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A GESTÃO FAZENDÁRIA MUNICIPAL E PRÁTICAS DE FISCALIZAÇÃO

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2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A GESTÃO FAZENDÁRIA MUNICIPAL E 
PRÁTICAS DE FISCALIZAÇÃO 
 
 
 
 
Roberto Adolfo Tauil 
 
A Gestão Fazendária Municipal e Práticas de 
Fiscalização. 1ª ed. Rio de Janeiro: Consultor 
Municipal.adv.br – Curso: Gestão Fazendária Municipal e 
Práticas de Fiscalização. 
 
Processo Administrativo Fiscal 
 
Jurisprudência 
 
Bibliografia 
 
214 p. 
 
1. Administração. 2. Administração Fazendária Municipal. 
Ano: 2003 – Revisado até 2006. 
 
 
Copyright © Roberto Adolfo Tauil 
Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático é reservado ao 
autor. 
 
 
 
 3 
 
ROBERTO ADOLFO TAUIL 
 
Advogado – Consultor Tributarista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A GESTÃO FAZENDÁRIA MUNICIPAL 
E PRÁTICAS DE FISCALIZAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
CAPÍTULO I – MUNICÍPIOS – ORIGEM E EVOLUÇÃO 
 
 A origem do regime municipal 
 O Município na modernidade 
 O Município no Brasil 
 
CAPÍTULO II – O PLANEJAMENTO DA RECEITA MUNICIPAL 
 
 Planejamento de Receita 
 O Potencial de Receita do Município 
 
CAPÍTULO III – AS RECEITAS TRIBUTÁRIAS REPARTIDAS 
 
 O FUNDEF 
 Possibilidades e Impossibilidades de Bloqueio nos Repasses 
O Fundo de Participação dos Municípios – FPM 
A Cota Parte Municipal no ICMS 
 A participação na receita do IPVA 
A participação no Imposto Territorial Rural – ITR 
A receita do Imposto de Renda retido na fonte 
 
CAPÍTULO IV - A FISCALIZAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA 
 
 Conceito de Poder de Polícia; 
 O poder discricionário da Administração Pública; 
 Coercibilidade e auto-executoriedade; 
 O Agente Fiscal: Competência de Ação; 
O Poder de Polícia das Construções; 
 Auto de Embargo e Auto de Interdição; 
 Obra Clandestina; 
 A ‘Mais-Valia’; 
 O Poder de Polícia Sanitária; 
 O Poder de Polícia dos Logradouros Públicos; 
 O Poder de Polícia da Propaganda e da Publicidade; 
 O Poder de Polícia das Atividades Urbanas; 
O Poder de Apreensão de Mercadorias; 
O Código de Posturas; 
 
CAPÍTULO V - O ALVARÁ DE LOCALIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS 
 
 O Alvará de Funcionamento e Localização; 
Requisitos de Concessão; 
A Renovação do Alvará de Funcionamento e Localização; 
Condições legais de cassação do Alvará; 
 5 
 O Cadastro de Atividades Econômicas. 
 
CAPÍTULO VI - SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
 Serviços ou Atividades Essenciais; 
 Taxa, Tarifa e Preço Público; 
Base de Cálculo das Taxas; 
 O Uso da Área Pública. 
 
CAPÍTULO VII - TAXA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 
 Conceito de Taxa de Prestação de Serviços; 
 Serviços específicos e divisíveis; 
 Utilização efetiva e utilização potencial; 
O Caráter compulsório da taxa; 
Serviço Público delegado ou permitido. 
 
CAPÍTULO VIII - TAXA DE PODER DE POLÍCIA 
 
 Conceito de taxa de poder de polícia; 
 A disponibilidade do serviço em relação à taxa de poder de 
polícia; 
 A comprovação do efetivo exercício do poder de polícia. 
 A Taxa de Fiscalização das Atividades Econômicas. 
 
CAPÍTULO IX - LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 
 
 O Lançamento Tributário; 
 O Lançamento da Taxa; 
 O Auto de Infração como ato administrativo de Lançamento. 
 
CAPÍTULO X – DÍVIDA ATIVA 
 
 Conceitos; 
 A necessidade de Processo Administrativo na inscrição. 
 
CAPÍTULO XI – A FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
O Poder Fiscal dos Municípios 
O Servidor Público Municipal 
A Função de Fiscalização na Administração Municipal 
O Planejamento da Fiscalização Tributária Municipal 
 Tipos de Contribuintes 
 A Elisão e a Evasão Fiscal 
 Fontes de Informações Fiscais 
 O Sigilo Bancário 
 Dever de Sigilo do Fisco 
 O Procedimento Administrativo Fiscal 
 O Encerramento da Ação Fiscal 
 O Auto de Infração 
 6 
 
CAPÍTULO XII– O PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL 
 Constituição e Cobrança Amigável do Crédito Tributário 
 Consulta de Contribuinte 
 Repetição de Indébito 
 Parcelamento de Dívidas Fiscais 
 Reconhecimento de Direitos 
 
 
ANEXOS : MODELOS DE FORMULÁRIOS DE AÇÃO FISCAL 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
 
 
 
 
CAP ÍTULO I 
 
 
MUNICÍPIOS – ORIGEM E EVOLUÇÃO 
 
 
A origem do regime municipal 
 
 O que significa a palavra MUNICÍPIO? Sua origem vem do período 
republicano romano. “Municipium” eram comunidades subjugadas ao poder de 
Roma, mas com certas prerrogativas de independência, desde as mais 
simples, como o direito de fazer comércio, até as mais amplas, como o direito 
de eleger seus governantes. Aqueles que atingiam maior autonomia eram 
denominados de municipia foederata, nos quais a administração local era eleita 
pelos cidadãos do Município. 
 
 A administração local dos municípios romanos de maior autonomia era 
assim constituída: 
 
1. Colégio de Magistrados – formado por dois a quatro cidadãos investidos 
de supremo poder de exercer a justiça na cidade; 
2. Magistrados inferiores – para julgamento de pequenas causas ou como 
atuantes de primeira instância; 
3. Administradores dos serviços públicos e policiamento; 
4. Encarregado da Arrecadação para a Receita Pública; 
5. O Curador – encarregado da fiscalização das atividades públicas; 
6. O Defensor Público (Defensor Civitatis); 
7. Os Notários (Actuari); 
8. Os Escribas – servidores auxiliares dos magistrados. 
 
 Havia nos municípios um Conselho Municipal (Curia ou Ordo 
Decuriorum), formado por cidadãos do município, eleitos pelos homens livres 
do lugar, geralmente com cinco anos de mandato. A Cúria, ou Conselho 
Municipal, é quem aprovava as leis ou editais da cidade, assumindo funções 
semelhantes às do Senado Romano. 
 
 Ao conceder tal autonomia às comunidades conquistadas, Roma tinha 
por objetivo mantê-las sob dominação pacífica, contando com o apoio das 
classes políticas locais que apesar do domínio superior dos romanos ainda 
exerciam o poder no município. 
 
 Quanto mais se estendia o domínio territorial romano maior era a 
importância de estimular a criação de municípios de administração local 
 8 
autônoma, facilitando o controle político e econômico de Roma. Assim, esse 
regime foi adotado inicialmente em todas as colônias localizadas no território 
italiano e, mais tarde, nas províncias da Grécia, Gália e Península Ibérica. 
 
 O regime municipal idealizado por Roma, foi aos poucos sofrendo 
modificações, diante das invasões dos bárbaros e da influência árabe em 
várias regiões da Europa. 
 
 O Colégio de Magistrados foi substituído pelo Colégio dos Homens 
Livres, durante a Idade Média, com funções administrativas, policiais e 
judiciais. Os árabes introduziram modificações, instituindo o cargo de Alcaide, 
que seria o Prefeito de hoje, e criando tributos específicos em prol da 
administração local. 
 
 
O Município na modernidade 
 
 Cada nação tem uma estrutura política e administrativa própria, cada 
uma regulando a autonomia de suas cidades segundo suas próprias 
conveniências. Vejam como funciona o regime municipal em alguns países: 
 
Estados Unidos: 
 
 A política descentralizadora norte-americana permite aos Estados adotar 
formas próprias de regime municipal. O Estado-Membro reconhece a 
autonomia municipal levando em conta o cumprimento de determinados 
requisitos, entre eles o populacional. Assim, de acordo com a região, lá pode 
existir: 
 
County – ou condado. Equivalente ao nosso Município; 
City – ou cidade. Área exclusivamente urbana, com gestão própria, não 
subordinadaao condado; 
Township. Com várias definições, muitas vezes equiparadas aos condados. 
 
 As formas de gestão administrativa também variam: 
 
Council – o governo local atua por meio de um Conselho, tomando decisões 
colegiadas; 
Commission – o governo local atua por meio de uma Comissão, na qual cada 
membro cuida de uma atividade pública; 
Major – o governo local atua por meio de um indivíduo, assessorado por um 
Conselho; 
Federal Analogy – o governo local atua por meio de um poder executivo, 
liderado por um indivíduo, e um poder legislativo independente. Bem 
semelhante ao regime brasileiro; 
Manager – o governo local atua por meio de um Gerente contratado por um 
determinado período para administrar a cidade. Ou seja, a cidade é gerenciada 
por um executivo independente. 
 
 
 9 
 
 
 
 
Inglaterra: 
 
 O regime administrativo municipal foi uniformizado na Inglaterra em 
1882, depois aperfeiçoado em 1933 pelo Local Government Act. A 
administração é exercida por um Conselho local, o Burgess Council, cujos 
Conselheiros são eleitos pela população do Burgo, equivalente ao nosso 
município. Cabe ao Conselho eleger os administradores, sob a direção de um 
Mayor, o representante oficial do Burgo. Ele exerce funções executivas e 
normas judiciárias. 
 
 Os Burgos são controlados por um órgão central denominado de Local 
Government Board, presidido por um membro do Gabinete. Cabe ao 
Parlamento conceder a emancipação dos Burgos, os quais são regidos por 
Carta Própria, uma espécie de Lei Orgânica Municipal, com ampla liberdade 
política, administrativa e financeira. 
 
