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Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 54 AULA 03: Bens. Olá aluno (a)! Como você está? Muito estudo? Lembre-se de que o sacrifício é momentâneo, os frutos serão duradouros! Nesta aula vamos conversar sobre os bens, seu conceito e sua grande classificação. Não será uma aula muito extensa, mas ela pode se tornar complexa, uma vez que envolve uma vasta terminologia, justamente no que diz respeito à classificação desses bens. Sumário - Das Diferentes Classes de Bens. ........................................................................................................... 4 1. Dos bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91). ....................................................................... 4 1.1 Bens Imóveis e Bens Móveis. ............................................................................................................ 5 1.2 Bens Fungíveis e Bens Infungíveis ..................................................................................................... 9 1.3 Bens Consumíveis e Inconsumíveis ................................................................................................. 10 1.4 Bens Divisíveis e Indivisíveis ............................................................................................................ 11 1.5 Bens Singulares e Coletivos ............................................................................................................. 12 2. Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97). ................................................................... 14 3. Dos bens públicos. Classificação dos bens quanto ao titular do seu domínio (arts. 98 a 103). ....... 19 3.1. Bens de uso comum do povo (também denominados bens de domínio público). ....................... 21 3.2. Bens de uso especial. ..................................................................................................................... 22 3.3. Bens dominicais. ............................................................................................................................ 23 - Características dos bens públicos. .................................................................................................. 24 - QUESTÕES CESPE E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS .................................................................... 27 - LISTA DAS QUESTÕES E GABARITO ..................................................................................................... 47 Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 54 - Dos Bens. As nossas primeiras aulas versaram sobre as pessoas, as pessoas naturais e as pessoas jurídicas – que são os sujeitos de direito. Pois bem, a partir de agora vamos estudar o objeto do direito. Pois, todo direito pressupõe a existência de um objeto, que vem a ser justamente aquilo que pode se submeter ao poder dos sujeitos de direito e, desta forma, instrumentalizar a realização de suas pretensões jurídicas. Em sentido amplo, o objeto de direito pode recair sobre coisas, ações humanas, atributos da personalidade e até mesmo determinados direitos, como, por exemplo, o poder familiar ou a tutela. Em sentido estrito, o objeto de direito recai sobre os bens – que são o objeto dos direitos reais e também determinadas ações humanas denominadas prestações. “Mas o que é um bem?” De acordo com Carlos Roberto Gonçalves1 - “Bens são coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis”. Maria Helena Diniz2, sobre o conceito de bens, diz - “Como bens só se consideram as coisas existentes que proporcionam ao homem uma utilidade, sendo suscetíveis de apropriação, constituindo, então seu patrimônio. Compreendem não só os bens corpóreos, mas também os incorpóreos, como as criações intelectuais”. Para Silvio de Salvo Venosa3, sobre o mesmo assunto – “Entende-se por bens tudo o que pode proporcionar utilidade aos homens. (...) Bem, numa concepção ampla, é tudo que corresponde a nossos desejos, nosso afeto em uma visão não jurídica. No campo jurídico, bem deve ser considerado aquilo que tem valor, abstraindo-se daí a noção pecuniária do termo”. 1 Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed. 2 Curso de Direito Civil Brasileiro, ed. Saraiva, 28ª ed. 3 Direito Civil I, Parte Geral, ed. Atlas, 11 ed. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 54 E, ainda, Washington de Barros Monteiro4 assim lecionava – “Juridicamente falando, bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito”. Independente da problemática doutrinária que envolve os conceitos de bens e coisas, podemos concluir que bens ¹são coisas concretas como um carro, uma casa, uma joia, que possuem valor econômico e que podem ser apropriados ao patrimônio da pessoa – tanto natural quanto jurídica, ²mas, também, podem ser coisas imateriais, coisas que não são concretas, mas que tenham uma valoração econômica, a exemplo da propriedade intelectual. Então atenção! Integram o patrimônio das pessoas (física ou jurídica) tanto os bens corpóreos – os que têm existência física (material) e podem ser tocados ou sentidos pelo homem, a exemplo dos bens imóveis por natureza - como os bens incorpóreos – que são aqueles que têm existência abstrata ou ideal, são, portanto, entendidos como abstrações do direito, possuem existência jurídica mas não física, a exemplo das propriedades literária, científica ou artística. O patrimônio vem a ser a projeção econômica, é tudo aquilo avaliável pecuniariamente (ou seja, que tem avaliação em dinheiro). Lembre-se de que quando vimos os direitos da personalidade, na aula 01, falamos que uma das características destes direitos era justamente o fato de serem extrapatrimoniais, porque não eram passíveis de avaliação pecuniária (o que somente ocorria com a sua projeção econômica). Neste sentido é que surge a definição que o patrimônio é a projeção econômica da personalidade. Cabe ressaltar que existem determinadas coisas que, podendo integrar o patrimônio de alguém, não estão ligadas a ninguém, como, por exemplo, é o caso das coisas de ninguém (res nullius) – que são coisas sem dono, que nunca pertenceram a ninguém, como os peixes no mar - e também das coisas abandonadas (res derelictae) – que são coisas que foram jogadas fora. Além disso, outras coisas não estarão no patrimônio de ninguém especificamente porque pertencem a todos (a coletividade), como é o caso das coisas de uso comum do povo – a exemplo da praia, das praças e dos parques públicos. 4 Curso de Direito Civil 1, ed. Saraiva, 43 ed. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs.Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 54 - Das Diferentes Classes de Bens. O Código Civil de 2002 em seu livro II, denominado Dos bens, apresenta um Título Único – Das Diferentes Classes de Bens, entretanto o subdivide em três capítulos: 1. Dos bens considerados em si mesmos; 2. Dos bens reciprocamente considerados; 3. Dos bens públicos. A partir deste momento vamos estudar cada uma destas classificações. Cabe antes fazermos uma observação: cada classificação baseia-se numa característica peculiar do bem, entretanto este bem pode enquadrar-se em várias categorias, dependendo das características que serão intrínsecas a ele. Não se preocupe! Você logo entenderá o que isto quer dizer. 