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FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
UNIDADE I 
A constituição da Sociologia como ciência 
A Sociologia surge do movimento de pensar e questionar a realidade social, no momento em 
que a vida da sociedade europeia do final do século XVIII está marcada pela desagregação de 
seus valores e de suas crenças tradicionais, em consequência das transformações produzidas 
pela constituição da modernidade, baseada no primado da razão como meio de interpretação 
dessa realidade. 
A Sociologia é uma ciência que nasce da contradição entre o novo e o velho; entre, de um lado, 
a ênfase no desenvolvimento do progresso – proporcionado pelo avanço das ciências naturais 
e a consequente introdução de inovações tecnológicas, fundamentais à consolidação do 
capitalismo, com o crescimento industrial resultante das mudanças significativas no modo de 
produção e de consumo, na composição do mercado de trabalho e nas relações de trabalho e 
de produção – e, de outro lado, a tentativa de restabelecimento da ordem social, subvertida 
em seus valores fundamentais. 
A Sociologia como ciência surgiu no século XIX, momento de desenvolvimento do método 
científico em outros setores do conhecimento humano. Ela tinha como preocupação aplicar o 
ponto de vista científico à observação e à explicação dos fenômenos sociais e buscou 
compreender as transformações sociais provocadas pelas Revoluções Industrial e Francesa. 
A Sociologia parte da noção de que a vida humana em sociedade está sujeita a uma ordem 
social e procura compreender as regularidades e as leis que regem as relações entre os 
homens. 
 
Papel inicial da Sociologia 
Sob inspiração das ciências da natureza, concebia-se que o conhecimento científico nas 
ciências sociais deveria dar aos homens o controle de sua sociedade e de sua história assim 
como a física e a química lhes possibilitaram o controle das forças naturais. Os pioneiros e 
fundadores da Sociologia aspiravam também fazer do conhecimento sociológico um 
instrumento de ação e pretendiam modificar a própria sociedade em que viviam. 
 
A constituição da Sociologia como ciência 
Desde a sua criação, a Sociologia preocupa-se com a definição do seu objeto de pesquisa e os 
métodos de análise para não se confundir com o senso comum. A Sociologia como ciência 
utiliza-se de pesquisa quantitativas, levantamento de dados empíricos e técnicas de 
observação da realidade. Análise consistente do material, que possibilite a outros 
pesquisadores a reprodução e a validação dos mesmos resultados. 
 
Os precursores da Sociologia 
Embora não seja possível um único indivíduo fundar um campo inteiro de estudo, havendo 
muitos colaboradores no pensamento sociológico, atribui-se especial proeminência a Augusto 
Comte (1798-1857). Para Comte, o papel da Sociologia seria explicar as leis do mundo social, 
assim como as ciências da natureza explicam o mundo físico. Comte formulou a lei dos três 
estágios do conhecimento humano: o teológico, o metafísico e o positivo. 
 
A lei dos três estágios de Augusto Comte 
Estágio teológico: o pensamento humano era guiado por ideias religiosas e pela crença de que 
a sociedade era expressão da vontade divina. 
Estágio metafísico: se desenvolveu no período da Renascença, em que a sociedade passou a 
ser vista em termos naturais e não sobrenaturais. 
Estágio positivo: anunciado pelas descobertas de Galileu e Newton, conduziu ao estímulo da 
aplicação de técnicas científicas para a compreensão do mundo social. 
A sociologia é vista como a última ciência a se desenvolver por ser a mais complexa de todas as 
ciências. 
 
A institucionalização da Sociologia 
Émile Durkheim (1858-1917) foi um dos precursores da Sociologia como ciência. Foi 
influenciado pelo pensamento de Augusto Comte, porém considerava suas ideias especulativas 
demais. Durkheim procurou dar uma base empírica para o conhecimento sociológico. 
Para Durkheim, o princípio básico da Sociologia era “estudar os fenômenos como coisas”. Com 
isso queria dizer que a vida social pode ser analisada de forma tão rigorosa quanto os objetos 
ou fenômenos da natureza. 
Para Durkheim, as sociedades têm uma realidade própria – a sociedade é mais do que ações e 
interesses de seus membros individuais. 
A Sociologia, como ciência, passou a ocupar um espaço na universidade em 1887, quando 
Émile Durkheim passou a lecionar na Universidade de Bourdeux e criou a primeira cátedra 
desta ciência na França. 
Em 1902, Durkheim transferiu-se para a Universidade Sorbonne, em Paris, onde contribuiu 
para a formação de inúmeros cientistas sociais reunidos em um grupo que ficou conhecido 
como Escola Francesa de Sociologia. 
 
A constituição da Sociologia como ciência 
Wright Mills (2009), no texto “A promessa”, afirmou que os seres humanos envolvidos na vida 
cotidiana tendem a ter uma visão limitada dos horizontes sociais, pois sua visão de mundo 
social se encontra restrita aos ambientes mais próximos. A sociologia é uma ciência que adota 
um olhar mais amplo sobre o mundo social e, dessa forma, permite aos seres humanos 
compreenderem a relação entre suas vidas individuais com os contextos sociais mais amplos. 
Segundo Giddens (2012), sob a perspectiva prática, a Sociologia permite a compreensão das 
diferenças culturais entre os grupos sociais. Permite uma análise precisa dos resultados das 
ações políticas e possibilita que os indivíduos tenham uma maior auto compreensão do seu 
papel na sociedade. 
 
Portanto... A Sociologia é uma ciência que surge no século XIX em um contexto de 
transformações históricas profundas na sociedade europeia e tem como objeto de estudo o 
homem e suas interações sociais. Seus precursores foram Augusto Comte e Émile Durkheim. 
 
A educação em perspectiva sociológica 
A educação é um objeto privilegiado da Sociologia. O ato de educar é concebido, ao mesmo 
tempo, a base da conservação da ordem e o esteio de suas mais radicais transformações. 
Questões sociais como: que tipo de educação deve existir? Quais são os conhecimentos que o 
sistema educacional deve garantir a todos os cidadãos? A educação das classes dominantes 
deve ser igual à educação dos segmentos pobres da população? Como garantir essa igualdade? 
Percebe-se que os temas que permeiam o debate na área educacional são os mesmos 
presentes no debate político e social contemporâneo, evidenciando a estreita ligação entre os 
problemas da sociedade e os problemas da educação. 
 
Tendências no desenvolvimento da sociologia da educação 
Ao analisar o desenvolvimento dos estudos sociológicos sobre educação, Antônio Cândido 
identifica diversos focos sobre os quais a educação pode ser estudada na Sociologia: a) A 
primeira é sobretudo uma reflexão sobre o caráter social do processo educativo, seu 
significado como sistema de valores e sua relação com as concepções e as teorias do homem. 
Nessa perspectiva, a educação é vista como processo de socialização do indivíduo para a vida 
em sociedade. Esse é o ponto de partida da análise de Émile Durkheim. 
b) A linha pedagógico-sociológica desenvolveu-se, principalmente, nos Estados Unidos, onde 
procurou efetuar o estudo dos aspectos sociais da educação a fim de obter o bom 
funcionamento da escola. Seu foco é o estudo dos grupos sociais, formas de interação, a 
relação da escola com a comunidade, entre outros. Essa concepção tem como pano de fundo o 
“culto à eficiência” escolar. A sociologia é concebida como componente da pedagogia e da 
administração escolar. Essa área tem sido cultivada por educadores como ramo da ciência da 
educação. 
c) A terceira linha é devida a sociólogos ou a educadores de orientação sociológica, que veem a 
sociologia educacional como ramo da sociologia, não da ciência da educação. Preocupa-se com 
a função social da educação e com a solução dos problemas educacionais. 
 
Émile Durkheim:a educação como socialização e individuação 
A questão educacional é considerada um componente central na teoria sociológica de 
Durkheim, que apresenta os seguintes problemas teóricos: Por meio de quais mecanismos os 
indivíduos integram uma sociedade? Como as atividades realizadas de maneira dispersa pelos 
indivíduos se tornam compatíveis com a existência do todo social? 
Os processos de socialização dos indivíduos 
Os indivíduos humanos, como quaisquer outros animais, nascem dotados de impulsos, 
instintos e desejos herdados da natureza. A sociedade está fora dos indivíduos, sob a forma de 
outros indivíduos e instituições. A sociedade também está dentro dos indivíduos, sob a forma 
de valores, normas, costumes, tradições etc. 
 
A educação como forma de socialização dos indivíduos 
Para conviverem pacificamente, os indivíduos devem aprender a limitar aqueles impulsos, 
desejos e instintos (que são, geralmente, violentos ou sexuais). Para isso, a sociedade 
estabelece valores e normas para guiar o comportamento dos indivíduos e conduzi-los à 
convivência harmoniosa. Algumas normas são explícitas e instituídas em leis; outras normas 
continuam tácitas. 
São as instituições (escola, família, igreja) que fazem o trabalho de transferência dos valores e 
normas sociais para os indivíduos, habituando-os à vida social. A esse processo “educativo” 
denominamos socialização. 
 
Educação como socialização 
A educação tem um papel importante na socialização dos indivíduos, pois conduz ao 
aprendizado dos valores comuns da sociedade. Esses valores comuns incluem crenças 
religiosas e morais e um senso de autodisciplina. 
 Durkheim argumenta que a escolarização proporciona a internalização das regras sociais que 
contribuem para o funcionamento da sociedade. 
 Nas sociedades industriais, a educação ensina as habilidades necessárias para cumprir papéis 
em ocupações cada vez mais especializadas. 
 