França: 
 
 A administração pública francesa está dividida em três níveis territoriais: 
Estado, Departamento e Comuna. Os Departamentos subdividem-se em 
Distritos (Arrondissements) e Cantões. Os Departamentos estão agrupados em 
22 Regiões. Somente as Regiões, os Departamentos e as Comunas são 
organizados como pessoas jurídicas dispondo de orçamento e patrimônio. Os 
Distritos atendem somente a objetivos econômicos e os Cantões objetivos 
eleitorais. 
 
 A Região é administrada por um Prefeito e um Conselho Regional com 
atribuições meramente consultivas, funcionando como órgãos do governo 
central e encarregado do planejamento econômico da região. De certa forma, 
poderíamos comparar com as nossas Agências de Desenvolvimento do 
Nordeste, ou da Amazônia. Suas atividades estão relacionadas com o estudo, 
o financiamento e a execução de realizações de interesse regional. 
 
 Os Departamentos e as Comunas (como se fossem os nossos Estados 
e Municípios) são as unidades territoriais com estrutura política e administrativa 
na divisão do território francês. Mas não possuem a autonomia política como 
existente no Brasil. O Préfet (Prefeito) de Departamento é nomeado pelo 
Presidente da República, por indicação conjunta do Primeiro-Ministro e do 
Ministro do Interior, e por um Conselho Geral constituído por representantes de 
cada Cantão que compõe o Departamento. O Prefeito atua como executor das 
deliberações do Conselho Geral, principal órgão da administração 
departamental, realizando as funções administrativas e algumas atribuições 
judiciárias em matéria de crimes e contravenções contra a segurança do 
Estado. 
 
 10 
 A Comuna, como o município brasileiro, é pessoa jurídica de Direito 
Público interno, administrada por um órgão executivo (Municipalité) e um 
deliberativo (Conseil Municipal). Este Conselho é constituído de 11 a 37 
Conselheiros, conforme o número de habitantes, eleitos diretamente por um 
período de seis anos. A Municipalidade (Municipalitê) é encabeçada pelo 
Maire, eleito pelo Conselho Municipal juntamente com seus Adjuntos. O Maire 
é o executor das funções administrativas da Comuna, além de desempenhar as 
funções de oficial do registro civil e da polícia judiciária. 
 
Itália: 
 
 A república italiana é formada por Região, Província e Comuna, todos 
três entes autônomos de personalidade jurídica, tendo a Região poder 
normativo sobre as unidades administrativas inferiores – Província e Comuna. 
 
 A Comune, que seria o município italiano, é autônoma, dispondo do 
poder de editar normas locais e de arrecadar tributos próprios. Desempenha 
suas funções administrativas além daquelas delegadas pela Região. O governo 
local é constituído pelo Sindaco (Prefeito), pela Giunta Municipale (Junta 
Municipal) e pelo Consiglio Comunale (Conselho Comunal). O Prefeito é o 
presidente da Junta e o representante legal da Comuna. A Junta Municipal é o 
órgão administrativo auxiliar do Prefeito, constituída por secretários eleitos 
entre os conselheiros, variando o seu número de 2 a 14 membros, conforme a 
população da Comuna. O Conselho Comunal é incumbido das tarefas 
legislativas, composto de membros eleitos por sufrágio direto, em número de 
15 a 80, segundo a população local. 
 
 Existe também na Comuna italiana o chamado Ufficio Comunale 
(Escritório Comunal), dirigido por um Servidor Público equiparado a funcionário 
da Província, com a incumbência de fiscalizar a execução das leis e atos dos 
administradores locais. O Secretário Comunal é nomeado pelo Ministério do 
Interior, ouvida a Comuna interessada, assumindo a posição de delegado do 
poder provincial no Município. Além dessa atuação direta de fiscalização, a 
Província exerce supervisão e controle das administrações comunais. O 
controle é preventivo, examinando a legalidade e o mérito dos atos 
administrativos locais e é repressivo, abrangendo todos e quaisquer atos 
irregulares, dando ensejo à sua invalidação e intervenção na Comuna, através 
da nomeação de um Interventor. 
 
Portugal: 
 
 O território português é dividido em Concelhos, formados de Freguesias 
e agrupados em Distritos, com exceção dos Concelhos de Lisboa e Porto, 
subdivididos em Bairros e estes em Freguesias. O Concelho, a Freguesia e o 
Distrito são pessoas jurídicas de Direito Público. 
 
 Os órgãos de administração municipal são o Concelho Municipal, a 
Câmara Municipal e Presidente da Câmara Municipal. O Concelho Municipal é 
uma assembléia integrada pelo presidente da Câmara e por representantes 
 11 
natos ou eleitos das Juntas de Freguesias. O Concelho Municipal é quem elege 
os vereadores da Câmara Municipal. 
 
 A Câmara Municipal é o corpo administrativo do Concelho, composto de 
um Presidente, nomeado pelo governo, e de vereadores eleitos pelo Concelho 
Municipal. O número de vereadores varia de dois a seis, segundo a sua 
categoria que pode ser de 1ª, 2ª e 3ª ordem. 
 
 O Presidente da Câmara é nomeado pelo governo para um mandato de 
quatro anos. Exerce a função de administrar o município (Concelho) e de 
representar o governo central como magistrado administrativo. 
 
 Em Portugal, a Freguesia é uma circunscrição administrativa e de justiça 
de paz, administrada por uma Junta da Paróquia, de composição eletiva, e pelo 
Regedor da Paróquia, de nomeação do governador do Distrito. 
 
 Acostumados com a nossa divisão política brasileira e terminologias 
parecidas, devemos tomar cuidado para não confundir: o Distrito português 
seria o estado federativo brasileiro; o Concelho português seria o município 
brasileiro; a Freguesia lusitana seria o distrito brasileiro, mas, logicamente, com 
todas as nuances do regime adotado em cada país. E o nosso Prefeito seria 
em Portugal o semelhante ao Presidente da Câmara. 
 
Espanha: 
 
 O território espanhol é dividido em municípios, agrupados 
territorialmente em Províncias. O Município espanhol é pessoa jurídica de 
Direito Público, administrado pelo Alcalde (Prefeito) e pelo Ayuntamiento 
(Câmara) formado por Concejales (vereadores). 
 
 O Alcalde é o chefe da administração, presidente do Ayuntamiento e 
delegado do governo central, que o nomeia para os municípios de mais de 
10.000 habitantes. Nos municípios menores,o Alcalde é nomeado pelo 
governador da Província, ouvido previamente o governo central. 
 
 O Ayuntamiento é a câmara deliberativa do Município, integrada por 3 a 
24 Concejales, eleitos para um mandato de 6 anos. 
 
Argentina: 
 
 O território argentino é dividido em municípios, agrupados 
territorialmente em Províncias. Cada Província pode organizar a seu modo, e 
segundo suas próprias leis, os seus municípios, mas geralmente a 
administração municipal é efetivada através de um Concejo Deliberante ou 
Juntas de Fomento, que seria um Conselho Deliberativo, além de um órgão 
executivo, podendo ser colegiado (Municipalidad) ou singular (Intendente). 
 
 Os Conselhos Deliberativos são constituídos por conselheiros eleitos, 
em número variável e com mandato de 3 a 6 anos. 
 
 12 
 Cada Província adota um critério para formação da Municipalidade ou 
indicação do Intendente (Prefeito). Algumas adotam eleições diretas; outras, 
indiretamente por indicação do Conselho Deliberativo. Mas, a maioria das 
Províncias segue a modalidade da nomeação pelo governador. Dessa forma, a 
autonomia dos municípios argentinos é bem restrita, sempre subordinada ao 
governo provincial, sendo uma função praticamente exercida por delegação. 
 
REGIME MUNICIPAL COMPARADO 
 
País Denominação Administração 
Legislativa 
Nomeação Chefe Do 
Executivo 
Nomeação 
Brasil Município Câmara Municipal Eleição 
direta 
Prefeito Eleição direta 
 
Inglaterra Burgo Conselho do 
Burgo 
Eleição 
direta 
“Mayor” Pelo Conselho 
do Burgo 
França Comuna Conselho 
Municipal 
Eleição 
direta 
“Maire” Pelo Conselho 
Municipal 
Itália Comuna Conselho 
Comunal 
Eleição 
direta 
“Sindaco” Pelo Conselho 
Comunal 
Portugal Conselho Conselho 
Municipal 
Eleição das 
Juntas de 
Freguesias 
Presidente 
da Câmara 
Municipal 
Pelo Conselho 
Municipal 
Espanha Município Câmara Eleição 
direta 
“Alcalde” Pelo Governo 
Central 
Argentina Município Conselho 
Deliberativo 
Eleição 
direta 
Intendente Pelo Conselho 
Deliberativo 
 
 
 
O Município no Brasil 
 
 Foi a partir da Constituição Imperial, de 1824, que surgiu a instituição 
das Câmaras Municipais, a quem competia o governo econômico e municipal 
de suas cidades e vilas. Elas eram constituídas em caráter eletivo e presididas 
pelo Vereador mais votado. Suas atribuições abrangiam o exercício de suas 
funções municipais, a formação de suas posturas policiais, a aplicação de suas 
rendas e todas as suas “particulares e úteis atribuições” (art. 169), a serem 
regulamentadas por lei ordinária. 
 
 A lei ordinária de regulamentação foi promulgada quatro anos depois, 
em 1828, determinando severa subordinação administrativa e política dos 
municípios aos presidentes de suas respectivas Províncias, não permitindo, 
assim, a autonomia municipal, sempre à mercê dos governantes provinciais. A 
lei considerou as Câmaras Municipais como corporações meramente 
administrativas, perdendo as cidades o poder que havia conquistado no 
período colonial. 
 
 A figura do Prefeito surgiu no Brasil em 1835, criada pela Província de 
São Paulo, como Delegado do Executivo e de nomeação do Presidente da 
Província. A Regência gostou da inovação e a recomendou às demais 
províncias, sendo logo adotada pelas províncias do Ceará, Pernambuco e 
Alagoas. 
 
