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Trabalho de Conclusao de Curso

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UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Ellen Moreira B89FAH-0
Jéssica Cristina Ribeiro B7090E-6
Marília Santana Franco B7166E-6
Samara Souza Victor T343AC-7
A MATERNIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: O IMPACTO PSICOLÓGICO DAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
Goiânia
2017
UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
Ellen Moreira B89FAH-0
Jéssica Cristina Ribeiro B7090E-6
Marília Santana Franco B7166E-6
Samara Souza Victor T343AC-7
A MATERNIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: O IMPACTO PSICOLÓGICO DAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
Trabalho apresentado ao curso de
Psicologia da Universidade Paulista Unip, como requisito para a apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), com a orientação da Professora DR. Anna Rogéria.
Goiânia
2017
Dedicamos este trabalho a todos, que de alguma forma contribuíram. Entre os tantos colaboradores estão nossos Familiares, amigos e também aos nossos professores pela tolerância nos momentos de crise de nossa vida acadêmica.
Agradecemos primeiramente a Deus que nos permitiu a chegada ate aqui.
Agradecemos á todos os nossos professores que nos acompanharam na vida acadêmica, e também aqueles que ainda acompanham, pois não teria sido possível sem vocês.
Agradecemos a nossa orientadora, professora Anna Rogéria pelas orientações recebidas que certamente nortearam nosso trabalho para que pudéssemos conclui-lo com bom êxito.
Agradecemos em especial nossos familiares pela compreensão do nosso mau humor, correria e falta de tempo.
Agradecemos também aos amigos e colegas que fizemos ao longo destes cinco anos, pois com a companhia deles a caminhada se tornou mais fácil.
Sumário
Introdução........................................................................................ 7
Historia da Maternidade.......................................................... 8
A maternidade na Idade Media.......................................... 8
A Maternidade no Mundo Contemporâneo.................... 12
A família Monoparental Feminina Mae e Filho............... 14 
A maternidade na visão Psicanalítica.................................. 15
A maternidade e a psicanalise de Freud........................ 15
A diferença entre maternidade para Freud e Lacan...... 22
Técnicas de Reprodução Assistida...................................... 26
Tipos de técnicas de Reprodução Assistida................... 26
Definição das técnicas de reprodução assistida............ 26
Impactos intrapsíquicos.................................................... 31
Razoes para fazer Técnica de reprodução assistida e casos clínicos........................................................................................... 33
Por que fazer uma técnica de reprodução assistida..... 33
Relato clinico: Entrevista com Patrícia Alkolombre........ 34
Objetivos................................................................................... 38
Objetivo Geral.................................................................. 38
Objetivos específicos....................................................... 38
Justificativa................................................................................ 38
Métodos..................................................................................... 40
Sujeitos............................................................................. 40
Resultados................................................................................. 40
Discussão.................................................................................. 41
Conclusão...................................................................................... 39
Referencias bibliográficas.............................................................. 44
Resumo
Ao longo dos séculos a mulher sempre foi guerreira de sua própria historia o assunto discutido neste trabalho não poderia deixar de ser outro que não fosse o tema mulher aqui discutimos a maternidade em seus diversos aspectos. O significado de ser mãe e a vontade superando a tradição. Discutimos aqui o ser mãe, a relação entre mãe e filho.
Atualmente, com o avanço das tecnologias reprodutivas e as novas configurações familiares, observa-se o desenvolvimento de novas possibilidades de maternidade que questionam os vínculos biológicos e os papéis de gênero nos cuidados ao filho. A reflexão sobre a construção social da maternidade ao longo do tempo pode favorecer a discussão sobre as demandas das novas configurações familiares e seus impactos intrapsíquicos na vida destes filhos.
Summary
Throughout the centuries the woman has always been a warrior of her own history the subject discussed in this work could not but be other than the theme woman here we discussed maternity in its various aspects. The meaning of being a mother and the will overcoming tradition. We discuss here being the mother, the relationship between mother and child.
Nowadays, with the advancement of reproductive technologies and the new family configurations, the development of new possibilities of maternity that question the biological ties and the gender roles in the care of the child is observed. The reflection on the social construction of motherhood over time may favor the discussion about the demands of the new family configurations and their intrapsychic impacts on the lives of these children.
Introdução
O principal foco da pesquisa foi o estudo da maternidade no mundo contemporâneo sem que esta mulher necessitasse de um parceiro para efetivação. Foram investigadas as vicissitudes que envolvem a maternidade na utilização de técnicas de fertilização assistida, a partir da perspectiva psicanalítica. 
A maternidade tem como pano de fundo a dinâmica da sociedade num certo momento historicamente determinado. Inscreve-se, deste modo, em padrões de cultura nos quais concepções como “infância”, “qualidade de vida”, “direitos e deveres dos cidadãos” têm uma importância primordial (Isabel Leal, 1990). O estilo de maternidade é uma expressão da cultura e engloba um sistema de valores relacionados com o que é a mulher e, também com o que é o filho; as atitudes para com ela variam de acordo com as classes sociais. (S. Kitzinger, 1978).
As técnicas de reprodução humana podem oferecem a maternidade tanto às mulheres estéreis, quanto àquelas que já atingiram a menopausa, mulheres lésbicas e, mesmo, a chance de maternidade às mulheres virgens. 
A quebra da tradição histórica e social da maternidade ao se separar a reprodução da sexualidade e ainda, a desvinculação da maternidade dos limites e imposições traçados pela tradição e biologia humana, houve a revalorização da maternidade enquanto vocação do feminino. 
Além disso, a ciência possibilita intervir nas características genéticas e na escolha do sexo dos filhos, fato que põe em primeira ordem o desejo e preferências da futura mãe.
O desejo de ter filhos está ligado à sexualidade e seus desdobramentos, datando da primeira infância e tendo sua origem na relação primária da mãe com seus filhos de ambos os sexos (RIBEIRO, 2004).
A maternidade é um momento intenso para as mulheres, em que há uma alteração na dinâmica psíquica da gestante visto alterações biológicas, somático, psicológico e social, características do período. Pode ser vista como um período de crise por onde perpassam pontos conflitivos decisórios, de crescimento emocional, que podem determinar o estado de saúde ou de doença mental da mulher e da família que a vivencia. A maternidade mostra-se associada às matrizes vinculares da mulher e à alteração significativa com os padrões interacionais junto à família de origem (MALDONADO, 1992; PICCININI et al., 2008).
No que tange à revivescências infantis, o períododa concepção e o consequente desenvolvimento dos filhos remetem a mulher e o homem a reviver suas próprias histórias como filhos, ou seja, perpassam momentos conscientes e inconscientes do eixo relacional os quais vivenciaram com seus pais. Isso geralmente leva a uma nova definição de papéis trazendo à tona, muitas vezes, conflitos antigos de relacionamento (FERRARI, PICCININI, LOPES, 2006).
Quando uma mulher se torna mãe ela revive a situação de deixar de ser
 Somente filha para agora ser filha e mãe. Nesse sentido, a mulher passa por uma dupla identificação a nível consciente e inconsciente, ou seja, “fazem uma revisão do modelo parental e do processo educacional ao qual foram submetidos e, além disso, identificam-se com o bebê, gestando expectativas e anseios com relação ao próprio papel de pais e as características da criança” (MALDONADO, 1992, p. 208).
História da maternidade
A maternidade na idade media
Na idade media as famílias eram constituídas a partir dos interesses econômicos excluindo qualquer tipo de relação afetiva entre os cônjuges e entre estes e os filhos. Os casamentos eram arranjados e visavam à manutenção dos bens familiares. Neste cenário, as mulheres e as crianças figuravam igualmente como pessoas de pouca importância, que se subordinavam ao marido/pai. Nenhum valor especial era atribuído à maternidade e tampouco aos bebês. A maternagem não era exercida pelas mães, que a delegava às camponesas pobres. Os bebês eram alimentados pelas amas-de-leite e permaneciam sob os cuidados de terceiros até atingirem cerca de oito anos de idade. Após essa idade as crianças eram integradas às atividades domésticas cooperando como força de trabalho e sendo consideradas adultas em miniatura (Ariès, 1981).
A ausência da maternagem pela mãe e a falta de cuidados especiais colaboravam para as altas taxas de mortalidade dos nascidos vivos naquela época. A justificativa para a negligência das mães era que o bebê não merecia tamanha atenção, uma vez que, por ser frágil, teria poucas chances de sobrevivência (Ariès, 1981). Também na Idade Média era comum o infanticídio e a prática do abandono da criança à própria sorte como forma de limitar o número de filhos.
Durante o século XVII, período denominado de Idade Média, o sentimento de família e de infância praticamente não existia (ARIÉS 1981). Neste período prevalecia uma cultura Patriarcal, no qual defendia a superioridade masculina, sendo que a mulher ocuparia uma posição inferiorizada equiparando a uma criança, sendo-lhe atribuída pouca ou nenhuma importância. Durante este período assim que as crianças podiam prescindir dos cuidados maternos ou das amas, passavam á condição de adultos, misturando-se a eles em suas atividades. Os casamentos eram por contrato baseando-se em interesses econômicos e alianças políticas, não havendo qualquer manifestação de afetividade entre os casais, ou mesmo entre pais e filhos, o amor conjugal assim como o amor entre a família não era necessário, o importante era ter o poder, o que era obtido através das posses. Fatos estes que para Moura e Araújo (2004) contribuíram para o alto índice de mortalidade infantil neste período, onde a falta de apego das mães em relação aos filhos era justificada pelo pouco tempo de contato que estabeleciam, uma vez que devido ás más condições de sobrevivência o tempo de vida das crianças era curto, poucas crianças chegavam á idade adulta.