A educação como forma de inserção do indivíduo no mundo social 
Para Durkheim é uma “ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos”. 
Em seu livro “Educação e Sociedade”, afirma que existem certos costumes, regras, que devem 
ser obrigatoriamente transmitidos no processo educacional, gostemos deles ou não. Segundo 
ele, “se não fizermos isso, a sociedade se vingará de nossos filhos, pois não estarão em 
condições de viver em meio aos outros, quando adultos”. A cada momento histórico, existe 
um tipo adequado de educação a ser transmitido. Ideias educacionais ultrapassadas ou muito 
à frente de seu tempo, não são boas porque não permitem que o indivíduo educado tenha 
uma vida normal, harmônica com seus companheiros. 
 
A educação em perspectiva sociológica 
Portanto, a escola é uma instituição responsável pela socialização dos indivíduos na vida social. 
Segundo Durkheim, o seu papel é transmitir os valores sociais e preparar o indivíduo para a 
sociedade. 
As análises de Durkheim no campo educacional são vistas como forma de inculcar uma nova 
filosofia àqueles que seriam os agentes sociais da nova ordem social, ou seja, os professores 
das escolas primárias e secundárias. Por meio da formação de profissionais que atuariam na 
educação escolar, Durkheim vislumbrou a possibilidade de disseminação da sociologia: a 
ciência que propunha uma nova forma de compreensão do mundo moderno. 
 
Funções da educação 
Funções da escola: 
1. O sistema escolar é uma fonte segura de mobilidade social ascendente. 
2. Difundir saberes necessários ao bom funcionamento da sociedade. 
3. Socialização dos mais jovens. 
4. Transmissão da cultura de uma geração para outra. 
 
Funções latentes da escola: 
1. Desenvolver uma cultura juvenil. 
2. Encorajar o pensamento crítico e independente. 
 
Os estudos sociológicos de educação no Brasil 
Os estudos sobre educação no Brasil e, particularmente, os de inspiração sociológica, 
começam a se configurar como campo próprio a partir de 1930. É possível definir três fases 
nesse processo: dos anos 1930 a 1960, o período dos regimes militares e meados dos anos 
1980 aos dias de hoje. 
Na primeira fase, a educação é vista como recurso privilegiado no processo de construção do 
novo perfil de cidadão adequado ao Brasil em mudança. A reforma da educação ajudaria a 
construir a base de transformação do país. 
Os anos 1950 marcam o momento de mais intensa ação governamental, com expansão dos 
sistemas educacionais em virtude da aceleração dos processos de industrialização e 
urbanização e o restabelecimento da democracia. 
O golpe militar de 1964 frustrou o esforço de transformar a realidade educacional. A educação 
passa a ser vista como um componente da manutenção do poder estabelecido. Os governos 
militares mantiveram o discurso da importância da educação para o desenvolvimento do país e 
desenvolvem se análise no campo da economia da educação, que concebem a educação como 
instrumento estratégico de mobilidade social e do combate à desigualdade econômica. 
 
O sistema educacional brasileiro 
Somente a partir de 1970 é possível falar em democratização do acesso ao ensino no país. A 
disparidade regional que se manifesta na economia acompanhou as diferenças de oferta e 
qualidade do sistema de ensino nas diversas regiões. A partir de 1990 foi alcançada a meta de 
universalização do Ensino Fundamental, a tônica das políticas públicas passou a ser não 
somente a expansão do ensino em seus diferentes níveis, mas também a expansão aliada à 
qualidade. 
Os estudos sociológicos de educação 
Desde meados dos anos 1980, com a redemocratização do país, a educação vem ganhando 
nova evidência no quadro das políticas sociais e das preocupações com o desenvolvimento 
econômico. A superação da pesada herança de descaso e do tratamento populista das 
questões referentes à educação, torna-se hoje um imperativo. Somam-se a esses problemas os 
novos, decorrentes da globalização e do processo de transformação tecnológica acelerada. 
 
As desigualdades sociais 
A sociedade moderna é organizada em torno dos princípios liberais que estabelecem a 
liberdade de competição entre os indivíduos, tornando essa competitividade justa, a educação 
deve atuar como mecanismo de equalização social, na qual todos tenham acesso ao 
conhecimento para competir com igualdade para a conquista de posições de maior prestígio 
social. 
A questão que aqui se coloca é: em que medida as desigualdades sociais determinam as 
desigualdades educacionais? A escola tem desempenhado seu papel de equalizador social? 
A sociedade capitalista, inaugurada com a modernidade, assenta-se na propriedade privada 
dos meios de produção e no uso que faz deles, na medida em que os homens se apropriam da 
natureza, da técnica, da ciência. Para garantir a sobrevivência social, produz-se em quantidade 
e isso cria riqueza, a qual se acumula e gera desproporção no modo de dividir os resultados 
dessa produção material. Quase todas as parcelas da população participam do enriquecimento 
geral, mas dele se aproveitam de forma desigual. Estamos diante da desigualdade social. 
As desigualdades sociais resultam da situação de indivíduos e grupos que ficam à margem da 
produção e do consumo de bens, serviços e direitos da sociedade. Elas determinam, por 
exemplo, o acesso ou não a boas escolas, bons hospitais, empregos privilegiados e geram 
tensões, movimentos sociais e conflitos. 
As desigualdades sociais sempre existiram, no entanto, a consciência sobre elas veio no século 
XVIII, quando os filósofos iluministas conceberam a pobreza como resultante das ações dos 
homens e não como vontade de Deus. Foi o caso de Rousseau, para quem a origem da 
desigualdade entre os homens estava na propriedade privada. 
As diferenças que situam indivíduos e grupos em posições hierarquicamente superiores ou 
inferiores na estruturasocial, conferem vantagens ou desvantagens de acordo com o lugar 
ocupado na estrutura social e revelam a existência de desigualdades com base em atributos 
sociais. 
A questão, portanto, refere-se à desigualdade social, que resulta das diferenças no acesso às 
condições de vida (renda, habitação, saneamento, alimentação, saúde, educação, trabalho 
etc.) e, assim, esse acesso situa indivíduos e grupos em posições desiguais na hierarquia social: 
geralmente, os mais favorecidos estão no “topo” e os menos favorecidos, mais próximos da 
“base”. 
A questão das desigualdades sociais sempre esteve presente na Sociologia e ainda hoje 
constitui um dos principais problemas desde o Iluminismo. A desigualdade social, originada 
com o modo de produção capitalista, ainda vige de modo intenso nas diferentes formas que 
englobam desde as manifestações de desigualdade de renda e de condições de vida, até a 
desigualdade cultural – expressa na desigualdade de gênero –, e por meio das quais as 
individualidades passam a ser dotadas de poder sobre o conjunto da sociedade. 
 
As desigualdades sociais no Brasil 
As desigualdades sociais no Brasil datam da chegada dos portugueses, em que se gerou a 
percepção de que os indígenas seriam inferiores ou incapazes. Esse processo seguiu com a 
escravidão negra, que gerou desigualdades sociais que reverberam até os dias de hoje. 
Com o processo de industrialização e urbanização em meados do século XX, criou-se uma 
classe social de operários urbanos, marcados pela pequena apropriação da riqueza produzida 
pelo trabalho, constituíram as periferias das grandes cidades do país. 
Com as transformações sociais que ocorreram no Brasil, a partir dos anos de 1950, houve um 
crescimento das grandes cidades e um esvaziamento progressivo da zona rural. Como nem 
toda força de trabalho foi absorvida pela indústria e pelos setores urbanos e, por causa das 
transformações ocorridas na agricultura, foi-se constituindo nas cidades uma grande massa de 
desempregados, de semiocupados que viviam e vivem à margem do sistema produtivo 
capitalista. 
Mesmo com os avanços tecnológicos, essa massa de indivíduos praticamente não encontra 
chance de emprego, por tratar-se de mão de obra desqualificada. É ela que evidencia como o 
processo de desenvolvimento criou as desigualdades, que aparecem na forma de miséria e 
pobreza. 
As desigualdades sociais não se restringem à desigualdade de renda, mas também em 
condições precárias de saúde, habitação e educação. Mesmo com o crescimento da produção 
agrícola e industrial, o crescimento do setor de comércio e serviços demonstra que a 
sociedade produz riquezas, mas eles não são distribuídos de modo que atinjam todos os 
brasileiros. 
Segundo o IBGE, os 40% mais pobres da população brasileira eram responsáveis por 13,3% da 
renda total do país, enquanto os 10% mais ricos tinham 41,9%, em 2012. 
 
Índices de desigualdade 
A partir da década de 1990, organismos nacionais e internacionais criaram índices sobre as 
desigualdades e a pobreza que revelam dados muito interessantes. No Brasil dispomos da 
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que a ONU publica 
por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 
 
Índices das desigualdades sociais no Brasil 
Os dados foram divulgados em 2013, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na 
pesquisa Síntese de Indicadores Sociais – Uma análise das condições de vida dos brasileiros. O 
Índice Gini caiu de 0,556, em 2004, para 0,507, em 2012 – quanto mais próximo de 0, melhor a 
distribuição da renda. 
Se em 2002, os 10% com os maiores rendimentos ganhavam 16,8 vezes mais do que os 40% 
com as menores rendas, a proporção caiu para 12,6, em 2012. De acordo com a Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), em 2013, que analisou os dados de 2012, que 6,4% 
das famílias recebiam até um quarto de salário mínimo por pessoa e 14,6% estavam na faixa 
entre um quarto e meio salário mínimo per capita. 
 
