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Arrematação e preço vil no Novo CPC

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Arrematação e preço vil no Novo CPC
“Não logrando êxito na alienação por iniciativa particular, e submetida o bem à hasta pública, poderia o exequente arrematá-lo por preço inferior ao da avaliação (60% do valor avaliação)? Esse preço é vil? Em sendo, o que deve fazer o executado?”
Pois bem, o exequente pode arrematar por preço inferior ao de avaliação sim, observada a vedação do preço vil estabelecida no art. 891 do CPC. No caso apresentado, o valor da arrematação atingiu exatos 60% (sessenta por cento) do valor de avaliação do bem, afastando-se qualquer alegação de lance vil.
Assim dispõe o artigo 891 do CPC: “Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação.” Nesse sentido, seria vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da avaliação, salvo se o magistrado estipular diferentemente. Portanto, no caso apresentado não se trata de preço vil.
No caso, se houvesse configuração de preço vil, o artigo 903 do CPC, apresenta a solução, o executado pode buscar a invalidação da arrematação.
Por oportuno, citam-se os ensinamentos de Cássio Scarpinella Bueno:
“A fórmula adotada pelo novo CPC com relação às diversas hipóteses de desfazimento da arrematação é mais adequada e mais técnica que a do CPC de 1973, distinguindo os casos de invalidade da arrematação dos que ela deve ser considerada ineficaz e, ainda, das hipóteses em que ela deve ser resolvida (incisos I, II e III do § 1º, respectivamente). Com relação ao inciso III do § 1º, aliás, cabe evidenciar que a caução lá referida só pode ser a relativa ao pagamento em prestação do valor da arrematação (art. 895, § 1º) e, neste sentido, harmoniza-se com a previsão do § 5º do art. 895 ou quando o magistrado decidir com base na ressalva que abre o caput do art. 892. Há inovação substancial no dispositivo quando disciplina a forma de arguição dos motivos listados no § 1º. Abandonando os atuais (e pouquíssimos usados) ‘embargos à arrematação’ ou ‘embargos de segunda fase’ do art. 746 do CPC de 1973, o novo CPC autoriza que a arguição seja feita no próprio processo em até diz dias do aperfeiçoamento da arrematação, após esse prazo será expedida a respectiva carta ou ordem de entrega ou mandado de imissão na posse (§§ 2º e 3º). Expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega do bem, a arguição poderá ser feita por ‘ação autônoma’, em que o arrematante será citado como litisconsorte passivo necessário (§ 4º). (…) O § 6º do art. 903, contextualizando o § 3º do art. 746 do CPC de 1973, expressamente qualifica como ato atentatório à dignidade da justiça a criação de incidente infundado para levar o arrematante a desistir de seu ato, impondo àquele que o criar o pagamento de multa em favor do exequente (e não, como no CPC de 1973, a quem desistiu da aquisição) em montante não superior a vinte por cento do valor do bem, sem prejuízo da sua responsabilidade por perdas e danos.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva 2015. P. 550-551).”
Infere-se que o executado pode buscar a invalidação se houve arrematação por preço vil, e então o juiz decidirá se for provocado em até 10 (dez) dias após o aperfeiçoamento da arrematação. Após ter passado este prazo sem que tenha havido alegação de invalidade por preço vil, será expedida a carta de arrematação e, conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de imissão na posse.
Por fim, após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte necessário.
De tal forma, conclui-se que o Novo Código de Processo Civil mantém a vedação de preço vil, contudo é mais abrangente e específica o que pode ser considerado preço vil, ao contrário do Código anterior.
No tocante ao desfazimento da arrematação decorrente de invalidade por preço vil, o novo Código adota fórmula mais adequada, distinguindo os casos de invalidade da arrematação dos que ela deve ser considerada ineficaz e das hipóteses em que ela deve ser resolvida, deixando de lado os embargos à arrematação do velho CPC. Nesse sentido, o executado pode arguir no mesmo processo a invalidade da arrematação, ou por ação autônoma, quando o prazo para alegação expira.
Angelo Mozer

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