PRADO, 2014, p. 693). III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função (inciso III) - Quando se trata de debilidade se aponta o enfraquecimento, até a possível redução, assim trata Luiz Regis Prado. a diminuição da capacidade funcional. Membros são os quatro apêndices do tronco, abrangendo os membros superiores (braço, antebraço, mão) e os inferiores (coxa, perna, pé). Sentidos são as faculdades perceptivas do mundo exterior (olfato, audição, visão, tato e paladar). Função é a atuação específica ou própria desempenhada por cada órgão, aparelho ou sistema (função digestiva, respiratória, secretora, reprodutora, circulatória, locomotora, sensitiva). (PRADO, 2014, p.693). Além de tudo o já descrito importa que a debilidade seja permanente, o que não implica perpetuidade. A redução deve ser duradoura, permanente e persistente, não tendo condições de proporcionar previamente quando terá fim. Com este quadro formado fica evidente que se trata de uma lesão gravíssima e com proporções a longo prazo (ou melhor ainda, sem prazo). IV – Aborto (inciso V) – conforme já tratado aborto é a morte imposta ao feto, estando a mulher em período gestacional, de forma forçosa se expele o embrião através de medicação ou instrumentação própria para expeli-lo. A lesão corporal é dolosa, e o resultado que agrava especialmente a pena (aborto) deve ser imputado ao agente a título de culpa. Todavia, se a vontade do agente se dirige a realização do resultado (morte do produto da concepção) como consequência direta de sua ação (dolo direto), ou considera como possível ou provável o seu advento, assumindo o risco de sua produção (dolo eventual), responde pelo delito de aborto (art. 125, CP), em concurso formal com a lesão à incolumidade da mulher grávida. (PRADO, 2014, p.696). Se torna necessário fazer a distinção entre o artigo 129, §2°, V, do exposto do artigo 127, do Código Penal. Na questão da lesão, o objetivo é causar lesão não o aborto que passa a ser consequência da lesão praticada, enquanto no art.127, do CP o objetivo é o aborto que acaba por gerar lesão. “É preciso que o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima. Se ignorava tal estado – sendo sua ignorância escusável – exclui-se a qualificadora”. (Prado, 2014, 696). V – Lesão Corporal seguida de morte 36 No art.129, § 3°, do CP ao se postar sobre a lesão corporal seguida de morte, se pode notar que não era este o resultado desejado pelo que pratica a lesão corporal, não queria este resultado e nem tampouco assumiu o risco. “Trata-se de lesão corporal qualificada pelo resultado (morte), que opera como condição de maior punibilidade, estabelecendo a lei uma agravação de pena para o resultado mais grave causado no mínimo por culpa”. (PRADO, 2014, p.696). Assumindo as palavras do professor Luiz Regis “Conclui-se, portanto, que a lesão corporal seguida de morte é um misto de dolo e culpa: conjuga o dolo no antecedente (lesão corporal) e a culpa no consequente (morte) ”. (PRADO, 2014, p. 696). VI – Lesão Corporal Culposa Prevista no art.129, §6°, CP. Estando contemplada no diploma legal para destilar o dolo das condutas que são dolosas e, portanto, mais sérias e contundentes, uma boa forma de verificar isso é apresentar as formas como se apresentam as lesões culposas: Leves, graves e gravíssimas. É significativo que “da lesão advinda da inobservância do cuidado exigível na vida de relação social resulta, por exemplo debilidade permanente de membro [...]deve o magistrado avaliar a magnitude da ofensa produzida quando da aplicação concreta da pena”. (PRADO, 2014, 697). Cumpre salientar que “a lesão corporal culposa relacionada à direção de veículo automotor encontra previsão explicita no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997). Com efeito no artigo 303 do referido diploma tipifica a conduta de „praticar lesão culposa na direção de veículo automotor‟”. ((PRADO, 2014, p. 697). VII – Causa de diminuição de pena O Direito Penal deve ser cioso no trato dos tipos estabelecidos para não gerar quebra dos princípios formadores do bastião de seus deveres. Por tanto, entender e examinar individualmente os casos que se apresentam, buscando extrair o que deu causa ao crime se faz pungente. No caso em tela, o caso de diminuição de pena se aplica quando “por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço” (Art. 129, §4° CP). Trata-se de causa especial de diminuição de pena que determina a redução desta em virtude de menor reprovabilidade pessoal da conduta típica e antijurídica”. (PRADO, 2014, p.703). Nesta esteira pode se afirmar que a lesão corporal leve, alcança ser substituída pela pena de multa, ocorrendo qualquer umas das hipóteses do art. 129, §4°. VIII – Causas de aumento da pena No diploma legal em seu art. 129, §7° apresenta a pena aumentada de 1/3 se ocorrer o previsto no art. 121, §§ 4° e 6°, DP. Há uma nova redação que faz jus se valer do doutrinador Luiz Regis Prado: 37 Logo, no que se refere à primeira parte, se a lesão decorrer de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, e deixa o agente de prestar imediato socorro à vítima ou não procura diminuir as circunstâncias do seu ato, ou, por fim, se foge para evitar da prisão em flagrante, sobre a pena cominada para a lesão corporal culposa (detenção, de dois meses a um ano) incide o acréscimo decorrente da presença da causa especial de aumento de pena. (PRADO, 2014, p. 704). Quando a lesão corporal for dolosa (art.129, caput e §§ 1°, 2° e 3°, CP, a pena será aumentada de 1/3 e, nesta mesma linha o crime for contra menor de 14 anos ou pessoa com idade superior a 60 anos. (Art. 129, §7°). IX – Perdão Judicial A lei 8.069/1990 – prevê hipótese de perdão judicial, com base no art. 129, §8°, esta previsão é encontrada nos arts 107, IX e 120, CP), quando a lesão for culposa, podendo promover a extinção da punibilidade, cumpre lembrar que se o agente que provoca a lesão corporal em outra pessoa, for atingido de forma tão grave ou pior, a sanção penal é de toda desnecessária. 7. Abandono de Incapaz Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, porque qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. I – Bem Jurídico protegido e sujeito do delito A tutela recaí sobre a vida e saúde da pessoa humana, de forma particular daqueles que não podem se defender e o perigo se torne iminente, devido à falta de cuidado é sobressaia a necessidade do dever de guarda, assistência e proteção. A lei procura proteger os indivíduos considerados incapazes, e que não possua condições de se protegerem por si só. Sujeito ativo – é somente aquele que possua uma especial relação de assistência com a vítima, ou que esteja cuidando, ou com a guarda, vigilância ou imediata autoridade (delito especial próprio). Sujeito passivo -é aquele que está sob a guarda, ainda que provisória, não se limitando o legislador a figura do infante, trazendo todos aqueles que figurem como incapazes de serem resguardados dos perigos e riscos possíveis do seu abandono. O doutrinador Luiz Regis Prado aponta um quadro de quem pode se enquadrar (ébrio, paralítico, cego e enfermo, etc.). (PRADO, 2014, p.723). Urge lembrar que pessoas consideradas capazes, mas que por circunstâncias encontre-se temporariamente incapazes de assumirem sua vida sozinho, sem ajuda de outrem, mesmo que provisoriamente se encontram como incapazes. 38 II - Tipo objetivo e subjetivo Como tipo objetivo trata de conduta ela passa a ser típica quando ocorre o abandono do incapaz, possibilitando serem exposto a perigo concreto. Cumpre entender que para consolidação do abandono é necessário o afastamento físico, proporcionando perigo iminente. O legislador ao tipificar esta conduta procura dispensa destila a ideia de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, conferindo ao incapaz todo cuidado possível e assistência necessária não dando espaço para ocorrência de perigo. O tipo subjetivo se caracteriza pelo dolo, isto é, “pela consciência e vontade do agente de expor a perigo concreto a vida ou saúde do sujeito passivo através do abandono”. (PRADO, 2014, p.275). Consuma-se o crime através da efetividade de abandono, uma vez havendo perigo concreto. Não há uma medida de tempo determinada pela lei, sendo importante para caracterização um perigo iminente. Lembrando que o crime é classificado como instantâneo, sendo necessário a situação de perigo que não transcorre com o tempo, mas sim de sua concretude e existência. III – Formas qualificadas Uma vez gerado o abandono houver resultante de lesão corporal de natureza grave, “são elevadas as