As desigualdades sociais e educacionais 
A análise das desigualdades sociais e educacionais não é consensual na Sociologia. A teoria 
funcionalista considera que a escola seleciona os estudantes por mérito e, assim, garante que 
os melhores alunos acabem conseguindo os melhores empregos. 
Outros teóricos de influência marxista argumentam que as escolas distribuem os benefícios da 
educação de forma desigual, alocando a maioria dos benefícios às crianças das classes 
superiores e aos grupos raciais e étnicos de status mais elevado. Isso significa que, em vez de 
funcionar como um sistema meritocrático, as escolas tendem a reproduzir os sistemas de 
estratificação social, como afirma o sociólogo Pierre Bourdieu. 
 
Desigualdades educacionais 
Tomazi (1997) analisa as relações entre as desigualdades educacionais e as outras formas de 
desigualdade produzidas pela nossa sociedade. Toma como referência o analfabeto, que é 
analfabeto porque é pobre e a pobreza o mantém analfabeto. O analfabeto se torna um 
excluído socialmente por não dominar os símbolos da escrita que determinam a dinâmica da 
vida contemporânea. 
O sistema escolar também reproduziu historicamente as desigualdades. Foi moldado para 
atender aos filhos das classes médias e ricas. Quanto aos filhos dos trabalhadores, estes eram 
encaminhados desde criança para o trabalho. 
A desigualdade de acesso ao sistema de ensino se manifesta ainda hoje no sentido atribuído à 
educação. O ensino oferecido para os filhos dos trabalhadores de classe baixa tem por 
finalidade prepará-los para o mercado de trabalho. Já os filhos de pessoas das classes 
dominantes são preparados “para o ensino superior e para a ocupação de cargos de gerência e 
administração no setor público e privado” (TOMAZI, 1993, p. 67). 
As desigualdades sociais geradas pelo acesso diferenciado à renda somam-se às desigualdades 
de gênero presentes. Sabe-se que em muitos países, por exemplo, a escolarização de meninas 
é vetada. Cabem às meninas o trabalho doméstico, o analfabetismo e, em muitos casos, a 
gravidez precoce, que contribui para a reprodução das desigualdades sociais. 
 
UNIDADE II 
 
Introdução 
A Sociologia é uma ciência que surge e se desenvolve com o advento do capitalismo. A 
sistematização intelectual de seus fundadores mais importantes fundadores mais importantes 
– Comte, Durkheim, Marx e Weber – está marcada pela seguinte pergunta: Como 
compreender as maravilhas e as atrocidades Como compreender as maravilhas e as 
atrocidades sociais deste novo mundo que se abriu com o desenvolvimento da grande 
indústria moderna e da sociedade dividida em classes? 
 
Abordagens teóricas clássicas 
Os fundadores da Sociologia como ciência tiveram de lidar com a tensão existente entre 
conceber a sociedade como uma estrutura de poder de coerção e de determinação sobre uma 
estrutura de poder de coerção e de determinação sobre as ações individuais e, de outro, de 
ver o indivíduo como agente criador e transformador da vida coletiva. Como afirmou o 
sociólogo Carlos Benedito Martins, no livro O que é Sociologia, as contradições sociais da 
sociedade moderna permearam a formação desta ciência. 
“A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da 
sociologia. As alternativas históricas existentes nessa sociedade, seja a de sua conservação ou 
de sua transformação radical, eram situações reais com que se de paravam os pioneiros da 
sociologia [...] O caráter antagônico da sociedade capitalista, ao impedir um entendimento 
comum por parte dos sociólogos em torno do objeto comum por parte dos sociólogos em 
torno do objeto e aos métodos de investigação desta disciplina, deu margem ao nascimento 
de diferentes tradiçõessociológicas ou distintas sociologias, como preferem afirmar alguns 
sociólogos.” (MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, p. 35) 
 
Focos de análise dos autores clássicos 
Émile Durkheim se empenhou em demonstrar a existência plena de uma vida coletiva com 
alma própria, acima e fora das mentes individuais. 
Max Weber tratou a ação individual como ponto de partida para o entendimento da realidade 
social de partida para o entendimento da realidade social. 
Karl Marx procurou identificar as contradições existentes na sociedade moderna e considerava 
que a história da humanidade é movida por lutas de classes sociais com interesses 
antagônicos. 
 
 
Abordagens teóricas contemporâneas 
As diferentes abordagens teóricas persistem através da história. Mesmo quando os sociólogos 
concordam em relação ao tema de análise, muitas vezes fazem essa análise a partir de 
posições teóricas diferentes. 
As abordagens teóricas contemporâneas – o funcionalismo o funcionalismo, abordagens do 
conflito e o interacionismo simbólico – têm conexões com Durkheim, Marx e Weber, 
respectivamente. 
Funcionalismo: concebe a sociedade como um sistema complexo cujas partes atuam juntas 
para produzir estabilidade e solidariedade De e produzir estabilidade e solidariedade. Deve-se 
investigar a relação de partes da sociedade entre si com a sociedade como um todo. 
Perspectiva do conflito: destacam a importância das divisões na sociedade. Concentram-se em 
questões de poder, desigualdade e luta. 
O interacionismo simbólico: direciona a atenção para os detalhes das interações interpessoais 
no para os detalhes das interações interpessoais no contexto da vida cotidiana. 
 
Abordagens teóricas clássicas e a educação como fenômeno social 
Concepções de sociedade do pensamento clássico: 
a) A sociedade é concebida enquanto um vínculo moral entre os indivíduos – Auguste Comte e 
Émile Durkheim. 
b) A sociedade é o espaço de exploração e a educação é reprodutora do sistema social – Karl 
Marx. 
c) A sociedade burocrática conduziu a educação para ser um veículo da racionalização para ser 
um veículo da racionalização – Max Weber. 
 
Auguste Comte e a educação universal 
Auguste Comte (1798-1857) viveu em uma época marcada por grandes tensões sociais, 
geradas pelos desdobramentos da Revolução Francesa. 
A Revolução Industrial se encontrava em curso, transformando as relações sociais com a 
formação transformando as relações sociais com a formação do operariado urbano e suas 
precárias condições de vida nas cidades. Os problemas sociais de sua época e a emergência de 
um pensamento racional conduziram Comte a formular as bases da Sociologia como ciência 
formular as bases da Sociologia como ciência. 
“Auguste Comte (1798-1857) foi um pensador preocupado com a formação do que 
considerava uma civilização pacífica, racional e científica Nascido em racional e científica. 
Nascido em Montpellier, uma pequena uma pequena cidade do interior da França, viveu em 
Paris em uma época de crise e agitação política decorrentes da Revolução Francesa de 1789. 
Por isso a educação tem uma grande importância em seu pensamento social, como meio de 
formação de novas mentalidades necessárias para uma civilização de progresso mentalidades 
necessárias para uma civilização de progresso e harmonia.” (PILETTI; PRAXEDES. Sociologia da 
Educação. São Paulo: Ática p 15) 
Para Comte, a sociedade industrial só pode se estruturar se cada indivíduo for educado para 
contribuir de forma útil em benefício do todo social. Cabe à educação a formação moral dos 
membros da sociedade para que chegue a um consenso, em que prevaleceria um estado de 
harmonia e ordem. Leia algumas frases de Comte: “A moral consiste em fazer prevalecer os 
instintos simpáticos sobre os instintos egoístas.”; “A liberdade é o direito de fazer o próprio 
dever.” 
Comte defende a reorganização e estabilidade da sociedade industrial por meio da 
preservação da moral A sociedade moderna de e caminhar para moral. A sociedade moderna 
de v e caminhar para o progresso, mas de forma ordenada. 
Comte (apud PILETTI; PRAXEDES, 2010, p. 21) afirma que: afirma que: “nenhum grande 
progresso pode efetivamente se realizar se não tende finalmente para a evidente consolidação 
da ordem”. 
O papel social da educação para Comte era “libertar a humanidade dos pensamentos por ele 
considerados supersticiosos e metafísicos” (PILETTI; PRAXEDES, 2010, p. 11). 
A educação tem o papel de formar uma nova mentalidade voltada para o pensamento 
científico e dar bases para a ordenação social. 
 
Émile Durkheim: a educação como socialização e individuação 
Émile Durkheim (1858-1917) se empenhou em transformar a educação em objeto de 
investigação científica. A problemática educacional é considerada m componente central de s 
a educacional é considerada um componente central de sua teoria sociológica. Durkheim foi 
profundamente influenciado pela concepção foi profundamente influenciado pela concepção 
de sociedade e ciência de Auguste Comte. Acreditava na existência de um processo social 
evolutivo que conduziria a sociedade sempre para estágios mais avançados de 
desenvolvimento. Via muita semelhança entre a forma de organização da sociedade e o 
funcionamento dos de organização da sociedade e o funcionamento dos organismos 
biológicos. 
 
Émile Durkheim e a consciência coletiva 
Para este autor, a consciência coletiva é um conjunto de crenças e sentimentos comuns à 
média dos membros de uma sociedade. É um sistema determinado de crenças que possui vida 
própria e é difuso em toda a extensão da sociedade, independentemente das condições 
particulares dos indivíduos, pois estes passam e a consciência coletiva permanece, ligando 
cada geração à seguinte. Tal consciência é a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas 
pequenas cidades e nas diferentes profissões, possuindo uma existência objetiva e profissões, 
possuindo uma existência objetiva e exterior aos indivíduos, influenciando-os de forma 
coercitiva. 
 
