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Niklas

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Resumo sobre exclusão, ilegalidades e organizações criminosas no Brasil
Introdução
	Este trabalho trata-se de uma síntese referente a aplicação da teoria de Niklas Luhmann em relação ao estudo de sociedades de modernidade periférica, sendo fornecidos pelo autor noções relevantes para a compreensão de tal fenômeno. O referido dossiê fala que as organizações criminosas são organizações sociais que abrangem um processo de comunicação e através deste se tomam as decisões. Neste sistema do crime se atua na ilegalidade e se interage com outras organizações.
	
A contribuição de Niklas Luhmann para o estudo de sociedades periféricas
	A “Nova Teoria dos Sistemas” criada por Luhmann é classificada pelo mesmo como socialmente condicionada, devido ao fato de gerarem questões controvérsias a sua aplicabilidade, tal qual na opinião de Marcelo Neves, não poderá ser aplicado o conceito autopoiético luhmaniano pois na esfera jurídica brasileira não há uma instalação plena do estado de Direito no país, para este, não há distinção entre lícito e ilícito, ambos se encontram de forma indeterminada devido a falta de normas eficazes.
	Contudo, sua teoria seria capaz de distinguir a inclusão e exclusão funcional que existem em uma sociedade, pois o mesmo acredita que nas regiões onde não foi alcançado o desenvolvimento as condições não estariam suficientemente instaladas formando assim brechas entre aqueles que participam da inclusão funcional, onde estes possuem algum poder de influência e os que ficam excluídos.
	Uma vez aberto esta brecha, tende-se a ser assumida uma função de diferenciação primária do sistema da sociedade, esta possibilidade significa que grande parte da população ficaria totalmente de fora das prestações funcionais.
	Para Dario Rodriguez, os sistemas das sociedades parcialmente contemporâneas não são completamente diferenciados, pois há casos onde os setores passam por um processo de (des) diferenciação, sendo que o que é excluído de tal sistema pode ser incluso em outro. Como exemplo ele cita as favelas, onde os residentes estão excluídos do âmbito escolar e formal de trabalho e estão incluídos no tráfico de drogas.
	Luhmann acredita que a situação de alguns setores mundiais são de exclusão pelas diferenças alternativas que os sistemas funcionais oferecem, pois eles não adquirem educação, melhores condições de saúde. Isto estaria do outro lado da inclusão, recebendo o nome de exclusão e sendo caracterizado pela falta de integração. Apesar de existirem estes grupos de pessoas, eles são considerados invisíveis aos subsistemas funcionais por não terem condições mínimas para serem considerados neste grupo.
 	Nos países e regiões de modernidade periférica tal exclusão de pessoas foi ampliada passando a ser um supercódigo formando guetos, pois acredita-se que estes códigos sociais não são válidos para uma mesma sociedade visto as condições de inclusão e exclusão. Nos países em desenvolvimento uma parte da população vive nessas condições de exclusão e essa exclusão para Niklas acaba automaticamente gerando outras exclusões, um exemplo que ele cita é o fato das pessoas que não possuem documentação pessoal não poderem casar ou votar.
	Ou seja, para adentrar em um sistema é necessário tomar posição em outro sistema funcional, e neste último, o indivíduo acaba sendo corrompido. Assim, Luhmann acredita que nas sociedades periféricas os sistemas se mantem abertos e por esta facilidade de entrar nos mesmos acaba-se alcançando um maior número de pessoas. 