 13 
 A Constituição Republicana de 1889 veio estabelecer uma organização 
dos estados de forma a assegurar a autonomia dos municípios “em tudo 
quanto respeite ao seu peculiar interesse” (art. 68). Dessa maneira, as 
Constituições Estaduais modelaram os seus municípios utilizando seus 
próprios critérios de maior ou menor poder de administração. De forma geral, 
porém, permaneceu a total dependência política dos municípios nas mãos dos 
governantes estaduais, sendo os prefeitos, eleitos ou nomeados, simples 
representantes ou mandatários das oligarquias políticas da época. Foi o 
período marcante do “coronelismo feudal”, sendo sufocada na força qualquer 
tentativa de oposição democrática. 
 
 A Constituição de 1934, com base nos ideais sócio-democráticos 
surgidos com a Revolução de 1930, procurou assegurar de forma ampla e 
segura a autonomia política e administrativa dos municípios, inscrevendo como 
princípio constitucional a autonomia municipal “em tudo quanto respeite ao seu 
peculiar interesse, e especialmente a eletividade do prefeito e dos vereadores, 
a decretação de seus impostos e a organização de seus serviços” (art. 13). 
Pela primeira vez, uma Constituição discriminava as rendas pertencentes aos 
municípios. Sob esses aspectos, lamentavelmente a Constituição de 1934 foi 
extinta precocemente, vigorando apenas por três anos. 
 
 O golpe de 1937 fez surgir o chamado Estado Novo e, com ele, foi 
cassada a eletividade dos prefeitos, passando, novamente, ao crivo das 
nomeações praticadas pelos governadores dos estados. Surgiram os 
chamados Conselhos Administrativos, de alçada estadual, órgão controlador de 
todas as atividades municipais, a quem os prefeitos deviam obediência. 
Podemos dizer que esta foi a época do obscurantismo municipal brasileiro, com 
a erradicação total de qualquer participação da comunidade nas ações 
governamentais. 
 
 Derrubada a ditadura, promulgou-se uma nova Constituição, a de 1946, 
ocorrendo, então, nova e equilibrada distribuição dos poderes, repartidos entre 
a União, os Estados e os Municípios, adotando-se, assim, um compromisso de 
princípios baseados no modelo federativo. Foram asseguradas as autonomias 
política, administrativa e financeira dos municípios, através das eleições livres 
dos prefeitos e vereadores, pela administração própria de seus recursos e por 
suas próprias leis, e pela organização autônoma de seus serviços públicos. 
 
 A Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969 têm como 
característica a centralização do poder do Executivo. Embora o regime 
federativo tenha sido mantido, os seus termos sofreram restrições, limitando 
as autonomias municipais. Foram mantidas as eleições diretas dos prefeitos e 
vereadores, menos dos prefeitos das capitais, das estâncias hidrominerais e de 
cidades de interesse da segurança nacional. Criou limitações às remunerações 
dos vereadores; ampliou os casos de intervenção do Estado no Município; 
limitou o número de vereadores a 21, na proporção do eleitorado local; impôs 
fiscalização financeira e orçamentária com o auxílio do Tribunal de Contas do 
Estado, ou de um órgão estadual a que fosse atribuída essa missão, além de 
limitar a criação de Tribunais de Contas aos municípios com população 
 14 
superior a 2 milhões de habitantes e renda tributária acima de 500 milhões de 
cruzeiros. 
 
 Verdade, porém, que muitas das normas estabelecidas na Constituição 
de 1967 são ainda utilizadas. No campo financeiro, por exemplo, as normas 
gerais de direito tributário e as limitações ao poder de tributar permanecem, de 
forma geral, em vigor. A proibição de os Estados e Municípios instituírem 
empréstimos compulsórios e as restrições ao endividamento interno e externo, 
por exemplo, continuam atuantes em seus propósitos. 
 
 A característica fundamental da atual Carta Magna, de 1988, foi a de 
integrar o Município na Federação, como entidade autônoma político-
administrativo, com poder de elaborar sua própria lei orgânica, além de legislar 
sobre assuntos de interesse local, substituindo a expressão antiga de “peculiar 
interesse”. 
 
 Diz-se hoje que o município é uma entidade política e administrativa de 
terceiro grau, na ordem União – Estados – Municípios, tornando-se elemento 
essencial na preservação do nosso sistema federativo. Afastada a pressão 
discricionária dos governos federal e estadual, os municípios realizam seus 
próprios governos, elegem seus prefeitos e vereadores, deliberam e executamlivremente as ações que respeitem o interesse local, sem dependências 
hierárquicas às demais administrações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MUNICÍPIO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
1824 
Em todas as 
Cidades e vilas 
ora existentes 
e nas mais que 
1891 
Os Estados 
organizar-se-
ão de forma 
que fique 
1934 
Os Municípios 
serão 
organizados de 
forma que lhes 
1937 
Os Municípios 
serão 
organizados de 
forma a ser-
1946 
A autonomia 
dos municípios 
será 
assegurada: 
1967 
A autonomia 
municipal será 
assegurada: 
I – pela eleição 
1988 
O Município 
reger-se-á por 
lei orgânica, 
votada em dois 
 15 
no futuro se 
criarem haverá 
Câmaras, às 
quais compete 
o Governo 
econômico das 
mesmas 
Cidades e 
Vilas. 
As Câmaras 
serão eletivas 
e compostas 
de número de 
Vereadores 
que a Lei 
designar, e o 
que obtiver o 
maior número 
de votos será o 
Presidente. 
O exercício de 
suas funções 
municipais, 
formação de 
suas posturas 
policiais, 
aplicação de 
suas rendas e 
todas as suas 
úteis e 
particulares 
atribuições 
serão 
decretadas por 
uma lei 
regulamentar. 
(arts. 167, 168 
e 169) 
assegurada a 
autonomia dos 
Municípios em 
tudo quanto 
respeite ao seu 
particular 
interesse. 
(art. 68) 
fique 
assegurada a 
autonomia em 
tudo quanto 
respeite ao seu 
particular 
interesse; e 
especialmente: 
I – a 
eletividade do 
Prefeito e dos 
Vereadores da 
Câmara 
Municipal, 
podendo 
aquele ser 
eleito por esta; 
II – a 
decretação de 
seus impostos 
e taxas, a 
arrecadação e 
aplicação de 
suas rendas; 
III – A 
organização 
dos serviços 
de sua 
competência. 
(art. 13) 
 
lhes 
assegurada 
autonomia em 
tudo quanto 
respeite ao seu 
particular 
interesse; e 
especialmente: 
I – à escolha 
dos 
Vereadores 
pelo sufrágio 
direto dos 
munícipes 
alistados 
eleitores na 
forma da lei; 
II – a 
decretação dos 
impostos e 
taxas 
atribuídos à 
sua 
competência 
por esta 
Constituição e 
pelas 
Constituições e 
leis dos 
Estados; 
III – à 
organização 
dos serviços 
públicos de 
caráter local. 
(art. 28) 
I – pela eleição 
do Prefeito e 
Vereadores; 
II – pela 
administração 
própria no que 
concerne ao 
seu peculiar 
interesse e, 
especialmente: 
a) a 
decretação e 
arrecadação 
dos tributos de 
sua 
competência e 
à aplicação de 
suas rendas; 
b) à 
organização 
dos serviços 
públicos locais. 
(art. 28) 
direta de 
Prefeito, Vice-
Prefeito e 
Vereadores 
realizada 
simultaneamen
te em todo o 
País, dois anos 
antes das 
eleições gerais 
para 
Governador, 
Câmara dos 
Deputados e 
Assembléia 
Legislativa; 
II – pela 
administração 
própria no que 
concerne ao 
seu peculiar 
interesse, 
especialmente 
quanto: 
a) à 
decretação e 
arrecadação 
dos tributos de 
sua 
competência e 
à aplicação de 
suas rendas, 
sem prejuízo 
da 
obrigatoriedad
e de prestar 
contas e 
publicar 
balancetes nos 
prazos fixados 
em lei 
estadual; 
b) à 
organização 
dos serviços 
públicos locais. 
(art. 16) 
turnos, com o 
interstício 
mínimo de dez 
dias, e 
aprovada por 
dois terços dos 
membros da 
Câmara 
Municipal, que 
a promulgará, 
atendidos os 
princípios 
estabelecidos 
nesta 
Constituição, 
na 
Constituição 
do respectivo 
Estado e nos 
seguintes 
preceitos (...) 
Compete aos 
Municípios: 
I – legislar 
sobre assuntos 
de interesse 
local; 
II – 
suplementar a 
legislação 
federal e a 
estadual no 
que couber; 
III – instituir e 
arrecadar os 
tributos de sua 
competência, 
bem como 
aplicar suas 
rendas, sem 
prejuízo da 
obrigatoriedad
e de prestar 
contas e 
publicar 
balancetes nos 
prazos fixados 
em lei; (...) 
(arts. 29 e 30) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
 
O PLANEJAMENTO DA RECEITA MUNICIPAL 
 
 
 16 
Modelo de Planejamento 
 
 Nenhuma instituição alcança seus objetivos funcionando através de 
ações puramente intuitivas e improvisadas. Existe sempre a necessidade de se 
criar estratégias pelas quais identificamos todo o processo administrativo que 
temos de cumprir, a forma de resolver e ultrapassar os problemas internos e 
externos, o aproveitamento máximo das capacidades e potencialidades 
existentes, com o intuito final de atingirmos os objetivos pretendidos. 
 
 O conjunto de ações estratégicas se consolida em um grande 
planejamento, formulado por meio de uma abordagem global que possa 
envolver a instituição como um todo. Ele estabelece as metas e o que se deve 
fazer para cumpri-las. 
 
 Quando se menciona a palavra planejamento, devemos entendê-la 
como um dos dois elementos de foco em um processo de administração. O 
outro elemento seria o controle. Conceituando administração como a 
coordenação de esforços para consecução de objetivos, o planejamento visaria 
a indicação dos objetivos e as técnicas necessárias para evitar o desperdício 
de esforços, enquanto o controle avaliaria os resultados e reorientaria os 
caminhos, quando necessário. 
 
 
 A administração que orienta suas ações por meio de um processo de 
planejamento deverá permanentemente: 
 
1. Planejar. 
 
a) Desenvolver de forma criativa, e dentro da lei, novas 
potencialidades de receita e melhorar as atividades 
arrecadadoras permitidas. 
b) Estabelecer sistematicamente os objetivos relevantes da 
Administração e formular estratégias e planos realistas para 
alcançar tais objetivos a curto e longo prazo. 
 