1. Dos bens considerados em si mesmos (arts. 79 a 91). Esta talvez seja a mais importante classificação (é também a mais extensa). É a classificação mais importante porque diz respeito à natureza dos bens. Neste sentido os bens podem ser: imóveis ou móveis; fungíveis ou infungíveis; consumíveis ou inconsumíveis; divisíveis ou indivisíveis; e singulares ou coletivos. Bens considerados em si mesmos Móveis ou Imóveis Fungíveis ou Infungíveis Consumíveis ou Inconsumíveis Divisíveis ou Indivisíveis Singulares ou Coletivos Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 54 1.1 Bens Imóveis e Bens Móveis. Baseia-se na efetiva natureza do bem. Bens imóveis Assim está no art. 79 do CC: Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Deste modo, os bens imóveis – também conhecidos como bens de raiz, são os que, absolutamente, não podemos transportar ou remover, sem alteração de sua substância. De acordo com o artigo visto acima, são considerados bens imóveis o solo e tudo o que lhe for acrescentado, de forma natural ou artificial. Assim, os bens imóveis podem ser classificados, subdivididos em: - imóveis por natureza: é imóvel por natureza o solo, incluídos a sua superfície o seu subsolo e o seu espaço aéreo. - imóveis por acessão5 natural: aqui estão incluídas as árvores com seus frutos, desde que ainda pendentes (enquanto não se destacarem da árvore); as águas, as pedras, as fontes (naturais). Enfim, tudo que for ligado ao solo de forma natural entra nesta classificação. - imóveis por acessão artificial ou industrial: incluem-se nesta categoria tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo. Por isso chama-se artificial, porque não veio da natureza e sim do homem. Como exemplos, temos as plantações e as construções. Enquanto são, por exemplo, sementes ou, então, materiais de construção, são bens móveis, mas uma vez incorporado ao solo se tornam bens imóveis por acessão industrial ou artificial – visto que (como falamos) sua incorporação não veio naturalmente. Diante do que falamos acima, observe, no entanto, o que dispõe o art. 81 do CC: 5 Entende-se por acessão aquilo que se incorpora, que se junta, podendo ocorrer de forma natural ou artificial. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 54 Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. O que é considerado para saber se um bem é móvel ou imóvel é sua finalidade, o destino final. Por exemplo, quando uma casa vai ser demolida e dela são retirados as portas e as janelas, quando isso acontece as portas e as janelas readquirem sua qualidade de bem móvel, quando forem reutilizados, em outra casa, serão novamente bens imóveis. Explicando especificamente o art. 81, se a separação for provisória, segundo o inciso II do art. 81, os materiais nem chegam a perder a qualidade de imóveis desde que a finalidade seja o reemprego no mesmo prédio. O inciso I se refere, por exemplo, àquelas situações mais comuns em outros países, onde uma casa (normalmente de madeira) é transportada com toda a sua estrutura (conservando a sua unidade). “Não entendi bem por que desta importância dada à classificação dos bens em móveis ou imóveis?” É muito importante que os bens sejam classificados em móveis e imóveis porquê de acordo com esta classificação decorrerão seus efeitos. Vamos explicar melhor. Os bens móveis são adquiridos, em regra, por tradição (ou seja, pela simples entrega da coisa), já os bens imóveis de valor superior ao legal precisam de escritura pública e registro no Cartório de Registros de Imóveis. - imóveis por determinação legal: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. No art. 80 temos a atribuição da característica de bem imóvel a um bem que por sua natureza não o é. Os direitos são coisas imateriais e, por este motivo, não entram diretamente na classificação de bens móveis ou imóveis. Entretanto, tendo Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 54 em vista a segurança das relações jurídicas, os direitos reais sobre imóveis são tratados como se fossem imóveis. E, dada à natureza de bem imóvel de que se revestem os direitos hereditários, a cessão desses direitos, quando já aberta a sucessão, deve ser feita por instrumento público. OBS: A herança mesmo que composta de bens móveis será considerada bem imóvel. Bens Móveis Assim está no art. 82 do CC: Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. São, portanto, coisas corpóreas que podem se movimentar (por força própria ou alheia) sem que esta capacidade de movimentação prejudique ou altere a sua essência ou o seu valor comercial. Podem ser classificados em: - móveis por natureza: é o mesmo conceito de bem móvel utilizado acima, de acordo com o art. 82. São aqueles bens que podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria ou de terceiro, sem prejudicar sua substância e sem alterar sua destinação econômico-social. Podem ser: semoventes – são os que se movimentam por sua própria força, como os animais; e móveis propriamente ditos – são os que precisam da força alheia para se locomover, como moedas, mercadorias, produtos agrícolas. - móveis por determinação legal: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Vamos lá! Quanto ao inciso I, as energias são: o gás – que pode ser transportado por tubulação ou em botijão, e também a energia elétrica, Direito Civil parao TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 54 que embora não tenha a mesma corporalidade do gás, é bem móvel. Neste sentido, Caio Mário da Silva Pereira6 afirmava: “No direito moderno qualquer energia natural, elétrica inclusive, que tenha valor econômico, considera-se bem móvel”. (grifos nossos) Quanto aos direitos tratados no inciso II, eles compreendem tanto o gozo quanto a fruição sobre objetos móveis e também as ações a eles correspondentes. Quanto ao inciso III, que trata dos direitos obrigacionais pessoais de caráter patrimonial e suas respectivas ações, este inclui, dentre outros, a propriedade intelectual e as cotas de capital de uma empresa. - móveis por antecipação: são aqueles bens que foram incorporados ao solo, mas com a intenção de oportunamente separá-los, transformando-os, assim, em bens móveis (isto em função da finalidade econômica). Por exemplo, são móveis por antecipação árvores abatidas para serem convertidas em lenha, ou as casas vendidas para serem demolidas. “Da mesma forma que as árvores, também os frutos, pedras e metais enquanto aderentes ao imóvel são imóveis; separados para fins humanos tornam-se móveis. São os chamados bens móveis por antecipação”. 