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ESTUDOS DISCIPLINARES II Gênero na Educação UNIDADE I 1º BLOCO - CONCEITOS DE CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE. Corpo Existe uma “complexa inter-relação entre corpo biológico, subjetividade e influências Socioculturais”. “O corpo como um constructo cultural”. O aprendizado e o cuidado sobre O aprendizado e o cuidado sobre o próprio corpo. (Jose Roberto Brêtas e Sonia Regina Pereira, 2007). Na época clássica o corpo foi descoberto como “objeto e alvo do poder”. (Michael Foucault, 1987) “meu corpo me pertence” A base desse conceito foi buscada na matriz do resgate do direito ao corpo e ao conhecimento sobre ele, para terem nas mãos o destino e caminho de suas vidas. (Eleonora Menicucci de Oliveira - 2008) Gênero Gender = intraduzível: O gênero é uma convenção social utilizada para designar as relações sociais entre os sexos. O termo gênero torna O termo gênero torna-se uma forma de se uma forma de indicar as “construções culturais”- a criação inteiramente social de ideias sobre os papéis adequados a homens e às mulheres. (Joan Scott, 1995) Gênero não é sinônimo de sexo, mas corresponde ao conjunto de representações que cada sociedade constrói [...] (Joan Scott, 1995) Gênero e sexualidade são construídos através de inúmeras aprendizagens e práticas, empreendidas por um conjunto inesgotável de instâncias sociais e culturais, de modo explícito ou dissimulado, num processo sempre inacabado. (Guacira Lopes Louro, 2008) O gênero, na partida, é a construção social do sexo biológico. A diferença dos sexos não é um dado de natureza imutável; ela só existe na história. O que é ser um homem, ou uma mulher, não pode então ser abstraído do contexto social. Simone de Beauvoir: “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Sexualidade Conceito: Aspecto central do ser humano durante toda a vida e abrange o sexo, a identidade de gênero e papéis, a orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é experimentada e expressada em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, desempenho de papéis e relacionamentos. (OMS, 2003) “Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões nem todas são experienciadas ou expressadas. A sexualidade é influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos sociais econômicos psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais”. (OMS, 2003) Três conceitos ancoram a sexualidade. 1. Sexo biológico: Existe somente dois sexos: Geneticamente somos: homens (XY) ou mulheres (XX). 2. Identidade de gênero: O modo como nos sentimos homem ou mulher, como somos vistos e tratados pelas pessoas ao nosso redor. 3. Orientação Sexual: Atração afetiva e erótica para onde aponta a nossa libido. Sexo oposto (heterossexual). Mesmo sexo (homossexual). Indistinta (bissexual). 2º BLOCO - GÊNERO, EDUCAÇÃO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS. Gênero e as políticas públicas O campo de estudos de gênero consolidou-se no Brasil no final dos anos 1970, concomitantemente ao fortalecimento do movimento feminista no país. (FARAH, 2004) O empoderamento feminino. Licença maternidade; aleitamento materno no período do trabalho. As discussões frente à legalização do aborto. O planejamento familiar e a discussão, desde a adolescência até a idade adulta, sobre a quem cabe a prevenção de uma gravidez indesejada. A partir do final dos anos de 1980 foram intensas as mudanças na educação brasileira. Sendo que a incorporação do gênero nas políticas públicas de educação se intensificam em meados dos anos de 1990 (VIANNA e UNBEHAUM) Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN) Cronologia das principais ações de Educação em sexualidade nas escolas brasileiras 1920 – Tentativa da feminista Berta Luz de implementar ensino oficial de educação sexual. 1970 – Surgimento da Lei nº 5692/1971, que tratava das ações de educação sexual como de responsabilidade dos orientadores educacionais ou dos professores da área de ciências ou programas de saúde. 