2. Organizar 
 
a) Estruturar as tarefas a serem executadas para alcançar os 
objetivos da Administração. 
b) Atribuir as tarefas estruturais a Servidores específicos através da 
designação de autoridade e responsabilidade. 
c) Avaliar e definir as necessidades de recursos humanos 
compatíveis com os objetivos e planos da Administração. 
d) Nomear indivíduos competentes e desenvolver programas para 
aumentar suas qualificações. 
 
3. Dirigir. 
 
a) Exercer liderança dinâmica na implantação e execução de planos 
e estratégias. 
 17 
b) Desenvolver condições de trabalho que ofereçam motivação 
positiva para os Servidores. 
 
4. Controlar. 
 
a) Exercer continuamente controles dinâmicos, agressivos e 
flexíveis das operações para assegurar conformidade realista 
com os planos e objetivos. 
 
 b) Aperfeiçoar o processo administrativo em função das avaliações 
 críticas dos resultados, adotando uma disposição permanente de 
 efetuar novas experiências e aceitar mudanças. 
 
 
 Todo processo administrativo precisa estar atado ao planejamento 
prévio e técnicas organizadas de controle, não importando a natureza da 
atividade, empresarial ou não empresarial. O serviço público não foge à regra, 
embora possua instrumentos formais próprios e específicos de gestão pública, 
tais como o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento 
Anual. São documentos atrelados aos rigores da lei, não permitindo grandes 
saltos de liberdade de criação, mas exigindo de viés uma rigorosa 
normatização dos controles, facilitando o processo de avaliação dos resultados. 
 
 Da mesma forma, o Serviço Público Municipal deve caminhar 
conhecendo seus objetivos previamente definidos e relativamente precisos, já 
sabendo de antemão como controlar as distorções ou variáveis relevantes, ou, 
pelo menos, atenuar seus impactos. Estamos falando de uma administração 
por objetivos ajustados a possíveis flexibilidades, por conta de variações 
surgidas durante a execução das tarefas administrativas. 
 
 O exercício da administração municipal planejada é bastante amplo, com 
inúmeros objetivos enganosamente dispersos, mas todos subordinadosao 
mesmo elemento básico que é a origem de recursos necessária para executá-
los. Com exceção de algumas receitas “carimbadas”, como é o caso do 
FUNDEF e do SUS, os demais objetivos são cumpridos através do caixa único 
da Prefeitura. Por esse motivo, embora o planejamento municipal seja traçado 
em termos completamente formais, no Plano Plurianual, nas Diretrizes 
Orçamentárias e no Orçamento Anual, o planejamento da receita deve 
obedecer a padrões contínuos e permanentes de acompanhamento, tanto por 
meio de avaliações dos resultados presentes como, também, pelo uso de 
rigorosas projeções financeiras. Isso significa que, embora o Orçamento Anual 
identifique as metas de investimento e custeio a serem alcançadas, todas elas 
deverão ser agrupadas em ordem de prioridade de acordo com o desempenho 
da receita. 
 
 Não se trata de um simples exercício de fluxo de caixa diário, semanal 
ou mensal, quando a Administração escolhe o que pagar conforme a posição 
do seu caixa, forma de administrar que chamaríamos de “laisser-fair”, deixando 
as atividades de investimento e custeio acontecerem para depois verificar a 
capacidade do caixa em absorvê-las. Ao contrário, o planejamento da receita é 
 18 
quem regula o momento certo da realização de despesas de capital, ou 
qualquer permissão de acréscimo nas despesas usuais de custeio. 
 
 Como se vê, o sucesso de uma administração municipal rigorosamente 
planejada depende basicamente da força e liderança do Prefeito, na verdade o 
único responsável em autorizar despesas. Ele é quem suporta as pressões 
políticas, os pedidos e as reivindicações, tanto externas quanto internas. 
Depende dele tanto a nomeação de mais um servidor, quanto à autorização de 
uma despesa inesperada e, em qualquer situação, se o dispêndio não estiver 
previsto nos planos, cabe a ele dizer não. 
 
 Uma maneira de evitar, pelo menos parcialmente, tanto peso sobre os 
ombros, o Prefeito deve utilizar-se dos três princípios básicos de uma 
administração planejada: 
 
I – Promover a participação ativa de todo o Secretariado na formulação dos 
objetivos e dos planos para atingi-los, despertando o interesse, o entusiasmo e 
a moral de todos eles; 
II – Dar ciência e demonstrar claramente ao Secretariado, aos Vereadores e à 
comunidade em geral de que as suas responsabilidades particulares estarão 
sempre integradas ao planejamento, havendo, assim, a necessidade de 
cooperação de todos em evitar pleitos estranhos ao planejado, ou, pelo menos, 
entender o motivo dos indeferimentos; 
III – Delegar aos Secretários Municipais a missão de informar aos membros de 
escalões inferiores os objetivos delineados, suas responsabilidades específicas 
na execução do planejado e tornando-os efetivos participantes do processo. 
 
 
 Em termos simbólicos, podemos distinguir o Administrador Municipal 
orientado pelo planejamento, do Administrador “laisser-fair” através dos 
seguintes conceitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Administrador “laisser-fair” Administrador de 
planejamento 
O futuro do meu Município está sujeito 
às forças econômicas, sociais e 
políticas vigentes. 
 
O futuro do meu Município pode ser 
planejado e controlado. 
 
Minha administração faz o que pode 
dentro de uma realidade do Município. 
Minha administração executa os 
planos que provocam mudanças no 
 19 
 Município. 
 
Minha administração, por segurança, 
só decide após conhecer os 
resultados externos. 
Minha administração prevê os 
resultados externos e prepara planos 
condizentes. 
 
Meu Município é pobre; portanto, a 
receita é pequena. 
Tenho que aumentar a receita, porque 
o meu Município é pobre. 
 
 
 
 
Planejamento da Receita 
 
 O planejamento da receita é baseado fundamentalmente no princípio de 
que o sucesso de uma administração depende da capacidade dos 
administradores em adotar uma série de decisões bem concebidas, com o 
intuito de garantir um influxo de caixa capaz de sustentar o fluxo de saída 
planejado, ou orçado, em vez de deixar o ingresso de receita ao acaso, à 
mercê de uma evolução ou involução vegetativa dos números históricos. 
Decisões bem concebidas são aquelas que se orientam para a consecução de 
objetivos específicos a serem alcançados em curto ou longo prazo, exigindo 
sempre dos administradores uma ampla visão e conhecimento dos propósitos 
envolvidos, e, muitas vezes, a coragem de aplicá-las. 
 
 As ações devem ser sempre executadas como elementos de um 
processo racional e sistemático de tomada de decisões, destinando-se ao 
cumprimento das metas de receitas planejadas. Por mais simples que ela 
possa parecer, cada ação realizada deve ser integrada ao processo que se 
implementa. Caso contrário, a ação tomada significa desperdício de esforços e 
prejudicial ao conjunto maior planejado, tornando-se intolerável abrir exceções 
à regra assumida e contemporizar os desvios permitidos. Dessa maneira, é 
imprescindível o pleno acordo de toda a equipe administrativa, principalmente 
daqueles autorizados a tomar decisões, não se admitindo integrantes 
contrários ao que foi planejado, ou desmotivado a praticá-lo. O sucesso do 
planejamento é baseado na confiança absoluta da administração em sua 
capacidade de estabelecer objetivos realistas e conceber meios eficientes de 
alcançá-los. 
 
 Receita pública é conceituada como a entrada de dinheiro nos cofres 
públicos de modo permanente e integrado ao patrimônio público, sem qualquer 
condição de troca ou previsão devolutiva. Assim, ao tratarmos de Receita 
Pública não estamos nos referindo a recursos de empréstimos, venda de ativo, 
produtos de caução etc., mas tão somente às receitas tributárias, principais e 
acessórias, e aquelas provenientes da contraprestação por um benefício 
público, através da tarifa ou preço público. 
 
 
O perfil econômico e social do Município. 
 
 20 
 Já foi dito que nenhuma decisão atual pode alterar o passado, não 
havendo nada melhor para afiançar essa verdade do que o velho ditado: “não 
chore sobre o leite derramado”. Não podemos mudar o passado e nem 
tampouco perdermos tempo lastimando o que já está perdido, incorrendo no 
erro de gastarmos mais tempo ainda. Todo planejamento tem por questão 
básica uma dimensão temporal, um período para análise, discussão, execução 
e avaliação. Na administração, as decisões de impulso devem ser evitadas, 
pois normalmente significam deficiências de estudos prévios, análise e 
discussão. E as decisões de impulso acontecem exatamente por falta de um 
planejamento. Até mesmo uma catástrofe, uma calamidade pública deve ser 
objeto de uma hipótese preventiva, com planos e treinamento de defesa. 
 
 Os resultados do passado devem ser, isso sim, corretamente 
interpretados e analisados. É a base histórica da qual vamos determinar o 
futuro, não importando mais se o tempo decorrido foi mal aplicado ou não. Em 
matéria de planejamento a única função da história é de ensinar, muitas vezes 
mostrando erros de estratégias assumidas na época. 
 
 Dessa maneira, devemos inicialmente entender como estamos, e se a 
situação presente é resultado evidente dos atos praticados no passado, torna-
se fundamental a interpretação dos relatórios históricos. Neste ponto, a 
primeira e a mais importante pergunta que o Administrador de Receita deve 
fazer é a seguinte: 
 
ONDE ENCONTRAR AS INFORMAÇÕES SOBRE O HISTÓRICO DA 
RECEITA? 
 