7 Vamos agora tecer algumas considerações sobre o art. 84: Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Este artigo endossa o que já foi visto anteriormente. O que se considera neste tipo de classificação é a finalidade da separação e a destinação dos materiais (o seu emprego). Cuidado! Os materiais vindos da demolição de um prédio readquirem a qualidade de bens móveis, entretanto, quando a separação for provisória (como já explicamos), estes não perderão sua característica de bem imóvel quando a intenção for reutilizá-los na reconstrução do prédio. O que vale é a intenção do dono da coisa (isto deverá estar bem explicado na questão da prova). 6 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed. 7 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 196. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 54 1.2 Bens Fungíveis e Bens Infungíveis Bens Fungíveis (Substituíveis) O CC em seu art. 85 nos fala o que são os bens fungíveis: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Como principal exemplo de coisa fungível, nós temos o dinheiro – que é o bem fungível por excelência. Qualquer nota de R$ 10,00 pode ser substituída por outra de R$ 10,00. Ambas apresentam as mesmas características, são da mesma espécie, qualidade e quantidade. Outro exemplo é o atribuído aos gêneros alimentícios em geral. Ser fungível é atributo exclusivo dos bens móveis. O mútuo (espécie de empréstimo) é um exemplo do emprego de um bem fungível. A compensação (forma de pagamento especial de pagamento) também deverá englobar coisa fungível. Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. DICA PARA MEMORIZAR que fungível é o mesmo que substituível, sendo característica apenas dos bens móveis: FUnGI e SUBi no autoMÓVEL. Bens Infungíveis A contrário sensu dos bens fungíveis, temos que os bens infungíveis são aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ou seja, são aqueles que são únicos, são personalizados. Como exemplo, temos um determinado quadro ou uma escultura de alguém famoso. Atenção: para saber se um bem possui a característica da fungibilidade, devemos comparar com outro que seja equivalente. Pois a fungibilidade deriva da própria natureza do bem. No entanto, pode acontecer de um bem, que por sua natureza seja fungível, tornar-se infungível por vontade das partes. Pode ser o exemplo de uma moeda que é um bem fungível, mas que para um colecionador pode tornar-se infungível. Outro exemplo, Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 54 uma cesta de frutas é coisa fungível, mas, emprestada ad pompam vel ostentationem, ou seja, para ornamentação, transformar-se-á em coisa infungível.8 1.3 Bens Consumíveis e Inconsumíveis Bens Consumíveis Seu conceito está no art. 86 do CC: Art. 86. São consumíveis ¹os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, ²sendo também considerados tais os destinados à alienação. Deste conceito podemos perceber que existem duas espécies de bens consumíveis: Os consumíveis de fato – que são aqueles que no seu primeiro uso já serão consumidos, ou seja, há a destruição imediata da própria substância, como um picolé , por exemplo; Os consumíveis de direito – que decorrem de uma classificação jurídica. São aqueles bens destinados à venda (alienação), como os remédios de uma farmácia, um livro posto em uma loja, enfim os bens enquanto destinados à alienação. Atenção! Consuntibilidade é característica de algo que é consumível. Bens Inconsumíveis São aqueles bens que podem ser usados de forma continuada e mesmo assim não perderão sua substância, nem serão destruídos. Claro que, se analisarmos rigorosamente, toda coisa um dia irá se consumir, acabar-se, mas, aqui, o que levamos em consideração é se esta destruição se dá no primeiro uso ou não. 8 Washington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil I, 43 ed., pág. 199. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 54 Atenção! Um bem pode ser consumível por sua própria natureza ou, então, por vontade das pessoas. Vamos a um exemplo: uma roupa, se você considerá-la na sua essência, concluirá que se trata de um bem inconsumível, tendo em vista que, em regra, irá demorar a se acabar. Porém, quando esta roupa está em uma loja para ser vendida será considerada um bem consumível, o mesmo ocorre com um livro enquanto na livraria, exposto para venda (como visto anteriormente, são os chamados consumíveis de direito). Tudo dependerá da destinação econômico-jurídica que será dada ao bem. 1.4 Bens Divisíveis e Indivisíveis Bens Divisíveis Seu conceito jurídico está no art. 87 do CC: Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Portanto, bens divisíveis são aqueles que podem ser partidos, ou repartidos, sem que com isso se perca sua substância, além disso, importa queesta divisão também não implique a sua desvalorização econômica. Por exemplo, se pegarmos um saco de arroz de 20 kg e dividirmos em 4 sacos de 5kg cada, cada fração conservará as mesmas qualidades do produto, ou seja, ainda será arroz, podendo ter a mesma utilização do todo, uma vez que não houve nenhuma alteração de sua substância. (1X20KG = 4X5KG ). A divisibilidade jurídica não se confunde com a divisibilidade física, para aquela o entendimento que precisamos ter é o de que 1kg de arroz dentro do saco de 20 kg equivale a 1kg de arroz dentro do saco de 5kg, não há nem desvalorização econômica nem prejuízo do uso. Bens Indivisíveis Indivisíveis são os bens que se opõe a definição de bens divisíveis, além disso, o art. 88 do código civil dispõe o seguinte: Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis ¹por determinação da lei ou ²por vontade das partes. Portanto, de acordo com o artigo, os bens podem ser indivisíveis por: Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 54 Sua própria natureza (indivisibilidade física ou material) - são aqueles bens que não podem ser partidos sem alteração na sua substância ou no seu valor, como por exemplo, um quadro de Picasso. Por determinação legal (indivisibilidade jurídica), quando a lei de forma expressa proíbe que determinado bem seja dividido. Como exemplo, veja o CC art. 1.791, parágrafo único: “Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio”. Por vontade das partes (indivisibilidade convencional), quando as partes fazem um acordo para tornar alguma coisa indivisível. Cuide, no entanto que, de acordo com o art. 1.320, § 2º: “Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador”. Se a indivisão for promovida, então, pelo doador ou pelo testador, não poderá exceder de cinco anos. 1.5 Bens Singulares e Coletivos Bens Singulares Assim está no art. 89 do CC: Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Para esta classificação os bens são analisados em sua individualidade, como exemplo, serão bens singulares: um boi, um lápis, um carro, uma casa. Os bens singulares podem ser: simples – quando suas partes são unidas pela própria natureza, como o exemplo o boi; ou podem ser compostos – quando suas partes são unidas pelo esforço do homem, como um carro, uma casa. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 54 Quando junta-se coisas simples para formar uma coisa composta, e estas coisas simples mantem a sua identidade elas se denominam partes integrantes. Quando as coisas simples perdem sua identidade ao se juntarem para fazer a coisa composta elas se denominam partes componentes. Como exemplo de partes integrantes, nós temos as peças usadas para fabricar um automóvel, pois uma vez separadas mantém seu “valor” e identidade. Como exemplo de partes componentes, nós temos a farinha quando colocada em um bolo, uma vez utilizada não se pode separar, é componente. Bens Coletivos As coisas coletivas ou universais são as formadas por várias coisas singulares, que consideradas conjuntamente, formam um todo único que passa a ter uma identidade própria, distinta das partes que a compõe. Como exemplo clássico, temos uma floresta ou um rebanho. Os bens coletivos abrangem as universalidades: -Universalidades de Fato Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Como exemplo, temos uma galeria de obras de arte, onde, dependendo da vontade de seu dono, pode ser vendida a totalidade da universalidade, ou ainda, de acordo com o § único do art. 90, cada bem pode ser considerado individualmente e vendido separadamente. Art. 90. § único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. -Universalidades de Direito Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Como principal exemplo nós temos o patrimônio. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 54 A diferença básica entre uma universalidade de fato e uma universalidade de direito é que a universalidade de fato assim o é por uma vontade particular de seu proprietário, enquanto que uma universalidade de direito advém da lei, ou seja, “da pluralidade de bens corpóreos e incorpóreos a que a lei, para certos efeitos, atribui o caráter de unidade, como, por exemplo: na herança, no patrimônio, na massa falida9”. 2. Dos bens reciprocamente considerados (arts. 92 a 97). Depois de estudarmos os bens quanto a sua própria natureza (com relação a eles mesmos), vamos passar ao estudo dos bens em sua relação entre uns e outros. Neste item veremos os bens principais e os bens acessórios, além dos conceitos de frutos, de produtos, de benfeitorias e pertenças. Logo no art. 92 temos a definição do que é um bem principal e do que é um bem acessório. Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Assim, principal é o bem que possui existência própria, que existe por si, independentemente de outros. Já o bem acessório dependerá da existência do principal. 9 Silvio Rodrigues. Direito Civil. Bens reciprocamente considerados Principais Acessórios Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 54 Como consequência imediata desta distinção que acabamos de fazer, temos que o bem acessório segue o destino do principal – esta é a regra. (Para que isso não aconteça será necessário que seja assim acordado ou, então, que esteja previsto em algum dispositivo legal). Da regra que conhecemos acima, decorrem as seguintes consequências: A natureza do acessório é a mesma natureza do principal, princípio da gravitação jurídica, onde, um bem atrai o outro para sua órbita estabelecendo o mesmo regime jurídico (bonito isso, né? ). Assim, se o solo é imóvel a casa que está ligada a ele também o é. O acessório acompanhará o principal em seu destino, deste modo, se num contrato de locação (principal), existir um contrato acessório, como é a fiança, uma vez acabado o contrato de locação, se extinguirá também o de fiança, que é acessório. Cuidado que, no entanto, a recíproca não é verdadeira, se o contrato acessório se extinguir não atingirá necessariamente o contrato principal. O proprietário do principalé o proprietário do acessório, se uma pessoa possuir uma bananeira (principal) as bananas (acessórios) que esta árvore vier a dar serão também suas. Com relação às classes de bens acessórios, assim dispõem os arts. 95 e 96: Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Vamos ao estudo destas três figuras, os frutos, os produtos e as benfeitorias! - Os Frutos: São as utilidades que uma coisa periodicamente produz sem, com isso, sofrer alteração em sua substância. Como exemplos, o leite das vacas e as frutas que uma árvore dá. Para se reconhecer um fruto devemos observar três elementos: periodicidade; inalterabilidade da substância da coisa principal e a separabilidade desta. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 54 Quanto à sua origem os frutos podem ser naturais – quando se desenvolvem e se renovam periodicamente pela própria força orgânica da própria coisa; industriais – são aqueles que têm a sua origem vinculada a alguma ação humana sobre a natureza; civis – quando se tratar de rendimentos oriundos da utilização de coisa frutífera por outrem que não o proprietário. Como exemplos de frutos naturais, citamos: os ovos e as crias dos animais. Dos frutos industriais temos a produção de uma fábrica. Como exemplo de frutos civis, temos o aluguel. Quanto ao seu estado os frutos podem ser pendentes – enquanto ainda estão ligados a coisa que os produziu; percebidos ou colhidos – quando já separados da coisa que os produziu; estantes – os que foram separados e estão armazenados ou acondicionados para a venda; percipiendos – os que deveriam ter sido percebidos ou colhidos mas não foram; e consumidos – os que não mais existem porque foram consumidos. Esta classificação dos frutos é importante no que diz respeito aos efeitos com relação à posse das coisas. De acordo com o art. 1.214 do CC, o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, enquanto a posse durar, mas não tem direito nem aos pendentes nem aos colhidos por antecipação. Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. Já o possuidor de má-fé não tem direito aos frutos, devendo restituir os colhidos e percebidos: Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 54 - Os Produtos: O conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do principal diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Como os metais, por exemplo. Atenção: os produtos quando são utilidades que provém de uma riqueza, postos em utilidade econômica, seguem a mesma natureza dos frutos. Assim, os produtos devem ser tratados, no que diz respeito aos possuidores de boa-fé pelo mesmo art. 1.214 do CC. - As Benfeitorias: Também são consideradas bens acessórios. São aqueles melhoramentos acrescidos à coisa com a ¹finalidade de evitar que se deteriore, ou ²para aumentar seu valor ou com a finalidade de ³torná- la mais vistosa ou agradável. Deste modo, as benfeitorias são obras ou despesas que se faz em bem, móvel ou imóvel, para ¹conservá-lo, ²melhorá-lo ou ³embelezá-lo. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Portanto, existem três tipos de benfeitorias: 1. Benfeitorias Necessárias – são aquelas destinadas a conservação do bem, para evitar que este se deteriore. Esta prevista no § 3º do art. 96: Art. 96. § 3º. São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Como exemplos, nós temos o reforço de fundações de um prédio; uma cerca de arame farpado para defesa da terra cultivada. 