Badinter (1985, p. 87), contudo, examinando a justificativa corrente ao desinteresse materno até o século XVIII, qual seja a elevada mortalidade infantil no período (da ordem de 25% dos nascidos vivos) que não permitiria à mulher apegar-se a uma criatura com tão poucas possibilidades de sobrevivência, inverte essa afirmativa, questionando se não seria justamente a falta de apego das mulheres a seus filhos que determinaria a alta mortalidade.
Ariés (1981) informa-nos que, já a partir do século XVII, algumas transformações indicam a emergência de um novo sentimento familiar associado à valorização da infância. Somente no último terço do século XVIII sua disseminação é mais evidente. O foco ideológico desloca-se progressivamente da autoridade paterna ao amor materno, pois a nova ordem econômica que passa a vigorar com a ascensão da burguesia enquanto classe social impunha como imperativo, entre outros, a sobrevivência das crianças.
Após 1760, inúmeras publicações passaram a exaltar o “amor materno” como um valor ao mesmo tempo natural e social, favorável à espécie e à sociedade, incentivando a mulher a assumir diretamente os cuidados com a prole. Dessa forma, em defesa da criança dois diferentes discursos confluíram para modificar a atitude da mulher perante os filhos: (1) um discurso econômico, apoiado em estudos demográficos, que demonstrava a importância do numerário populacional para um país e alertava quanto aos perigos (e prejuízos) decorrentes de um suposto declínio populacional em toda a Europa e (2) uma nova filosofia – o liberalismo – que se aliava ao discurso econômico, favorecendo ideais de liberdade, igualdade e felicidade individual (Badinter, 1985).
Esse cuidado da mulher com os filhos não se restringiria apenas ao atendimento das necessidades básicas do bebê, mas também a uma disponibilidade psíquica, a qual passa a ser denominada maternagem (Winnicott,2000).
Nesse período, tem início uma alteração na imagem da mulher como mãe. A maternagem passa a ser extremamente valorizada e os cuidados relativos a essa atividade passam a ser exclusivos da mãe. Ela é quem deve cuidar e amamentar os filhos (Correia, 1998). 
Nas classes favorecidas, a mulher passou a assumir, além da função nutrícia, a de educadora e, muitas vezes, a de professora. À medida, porém, que as responsabilidades aumentaram, cresceu também a valorização do devotamento e do sacrifício feminino em prol dos filhos e da família, que novamente surgiram no discurso médico e filosófico como inerentes à natureza da mulher.
No Brasil, assim como na Europa, o desenvolvimento da organização e dos sentimentos presentes na família moderna, incluindo aqueles relacionados à maternidade e aos cuidados maternos, foi marcado pelas intensas modificações ocorridas pela ascensão burguesa no final do século XVIII, embora aqui revestidas de características específicas à condição de país/colônia que se vê subitamente elevado à sede do governo português.
Entre as principais características da família colonial, encontrava-se a valorização do poder paterno. A mulher e os filhos, assim como os demais membros da parentela, interessavam apenas enquanto elementos a serviço do patriarca, e viam na figura do homem não só o protetor, como o patrão, uma vez que a casa colonial funcionava como pequena unidade de produção, dependendo minimamente de outras instâncias para organizar a satisfação de suas necessidades de consumo. 
“A higienização das cidades, estratégia do Estado moderno, esbarrava frequentemente nos hábitos e condutas que repetiam a tradição familiar e levavam os indivíduos a não se subordinarem aos objetivos do governo. A reconversão das famílias ao Estado pela higiene tornou-se uma tarefa urgente dos médicos. (...). No curso do Segundo Império, sobretudo, a medicina social vai dirigir se à família ‘burguesa’ citadina, procurando modificar a conduta física, intelectual, moral, sexual e social dos seus membros com vistas à sua adaptação ao sistema econômico e político” (Costa, 1987, p.30-33).
Segundo o mesmo autor, no Brasil, o processo de “estatização dos indivíduos” teve sobre a mulher um efeito específico: sua redução à figura da “mãe higiênica”. Essa nova condição, contudo, só foi possível através da aliança da família com o poder médico.
Entre os séculos XVII e XIX, com o desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, instaura-se a divisão entre esferas públicas e privadas. Cabia ao estado administrar as relações de produção e à família as condições de sobrevivência. Deste modo, a criança, até então criada em comunidade, passa a ser responsabilidade dos pais.Ao mesmo tempo, consolida-se a diferenciação de papéis sociais. Ao homem caberia o sustento da casa, enquanto à mulher os cuidados da família (Scavone, 2001).
A valorização da vida familiar contribui para que tenha início o desenvolvimento da vida privada também. As casas passam a ser dividas por cômodos e ocorre a maior proximidade entre os membros familiares. Os vínculos tornam-se mais afetivos e os casamentos arranjados perdem espaço (Ariès, 1981). 
Dentro desse contexto, evidencia-se uma pressão social para que as mulheres se tornassem mães. Isto desencadeou nas mulheres que não tinham o desejo da maternidade a sensação de inadequação social (Correia, 1998) ou culpa por não terem condições de dedicarem-se única e exclusivamente à maternagem devido à chamada jornada dupla de trabalho (no lar e fora do lar) (Moura 2004).
O séc. XIX é, consequentemente, um importante marco na origem de uma «nova mulher»: educadora, mãe, criadora da sociedade futura. Passou a esperar-se uma quase omnipotência por parte da mulher. Cria-se assim à mulher a obrigação de, antes de tudo o mais, ser mãe. Segundo Badinter (1980) este é o início do mito que, ainda hoje, quase duzentos anos mais tarde, continua vivo – o do amor maternal enquanto amor espontâneo.
1.2 A maternidade no mundo contemporâneo
A grande responsabilidade posta na mulher relativamente ao desenvolvimento da criança era acompanhada de uma dinâmica familiar em que a mulher era subordinada ao marido. É nos anos 60 que nasce um movimento feminista que se estende pelo mundo ocidental. Surge um novo discurso feminino – destrói-se assim o mito da passividade da mulher, das suas características masoquistas; morre a teoria da mãe espontaneamente dedicada e sacrificada. As mulheres começam a recusar a maternidade como a única razão para a sua felicidade e realização; começam a exigir aos homens a partilha dos encargos da maternidade e da educação. A maternidade deixa de ser a primeira e única preocupação da mulher; a par dela vêm outros ideais.
Na década de 80, as representações de maternidade/paternidade deixam de ser percebidas como auto evidentes e passam a ser vistas como situações sujeitas à elaboração e discussão pelo casal. Esse processo exige forte investimento emocional do homem e da mulher, que devem buscar uma “nova maternidade” e uma “nova paternidade” correspondente.
As recentes possibilidades de formação familiar demandam olhares que não se resumam às cristalizações teóricas do pensamento sobre a constituição da sociedade, bem como que escapem de leituras psicologizantes, cujo foco recaia na psicopatologização dos vínculos e seus efeitos na subjetividade dos membros da família. Portanto, interrogamos a pluralidade das formações familiares, enfatizando as implicações subjetivas e sociais das RA na formação de famílias com mãe e filho sem a participação da conjugalidade e da parceria erótico-amorosa. 
No Brasil, a partir da Constituição de 1988, o casamento civil tornou-se dispensável para o reconhecimento dos laços familiares. A união conjugal formal é cada vez mais rara, “caindo de mais de um milhão em 1986 para um patamar de 750 mil nos anos 90, em termos de Brasil” (Data folha, 1998). Também se percebe o crescente aumento da diversidade de modelos de família (Lins; Bezerra de Menezes, 1995), bem como a busca de mulheres solteiras pela RA (Kahn, 2003). A atualidade exigem mudanças de perspectiva no que tange às dinâmicas familiares, bem como em relação às suas implicações na construção subjetiva de seus membros.
A emancipação da mulher em relação ao domínio masculino foi acompanhada pela medicalização da fertilidade e da procriação. Com efeito, tornou se possível não somente ter prazer sem gerar filhos (Mansur, 2003a; 2003b), bem como ter filhos sem prazer (Brandão, 2003).
A maternidade moderna passou a ser uma questão de escolha, apoiada na liberdade que a ciência ofereceu à mulher. A representação da maternidade como projeto contribuiu para a maior penetração dos valores individualistas no interior da família na medida em que passou a ser compreendida como uma decisão racionalizada e planejada segundo as circunstâncias (Szapiro; Féres-Carneiro, 2002).
Por conta de tais mudanças, muitas mulheres passaram a optar por ter filhos em idade mais avançada, acreditando que podem decidir o momento exato da procriação (Ribeiro, 2004).
A infertilidade, passível de ser contornada mediante o uso das tecnologias de reprodução assistida, ultrapassa sua definição inicial e estende-se a outras situações em que a dificuldade reprodutiva não necessariamente ocorre devido a um impedimento da função orgânico-corporal, mas como possibilidade de concretizar o sonho da maternidade (Ramírez–Galvéz, 2003).
Borlot e Trindade (2004) afirmam que o projeto de ter filhos e de constituir família é ainda extremamente valorizado na sociedade atual. A possibilidade de uma mulher ser mãe sem a participação de um parceiro/companheiro/marido tornou-se viável a partir da RA, constituindo uma via de efetivação do seu desejo de maternidade. Os novos papéis que a mulher tem conquistado na sociedade contemporânea e as mudanças socioculturais em relação aos arranjos familiares passaram a incluir a maternidade como uma decisão racional e sem a mediação de um parceiro, sendo efetivada por meio da intervenção da tecnologia biomédica (Martin, 2006).
