Buscar

Biblioteca 1238219

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

1 
 
Direito Civil V - Direito de Família 
Profa. Ms. Emília Lopes 
Nota de aula 11 – Filiação sob a óptica civil-constitucional (Parte I) 
 
Conteúdo: Filiação 
Fundamento legal: 
- arts. 1.596 a 1.606, CC e arts. 227 e ss. da CF/1988; 
- Lei nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), Lei nº 12.662/2012 (regulamenta a Declaração de 
Nascido Vivo), Lei nº 9.263/96 (Lei do Planejamento Familiar) e Lei nº 11.105 de 2005 (Lei de 
Biossegurança). 
- Resolução do CFM nº 2.121/2015 
1. Histórico: 
1.1 Código Civil de 1916: 
1.2 Constituição Federal de 1988 (art. 227, §6º, CF): 
1.3 Código Civil de 2002: 
No art. 1.596, reproduziu o regramento constitucional do art. 227, §6º. 
2. Conceito: 
3. Prova da filiação: 
3.1 Termo de nascimento (art. 1.603, CC): 
3.2 Posse do estado de filho (decorre do art. 1.605, CC) 
3.2.1 Elementos: 
a) nome de família (nomen): tem-se dispensado esta exigência, por ser desarrazoada; 
b) tratamento de filho (tractatus): tratando-se e comportando-se como pai e filho; 
c) fama ou reputação (reputatio): notoriedade e publicidade, sendo conhecidos como tal no 
seu meio social. 
Decisão do STJ: 
REGISTRO CIVIL. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE VIA ESCRITURA 
PÚBLICA. INTENÇÃO LIVRE E CONSCIENTE. ASSENTO DE NASCIMENTO DE 
FILHO NÃO BIOLÓGICO. RETIFICAÇÃO PRETENDIDA POR FILHA DO DE CUJUS. 
ART. 1.604 DO CÓDIGO CIVIL. AUSÊNCIA DE VÍCIOS DE CONSENTIMENTO. 
VÍNCULO SOCIOAFETIVO. ATO DE REGISTRO DA FILIAÇÃO. REVOGAÇÃO. 
DESCABIMENTO. ARTS. 1.609 E 1.610 DO CÓDIGO CIVIL. 1. Estabelecendo o art. 1.604 
do Código Civil que "ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de 
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade de registro", a tipificação das exceções 
previstas no citado dispositivo verificar-se-ia somente se perfeitamente demonstrado qualquer 
dos vícios de consentimento, que, porventura, teria incorrido a pessoa na declaração do 
assento de nascimento, em especial quando induzido a engano ao proceder o registro da 
criança. 2. Não há que se falar em erro ou falsidade se o registro de nascimento de filho não 
biológico efetivou-se em decorrência do reconhecimento de paternidade, via escritura pública, 
de forma espontânea, quando inteirado o pretenso pai de que o menor não era seu filho; porém, 
materializa-se sua vontade, em condições normais de discernimento, movido pelo vínculo 
socioafetivo e sentimento de nobreza. 3. "O reconhecimento de paternidade é válido se reflete 
a existência duradoura do vínculo socioafetivo entre pais e filhos. A ausência de vínculo 
 
2 
 
biológico é fato que por si só não revela a falsidade da declaração de vontade consubstanciada 
no ato do reconhecimento. A relação socioafetiva é fato que não pode ser, e não é, 
desconhecido pelo Direito. Inexistência de nulidade do assento lançado em registro civil" 
(REsp n. 878.941-DF, Terceira Turma, relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17.9.2007). 
4. O termo de nascimento fundado numa paternidade socioafetiva, sob autêntica posse de 
estado de filho, com proteção em recentes reformas do direito contemporâneo, por denotar 
uma verdadeira filiação registral, portanto, jurídica, conquanto respaldada pela livre e 
consciente intenção do reconhecimento voluntário, não se mostra capaz de afetar o ato de 
registro da filiação, dar ensejo a sua revogação, por força do que dispõem os arts. 1.609 e 
1.610 do Código Civil. 5. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 709608 MS 2004/0174616-
7, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 05/11/2009, T4 
- QUARTA TURMA, Data de Publicação: <!-- DTPB: 20091123<br> --> DJe 23/11/2009) 
Em conclusão, ainda que provado por exame de DNA não haver vínculo biológico, prevalece 
a paternidade socioafetiva, merecendo ambos a mesma proteção. 
Obs.: além da posse do estado de filho, o art. 1.605, CC admite também outras provas, tais 
como, perícia médica por exame de DNA, testemunhas, documentos etc. 
4. A maternidade de substituição (“barriga de aluguel”) (Resolução do CFM nº 
2.121/2015): 
Outras expressões: gestação em útero alheio, gestação de substituição, doação temporária do 
útero, gestação por outrem, maternidade por sub-rogação (surrogate mother), mãe por 
procuração, mãe por comissão e cessão de útero. 
Obs.: apesar de bastante populares, é preciso ter cuidado com os termos “barriga de aluguel” 
e “mãe de aluguel”, por trazerem uma falsa ideia de que a maternidade por substituição tem 
caráter pecuniário, o que não é verdade, sendo vedado o caráter lucrativo ou comercial. 
4.1 Conceito: 
4.2 Requisitos: 
Item VII da Res. nº 2.121/2015do CFM, in verbis: 
“VII - SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO (DOAÇÃO TEMPORÁRIA DO 
ÚTERO) 
As clínicas, centros ou serviços de reprodução assistida podem usar técnicas de RA para 
criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde que exista um 
problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética ou em caso 
de união homoafetiva. 1- As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de 
um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe; 
segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima). Demais casos estão 
sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina. 2- A doação temporária do útero 
não poderá ter caráter lucrativo ou comercial. 3- Nas clínicas de reprodução assistida, os 
seguintes documentos e observações deverão constar no prontuário do paciente: 
3.1. Termo de consentimento livre e esclarecido informado assinado pelos pacientes e pela 
doadora temporária do útero, contemplando aspectos biopsicossociais e riscos envolvidos 
no ciclo gravídico-puerperal, bem como aspectos legais da filiação; 3.2. Relatório médico 
com o perfil psicológico, atestando adequação clínica e emocional de todos os envolvidos; 
3.3. Termo de Compromisso entre os pacientes e a doadora temporária do útero (que 
receberá o embrião em seu útero), estabelecendo claramente a questão da filiação da 
criança; 3.4. Garantia, por parte dos pacientes contratantes de serviços de RA, de tratamento 
e acompanhamento médico, inclusive por equipes multidisciplinares, se necessário, à mãe 
 