1974 – Parecer nº 2264/74 do Conselho Federal de Educação, que legitimava o ensino da educação sexual como de responsabilidade dos programas de saúde. 1987-1988 – Organização do Projeto de Educação Sexual em Pernambuco. 1989 – Experiência da Sec. Mun. de SP de incluir um programa optativo de educação sexual para alunos, funcionando antes ou depois da aula. No mesmo ano, surge a proposta do Min. da Saúde e da Unicamp de incluir no currículo regular um Programa de Educação sexual para crianças e adolescentes de 4 a 19 anos. 1990 – Implementação de Programas de Educação Sexual nas escolas municipais de Porto Alegre. 1991-1995 – Fase experimental do Programa Salto para o Futuro, da TV Escola, tinha como proposta promover programas de educação à distância. 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96)– lança as bases para uma escola pluralista que respeita a diversidade. Depois, surgiram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), descrevem a inclusão da educação sexual (denominada de orientação sexual) de forma transversalizada em todo o conteúdo das disciplinas. 1997 - Realização de capacitação à distância com professores por meio das séries do programa Salto para o Futuro; “ Prevenir é sempre melhor – crescendo de bem com a vida”. 1998- Publicação dos cadernos de Temas Transversais dos PCN para o Ensino Fundamental, principal marco para desenvolver ações no espaço escolar relacionadas à temática de gênero diversidade sexual e orientação gênero, diversidade sexual e orientação sexual. 2001 - Lançamento do Plano Nacional de Educação - Lei 10172/01. 2002 - Implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos II, que visa fortalecer os artigos da Constituição Brasileira referentes ao direito à livre orientação sexual e à proibição da discriminação por orientação sexual discriminação por orientação sexual. 2003 – Surgimento do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), uma ação conjunta entre os Ministérios da Educação e da Saúde, como o apoio da UNESCO e UNICEF. Campanha “Na escola toda discriminação deve ser reprovada”. 2003- Criação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. 2004 - Governo Federal lança o programa Brasil sem Homofobia, com ações ligadas à área de educação. Criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC). Lançamento da campanha “Travesti e respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos” e do Plano Nacional de Políticas para Mulheres. 2005- Lançamento do Prêmio Construindo igualdade de gênero. 2006 – Lançamento do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Neste ano, o MEC iniciou em âmbito nacional o curso de formação de professores, com o objetivo de mobilizá-los para as questões ligadas às relações de gênero, orientação sexual, opressão sexual, cidadania e direitos humanos. 2008 - Realização da I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT). Prêmio Nacional de Educação e Direitos Humanos. Inclusão de recomendações relacionadas à abordagem de gênero e ao enfrentamento da homofobia no Edital de avaliação e seleção de obras didáticas para construção do Guia de Livros Didáticos do 1º ao 5º ano do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 2010). Realização da Conferência de Educação Básica. 3º BLOCO - IGUALDADE/EQUIDADE, PRECONCEITO E ESTEREÓTIPO DE GÊNERO. Igualdade/Equidade de gênero Refere-se à igualdade de oportunidades, ao respeito pelas diferenças existentes entre homens e mulheres e às transformações das relações de poder que se dão na sociedade em nível econômico, social, político e cultural. Exemplo de equidade de gênero Deve serestimulado nos meninos que sejam carinhosos, cuidadosos, gentis, sensíveis e expressem medo e dor. Quem disse que “homem não chora”? As meninas, por sua vez, podem ser incentivadas a praticar esportes a gostar de carros e motos a esportes, a gostar de carros e motos, a serem fortes (no sentido