Para F. Dolto (1981) o sentimento materno, por mais atento e amoroso que seja só é vivificante para a criança quando coexiste na sua mãe com sentimentos conjugais e com interesses culturais e sociais; em sua opinião isto só é possível numa mulher tornada adulta no plano narcísico.
1.3 A família monoparental feminina Mãe e filho
De acordo com Woortmann e Woortmann (2002): desde um ponto de vista conceitual, a noção de monoparentalidade se ajusta melhor a grupo doméstico que a família, mesmo porque a expressão ‘parental’ se refere à relação de filiação e não de conjugalidade. Por outro lado, quando aplicada à chamada díade materna, ela se refere como dito acima, mais a momentos conjunturais que a tipos de família. Contudo, um dos desenvolvimentos recentes nas relações de gênero em camadas médias é o que diz respeito a mulheres que desejam ter filhos, mas não maridos, ou companheiros residentes. Monoparentalidade, pois, tem significados distintos em diferentes contextos (p. 94).
Chatel (1995) destaca que a fertilidade humana não se reduz a um fenômeno biofisiológico, ou seja, a um encontro anônimo de gametas. A fertilidade é o resultado de um conjunto sobre determinado de elementos, que se apoiam no real do corpo, mas que implicam em registros diferenciados. Fenômenos de natureza universal inscrevem-se na especificidade da historia individual como precipitado de significantes inconscientes, de acontecimentos simbólicos e de elementos imaginários e reais que caracterizam a unicidade e as verdades subjetivas. O aspecto mágico da concepção condensa o caráter contingente e acidental de uma conjunção entre os sexos, que é um encontro entre um homem e uma mulher, cada qual com sua historia particular.
A crença na ideia da maternidade como decisão racional ou como opção produziu, como efeito na subjetividade, o recalcamento da dimensão simbólica da procriação em favor de explicações biológicas que asseguram, nos discursos, a certeza de que a gravidez é algo perfeitamente racional. Tal mutação parece recair principalmente sobre as mulheres: a decisão e a iniciativa de recorrer à RA parte, geralmente, da mulher, movida pela urgência e pela ansiedade de preencher um desejo que falta e que não suporta a espera. Hoje, muitas mulheres sem companheiros têm realizado seu desejo de ter um filho com a ajuda da medicina (Corrêa, 1997; 2001; Kahn, 2003).
Tubert (1996) acrescenta que não é a gravidez em si mesma que produz uma criança, mas é a criança real que ocasiona, imaginariamente, o desejado estado de gestação da mãe. Com efeito, é a maternidade simbólica que torna possível a concepção de um filho.
A maternidade na visão psicanalítica2.1 Maternidade e a psicanalise de Freud
O Falo
Uma das teorias centrais da psicanálise é a teoria da libido, sendo esta, caracterizada como a energia que nos move em busca de um objeto que proporcione a satisfação das pulsões sexuais. Ao publicar o livro três ensaios sobre a teoria da sexualidade em 1905, Freud acarretou uma grande polêmica, pois introduziu o conceito de pulsão e a existência da sexualidade na infância, sendo esta uma teoria inovadora para a época, ocasionando diversas opiniões, a maioria delas negativas e gerando uma enorme repercussão, pois modificava a imagem da criança como pura e ingênua para uma criança com pulsões sexuais.
A partir deste conceito, Freud propôs as fases do desenvolvimento da organização sexual da criança, a primeira fase nomeada como fase oral, logo após a fase anal, fase fálica e pôr fim a latência, estas fases ocorrem de formas simultâneas. A primeira fase é a oral, que se dá a partir da primeira relação estabelecida pela criança com o seio materno, onde o leite materno é considerado o objeto de satisfação de suas pulsões. A criança nesta fase ainda não tem conhecimento que o seio é um objeto externo acredita ser parte delas mesmas. Em seguida, a criança passa pela fase anal, nesta fase o ânus é considerada uma zona de satisfação, onde a criança descobre que tem o controle de reter ou eliminar o objeto, ou seja, as fezes. Até estas duas fases não há diferenciação entre meninos e meninas, ambos buscam satisfazer a libido.
Freud havia uma teoria, onde a princípio falava sobre a universalização do pênis, porém a partir da fase fálica reformulou a teoria e nomeou um conceito chamado, primado do falo, tendo como significado, organizador da sexualidade. A reformulação da teoria se deu porque até então, Freud não tinha considerado o papel feminino em sua teoria e para compreender o feminino é importante ressaltar este conceito. A primazia do falo pode ser compreendida de duas formas, como ausência nas meninas e presença nos meninos.
É a partir da fase fálica que surgem grandes mudanças quanto para as meninas quanto para os meninos, onde a atenção de ambos se volta para os órgãos genitais, e até então, estes ainda desconhecem as diferenças anatômicas entre os sexos, e segundo Freud, atribuem o pênis a todas as pessoas.
“(fase fálica) consiste no fato de, para ambos os sexos, entrar em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o masculino. O que está presente, portanto, não é a primazia dos órgãos genitais, mas uma primazia do falo (Freud, 1973, [1962], p. 114)”
...........
Ao descobrirem que não são iguais e que existe uma diferença entre eles, criam-se várias teorias sexuais com relação às diferenças, surgindo hipóteses diferentes entre as meninas e os meninos. Assim a libido do menino se volta para o pênis e a da menina para o clitóris, onde ela acredita que é um pênis invertido e que irá crescer em algum momento, se tornando igual do menino, hipótese esta caracterizada por Freud como complexo de masculinidade, ou suporia que lhe foi arrancado, ou seja, construirá a partir das hipóteses sua realidade psíquica. A partir da teoria de que lhe falta algo ou que lhe foi arrancada e não irá crescer, supõe que nasceu defeituosa, sendo tomada pela inveja do pênis. ‘’ Ela viu, sabe que não tem e quer tê-lo’’ (Freud, 1925, p. 314).
A principal teoria é que um tem aquilo que no outro falta, e este objeto de falta é caracterizado como o falo. Freud relaciona o falo com o pênis a princípio, porém não necessariamente está ligado ao órgão sexual masculino em si, é apenas uma representação simbólica que ele nomeou. Então, o falo é qualquer coisa que seja importante e que represente um sentimento de completude, buscando assim suprir o sentimento de falta. Após este momento, Freud vincula a fase fálica com a inveja do pênis, e o complexo de castração e o complexo de Édipo. Na fase fálica, o menino ingressa no complexo edipiano e, contudo, as ameaças de castração acrescidas à visualização da ausência de pênis nas mulheres (confronto com a castração do Outro) ganham significação e o menino passa a temer a perda de seu órgão (FREUD, 1924). Já as meninas observam a presença do pênis nos meninos, e logo o identificam com seu correspondente órgão pequeno e imperceptível e, em decorrência dessa situação, caem vítimas da inveja do pênis. (Freud, 1925, p.313).
Inveja do pênis
A questão da inveja do pênis nas meninas advém do desejo de possuir o falo, e quando estas se veem confrontadas com as diferenças, acabam surgindo algumas consequências em relação ao seu desenvolvimento emocional, como, sentimentos de inferioridade, ciúmes, angustia sentimento de estar incompleta, sendo estas, consequências importantes para o desenvolvimento da vida mental da menina.
Com relação ao sentimento de inferioridade, Freud (1925/1996) comenta:
“Quando ultrapassou sua primeira tentativa de explicar sua falta de pênis como uma punição pessoal, para si mesma compreendeu que esse caráter sexual é universal, ela começa a partilhar do desprezo sentido pelos homens por um sexo que é inferior em tão importante aspecto, e, pelo menos no sustentar dessa opinião, insiste em ser como um homem” (p. 282).
O sentimento de inveja do pênis incentiva a menina largar sua masculinidade e a partir dessa experiência desenvolve-se sua feminilidade na medida em que introduz ao complexo de castração. Freud propõe que, as meninas, manifestam um sentimento contra a masturbação, logo após os primeiros sinais de inveja do pênis. “Seu reconhecimento da distinção anatômica entre os sexos, força-a a afastar-se da masculinidade e da masturbação masculina, para novas linhas que conduzem ao desenvolvimento da feminilidade” (Freud, 1925/1996, p. 284).
Freud fala da fase pré-edípica, aonde gradualmente a menina vai entrando, e em decorrência da inveja do pênis, a filha começa a ter atritos com a mãe que até então é considerada seu objeto de amor, acusando-a como a responsável pela ausência do pênis, privando-a de seu objeto fálico, ocorrendo assim um distanciamento entre elas, e uma aproximação com o pai. (...) O desejo que leva a menina a voltar-se para o pai é, sem dúvida, originalmente o desejo de possuir um pênis que a mãe lhe recusou e que agora espera obter de seu pai. No entanto, a situação feminina só se estabelece se o desejo do pênis for substituído pelo desejo de um bebê, isto é, se um bebê assume o lugar do pênis, consoante uma primitiva equivalência simbólica (Freud, 1976 (1933 [1932]), p. 157-158).
Complexo de Castração
Inicialmente o desejo de ter um filho deriva da inveja do pênis, mas é a partir da castração que Freud da significado a este desejo e o liga a maternidade. A maternidade é considerada uma via de substituição para a menina do desejo de ter o pênis. O complexo de castração é de suma importância no que se refere ao desenvolvimento da sexualidade da menina.
Freud (1932) propõe três linhas de desenvolvimento, ou seja, três respostas possíveis à castração: a inibição sexual, o complexo de masculinidade e a feminilidade normal.
A inibição sexual na menina manifestaria devido à desvantagem julgada por ela em comparação do pênis com o clitóris, abandonando o prazer da masturbação e a excitação do clitóris, ocasionando o recalque de suas.
 Inclinações sexuais, afastando também de seu objeto de amor, que é a mãe, e se voltariam para o pai.
