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A hepatite B é uma doença transmitida pelo vírus VHB, que tem tropia por hepatócitos. Essas células são agredidas pelo vírus ou pelo sistema imune que devido a uma resposta exagerada agridem o órgão. O paciente pode desenvolver hepatite aguda; crônica ou fulminante. O VHB está no sangue e em outros fluídos corporais da pessoa infectada. A transmissão pode ocorrer da mãe para o feto durante a gestação, durante ou após o parto; ferimentos na pele e mucosas, drogas injetáveis, transfusões, relações sexuais, sendo considerada uma DST. A maneira mais segura e eficaz de prevenção é tomar três doses da vacina: a 2ª 30 dias depois da 1ª e a 3ª , seis meses depois da 1ª. Sensibilidade e Especificidade: Segundo a WAMA Diagnóstica, a sensibilidade do teste é de 100% e a especificidade é de 99%. Em algumas patologias, existe a possibilidade "falso positivo". É necessária a confirmação por outros marcadores sorológicos (AgHBe, antiHBc) ou por biologia molecular (DNA-VHB). Identificar o portador do vírus em fase crônica precocemente é importante para reduzir a transmissão da infecção e iniciar o tratamento antiviral, diminuindo o risco de evolução para a cirrose e para o carcinoma hepatocelular. População alvo do rastreamento: Devem ser avaliados os indivíduos dos grupos de risco (profissionais da saúde, prostitutas, usuários de drogas injetáveis, pacientes em hemodiálise...) e quem apresenta patologias como: infecção perinatal, hepatites agudas e crônicas, cirróticos e carcinoma hepatocelular. Todas as gestantes devem ser avaliadas no pré-natal. A vigilância da infecção perinatal inclui, além da identificação das mães infectadas com o VHB, os testes pós-vacinação dos lactentes nascidos de mães com AgHBs positivo. Estes testes, realizados nos lactentes após a vacina contra hepatite B, identificam aqueles que não responderam e que requerem ser vacinados novamente. Descrição da metodologia do programa de rastreamento: Sorologia para a hepatite B: Alguns sistemas antígeno-anticorpo são associados com a infecção pelo vírus da Hepatite B (HBV): Sistema S – HBsAg e anti-HBs: HBsAg indica infecção e poder de transmitir o HBV. Nas infecções agudas que se curam, o HBsAg se torna negativo e o anti-HBs, positivo. HBsAg detectável por mais de 6 meses define a infecção crônica. A presença de anti-HBs indica imunidade, por contato com o patógeno ou vacina (só apresenta o anti-HBs). Sistema E – HBeAg e anti-HBe: Nas infecções agudas, o HbeAg surge após o HBsAg. Na cura espontânea da infecção aguda, o HBeAg vira negativo e o anti-HBe, positivo. A presença de HBeAg indica altas cargas virais nos casos crônicos. Portadores crônicos com HBeAg negativo geralmente apresentam anti-HBe positivo, replicação viral inexpressiva e atividade necroinflamatória (portadores inativos). Alguns exibem cargas virais elevadas e doença hepática em atividade. Eles apresentam mutações do genoma do HBV que não permitem a expressão do HBeAg, hepatite B crônica HBeAg-negativa, que mostra prevalência crescente, sendo a forma predominante de hepatite B crônica em países como Itália, França e Grécia. Sistema C – HBcAg e anti-HBc: O HBcAg não é detectável no soro, apenas no tecido hepático. Seu anticorpo, o anti-HBc é facilmente detectável no soro, indicando contato com o HBV. Se anti-HBc IgM for negativo e anti-HBc IgG for positivo: contato remoto com o HBV. Nas infecções agudas pelo HBV, entre a negativação do HBsAg e a positivação do anti-HBs (janela imunológica), o anti-HBc IgM pode ser o único marcador sorológico indicativo de infecção pelo vírus B. O anti-HBcAg IgM indica infecção recente. IgM positivo, o contato é recente, já que surge nas infecções agudas após HBsAg e antes da elevação das aminotransferases. Se o anti-HBc IgM for negativo e o anti-HBc IgG for positivo, sugere-se contato remoto . Tabela 1 – Perfis sorológicos na infecção pelo HBV Marcador HBsAg anti-HBc anti-HBs HBeAg anti-HBe Susceptível (-) (-) (-) (-) (-) Imune (-) (+)IgG (+) (-) (+) Vacinado (-) (-) (+) (-) (-) Infecção aguda (+) (+)IgM (-) (+)/(-) (-)/(+) Infecção crônica com replicação (+) (+)IgG (-) (+) (-) Infecção crônica sem replicação* (+) (+)IgG (-) (-) (+) *Indivíduos infectados com variantes mutantes podem apresentar replicação significativa e hepatite crônica em atividade mesmo com perfil sugestivo de ausência de replicação. -Anti-HBc IgG = Negativo : não houve contato com o HBV. Positivo: verifique o anti-HBc IgM: positivo, o contato foi recente; negativo: foi antigo. -HBsAg positivo e anti-HBs negativo: Portador do HBV. Se o anti-HBc IgM estiver positivo, contato recente; se este for negativo, provavelmente portador crônico. -HBsAg positivo e anti-HBs positivo: Este perfil anômalo