 Bem, parece simples, mas não é, porque tudo vai depender da estrutura 
organizacional existente na Administração. Tanto em relação aos 
equipamentos utilizados quanto à eficiência do quadro de pessoal. Existem 
administrações bem equipadas, com programas eficientes de informática 
dotados de capacidade para fornecer relatórios gerenciais sobre o 
desempenho global e analítico das contas de receita. Em outras situações,geralmente em municípios pequenos, a eficiência do trabalho manual dos 
funcionários supre a carência de equipamentos sofisticados. Mas, existem 
também, para infelicidade do administrador, municípios devidamente 
equipados, porém mal utilizados ou não aproveitados por deficiências internas. 
Nesta última situação, o Administrador tem que se contentar na análise dos 
documentos obrigatórios por lei, ou seja: 
 
 
 
 
Na Contabilidade 
 
 
 Através da Contabilidade, o Administrador obtém algumas respostas 
importantes sobre a arrecadação obtida nos exercícios anteriores e, se os 
lançamentos foram registrados corretamente, consegue conhecer os 
valores efetivamente recebidos por origem de receita e aqueles que foram 
 21 
lançados, mas não recebidos. A Contabilidade Pública, nos termos da Lei 
4.320, de 17 de março de 1964, adota a seguinte classificação da receita 
pública: 
 
√√√√ Receitas Correntes – são as receitas tributárias, de contribuições, 
patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras, e ainda as 
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de 
direito público ou privado, quando destinadas a atender a despesas 
classificadas em Despesas Correntes; 
√√√√ Receitas de Capital – são as receitas provenientes da realização de 
recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão 
em espécie de bens e direitos; dos recursos recebidos de outras 
pessoas de direito público ou privado, destinados a atender a despesas 
classificadas em Despesas de Capital, incluindo, ainda, o superávit do 
orçamento corrente. 
 
Observa-se que a Lei 4.320/64 adota o termo receita para todas as espécies de 
entrada de dinheiro nos cofres públicos, inclusive aqueles considerados pelos 
conceitos contábeis como meros ingressos, como, por exemplo, a entrada de 
recursos decorrentes de empréstimo. 
 
No Orçamento 
 
 Já o Orçamento nos dá a valiosa informação do valor estimado da 
receita a ser arrecadado em um determinado exercício e quanto, na verdade, 
foi efetivamente recebido. E as divergências entre os valores estimados e os 
recebidos são muito úteis numa análise interpretativa da evolução da receita. 
 
 Mas não basta! O planejamento das receitas tributárias e suas projeções 
ou metas para os exercícios futuros necessita ainda de muitas outras 
informações. 
 
 Veja, abaixo, uma série de perguntas que o Administrador deve fazer 
para estar devidamente preparado na elaboração de uma meta de arrecadação 
tributária: 
 
SOBRE O IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO – IPTU: 
 
- Qual foi o valor total arrecadado no último exercício? 
- Desdobrar o valor total arrecadado em Imposto Predial e Imposto Territorial. 
- Qual foi a arrecadação mensal, mês a mês, por regime de caixa? 
- O Município concede descontos para pagamento em cota única? 
- Qual foi a arrecadação proveniente da cota única e respectivos meses? 
- Qual o percentual de desconto concedido na cota única? 
- Quanto representou o desconto concedido em relação aos pagamentos em 
cota única? 
- Qual foi o valor total lançado no último exercício? 
- Qual foi a diferença entre o valor arrecadado e lançado no último exercício? 
- Quem são os maiores contribuintes (10% do total lançado)? 
- Quem pagou e quem não pagou, em relação aos maiores contribuintes? 
 22 
- Quais são os menores contribuintes, em valor? 
- O Município envia carnê aos contribuintes? 
- Qual o sistema de remessa (postal, firma particular, entregadores próprios)? 
- Qual é o custo unitário e total de confecção de carnê? 
- Qual é o custo unitário e total de remessa? 
- O pagamento é feito exclusivamente por via bancária? 
- Qual é o custo (tarifa) cobrado pelos Bancos? 
- Qual é o prazo dos Bancos para creditar os pagamentos na conta da 
Prefeitura? 
- Quem é beneficiado por lei com isenção de IPTU? 
- Qual é o valor da renúncia fiscal, por tipo de isenção? 
- Existem no Município beneficiários por imunidade constitucional de 
impostos? 
- Quanto representa em valor os direitos de imunidades? 
- Existem no Município procedimentos formais de cobrança dos 
inadimplentes? 
- Caso afirmativo, como está estruturada a cobrança? 
- Quanto representou no exercício passado, mês a mês, o recebimento de 
débitos de exercícios anteriores? 
- Qual a política vigente relativa aos encargos moratórios? 
- Além dos encargos moratórios, existe multa pecuniária por atraso de 
pagamento? 
- Qual a política vigente relativa à correção monetária? 
- Existe no Município procedimento formal de lançamento em Dívida Ativa? 
- Qual o valor total de IPTU lançado em Dívida Ativa? 
- Qual o valor total lançado em Dívida Ativa e já em execução judicial? 
- Qual o setor responsável pelo acompanhamento dos processos judiciais de 
cobrança? 
- Qual foi o valor total recebido no exercício passado originário de cobranças 
judiciais? 
- Qual o sistema adotado no Município de cálculo do valor venal? 
- O Município utiliza o sistema de planta genérica de valores? 
- Qual a política adotada no Município relativa às alíquotas do imposto? 
- O Município utiliza a progressividade de alíquotas? Como? 
- Qual o setor responsável pelo lançamento do imposto? 
- Qual é o “modus operandi” para lançamento de novas construções? 
- O sistema de lançamento e emissão de guias é totalmente informatizado? 
- O Cadastro Imobiliário está saneado e responde a todas informações 
indispensáveis? 
- Quais os procedimentos formais de segurança adotados no setor? 
- Qual o setor responsável pela revisão do valor venal? 
- Existe procedimento formal de revisão, tanto administrativa quanto oriunda 
de reclamação? 
- Existe quadro de fiscalização com atuação no IPTU? 
 
 E certamente existem outras questões que deverão dispor de respostas 
concretas, permitindo ao Administrador uma avaliação sólida sobre o 
desempenho do IPTU e as possíveis perspectivas de melhorá-lo. 
 
SOBRE O IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISS: 
 23 
 
- Qual foi o valor total arrecadado no último exercício? 
- Qual foi a arrecadação mensal, mês a mês, por regime de caixa? 
- Em relação ao ISS de Autônomos, o Município concede desconto para 
pagamento em cota única? 
- Caso afirmativo, qual foi a arrecadação proveniente da cota única e 
respectivos meses? 
- E qual o percentual de desconto concedido na cota única? 
- Qual foi o valor total do imposto por estimativa lançado no último exercício? 
- Qual foi a diferença entre o valor lançado e o valor arrecadado por 
estimativa? 
- Listar por valor arrecadado as atividades prestadoras de serviços. 
- Quem são os maiores contribuintes (20% do total arrecadado)? 
- O Cadastro de Atividades Econômicas está aparelhado para informar os 
nomes dos contribuintes inadimplentes? 
- Caso afirmativo, quem não pagou o imposto? 
- O Município envia carnê aos contribuintes, inclusive aqueles que têm a 
base de cálculo por receita? 
- Qual o sistema de remessa (postal, firma particular, entregadores próprios)? 
- Qual é o custo unitário e total de confecção de carnê? 
- Qual é o custo unitário e total da remessa? 
- O pagamento é feito exclusivamente por via bancária? 
- Qual é o custo (tarifa) cobrado pelos Bancos? 
- Qual é o prazo dos Bancos para creditar os pagamentos na conta da 
Prefeitura? 
- Quais são as alíquotas de ISS por atividade prestadora de serviços? 
- Existem atividades beneficiadas com alíquotas reduzidas? 
- O Município cobra ISS de construção de unidades residenciais? 
- Caso afirmativo, qual é a base de cálculo do imposto? 
- Quais são os valores fixos de ISS cobrados dos Autônomos Profissionais? 
- Existem atividades beneficiadas com isenção de ISS? 
- Qual é o valor da renúncia fiscal, por tipo de isenção? 
- Existem no Município beneficiários por imunidade constitucional de 
impostos? 
- Quanto representa em valorestimado os direitos de imunidade? 
- Existe no Município quadro permanente de fiscalização de ISS? 
- Listar os contribuintes fiscalizados nos quatro últimos exercícios, separados 
por exercício. 
- Listar os maiores contribuintes não fiscalizados nos últimos quatro 
exercícios. 
- Existe no Município procedimento legal de Recursos Administrativos, ou 
Impugnações de cobranças? 
- Qual o cargo de quem decide em 1ª e 2ª instâncias? 
- Qual foi o valor total de Autos de Infração relativos ao ISS aplicados no 
último exercício? 
- Além dos custos moratórios, existe multa pecuniária por infração? 
- Quais são os valores definidos em lei dos juros moratórios e multa 
pecuniária? 
- Existem no Município procedimentos formais de cobrança dos 
inadimplentes? 
 24 
- Caso afirmativo, como está estruturada a cobrança? 
- Quanto representou no exercício passado, mês a mês, o recebimento de 
débitos atrasados? 
- Existe no Município procedimento forma de lançamento em Dívida Ativa? 
- Qual o valor total de ISS lançado em Dívida Ativa? 
- Qual o valor total em Dívida Ativa já em execução judicial? 
- Qual o setor responsável pelo acompanhamento dos processos judiciais de 
cobrança? 
- Qual foi o valor total de ISS recebido no exercício passado originário de 
cobranças judiciais? 
- A Fiscalização, se existente, ganha produtividade e/ou participação nas 
multas? 
 
SOBRE O IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS – ITBI: 
 
- Qual foi o valor total arrecadado no último exercício? 
- Qual foi a arrecadação mensal, mês a mês, por regime de caixa? 
- Quantas operações de lançamento do imposto ocorreram no exercício 
passado? 
- Do total de guias lançadas, quantas foram efetivamente pagas? 
- Existe fiscalização específica? 
- As guias são emitidas através dos Cartórios ou na própria repartição? 
- As guias são requeridas pelos Cartórios ou diretamente pelo contribuinte? 
- Existe legislação municipal regulamentando a matéria? 
- Qual a alíquota utilizada no Município? 
- O imposto é calculado sobre o valor venal do imóvel ou sobre o valor 
pactuado? 
- Os Cartórios são obrigados por lei a informar as transmissões efetuadas? 
- Existe setor próprio responsável pelo imposto? 
- Quem analisa os casos de não incidência do tributo? 
 