de terem garra, gana), destemidas, aguerridas. Para que haja equidade de gênero, devemos estar atentos para não educarmos meninos e meninas de educarmos meninos e meninas de maneiras radicalmente distintas. Preconceito de gênero É uma atitude social que diminui ou exclui as pessoas, em geral as mulheres, de acordo com o seu sexo. Chamado também de sexismo, o preconceito de gênero é uma atitude social que diminui ou exclui as pessoas, em geral as mulheres, de acordo com o seu sexo. Relacionado ao pensamento e aos hábitos individuais e sociais, envolve atitudes que afetam o comportamento e, frequentemente, nem são percebidas. (ROSSINI et.al. 1996) Pela Constituição Brasileira (Art. 5º) “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.” Qualquer instituição e qualquer cidadão e cidadã que não cumpra este artigo está que não cumpra este artigo está cometendo um ato ilegal. Ambos – discriminação de sexo e preconceito de gênero - podem ser dissimulados, já que muitos aspectos do preconceito de gênero são sutis e inconscientes, porque estão embutidos nos comportamentos. Estereótipo de gênero É uma opinião predeterminada, que afeta as relações interpessoais. Consiste na generalização e atribuição de valor (na maioria das vezes negativo) a algumas características de um grupo, reduzindo-o a estas características e definindo os “lugares de poder” a serem ocupados. É uma generalização de julgamentos É uma generalização de julgamentos subjetivos feitos em relação a um determinado grupo, impondo-lhes o lugar de inferior e o lugar de incapaz no caso dos estereótipos negativos. Exemplos de estereótipo de gênero Exige-se da moça: Que se guarde o máximo possível, retardando a iniciação sexual. Por outro lado, do rapaz exige-se: Que antecipe o máximo possível à primeira experiência sexual. O prazer de reunir múltiplas experiências sexuais, às vezes simultâneas. No cotidiano, temos expressões que reforçam os estereótipos: “tudo farinha do mesmo saco”; “tal pai, tal filho”; “só podia ser mulher”. 4º bloco - O sexismo na linguagem e a importância de adotar uma perspectiva de gênero na escola e em minha prática profissional. As implicações e as estratégias de práticas para promover a igualdade de gênero. O sexismo na linguagem É importante refletir como a linguagem institui e demarca os lugares dos gêneros não apenas pela ocultação do feminino, mas também pelas adjetivações diferenciadas que são atribuídas aos sujeitos (...) Exemplo de sexismo na linguagem Podemos citar o uso da linguagem completamente masculina nos livros didáticos. A gramática da Língua Portuguesa não evidencia, não utiliza a forma feminina em sua linguagem, o que não ajuda a constituir as mulheres como sujeitos próprios. Elas sempre são consideradas a priori parte de uma categoria masculina (todos, professores, diretores, pais alunos etc ) pais, alunos etc.). Como evitar o sexismo na linguagem? Podemos utilizar expressões no masculino genérico. Isto é: Ao invés de usar apenas homem, podemos usar os homens e as mulheres; ou os seres humanos; ou as pessoas. Evite usar o termo genérico o homem ou os homens. Nas imagens dos livros buscar desconstruir a ideia que homens desconstruir a ideia que homens realizam trabalhos no escritório (no ambiente externo ao lar) e as mulheres exercendo atividades apenas no lar (ambiente interno ao lar). Por que é importante adotar uma perspectiva de gênero na escola e em minha prática profissional? Ao adotar uma prática educativa mais alinhada às demandas atuais, o educador e a educadora, estarão contribuindo para reduzir as desigualdades entre homens e mulheres. Estará contribuindo para formar um pensamento crítico e reflexivo por parte de crianças e adolescentes. Essas ações têm em vista um futuro e uma cidadania com equidade de gênero. As implicações para a educação Na medida em que atribuímos comportamentos estanques a um sexo e a outro acabamos por colocar o nosso (a) aluno (a) em situações de desvantagem, pois