margens penais”. (PRADO, 2014, p.726). (Art.133, §§ 1°e 2°, CP). Se faz propício a indicação do que a doutrina efetivamente trata do tema: Configura-se, aqui, delito qualificado pelo resultado, que deve ser imputado ao agente a título de culpa (art.19, CP). Caso tenha atuado com consciência e vontade de ofender a integridade física ou a saúde da vítima, ou produzir a sua morte (dolo), servindo-se do abandono como meio para alcançar tais resultados, responde o sujeito por lesão corporal grave (art. 129, §§ 1° e 2°, CP) ou homicídio (Art.121, CP). (PRADO, 2014, p.726). A legislação apresenta de forma inequívoca apresenta através dos artigos expostos como ocorre a forma qualificada. IV – Causas de aumento de pena Extraindo do tipo básico (Art. 133, caput, CP) e as derivações (Art. 133, §§ 1°,2° e 3°, CP), o aumento ocorre em um 1/3. 8. Exposição ou abandono de recém-nascido (Art.134) 9. Omissão de Socorro 39 Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desemparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública; I - Bem jurídico protegido e sujeito do delito Resguarda-se a vida e saúde da pessoa humana. É inegável a exclusividade a incolumidade física de pessoa que necessitam de amparo, por estarem sem condições sozinhas de sair da situação de perigo, ou de acidente. Este bem jurídico amparado é indisponível. Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa sem restrição (delito comum), há apenas uma exigência no caso em tela é que o sujeito ativo esteja próximo, podendo prestar socorro. Sujeito passivo – criança abandonada ou extraviada, a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou qualquer pessoa em grave e iminente perigo. (PRADO, 2014, p.736). Crimes omissivos próprios – Os crimes omissivos próprios ou puros consistem numa desobediência a norma mandamental, norma esta que determina a prática de uma conduta que não é realizada. Há, portanto, a omissão de um dever de agir imposto normativamente. (BITENCOURT, 2014, p.544). Tipo subjetivo: adequação típica – O elemento subjetivo deste crime é o dolo (de perigo), representado pela vontade de omitir com a consciência do perigo, isto é, o dolo deve abranger a consciência da concreta situação de perigo em que a vítima se encontra. O dolo poderá ser eventual, por exemplo, quando o agente, com sua conduta omissiva, assume o risco de manter de manter o estado de perigo preexistente. (BITENCOURT, 2014, p.548). Classificação doutrinária – A omissão de socorro é crime omisso próprio e instantâneo, crime de perigo, crime comum. (BITENCOURT, 2014, p.134, 135). OBSERVAÇÃO: Não há forma de omissão culposa. O erro quanto à existência do perigo exclui o dolo. No entanto, sobrevindo dano (lesão corporal ou morte), o agente responderá pelo crime culposo (Art. 20 e § 1°). 10. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (135 – A) – Exigir cheque caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para atendimento médico-hospitalar emergencial: 11. Maus-tratos Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 40 12. Da rixa Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores: I – Bem jurídico tutelado – A incolumidade da pessoa humana, acrescendo que a simples participação da rixa já opera punição. Sujeitos dos crimes – “Os participantes da rixa são ao mesmo tempo sujeitos ativos e passivos uns em relação aos outros: rixa é crime plurissubjetivo (Delito cuja definição exige a participação de mais de uma pessoa na prática da ação típica. O mesmo que crime de concurso necessário. Não se confunde com a coautoria) recíproco, que exige a participação de, no mínimo, três contendores no Direito pátrio, ainda que alguns sejam menores”. (BITENCOURT, 2014, p.137) (acréscimos nosso) Tipo objetivo: adequação típica – “Rixa é uma briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violência reciprocas. Para caracterizá-la é insuficiente a participação de dois contendores. ” [...] (BITENCOURT, 2014, p.137). Salta ao texto a importância de: haver vias de fato, haver mais do que dois contendores, e que haja generalização entre todos, ou seja, todos brigando contra todos. Classificação doutrinária – crime de concurso necessário, crime instantâneo, crime Plurissubsistente, crime comissivo, doloso, não havendo possibilidade de modalidade