3 
 
que doará temporariamente o útero, até o puerpério; 3.5. Garantia do registro civil da 
criança pelos pacientes (pais genéticos), devendo esta documentação ser providenciada 
durante a gravidez; 3.6. Aprovação do cônjuge ou companheiro, apresentada por escrito, 
se a doadora temporária do útero for casada ou viver em união estável. 
 
a) Real impossibilidade médica de gestar 
 
b) A mãe gestacional deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco 
consanguíneo até o quarto grau, não havendo restrição quanto à linha de parentesco (se 
reta ou colateral). 
 
c) Caráter gratuito, por força da Res. do CFM, bem como do art. 199, §4º da Constituição 
Federal, in verbis: 
“Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
 § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, 
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a 
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de 
comercialização.” 
4.3 A presunção de maternidade (mater semper certa est): 
4.3.1 Regra: presunção (quase absoluta) mater semper certa est. 
Obs. (E. 129): Porém, a gestação em útero alheio implica na relativização da presunção mater 
semper certa est, de modo que se presumirá que a mãe da criança gerada em útero alheio será 
aquela que forneceu o material genético, e não aquela que a gerou e lhe deu à luz. 
4.3.2 Lei nº 12.662/2012 (criou a chamada Declaração de Nascido Vivo-DNV): 
5. Partoanônimo (a atualização da Roda dos Expostos/Enjeitados): 
5.1 Histórico: 
5.2 O que era a Roda dos Expostos? 
“O nome Roda – dado por extensão à casa dos expostos – provém do dispositivo de madeira 
onde se deposita o bebê. De forma cilíndrica e com uma divisória no meio, esse dispositivo 
era fixado no muro ou na janela da instituição. No tabuleiro inferior da parte externa, o 
expositor colocava a criancinha que enjeitava, girava a roda e puxava um cordão com uma 
sineta para avisar a vigilante – ou Rodeira – que um bebê acabara de ser abandonado, 
retirando-se furtivamente do local, sem ser reconhecido. A origem desses cilindros rotatórios 
vinha dos átrios ou vestíbulos de mosteiros, usados para outros fins, como o de evitar o 
contato dos religiosos com o mundo exterior.” 
5.3 Falência do sistema da “Roda”: 
5.4 Direito ao parto anônimo? (art. 8º, §5º c/c art. 13 do ECA): 
 
4 
 
6. A filiação e o princípio do planejamento familiar (art. 226, §7º, CF e Lei nº 9.263/96): 
“Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de 
regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da 
prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. 
Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer tipo 
de controle demográfico.” 
“Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: (Artigo 
vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem nº 928, de 19.8.1997) 
 I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de 
idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta 
dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à 
pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento 
por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; 
 II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório 
escrito e assinado por dois médicos. 
 § 4º A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada através 
da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito, sendo vedada 
através da histerectomia (retirada do útero) e ooforectomia (retirada dos ovários).” 
7. A responsabilidade civil na filiação e as Ações de Indenização por Abandono Afetivo 
(art. 229, CF e arts. 186 e 187, CC): 
i) a negativa de afeto, por si só, não é indenizável; 
ii) violação do dever de cuidado e assistência moral, previstos no art. 229, CF. 
Só caberá indenização por dano moral decorrente do chamado abandono afetivo se houver 
clara violação dos deveres mínimos de cuidado atribuídos ao pai, caracterizando a existência 
de ato ilícito (arts. 186 e 187, CC), sendo indispensável a demonstração da culpa 
(responsabilidade civil subjetiva) e do nexo de causalidade existente entre a conduta omissiva 
ou comissiva do pai e a ocorrência do dano. Assim, veja-se os seguintes julgados do STJ 
(ANEXO I). 
iii) Competência: Vara de Família 
 