a prevalência de estereótipos de gênero negativos baseados em crenças e atitudes da sociedade “prejudica as mulheres e limita as suas oportunidades e escolhas na esfera social, econômica e política”. (Legislação da União Europeia) Estratégias de práticas para promover a igualdade de gênero Faças atividades com os(as) escolares estimulando a refletir sobre o que é ser homem e ser mulher em nossa sociedade. Incentivar tanto meninos quanto meninas para desenvolver habilidades atribuídas a um ou outro sexo. Usar a linguagem não sexista. Estimule meninos e meninas para diferentes atividades como: cozinhar, costurar, bordar, brincar e consertar carrinhos, brincar de boneca, jogar bola. Estimular esportes de cooperação entre meninos e meninas. Promover a autoestima. Possibilitar que meninos e meninas conheçam as mais diferentes profissões. Levar meninos e meninas refletir sobre a temática da violência. Estratégias didático-pedagógicas de inclusão. Estratégias que contribuam para assegurar os direitos da mulher, a sua participação política e a sua segurança econômica. Promover a sensibilização à igualdade de oportunidades. Realizar atividades promotoras da igualdade de gênero em dias temáticos. A intervenção a partir da escola assenta no reconhecimento desta como espaço de educação convencional por excelência. Algumas referências Brasil, Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro de Conteúdo. versão 2010. – Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília : SPM, 2009. Brêtas. J.R.S. Sexualidades. 2011. Brêtas, J. R. S.; Pereira, S.R. Projeto de Extensão Universitária: Um espaço para formação profissional e promoção da formação profissional e promoção da saúde. p. 317-327, 2007. Jogos para a não violência. Coolkit USP/NEMGE/CECAE. Ensino e Educação com Igualdade de Gênero na Infância e na Adolescência – Guia Prático para Educadores e Educadoras. São Paulo, Nemge/Cecae, 1996. Louro GL et. al (orgs). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Vozes, 2007. Louro. G. L. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro Posições, V.19, n.2(56) maio/ago. 2008. Oliveira. E. M. Nosso corpo nos pertence: Uma reflexão pós anos 70. In labrys, estudos feministas / études féministes. janvier /juillet 2005. Foucault. M. Vigiar e Punir. 7ª Ed. Petrópolis.Vozes. 1987. Farah, M.F.S. "Gênero e políticas públicas." Estudos Feministas 12.1 (2004): 47-71. Brasil. Ministério da Saúde. Saúde e prevenção nas escolas : guia para a formação de profissionais de saúde e de educação. Ministério da Saúde 2006 Ministério da Saúde, 2006. Vianna, C.P. / Unbehaum, S. O gênero nas políticas públicas de educação no Brasil: 1988- 2002. Cadernos de Pesquisa 34.121: 77-104. 2004 UNIDADE II 1º BLOCO - A SEXUALIDADE E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Introdução Etapas do desenvolvimento psicossexual Freud > Fontes primárias de prazer Oral: o mamar, o morder; Anal: controle próprio; Fálico: descoberta, masturbação. Fontes de prazer na criança O toque. O brincar. A curiosidade e as descobertas. Conhecer o mundo. Conhecer e reconhecer seu corpo e o corpo do outro. A vida, o ser cuidada, ser querida e desejada. “Investigação Sexual Infantil” Freud pôde perceber que o conjunto de práticas que constituem a sexualidade normal e que dizem respeito à estimulação das zonas erógenas, espalhadas pelo corpo todo, éexperimentado desde muito experimentado desde muito cedo na vida de um ser humano. Isso faz parte da formação de um sujeito, demonstra que há curiosidade e desejo sexual desde a mais tenra idade. (ALBERTI, 2005) As crianças de 3 – 4 anos gostam de brincar de fazer cócegas, tocar os próprios genitais e os dos outros. Brincadeiras de médico, de papai e mamãe. Interessadas no que ocorre nos banheiros e em falar palavras ligadas ao corpo e à sexualidade. (FREUD, 1975) A autoexploração ou masturbação é outra experiência fundamental para a sexualidade saudável. A criança cedo aprende a brincar e a