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Universidade de São Paulo 
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 
Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada 
 
Autores: Ana Carolina Pagliarone e Étori Aguiar Moreira 
 
Imunidade Inata 
 
Imunidade é o termo que se refere à proteção contra enfermidades infecciosas. 
Didaticamente, é classificada em dois tipos: inata (ou natural) e adaptativa (ou adquirida). Em 
termos evolutivos, a imunidade inata foi a primeira a surgir, abrangendo desde plantas até 
mamíferos. É caracterizada pela rapidez na resposta (ocorre em poucas horas), devido ao fato de 
seus componentes já estarem preparados para combater a infecção, mesmo quando esta se encontra 
ausente. Além disso, alguns constituintes da imunidade inata estão situados em locais estratégicos 
de constante contato com agentes provenientes do meio externo, como a pele e superfície das 
mucosas do trato respiratório, gastrointestinal e geniturinário. Assim, a imunidade inata é composta 
por: 
a) barreiras: 
 - pele: possui fortes junções entre as células que evitam a entrada de microrganismos. A 
presença de ácidos graxos presentes no sebo e substâncias microbicidas no suor (como a lisozima) 
impedem a sobrevivência de muitos microrganismos. 
 - superfície das mucosas: o muco secretado por células locais é importante no 
aprisionamento de microrganismos, além de possuir substâncias microbicidas. Cílios presentes em 
células da traquéia auxiliam na movimentação do muco, impedindo a adesão de agentes estranhos 
ao organismo. O baixo pH estomacal e a presença de enzimas antimicrobianas na saliva também são 
importantes fatores de defesa. 
 - microbiológicas: constituída pela microbiota normal presente no intestino, que compete 
por espaço e nutrientes com microrganismos patogênicos, além de produzir substâncias 
antibacterianas. 
b) componentes celulares: as células efetoras da imunidade inata são representadas 
principalmente pelos fagócitos (neutrófilos, monócitos e macrófagos), células dendríticas e células 
NK (Natural Killer). Os neutrófilos têm meia-vida curta e possuem grânulos citoplasmáticos 
contendo enzimas microbicidas importantes no processo de eliminação dos agentes infecciosos. Os 
macrófagos possuem maior capacidade fagocítica e, ao contrário dos neutrófilos, multiplicam-se e 
sobrevivem por mais tempo no sítio de infecção nos tecidos. As células dendríticas, por sua vez, 
caracterizam-se por longas projeções de membrana e, uma vez estimuladas, executam tanto a 
pinocitose quanto a fagocitose de partículas. Também são importantes na integração da imunidade 
inata com a adaptativa. Já as células NK, são células circulantes originárias de progenitor linfóide 
que atuam de maneira diferente dos fagócitos, uma vez que possuem muitos grânulos contendo 
mediadores que, ao serem liberados, induzem a morte da célula-alvo por citotoxicidade. 
c) componentes moleculares: compreendem as citocinas, quimiocinas e as proteínas do 
complemento e de fase aguda. 
- citocinas: são proteínas que medeiam diversas respostas celulares, como ativação, inibição, 
diferenciação e crescimento. Existem em grande variedade e atuam no organismo de forma 
autócrina, parácrina ou endócrina, exercendo suas funções ligando-se a receptores específicos 
presentes na superfície das células. 
- quimiocinas: são proteínas de baixo peso molecular com finalidade exclusiva de recrutar 
leucócitos para os locais de infecção e tecidos linfóides. Como as citocinas, também atuam via 
ligação a receptores específicos na superfície celular. 
- proteínas do complemento: são plasmáticas e atuam na amplificação da fagocitose e da 
inflamação, além de eliminarem agentes infecciosos. 
- proteínas de fase aguda: sintetizadas no fígado, auxiliam na fagocitose e na ativação do 
sistema do complemento. 
 
1. Reconhecimento de patógenos 
 
 Quando agentes infecciosos ultrapassam as barreiras epiteliais alcançando os tecidos 
subjacentes, entram em contato com populações de células da imunidade inata, como macrófagos e 
células dendríticas residentes. A interação dessas células com os agentes infecciosos ocorre por 
intermédio dos Receptores de Reconhecimento de Padrão (PRR, do inglês Pattern Recognition 
Receptors) que, por sua vez, reconhecem os Padrões Moleculares Associados a Patógenos (PAMP, 
do inglês Pathogen-Associated Molecular Pattern). Os PAMP são estruturas comuns conservadas 
evolutivamente e essenciais para a sobrevivência dos microrganismos. Como exemplo, podemos 
citar a flagelina (componente do flagelo bacteriano), LPS (lipopolissacarídeo da parede de bactérias 
Gram-negativas), zimosan (componente da parede celular de fungos), dsRNA (RNA dupla fita, 
comum em alguns vírus), dentre outros. Os PRR podem ser encontrados em diferentes populações 
celulares e estar presentes tanto na membrana plasmática ou endossomal, como os receptores TLR 
(Toll-Like Receptors), quanto no citoplasma, como os receptores RLR (RIG-1-Like Receptors) e 
NLR (Nod-Like Receptors). Quando ocorre a interação PAMP-PRR, ocorre liberação de sinais 
intracelulares que culminam na indução da transcrição de genes importantes para a ativação celular 
ou a indução da fagocitose. Diferentes PRR são expressos numa mesma célula, o que faz que esta 
tenha capacidade de reconhecer várias classes de microrganismos. 
 