é descrito em 10% a 24% dos portadores crônicos e é explicado pela presença de anticorpos anti-HBs sem capacidade neutralizante (incapazes de conferir imunidade). -HBsAg negativo e anti-HBs positivo: Não portador do HBV. Ele teve contato anterior com o vírus, evoluiu e agora está imune. -HBsAg negativo e anti-HBs negativo: Anti-HBc isolado. Causas: falso-positivo (frequente em doadores de sangue) e imunidade tardia (infecção ocorrida há anos, com anti-HBs abaixo do limite de detecção). -Se o HBeAg for positivo, há replicação viral significativa. Se o HBeAg for negativo e o anti-HBe, positivo, portador inativo do HBV. Entretanto, pacientes com este perfil sorológico podem apresentar hepatite B crônica HBeAg-negativa.. É necessário quantificar a carga viral do HBV, utilizando PCR. Se for identificada replicação viral significativa, a biopsia hepática e o tratamento antiviral são indicados. Diagnóstico: É feito com base nos exames físico e de sangue para determinar o valor da aminotransferases e a presença de antígenos do vírus na detecção do DNA viral. Em alguns casos, pode ser necessário realizar biópsia de fígado (padrão-ouro). Valores preditivos considerando a população alvo: VPP = Valor Preditivo Positivo P= Prevalência S= Sensibilidade VPN= Valor Preditivo Negativo E= Especificidade Para uma prevalência de 7,4%, o exame que tem especificidade 99% e sensibilidade 100 % tem o valor preditivo positivo igual a: VPP = P x S ÷ (P x S) + (1–P) x (1 - E) = 0,074x1 ÷ (0,074 x1) + (1 –0,074) x (1– 0,99) VPP = 0,074 ÷ 0,074 + 0,926 x 0,01 = 0,074 ÷ 0,074+0,00926 = 0,074 ÷ 0,08326= 0,89 VPP = 0,89 Esse mesmo exame apresenta valor preditivo negativo igual a: VPN = (1–P)xE÷(1–P) x E + P x (1– S) = (1–0,074) x 0,99 ÷ (1 – 0,074) x 0,99 + 0,074 x (1-1) = 0,926 x 0,99 ÷ 0,926 x 0,99 VPN = 1 Avaliação critica quanto o programa de rastreamento: A vacinação é a maneira mais eficaz na prevenção e na redução da transmissão do vírus. O sangue e as secreções do portador do VHB podem ser infectantes antes dos primeiros sintomas e se mantêm durante a fase aguda. Os portadores crônicos podem permanecer infectantes por toda a vida. Em geral, quanto mais cedo o contato com o vírus, maiores as chances do indivíduo se tornar um portador crônico. O Ministério da Saúde criou o Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais (PNHV), para melhorar as ações públicas de saúde relacionadas às hepatites. As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, porém os dados apresentam certa descontinuidade e não servem como parâmetros de avaliação. Por isso o PNHV participou junto com o CENEPI/FUNASA, de estudos epidemiológicos nacionais. O Projeto Sentinela de Gestantes realiza a avaliação em gestantes em maternidades de todo o país. O Projeto Sentinela das Forças Armadas avalia homens entre 17 e 22 anos de idade. São realizados exames sorológicos para sífilis, HIV, HBV e HCV e questionários que avaliam conhecimentos sobre essas doenças. Há um questionário domiciliar realizado em todas as capitais brasileiras que entrevista pessoas entre 5 e 39 anos de idade. A vacinação dos recém-nascidos e de crianças menores que um ano e de grupos de risco é realizada na atenção básica. Para a redução da transmissão sexual e sanguínea do HBV e HCV, o PNHV atua em conjunto com a Coordenação de DST/AIDS para reforçar suas campanhas como divulgação de informação, distribuição de preservativos e programa de redução de danos. O PNHV tem mantido contato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a UNDCP e a UNESCO para avaliação e efetivação de projetos que possam ser desenvolvidos, sobretudo, na área da prevenção. A estratégia do PNHV visa sensibilizar os gestores estaduais e municipais, os profissionais de saúde, os comunicadores e a sociedade civil quanto à importância da mudança de foco na saúde pública: do pensamento biomédico clássico que foca somente a doença, para um modelo centrado na atenção ao paciente voltado para a prevenção e promoção da saúde. Marcadores sorológicos da Hepatite B. Disponível em: <http://prophylaxis.com.br/marcadores-sorolgicos-da-hepatite-b/ > Acesso em 30 de março de 2014. FERREIRA, Cristina Targa. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-790X2004000400010&script=sci_arttext > Acesso em 30 de março de 2014. ESTUDO DE PREVALÊNCIA DE BASE POPULACIONAL DAS INFECÇÕES PELOS VÍRUS DAS HEPATITES A, B E C NAS CAPITAIS DO BRASIL. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2010/50071/estudo_prevalencia_hepatites_pdf_26830.pdf > Acesso em 30 de março de 2014. WAMA Diagnóstica. Imuno-Rápido. Disponível em: <http://www.wamadiagnostica.com.br/bulas/imuno-rapido/HBsAg.pdf > Acesso em 30 de março de 2014.
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