tirar prazer de seu próprio corpo, e isto faz parte de seu desenvolvimento tanto quanto seu desenvolvimento tanto quanto engatinhar, andar ou falar. Esta é apenas mais uma fase, e como tal tende a dar lugar a outras. (FREUD, 1975) Curiosidades e descobertas Descoberta do próprio corpo e do outro através de sensações e percepções. Descoberta das diferenças: genital – auto identificação e gênero. Concepção e nascimento. O mundo de homens e o mundo de mulheres. Curiosidade como fonte de prazer em conhecer o mundo. Educação em sexualidade Oferecer à criança experiências que possibilitem o desenvolvimento de capacidades tanto físicas quanto emocionais. Estimular o respeito às diferenças. Possibilitar o brincar, pois a brincadeira é o principal meio de que a criança dispõe para conhecer o mundo e desenvolver uma imagem positiva de si mesma. O espaço deve ser rico em elementos que transmitam confiança, liberdade e ludicidade, onde se possa resgatar o prazer de ensinar, despertando o prazer de aprender. O ambiente deve ser propício à vivência de situações lúdicas diárias. A sexualidade está presente e faz parte da nossa vida. A sexualidade infantil não contém os mesmos componentes e interesses que a sexualidade adulta. (BRITZMAN, 1998) Pode ser vista como a força que nos permite ter ideias, desejar ser amado e valorizado à medida que aprendemos a amar e a valorizar o outro. Buscar o desenvolvimento integral da criança com a discussão e a compreensão da sexualidade ocorrendo de modo sistemático e permanente. (BRITZMAN, 1998) Não há vivência de cidadania plena se as manifestações da sexualidade infantil, adolescente e adulta não são compreendidas e consideradas. (BRITZMAN, 1998) A sexualidade humana é parte integrante e indissociável da pessoa. (FURLANI, 2003) Conteúdos: eixos temáticos História de vida. Esquema corporal. História do nome. Integração família-escola. História que enfoque diferentes etapas de crescimento. Exploração dos sentidos. Ritmo, equilíbrio, psicomotricidade. 2º BLOCO - CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE NA CRECHE E NA EDUCAÇÃO INFANTIL Legislação Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, RCNEI, 1998) “Foco: o corpo e o movimento” “A expressão da sexualidade” Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. Corpo na creche e na Educação Infantil Na creche e na Educação Infantil, o foco do trabalho é o conhecimento de mundo, são as primeiras experiências, sensações e sentimentos pessoais e coletivos que são vivenciados. As manifestações corporais são relacionadas com a cultura. A criança vai descobrindo, conhecendo seu próprio corpo e como pode utilizá-lo para se expressar, para se comunicar com o mundo. Podemos ajudar a criança a conhecer melhor o seu próprio corpo e o dos colegas desenvolvendo diferentes atividades, tais como: observar-se no espelho; desenhar o corpo do colega sobre uma folha de papel pardo; sentir os diferentes ritmos do corpo: as batidas do coração, a respiração etc. (Adaptado de: PROINFANTIL Unidade 7) Gênero na Educação infantil Gênero e sexualidade são construídos através de inúmeras aprendizagens e práticas, empreendidas por um conjunto inesgotável de instâncias sociais e culturais, de modo explícito ou dissimulado, num processo num processo sempre inacabado. (LOURO, 2008) As crianças pensam – o corpo a partir de suas mentes e de suas emoções, da ação, da fantasia, da intuição, da razão, da imitação, da emoção, das linguagens, das lógicas e da cultura. Evitar situações predeterminadas de brinquedos considerados “certos” e “errados” para cada sexo. Procurar desconstruir estereótipos e concepções acerca do que é ser homem e mulher na sociedade. Lembrar que meninos e meninas têm a capacidade de pensar, imaginar e participar da gestão da sua educação, da sua aprendizagem e de sua escola. Exemplo: Josefina, professora de uma creche, estava entretida com um grupinho de crianças (a maioria delas com três anos de idade) que se