2. Mecanismos efetores: fagocitose e inflamação 
 
Para o controle e proteção contra os agentes infecciosos, os fagócitos primeiramente devem 
reconhecer os microrganismos-alvo que por sua vez, são mortos pela fagocitose. Ademais, estas 
células podem amplificar a resposta imune através da inflamação (Figura 1). 
a) Fagocitose: é o processo que consiste na ingestão de microrganismos ou partículas 
sólidas pelas células fagocíticas. Essas formam prolongamentos citoplasmáticos que envolvem os 
microrganismos ou partículas sólidas, endocitando-os, formando uma vesícula denominada 
fagossomo. Posteriormente, ocorre a fusão do fagossomo com lisossomos, formando assim o 
fagolisossomo, onde enzimas lisossomais e intermediários reativos de nitrogênio (como o óxido 
nítrico (NO) e espécies reativas de oxigênio (ROS- Reactive Oxygen Species, como o ânion 
peróxido e o peróxido de hidrogênio) são produzidos para a destruição do microrganismo. 
b) Inflamação: consiste no recrutamento celular com a finalidade de amplificar a resposta 
imunológica no sítio infeccioso. Quando macrófagos residentes são ativados ao reconhecerem o 
agente infeccioso por PRR, produzem citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF e IL-6) que estimulam 
as células do endotélio vascular a expressarem moléculas de adesão (selectinas). As selectinas são 
reconhecidas por receptores expressos nos leucócitos circulantes, o que promove a fraca adesão 
destas células à superfície endotelial. Devido à força do fluxo sanguíneo em conjunto com a fraca 
adesão, os leucócitos circulantes deslizam sobre o endotélio (rolamento). Quimiocinas produzidas 
no local da infecção pelas células residentes e por células endoteliais ativadas auxiliam no 
recrutamento e na adesão dos leucócitos ao endotélio, além de induzirem aumento da afinidade de 
ligação das integrinas (outra classe de moléculas de adesão) expressas nos leucócitos aos seus 
ligantes nas células endoteliais. Tal interação intensifica mais a adesão destas células ao endotélio e 
inicia o processo de migração, no qual os leucócitos transpassam a parede endotelial por diapedese, 
alcançando o sítio de infecção nos tecidos a fim de eliminar os microrganismos. 
Além do recrutamento celular, as células residentes no local infeccioso (fagócitos, 
mastócitos) também produzem mediadores que aumentam o fluxo sanguíneo (rubor e calor), 
causam a vasodilatação e o aumento dapermeabilidade do endotélio vascular. Consequentemente, 
há o acúmulo de fluídos e células provenientes da circulação, formando o edema (inchaço). Tais 
alterações teciduais causadas por estes mediadores inflamatórios sensibilizam receptores neuronais 
levando à dor e, em casos mais crônicos, à perda de função do local inflamado. Deste modo, calor, 
rubor, inchaço, dor e perda de função, são os sinais clínicos da inflamação. 
Além de ser crucial no recrutamento e na amplificação dos mecanismos efetores da 
imunidade inata, a inflamação também é importante em outras funções, como remoção de células e 
tecidos lesados, inativação de toxinas e reparo tecidual. 
 
microrganismos
muco, substâncias antimicrobianas
Barreira 
epitelial
O2
-
H2O2
ROS
FAGÓCITO
fagossomo
lisossomo
fagolisossomo
NO
ENZIMAS
PAMP
PRR
Mediadores 
inflamatórios
Tecido
neutrófilo(ROLAMENTO)
(ADESÃO)
(MIGRAÇÃO)
fagolisossomo
integrina
receptor de integrina
selectina
receptor de selectina
Recrutamento celular
ativação
Endotélio
Fagocitose
Inflamação
 