culposa, por só haver condições da prática por meio de ação ativa. Figuras qualificadas – Havendo lesão corporal de natureza grave ou resultando em morte, se estabelece a qualificação do delito rixa. 13. Calúnia Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Bem jurídico protegido É a honra objetiva, aquela que atinge o conceito do que as pessoas de convívio pensam ou a imagem que criaram do caluniado, atingindo “seus atributos morais, éticos, culturais, intelectuais, físicos ou profissionais. É, é em outros termos, o sentimento do outro que incide sobre as nossas qualidades ou nossos atributos”. (BITENCOURT, 2014, p. 567). Definição de honra “Honra é valor imaterial, insuscetível de apreciação, valoração ou mensuração de qualquer natureza, inerente à própria dignidade e personalidade humana”. (BITENCOURT, 2014, p.567). 41 Sujeito ativo – pode ser qualquer pessoa “imputável”. Excetuando-se pessoa jurídica “por faltar- lhe capacidade penal, não pode ser sujeito ativo dos crimes contra a honra. ” (BITENCOURT, 2014, p. 568). Sujeito passivo – no aspecto mais amplo qualquer pessoa pode ser sujeito passivo. Tipo objetivo – Calúnia é imputação falsa de fato tipificado como crime a alguém. Falsidade de imputação– É de suma importância que se atribui a alguém seja falsa, não sendo verdade. E a acusação tem que figurar na tipificação do Código Penal, e tão necessário quanto que a calúnia seja conhecida por terceiros. Caso contrário a tipicidade não tem azo. Consumação – Ocorre quando a calúnia chega ao conhecimento de terceira pessoa. É impossível a tentativa. Classificação doutrinária – Crime formal, crime comum, crime instantâneo, crime comissivo, crime unissubsistente (via oral), [delito que se consuma em um ato só] e crime plurissubsistente (por escrito), [é o constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta]. Exceção da verdade – significa haver possibilidade do sujeito ativo ter a possibilidade de provar o fato imputado. (Art.141, § 3°, do CP), como o próprio tipo aponta a falsidade da calúnia como elemento indispensável para que o crime seja exaurido. Calúnia contra Presidente da República – se faz sumamente necessário registrar que calúnia contra o Presidente da República motivada pela política se perfaz em crime contra a Segurança Nacional (Art. 2°, c/c com o art. 26 da lei 7.170/12/1983), não havendo motivação política, o crime será comum. Calúnia e denunciação caluniosa – Se uma pessoa se dirige a delegacia e anuncia um crime indicado a pessoa que o praticou, e se investigar e perceber tratar-se de uma calúnia, trata-se de Denunciação Caluniosa, que é de ação penal pública, ou seja, cabe ao Estado o responsável em fazer o que denunciou falsamente responder pela denunciação caluniosa. Crime de calúnia e exercício da advocacia: incompatibilidade - “Art. 7º São direitos do advogado: § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8) ”. Porém cumpre lembrar que dos Crimes contra honra, não foi objeto deste artigo a Calúnia. Excluem-se da imunidade profissional as ofensas que possam configurar crime de calúnia (…). A tanto não poderia chegar a inviolabilidade, sob pena de esmaecer sua justificação ética, legalizando os excessos, que, mesmo em situações de tensão, o advogado nunca deve atingir. Nestes casos, responde não apenas 42 disciplinarmente, mas também no plano criminal. Contudo, mesmo na hipótese de calúnia, é admissível a exceptio veritas. [Lobo, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 4ª ed. 2007. Saraiva. pg. 63] Segundo o Estatuto da OAB a calúnia proferida por advogado, que não possa ser provada fica considerada crime e deve ser tratada como tal. Esta é uma exceção a liberdade do advogado tanto na defesa escrita como defesa oral. RETRATAÇÃO O crime de calúnia aceita, admite retratação, antes da sentença (Art. 143). Sendo claro o que se considera como retratação: “Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que se disse. Não se confunde com negação do fato, pois retratação pressupõe o reconhecimento de uma afirmação confessadamente errada, inverídica. A retratação é causa extintiva de punibilidade (Art. 107, VI). 