Freud acaba por concluir que o verdadeiro motivo para o afastamento da mãe é a castração. Primeiro a menina culpa a mãe por tê-la trazido ao mundo castrada, depois, quando descobre que a mãe também é castrada, passa a desvaloriza-la. ‘’ A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina’’(Freud, 1976 (1933 [1932]), p. 155).
Na segunda linha, caracterizada como complexo de masculinidade, a menina pode ficar inibida frente à castração, podendo ao invés de aceitar a própria castração querer insistir em ser como um homem, ou seja, a menina resiste a abrir mão da sexualidade masculina, tendo como possibilidade dedesfecho, o desenvolvimento da homossexualidade. Com isso, Freud (1933) comenta, ‘’ Sem querer abrir mão de sua satisfação, apegar-se- ia à atividade clitoridiana, insistiria neste comportamento apesar das recriminações e refugiar-se em uma identificação com a mãe fálica ou com seu pai’’ (p. 129).
Ao longo da construção das teorias psicanalíticas a mulher era inferiorizada de várias formas, havia a caracterização da feminilidade apenas através da maternidade, tendo o homem o poder da procriação. Enfatizavam o ser mãe como uma resposta a ser mulher, ou seja, o caminho que leva à feminilidade se dá apenas por meio da maternidade. Segundo Freud (1924 1925; 1933), a menina com disposição bissexual só conseguirá tornar-se uma verdadeira mulher a partir da maternidade, segundo a conhecida equação pênis = filho, único modo de substituir o desejo de ter um pênis, é pelo desejo de ter um filho.
Ao aceitar a castração e substituir o desejo de ter um pênis pelo desejo de ter um filho, o filho apareceria como forma de suprir o falo faltoso. Contudo, Freud (1932) pontua que; A demanda de um filho, por ser uma reinvindicação fálica, está sempre articulada à castração e à falta. A maternidade é uma via de substituição, para a menina, o desejo de ter o pênis. ‘’ Com muita frequência, em seu quadro combinado de ‘um bebê de seu pai’, a ênfase é posta no bebê, e o pai fica em segundo plano. Assim o antigo desejo masculino de posse de um pênis ainda está ligeiramente visível na feminilidade alcançada desse modo’’ (p.128).
O desejo com que a menina se volta para o pai é, sem dúvida, originariamente o desejo do pênis que a mãe lhe negou e que agora espera do pai. Mesmo assim, a situação feminina somente se estabelece quando o desejo do pênis se substitui pelo desejo do filho e, então, seguindo uma antiga equivalência simbólica, o filho aparece no lugar do pênis... . Com a transferência do desejo filho-pênis ao pai, a menina ingressou na situação do complexo de Édipo (Freud, 1932/1990, p. 119).
Complexo de Édipo
O conceito central da teoria de Freud é o Complexo de Édipo, e este conceito foi criado a partir do mito de Édipo, tragédia grega proposta por Sófocles. O mito relata a trajetória de Édipo que, visando escapar da profecia do oráculo de Delfos, que lhe revela que seu destino é matar seu pai e desposar sua mãe, dirige-se para Tebas, sem saber que lá moravam seus pais biológicos, Laio e Jocasta. Em uma briga na estrada acaba assassinando um homem, que mais tarde descobre ser seu pai. Como gratidão pelos seus muitos feitos em Tebas, o povo Tebano concede a Édipo a honra de ocupar o trono que era de Laio e casar com Jocasta, também sem conhecimento de que se tratava de sua própria mãe (Sófocles, 1998).
Então, a partir disso Freud relaciona o mito com a fase do desenvolvimento da vida psíquica da criança, conceituando como Complexo de Édipo, partindo do ponto central do mito, ele relaciona com sua teoria, afirmando sobre a existência de uma paixão do menino pela mãe e o ciúme pelo pai, ocorrendo ao contrário com a menina, como parte das fases de desenvolvimento, sendo que estas evoluíram desde o começo de sua teoria.
Entende-se que o desenvolvimento sexual da criança desenvolve até determinada fase, não se desenvolvendo além, ocasionando a transição de uma para a outra, de forma simultânea, advindo desde a primeira fase, a oral, onde a mãe é caracterizada como seu primeiro objeto de amor, a anal, onde se aprende a controlar as fezes, a fálica, onde acontece a descoberta da diferença entre os sexos, até chegar à fase da latência, onde ocorre uma pausa na evolução da sexualidade, caracterizada também como a última fase do desenvolvimento da criança. Em decorrência de todo desenvolvimento da criança o marco central da teoria de Freud, se dá a partir da saída do complexo de castração juntamente com a fase fálica, onde até então o órgão de referência é apenas o masculino e o feminino inferiorizado, evoluindo assim para o complexo de Édipo, e por fim precedida pela latência.
É a partir da inveja do pênis que ocorre a entrada gradual da menina no complexo de Édipo, e este vem desenvolvendo aos poucos no decorrer das fases, passando também pelo complexo de castração até a entrada no complexo de Édipo. Assim, o afastamento inicial da menina com a mãe e o direcionamento ao pai, vão se intensificando e se moldando no decorrer da evolução das fases, onde os desejos foram ficando mais nítidos, tendo como consequência o desenvolvimento da libido da menina. A transição inicial para entrada no complexo de Édipo na menina se dá pela aceitação a castração, sendo esta, dada de forma diferente nos meninos. Então para Freud (1931/1990), a menina tem que lidar com uma ‘’ castração consumada’’, que faz com que se afaste da mãe e se volte para o pai. A diferença em que Freud (1925/1990; 1931/1990) pôde pensar sobre o Complexo de Édipo entre meninos e meninas diz respeito à diferença anatômica dos genitais, que faz com que nela se amarrem situações psíquicas diferenciadas. Então é a repercussão do Complexo de Castração que estabelece uma diferenciação fundamental entre os sexos: pela ameaça a castração, o menino sai da situação edípica e, no caso da menina, entra na situação edípica por perceber se castrada, faltando um motivo claro para que a menina possa sepultar o complexo de Édipo, como ocorreu com o menino.
Ainda nesta linha de pensamento, Freud (1931/1990) aponta para a importância da fase pré-edípica na menina: 
“... o Complexo de Édipo é na mulher o resultado final de um desenvolvimento mais prolongado, não é destruído pela influência da castração, mas por ele criado, escapa às intensas influencias hostis que no menino produz um efeito destrutivo e inclusive é frequente que a mulher nunca supere (p. 232).”
No livro ‘A dissolução do complexo de Édipo, Freud (1924) admite que suas conclusões com relação ao feminino são pouco precisas: ‘’ é preciso admitir que nossa compreensão desses processos de desenvolvimento da menina é insatisfatória, plena de lacunas e de pontos obscuros’’ (p. 203). Mais adiante no livro sobre a sexualidade feminina, Freud (1931), concluiu que o Complexo de Édipo feminino não deve ser equiparado ao do menino: ‘’Há muito tempo renunciamos à expectativa de um perfeito paralelismo entre o desenvolvimento sexual masculino e feminino’’ (p.373). Ele sempre considerou o feminino e o desenvolvimento desta como uma incógnita. Contudo, Freud fala de duas etapas no Complexo de Édipo feminino, a primeira que ocorre na fase pré-edípica citada anteriormente, onde a mãe ainda é considerada como objeto de amor e o clitóris ainda é inferiorizado pelo pênis. E a segunda etapa que ocorre no período edipiano, caracterizado como Édipo positivo, que é quando o pai passa a ser o objeto de amor e a vagina torna a zona em evidência. Nesta segunda fase, a menina toma o pai como objeto amoroso, imaginando dele ter o pênis, porém suas expectativas são frustradas, substituindo assim o desejo de ter o pênis pelo desejo de ter um bebê do pai.
A libido da menina, dessa forma, desliza para uma nova posição ao longo da linha de uma equação simbólica – do pênis para o bebê. Ela abandona seu desejo de um pênis e coloca em seu lugar o desejo de um filho; com esse fim em vista, toma o pai como objeto de amor. A mãe se torna objeto de seu ciúme (Freud, 1925/1996, p. 284).
A menina fica novamente frustrada quando o desejo de ter um bebê do pai lhe é negado, ocasionando dificuldade na dissolução do complexo, onde da significado na opinião de Freud, onde ele fala que a menina nunca sai totalmente do Complexo de Édipo, e que tanto o desejo de ter o pênis quanto o de ter um filho sempre vão permanecer no inconsciente da menina, a não ser que a menina tenha um filho, podendo substituir este desejo inconsciente.
2.2 A diferença entre maternidade para Freud e Lacan
Freud nos explica que: As mulheres representariam os interesses da família e da vida sexual; o trabalho cultural é sempre mais transformado em dever dos homens, ele lhesatribui tarefas sempre mais difíceis, obrigando-os a efetuar sublimações pulsionais, às quais as mulheres são menos.
A antropologia psicanalítica de Freud remarca que ao longo da história, as mulheres teriam vivenciado uma relação de hostilidade com a cultura e que infine, isto lhes arranjaria bem, pois aos olhos dos homens elas seriam pouco as à sublimação. Para Freud, a sublimação consiste nesta aptidão que permite ao sujeito trocar, sob o comando do super eu ou do ideal, o objetivo sexual por outro objetivo socialmente valorizado, preservando ao mesmo tempo a intensidade da pulsão. Desta forma, esta faculdade da qual as mulheres seriam menos dotadas do que os homens, é esta faculdade que se opõe ao sexual e que se encontra no cerne do engajamento social ou da produção de bens culturais. E isto que chamamos de o axioma freudiano de desigualdade de aptidão à sublimação entre os sexos emerge bastante cedo sob a pluma de Freud já que a partir de 1908 (em: A moral sexual civilizada e doença nervosa moderna) ele escreve que a experiência nos mostra que as mulheres às quais o dom da sublimação não lhes coube consistem em uma menor proporção e, acredito que as mulheres, logo que se veem desiludidas com o casamento, caem facilmente em severa neurose, ainda que elas sejam bem de acordo com a época delas as portadoras dos interesses sexuais da humanidade.