2. Benfeitorias Úteis – são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. Está prevista no § 2º do art. 96: Art. 96. § 2º. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. O que não for benfeitoria necessária e que aumente o valor do bem será considerado benfeitoria útil. Como exemplos podemos citar a construção de uma garagem ou de mais um banheiro em uma casa ou, então, a modernização de encanamentos. 3. Benfeitorias Voluptuárias – são aquelas feitas para o prazer, não aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 54 agradável e seu valor seja elevado. Estão normatizadas no § 1º do art. 96: Art. 96. § 1º. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. Como exemplos, podemos citar: a pintura da casa; a construção de uma quadra de tênis, ou de uma piscina, ou de um mirante. Atenção para não misturar os conceitos de benfeitorias, acessões industriais e acessões naturais. As benfeitorias são obras ou despesas feitas em bem já existente. As acessões industriais são obras que criam coisas novas. As acessões naturais são acréscimos decorrentes de fatos naturais e fortuitos. São, portanto, obras exclusivas da natureza, quem lucra é o dono da coisa. Assim dispõe o art. 97. Art. 97 Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Pertenças Agora vamos falar sobre as pertenças. Pertenças são coisas auxiliares das outras. Diferentemente do que ocorre na regra do acessório, as pertenças não estão abrangidas nos negócios jurídicos pertinentes ao bem principal. “Não se confundem necessariamente, com as coisas acessórias, visto que a definição de “pertença” não pressupõe que sua existência esteja subordinada à do principal.”10 Estão normatizadas no art. 93: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Pertença é, portanto, um bem que é acrescido a outro, que é o principal, sem, no entanto, ser parte integrante deste. São pertenças, todos os bens móveis ajudantes, que o dono, por sua vontade e querer, colocar na exploração industrial ou econômica de 10 Nelson Nery Junior, Código Civil Comentado, 8ª ed., pág. 296. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.brPágina 19 de 54 um imóvel, no seu embelezamento ou na sua comodidade. São coisas auxiliares das outras. São coisas móveis que são postas de modo estável a serviço de outras coisas móveis ou, então, imóveis. Como exemplos, podemos citar: a moldura de um quadro que é usado na sala de uma residência; os tratores que são usados para melhorar a exploração de propriedade rural. Atenção! As pertenças não se confundem com as coisas acessórias, visto que a definição de pertença não pressupõe que sua existência esteja subordinada à do principal. O art. 94 traz a distinção entre parte integrante11 e pertenças. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da ¹lei, da ²manifestação de vontade, ou das ³circunstâncias do caso. Assim, as pertenças não obedecem à regra de que o acessório segue o principal, porque são coisas que não formam partes integrantes e também não são fundamentais para a utilização do bem principal. Parte integrante é o acessório que, unido ao principal, forma com ele um todo, sendo desprovida de existência material própria, embora mantenha sua identidade. Exemplo de parte integrante já citado em provas12 foi o dos dutos e estações de compressão de um gasoduto. 3. Dos bens públicos. Classificação dos bens quanto ao titular do seu domínio (arts. 98 a 103). Os bens quanto a sua titularidade ou em relação aos sujeitos a que pertencem (em relação às pessoas) classificam-se em ¹bens públicos e ²bens privados. O art. 98 traz a conceituação dos bens públicos e dos bens particulares. 11 Parte integrante são os frutos, os produtos e as benfeitorias. 12 Pela banca ESAF. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 54 Art. 98. São ¹públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são ²particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Deste modo, são bens públicos os de domínio nacional pertencentes à União, aos Estados, aos Territórios ou aos Municípios e às outras pessoas jurídicas de direito público interno. Todos os outros, os que tiverem, por exemplo, como titular de seu domínio pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado, serão bens particulares. O art. 99 traz a classificação dos bens públicos, ela se baseia no modo como esses bens são utilizados: Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Portanto, os bens públicos de acordo com sua destinação foram classificados em três categorias: ¹bens de uso comum do povo, ²bens de uso especial, ³bens dominicais. Bens quanto ao titular de seu domínio Públicos Particulares Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 54 3.1. Bens de uso comum do povo (também denominados bens de domínio público). Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; ... A primeira observação que devemos fazer é de que os bens de uso comum do povo citados no art. 99, I, são meramente exemplificativos, porque neles não se exaurem, ou seja, há outros além dos citados. São os bens públicos que podem ser utilizados, sem restrições, de forma gratuita ou onerosa, por todos, sem necessidade de qualquer permissão especial, ou seja, se destinam ao uso de todos. Explicando melhor: Todos têm acesso a estes bens, podendo o acesso ocorrer gratuitamente ou não. Como exemplo temos as ruas, as estradas, as praças, os jardins públicos, o mar. “Via de regra, sua utilização é permitida ao povo, sem restrições e sem ônus”13, ou seja, o acesso é permitido a toda coletividade, no entanto, nada impede que a utilização deste bem possa ser cobrada, desde que regulamentada. Assim, bens de uso comum do povo, são bens que, embora mantidos sob gestão da administração pública - uma pessoa jurídica de direito público interno, podem ser utilizados, sem restrição, gratuita ou onerosamente, por todos, sem necessidade de qualquer permissão especial. Pertencem à coletividade (res communes omnium), também podem ser denominados bens de domínio público e se destinam ao uso de todos. Mesmo se regulamentos administrativos condicionarem ou restringirem o seu uso a certos requisitos ou mesmo se instituírem pagamento de contribuição (uso retribuído), não perdem a natureza de bens de uso comum do povo, como exemplo disto temos: o pedágio, nas estradas; a venda de ingressos, em museus públicos; a taxa de embarque, em aeroportos, a taxa de ancoragem, em portos. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 13 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed., pág. 368. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 54 Veja que o uso do bem até pode ser franqueado (o usuário é o povo), mas o domínio sobre o bem continua sendo da pessoa jurídica de direito público. Sobre os bens de uso comum do povo citamos esta jurisprudência14: Administrativo. Ação de reintegração de posse. Estabelecimento comercial construído em terreno de marinha. Ocupação irregular. Mesas e cadeiras em área de praia. Bem da União de uso comum do povo. Impossibilidade de ocupação por particular. Demolição, com direito a indenização. Boa fé do ocupante. Cobrança de multa prevista na Lei n. 9.636/98. Impossibilidade. Irretroatividade. (TRF, 5ª Região, AP. n. 2002.800.000.13756/AL, rel. Des. Frederico Pinto de Azevedo, j. 05.07.2007). A situação jurisprudencial descrita se refere a uma ação de reintegração de posse movida pela União contra uma empresa privada que construiu em terreno de marinha sem a devida autorização para a ocupação. 3.2. Bens de uso especial. Art. 99. São bens públicos: ... II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; Como o próprio nome diz bens de uso especial são os bens que possuem uma destinação especial, bens que são utilizados pelo próprio poder público para a execução de seus serviços públicos. Por exemplo, os prédios onde estão instaladas repartições públicas e os prédios de escolas públicas. Constituem o aparelhamento administrativo, assim, são afetados a um serviço ou estabelecimentopúblico, ou seja, destinam-se especialmente à execução dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos deste serviço. São os edifícios e terrenos aplicados ao funcionamento da administração. Não integram propriamente 14 Citação em Ministro Cezar Peluso, Código Civil Comentado, Doutrina e Jurisprudência, Manole, 6ª ed., pág. 90. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 54 a Administração, mas constituem (como já falamos) o aparelhamento administrativo. São também chamados bens patrimoniais indisponíveis, pois possuem uma finalidade pública permanente15. Para finalizar o tema assim lecionava o saudoso Caio Mario da Silva Pereira16: “E, quando não mais se prestem à finalidade a que se destinam, é facultado ao poder público proprietário levantar a sua condição de inalienabilidade, e expô-lo à aquisição, na oportunidade e pela forma que a lei prescrever”. 3.3. Bens dominicais. Art. 99. São bens públicos: ... III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. São os bens que compõem o patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Abrangem tanto bens imóveis quanto bens móveis. São aqueles que, embora integrando o domínio público, diferem dos outros bens públicos pela possibilidade, sempre presente, de serem utilizados em qualquer fim ou, mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Constituem o patrimônio disponível e alienável da pessoa jurídica de direito público. “Sobre eles o poder público exerce poderes de proprietário” 17. São bens que não são afetados a qualquer destino público. Como exemplos, temos as terras devolutas, oficinas, fazendas e indústrias pertencentes ao Estado. Art. 99. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 15 Hely. Dir. Administrativo, p. 520. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 298. 16 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed., pág. 369. 17 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 249. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 54 “Não entendi bem, o que o §único do artigo 99 quer dizer?” Ele quer dizer que quando não houver lei em contrário, a própria lei instituidora da pessoa jurídica de direito público poderá qualificar seus bens, isto sem depender da destinação que dá a eles. O que acontece é o seguinte, “caso nenhuma lei estabeleça normas especiais sobre os dominicais, seu regime jurídico será o de direito privado. Podem ser desafetados”.18 - Características dos bens públicos. A primeira característica é a inalienabilidade, desde que destinados ao uso comum do povo ou para fins administrativos, ou seja, enquanto guardarem a afetação pública os bens públicos de ¹uso comum do povo e ²os de uso especial são inalienáveis. É o que diz o art. 100 do código civil: Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Porém, esta característica poderá ser revogada, se mediante lei especial tenham tais bens perdido sua utilidade ou necessidade, não mais conservando a sua qualificação. Quando ocorre a desafetação, que é a mudança da destinação de um bem público, ele acaba incluído no rol dos bens dominicais, sendo que, de acordo com o art. 101: Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. A venda ocorre em hasta pública ou por meio de concorrência administrativa. A segunda característica é a imprescritibilidade das pretensões a eles relativas. Deste modo os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião, de acordo com o art. 102: 18 Regina Sahm. Em, Costa Machado, Código Civil Interpretado, Manole 2012, 5ª ed., pág. 126. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 54 Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. STF 340: “Desde a vigência do CC (1916) os bens dominiais, bem como os demais bens públicos não estão sujeitos a usucapião”. Ou seja, TODOS os bens públicos não estão sujeitos a chamada prescrição aquisitiva. A proibição da usucapião de imóveis públicos está no texto constitucional: Constituição Federal Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. ... § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. ... Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. E a terceira característica é a impenhorabilidade19, que é decorrência da primeira característica, pois uma vez que os bens públicos são inalienáveis não se pode também dá-los em garantia. “Os créditos contra a Fazenda Pública se satisfazem por meio de precatórios (CF100), pois não há excussão de bens públicos, que são impenhoráveis”.20 19 A impenhorabilidade impede que o bem passe do patrimônio do devedor ao do credor, ou de outrem, por força da execução judicial. 20 Nelson Nery Junior, Código Civil Comentado, 8ª ed., pág. 298. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 54 Assim acabamos mais uma de nossas conversas. Repetimos que, embora esta aula não seja longa, você deve ter atenção, isto principalmente no que diz respeito à classificação dos bens. E sempre lembrando que, em caso de dúvidas, estamos à sua disposição. Procure resolver as questões propostas e não hesite em nos enviar um e- mail ou, então, utilizar o fórum dúvidas se não entender algo. Grande abraço e bons estudos! Aline Santiago & Jacson Panichi DireitoCivil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 54 - QUESTÕES CESPE E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS CESPE 2012/TJ-AL/Auxiliar Judiciário. No que concerne aos bens públicos, analise os itens. 1. Consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado, sendo vedada qualquer disposição legal em sentido contrário. Comentário: Art. 99. São bens públicos: III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Item errado. 2. O uso comum do bem público deve ser necessariamente gratuito e depende de autorização da entidade que o administre. Comentário: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Item errado. 