 
Émile Durkheim: a educação como socialização e individuação 
A educação é vista por Durkheim como um fato social. Ele entende por fato social formas de 
agir e pensar, passageiras ou duradouras, que podem influenciar as condutas de forma 
coercitiva. Os fatos sociais que são exteriores às vontades individuais. Basta observar que o 
comportamento das crianças não é espontâneo, mas ensinado pelo grupo à sua volta, que 
impõe valores, sentimentos e costumes, como os hábitos de higiene, alimentação, vestuário 
etc. Quando o processo de educação é bem-sucedido, a coerção que o grupo exerce sobre 
cada sucedido, a coerção que o grupo exerce sobre cada membro não é nem sentida, 
parecendo a todos que são hábitos naturais e espontâneos de cada um. 
Para Durkheim a educação é um instrumento da consciência coletiva, por meio do qual a 
sociedade socializa as novas gerações de acordo com os seus pressupostos morais, religiosos 
etc. 
Conceitua o termo educação como Conceitua o termo educação como “a ação exercida pelas a 
ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda 
preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança certo número 
de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, 
e pelo meio especial a que a criança, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, 
particularmente, se destine”. 
Nas sociedades modernas, a educação integra um conjunto de fatos sociais que promovem o 
processo de individuação dos se s membros o seja a percepção de q e são dos se u s membros, 
ou seja, a percepção de q u e são indivíduos livres e iguais aos demais indivíduos. A consciência 
coletiva nas sociedades industriais deve A consciência coletiva nas sociedades industriais deveconduzir os indivíduos a se diferenciar dos demais, na medida em que se intensifica a divisão 
do trabalho social. 
Deste modo, cada personalidade individual deve desenvolver habilidades específicas que a 
tornem capacitada para desempenhar uma função que contribua com o todo social 
desempenhar uma função que contribua com o todo social. 
Nas sociedades modernas o indivíduo não se percebe como uma “célula de um organismo”, 
que deve desempenhar a sua função específica, mas primordial, para o bem-estar do todo. 
Defende que a educação possibilite à consciência coletiva vincular cada membro ao todo social 
impedindo coletiva vincular cada membro ao todo social, impedindo a desagregação social. 
 
Conclusão 
O método de análise proposto por Durkheim para estudar as relações entre sociedade e 
educação é o funcionalismo. Tal enfoque teórico enxerga a sociedade como um organismo em 
que cada grupo social desempenha suas funções A escola contribui para que as pessoas suas 
funções. A escola contribui para que as pessoas conheçam e aprendam o seu lugar na 
sociedade. 
 
 
 
Karl Marx: sociedade educação e emancipação 
Karl Marx (1818-1883) possui uma reflexão teórica que gerou inúmeras controvérsias ao longo 
da história. Marx concebia a sociedade moderna como uma totalidade complexa, de “múltiplas 
determinações”. No conjunto da vida social a educação se constitui como um processo 
resultante social, a educação se constitui como um processo resultante, mas que influencia 
tanto as relações sociais entre os membros da sociedade quanto as suas condições materiais 
de vida. 
 
Karl Marx: quem educa o educador? Karl Marx: quem educa o educador? 
Na obra Teses sobre Feuerbach (1845), Marx se coloca em uma perspectiva oposta aos autores 
positivistas como Comte e Durkheim, que concebiam a educação como m q u e concebiam a 
educação como um processo unilateral que torna os sujeitos individuais meros receptáculos de 
uma formação imposta pelo sistema social. Para Marx, as circunstâncias em que vivem os 
seres humanos influenciam na sua educação, mas estes transformam a educação herdada das 
gerações passadas e “o próprio educador deve ser educado”. 
 
Karl Marx: a educação como relação social 
Marx concebe a educação não como algo pronto a ser imposto às cabeças vazias das novas 
gerações. Considera a educação como uma relação social q u e se estabelece entre os sujeitos 
de uma sociedade. Como a sociedade é um processo social em Como a sociedade é um 
processo social em constante mutação, a educação é um elemento que deve ser considerado 
também em permanente estado de transformação. 
 
Karl Marx: concepção de homem 
Para Marx, os homens são produto das circunstâncias, mas possuem a capacidade de 
modificar as circunstâncias em que vivem, pois a ação humana influencia os processos de 
transformação social. Marx não considerava a educação uma realidade externa Marx não 
considerava a educação uma realidade externa que possui existência própria, mas uma relação 
social entre indivíduos e classes sociais. A educação é uma prática social que deve ser 
desenvolvida em combinação com as demais esferas da vida social. 
 
Karl Marx: os processos históricos 
Para Marx, a humanidade havia passado na história por vários modos de produção que podem 
coexistir em diferentes espaços geográficos em períodos históricos muito próximos. As 
comunidades primitivas, passando pelas sociedades antigas, nas quais era explorado o 
trabalho escravo, pelo modo de produção asiático, pelo feudalismo europeu, baseado na 
servidão, chegando ao capitalismo, fundamentado no trabalho assalariado e na propriedade 
privada dos meios de produção assalariado e na propriedade privada dos meios de produção. 
Anuncia a possibilidade de surgimento do modo de produção socialista, que transforma em 
coletiva a propriedade privada. 
Karl Marx: as relações sociais de produção 
As relações sociais entre os membros de uma coletividade definem quem trabalha, em quais 
atividades as pessoas trabalham em que ritmo o trabalho será realizado, durante quanto 
tempo cada trabalhador realizará a sua atividade e, por último, como será distribuído o 
resultado do trabalho, ou seja, como será repartida a riqueza produzida e quem terá o direito 
de ter ou não propriedade sobre os recursos essenciais para a vida social a vida social. 
 
Karl Marx: propriedade privada e alienação 
Nos manuscritos econômicos e filosóficos de 1844, Marx afirma que é a propriedade privada 
que leva uma minoria dos seres humanos a se apropriar dos que devem estar à disposição de 
todos. O direito à propriedade é visto como a negação da propriedade para outrem; portanto, 
é sua alienação em relação aos meios que satisfariam às suas necessidades humanas. A 
propriedade privada transforma o trabalho humano em uma atividade desumana, uma vez 
que o trabalhador passa a executar uma atividade cujo resultado executar uma atividade cujo 
resultado – os bens produzidos os bens produzidos ou o lucro – pertencerá ao capitalista. O 
trabalhador exerce sua função apenas para satisfazer o interesse em receber salário, não pelo 
comprometimento com o trabalho. 
 
Karl Marx: educação e alienação 
A educação adequada às demandas da divisão do trabalho tende a confirmar a alienação, pois 
difunde entre os seres humanos uma consciência social parcelada ao reduzir o trabalhador às 
características de sua ocupação funcional, impedindo-o de realizar suas potencialidades 
humanas. A superação da alienação é vista como resultado da práxis, que significa uma ação 
consciente dos seres humanos para acabar com a alienação. Uma educação que critique a 
dimensão alienada do trabalho e da vida pública pode se constituir no primeiro passo para 
uma ação transformadora constituir no primeiro passo para uma ação transformadora da 
condição de alienação em que a humanidade se encontra. 
Para Marx era possível, por meio da educação, buscar melhores condições de vida para as 
classes populares. Marx via na escola uma ferramenta da classe dominante para impor as suas 
verdades e valores às populares. A escola piorava a situação de alienação daqueles que só 
podiam vender sua força de trabalho. Marx acreditava em uma escola que pudesse abrir os 
olhos das camadas operárias para as rias para as injustiças sociais as sociais. Portanto, Marx via 
a escola como mais uma ferramenta de manipulação das classes dominantes, que procuram 
impor manipulação das classes dominantes, que procuram impor suas verdades e valores. 
Para Marx, a escola deveria alertar as classes trabalhadoras para as desigualdades sociais e 
incentivá-las a lutar por melhores condições de ida melhores condições de vida. A educação 
deveria ser concebida como um processo de formação de um ser que é ao mesmo tempo 
produto de formação de um ser que é, ao mesmo tempo, produto da história e seu agente 
transformador, tornando a crítica à realidade existente imprescindível para os processos 
educacionais. 
 
 
Max Weber: racionalização e burocratização 
O cientista social alemão Max Weber (1864-1920) demonstrava uma grande preocupação com 
a dimensão racionalizadora da educação nas sociedades modernas, que tem conduzido ao 
“desencantamento do mundo” e à perda de valores transcendentais e fraternos nas relações 
humanas. Para Weber, a educação não escapava à tendência racionalizadora que singularizou 
a vida moderna no Ocidente. A sociologia weberiana se realizou como uma tentativa A 
sociologia weberiana se realizou como uma tentativa de compreender o sentido da ação social 
dos indivíduos. 
O significado da ação social: é toda ação que o agente realiza tendo como referência a ação de 
outro agente social. 
Relação social: ocorre quando mais de um indivíduo age, orientando suas ações para o mesmo 
objetivo, como o mercado por exemplo. Ou seja, quando os indivíduosrealizam suas ações 
compartilhando um motivo entre si ou tendo como referência um conjunto indeterminado de 
outros indivíduos. 
 