Entre 1908 e 1929, a tese de Freud sobre a questão do feminino não mudou, as mulheres, de acordo com seu ponto de vista, permanecem sendo as porta-vozes dos interesses sexuais da humanidade assim como da família e se elas permanecem sempre menos aptas do que os homens à sublimação, isto se deve agora e desde 1925 a um desacordo edipiano que separa, segundo Freud, o filho da filha, e propiciando a cada um deles um superego muito diferente.
Mas o que seria feito da menina, pois segundo Freud, em 1925, é precisamente pelo fato de constatar que é privada do pênis como sua mãe, que a menina rejeita a mãe com ódio e entra no Édipo para voltar-se para o pai, a quem pede um pênis. Tudo isso nos parece extremamente lógico e encontra-se classicamente admitido. Mas é necessário remarcar que nada, como vemos, responde à delicada pergunta relativa à saída do Édipo para a menina, uma vez que devido à ausência de pênis ela escapa como nos mostra Freud, da ameaça de castração, que empurra neste mesmo movimento o menino para dentro da lei e fora do Édipo.
Tirando então todas as consequências deste fato, Freud explica em seguida que a saída do Édipo para a menina seria então mais longa, e que tal fato explicaria também a fraqueza relativa do superego feminino tornando as meninas pouco aptas à sublimação e às atividades culturais de que dependem.
Mas isto seria verdadeiramente convincente? Na verdade não, pois Freud anuncia neste mesmo texto de 1925 que de fato não compreende muito bem quais seriam os mecanismos que levam a menina a sair do Édipo. Em outros termos: Freud aqui não compreende muito bem e, no entanto, disso que não compreende, ele deduz o caráter eterno da mulher: falha em seu superego, falha em sua moralidade e falha na capacidade de sublimar. 
Para Freud a mulher é entendida através do ponto de vista da mãe, seja ela a mulher primitiva casada tendo os filhos dependentes dela, como vimos nos texto de 1929, seja da forma anunciada por Freud desde 1907: que a mulher não pode ao mesmo tempo exercer uma atividade profissional e cuidar dos filhos e conclui abruptamente que as mulheres, como grupo, não ganham nada com o movimento feminista moderno; ou ainda de fato, as mulheres nada ganham estudando, e isso em nada melhora sua condição de mulher.
Após 1908, tudo indica que, para Freud, o ideal feminino nada mais é do que ser mãe, e esta sua posição mantém-se estável ao longo de sua obra e, sobretudo quando ele apresenta, enfim, em 1932 este ideal como sendo o ideal das próprias mulheres. Uma vez mais, ele o reivindicará naquilo que considera como a solução ideal do Édipo feminino para explicar, desta vez, que: Com muita frequência, em seu quadro combinado de um bebê de seu pai, a ênfase é colocada no bebê, e o pai fica em segundo plano. Assim, o antigo desejo masculino de posse de um pênis ainda está ligeiramente visível na feminilidade alcançada desse modo. Talvez devêssemos identificar esse desejo do pênis como sendo, por excelência, um desejo feminino.
Assim, é importante lembrar que, para Freud, o Édipo das meninas terminaria em excelência pelo desejo do pênis e a identificação ideal à mãe, via posse de uma criança-boneca.
Mas para que esta identificação à mãe constitua o final do Édipo por excelência da posição feminina, ainda que Freud não consiga nos convencer, pois, na realidade, não se vê muito bem como no final do Édipo a filha vai identificar-se com a mãe idealizando-a, uma vez que, para Freud, é pela via da decepção, da rejeição e mesmo do ódio contra a mãe, que a menina – a quem a mãe não deu o pênis – se voltaria para o pai para entrar no Édipo. Neste ponto de vista, Freud é muito preciso, dado que indica já em 1932 e a propósito da entrada no Édipo:
O afastar-se da mãe, na menina, é um passo que se acompanha de hostilidade; a vinculação à mãe termina em ódio. [Um ódio dessa espécie pode tornar-se muito influente e durar toda a vida.].
Já para Lacan: A mulher se encontra presa a um dilema insolúvel, em torno do qual se deve colocar todas as manifestações-tipos da feminilidade, neuróticas ou não No que diz respeito à sua satisfação, há primeiro o pênis do homem, em seguida por substituição, o desejo da criança. Não faço aqui senão indicar o que é corrente e clássico na teoria analítica. Mas o que isto quer dizer? Que, afinal de contas, ele obtém somente uma satisfação tão banal, tão fundamental, tão instintiva, que é a da maternidade, de resto tão exigente quanto às vias da linha substitutiva. É por isso que o pênis é antes de tudo um substituto – diria quase um fetiche – que a criança também por certo lado é-lhe em seguida um fetiche. Aí estão às leis pelas quais a mulher chega àquilo que, segundo dizem, é o seu instinto e a sua satisfação natural.
Inversamente, para tudo o que está na linha do seu desejo, ela se encontra ligada à necessidade implicada pela função do falo, do ser, ou seja, até certo grau que varia este falo, enquanto sinal do que é desejado. O fato de que ela se exibe e se propõe como objeto de desejo, identifica-a de maneira latente e secreta ao falo, e situa seu ser de sujeito como falo desejado, significante do desejo do Outro. Este ser situa-a para além do que se pode chamar a mascarada feminina, dado que finalmente tudo que ela mostra de sua feminilidade é precisamente ligada a esta identificação profunda ao significante falo, que é o mais ligado a sua feminilidade. 
Lacan separa a mãe da mulher e indica que aquilo que é mais ligado à feminilidade; é a identificação profunda ao significante fálico, ou seja, in fine, ao objeto de desejo do Outro.
Esta disjunção entre mulher e mãe explica por que Lacan faz do infanticídio de Medeia o ato que a qualifica pelos séculos futuros como a mulher verdadeira, a mulher verdadeira na sua inteireza de mulher.
Se a mãe sempre foi à figura ideal dos regimes totalitários por aquilo que nem se ousa chamar de feminino, compreende-se a importância da subversão lacaniana que rompe definitivamente para o corpus analítico toda cumplicidade com esta opção para mãe. Mas se Lacan rompe esta cumplicidade, não é tanto para posicionar-se no campo do político, mas para dizer o mais claro possível do que se trata o desejo da mulher, do ponto de vista da própria mulher. E deste ponto de vista, o ideal da mulher, de acordo com Lacan, é de ser o objeto do desejo dos homens. Isto nos faz a nossa realidade atual, a de saber que, por exemplo, os pedidos de divórcio são efetivados, de maneira esmagadora, por mulheres (75%). Pedidos para obter a dissolução desta forma de união na qual elas percebem como um naufrágio do desejo.
Lacan parece, ao contrário de Freud, jogar a mulher contra a mãe, não éporque Lacan é Lacan, mas porque a mulher é a mulher e seu ser é ligado a esta profunda identificação ao significante fálico que é o mais ligado à sua feminilidade.
A grandeza de Lacan foi simplesmente a de ter formulado claramente esta posição do ser mulher que desnaturaliza o seu desejo, o recoloca na história e, ao mesmo tempo responde a Bourdieu e a Foucault e indica, naturalmente, aos psicanalistas que nós somos uma direção do tratamento eminentemente subversiva nisso que o desejo da mulher – enquanto mulher – é eminentemente subversiva, tal como é próprio do desejo.
Técnicas de reprodução
3,1 Tipos de técnicas de reprodução 
Para que ocorra a gravidez, é necessário que ocorra o encontro do óvulo com os espermatozoides de maneira natural (relação sexual) ou artificial (reprodução assistida). Técnicas utilizadas:
Inseminação intrauterina – IIU
 Fertilização in vitro – FIV (Dentro da FIV há formas diferentes para a fertilização, tais como o GIFT, o TV-TEST, o ICSI, o IAIU.);
Relação sexual programada
Outras técnicas complementares da RA são
Gestação por substituição (barriga de aluguel)
 Doação de óvulo
 Doação de espermatozoide
 Doação de útero
3.2 Definições das técnicas de reprodução
Inseminação intrauterina (IIU): É definida como a deposição intrauterina de espermatozoides processados em laboratório. Suas etapas compreendem a estimulação farmacológica do desenvolvimento folicular, visando à obtenção de dois ou três folículos, o processamento seminal, realizado no dia da inseminação, a inseminação propriamente dita, por meio da qual os espermatozoides, em meio de cultura, são introduzidos diretamente na cavidade uterina através de um cateter apropriado. Na inseminação intraperitoneal, uma variação da IIU, os espermatozoides são introduzidos diretamente na cavidade peritoneal, por meio de punção do fundo de saco de Douglas. As indicações para ambos os procedimentos são equiparáveis, sendo a técnica intrauterina a mais usada.
Indicações – Fator cervical, infertilidade de causa inexplicada, endometriose mínima e leve e o fator masculino leve. Outras indicações são a incapacidade de se manter relações sexuais e a utilização de sêmen de doador (inclusive em mulheres homossexuais). A condição essencial para que a IIU seja indicada é que haja pelo menos uma tuba pérvia e funcionante. Além disso, a concentração de espermatozoides menor que cinco milhões torna o procedimento pouco eficaz.