travestiam das mais diferentes personagens. Algumas passavam batom, outras colocavam chapéu, cintos, capas, outras salto alto e algumas meninas pediram para Josefina pintar-lhes as unhas da mão... (FARIA, 2006) Sexualidade na criança A criança passa por fases do desenvolvimento, desde a satisfação proporcionada pelo controle esfincteriano, passando pela descoberta e manipulação dos órgãos genitais – ação não genitalizada. Nas crianças a sexualidade não é genitalizada, isto é, todas as manifestações em relação à curiosidade referente ao seu corpo e ao do outro é um movimento exploratório em busca um movimento exploratório em busca do conhecimento. (FREITAS, 2011) Como trabalhar a questão em sala de aula Conceito(s) de família(s): atribuição de sentidos e produção de diferenças. As várias formas de ser mulher e de ser homem nos dias atuais. (XAVIER FILHA, 2007) Proporcionar que tanto meninos quanto meninas possam brincar juntos e realizar atividades como: costurar e brincar de bonecas/saltar e jogar bola sem delimitações normativas de gênero. Discutir: Há brinquedos específicos para meninas e para meninos? Há cores específicas para meninos e para meninas? As formas de lazer podem ser as mesmas para meninos e meninas? Existe profissão de meninos e de meninas? Menino chora? E menina? Diferenças de tratamento que, sem querer, damos a meninas e meninos em nossas salas de aula. 3º BLOCO - CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL I Legislação do Ensino Fundamental I A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/9.394-96) destaca que a escola deve desempenhar um papel fundamental na construção da cidadania. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) indicam Curriculares Nacionais (PCN) indicam que a escola deve abordar temas que supram a necessidade de orientação de crianças e jovens. (FREITAS, 2011) Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), volume 10, da 1ª à 4ª série: utiliza o termo “orientação sexual” por designar um processo sistemático e continuado de intervenção instrumental. (FREITAS, 2011) Trabalhar a partir de temas que partem da realidade social, dos direitos e de responsabilidades em relação à vida pessoal passam a ser discutidas na escola de maneira transversal. Temas transversais se configuram como questões da ética, da pluralidade cultural, do meio ambiente, da saúde e da “orientação sexual”. (FREITAS, 2011) Sexualidade A escola dentro do seu planejamento deve privilegiar trabalhar as questões referentes ao corpo e à sexualidade de maneira transversal. A escola deve lidar com as questões da sexualidade de maneira positiva. Faz-se necessária uma formação pedagógica do educador e da educadora na perspectiva teórica de gênero a fim de reduzir as desigualdades. Como trabalhar a questão da sexualidade na sala de aula O desafio é adotar uma prática pedagógica reflexiva sobre os preconceitos sexuais e as situações de desigualdade e de violência que são gerados a partir de uma visão negativa do corpo e da sexualidade do corpo e da sexualidade. Utilizar revistas, jornais, músicas,vídeos, imagens para discutir a temática ‘corpo, gênero e sexualidade’. Trabalhar a sexualidade enfocando questões biopsicossociais. (FREITAS, 2011) Por que trabalhar a questão da sexualidade na escola A sexualidade é um aspecto fundamental da vida humana: possui dimensões físicas, psicológicas, espirituais, sociais, econômicas, políticas e culturais. Reduzir informações errôneas. Aumentar conhecimentos corretos. Esclarecer e fortalecer valores e atitudes positivas. (UNESCO, 2010) Aumentar habilidades de tomar decisões informadas e de agir segundo as mesmas. Melhorar percepções sobre grupos de pares e normas sociais; e aumentar a comunicação com pais ou outros adultos de confiança. (UNESCO 2010) Pesquisas demonstram que programas que compartilham certas características podem colaborar para: abster-se ou retardar o início de relações sexuais; reduzir a frequência de atividade