Figura 1. Ilustração da ativação e indução dos mecanismos efetores da imunidade inata contra 
microrganismos. Devido ao rompimento das barreiras epiteliais, os microrganismos alcançam os tecidos 
subjacentes. Fagócitos residentes reconhecem PAMP de microrganismos através dos seus receptores PRR e 
fagocitam os agentes infecciosos, que são englobados dentro de fagossomos que por fim se fundem a 
lisossomos (fagolisossomos). Dentro dos fagolisossomos, os microrganimos são destruídos pela ação das 
enzimas líticas lisossomais e das espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (óxido nítrico - NO) 
(Fagocitose). Os fagócitos ativados produzem mediadores inflamatórios que induzem a expressão de 
moléculas de adesão e receptores na superfície endotelial (selectinas e receptores para integrinas) que 
facilitam a adesão dos leucócitos circulantes (neutrófilos, inicialmente). Em resposta a quimiocinas 
produzidas no local, os leucócitos migram para o sítio de infecção nos tecidos por diapedese (Inflamação), 
onde reconhecem os microrganismos e exercem suas funções na tentativa de eliminá-los. 
 
 
 
 
 
 
 
3. Implicações clínicas na imunidade inata 
 
 A importância da imunidade inata é constatada quando se observa o que certas alterações 
em seu funcionamento podem acarretar na defesa do organismo. Deficiências em seus 
componentes, evasão de seus mecanismos efetores por microrganismos e polimorfismos genéticos 
em seus receptores podem causar efeitos deletérios na imunidade do organismo. Por exemplo, 
indivíduo com baixo número de neutrófilos (neutropênico) é mais susceptível a infecções fúngicas e 
bacterianas do que indivíduo que apresente número normal destas células. Microrganismos que 
conseguem sobreviver no interior de fagócitos estabeleceram alguns mecanismos de evasão à 
fagocitose, como a lise da membrana do fagossomo, o impedimento da fusão deste com lisossomos 
e a alteração do pH do fagolisossomo, que inibe a atividade de enzimas microbicidas. Por outro 
lado, há doenças congênitas nas quais o indivíduo apresenta deficiências na funcionalidade da 
resposta imune inata (Tabela). 
Disfunções na amplitude da atividade de seus mecanismos efetores também levam efeitos 
negativos ao organismo. O choque séptico é um exemplo do que ocorre quando a resposta 
inflamatória é exagerada. Isso ocorre em consequência da alta produção de mediadores 
inflamatórios na corrente sanguínea pelas células que são ativadas ao reconhecerem 
microrganismos que se multiplicam no sangue. Como resultado, o excesso de mediadores 
produzidos leva à vasodilatação sistêmica o que diminui a pressão arterial, resultando em irrigação 
sanguínea insuficiente nos órgãos (choque). 
 
DOENÇA DEFICIÊNCIA CONSEQUÊNCIA 
Granulomatose crônica Produção deficiente de ROS 
por fagócitos. 
Infecções recorrentes com bactérias 
intracelulares e fungos. 
Deficiência de adesão 
leucocitária tipo-1 
Expressão reduzida ou 
ausência de integrinas. 
Infecções recorrentes de bactérias e 
fungos. 
Deficiência de adesão 
leucocitária tipo-2 
Expressão reduzida ou 
ausência de selectinas. 
Infecções recorrentes de bactérias e 
fungos. 
Síndrome de Chédiak-
Higashi 
Formação de fagolisossomos. Infecções recorrentes com bactérias 
piogênicas. 
Defeitos Toll-like Sinalização TLR Infecções microbianas recorrentes. 
Tabela: Doenças congênitas relacionadas à imunidade inata. 
 
 
 
 
 
 
 
4. Considerações finais: 
 Houve grande avanço no conhecimento sobre a imunidade inata nas últimas décadas, mas 
muitas questões ainda precisam ser elucidadas. A presença de outros receptores e mecanismos 
utilizados na defesa do organismo, a capacidade da resposta imune inata em discriminar 
microrganismos comensais e patogênicos, além do seu papel em outras atividades como no reparo 
tecidual e na manutenção da homeostase são questões que ainda necessitam mais investigações. 
Enfim, a imunidade inata representa fonte de importantes pesquisas que, certamente, desvendarão 
importantes estratégias utilizadas na defesa e na homeostase do organismo. 
 
5. Referências: 
Abbas, A. K.; Lichtman, A. H. Imunologia Celular e Molecular, 6º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2008. 
 
Janeway C.A. J.; Medzhitov, R. Innate Immune Recognition. Annual Review of Immunology, 
20:197–216, 2002. 
 
Medzhitov, R. Innate Immunity: quo vadis? Nature Immunology, vol.11, number 7, July 2010. 
 
Staros, E. B. New Approaches to Understanding Its Clinical Significance. American Journal of 
Clinical Pathology, 123:305-312, 2005.

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