Max Weber e a racionalização do Ocidente Max Weber e a racionalização do Ocidente 
Para Weber, a sociedade não é algo externo a nós. Os valores e normas que compartilhamos 
não pairam sobre nós, mas intermedeiam as nossas relações. Os valores e normas foram 
criados pelos seres humanos e podem ser mudados. As mudanças sociais que consolidaram as 
sociedades capitalistas – que necessitam de mão de obra especializada e bem treinada para 
trabalhar nos setores burocráticos do Estado e nas grandes empresas – conduziram a 
educação a perder seu sentido humanitário. 
Para tentar interpretar ações reais dos indivíduos, ou seja, os motivos que levam os indivíduos 
a agir, Weber criou modelos comparativos – os chamados tipos ideais –, que servem para 
orientar o pesquisador na busca de uma explicação sobre os sentidos dessas ações. Weber 
identificou quatro tipos ideais de ação social: a ação racional com relação a fins, a ação 
racional com relação a valores, a ação afetiva e a ação tradicional. 
O processo de racionalização que ocorreu no Ocidente pode ser atribuído a uma mudança na 
conduta dos indivíduos, que aos poucos deixam de agir motivados pelo ume e pela tradição; 
deixam de agir pelo impulso, de modo apenas emocional e irracional; g e também deixam de 
agir motivados por princípios éticos, morais e religiosos, passando a se orientar quase 
unicamente por objetivos estabelecidos de maneira racional voltada à conquista de fins 
utilitários maneira racional, voltada à conquista de fins utilitários. 
No livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, publicado em 1905, Weber afirma 
que o moderno capitalismo racional baseia racional baseia-se não só nos meios técnicos de 
produção, mas também em determinado sistema legal e administrativo orientado por regras 
formas e impessoais. O “espírito capitalista” se desenvolveu na medida em que sociedades 
inteiras passaram pelo processo educacional que considera que o trabalho deve ser executado 
como um fim absoluto em si, como uma vocação, e que o homem existe em razão do seu 
negócio, e não o inverso. Assim se existe em razão do seu negócio, e não o inverso. Assim se 
constituem as motivações humanas que levaram à expansão do capitalismo. 
 
Max Weber: racionalização e desencantamento 
O capitalismo se desenvolveu quando passaram a predominar as ações de tipo racional com 
relação a fins que permitem a busca de riqueza por meio de uma “organização capitalista 
permanente e racional” para a “procura do lucro, de um lucro sempre renovado” e seu uso 
como investimento de capital. A crescente racionalização conduz ao progressivo 
“desencantamento do mundo”, em que o indivíduo perde o sentido da própria vida ao romper 
com os vínculos comunitários em favor da acumulação individual da riqueza. 
 
Max Weber: o mundo desencantado 
A racionalidade finalista conduz a vida social a se subordinar a um aparato administrado 
burocraticamente por meio de normas racionais que tolhem a liberdade do indivíduo. O 
diploma universitário passa a ser visto como uma nova forma de estratificação social que antes 
era de nova forma de estratificação social que, antes, era de responsabilidade dos títulos de 
nobreza e que, nas sociedades modernas, resulta em privilégios dos trabalhadores que 
ocupam posições de maior prestígio e remuneração. A quantidade de técnicos e funcionários 
com disciplina e A quantidade de técnicos e funcionários com disciplina e competência 
especializada depende, pois, de exames que atestam suas qualificações. 
Os títulos educacionais passam a representar, para os seus detentores, possibilidades de 
alocações mais rentáveis e prestigiosas no mercado de trabalho. Os indivíduos procuram os 
sistemas educacionais não pela valorização dos conteúdos culturais da educação, mas sim dos 
títulos que lhes garantirão as credenciais para as carreiras burocráticas almejadas. 
Weber acredita que a escola não oprime nem emancipa os indivíduos, ela simplesmente os 
prepara para as funções necessárias à manutenção da ordem social capitalista. 
 
 
UNIDADE III 
 
Questão central 
Como as transformações sociais ao longo do século XX influenciaram o pensamento 
educacional? A escola conduz a conformação social ou a sua transformação? Estaríamos 
condenados a reproduzir as estruturas sociais indefinidamente? 
 
Ideologia e educação: Althusser 
Após a Segunda Guerra Mundial, o marxismo perdeu gradativamente influência sobre o 
movimento operário na Europa. Apesar disso, manteve alguma influência entre os intelectuais. 
Louis Althusser (1918-1990) foi um sociólogo francês que contribuiu para o ressurgimento do 
pensamento teórico marxista na França nos anos de 1960 e 1970. Seus estudos sobre 
aparelhos ideológicos de Estado responsabilizam a instituição escolar por difundir a ideologia 
da aceitação da dominação e das formas de exploração capitalista como legítimas. A 
publicação desta obra em 1970 exerceu uma grande influência sobre as pesquisas nas ciências 
humanas dentro e fora do país desde então. 
Para Althusser, a permanência da sociedade capitalista depende da reprodução de seus 
componentes econômicos (força de trabalho, meio de produção) e da reprodução de seus 
componentes ideológicos. As instituições encarregadas pela manutenção do status que são: 
Aparelhos repressivos do Estado: polícia e Judiciário. 
Aparelhos ideológicos do Estado: religião, mídia, escola e família. 
 
Aparelhos ideológicos do Estado 
A educação escolar era vista por Althusser como difusora das ideologias que formam as 
concepções e as práticas dos s jeitos em sociedade, contribuindo para a reprodução das 
relações sociais de produção, uma vez que torna invisível e natural à divisão em classes sociais, 
determinando a posição de cada ser humano na engrenagem da produção capitalista. A 
formação dos trabalhadores no sistema escolar é considerada fundamental para o 
desenvolvimento das forças produtivas e torna-os tanto capacitados tecnicamente para as 
atividades nas empresas e concordantes com as relações atividades nas empresas e 
concordantes com as relações sociais de produção existentes na sociedade. 
Além do desenvolvimento de competências de leitura, escrita e cálculo, das técnicas e da 
cultura humanística, os trabalhadores aprendem o respeito à ordem social q e se 
trabalhadores aprendem o respeito à ordem social, q u e se inicia com o respeito às regras de 
conduta, da moral dominante e das leis do Estado, segundo os preceitos que interessam às 
classes dominantes. Desse modo, os alunos oriundos das camadas populares assimilam com a 
educação escolar a submissão à ordem social dominante. 
 
A ideologia 
A ideologia é uma concepção que orienta a prática dos agentes em sociedade. As ideologias 
constituem estruturas de pensamento e avaliação do mundo, as ideias que as pessoas utilizam 
para compreender como o mundo social funciona, qual o seu lugar nele e o que devem fazer. 
Para Althusser, as condutas práticas são orientadas por ideologias que formam nossas ideias. 
Sempre agimos de acordo com uma ideologia, quer sejamos favoráveis ou contrários à 
sociedade capitalista. É a ideologia que dá significado aparentemente coerente para os 
fenômenos que significado aparentemente coerente para os fenômenos que vemos na 
sociedade. 
 
Aparelhos ideológicos do Estado 
Para Althusser, os seres humanos não agem com autonomia e independência de valores, mas 
seguem as ideologias que foram inculcadas pela estrutura social. A diferenciação que Althusser 
realizou entre o uso da violência pelos aparelhos repressivos do Estado e os aparelhos pelos 
aparelhos repressivos do Estado e os aparelhos ideológicos de Estado é que estes transmitem 
as ideologias dominantes.A escola seria responsável pela difusão da ideologia que 
possibilitaria a construção da hegemonia da burguesia, tomando o lugar que cabia à Igreja 
Católica na ordem social feudal. 
 
A ideologia na escola 
Como a escola transmite a ideologia? 
A escola atua ideologicamente através de seu currículo, seja de forma direta através de 
conteúdos que expressam o desejo de manutenção das estruturas sociais existentes. 
A escola tende a conduzir as classes subordina das à submissão e à obediência, enquanto as 
pessoas das classes dominantes a prende a comandar e a controlar. 
 
Aparelhos ideológicos do Estado 
Embora cada aparelho ideológico, como igrejas, sindicatos e meios de comunicação, 
desempenhe uma função que lhe é peculiar, cabe à escola o papel dominante nas sociedades 
capitalistas, pois na mais tenra idade das crianças vai lhes incutindo os valores próprios das 
ideologias das classes dominantes. Destaca-se a contribuição dessa tendência teórica 
principalmente no que diz respeito à denúncia de uma política educacional tecnicista e da 
ausência de uma “autonomia da educação em face das relações sociais”. 
 
Pierre Bourdieu e os esquemas reprodutores 
Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um dos intelectuais mais conhecidos e respeitados no mundo 
acadêmico nas últimas décadas. O pensamento de Durkheim serviu de base e ofereceu os 
métodos fundamentais para a construção de uma sociologia métodos fundamentais para a 
construção de uma sociologia da educação muito influente no século XX. Um dos mais 
importantes sociólogos a analisar a educação contemporânea sob a influência de Durkehim foi 
Bourdieu. 
 
Família e educação 
Na concepção de socialização de inspiração durkheimiana, a família e a escola devem 
desempenhar a função de adequar as novas gerações às exigências da divisão social do 
trabalho, adaptando os indivíduos à sociedade. A família é responsável pela internalização de 
saberes de saberes, valores, costumes. A família transmite modelos comportamentais e 
perspectivas de futuro de maneira não deliberada, que são apreendidas de maneira 
inconsciente pelas crianças. 
 