SOBRE TAXAS: 
 
 TAXAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 
- Quais as taxas cobradas no Município pela utilização dos serviços públicos? 
- Qual foi o valor total arrecadado por taxa de prestação de serviços no último 
exercício, mês a mês? 
- O Município cobra a Taxa de Coleta de Lixo? 
- Caso afirmativo, qual é o valor cobrado dos contribuintes? 
- Serviços especiais de retirada de entulhos são cobrados a parte? 
- Caso afirmativo, quanto representou em valor? 
- Existem isenções que beneficiam tipos ou grupos de contribuintes? 
- Caso afirmativo, quanto representa em valor essa renúncia fiscal? 
- A Taxa de Coleta de Lixo é cobrada junto ao IPTU? 
- Caso negativo, como se cobra? 
- Existem questões judiciais alegando a inconstitucionalidade da Taxa de 
Coleta de Lixo? 
- O Município cobra a Contribuição de Manutenção da Iluminação Pública? 
- Caso afirmativo, qual é o valor cobrado dos contribuintes? 
 25 
- Existem isenções que beneficiam tipos ou grupos de contribuintes? 
- Caso afirmativo, quanto representa em valor essa renúncia fiscal? 
- A Contribuição de Manutenção da Iluminação Pública é cobrada pela 
empresa de distribuição de energia elétrica? 
- Caso afirmativo, ela compensa internamente os custos municipais de 
consumo de energia elétrica e manutenção da rede pública? 
- Caso afirmativo, qual o valor do saldo líquido creditado à Prefeitura no 
exercício passado, mês a mês, e qual o setor responsável que controla os 
valores compensados? 
- Existem questões judiciais no Município alegando a inconstitucionalidade da 
Taxa de Iluminação Pública ou nome similar? 
- Existe no Município a Taxa de Licença de Obras, ou nome similar? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados por tipo de serviço realizado 
pelo Município? 
- Qual é o procedimento de cobrança? 
- Existem isenções que beneficiam tipos de construções ou de contribuintes? 
- O Município adota o sistema de cobrança da “Mais Valia”? 
- Caso afirmativo, quais os valores cobrados por tipo de transgressão? 
- Existe no Município a Taxa de Serviços Funerários? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados por tipo de serviço realizado 
pelo Município? 
- Existem isenções que beneficiam tipos ou grupos de contribuintes? 
- Caso afirmativo, quanto representou a renúncia fiscal no exercício 
passado? 
- Existe no Município a Taxa de Expediente, ou nome similar? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados por tipo de serviço realizado 
pelo Município? 
- Existem isenções que beneficiam tipos ou grupos de contribuintes? 
 
 
 TAXAS PELO EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA. 
 
- Quais as taxas de Poder de Polícia cobradas pelo Município? 
- Quais os valores arrecadados por taxa de Poder de Polícia no último 
exercício, mês a mês? 
- O Município cobra a taxa originária da fiscalização dos estabelecimentos de 
atividades econômicas? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados (valor fixo ou tabela por 
atividade)? 
- O Município emite carnê para cobrança desta taxa? 
- Qual é o custo unitário de confecção de carnê e de remessa? 
- O pagamento é feito através da rede bancária? 
- Qual é o custo (tarifa) cobrado pelos Bancos? 
- Existe quadro permanente no exercício regular de fiscalização dos 
estabelecimentos? 
- A fiscalização é comprovada através de documentos fiscais? 
- Existem questões judiciais no Município sobre a inconstitucionalidade desta 
taxa? 
- A concessão de Alvará de Funcionamento é de validade permanente ou 
renovada anualmente? 
 26 
- O Cadastro de Atividades Econômicas está saneado e presta todas as 
informações gerenciais necessárias? 
- O Município cobra a Taxa de Inspeção Sanitária, ou nome similar? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados (valor fixo ou tabela por 
atividade)? 
- O Município emite carnê para cobrança desta taxa, ou é unificada a outro 
tributo? 
- Existe quadro permanente no exercício regular de fiscalização sanitária? 
- A fiscalização é comprovada através de documentos fiscais? 
- Existem questões judiciais no Município sobre a inconstitucionalidade desta 
taxa? 
- O Município cobra a Taxa de Licença de Publicidade, ou nome similar? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados por tipo de publicidade? 
- O Município emite carnê para cobrança desta taxa, ou é unificada a outro 
tributo? 
- Qual é o custo unitário de confecção de carnê e de remessa? 
- Existe quadro permanente no exercício regular de fiscalização de 
publicidades? 
- A fiscalização é comprovada através de documentos fiscais? 
- Existem questões judiciais no Município alegando inconstitucionalidade 
desta taxa? 
- O Município cobra a Taxa de Fiscalização de Transporte Coletivo, ou nome 
similar? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados por tipo de transporte 
coletivo? 
- Os transportes escolares e transportes de peruas (vans) também são 
cobrados? 
- Existem isenções que beneficiam tipos ou espécies de transportes? 
- O Município cobra a Taxa de Uso de Área Pública, ou nome similar? 
- Caso afirmativo, quais são os valores cobrados por tipo de uso da área 
pública? 
- O Município emite carnê para cobrança desta taxa, ou é unificada a outro 
tributo? 
- Os ambulantes e vendedores de rua estão devidamente cadastrados na 
Prefeitura? 
- Existe quadro permanente no exercício regular de fiscalização do uso da 
área pública? 
- Qual é o valor total em Dívida Ativa, referente às taxas? 
- Qual foi o valor total recebido no exercício passado relativo às taxas 
contabilizadas em Dívida Ativa?No desenvolvimento dos capítulos concernentes aos tributos, a maioria 
das perguntas acima servirá de tema para debates e esclarecimentos, mas, no 
momento em que tratamos de Planejamento da Receita e, basicamente, em 
responder “Onde estamos?”, pode-se dizer que aquele que possua resposta 
às perguntas formuladas terá o pleno conhecimento da situação atual, 
podendo, assim, determinar o caminho que deverá seguir visando o alcance de 
metas de crescimento da receita. 
 
 27 
O POTENCIAL DE RECEITA DO MUNICÍPIO 
 
 
 Surge, entretanto, outra pergunta tão importante e difícil de responder 
quanto à formulada anteriormente: Afinal, o que pretendemos atingir? A 
resposta é aparentemente fácil: Ora, pretendemos otimizar a receita. Mas, qual 
seria o ponto ótimo da nossa receita? 
 
 Para entendermos exatamente o que estamos pretendendo, ou seja, 
qual seria realmente a otimização da receita que poderíamos alcançar, temos 
de responder outra pergunta: 
 
Qual é o potencial de receita tributária do nosso Município? 
 
 Nesse particular, a primeira necessidade é de compreender a realidade 
do Município em toda a sua profundidade, como sistema econômico. 
 
 Cada município tem a sua peculiaridade. Muitos ainda vivem com uma 
economia concentrada basicamente na agricultura e pecuária de subsistência. 
A principal receita municipal é originária do Fundo de Participação dos 
Municípios, da União, repassada em função da população local. Esses são os 
municípios mais pobres. Existe um outro grupo de municípios dotado de uma 
infra-estrutura econômica básica, agrícola ou industrial, atraindo a instalação 
de atividades comerciais e de serviços já mais abrangentes, mas com a sua 
população ainda com baixo ou médio poder aquisitivo. A maior parte dos 
municípios deste grupo tem como principal receita municipal sua cota parte na 
receita de ICMS do seu estado, ficando para trás o FPM da União. O terceiro 
grupo de municípios é formado por aqueles que já possuem sólidas atividades 
próprias, agrícolas, industriais ou comerciais e de serviços, somadas a um 
padrão de consumo local de maior poder aquisitivo. Esses municípios já 
apresentam como parcela de maior representatividade nas receitas municipais 
aquelas oriundas da própria arrecadação, superando suas participações na 
cota parte estadual. Ou, pelo menos, equiparando as duas receitas. 
 
 Temos aqui um modelo de avaliação da potencialidade dos municípios 
como fonte geradora de recursos próprios. 
 
 
 
 
 
 
MODELO DE POTENCIALIDADE DOS MUNICÍPIOS VIA RECEITA 
MUNICIPAL 
FASES DE 
EVOLUÇÃO 
RECEITA 
PRINCIPAL 
ECONOMIA 
LOCAL 
PADRÃO 
POPULACIONAL 
Fase A FPM – União (1) De subsistência Poder aquisitivo baixo 
Fase B CPM – Estado (2) Média ou alta Poder aquisitivo baixo 
ou médio 
Fase C Receita Própria Média ou alta Poder aquisitivo médio 
 28 
ou alto 
 
(1) O FPM é constituído de 22,5% da receita da União proveniente do Imposto de Renda e do Imposto Sobre 
Produtos Industrializados. A distribuição aos municípios é feita de acordo com o número de habitantes, 
determinando-se faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um coeficiente próprio. Municípios com até 
10.188 habitantes recebem o coeficiente mínimo, de 0,6%. 
1. O CPM (Cota Parte Municipal) é constituído de 25% da receita do Estado proveniente do Imposto de 
Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Dos 25% o percentual de 75% é distribuído em função 
do chamado valor adicionado relativo às operações realizadas em cada município. Os 25% restantes 
são distribuídos conforme determina a legislação de cada estado . O COM será tratado com maiores 
detalhes em seu capítulo próprio. 
 
 Vale lembrar que a receita própria municipal tem como base principal os 
impostos IPTU, ISS e ITBI. Um município de população com baixo poder 
aquisitivo tem, como uma das conseqüências, um frágil e incipiente mercado 
imobiliário urbano prejudicando principalmente as receitas de IPTU e ITBI. Em 
relação aos fatos geradores de ISS, os poucos contribuintes existentes são 
profissionais autônomos, como médico, dentista, contador e advogado. Quanto 
mais aumenta o padrão de vida da população local, evidentemente, aumenta a 
receita própria do município. 
 
 Mas é claro que existem exceções! Um pequeno município, de 
população com pequeno poder aquisitivo, recebe a instalação de uma 
poderosa indústria, passando a fazer parte imediatamente do grupo da Fase B, 
tornando-se o FPM a segunda ou terceira fonte de receita em volume de 
recursos. Ou, então, por outros motivos que veremos adiante. 
 