3. O prédio de propriedade do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, onde funciona a sede do tribunal, é um bem público de uso especial. Comentário: Art. 99. São bens públicos: II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; Item correto. 4. À exceção dos bens dominicais e dos de uso comum do povo, os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 54 Comentário: Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Item errado. 5. São bens públicos de uso comum do povo os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Comentário: Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; Item errado. CESPE 2012/TJ-AL/Analista Judiciário. Analise os itens em relação a bens. 6. O direito à sucessão aberta é considerado, por disposição legal, um bem imóvel. Comentário: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Item correto. 7. A universalidade de fato refere-se ao conjunto de bens singulares corpóreos ou incorpóreos, aos quais a norma jurídica confere unidade. Comentário: Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Item errado. 8. Bens infungíveis são aqueles suscetíveis de substituição por outro da mesma espécie. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 54 Comentário: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Item errado. 9. A indivisibilidade dos bens somente ocorre por sua natureza ou por determinação legal. Comentário: Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Item errado. 10. Aquilo que poderia ser mantido intencionalmente no imóvel, para sua exploração, aformoseamento ou comodidade, como, por exemplo, o trator, é considerado pelo Código Civil bem imóvel por acessão intelectual. Comentário: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Item errado. 11. CESPE 2012/TJ-RR/Agente de Proteção. Considerando o interesse econômico ou jurídico dos bens, julgue o item abaixo. Por constituir bem de uso comum do povo, o jardim de uma praça pública pode servir ao lazer da população em geral, sem necessidade de permissão especial de uso. Comentário: Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; Item correto. 12. CESPE 2012/TJ-CE/Juiz. Caso uma pessoa adquira um trator para melhor explorar sua propriedade rural, esse bem, de acordo com o Código Civil brasileiro, caracteriza-se como pertença. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 54 Comentário: Perceba que a banca utilizou o mesmo exemplo de pertença de outra questão comentada logo acima. E este exemplo foi citado na parte teórica da aula. Realmente trata-se de uma pertença por se encaixar na definição do art.93: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Item correto. 13. CESPE 2012/MP-PI/Analista Ministerial. No que tange à disciplina do direito civil referente aos bens, julgue o item a seguir. De acordo com a sistemática adotada pelo direito civil, constitui objeto da relação jurídica todo bem que puder ser submetido ao poder dos sujeitos de direito. Comentário: Como vimos no começo desta aula: As nossas primeiras aulas versaram sobre as pessoas. As pessoas naturais e as pessoas jurídicas – que são os sujeitos de direito. Pois bem, a partir de agora vamos estudar o objeto do direito. Pois, todo direito pressupõe a existência de um objeto, que vem a ser justamente aquilo que pode se submeter ao poder dos sujeitos de direito e, desta forma, instrumentaliza a realização de suas pretensões jurídicas. Item correto. 14. CESPE 2011/TJ-ES/Analista Judiciário. Fungibilidade não é sinônimo de consuntibilidade, visto que pode haver bem consumível que seja infungível. Comentário: Lembre-se de que fungibilidade é característica de bem móvel que é substituível (FUnGIeSUBI) já a consuntibilidade é característica de bem consumível. São características diferentes. O termo consuntibilidade (como falado na parte teórica da aula) está ligado à ideia de algo consumível, por isso a afirmação de que fungibilidade não é sinônimo de consuntibilidade, e isto tendo em vista os artigos 85 e 86: Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 54Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo ¹uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais ²os destinados à alienação. Agora vamos analisar a segunda parte da afirmação – “pode haver bem consumível que seja infungível”. Também verdadeiro. Um bem pode ser ao mesmo tempo infungível (insubstituível) e também ter uma das características que resultam em consuntibilidade (bens que são consumíveis), quais sejam, a destruição imediata no uso ou estar destinado à alienação. Exemplo: uma peça única posta a venda (é um bem que não pode ser substituído e, ao mesmo tempo, também está destinado à alienação – é um bem consumível de direito). Item correto. 15. CESPE 2011/TRF1ª/Juiz. Os bens públicos de uso comum não podem ser utilizados por particulares. Comentário: Como o próprio nome diz, esta categoria de bens públicos é de uso comum, portanto o bem pode ser utilizado por particulares. E atente para o art. 103: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser ¹gratuito ou ²retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Item errado. CESPE 2010/BB CERT. (Adaptada). De acordo com o Código Civil, julgue os itens abaixo. 16. Considera-se bem móvel para efeitos legais o direito do promitente comprador do imóvel. Comentário: Os artigos 80 e 83 são bastante importantes pensando em provas. O direito do promitente comprador do imóvel é direito real sobre imóvel e considera-se para os efeitos legais um bem imóvel. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. ... Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 54 Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Item errado. 17. Considera-se bem móvel para efeitos legais o direito à sucessão aberta. Comentário: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Item errado. 18. Não perde o caráter de imóvel um tijolo provisoriamente separado de um prédio para nele se reempregar. Comentário: Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Item correto. 19. Considera-se bem móvel para os efeitos legais a energia elétrica. Comentário: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Item correto. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 54 CESPE 2010/TRE-BA/ANALISTA/JUDICIÁRIA. Tendo em vista a classificação dos bens prevista no Código Civil, julgue os itens que se seguem. 20. O uso comum dos bens públicos deve ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Comentário: A substituição de “pode” por “deve” (neste caso específico) não alterou o sentido da frase. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Item correto. 21. Ao contrário dos bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial, os bens públicos dominicais podem ser alienados, desde que observadas as exigências legais. Comentário: Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Para os bens dominicais basta que sejam observadas as exigências legais. Lembrando que os bens de uso especial também poderão ser alienados, mas somente quando desafetados do serviço público. Item correto. 