O crime organizado no Brasil
	Diante das várias definições sobre o crime organizado, se considera que esta espécie criminal abrange grupos organizados que reúnem, principalmente, adultos com trajetória delitiva e funcionam como organizações de atividades ilícitas. A sua conformação é hierárquica e permanente, com liderança estável que se impõe através da força e/ou da habilidade criminal. Tais grupos visam o enriquecimento ilícito e o prestígio, embora suas ações nem sempre sejam racionais ou instrumentais, incluindo: o tráfico de entorpecentes, o contrabando e o descaminho, o furto e o roubo de veículos, de cargas e de carros-fortes, o roubo a banco e a outras instituições financeiras, o roubo a postos de pedágio, a extorsão mediante seqüestro, etc. Por vezes, estes grupos especializam-se em um ou mais tipos de atividades, podem ter ramificações e comandos dentro das prisões, bem como estabelecem ligações com representantes de profissões convencionais (advogados, contadores, políticos, policiais, juízes, promotores e outros atores), a fim de assegurar a sua impunidade e desenvoltura no mundo legítimo. 
	As principais atividades destas organizações incluem: assalto de rua, a bancos e a carros-fortes, roubo e furto de veículos, furto a residências e a estabelecimentos comerciais, prostituição, extorsão e seqüestro, venda de drogas ilícitas, tráfico de armas e assassinatos pagos, justiceiros, grupos de autodefesa. (LLORENTE et al., 2002, p. 8).
	Um dos elementos essenciais para a consolidação do crime organizado é a formação de redes que protegem os seus membros contra a prisão e a condenação, as quais incluem executores da lei, representantes do Estado e políticos: Felizmente para os criminosos, a máquina política da cidade está, em geral, pronta a protegê-los, caso estejam dispostos a lhe dar uma compensação adequada em dinheiro ou em serviços. (SUTHERLAND, 1955, p. 241, tradução nossa). Estas ligações são invariavelmente imperceptíveis e aparecem disfarçadas por negócios lícitos. Ocorre, assim, uma integração entre estruturas de oportunidades legítimas e ilegítimas (CLOWARD; OHLIN, 1960), uma vez que, para desenvolverem suas operações e circularem livremente no mundo lícito, os criminosos necessitam do apoio de pilotos, banqueiros, procuradores, advogados, juizes, tesoureiros, especialistas financeiros, etc.
	Estes novos grupos nascem: das cadeias (liga de presos, como no caso dos comandos de presos); da união de pequenas quadrilhas; de laços de consanguinidade em uma terra estranha (exemplo: "La Cosa Nostra" nos Estados Unidos); da associação de grupos interessados no monopólio de uma mercadoria ou serviço (como os cartéis colombianos). Dentre suas múltiplas atividades, Mingardi (1998) inclui: o tráfico de entorpecentes (embora com organização menos definida), as empresas de lavagem de dinheiro ou de receptação e o jogo do bicho (próximo do crime organizado tradicional).
	A criminalidade organizada é uma realidade social com lógica própria, até agora não estudada, e que funciona com certa independência em relação a outros problemas e fenômenos sociais, como a 'crise do Estado'. [...] em suma, a expansão da cidadania não garante o controle, o cancelamento ou a superação da criminalidade violenta. (MACHADO DA SILVA, 1999, p. 115 e 123, grifo do autor).
Sistema social e organização em Luhmann
	O exame inicial de certas características da criminalidade organizada no Brasil, autonomização frente às políticas sociais, sociabilidade violenta, integração das organizações nas estruturas de oportunidades legítimas e ilegítimas, difusão pelos mais distintos espaços sociais – sugere que este fenômeno atingiu um patamar muito característico, lembrando as ideias luhmannianas de casualidade das estruturas sistêmicas autonomização, fechamento operacional e autoprodução. Esta nova esfera se teria originado da diferenciação do pólo negativo do código binário do direito (a ilegalidade), afastando-se, então, do sistema jurídico que a produziu. 
	Todavia, talvez não seja apropriado atribuir ao crime organizado o caráter de sistema autopoiético, mas o de organização, conceito provavelmente mais adequado às sociedades não-diferenciadas, nas quais as esferas sociais convencionais (direito, saber, religião, poder) encontram-se insuficientemente diferenciadas e desenvolvidas. O conceito de organização surgiu na obra de Luhmann na década de 1970, e, conforme Rodriguez Mansilla (em LUHMANN, 1997c, p. XXIIXXV), reúne as seguintes características:
	- Organizaçãoé um sistema cujos componentes são decisões.
