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MAT 001 - Ca´lculo I Aula II IMC-Unifei Nesta aula introduziremos um dos mais fundamentais conceitos da ma- tema´tica, a saber, o de func¸a˜o. O conceito de func¸a˜o refere-se essencialmente a` correspondeˆncia entre conjuntos. Uma func¸a˜o associa a elementos de um conjunto, elementos de outro conjunto. Em nosso estudo os conjuntos envolvi- dos sempre sera˜o subconjuntos de R. As func¸o˜es neles definidas sa˜o chamadas func¸o˜es reais de varia´vel real. 1 Func¸a˜o Definic¸a˜o 1. Sejam A e B dois conjuntos na˜o vazios. Uma func¸a˜o f de A em B, denotada por f : A → B e´ uma lei, regra ou correspondeˆncia que associa a CADA elemento x ∈ A UM U´NICO elemento y ∈ B. Exemplo 1 (Exemplos e Contra-Exemplos). 1 2 Definic¸o˜es Ba´sicas Sejam A e B conjuntos na˜o vazios e f : A→ B uma func¸a˜o. (i) O conjunto A e´ chamado de DOMI´NIO da func¸a˜o e frequentemente deno- tado por D(f). (ii) O conjunto B e´ chamado de CONTRADOMI´NIO ou CAMPO DE VALO- RES da func¸a˜o. (iii) O CONJUNTO IMAGEM da func¸a˜o f , denotado por Im(f), e´ definido como sendo Im(f) = {f(x); x ∈ A} ⊂ B Exemplo 2. Recapitulando o Exemplo (1) anterior... 2 Observac¸a˜o 1. • Dado x ∈ A, denotamos por y = f(x) o elemento de B associado a x por f . Neste caso dizemos que y = f(x) e´ a imagem de x por f . Sendo assim, o conjunto imagem de uma func¸a˜o nada mais e´ do que o conjunto das imagens de todos os elementos do domı´nio. • Quando trabalhamos com subconjuntos de R, e´ usual caracterizar a func¸a˜o apenas pela fo´rmula ou regra que a define. Neste caso, entende-se que o domı´nio de f e´ o conjunto de todos os nu´meros reais para os quais a func¸a˜o esta´ definida. • No que segue, assumiremos sempre que os conjuntos em questa˜o sa˜o subconjuntos dos reais. Exemplo 3. Determine o domı´nio das func¸o˜es a seguir: (A) f(x) = 2x+ 1 (B) g(x) = 1x (C) h(x) = √ x (D) f(x) = −√x− 1 3 (iv) Seja f : A → B uma func¸a˜o. O Gra´fico de f e´ definido como sendo o conjunto de todos os pares ordenados (x, f(x)) onde x ∈ A, ou seja, G(f) = {(x, f(x)); x ∈ A}. E´ comum representarmos o gra´fico de uma func¸a˜o real de uma varia´vel no PLANO CARTESIANO, tambe´m denotado por R2 = {(x, y); x, y ∈ R}. Exemplo 4. Fac¸a um esboc¸o do gra´fico das func¸o˜es a seguir e obtenha o conjunto imagem: (A) f(x) = 2x+ 1 (B) g(x) = 1x (C) h(x) = √ x (D) f(x) = −√x− 1 4 Observac¸a˜o 2. Podemos nos perguntar se toda curva c do Plano Cartesi- ano sempre representa o gra´fico de uma func¸a˜o. A resposta e´ na˜o. Sabemos que, se f e´ uma func¸a˜o, um ponto de seu domı´nio pode ter somente uma imagem. Assim a curva c so´ representa o gra´fico de uma func¸a˜o quando qualquer reta vertical corta a curva no ma´ximo em um ponto. Exemplo 5. Considere as curvas c1 : x 2 + y2 = 1 e c2 : y 2 = x 2.1 Exerc´ıcios 1 Obtenha o domı´nio das func¸o˜es abaixo: (a) f(x) = x2 (b) g(x) = √ 4− x2 (c) h(x) = 1x−4 (d) f(x) = √ x− 2 (e) g(x) = √ x2 − 4x+ 3 (f) h(x) = √ x+ 3 + 4 √ 7− x (g) f(x) = 3 √ x+ 7− 5√x+ 8 (h) g(x) = √ x+ a x− a (i) h(x) = x− 1 x (j) f(x) = 1 1 + √ x 2 Exprimir como func¸a˜o de x: (a) A a´rea de uma esfera de raio x. (b) A a´rea de um cubo de aresta x. (c) A a´rea total de uma caixa de volume V , sabendo-se que a base e´ um quadrado de lado x. 5 (d) O volume de um cone cuja altura e´ o dobro do raio da base de compri- mento x. 3 Dada a func¸a˜o f(x) = |x| − 2x, calcular f(−1), f(1/2) e f(−2/3). Mostrar que f(|a|) = −|a|. 