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FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO: Modificações anátomofuncionais no envelhecimento normal Prof. Edson Rios D’Angelo ENVELHECIMENTO O envelhecimento é um processo biológico normal, dinâmico, progressivo, irreversível, complexo e heterogêneo. Se caracteriza pelo declínio gradual das atividades bioquímicas, morfológicas e funcionais, decorrentes da ação do tempo, acentuando-se após a fase reprodutiva e cessando com a morte. • Está associado com uma incidência mais elevada de comprometimento físico e incapacidade funcional. • Estilo de vida ativo e saudável: − Retardar as alterações anátomofuncionais ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL Uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança nas dimensões e composição corporais. • Redução da estatura • Inicia-se aos 40 anos; • 1 cm/década; • Diminuição dos arcos plantares; • Alteração nas curvaturas da coluna vertebral; • Diminuição do volume dos discos intervertebrais • Avaliação antropométrica • Estimar a altura ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL • Aumento do peso • Início por volta dos 45 a 50 anos; • 70 anos: estabiliza; • 80 anos: declina (multifatorial). • Há aumento de 20 a 30% da gordura corporal total • Abdômen e vísceras ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL • Aumento do diâmetro do crânio; • Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax e redução do diâmetro transverso; − “Tórax senil” • Redução dos discos intervertebrais; • Achatamento das vértebras; • Calcificação das cartilagens costais • Aumento do nariz e pavilhão auditivo. − Diminuição das fibras de colágeno e elastina que compõem a cartilagem (frouxidão da pele) POSTURA E MARCHA • Postura: − Aumento da curvatura cifótica da coluna torácica; − Diminuição da lordose lombar; − Aumento do ângulo de flexão do joelho; − Inclinação anterior do tronco. • Marcha − Diminuição do tamanho dos passos; − Marcha mais lenta • Estabilidade do corpo, diminuição na flexibilidade das articulações, alterações na propriocepção, mudança das capacidades sensório-motoras. − A projeção do tronco à frente • Instabilidade, provocando um balanço alterado do tronco no sentido ântero-posterior. − Aumento da base de apoio − Maior instabilidade Quedas SISTEMA TEGUMENTAR SISTEMA TEGUMENTAR Pele: invólucro que nos separa do meio externo, previne a perda de água, regula o equilíbrio hidroeletrolítico, controla a temperatura corporal e recebe os estímulos sensoriais de tato, pressão, temperatura e dor. • Seca e espessada • Diminuição das glândulas sebáceas, papilas dérmicas menos profundas. • Bolhas e lesões • Redução do número de melanócitos • 8 a 20% por década; • Menor fotoproteção; • Manchas senis • Reposição das células da epiderme mais lenta • Redução das células de Langerhans (reposta imunológica na pele) • Menor número de fibras elásticas e colágenas • Perda da resistência e formação de rugas • Diminuição da vascularização • Palidez; • Diminuição da temperatura da pele; • Dermatites SISTEMA TEGUMENTAR • Decréscimo da atividade enzimática dos fibroblastos • Cicatrização lenta • Diminuição da pró-vitamina D3 • Diminuição da absorção de cálcio • Osteoporose SISTEMA TEGUMENTAR • Pelos − Perda da pigmentação; • 50% em torno dos 50 anos − Diminuição do folículos pilosos; • Queda de cabelos, calvície − Redução em todo o corpo (exceto nariz, orelhas e sobrancelhas); − Hiperandrogenismo nas mulheres • Mento e buço − Os pelos do corpo são os primeiros a diminuírem, em seguida são os pubianos e axilares • Unhas − Frágeis, com perda de brilho, alteração de espessura e opacidade, diminui o crescimento e tornam-se quebradiças. REGULAÇÃO TÉRMICA O envelhecimento está associado à disfunção da regulação da temperatura corpórea e na