sexual sem proteção; reduzir o número de parceiros sexuais; e aumentar o uso de proteção contra gravidez indesejada e gravidez indesejada e DSTs durante durante relações sexuais. (UNESCO, 2010) 4º BLOCO - DIVERSIDADE SEXUAL E HOMOFOBIA Diversidade sexual Histórico A década de 1970 Movimentos sociais Movimento Libertação Gay Pioneiros a iniciar um debate mais amplo sobre sexualidade no Brasil. Posição bastante incisiva, enfrentando uma sociedade fortemente cercada de preconceitos e tabus. Grupo Gay da Bahia (GGB) Mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil e na América Latina. O GGB sugere três intervenções contra os crimes homofóbicos: Educar a população para promover e respeitar os direitos humanos. Exigir que a polícia e a justiça punam com toda severidade a homofobia. Prevenir que os próprios Prevenir que os próprios gays e travestis e travestis se coloquem em situações de risco. Estudo de caso “Teve um menino que era homossexual, os alunos ficavam chateando ele e os professores não ligavam, até que ele desistiu de estudar.” Grupo focal com alunos: escola pública, Maceió. Pesquisa: “Juventudes e Sexualidade”. (UNESCO, 2004) Homofobia na escola A escola é também um lugar de opressão, preconceito e discriminação: Tratamento preconceituoso; Medidas discriminatórias; Ofensas; Constrangimentos; Ameaças e agressões físicas e verbais. Isso é constante na vida das(os) estudantes LGBT. (Lula Ramires) Homofobia “Manifestação arbitrária que consiste em designar o outro como contrário, inferior ou anormal. Sua diferença irredutível o coloca em outro lugar fora do universo comum dos humanos”. (Daniel Borrillo, 2009) O Brasil é o país onde há mais registros de crimes, concentrando 44% das execuções homofóbicas em todo o mundo. Documentos nacionais e legislação Programa Brasil sem Homofobia: programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e de promoção da cidadania homossexual. (2004) PL 122/06 – Art. 1º: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero.”. Decreto 51.180/2010: nome social de travestis e transexuais em documentos. Conceito Diversidade sexual é a expressão usada para designar as várias formas de expressão da sexualidade humana. Assim, a heterossexualidade, a homossexualidade, a bissexualidade, a assexualidade, a travestilidade, dentre outras possibilidades, integram a diversidade sexual. Não é correto usar o termo “homossexualismo” “Ismo” = doença. “Dade” = estado, situação ou quantidade. Existe uma maneira correta? Sim, preferência pelos termos: homossexualidade; lesbianidade; bissexualidade; travestilidade; transgeneridade; transexualidade; assexualidade (…) Algumas referências BRÊTAS, J.R.S. Sexualidades. 2011. BRASIL. Educação integral. Brasília. MEC/SECAD, 2009. BRASIL. Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. MEC/UNESCO 2009 MEC/UNESCO, 2009. BRASIL. Módulo II MEC.2005. PROINFANTIL. Unidade 7. BRASIL. MEC. Projeto de cooperação técnica para construção de orientações curriculares para a Educação Infantil. 2009. BRASIL. Educação integral: texto referência para o debate nacional. MEC/SECAD. 2009. FARIA, A. L. G. Pequena infância, educação e gênero: subsídios para um estado da arte. Pagu. 279-287. 2006. FINCO, D. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na Educação Infantil. Pró-Posições. p. 89-101, 2003. FREITAS, M.J.D. A representação social da sexualidade no cotidiano escolar a partir das narrativas das professoras de uma escola pública do município de São Paulo. 2011. FELIPE, J. Sexualidade, gênero e novas configurações familiares: algumas implicações para a Educação Infantil. Cap. 5. In. Craidy. C.M. Org. Educação Infantil: pra que te quero? 2001. FREUD S (1905) “T ê i b t i FREUD, S. (1905). “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. Rio de Janeiro. Imago; 1989. V.7. p.162-216. XAVIER FILHA, C. A criança, a família e a instituição de Educação Infantil. EDUFMT. 2007.
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