Pierre Bourdieu e os esquemas reprodutores 
Bourdieu produziu uma síntese teórica entre o modelo durkheimiano e o estruturalismo. O 
estruturalismo é uma corrente teórica que busca desvendar o peso das estruturas sociais sob 
os sujeitos. Seu ponto de partida é que os indivíduos estão submetidos ao controle das 
estruturas sociais. Os sujeitos são vistos como uma espécie de marionetes das estruturas 
dominantes. Para Bourdieu, a teoria de Durkheim e o estruturalismo permitem demonstrar 
como os indivíduos, em sua ação reproduzem as orientações determinadas pela em sua ação, 
reproduzem as orientações determinadas pela estrutura social vigente. 
 
A influência do estruturalismo 
Os indivíduos estão submetidos aos desígnios da sociedade, fazem o que suas estruturas 
determinam e, ainda, são iludidos pelos discursos dominantes, que o fazem pensar que sua 
ação é resultante de vontade própria. Em 1964, Bourdieu publicou o livro publicou o livro “Os 
herdeiros”, em que critica o discurso dominante de que a escola possui caráter igualitário. 
Afirma que, por trás da aparente neutralidade, a escola reproduz as relações sociais e de poder 
vigente. Sob a aparência de critérios escolares, existem critérios sociais de triagem e de 
seleção dos indivíduos para ocupar triagem e de seleção dos indivíduos para ocupar 
determinados postos na vida. 
 
Pierre Bourdieu e os esquemas reprodutores 
Bourdieu e Passeron não vislumbram possibilidade de romper com as estruturas de 
reprodução. Não há saída: o sistema de ensino filtra os alunos sem q e eles se deem conta e, 
com isso, reproduz as relações vigentes. Em 1970, Bourdieu e Passeron refinaram suas ideias e 
refinaram suas ideias e incorporaram as contribuições de Marx e Weber e publicaram o livro: 
“A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino”. Nessa obra afirmam que a 
ação pedagógica é uma violência simbólica. 
 
Pierre Bourdieu: violência simbólica 
A violência simbólica diz respeito à concepção cultural de grupos e classes dominantes, que é 
imposta a toda a sociedade através do sistema de ensino. O trabalho pedagógico é visto como 
a inculcação do “arbitrário” compreendido como a concepção cultural de grupos e classes 
dominantes, que é imposta a toda a sociedade através do ensino. A pedagogia se impõe a 
inculcar valores e normas. 
 
O trabalho pedagógico 
Bourdieu e Passeron chamavam de trabalho pedagógico a inculcação do arbitrário que deve 
durar bastante para que o educando “naturalize” seu conteúdo, encarando-o como natural, 
como evidentemente correto em si mesmo, o bastante para produzir uma “formação durável”. 
Na medida em que o educando interioriza os princípios culturais que lhe são impostos pelo 
sistema de ensino – de tal modo que, mesmo depois de terminada sua fase de formação 
escolar, ele os tenha incorporado aos seus próprios valores e seja capaz de reproduzi seja 
capaz de reproduzi-los e transmiti-los aos outros – constituindo o que Bourdieu chamou de 
habitus. 
 
 
Habitus 
A noção de habitus se refere à existência de um conjunto de saberes e práticas interiorizados, 
que se forma em cada indivíduo lado a lado com a capacidade de pensar e agir por si mesmo, 
com base na interiorização das experiências e das circunstâncias existentes na sociedade. 
Compõe o habitus do agente todas as disposições adquiridas e desenvolvidas no seu processo 
de socialização e incorporadas de modo a possibilitar-lhe a formação de concepções e 
habilidades necessárias para a sua vida individual e social. 
 
Os esquemas reprodutores 
Para Bourdieu e Passeron, todo sistema de ensino institucionalizado visa, de alguma medida, a 
realizar de modo organizado e sistemático a inculcação dos valores dominantes e reproduzir as 
condições de dominação social que estão por trás de sua ação pedagógica. A partir de dados 
empíricos, os autores demonstram que a “condição de classe de origem” dos alunos 
determinam a probabilidade de sucesso escolar. Tal situação reproduz a “condição de classe 
de chegada” desse aluno, isto é, o tipo de habitus que adquiriu, o que adquiriu, o “capital 
cultural” ao qual teve acesso e, ao qual teve acesso e, em especial, a posição na hierarquia 
econômica e social a que chegou. 
 
Bourdieu: a educação e as desigualdades sociais 
A contribuição teórica e investigativa de Pierre Bourdieu vem influenciando decisivamente as 
pesquisas em sociologia da educação, ao propor o estado da ação pedagógica na busca do 
desvelamento daqueles mecanismos, muitas vezes, ocultos de imposição da dominação 
simbólica, mas que legitimam a reprodução das hierarquias que estruturam a ordem social. 
Bourdieu se dedicou a demonstrar como as desigualdades de desempenho na escola não 
representavam, na verdade, diferenças em relação à capacidade dos alunos, mas se diferenças 
em relação à capacidade dos alunos, mas se constituíam em uma expressão das desigualdades 
sociais e culturais vivenciadas fora da escola. 
 
Educação e hegemonia: Gramsci 
Antonio Gramsci (1891-1937) foi jornalista e ativista político. Viveu encarcerado por vários 
anos pelo regime fascista da Itália e gravemente enfermo. Deixou um legado de 2.500 páginas 
de anotações, os famosos “Cadernos do cárcere”. O contexto histórico de sua reflexão é o 
período entre a O contexto histórico de sua reflexão é o período entre a Primeira e a Segunda 
Guerras Mundiais na Itália sob o regime fascista de Mussolini. Sua motivação política era 
elaborar um pensamento fiel ao marxismo revolucionário e ao projeto de construção de uma 
sociedade socialista. 
A importância das ideias de Gramsci está em sua capacidade de atualizar o pensamento de 
inspiração marxista, de modo a adequá-lo às característicasdas sociedades europeias de 
capitalismo avançado da primeira metade do século XX. Nos “Cadernos do cárcere Cadernos 
do cárcere”, desenvolveu reflexões teóricas desenvolveu reflexões teóricas importantes no 
campo da pesquisa educacional e desenvolveu uma proposta de escola unitária, que 
promoveu a educação humanista voltada para a formação intelectual e moral necessária para 
a construção de uma sociedade igualitária e livre. 
Distinção política entre Oriente e Ocidente: 
Oriente: países onde o Estado concentra todo o poder e a sociedade civil é fraca, pouco 
organizada, sem capacidade de contrapor-se a tal poder concentrado no Estado. O único modo 
de lutar pelo poder em tal situação é investir contra o modo de lutar pelo poder em tal 
situação é investir contra o Estado. 
Ocidente: países onde a sociedade civil tem organização, é múltipla, organizada e tem 
condições de dividir com o Estado as estruturas de poder político; sociedades com mercado 
interno forte e vida política plural. O poder está diluído entre o Estado e a sociedade civil. 
Nas sociedades ocidentais, o poder não está em um lugar só, está em muitos lugares ao 
mesmo tempo. Está no governo, mas também está nas empresas, nos clubes, no mercado, nos 
partidos, na cultura. Para Gramsci para se chegar ao poder os grupos políticos Para Gramsci, 
para se chegar ao poder, os grupos políticos não podem fazer uma política de insurreição 
contra o Estado. É preciso uma revolução no cotidiano. Desse modo, a política deve ser feita 
na sociedade, em todos os espaços disponíveis. Enquanto o Estado é visto como força, 
coerção, dominação, a sociedade é o espaço do consenso e da persuasão a sociedade é o 
espaço do consenso e da persuasão. 
Portanto, a disputa pelo poder passa pela conquista da consciência das pessoas, deve-se 
“ganhar a batalha das ideias”. Nesse sentido, é preciso lutar contra a apropriação privada, ou 
elitista do saber e da cultura ou elitista do saber e da cultura. Defende acabar com a divisão 
entre “intelectuais” e “pessoas simples”, pois na sociedade são vistos como intelectuais 
aqueles que ocupam postos na administração do Estado e, portanto, concentram mais poder. 
 
A disputa pela hegemonia 
Para chegar ao poder, não basta ganhar a eleição ou dar um golpe de Estado, é preciso ganhar 
a batalha do convencimento, obter um consenso social em torno de suas concepções. Para 
“ganhar a batalha de ideias”, os intelectuais desempenham um papel chave, pois “organizam a 
cultura”. Na luta pela hegemonia, tanto as classes dominantes quanto as dominadas se 
organizam em blocos, e cada uma delas conta com seus próprios intelectuais, cujas ideias 
competem entre si na tentativa de organizar a cultura conforme seus entre si na tentativa de 
organizar a cultura conforme seus interesses. 
 
Os intelectuais e a disputa pela hegemonia 
Tipos de intelectuais: 
Intelectual orgânico: surge em ligação direta com os interesses da classe que ascende ao 
poder. Busca dar homogeneidade e coerência interna à concepção de mundo que interessa a 
essa classe Sua função é fazer com que todos que interessa a essa classe. Sua função é fazer 
com que todos pensem com a cabeça da classe dominante. Os dominados também possuem 
seus intelectuais que procuram desenvolver uma contra-hegemonia. 
Intelectual tradicional: foram intelectuais orgânicos das classes que eram então dominantes 
como o clero, pois os padres deram coerência e organicidade à dominação da nobreza. 
A função dos intelectuais é ser um instrumento de construção e consolidação de uma vontade 
coletiva, de um consenso social em torno de ideias por eles veiculadas, das concepções de 
mundo do bloco histórico ao qual estão ligados. Quem forma os intelectuais? O intelectual é 
formado na escola. O indivíduo precisa passar por uma formação escolar que lhe dê um acesso 
especial à cultura. 
 