	- Os sistemas organizacionais geram seus próprios elementos.
	- Nem todas as decisões organizacionais seguem a adequação entre fins e meios, não pressupondo sempre a racionalidade.
	- A organização abrange um complexo de decisões que a unem às outras organizações.
	- As organizações são obrigadas a inovar para não perderem oportunidades.
	- Entre os seus mecanismos constitutivos, figuram a planificação e a reflexividade.
	Luhmann refere-se ainda a três condições estruturais, monetarização, legalização das condições de modo de vida diário, separação entre casa, escola e a profissão, para o surgimento das organizações, dentro de uma perspectiva muito próxima à de Weber, ao analisar a origem do Capitalismo e do Estado Moderno.
Conclusão
Concluímos através da litura do texto e depois de debates que, as noções de exclusão (em nível macrossocial) e de organização (no âmbito micro) são extremamente úteis para serem analisados fenômenos peculiares de sociedades periféricas, contribuindo, assim, com a produção teórico-analítica no campo dos estudos sobre crime e violência no Brasil.
O conceito de organização de Luhmann, nos mostra que, as seguintes considerações a respeito da criminalidade organizada no Brasil.
Podemos compreender que é, mais apropriado considerar os grupos criminosos como organizações criminosas, que atuam de modo próprio. Buscando o enriquecimento próprio. Sendo que a maioria tenho uma composição simples, mas que tem funções extremamente distintas em suas características. 
Tendo uma hierarquia muitas vezes, baseada com pessoas de influência no comando e de pessoas de classe baixa, sendo “testa de ferro” nas ações das organizações. 
Podemos também entender que, enquanto organização, o crime organizado estrutura-se através de unidades de processos de comunicação. Através de ações de comunicações podemos entender que são estabelecidas relações com os outros sistemas e organizações, onde podemos dar como exemplo sistemas governamentais que ficam dentro de áreas comandadas por essas organizações a liberação para atuar sem ter problema.
 Temos que entender que as organizações criminosas são obrigadas a inovar para se adequarem ao ambiente para que possa ter um controle do sistema que os envolve e que mantem ligado as outras formas de organização desse sistema.
Como Luhmann identifica em sociedades funcionalmente diferenciadas, no Brasil, o modo de recrutamento de membro para às organizações criminosas não implica como pré-condição, a capacitação escolar e a livre escolha de uma profissão.
 Por conseguinte, podemos concluir que o recrutamento de novos membros pelas organizações criminosas surgidas dentro de um contexto de exclusão representa uma oportunidade de ganho monetário e de prestígio para a população socialmente destituída.
Tentando traduzir as indicações de Luhmann para perceber qual o modo constitutivo das organizações do crime para estabelecer quem está ou não na fila de recrutamento para participar das organizações e como atingir as outras organizações de modo que, não tenha um prejuízo para sua forma de sistema constituído através de circunstancias para mapear os seus demais mecanismos estruturadas.
Portanto podemos concluir que as organizações criminosas possuem efetivamente um caráter empresarial, fundamentada em sistema muito complexo, que muitas vezes temos um conhecimento muito raso da verdadeira estrutura sistemática das organizações. Sendo muitas vezes um canal de acesso para as pessoas que ficam a par da realidade social do cenário econômico, financeiro e simbólico. Deixando uma lacuna para o recrutamento para a população excluída. 
Enfim, para que possamos atingir um entendimento concreto das tendências das organizações, é necessário um aprofundamento destes fenômenos, tendo uma perspectiva analítica, das próprias condutas criminosas na sua referência cultura e ambiental.
REFERÊNCIA: 
SCHABBACH, Letícia Maria. Exclusão, Ilegalidade e organizações criminosas no Brasil. Sociologias, Porto Alegre, ano 10, nº 20, jul/dez. 2008, pág. 48-71, texto digital. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/soc/n20/a04n20.pdf>.Acesso em: 18 abril 2018.

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