22. Os bens públicos dominicais estão sujeitos à prescrição aquisitiva. Comentário: Prescrição aquisitiva é a usucapião. STF 340: ”Desde a vigência do CC (1916) os bens dominiais, bem como os demais bens públicos não estão sujeitos a usucapião” Lembre-se do que falamos na parte teórica da aula: TODOS os bens públicos não estão sujeitos a chamada prescrição aquisitiva. Item errado. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 54 23. CESPE 2010/EMBASA/DIREITO. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Comentário: Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Item correto. CESPE 2010/TRE-MT/Analista Judiciário. Quanto à matéria bens, julgue os itens abaixo. 24. Os bens públicos dominicais e os de uso especial não podem ser alienados. Comentário: Este é um tema recorrente no CESPE, não vá errar isto! ¹Bens de uso comum e ²bens de uso especial – não podem ser alienados. ³Bens dominicais – podem ser alienados desde que atendidos os requisitos de lei. Item errado. 25. O uso comum dos bens públicos pode ser retribuído conforme estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencem, sendo vedado seu uso gratuito. Comentário: Normalmente o uso do bem público será gratuito, mas nada impede que a administração estabeleça que seu uso seja retribuído. Item errado. 26. CESPE 2010/PMDF/Oficial. As benfeitorias necessárias são aquelas realizadas nos bens com a finalidade de aumentar o uso desse bem. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 54 Comentário: Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Memorize da seguinte maneira: Base de importância Qual “a mais importante”? 1º as necessárias (têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore); depois 2º as úteis (aumentam ou facilitam o uso do bem); e, por último 3º as voluptuárias (as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevadovalor) Art. 96 ... § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. As benfeitorias ²úteis aumentam ou facilitam o uso do bem. Deste modo, o item está errado. 27. CESPE 2010/OAB. São benfeitorias úteis as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que ela se deteriore. Comentário: Lembre-se do “grau de importância”. Para conservar a coisa ou evitar que ela se deteriore a benfeitoria é necessária (1º) As que aumentam ou facilitam o uso do bem são benfeitorias úteis (2º). Item errado. 3º. voluptua rias 2º.Úteis 1º.Necessárias Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 54 28. CESPE 2009/DPE-PI/Defensor Público. Ao realizar uma reforma de seu imóvel, o proprietário demoliu algumas paredes de sua casa e conservou as portas e janelas que estavam ali instaladas, pensando em revendê-las, já que eram muito antigas e bastante valiosas. Nesse caso, as referidas portas e janelas são consideradas bens móveis, porque são decorrentes de demolição. Comentário: Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Item correto. CESPE 2009/TRE-MA/Analista Judiciário. Julgue os itens abaixo. 29. São classificados como pertenças os bens jurídicos que, não constituindo partes integrantes, se destinam ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro bem. Comentário: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Item correto. 30. Bens principais e acessórios são espécies da classificação de bens considerados em si mesmos ou em relação à própria natureza. Comentário: Bens principais e acessórios pertencem a classificação dos bens reciprocamente considerados. Item errado. CESPE 2009/TRE-MA/Analista Judiciário (Adaptada). De acordo com o disposto no Código Civil a respeito dos bens julgue os itens abaixo. 31. Os direitos autorais de um escritor são considerados como móveis para os efeitos legais. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 54 Comentário: Os direitos autorais são direitos pessoais de caráter patrimonial e, sendo assim, se enquadram no inciso III do art. 83: Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Item correto. 32. São benfeitorias úteis as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que ela se deteriore. Comentário: Art. 96. § 3o. São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Item errado. 33. Garrafas de um vinho raro emprestadas por um colecionador para exposição em uma feira de vinhos são consideradas, no caso, bens fungíveis. Comentário: Conforme exemplo fornecido em aula estas garrafas que pertencem a colecionador serão consideradas bens infungíveis (insubstituíveis). Item errado. 34. Os bens naturalmente divisíveis não se podem tornar indivisíveis pela vontade das partes. Comentário: Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Item errado. 35. CESPE 2009/DPE-PI/Defensor. Ao realizar uma reforma de seu imóvel, o proprietário demoliu algumas paredes de sua casa e conservou as portas e janelas que estavam ali instaladas, pensando em revendê-las, Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 54 já́ que eram muito antigas e bastante valiosas. Nesse caso, as referidas portas e janelas são consideradas pertenças, porque, de modo ideal, sempre estarão agregadas a um bem imóvel. Comentário: As portas e janelas são partes integrantes, mas que podem ser revendidas, tendo valor individualmente. Não podemos enquadrá-las no conceito de pertença. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Item errado. CESPE 2009/OAB (Adaptada). No que se refere aos bens julgue o item abaixo. 36. A lei não pode determinar a indivisibilidade do bem, pois esta característica decorre da natureza da coisa ou da vontade das partes. Comentário: Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Item errado. CESPE 2009/AGU-Advogado Geral da União. A respeito da disciplina dos bens, julgue os itens seguintes: 37. A praça, exemplo típico de bem de uso comum do povo, perderá tal característica se o poder público tornar seu uso oneroso, instituindo uma taxa de uso, por exemplo. Comentário: Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. Item errado. 38. O imóvel público onde esteja localizada uma Procuradoria Regional da União é considerado bem de uso especial, qualificação que impede a sua alienação. Direito Civil para o TRT/8ª Região - Analista Judiciário (Judiciária e Oficial de Justiça). Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi - Aula - 03 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 54 Comentário: Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Item correto. CESPE 2009/PGE-AL (Adaptada). No que tange às disposições legais sobre os bens julgue os itens abaixo. 39. Os bens coletivos podem constituir-se em universalidade de fato, mas não em universalidade de direito. Comentário: Os bens coletivos podem ser universalidades de fato. Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Como também podem ser universalidades de direito. Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Item errado. 40. Embora as pertenças não se destinem, de modo duradouro, ao uso, ao serviço, ou ao aformoseamento de um bem, constituem partes integrantes
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