 Como exemplos da Fase A, vejam os números de dois pequenos 
municípios do Estado de São Paulo: 
 
 
 TARABAÍ CORONEL MACEDO 
POPULAÇÃO 5.635 5.656 
PIB / PER CAPITA R$ 5.760,00 R$ 5.117,00 
RECEITA PRÓPRIA R$ 101 Mil R$ 130 Mil 
REPASSE DO ESTADO – 
CPM 
R$ 827 Mil R$ 987 Mil 
REPASSE DA UNIÃO – FPM R$ 1.347 Mil R$ 1.347 Mil 
Fontes: IBGE, IPEA e Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo. Dados de 2000. 
 
 Como se observa, os dois municípios registram como receitas próprias 
valores ainda bem modestos, certamente em função do baixo poder aquisitivo 
das populações locais. Embora o PIB / p.capita de Tarabaí registre um valor 
pouco superior, o Município de Coronel Macedo goza de um repasse do Estado 
levemente acima, provavelmente em razão de outras normas da legislação 
paulista e não pelo Valor Adicionado apresentado. De qualquer modo, o 
exemplo mostra a importância do FPM no total da receita de municípios 
integrantes do grupo Fase A. 
 
 Vejam, porém, um exemplo de exceção: 
 
 HOLAMBRA 
POPULAÇÃO 6.653 
PIB / PER CAPITA R$ 19.145,00 
 29 
RECEITA PRÓPRIA R$ 1.456 Mil 
REPASSE DO ESTADO – CPM R$ 3.160 Mil 
REPASSE DA UNIÃO – FPM R$ 1.347 Mil 
Fonte: IBGE, IPEA e Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo. Dados de 2000. 
 
 No exemplo apresentado, o Município de Holambra tornou-se um dos 
mais importantes pólos de produção e comercialização de plantas e flores 
ornamentais, além de incentivar fortemente o turismo em sua cidade. O poder 
aquisitivo de sua população já não é mais baixo, exigindo moradias de maior 
grau de sofisticação e melhores serviços na cidade. Com isso, a receita 
própria já superou o FPM, mas o grande volume de vendas, principalmente 
para fora do município, mantém o CPM como a maior fonte de receita do 
município. 
 
 Vejam agora a situação de dois municípios paulistas de população 
quase idêntica, que estariam enquadrados na Fase B: 
 
 
 Indaiatuba Ferraz de 
Vasconcelos 
POPULAÇÃO 121.906 121.970 
PIB / PER CAPITA R$ 10.525,00 R$ 5.282,00 
RECEITA PRÓPRIA R$ 18.540 Mil R$ 4.052 Mil 
REPASSE DO ESTADO – CPM R$ 25.851 Mil R$ 8.508 Mil 
REPASSE DA UNIÃO – FPM R$ 8. 084 Mil R$ 8.084 Mil 
VALOR ADICIONADO R$ 1.038 Milhões R$ 209 Milhões 
RECEITA TOTAL/PER CAPITA R$ 431,17 R$ 169,28 
Fontes: IBGE, IPEA, Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo; dados de 2000. 
 
 Pelos números acima, fácil observar que Indaiatuba possui uma 
estrutura econômica mais forte que a de Ferraz de Vasconcelos, mas se 
usarmos esses indicadores como instrumentos de medida da arrecadação 
própria, poderemos tirar algumas conclusões sobre a capacidade de geração 
de receita do município. 
 
 Vejamos alguns índices: 
 
 
 
 
 
 
INDICES INDAIATUBA FERRAZ DE 
VASCONCELOS 
COM / RECEITA PRÓPRIA 71,7% 47,6% 
PIB / RECEITA PER CAPITA 4,0% 3,2% 
RECEITA PRÓPRIA PER CAPITA R$ 152,08 R$ 33,22 
RECEITA TOTAL / REC. PRÓPRIA 35,2% 19,6% 
 
 Os números acima poderiam indicar que o Município de Ferraz de 
Vasconcelos tem um potencial de crescimento de suas receitas próprias 
 30 
aparentemente maior que Indaiatuba, mas também não significaria que 
Indaiatuba atingiu o limite de arrecadação. Com uma população superior a 100 
mil habitantes,Indaiatuba poderia, se fosse o caso, estabelecer uma meta para 
atingir um valor idêntico em receita própria ao que aufere em repasse do 
Estado. 
 
 E vamos agora mostrar dois exemplos de municípios que atingiram a 
Fase C, ambos também de São Paulo. 
 
 ASSIS POÁ 
POPULAÇÃO 83.133 84.777 
PIB / PER CAPITA R$ 8.930,00 R$ 12.854,00 
RECEITA PRÓPRIA R$ 9.920 Mil R$ 12.392 Mil 
REPASSE DO ESTADO – 
CPM 
R$ 9.618 Mil R$ 8.491 Mil 
REPASSE DA UNIÃO – FPM R$ 6.288 Mil R$ 6.288 Mil 
VALOR ADICIONADO R$ 214.178 Mil R$ 198.772 Mil 
RECEITA TOTAL/PER CAPITA R$ 310,83 R$ 320,51 
Fontes: IBGE, IPEA e Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo. Dados de 2000. 
 
 O Município de Assis é considerado um centro de atração econômica do 
Vale do Paranapanema, sede de Universidades e centros de pesquisas. Sua 
população tem um alto padrão de consumo e a cidade é ocupada por belas 
edificações. O Município de Poá, localizado na Região Administrativa de São 
Paulo, tem uma presença marcante de empresas de prestação de serviços, 
bem maior que o número de empresas do comércio e de indústria. Dessa 
maneira, o ISS ocupa posição privilegiada no total de receitas próprias. 
 
Observação. De propósito, todos os exemplos aqui utilizados são de 
municípios paulistas, para mostrar que até mesmo no mais rico estado da 
federação encontramos diversidades de situações. 
 
 Observa-se, assim, que em geral os municípios apresentam 
características próprias, que deverão ser minuciosamente analisadas pelo 
Administrador Municipal. Seguindo o modelo de avaliação de potencialidade 
em função das fontes de receitas municipais, o primeiro ponto a ser 
estabelecido seria a verificação da fase atual em que se localiza o seu 
município. 
 
 
 
 
 Fase A (maior receita = FPM) 
 
 Certamente são os mais difíceis para aumentar a arrecadação, mas não 
impossível. Vários municípios conseguiram sair dessa fase, como foi o caso de 
Holambra, e a maioria por ter conseguido descobrir um caminho econômico 
específico, ou típico da região. De fato, alguns municípios saíram da Fase A 
em razão de uma descoberta de riqueza acidental, como é o caso do petróleo 
em Quissamã, no Estado do Rio de Janeiro, ou os mananciais generosos de 
 31 
água doce, em Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo. Outros, porém, 
aproveitaram um determinado potencial e nele investiram, como aconteceu em 
Bonito, no Estado do Mato Grosso do Sul, através do turismo, e em Salinas, 
localizada na vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, através da produção de 
cachaça. 
 
 Enfim, os administradores dos municípios da Fase A precisam localizar 
uma atividade econômica propícia ao município, que atraia a atenção e o 
interesse dos moradores locais, e investir em sua implementação. 
 
 Nessa situação, logicamente a ação passa a ser global, envolvendo 
vários segmentos e órgãos, não mais se limitando ao objetivo de otimizar a 
receita municipal e, sim, do engrandecimento econômico, social e cultural do 
município. A receita vem a reboque, às vezes em um prazo mais longo, mas 
não importa, pois esta pode ser a única maneira de o município sair da 
estagnação em que se encontra. 
 
 Escolher o nicho econômico ideal não é, também, tarefa fácil, a não ser 
quando a vocação do município esteja claramente identificada. O estudo de 
viabilidade requer uma visão ampla e profunda sobre todos os pontos básicos 
característicos do lugar e possíveis indicadores ou inibidores de uma 
potencialidade hipotética. Entre esses pontos, podemos enumerar: 
 
• Localização Geográfica – extensão, limites, topografia, clima, distância 
etc.; 
• Antecedentes Históricos – características da formação da cidade; 
• Aspectos Culturais – folclore, datas festivas, religiosidade etc.; 
• Características da população – rural ou urbana, número de habitantes, 
etnia, etc.; 
• Organização Social – classes sociais, educação, recreação, segurança 
etc.; 
• Características Políticas – lideranças, órgãos estatais existentes etc.; 
• Meios de Comunicação – ligações rodoviárias, ferroviária e aérea, 
telefonia, rádio, televisão etc.; 
• Estrutura Sanitária – Saneamento, Saúde, Abastecimento de água etc.; 
• Recursos Naturais – Flora, fauna, tipos de solo, recursos hídricos, 
riquezas mineiras etc.; 
• Atividades Agrícolas, Extrativista e Pecuária – Tipos de produção, 
pessoas ocupadas, especialidades locais, tamanho médio dos 
estabelecimentos agrícolas, comercialização etc.; 
• Atividades Comerciais e Industriais – Produtos, Artesanato local, pessoas 
ocupadas, formação de trabalho etc. 
 
 Por maior que seja a criatividade do Administrador, sabe-se das 
barreiras quase intransponíveis de aumentar a receita tributária em 
determinadas regiões do país. À guisa de ilustração, vamos examinar a 
situação do Município de Acauã, do Estado de Piauí, um dos inicialmente 
escolhidos para execução do Programa Fome Zero, do Governo Federal: 
 
MUNICIPIO ACAUÃ 
 32 
POPULAÇÃO 5.147 
RECEITA MUNICIPAL – IPTU 0,00 
NÚMERO DE IMÓVEIS URBANOS 256 
RECEITA MUNICIPAL – ISS R$ 7.479,63 
NÚMERO DE EMPRESAS ESTABELECIDAS 17 
RECEITA MUNICIPAL – TAXAS R$ 108,00 
RECEITA MUNICIPAL PRÓPRIA TOTAL R$ 7.587,63 
REPASSE DO ESTADO – CPM R$ 28.657,15 
REPASSE DA UNIÃO – FPM R$ 808.383,00 
Fonte: IBGE, dados de 1997. 
 