A escola e a formação dos intelectuais 
Gramsci observou que na sociedade moderna a ciência misturou-se à vida cotidiana de um 
modo nunca visto antes – as atividades práticas se tornaram complexas e especializadas. De 
um lado, forma-se a escola humanista que dá uma formação clássica destinada a desenvolver 
em cada indivíduo uma clássica destinada a desenvolver em cada indivíduo uma cultural geral 
ou o poder fundamental de pensar e saber se orientar na vida. De outro, surge à escola 
especializada, voltada para a formação específica dos diferentes ramos profissionais. 
 
Gramsci e a defesa da escola unitária 
Defende a escola unitária, que teria caráter formativo e objetivaria equilibrar de forma 
equânime o desenvolvimento da capacidade de trabalhar man ualmente e o desenvolvimento 
das capacidades de trabalho intelectual. Para Gramsci a escola deveria se abrir para todas as 
classes Para Gramsci, a escola deveria se abrir para todas as classes, para formar seus próprios 
intelectuais. Todos devem ter acesso a uma escola que lhes permita uma formação cultural 
básica, que possa ser eventualmente expandida para que a “batalha das ideias” não seja 
sempre ganha pela mesma classe social. 
Na concepção de Gramsci, a escola deve unificar a formação, de modo a abranger a educação 
tradicional com forte conteúdo teórico literário filosófico e científico para o conteúdo teórico, 
literário, filosófico e científico para o trabalho prático. Segundo ele, é necessária uma escola 
única, inicial de formação geral, humanista, formativa, que equilibre de modo justo o 
desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente e o desenvolvimento das 
capacidades de trabalho intelectual trabalho intelectual. 
Gramsci critica a formação educacional baseada na separação hierárquica entre trabalho 
intelectual e braçal, pois todos os seres h manos são intelectuais e todos os tipos de trabalho 
envolvem alguma forma de elaboração mental para a sua execução. Para Gramsci “todos os 
homens são intelectuais, mas nem todos os homens têm na sociedade a função intelectual”, 
pois não há atividade humana da qual se possa excluir toda intervenção intelectual. Assim, 
todo homem, fora de sua profissão, desenvolve uma atividade intelectual, seja como profissão, 
desenvolve uma atividade intelectual, seja como filósofo, artista e é capaz de ter uma 
concepção de mundo, e suscitar novas maneiras de pensar. 
Portanto, valorizava a escola humanista tradicional porque ela promovia uma formação mais 
abrangente para os educandos, mas também valorizava o ensino profissionalizante e propunha 
uma unificação de ambas. Desse modo defende uma educação tecnológica ligada às Desse 
modo, defende uma educação tecnológica, ligada às necessidades práticas, mas 
simultaneamente formuladora dos saberes mais abrangentes sobre a humanidade, que 
promove a participação política organizada na vida social. 
 
Educação e planejamento em Mannheim 
Karl Mannheim (1893-1947) passou a ser conhecido em 1929 quando publicou o livro 
“Ideologia e utopia”, considerado um clássico da Sociologia clássico da Sociologia. Mannheim 
vivenciou os conflitos na Segunda Guerra Mundial na Alemanha nazista Migrou para a 
Inglaterra e lecionou na Alemanha nazista. Migrou para a Inglaterra e lecionou Sociologia na 
London School of Economics. Propunha em seus textos o planejamento racional da educação 
das novas gerações como meio para a construção de uma civilização democrática. 
Karl Mannheim foi fortemente influenciado pelo pensamento de Max Weber, mas buscou 
substituir o pessimismo da teoria sociológica weberiana pela ideia de intervenção racional e 
planejamento na área educacional. Técnica social Técnica social: seriam os meios utilizados 
para um adequado: seriam os meios utilizados para um adequado controle social, 
desenvolvido por meio de métodos que possibilitem que o comportamento humano seja 
influenciado “[...] de maneira que este se enquadre nos padrões vigentes da interação e 
organizaçãosociais”. 
 
Racionalização e democratização 
Se a racionalização da vida levou a um declínio da educação voltada para a formação do 
homem integral, a democratização das relações sociais permitiu o surgimento de novas 
esperanças. Embora o capitalismo tenha gerado desigualdades sociais o Embora o capitalismo 
tenha gerado desigualdades sociais, o interesse dos jovens das classes inferiores em ascender 
socialmente à elite traz ao processo educacional as contribuições culturais das diferentes 
camadas sociais e a intercomunicação entre elas. 
 
Educação e planejamento em Mannheim 
Para Mannheim, a educação é vista como possibilidade de desenvolvimento e construção do 
equilíbrio social, sem que se transforme em técnica de manipulação. Empenhou-se no estudo 
das possibilidades de adaptação dos sistemas escolares às exigências apresentadas na 
sociedade sistemas escolares às exigências apresentadas na sociedade moderna. Para ele, a 
escola deveria desempenhar essa função essencial, tendo em vista que as famílias e os grupos 
comunitários tendem a perder a preeminência na formação educacional dos indivíduos. 
 
Educação para a democracia 
Para Mannheim, cabe à escola a função de transmitir as informações consideradas 
importantes no arcabouço cultural e técnico da sociedade na qual está inserida. Também é de 
ver da escola formar as novas gerações com atitudes e valores favoráveis à procura dos 
conhecimentos necessários para a vida em sociedade, sem descuidar da imprescindível função 
de qualificar o aluno para uma carreira profissional. Mannheim concebe que a escola pode 
tanto contribuir para a manutenção da ordem social quanto para a sua alteração. 
 
O crescente processo de racionalização da vida, provocado pela consolidação da sociedade 
industrial, mais os conteúdos educacionais, devem ser transmitidos em u m processo 
consciente, em que o educando se aperceba do meio social em que vive e das mudanças pelas 
quais passa. Concebia que a sociologia poderia servir de base para o aprimoramento da 
educação. 
Para Mannheim, “a tarefa da educação não é simplesmente formar pessoas ajustadas à 
situação presente, mas também pessoas capacitadas a operarem como agentes do 
desenvolvimento social”. Desse modo a educação pode contribuir para a socialização Desse 
modo, a educação pode contribuir para a socialização dos indivíduos de acordo com os 
pressupostos da democracia, tornando-os preparados para um comportamento democrático, 
baseado no diálogo e na resolução pacífica dos conflitos, e não na imposição da vontade de 
cada um por meio do uso da força. 
 
Mannheim e a luz no fim do túnel 
Mannheim retoma a formulação de Max Weber sobre a educação e dá uma nova perspectiva, 
fugindo de certo modo ao pessimismo weberiano. O mundo moderno não tem apenas custos, 
ou ameaças à liberdade a modernidade traz também esperanças e valores liberdade, a 
modernidade traz também esperanças e valores sociais solidários. Defendia uma sociedade 
que fosse essencialmente democrática, uma democracia de bem-estar social dirigida pelo 
planejamento racional. 
 
Educação para a democracia 
A principal contribuição da democracia moderna é a possibilidade de que todas as camadas 
sociais venham a contribuir com o processo educacional. A sociologia é vista como a ciência 
capaz de fazer essa síntese. Tendo vivido os horrores do nazismo Tendo vivido os horrores do 
nazismo, Mannheim identificou neste regime a irracionalidade, a desumanidade e a barbárie. 
Só a democracia poderia fazer surgir a luz no fim do túnel. A superação de formas atrasadas e 
tradicionais de educação poderia ser fonte de otimismo, se tratada a partir da visão 
democrática. 
 
Síntese 
Nesta unidade vimos uma síntese das concepções teóricas da sociologia educacional do século 
XX. O eixo dessas análises foi mostrar o caminho que tomou a sociedade industrial moderna, 
as transformações que ela impôs a todos os setores sociais e em particular para a área impôs a 
todos os setores sociais e em particular para a área da educação. 
 
 
 
UNIDADE IV 
 
Questões centrais 
Quais os mecanismos de exercício de poder existentes no ambiente escolar? Por que a 
racionalidade e o desenvolvimento tecnológico podem conduzir à desagregação social? Como 
podemos construir um discurso que elimine os efeitos do olhar do colonizador enquanto ainda 
estamos sob sua influência? 
 
Michel Foucault: poder, disciplina e educação 
Michel Foucault (1926-1984) foi o filósofo francês que publicou, entre outras obras, os livros 
Vigiar e punir (1975) e História da sexualidade (1984). Para Foucault, a sociedade moderna 
expandiu de maneira ilimitada o exercício de uma dominação inelutável sobre os indivíduos. O 
poder é concebido por Foucault como uma rede de relações de força que se difunde por todos 
os espaços da sociedade e se manifesta nas práticas cotidianas e na vida íntima dos indivíduos. 
Para Foucault, foi a partir do século XVIII que as disciplinas se transformaram em formas de 
dominação e passaram a exercer um controle minucioso das operações do corpo, visando a 
sujeição constante, a utilidade e a obediência. Deste modo, a disciplina cria “corpos dóceis” 
aptos a se submeterem à rotina de escritórios, hospitais, organizações militares e religiosas e 
escolas. A distribuição espacial bem-definida é o primeiro passo para formar os corpos 
disciplinados, expostos constantemente a sistemas de vigilância. 
 
