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Plano de Aula: TEORIA DA SANÇÃO PENAL – PARTE 1 DIREITO PENAL II – Prof. Juenil Antonio dos Santos 1. A Sanção Penal. Com grau de certeza, o que se pode dizer que o ilícito penal é ato punido, por força de previa definição legal, com pena ou medida de segurança. A pena, então, é a retribuição imposta pelo Estado em razão da pratica de um ilícito penal e consiste na privação ou restrição de bens jurídicos determinados pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio e a prevenção em relação à pratica de novas infrações penais. Pena e medida de segurança são espécies do gênero sanção penal. A pena é a sanção prevista em nosso ordenamento jurídico aos imputáveis e a medida de segurança é reservada aos inimputáveis ou semi- imputáveis em virtude de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo. As penas criminais podem ser privativas ou restritivas de liberdade; penas restritivas de direitos ou de natureza pecuniária. A palavra pena deriva do latim poena, que indica castigo ou suplício. 1.1. Evolução Histórica A história da pena confunde-se com a própria história do direito penal. É sempre bom lembrar que as primeiras leis foram penais, e, em nome da sociedade, para o seu bem e sua ordem, é que se permite o recurso à pena. Pode-se dividir o Direito penal em diversas fases: a da vingança privada (Talião e Código de Hamurabi), a da vingança divina (Código de Manu), a da vingança pública (Roma Antiga), a fase humanitária (Beccaria) e a fase científica (escola penais). 1.2 Finalidade e Fundamento das Penas - prevenção geral e especial Podemos dizer que a finalidade da pena se confunde com a função do Direito Penal. Afinal de contas, indagar por que punir, o que é a pena ou o que se entende por pena justa é, em última analise, debruçar-se sobre a finalidade do Direito Penal. A aplicação da pena possui diversos fundamentos: a) Preventivo: Prevenção geral: a existência da norma penal incriminadora visa a intimidar os cidadãos, para que não cometam ilícitos penais, pois ao tomarem ciência de que determinado infrator foi condenado, tenderão a não realizar o mesmo tipo de conduta. É a chamada prevenção geral. Prevenção especial: Especificamente, a aplicação da pena ao criminoso no caso concreto, em tese, evita que ele cometa novos delitos enquanto cumpre a sua pena, protegendo-se, desta forma, a sociedade. É a chamada prevenção especial. b) Retributivo. Funciona como um castigo ao transgressor de forma proporcional ao mal cometido. c) Reparatório. Consiste em compensar a vítima ou seus parentes pelas consequências advindas da prática do ilícito penal. A obrigação de reparar o dano. Efeito secundário da sentença condenatória (art. 91, I, CP). d) Readaptação. Busca-se com a aplicação da pena a reeducação, ou seja, a reabilitação do criminoso ao convívio social. 1.3 O sistema Penal Brasileiro: A Pena Criminal - Teorias absolutistas e relativas. Teoria adotada pelo art. 59 do CP. 1.3.1. Teoria absolutista. A finalidade da pena é punir o infrator pelo mal causado à vítima, aos seus familiares e à coletividade, ou seja, a finalidade da pena é eminentemente retributiva. A pena atua como contrapartida pelo mal cometido. Um mecanismo necessário para reparar a ordem jurídica violada pelo delinqüente. Este, quando pratica o ilícito penal, produz um mal (injusto). A vantagem das teorias absolutistas consiste em agregar à pena a ideia de retribuição e, com isso, estabelecer que a sanção deve ser proporcional à gravidade do fato. 1.3.2. Teoria relativa ou da prevenção. A finalidade da pena é a de intimidar, evitar que delitos sejam cometidos. Para estas teorias, não se admite que a pena possa servir como simples mecanismo de retribuição. Não se justifica a imposição de um mal tão grave e acentuado sem que haja, por detrás, a busca de um fim ulterior, de uma meta superior. Seus adeptos, então, aduzem que a finalidade superior consistiria justamente em evitar a ocorrência de novos crimes. 1.3.3. Teoria mista ou conciliatória. A pena tem duas finalidades, ou seja, punir e prevenir. Parte do pressuposto de que as funções retributivas e preventivas não são inconciliáveis. Por esse motivo, pode-se identificar na pena um duplo papel: retribuir e prevenir. Nosso código penal, no artigo 59, caput, parte final, declara que o juiz, ao aplicar a pena, deverá dosá-la “conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime”. Significa que o magistrado deve voltar-se ao passado e, ao impor a pena, mirar na retribuição pelo ato cometido e, fazendo-o, graduar a pena segundo a gravidade do ato praticado. Deve também mirar o futuro e impor a sanção de modo a que sirva de exemplo para todos (prevenção geral) e de fator interno de reflexão (prevenção especial). 1.4. Princípios da Pena. a) humanidade das penas (art.5º, XLVII e XLIX, CRFB/1988); refere-se as vedações expressas da lei, proibindo as penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis de trabalhos forçados e de morte, salvo em caso de guerra declarada. (CF art. 5°. XLVII). b) legalidade (art.5º, XXXIX, CRFB/1988); para que seja válida a pena aplicada, a expressão legal penal já deve estar vigendo no momento em que for praticada a infração penal. (CP, art. 1°, e CF, art. 5°, XXXIX). c) personalidade (art.5º, XLV, CRFB/1988); um dos mais suscitados princípios penais, a personalização da pena refere-se diretamente ao art. 5°, XLV, concernente a pena não ultrapassar a pessoa do condenado. d) inderrogabilidade: A pena deverá ser aplicada sempre que se configurar simetria perfeita entre o tipo penal e a atitude empregada pelo indivíduo. Contudo, há situações excepcionais que excluem a ilicitude, como o exercício regular de direito (art. 23, III do CP), por exemplo. Entretanto, via de regra, não pode haver extinção da pena por mera liberalidade do juiz ou qualquer autoridade que intente a efetivação de tal proposta. e) proporcionalidade (art.5º, XLVI, CRFB/1988 e art.59, Código Penal); a pena deverá exercer função especificamente ao crime cometido, de acordo com a situação do delito, em caráter preexistente, contemporâneo e superveniente ao ato. (CF, art. 5°, XLVI e XLVII). f) individualização da pena (art.5º, XLVI, CRFB/1988); Refere-se a necessidade da apreciação pontual do delito, para que assim, a pena seja imposta ao criminoso de acordo com o grau de culpabilidade e em vista de certos requisitos a serem avaliados quando na aplicação da penalidade. Assim, pode-se dizer que a pena parte de valores genéricos de acordo com a fria previsão do tipo penal, e posteriormente, em sua liquidação, se molda de acordo com analise da situação fática. (CF, art. 5°, XLVI). 1.5 Espécies de Pena São as seguintes: a) Pena Privativa de Liberdade. Reclusão e detenção para os crimes (art. 33 do CP) e prisão simples para as contravenções ( art.6º DL. 3688/41). b) Pena Restritiva de Direitos são as seguintes: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas, interdição temporária de direitos, limitações de fim de semana (art. 43 do CP). c) Pena de Multa (art. 49 CP).
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