Técnicas e resultados – Embora a IIU possa ser realizada em ciclo natural, a estimulação ovariana aumenta a eficácia do método. Os esquemas de estimulação ovariana são muito variáveis. As principais drogas indutoras da ovulação são o citrato de clomifeno e as gonadotrofinas (FSH, LH, hMG), que podem ser de origem urinária (urina da mulher na pós-menopausa) ou recombinante. Na IIU a estimulação ovariana é feita de modo suave, para que se evite o desenvolvimento de um número excessivo de folículos. A estimulação é sempre monitorizada por ultrassom, que permite acompanhar o desenvolvimento folicular e a determinação do número de folículos pré ovulatórios. Quando se detecta um número de folículos superior a quatro, o ciclo deve ser cancelado, ou a paciente deve ser encaminhada a uma técnica de alta complexidade, pois os riscos de gravidez múltipla, trigêmeos, quadrigêmeos ou mais, são inadmissíveis. Na presença de folículos pré ovulatórios, a rotura folicular é desencadeada pela administração da gonadotrofina coriônica humana (HCG), e a inseminação é realizada cerca de 36 horas após. A inseminação propriamente dita é um procedimento simples, realizado com a paciente em posição ginecológica, após a inserção do espéculo, limpeza vaginal e colo uterino com soro fisiológico, introduz-se o cateter de inseminação através do canal cervical e injeta-se 0,5 ml de meio de cultura com os espermatozoides após seu processamento e capacitação no laboratório. As taxas de gravidez obtidas com a IIU são muito variáveis e dependem de inúmeros fatores. Na literatura encontram-se referências que variam de 8 a 35%. Normalmente, as taxas de sucesso situam-se em torno de 12 – 15% por tentativa. Em mulheres jovens, abaixo de 35 anos, as taxas podem atingir 20%. Recomendamos que o número de tentativas de IIU seja de no máximo três; não ocorrendo a gravidez, técnicas mais complexas devem ser consideradas.
Fertilização in vitro (FIV): É transferência de embriões (FIV) – A fertilização in vitro (FIV) é o principal procedimento da Reprodução Humana Assistida, sendo indicada em casos de lesão das trompas, gravidez ectópica, laqueação irreversível das trompas de Falópio, endometriose, infertilidade masculina e em casos de infertilidade sem causa aparente (CORRÊA, 2001, p.76). A grande revolução no tratamento da infertilidade conjugal ocorreu com a publicação, em 1978, do primeiro nascimento obtido após a fecundação extracorpórea e transferência de embrião para a cavidade uterina de paciente com salpingectomia bilateral. Atualmente, as indicações para FIV são bem mais amplas incluindo, a endometriose, infertilidade de causa inexplicada, fator masculino, fator imunológico e falha nos tratamentos de baixa complexidade. E nos casos de falência ovariana, os programas de doação de oócitos/embriões, cessão temporária de útero, utilização de oócitos ou embriões congelados para futuras transferências e congelamento de oócitos ou embriões antes de terapia oncológica, também são técnicas associadas à FIV. As etapas envolvidas na FIV compreendem a estimulação ovariana, aspiração folicular para coleta de ovócitos, fecundação em laboratório e a transferência dos embriões. Estimulação ovariana – É o primeiro passo, a estimulação farmacológica dos ovários tem papel fundamental, tanto em pacientes com distúrbios ovulatórios como na indução do desenvolvimento folicular múltiplo para procedimentos de reprodução assistida, embora, o procedimento possa ser feito com o ciclo natural. As gonadotrofinas representam a principal modalidade terapêutica na estimulação ovariana para reprodução assistida. Dos preparados urinários destacamos o HMG, preparação com proporções iguais (75/75 UI/ampola) de FSH/LH, o FSH purificado com < de 1,0 UI LH/75 UI FSH e, o FSH altamente.
Purificado, com < de 0,1 UI. LH/1000 UI FSH. Entre as gonadotrofinas recombinantes destacamos o FSH recombinante, com atividade exclusiva do FSH e, o LH recombinante, com atividade exclusiva do LH. 
É importante salientar que o desenvolvimento folicular múltiplo pode resultar em elevação precoce dos níveis de estradiol e liberação extemporânea do LH, provocando luteinização prematura. Para que tal efeito indesejável seja evitado, o uso dos análogos agonistas e antagonistas do GnRH está indicado para o bloqueio hipofisário. O esquema mais comum de estimulação ovariana para FIV é o bloqueio com análogo agonista do GnRH na fase lútea, sob a forma de depósito, administração diária por via subcutânea, ou nebulização intra-nasal, entre o 18° e o 22° dia do ciclo menstrual. O início do estímulo é realizado de 15 – 20 dias após o bloqueio, empregando-se de 150 – 300 UI de FSH recombinante ou de hMG urinário altamente purificado. A primeira ecografia para monitorização do ciclo é feita no 7° dia de estímulo com gonadotrofinas. 
A partir de então, monitora-se de acordo com o desenvolvimento folicular, até o desencadeamento da maturação folicular final, que é feito com a administração de hCG, na dose de 5.000 a 10.000 UI do produto urinário ou 250 µcg do produto recombinante. O hCG é administrado na presença de pelo menos três folículos com diâmetro médio ≥ 17 mm. Outra forma de se fazer a supressão hipofisária é o emprego dos análogos antagonistas do GnRH. Os antagonistas provocam supressão imediata da liberação de gonadotrofinas, sem o efeito de liberação aguda inicial, conhecido por “flare-up”. Normalmente, inicia-se a estimulação com gonadotrofinas no segundo ou terceiro dias do ciclo, associando-se o antagonista no sexto dia de estimulação ou quando houver folículos de 13 – 14mm de maior diâmetro. A suplementação da fase lútea é etapa obrigatória nos ciclos de reprodução assistida de alta complexidade; embora haja controvérsias se os estrogênios devam ser utilizados, a suplementação com progesterona é fundamental. Atualmente, prefere-se o emprego da progesterona natural micronizada, em cápsulas de 200mg, ou do gel de progesterona a 8%, ambos administrados por via intravaginal. 
Aspiração folicular – A aspiração folicular é o procedimento que visa à
Coleta de ovócitos para a fecundação “in vitro”. É realizada de 34 a 36 horas
Após o desencadeamento da maturação folicular final pela administração de
hCG.
Realiza-se a aspiração folicular em regime de hospital dia, em sala cirúrgica, na maioria dos serviços, contígua ao laboratório de manipulação de gametas. O procedimento é feito sob sedação, com o emprego de ultrassonografia transvaginal. Acopla-se um guia ao transdutor, por onde se insere a agulha de punção. São puncionados todos os folículos com diâmetro maior que 10 mm, e o líquido folicular obtido são encaminhados ao laboratório, para identificação e classificação dos ovócitos.
Fecundação em laboratório – Após o processamento, os espermatozoides móveis e direcionais são colocados em contato com os óvulos, em uma placa apropriada com meio de cultura, que é então levada à incubadora a 37o C e 5% de CO2. Na FIV convencional coloca- se em torno de 100.000 espermatozoides para cada óvulo. Após 18 a 20 horas, observa-se se ocorreu à fertilização, determinada pela presença de dois pró-núcleos. Os embriões fertilizados continuam seu desenvolvimento na incubadora, por dois a três dias, sendo então transferidos para o útero. Pode-se, também, proceder à cultura prolongada, por meio da qual os embriões são transferidos no quinto dia após a aspiração folicular, já na fase de blastocisto.
A transferência de embriões – A transferência de embriões (TE) para o útero, realizada por via transcervical, é a etapa final da fertilização “in vitro”. É realizada, normalmente, após 48 a 72 horas da inseminação dos ovócitos, com a paciente em posição ginecológica, podendo ser utilizada a visualização ultrassonográfica abdominal para acompanhar o procedimento. Em relação aos resultados, quantificando os vários fatores que interferem nas taxas de sucesso do tratamento, calcula-se que a idade da mulher e a qualidade ovocitária participem em mais de 40%. A qualidade do laboratório, a experiência dos médicos, a escolha dos meios de cultura e o controle adequado das condições de toxicidade ambiental participam em outros 40%. Os 20% restantes são decididos no momento da TE.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) – Esse método consiste na injeção de um único espermatozoide diretamente no interior do óvulo, utilizando-se um micromanipulador. Com essa técnica, a fertilização é “forçada” no laboratório, de modo que ela se torna possível mesmo nos casos de fator masculino grave, pois é necessário um único espermatozoide para fecundar o óvulo. Com o advento da ICSI, as indicações de procedimentos com sêmen de doador tornaram- se bem mais raras, pois se consegue a fecundação mesmo na vigência de fator masculino grave. Portanto, as principais indicações da ICSI são o fator masculino grave e as falhas de fertilização anteriores. Uma das grandes vantagens da ICSI é que a técnica pode ser empregada nos casos de azoospermia obstrutiva, como na vasectomia. Além disso, a ICSI pode ser indicada nos casos de ausência congênita dos canais deferentes, e de azoospermia após correção de hérnia bilateral. Nesses casos, são empregadas técnicas que permitem a obtenção de espermatozoides através da aspiração do epidídimo ou do testículo.
Congelamento de embriões – O congelamento de embriões é utilizado quando há embriões excedentes nos ciclos de FIV, nos casos de cancelamento da transferência por risco da síndrome da hiperestimulação ovariana, antes de tratamento quimioterapia ou radioterápico em pacientes jovens com desejo de preservação da fertilidade. É possível desde o estágio de zigoto pro - nucleado até o estágio de blastocisto. Um aspecto controverso é a utilização de embriões congelados para pesquisa, em particular para a obtenção de células tronco embrionárias. No Brasil, a lei 11.015, de 24 de março de 2005, prevê a utilização de embriões congelados para essa finalidade, desde que os embriões sejam inviáveis, ou estejam congelados há três anos ou mais.