ANEXO I 
“RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS 
MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato 
ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o 
abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. 2. Recurso especial conhecido e provido. 
(STJ - REsp: 757411 MG 2005/0085464-3, Relator: Ministro FERNANDO GONÇALVES, 
Data de Julgamento: 29/11/2005, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 
27/03/2006 p. 299RB vol. 510 p. 20REVJMG vol. 175 p. 438RT vol. 849 p. 228)” 
 
5 
 
“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO 
POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE.1. Inexistem restrições legais à aplicação das 
regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente dever de 
indenizar⁄compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo 
está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com 
locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 
da CF⁄88.3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida 
implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de omissão. Isso 
porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se, o necessário 
dever de criação, educação e companhia – de cuidado – importa em vulneração da 
imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear compensação por danos 
morais por abandono psicológico. 4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a 
possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole, existe um núcleo 
mínimo de cuidados parentais que, para além do mero cumprimento da lei, garantam aos 
filhos, ao menos quanto à afetividade, condições para uma adequada formação psicológica e 
inserção social. 5. A caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, 
ainda, fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática – não podem ser 
objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial.6. A alteração do valor fixado a título 
de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a 
quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada.7. Recurso 
especial parcialmente provido. (STJ – REsp: 1.159.242 - SP 2009/0193701-9, Relator: Min. 
Nancy Andrighi, Data de Julgamento: 24/04/2012, T3 – TERCEIRA TURMA)” 
“CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ABANDONO 
AFETIVO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ALEGADA 
OCORRÊNCIA DO DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE CUIDADO. NÃO 
OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA CONFIGURAÇÃO DO NEXO 
CAUSAL. APLICAÇÃO DA TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO. 
PREQUESTIONAMENTO INEXISTENTE NO QUE TANGE AOS ACORDOS E 
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS Nº.s 282 E 235 DO 
STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO. RECURSO ESPECIAL 
NÃO PROVIDO. 1. Não há ofensa ao art. 535 do CPC quando os embargos de declaração são 
rejeitados pela inexistência de omissão, contradição ou obscuridade, e o Tribunal a quo dirime 
a controvérsia de forma completa e fundamentada, embora de forma desfavorável à pretensão 
do recorrente. 2. Considerando a complexidade dos temas que envolvem as relações familiares 
e que a configuração de dano moral em hipóteses de tal natureza é situação excepcionalíssima, 
que somente deve ser admitida em ocasião de efetivo excesso nas relações familiares, 
recomenda-se uma análise responsável e prudente pelo magistrado dos requisitos 
autorizadores da responsabilidade civil, principalmente no caso de alegação de abandono 
afetivo de filho, fazendo-se necessário examinar as circunstâncias do caso concreto, a fim de 
se verificar se houve a quebra do dever jurídico de convivência familiar, de modo a evitar 
que o Poder Judiciário seja transformado numa indústria indenizatória.3. Para que se 
configure a responsabilidade civil, no caso, subjetiva, deve ficar devidamente 
comprovada a conduta omissiva ou comissiva do pai em relação ao dever jurídico de 
convivência com o filho (ato ilícito), o trauma psicológico sofrido (dano a personalidade), 
e, sobretudo, o nexo causal entre o ato ilícito e o dano, nos termos do art. 186 do CC/2002. 
Considerando a dificuldade de se visualizar a forma como se caracteriza o ato ilícito 
passível de indenização, notadamente na hipótese de abandono afetivo, todos os 
 
6 
 
elementos devem estar claro e conectados. 4. Os elementos e as peculiaridades dos autos 
indicam que o Tribunal a quo decidiu com prudênciae razoabilidade quando adotou um 
critério para afastar a responsabilidade por abandono afetivo, qual seja, o de que o 
descumprimento do dever de cuidado somente ocorre se houver um descaso, uma 
rejeição ou um desprezo total pela pessoa da filha por parte do genitor, o que 
absolutamente não ocorreu. 5. A ausência do indispensável estudo psicossocial para se 
estabelecer não só a existência do dano mas a sua causa, dificulta, sobremaneira, a 
configuração do nexo causal. Este elemento da responsabilidade civil, no caso, não ficou 
configurado porque não houve comprovação de que a conduta atribuída ao recorrido foi a que 
necessariamente causou o alegado dano à recorrente. Adoção da teoria do dano direto e 
imediato. 6. O dissídio jurisprudencial não foi comprovado nos moldes legais e regimentais, 
pois além de indicar o dispositivo legal e transcrever os julgados apontados como paradigmas, 
cabia ao recorrente realizar o cotejo analítico, demonstrando-se a identidade das situações 
fáticas e a interpretação diversa dada ao mesmo dispositivo legal, o que não ocorreu.7. 
Recurso especial não provido. (STJ, Ac. unân. 3ªT, REsp. 1.557.978/DF, Rel. Min. Moura 
Ribeiro, Data de julgamento: 03/11/2015, DJe 17/11/2015).”

Outros materiais