O poder disciplinar 
A fábrica é um espaço organizado de acordo com os princípios do poder disciplinar: os 
vigilantes monitoram o ingresso dos trabalhadores; são utilizadas sirenes para indicar o início 
do trabalho. O poder disciplinar dificulta as ações coletivas, colocando os indivíduos cada qual 
em seu espaço específico e impedindo a formação de grupos. Procura tornar o controle 
individualizado por meio da vigilância de cada um. A produção de corpos disciplinados requer 
o exercício da vigilância hierárquica, que torna os subordinados visíveis para os superiores. 
O próprio edifício da escola é concebido como um aparelho para vigiar, ao possibilitar a 
vigilância dos educandos. A organização escolar permite o controle sobre a utilização do 
tempo pelos alunos (ausência, interrupção de tarefas), das suas atividades (desatenção, falta 
de zelo), da maneira de ser (grosseria, desobediência) etc. Utiliza sistemas de punição, desde 
pequenos castigos físicos, privações ligeiras e pequenas humilhações. 
 
Michel Foucault: poder, disciplina e educação 
A obra de Michel Foucault influenciou estudos em diversas áreas sociais e no campo da 
educação se constitui como um referencial para se refletir sobre as formas como o poder se 
manifesta na instituição escolar para disciplinar seus agentes. 
 
Habermas: educação e ação comunicativa 
Jürgen Habermas (1929-) é considerado um herdeiro da Escola de Frankfurt – nome dado ao 
grupo de pensadores alemães do Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, fundado na 
década de 1920. Sua produção ficou conhecida como teoria crítica. Entre eles destacaram-se 
Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Erich Fromm e Jürgen 
Habermas. Habermas vem desenvolvendo uma densa produção filosófica que visa resgatar a 
importância da relação intersubjetiva entre os sujeitos na busca do entendimento pelo 
diálogo. 
A ação educativa pode prestar a contribuição de socializar as novas gerações para a construção 
de identidades de acordo com os padrões éticos de convivência e solidariedade. Habermas 
recupera o conceito de esclarecimento elaborado por Horkheimer e Adorno para designar o 
processo de desencantamento do mundo, que indica o processo de secularização da cultura 
com a eliminação do pensamento e das práticas mágicas. O desencantamento do mundo 
significaria a emancipação em relação ao medo da natureza,ao desconhecido e ao 
pensamento mítico. 
Na obra Dialética do esclarecimento (1947), Horkheimer e Adorno procuram refletir sobre as 
razões pelas quais a humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano, 
caminha cada vez mais para a barbárie. O processo de racionalização e o desenvolvimento 
tecnológico trazem a possibilidade de desagregação social, pois não trazem a prosperidade 
para toda a humanidade. A racionalização traz a anulação dos indivíduos, que são 
transformados em meros apêndices do sistema capitalista. 
Ao longo do processo de socialização, os seres humanos são estimulados ao conformismo com 
a ordem social, que se pretende inexorável, o que nega a possibilidade de emancipação. A 
modernidade é caracterizada como a era do individualismo, marcada pela crescente 
autonomia e ausência de vida comunitária e social. O consumismo é à base da vida social, em 
que a destruição e a depreciação planejada dos bens fundamentam o sistema econômico do 
desperdício, que propicia a nova produção. 
 
Habermas: o agir comunicativo 
A formação da identidade dos indivíduos deve ser um processo social que requer a 
aprendizagem da competência linguística (necessária para a comunicação); competência 
cognitiva (necessária para a busca de conhecimentos necessários para a vida social); e da 
competência para a interação, que facilita a ação, a convivência e a participação na vida social. 
O agir comunicativo deve ser orientado pelo acordo intersubjetivo e depende da emissão de 
um discurso com pretensão de validade que não vise “influenciar as decisões dos outros”; 
deve ser pautado na argumentação e na reflexão sobre valores e objetivos a serem 
alcançados. 
 
A educação no contexto global 
As formulações teóricas dos pensadores que fundaram a Sociologia e os desenvolvimentos 
temáticos que a estas se juntaram ao longo do século XX oferecem hoje um arsenal analítico 
substantivo e positivo, à disposição dos estudiosos da educação. Em que medida uma análise 
de um problema educacional qualquer pode ser considerada sociológica? São as conexões que 
a Sociologia é capaz de estabelecer entre os processos e instituições educacionais, de um lado, 
e os processos e instituições sociais mais gerais, de outro. 
Uma questão central para a Sociologia é identificar qual o peso que têm sobre as relações 
sociais da vida cotidiana as estruturas sociais já estabelecidas, consolidadas e 
institucionalizadas. Em que medida um determinado fenômeno social, como uma reforma do 
sistema de ensino, é resultante do modo atual pelo qual as instituições sociais já estabelecidas 
(o Estado, as igrejas, o mercado etc.) estão organizadas ou, por outro lado, é resultante das 
ações inovadoras de sujeitos sociais interessados em modificar o funcionamento dessas 
instituições. 
O sociólogo precisa sempre ter um olho voltado para as estruturas (aquilo que está 
estabelecido) e outro olho para os processos (aquilo que está em mudança). Permanência e 
mudança são resultantes da tensão que sempre existe entre o peso das instituições e a 
capacidade de ação dos sujeitos, pois as práticas destes estarão sempre orientadas para 
manter ou mudar os conteúdos das estruturas. É possível esperar que as classes sociais que se 
encontram em desvantagem econômica empreendam ações visando a mudança dessa 
estrutura, enquanto que as classes em vantagem ajam objetivando sua manutenção. 
A análise da educação de hoje, sob a perspectiva sociológica, demanda que conheçamos o 
caráter da fase atual do capitalismo. Como compreender os debates e conflitos sociais que 
envolvem a educação contemporânea sem levar em conta a configuração atual dos conflitos 
em torno da economia e do Estado? A contribuição que a Sociologia pode dar ao estudo dos 
fenômenos educacionais é confrontá-los com os aspectos econômico, político e cultural que 
ocorrem em seu cotidiano. 
As análises sobre a educação no contexto global indicam que em muitos países os cidadãos 
têm dificuldade de obter acesso à educação. O analfabetismo continua disseminado nos países 
pobres. 
Dados da Unesco indicam que em 2004, 4,4% do PNB global foi investido em educação. Os 
níveis mais elevados de gastos com a educação foram na América do Norte e no Oeste 
Europeu, com 5,6% de seu PNB regional. 
Os Estados árabes gastaram 4,9% de seu PNB em educação. A África subsaariana gastou 4,5%. 
A América Latina e o Caribe gastaram 4,4%. A Ásia Central gastou 2,8%, Leste da Ásia e do 
Pacífico gastou 2,8%. A América do Norte e o Oeste Europeu, com apenas 8% da população 
mundial, detêm 55% da despesa global com educação. 
 
A crise no sistema educacional 
No contexto global, o sistema educacional encontra-se em crise: taxas de evasão elevadas, 
perda dos padrões de qualidade e disciplina, falta do desenvolvimento de habilidades 
economicamente úteis, resultados fracos em exames padronizados – elementos que têm 
conduzido ao declínio da produtividade econômica, ao desemprego, à pobreza, à perda da 
competitividade internacional. A busca da eficiência dos sistemas de ensino tem se tornado 
um discurso relevante socialmente. 
 
A educação no contexto global 
A busca por padrões de qualidade mais altos, testes mais rigorosos, educação para o emprego 
e uma relação mais próxima entre educação e economia em geral, expressa o sistema de 
competitividade internacional, em que países lutam para manter índices de empregabilidade e 
atrair investimentos. A necessidade de reformar a educação é vista como primordial para os 
neoliberais. As escolas são concebidas como “buracos negros” dentro dos quais o dinheiro é 
jogado e não oferecem os resultados esperados. 
 
A economia do conhecimento 
Com o avanço rumo a uma economia do conhecimento, a educação se tornará ainda mais 
importante. À medida que as oportunidades para trabalhadores braçais não especializados 
diminuírem, o mercado de trabalho exigirá trabalhadores que se sintam confortáveis com a 
nova tecnologia da informação, que possam adquirir novas habilidades e que sejam capazes de 
trabalhar de maneira criativa. 
 
Estudos culturais, pós-colonialismo e educação 
Os estudos culturais se constituíram como área transdisciplinar de pesquisa e intervenção 
política na Inglaterra na década de 1960, com a fundação do Centre for Contemporary Cultural 
Studies da Universidade de Birmingham. 
Seus principais pesquisadores foram: Richard Hoggart, Raymond Williams, Edward Thompson 
e Stuart Hall. Nos Estados Unidos surgiram vertentes do pensamento pós-colonial sob a 
influência da obra Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente, de Edward Said. 
Os estudos culturais e pós-colonialismo partem da hipótese de que entre as diferentes culturas 
existem relações de poder e dominação que devem ser questionadas. Parte-se de um 
questionamento das pretensões de universalidade das manifestações culturais europeias, 
assim como a contestação das narrativas e demais produções intelectuais eurocêntricas. No 
Brasil, a dominação cultural se manifestaria na seleção de autores utilizados no processo 
formativo de professores e mesmo nos programas de pós-graduação. 
Os estudos culturais desenvolvem uma crítica à maneira como o conhecimento é tratado no 
mundo acadêmico e da excessiva subordinação deste aos interesses das classes dominantes. 
Questões colocadas pelos estudos culturais no Brasil: Em que medida a educação escolar e os 
currículos não estão comprometidos com a herança colonial, possibilitando assim a 
manutenção do preconceito e da discriminação étnica? 
Em que medida a noção de raça, forjada nos séculos XVIII e XIX pelo pensamento europeu, 
continua influindo na formação das identidades de alunos e educadores? Como os materiais 
didáticos, as narrativas literárias e os textos científicos e filosóficos continuam celebrando a 
soberania do sujeito imperial europeu? Como as subjetividades

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