Preservação da fertilidade – O diagnóstico precoce de neoplasias malignas, associado a tratamentos cirúrgico, quimioterápico e radioterápico, cada vez mais eficientes, promovem a remissão do câncer em considerável número de pacientes, muitos deles em idade reprodutiva. Portanto, é fundamental que os aspectos relacionados à fertilidade sejam discutidos com todos os pacientes em idade reprodutiva que serão submetidos à terapia oncológica, e com seus pais ou responsáveis quando se tratarem de crianças. Recentemente, o Comitê de Ética da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva deliberou o seguinte: 1. Os médicos devem informar os pacientes com câncer sobre as opções para a preservação da fertilidade antes do tratamento; 2. Os únicos métodos com técnicas bem estabelecidas para a preservação da fertilidade são a criopreservação de espermatozoides para o homem e a criopreservação de embriões para as mulheres; 3. Técnicas como a criopreservação de ovócitos e tecido ovariano ainda devem ser consideradas experimentais; 4. Preocupações com respeito ao bem-estar da prole não devem constituir motivo para negar ao paciente com câncer assistência quanto à reprodução; 5. O diagnóstico genético pré-implantacional para evitar o nascimento de crianças com alto risco de câncer hereditário é eticamente aceitável.
Técnicas de preservação da fertilidade – No caso masculino, a criopreservação de espermatozoides é uma técnica bem estabelecida, e adolescente de 12 anos de idade já podem apresentar maturidade física e emocional para entender o problema e fornecer amostras de sêmen.
Por outro lado, a criopreservação de tecido testicular e espermatogônias são técnicas ainda completamente experimentais, e a supressão testicular com análogos do GnRH não se mostrou eficiente na proteção da função gonadal. Os aspectos éticos e emocionais que interferem na coleta de sêmen de adolescentes não devem ser negligenciados, e a participação dos pais é de fundamental importância nas decisões a serem tomadas. Tratando-se de homens adultos, não há dúvidas de que a opção de coleta e criopreservação de sêmen deve ser discutida e oferecida a todos os pacientes que serão submetidos a tratamento oncológico.
No sexo feminino, as possibilidades são mais complexas. As principais alternativas consistem na criopreservação de embriões, ovócitos e tecido ovariano e, em caso de radioterapia pélvica, a transposição cirúrgica ovariana.
Devem ser considerada, ainda, a opção de supressão da função ovariana com análogos do GnRH, concomitantemente à quimioterapia, e o emprego de cirurgias conservadoras para certos tipos de cânceres que acometem a aparelho reprodutor feminino.
3.3 Impactos intrapsíquicos
As intervenções envolvidas na consecução dos procedimentos de reprodução assistida podem ser extremamente desgastantes tanto do ponto de vista físico quanto psicológico, além de economicamente muito onerosas. O casal ou a mulher solteira que chega a um Centro de Medicina Reprodutiva já percorreu um longo e penoso processo de investigação de Infertilidade, tendo esgotado na maioria das vezes as possibilidades de conceber através dos métodos naturais.
 A indicação de técnicas de Reprodução Assistida de baixa ou alta complexidade já é, em certa medida, esperada. Além de esperanças, a pessoa traz em sua bagagem, inúmeras frustrações, decepções, desgastes pessoais e em suas relações, bem como um índice elevado de expectativas.
Embora aspectos psicológicos sejam variáveis importantes a se avaliar durante os processos de fertilização, não são comum que eles sejam os causadores da infertilidade.Somente nos casos graves de doenças emocionais, é que são observados impactos dessas alterações na hora de engravidar.
Nas mulheres, os sintomas de depressão aguda podem desenvolver irregularidades no ciclo menstrual. Esse é o mecanismo principal que liga a ansiedade extrema à fertilidade. Com menstruação desregulada, a mulher pode ter mais dificuldades para engravidar. Segundo o material da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, a ansiedade aumenta, por exemplo, em momentos cruciais do processo de fertilização in vitro – o da captação dos óvulos e o da transferência de embriões.
Dados apontam para a necessidade de apoio psicológico durante todas as etapas dos tratamentos para infertilidade, ou mesmo que não se trate de infertilidade, mas sim de uma escolha por parte da mulher de fazer a técnica de reprodução para se gerar uma família monoparental, objetivando o alívio da ansiedade e do estresse decorrente das terapêuticas indicadas, a prevenção do deterioro psíquico e a restauração da autoestima, facilitando a reinserção destes sujeitos na vida social e familiar de que muitas vezes se alijaram.
No que se trata de aspectos psicológicos após o nascimento e desenvolvimento das crianças geradas pelas técnicas tanto em famílias tradicionais quanto em monoparentais, foram realizados estudos para comparar a qualidade da convivência dessas famílias em relação as que não optaram pelas técnicas, Lucy Owen e Susan Golombok realizaram na Inglaterra um estudo longitudinal de famílias que se constituíram pela Reprodução Assistida. Foi examinada a qualidade de relacionamentos dos pais-crianças quando estes filhos estavam perto de completar dezoito anos. A amostra foi composta por vinte e seis famílias que usaram Fertilização in vitro (FIV), 41 vinte e seis famílias que usaram Inseminação Artificial (IA) em comparação com trinta e oito famílias que adotaram seus filhos e sessenta e três famílias de concepção naturais.
Os resultados deste estudo mostraram um significativo aumento no nível de vínculo entre mãe e adolescente nas famílias de Reprodução Assistida e adotivas. As mães de FIV mostraram a indulgência disciplinar significativamente maior do que mães de concepção natural.
Mas todos os adolescentes estavam bem adaptados e não diferiam em sua vida social e cognitiva.
Deste grupo apenas duas adolescentes estavam cientes da sua forma de concepção (Lucy Owen, Susan Golombok. 2009). Wagenaar Ket realizaram um estudo de meta-análise acerca do desenvolvimento emocional, físico e social de crianças nascidas pela FIV. Os resultados mostraram que não há evidencias, a partir dos estudos realizados, de que crianças geradas a partir da FIV tenham apresentado algum problema psicológico ou cognitivo que mereça destaque. (Wagenaar Ket al. 2008). Em outro estudo cujo objetivo foi comparar a qualidade do relacionamento familiar e a adequação sócia emocional dos filhos em famílias criadas através de inseminação, os pais foram entrevistados, e aos filhos (idades entre quatro e oito anos) foram ministrados testes psicológicos. O estudo concluiu que as diferenças identificadas indicaram relacionamentos mais positivos entre pais e filhos de famílias que revelaram a origem do nascimento, do que nas famílias que não revelaram. Entretanto, acrescenta que isso não representa um relacionamento disfuncional nas famílias que não revelaram, mas sim reflete um resultado particularmente positivo no grupo que revelou (Lycett E, et al, 2004. Em resumo pudemos ver que já existem estudos internacionais consistentes e de caráter longitudinal acerca das famílias que tiveram filhos através de métodos de Reprodução Assistida.
Os resultados mostraram também que famílias assim constituídas não apresentaram nenhum tipo de disfuncionalidade que merecesse algum tipo de cuidado maior e nem em relação ao desenvolvimento das crianças que nasceram através de Reprodução Assistida. Estes estudos avaliaram desenvolvimento cognitivo, funcional, afetivo e a própria qualidade de vida destas pessoas e famílias. Com isto poderíamos dizer que as preocupações iniciais, relacionadas ao novo e ao desconhecido tanto em relação a novas tecnologias como aos resultados éticos e humanos podem ser minimizadas, ao menos até o presente momento. 
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Razões de fazer a técnica de reprodução e casos clínicos 
4,1 Porque fazer uma técnica de reprodução assistida
Embora a grande maioria das mulheres que procuram os tratamentos de infertilidade sejam casadas, nos últimos anos, vem aumentando o número de mulheres solteiras que desejam ter filhos. Nestes casos, a única maneira de ficarem grávidas, será por meio do banco de esperma. 
Muitas mulheres ainda tentam procurar a ajuda de um amigo solidário que se proponha a doar seu sêmen para uma inseminação, com o compromisso de que ela, a futura mãe, jamais exigirá dele as obrigações e o reconhecimento de um progenitor.
Entretanto, esta busca, na maioria das vezes, tem um final frustrante. A maior parte dos candidatos, mesmo com vontade de colaborar, desiste desta parceria ao tomar conhecimento que a lei é soberana e dará a esta criança os direitos legais que determinam as obrigações deste pai, independentemente de qualquer contrato.
São muitas as razões pelas quais uma mulher sem um companheiro procura uma “produção independente”, mas a principal delas é a idade que já está avançando combinada com a falta de um futuro pai ideal que não surgiu no decorrer da vida. Um pai que preencha as qualidades necessárias para criar seu filho. A maioria delas são mulheres independentes financeiramente que já conquistaram seu espaço profissional e adquiriram os bens materiais que desejaram, mas se sentem incompletas pela impossibilidade imediata, ou próxima, de formar sua própria família.
Nos dias de hoje, as mulheres está cada vez exigente quanto à escolha do parceiro, o fato de serem independentes e não precisarem mais se submeter financeiramente a um homem, como era antigamente, fez com que se tornassem mais seletivas.
• O critério agora é o quanto o parceiro poderá lhe complementar emocionalmente e fazê-la feliz. O modelo de família tradicional: com pai, mãe e filho, continua sendo importante para as mulheres nos dias de hoje, mas não a qualquer preço, ou seja, quando o homem fica aquém dos padrões desejados, o pensamento costuma ser: “antes só do que mal acompanhada”.