habilidade para adaptação térmica. Esse fato relaciona-se: − À redução da gordura subcutânea e massa muscular; • Dificuldade na produção e conservação do calor − À quantidade de água corporal total menor que a do jovem (15 a 20% a menos); − À disfunção autonômica • A vasoconstrição reacional ao frio é mais lenta no idoso menor habilidade em se reter calor. − À redução da sensibilidade térmica da pele. Os idosos podem apresentar infecções sem resposta febril, sendo a ausência desta um sinal de mau prognóstico. Podem apresentar delirium na ocorrência de elevação de temperatura. SISTEMA CARDIOVASCULAR SISTEMA CARDIOVASCULAR • Estrutura cardíaca: − Aumento da massa muscular cardíaca • 1g/ano nos homens • 1,5g/ano nas mulheres • Hipertrofia causada pelo aumento das pós-carga − Hipertrofia do ventrículo esquerdo; • Aumento da pressão arterial dependente da idade − Diminuição dos miócitos e aumento no número e na espessura das fibras colágenas presentes no miocárdio; • Redução da complacência. − Aumento da taxa de gordura epicárdica − Moderada degeneração muscular com substituição das células miocárdicas por tecido fibroso; − Anormalidades na condução o que aumenta a possibilidade de arritmias SISTEMA CARDIOVASCULAR • Estrutura arterial − Aumento da rigidez das paredes arteriais • Diminuição da elastina e aumento do colágeno • Calcificação da túnica média • Aumento da resistência vascular periférica SISTEMA CARDIOVASCULAR • Artérias enrijecidas e tortuosas; • Peso do coração aumenta; • Hipertrofia ventricular; • Válvulas aórtica e mitral degeneradas; • Estenose e insuficiência valvar; • Redução da capacidade funcional; • Aumento da pressão sistólica. SISTEMA RESPIRATÓRIO SISTEMA RESPIRATÓRIO • Parâmetros estruturais e funcionais: − Diminuição da capacidade respiratória máxima; − Aumento do tecido fibroso • Perda de elasticidade pulmonar • Diminuição complacência da parede torácica; • Aumento da complacência alveolar, colapso de vias aéreas menores e represamento de ar − O tórax se torna enrijecido • Calcificação das cartilagens costais • Cifose dorsal • Maior esforço respiratório − Diminuição de força e resistência da musculatura respiratória; • Sarcopenia • Diminuição da ventilação • Diminuição da efetividade da tosse − Colapso de vias aéreas menores • Desigualdade de ventilação e perfusão SISTEMA RESPIRATÓRIO − Diminuição da troca gasosa; − A capacidade vital pode chegar a diminuir, enquanto o volume residual aumenta em torno de 50%; • Inadequada oxigenação do sangue − Declínio da pressão parcial de O2; • 0,3-0,4 mmHg/ano; − Diminuição da elasticidade alveolar; − Produção de surfactante diminuída; SISTEMA GASTROINTESTINAL E NUTRIÇÃO SISTEMA GASTROINTESTINAL E NUTRIÇÃO • Redução do olfato e paladar − Diminuição das papilas gustativas e terminações nervosas gustativas e olfativas − Anorexia desinteresse pela alimentação carências nutricionais • Redução do metabolismo basal 100 Kcal/década − Redução da massa magra e da atividade física • Mecanismos reguladores da sede, fome e saciedade deficitários • Alterações na capacidade mastigatória − Cárie e doenças periodontais − Edentulismo − Uso de próteses dentárias • Mastigação75 a 85% menos eficiente quando comparados aqueles que tem dentes naturais • Redução do consumo de frutas, vegetais e carnes • Aumento da necessidade proteica − Baixa síntese e ingestão • Xerostomia − 70% dos idosos − Redução das células das glândulas salivares − Uso de medicamentos SISTEMA GASTROINTESTINAL E NUTRIÇÃO • Esôfago − Diminuição das contrações e das ondas peristálticas após a deglutição do alimento • Disfagia • Estômago: − Atrofia da mucosa gástrica • Redução da absorção da vitamina D − Redução da acidez gástrica • Ácido clorídrico e pespsina digestão dos alimentos • Baixa de B12, Ferro, cálcio, ácido fólico e zinco − Esvaziamento gástrico mais lento • Intestino: − Atrofia na mucosa e no revestimento muscular • Deficiência na absorção de nutrientes; • Constipação • Deficiência na utilização da vitamina B6 • Aumento da toxicidade de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K SISTEMA GASTROINTESTINAL E NUTRIÇÃO • Mucosa vulnerável a agentes infecciosos; • Diminuição de células secretoras; • Motilidade comprometida; • Fígado diminuído; • Pouco fluxo biliar; • Aparecimento de divertículos. SISTEMA NEUROLÓGICO SISTEMA NEUROLÓGICO • Ocorre: − Diminuição do volume cerebral; • 2 a 3% por década depois dos 50 anos, − Diminuição do peso cerebral; • 8% comparado ao peso máximo quando adulto. − Redução das circunvoluções e ampliação dos sulcos cerebrais − Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral − Perda neuronal limitada a algumas áreas − Aumento do número de células gliais em resposta ao dano neuronal (gliose) • Resposta compensatória protegendo a função neuronal e a plasticidade. − Perda dos axônios e redução da mielina que cobre esses axônios SISTEMA NEUROLÓGICO − Em algumas pessoas, o número de dendritos diminui • Alteração nas sinapses, na neurotransmissão e na comunicação do sistema nervoso • Quadros demenciais • Plasticidade cerebral: reação de manutenção da função cerebral. − As células do corno anterior da medula diminuem e ocorre redução da mielina nos nervos sensoriais • Perda da sensação vibratória, tátil e nociceptiva; • Prejuízo à reatividade pupilar; • Alteração da regulação da temperatura corporal; • Alteração no controle vascular cardíaco e periférico; • Cognição: pode sofrer certa deterioração (velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e problemas com a memória recente). − Alteração na ação dos neurotransmissores SISTEMA SENSORIAL SISTEMA SENSORIAL • Paladar e Olfato − Cheiro e o gosto: preparam o organismo para a digestão, estimulando secreções salivares, gástricas, pancreáticas e intestinais. − Transtornos do paladar e anosmia (incapacidade de perceber odores); • Há elevações dos limiares para gosto e cheiro; • Diminuição da capacidade discriminatória e sensações distorcidas. • Audição: − Presbiacusia: perda auditiva relacionada com a idade • Comumente o déficit começa para as altas frequências, progredindo para as médias e baixas com a evolução da perda. • Visão − Presbiopia: perda da elasticidade da cápsula do cristalino • Dificuldade no ajuste refrativo para enxergar alvos. − Catarata, glaucoma, retinopatia diabética, degeneração macular DEGENERAÇÃO MACULAR RETINOPATIA DIABÉTICA CATARATA GLAUCOMA SISTEMA SENSORIAL • Tato − Reduções nas sensações de dor, vibração, frio, calor, pressão e toque; − Parte dessas alterações deve-se a deficiências microcirculatórias nos receptores periféricos, na medula espinal ou no córtex cerebral; • Perda da sensibilidade às alterações de temperatura: − Hipotermia e queimaduras. • A redução das sensibilidades ao toque, à pressão e à vibração: − Aumenta a possibilidade de ocorrerem lesões de pele, como as úlceras de decúbito. • A perda das aferências proprioceptivas: − Dificulta a percepção da posição dos membros em relação ao chão; − Quedas e úlceras em extremidades inferiores (como nos pés diabéticos). SISTEMA RENAL SISTEMA RENAL • A função renal diminui progressivamente, chegando a sua metade aos 85 anos • O peso e volume renal diminuem − Entre 30 e 90 anos: 20% a 30% − 250-270 g no adulto − 180-200 g no idoso • O número de glomérulos diminui em 30 a 50% • Diminuição do número de néfrons; • Diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do sódio − Mudança no padrão do ritmo urinário • Eliminar de água e eletrólitos mais a noite que durante o dia − Hiponatremia e hipopotassemia (principalmente sob uso de diuréticos) • Lentificação da excreção de metabólitos − Excreção