 Observa-se que Acauã, pelo menos até 1997, ano dos números acima, 
não cobrava o IPTU, embora existissem 256 imóveis urbanos. O reduzido valor 
do ISS deveria ter como origem alguns contribuintes profissionais autônomos 
estabelecidos na cidade. E a cobrança das taxas era praticamente inexistente. 
 
 Compreensível que em um município pobre, o Governo Municipal se 
abstenha de cobrar seus tributos, mas a partir de 2001, de acordo com a Lei de 
Responsabilidade Fiscal, passou a ser obrigatória a instituição e a efetiva 
arrecadação de todos os tributos de competência da prefeitura. A 
inobservância dessa determinação pode provocar o impedimento do município 
em receber transferências voluntárias de recursos. 
 
 Conforme dados de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional, a maioria 
dos municípios cobrava seus tributos: 
 
 PERCENTUAL DOS MUNICÍPIOS QUE COBRAM TRIBUTOS 
TRIBUTO PERCENTUAL 
IPTU 94% 
ISS 95% 
TAXAS 94% 
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 18% 
 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional 
 
 Os percentuais acima devem ser examinados com o devido cuidado. 
Muitas vezes existem leis que constituem a cobrança legal dos tributos, mas, 
em termos práticos, os lançamentos não são efetivados de forma ampla e 
extensiva a todos os contribuintes, ou por falhas administrativas internas, ou 
por omissão mesmo. 
 
 Outro método de abster-se de cobrar tributos é adotado com a prática 
generalizada de concessões de isenções ou outras modalidades de renúncia 
explícita de receita. O art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal considera 
como renúncia fiscal os institutos da anistia, remissão, subsídio, crédito 
presumido, isenção de caráter não geral, alteração de alíquota e modificação 
de base de cálculo que implique em redução de receita. Segundo a lei, 
qualquer proposta de renúncia deverá: 
 
 33 
a) estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no 
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios 
seguintes; 
b) atender a pelo menos uma das seguintes condições: 
 
- demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de 
receita da Lei Orçamentária Anual e que não afetará as metas de 
resultados fiscais previstas; 
- estar acompanhada de medidas de compensação no exercício 
em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios seguintes. 
 
 Caso seja necessária a adoção de medidas de compensação, a 
renúncia só entrará em vigor quando elas forem implementadas. 
 
 Cobrar tributos de uma população pobre é consideradatarefa árdua, 
penosa e, às vezes, nefasta na visão político partidária. Devemos, porém, 
discordar da generalização e analisar as seguintes questões, dentre outras: 
 
a) a concessão de isenção geral e irrestrita, além de ser considerada como 
renúncia fiscal, não estaria ferindo o princípio da isonomia, ou seja 
“instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em 
situação equivalente” (art. 150, II, da CF)? Uma isenção geral abrigaria 
sob o mesmo teto do benefício contribuintes desiguais; 
b) até que ponto o ato político de não cobrar impostos não teria forte 
conotação de paternalismo, com vistas a interesses outros? 
c) O contribuinte que recebeu o “favor político” de ser dispensado de pagar 
tributo, pode, por sua vez, reclamar da inexistência de serviços públicos 
em sua rua, em seu bairro, em sua cidade? Quem não paga imposto se 
sente em condições de exercer o seu direito de cidadania? 
d) Embora o IPTU não seja documento comprobatório de titularidade da 
propriedade, para milhares de famílias ele é o único documento que 
atesta a posse de um imóvel durante um determinado período de tempo. 
Em processos de usucapião, muitas famílias humildes somente 
conseguem comprovar a posse de suas casas mediante a apresentação 
das guias pagas do imposto. 
 
 
Fase B (maior receita = Repasse do Estado) 
 
 Na Fase B, o município já possui uma estrutura industrial ou comercial 
instalada, proporcionando um valor adicionado gerador de riqueza. Não é o 
caso, portanto, de procurar nichos de mercado, porque eles já existem. O 
Administrador passa, então, a orientar-se através de uma outra visão mais 
focalizada na estrutura interna da Prefeitura. E nesse ponto, ele começa a 
esmiuçar os componentes internos da base tributária existente. 
 
Analisando a “Produção”. 
 
 Se o Diretor de uma indústria recebe a incumbência de aumentar a 
produção de sua empresa, ele vai concentrar sua atenção na área fabril, na 
 34 
fábrica, pois é lá que os produtos nascem. Da mesma forma, se o 
Administrador Municipal pretende inicialmente ampliar o seu universo de 
contribuintes, a sua atenção deve concentrar-se no Cadastro, porque o 
Cadastro é a “Fábrica” da receita tributária. Sem fábrica a indústria não produz; 
sem cadastro a prefeitura não lança tributos. 
 
 Um cadastro tem que ser perfeito e completo, não importando o valor do 
investimento que a prefeitura tenha que fazer para torná-lo plenamente eficaz, 
porque o retorno do investimento realizado é imediato. Na Fazenda Pública, 
não é a Contabilidade o principal emissor de informações gerenciais para o 
Fisco; é o Cadastro. Muitas de suas valiosas informações são extra-contábeis, 
não identificadas em valores monetários. 
 
 O Cadastro Imobiliário, por exemplo, centro operacional de “produção” 
do IPTU, é a fonte geradora: 
� dos lançamentos do IPTU; 
� dos lançamentos do ITBI; 
� de identificação dos imóveis prediais industriais, comerciais e de 
prestação de serviços; 
� de identificação dos imóveis prediais residenciais; 
� de identificação de terrenos e lotes; 
� de informação sobre ocupações urbanas por bairro, distrito ou região; 
� de informação sobre totais de áreas construídas ou não, por bairro, 
distrito ou região; 
� de identificação de valores e volumes de transações imobiliárias no 
município. 
 
 O Cadastro Imobiliário é o instrumento mais útil no planejamento 
imobiliário da cidade, na elaboração do zoneamento urbano e no 
estabelecimento do Plano Diretor Municipal. 
 
 Já o Cadastro de Atividades Econômicas, ou, como é comumente 
conhecido, Cadastro Mobiliário, é o centro de informações de todas as 
atividades industriais, comerciais, prestadoras de serviços, filantrópicas, 
religiosas, recreativas etc. existentes no município. É a base de informações 
para a cobrança do ISS e de várias taxas relacionadas com a instalação e 
funcionamento de atividades econômicas ou abertas ao público. 
 
 Assim, a primeira medida, indispensável, para planejar a receita 
tributária municipal é o aprimoramento da base cadastral, sem o qual não se 
amplia a produção, ou não se obtém produtos de qualidade. Cadastro 
ineficiente deteriora a informação, e sem informações nunca saberemos onde 
estamos e onde pretendemos chegar. 
 
 Nos capítulos referentes aos tributos, discutiremos em pormenores a 
importância dos cadastros fazendários. 
 
Analisando a “Distribuição” 
 
 35 
 Em uma indústria não basta produzir sem que haja uma eficiente 
estrutura de distribuição dos produtos. De certo modo, o mesmo acontece em 
uma Fazenda Pública na área tributária. O resultado dos lançamentos, a 
notificação ao contribuinte da existência de uma dívida junto ao Poder 
Municipal, tem que chegar com rapidez e segurança no endereço certo e nas 
mãos da pessoa certa. Além disso, em formato adequado, ou seja, na 
“embalagem” certa. 
 
 Um dos maiores motivos dos municípios amontoarem créditos 
tributários é por não terem esses créditos alcançados os contribuintes 
certos, nos momentos certos e com informações certas. 
 
 Vários “cochilos” acontecem durante a distribuição das contas. Vamos 
citar alguns deles: 
 
 
• Atrasos na emissão de carnês. 
 
 Se, por exemplo, a primeira parcela do IPTU de um determinado 
exercício vence em janeiro, os carnês precisam chegar às mãos dos 
contribuintes na segunda quinzena do mês de dezembro do exercício anterior. 
Neste caso, a cobrança deve indicar claramente que os pagamentos somente 
poderão ser praticados a partir de 1º de janeiro em função do princípio do 
período orçamentário. E se os carnês têm que estar confeccionados em 
dezembro, seus preparativos devem iniciar lá pelo mês de setembro, 
dependendo do tamanho do município e da eficiência do seu cadastro. 
 
 
• Falhas na entrega de carnês. 
 
 Muitos municípios evitam a despesa de remessa de carnês, deixando-os 
à disposição dos contribuintes na sede da Prefeitura. Tal procedimento é 
comum entre os municípios da Fase A, enquanto a maioria pertencente à Fase 
B já envia os carnês diretamente aos contribuintes. Não resta dúvida que a 
remessa é mais eficaz, evitando trabalho e perda de tempo do contribuinte em 
ter de buscar na repartição a sua conta, mas alguns municípios que adotam a 
estratégia de entregar os carnês na repartição alegam que esta é a melhor 
forma de certeza de que as contas foram entregues, como também, o melhor 
sistema de corrigir informações cadastrais, além, é claro, da economia da 
despesa de remessa. Pode até funcionar em município pequeno, Fase A, 
desde que haja um sistema eficiente de comunicação, informando ao 
público que os seus carnês estão à disposição na prefeitura. Não bastaria, 
por exemplo, um simples aviso na portaria da prefeitura, se muitos imóveis 
urbanos pertencem a pessoas com atividades no campo, na área rural, às 
vezes atuantes em outras localidades. Em outras situações, o proprietário 
reside efetivamente em outro município. O aviso, portanto, tem que ser mais 
abrangente: nota no jornal da cidade (se houver), na entrada dos templos 
religiosos, no comércio, nas associações comunitárias, nas rádios locais, nos 
centros recreativos, enfim, em todos os pontos de concentração popular. Já a 
remessa direta, embora seja a melhor estratégia para os municípios da Fase B 
 36 
(e, logicamente, da Fase C), exige, de antemão, um cadastro perfeito, ou, pelo 
menos, próximo da perfeição. Um dos pontos a considerar na perfeição do 
cadastro, referindo-se ao IPTU, seria a distinção entre o endereço do imóvel e 
o endereço do destinatário. Remeter, por exemplo, um carnê para o endereço 
de um terreno baldio é extravio na certa. Imóvel alugado é outro problema: um 
cadastro perfeito informa também o endereço do proprietário, na verdade o 
responsável pelo imposto perante o município, não importando à Fazenda

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