Roberta Arabiane Siqueira, procuradora do Estado, 37 anos, deu à luz Franco em fevereiro “Minha mãe criou minhas duas irmãs e eu praticamente sozinha”. Então, nunca me foi pesada a ideia de embarcar na maternidade sozinha: família para mim não é sinônimo de casamento, mas de filhos. Não me imagino casada, nunca tive o sonho de casar e ter um marido. Mas tinha o sonho de ter um bebê, então fiz uma inseminação com doador anônimo. Quando disse para minha família que estava grávida, ninguém perguntou quem era o pai.
Sabiam que eu não estava namorando. Foi uma alegria muito grande: para eles, não interessava de onde vinha,  interessava que era meu filho. “Um dia, quando o Franco me perguntar como ele nasceu, vou dizer a verdade: a mamãe queria muito te ter, mas não encontrou ninguém que pudesse levar esse projeto adiante, daí a mamãe te teve sozinha.”
O caso da atriz e modelo fitness Karina Bacchi chamou a atenção esta semana. Aos 40 anos, ela recebeu uma doação internacional e fez um procedimento de fertilização in vitro aos 40 anos. Agora, está grávida de três meses. Me sinto abençoada e muito feliz à espera do meu anjinho. Tanta coisa aconteceu do ano passado para cá: cirurgia de retirada das trompas, meses de reflexão, separação, orações, tratamento para fertilização, decisões importantes a serem tomadas com responsabilidade e pés no chão. Enfim, a tão esperada notícia: sim, gravidíssima, há 13 semanas realizando um sonho de gerar uma vida.
4.2 Relato clinico: Entrevista com Patrícia Alkolombre
Sendo reprodução assistida uma área principalmente ligada à medicina e tecnologia, o que a trouxe como um psicanalista interessado nele?
Meu interessesempre focado na ideia de trabalho psicanálise no campo da reprodução assistida, e desde o início eu era muito novo e perturbador. 
Eu me formei no final dos anos 83 ' e se bem me lembro era o momento do parto sem dor, parto na água, ou seja, de tudo o que se refere aos aspectos emocionais da gravidez. Foi entre a minha leitura do livro A maternidade e sexo de Marie Langer com uma abordagem psicossomática ao assunto. É um texto que não parou para considerar tecnologias reprodutivas foram surgindo. No 78º minuto em que nasceu o primeiro bebê de proveta, uma menina, Louise Brown. Era ainda muito longe como realidade cotidiana, e inacessível para a população. A notícia dos primeiros casos em outras partes do mundo não excedeu as manchetes. 
A partir de 86 os primeiros nascimentos são assistidos fertilidade em nosso país. Não havia literatura sobre psicanálise e técnicas de reprodução, até chegar as minhas mãos o livro Mulheres Sem Sombra, Silvia Tubert um psicanalista com sede em Espanha Argentina. Progressivamente, o assunto está instalado na sociedade para ficar. 
Entrei no Departamento do Hospital Rivadavia Ginecologia na seção Reprodução onde atendidas principalmente para os pacientes de consultoria para a infertilidade e abordagem era interdisciplinar, com uma média de cem internações por ano. Então eu tive uma prática mista: clínica privada tradicional e clínica hospital. 
Técnicas de reprodução começam a ser dada com mais frequência à medida que aumenta o acesso a eles. A frase: Se eu não for, eu tenho uma in vitro começar a ouvir mais e mais vezes. A gama de problemas que abrange um lado do campo de esterilidade conjugal e outra toda tecido de perguntas na implementação das técnicas é então aberta. 
Um dos tópicos de pesquisa foi infertilidade inexplicada, também chamado de enigmático; esterilidade, outra foi a doação de esperma com todos os problemas em casais do estrangeiro eo mesmo. A doação de óvulos como prática veio mais tarde, e nos últimos anos a sub-rogação. Tudo isso significou para mim para ir além de maternidade e paternidade. Meu interesse também é direcionado para fins de naturalização começando a ter algumas indicações de tratamentos, e também para pensar sobre a inclusão do psicanalista neste campo. 
Ao mesmo tempo, novas demandas ocorrer. Eu me lembro de uma manhã no hospital uma mulher sentada à minha frente em uma primeira entrevista. Ela me disse que seu marido tinha morrido há uma semana, estava desesperado e tinha consultado porque ela queria para saber se ele poderia ter um filho dele. Eu tinha lido no jornal naquela manhã que tinha morrido o marido de um jovem casal em lua de mel na Argentina, e a mulher tinha obtido um juiz tenha habilitado essa extração de sêmen em fim de ter um filho dele. 
O paciente tinha me consultou nenhum consolo, o médico lhe disse que era impossível, porque seu marido tinha morrido há uma semana. 
Aqui, entre outros, permitiu-me um vislumbre de como a fertilidade assistida foi instalado progressivamente no imaginário social, atingindo seus efeitos através de novas demandas. 
Apenas novo nas parentalidades hoje se refere aos efeitos da ruptura que envolve a implementação de técnicas de reprodução. Lemos nos jornais que uma criança nascida do ventre de sua avó, é um filho-neto; ou que uma criança pode nascer a partir de doação de esperma anônimo ou óvulo de uma pessoa que vai saber. Em seguida, o sem precedentes, o que faz a diferença, é sobre o lado das origens, com condições de gestação, marcando fenômenos sem precedentes na história. Isto levanta um conjunto diferente entre o sangue, parentesco e descendência como sistema simbólico. 
Os efeitos quebrando também chegar representações do corpo. Hoje as células, fluidos e órgãos podem ser modificados, combinados e permutados em diferentes maneiras de acessar a parentalidade, natureza inicialmente negada. 
Há muitas questões que surgem a partir do ponto de vista da ética nesta área e podemos dizer que são diferentes, dependendo de onde você pensa. Por exemplo, recentemente uma mulher Hindu 66 anos de idade deu à luz trigêmeos. Aqui podemos perguntar nós somos o que é o critério pelo qual ele foi em frente com este projeto de parentalidade, se o que é privilegiada é o direito ao filho; colocado por casais, mas é confrontado com os direitos das crianças terem pais em uma posição para criá-los. Especialmente em casos de prisioneiros de maternidade biológica primeiros. 
A partir da clínica psicanalítica podemos pensar sobre a ética de casais, mesmo quando eles estão dispostos a ir para conseguir uma gravidez, e também o que possibilidades têm que saber sobre si mesmo. E, claro, o analista não é estranho a estas perguntas. 
Mas não podemos fazer um ultrassom da mente, nem prever o que vai acontecer, porque nós sempre trabalhar em après-coup. Podemos ter em mente as ideologias e preconceitos que podem tornar obstáculo para pensar estas questões.
Que efeitos pode ser impossível saber a origem, como no caso da doação de óvulos anônima ou esperma? 
É uma questão que não tem uma resposta inequívoca. Estamos enfrentando a primeira geração de homens e mulheres nascidos por técnicas de fertilização assistida e implementação de doação de óvulos maciçamente e esperma. 
Um dos elementos que operam nestas novas alianças é o lugar do campo social. Não há referências na sociedade em torno dessas novas alianças, de fato, em nosso país não é nenhuma legislação sobre a fertilidade assistida. Podemos dizer que a partir deste ponto de vista, a cultura é encontrar uma legitimidade a estas novas práticas. 
Da clínica, podemos ver que a questão do anonimato do doador deixa um rastro de incerteza sobre as origens, um legado anônimo que vai continuar mudo para esse assunto em particular não só, mas também para as gerações sucessivas. Isso permite que alguns casais o estabelecimento de segredos de família, e também pode servir para mascarar a esterilidade conjugal. Eles são questões muito complexas. Mas nós pensamos que a transmissão da vida psíquica é além da biologia e segredos vai atravessar as barreiras na transmissão inconsciente. 
Devo acrescentar que muitas vezes fora da presença do doador, traz um sentimento de estranheza, algo próximo a Unheimlich, o desconhecido no familiar. Talvez reter algo da ordem do indizível. 
Uma das declarações que as técnicas reprodutivas viriam à pergunta: pater sempre incertus est, sed certíssima mater. Quais podem ser as consequências destas novas realidades? 
É uma declaração de que tem sempre teve um caráter de certeza. Nascimento nasceu de uma mulher 39 anos corpo, que por sua vez foi à mãe dessa criança. Entre os efeitos da quebra estávamos falando antes, podemos dizer que nada garante os laços biológicos em reprodução. A última ancoragem biológica não é o corpo de uma mulher, como uma mulher de hoje pode, paradoxalmente, ser de sua gravidez, assistir ao nascimento de seu filho, se você alugar um útero. Quando as mulheres historicamente foi sempre a sua gravidez. 
De qualquer forma, parentalidade é suportado pelas funções materna e paterna. Neste sentido, é um problema para investigar os efeitos dessas mudanças que atende nossa cultura. Ele é importante para aprofundar no caso da doação de gametas, fazer uma distinção entre genitor e pai, ou mãe e como a mãe. 
A partir desses desenvolvimentos Que novos cenários surgem sobre a filiação? 
Os novos cenários incluem não só os avanços na medicina reprodutiva e novas formas de nascimento, mas também novas configurações familiares. Podemos falar de uma revolução na parentalidades e sem precedentes em nossa cultura são os homoparentalidades e monoparentalidades masculinos. Estes cenários colocar sobre a mesa a questão do desejo da criança no homem, território que era exclusivamente campo feminino. A partir do show biz sabemos se Elton John que junto com seu parceiro de um filho, ou Ricky Martin com seus filhos gêmeos tinha. Esta é novas figuras masculinas, incluindo a paternidade de uma dimensão não feminina. Hoje

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