de muitos medicamentos ocorre principalmente no rim SISTEMA RENAL • Diminuição do ritmo de filtração glomerular em cerca de 70% • Aumento da ureia no sangue (uremia) − Indicativo de que os rins podem não estar fazendo de forma efetiva a filtração do sangue (diminuição do fluxo plasmático renal) SISTEMA GENITURINÁRIO SISTEMA GENITURINÁRIO • Bexiga: − Fibrose • Diminuição da elasticidade − Diminuição da inervação autonômica • Menor capacidade de retenção da urina • Menor habilidade de adiar a micção • Menor contratilidade • Esvaziamento incompleto Maior resíduo pós-miccional • Aumento da ocorrência de contrações involuntárias − Maior risco de ITU e IU • Uretra: − Maior deposição de colágeno − Menor resistência ao fluxo miccional; − Menor pressão de fechamento uretral; − Maior risco de ITU e IU SISTEMA GENITURINÁRIO • Próstata − Hiperplasia − Irritação de receptores adrenérgicos − Pode ocorrer obstrução do fluxo de urina − Maior risco: ITU, IU e retenção urinária • Vagina − Atrofia do epitélio − Redução da lubrificação − Maior risco: dispaurenia, uretrite atrófica, aumento da frequência urinária, urgência miccional • Assoalho pélvico − Maior deposição de colágeno − Aumento do tecido conjuntivo − Fraqueza da musculatura − Maior risco: IUE SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR • Ossos − Pico de massa óssea: 30 e 40 anos; − Redução da massa óssea: osteopenia • Mulheres: 1% ao ano; • Homens: 0,3% ao ano. − Desequilíbrio do processo de remodelação óssea • Osteoblastos X Osteoclastos • Fraturas − Deficiências alimentares, redução da exposição ao sol, falta de exercício físico, menopausa e outras alterações naturais do organismo − Reverter: prática regular de atividade física, em associação com uma alimentação balanceada e rica em vitamina D e cálcio. • Consequências: − Risco aumentado de osteoporose e fraturas SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR • Musculatura − Redução da massa muscular e consequentemente da força muscular • 40% MMII; • 30% MMSS. − Número e tamanho das fibras musculares declina − A força muscular é máxima por volta dos 25 a 30 anos. A partir daí, há um declínio constante e universal; − Sarcopenia • Imobilidade, desempenho físico limitados e quedas • Morbidez, dependência de terceiros, institucionalização e mortalidade − Substituição da massa muscular magra por gordura e tecido conjuntivo • Consequências: − Fraqueza muscular, lentidão dos movimentos, fadiga precoce, limitações funcionais, diminuição da ADM, encurtamentos musculares. SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR • Articulações, ligamentos e tendões − Redução de água nos tendões e ligamentos; • Rigidez; • Redução da ADM articular − Calcificação e ossificaçãode ligamentos − As articulações perdem a resistência elástica e a capacidade resistir à deformação; − Diminuição do líquido sinovial; − Afinamento do tecido cartilaginoso. • Consequências: − Dor, rigidez e redução da ADM articular SISTEMA IMUNOLÓGICO SISTEMA IMUNOLÓGICO • Imunidade celular − Involução anatômica e funcional do timo; − Redução na produção de citotoxinas IL-2 (essencial na proliferação e diferenciação dos linfócitos T) e IL-10; • Redução de 20 a 30% dos linfócitos T circulantes − Declínio na reação de hipersensibilidade tipo tardia − Declínio na citotoxicidade e na resposta proliferativa • Imunidade humoral − Aumento na produção de auto-anticorpos; − Menor produção de anticorpos contra antígenos específico • IgA e IgG, IgM − Menor capacidade de neutralização dos anticorpos − Maior latência na resposta anticórpica • Riscos: − Infecção, Autoimunidade, Neoplasia CICLO SONO-VIGÍLIA CICLO SONO-VIGÍLIA • Queixas: − Insônia − Sonolência diurna; − Despertares durante a noite; − Sono pouco reparador; − Ronco
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