14. Difamação Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Bem jurídico tutelado O bem protegido é a honra, a reputação. “A tutela da honra, como bem jurídico autônomo, não é um interesse exclusivo do indivíduo, mas da própria objetividade, que se interessa pela preservação desse atributo, além de outros bens jurídicos, indispensáveis para a boa convivência harmônica em sociedade”. (BITENCOURT, 2014, p.579). Sujeitos ativos e passivos - pode ser tanto qualquer pessoa nos dois sujeitos. Tipo Objetivo – Difamar é imputar a uma pessoa fato ofensivo à sua reputação. Em oposição ao delito de calúnia o fato imputado, não precisa ser falso e nem tampouco, ser definido como crime. Tipo subjetivo – A subjetividade deste delito reside no dolo de dano, “ que se constitui na vontade consciente de difamar o ofendido imputando-lhe a prática de fato desonroso; é irrelevante tratar-se de fato falso ou verdadeiro. [...] O dolo pode ser direto ou eventual”. (BITENCOURT, 2014, p. 581). Consumação – ao atingir o conhecimento de outras pessoas o crime está estabelecido. Classificação doutrinária – Crime comum, crime formal, crime instantâneo, crime comissivo, crime unissubsistente (via oral), crime plurissubsistente. 43 Retratação – antes da sentença, admite retratação (Art. 143, CP). 15. Injúria Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. Bem jurídico tutelado Trata-se de crime contra honra, havendo diferença que esta honra é a subjetiva. Injúria Real – “ A injúria real, definida no § 2°, do Art. 140, é um dos chamados crimes complexos, reunindo sob sua proteção dois bens jurídicos distintos: e a integridade ou incolumidade física de alguém. ” (BITENCOURT, 2014, p.140). Tipo objetivo – O injuriar é ofender a dignidade ou o decoro da pessoa humana. Tipo subjetivo – é o dolo de dano, instituindo, constituído pela vontade livre e consciente de injuriar. Injúria preconceituosa – é determinante que a injúria seja motiva pela raça, cor, etnia, religião ou origem. Consumação – atinge a consumação quando chega ao conhecimento do ofendido. Classificação doutrinária – crime comum, crime formal, crime instantâneo, crime comissivo. Perdão judicial – é o meio adequado que legalmente possibilita o juiz deixar aplicar pena diante da existência “na legislação especial”. (BITENCOURT, 2014, p.591). 16. Constrangimento ilegal Art. 146 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou fazer o que ela não manda: Bem jurídico protegido e sujeitos do delito A proteção é tanto a liberdade individual, bem como a liberdade de pensar livremente, ou como expõe Prado, “cuida-se da liberdade psíquica”. Sujeito ativo – qualquer pessoa pode praticar este delito, havendo senão a funcionário público (Art. 327, CP), que emprega violência ou grave ameaça no exercício de suas funções, configura-se o delito de violência arbitrária (Art. 322, CP). (Prado, 2014, p. 798). Sujeito passivo – pode ser qualquer pessoa física. 44 Tipo objetivo – Constranger (forçar, compelir, obrigar, coagir), considerando que para se efetivar o delito é importante destacar o alcance de fazer “ alguém a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. Tipo subjetivo – há composição do dolo, há por assim dizer consciência e a vontade de constranger a vítima, “ através da violência física ou moral, para dela obter a conduta pretendida. Exige-se a consciência da ilegitimidade da pretensão. São irrelevantes os motivos determinantes e o fim visado, salvo se capazes de excluir a ilicitude do constrangimento”. (PRADO, 2014, p. 800,801). Consumação – havendo a efetiva realização, pelo constrangido da conduta visada pelo agente. E um dado importante: “se na cobrança de dívidas é utilizada ameaça, coação, constrangimento físico ou moral ou qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira em seu trabalho, descanso ou lazer, há o delito do art. 71 do CDC”. (PRADO, 2014, p. 801). Causa de aumento de pena – “O § 1° do art. 146 determina a aplicação cumulativa e em dobro das penas previstas [...] – quando para execução do crime: a) se reúnem mais de três pessoas, ou; b) há emprego de arma. “A lei 10.826/2003 simplesmente veda a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas possam se confundir (Art. 26 da lei citada), mas não estabeleceu nenhuma punição para tal conduta, em evidente falta de técnica legislativa”. (PRADO, 2014, p.803). Exclusão
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