4 Se f(x) = x2 + 2x, obtenha f(a+ h)− f(a) h , h > 0, e interprete o resultado geome´tricamente 3 Operac¸o˜es entre Func¸o˜es Assim como podemos adicionar, subtrair, multiplicar e dividir nu´meros, tambe´m podemos produzir novas func¸o˜es atrave´s de operac¸o˜es. Estas operac¸o˜es sa˜o definidas como segue: Definic¸a˜o 2. Dadas as func¸o˜es f e g, definimos: • (f + g)(x) = f(x) + g(x) • (f − g)(x) = f(x)− g(x) • (f · g)(x) = f(x) · g(x) • ( f g ) (x) = f(x) g(x) Observac¸a˜o 3. Note que o domı´nio das func¸o˜es f + g , f − g e f · g e´ a intersec¸a˜o dos domı´nios de f e g. Ja´ o domı´nio de f g e´ a intersec¸a˜o dos domı´nios, excluindo-se os pontos x tais que g(x) = 0! Exemplo 6. Considere as func¸o˜es f(x) = √ 5− x e g(x) = √x− 3. Obtenha f + g , f − g , f · g e f g . 6 3.1 Composic¸a˜o de Func¸o˜es Exemplo 7. Considere a seguinte func¸a˜o dada por y = (x+ 2)5. Definic¸a˜o 3. Dadas duas func¸o˜es f e g, a composta de g com f , denotada por g ◦ f , e´ definida por g ◦ f(x) = g (f(x)) . O domı´nio de g ◦ f e´ o conjunto de todos os pontos x no domı´nio de f tais que f(x) esta´ no domı´nio de f , ou seja, g(f(x)) esteja definido. Exemplo 8. Sejam f(x) = 2x−3 e g(x) = √x. Determine as compostas g ◦ f , f ◦ g, f ◦ f , g ◦ g explicitando o domı´nio. 7 3.2 Exerc´ıcios 1 Para cada item, obtenha f + g, f − g, f · g, fg , g ◦ f e f ◦ g explicitando o domı´nio. (a) f(x) = 2x e g(x) = x2 + 1 (b) f(x) = 3x− 2 e g(x) = |x| (c) f(x) = ( x x2 + 1 ) e g(x) = 1x (d) f(x) = √ x+ 1 e g(x) = x− 2 (e) f(x) = √ x− 2 e g(x) = √x− 3 (f) f(x) = x3 e g(x) = 1x3 2 Obtenha a func¸a˜o h tal que f = g ◦ h, onde : (a) f(x) = x2 + 1 e g(x) = x+ 1 (b) f(x) = 3x− 2 e g(x) = x+ 1 (c) f(x) = ∣∣x2 − 3x+ 5∣∣ e g(x) = |x| 3 Para cada func¸a˜o h abaixo, obtenha func¸o˜es f e g de maneira que h = g ◦ f : (a) h(x) = √ x− 1 (b) h(x) = 5(x+ 3)2 (c) h(x) = 5 3− 4x2 (d) h(x) = |3x+ 4| 8 4 Func¸a˜o Inversa Seja f : A → B uma func¸a˜o. Sendo assim, para cada x ∈ A esta´ associado um u´nico y ∈ B. Nos interessa a situac¸a˜o em que a associac¸a˜o inversa f(x) 7→ x e´ uma func¸a˜o de B em A. Conforme vimos no acima, para que isto ocorra f devera´ possuir as seguintes propriedades: • Im(f) = B; • x1 6= x2 em A ⇒ f(x1) 6= f(x2) em B. Definic¸a˜o 4. (i) Uma func¸a˜o f : A → B e´ SOBREJETORA quando Im(f) = B, ou seja, se o conjunto imagem e´ igual ao contradomı´nio. (ii) Uma func¸a˜o f : A → B e´ INJETORA quando elementos distintos de A possuem imagens distintas em B, isto e´, x1 6= x2 em A ⇒ f(x1) 6= f(x2) em B. (iii) Uma func¸a˜o f : A → B e´ BIJETORA quando for injetora e sobrejetora AO MESMO TEMPO. Conclu´ımos, portanto, que uma func¸a˜o f : A → B e´ INVERTI´VEL se, somente se, e´ bijetora. Neste caso, existe uma func¸a˜o g : B → A que faz a associac¸a˜o inversa f(x) 7→ x, ou seja, g(f(x)) = x. 9 Exemplo 9. Verifique se as func¸o˜es abaixo sa˜o bijec¸o˜es e, em caso afirmativo, obtenha a func¸a˜o inversa correspondente. (A) f : R→ R dada por f(x) = x (B) g : R→ [0,+∞) dada por g(x) = x2 10 (C) h : [0,+∞)→ [0,+∞) dada por h(x) = x2 Observac¸a˜o 4. • A notac¸a˜o para a func¸a˜o inversa de f e´ f−1. • Na˜o confunda a func¸a˜o inversa f−1 com o quociente de func¸o˜es 1 f ! • Conforme vimos acima, atrave´s do gra´fico da func¸a˜o e´ poss´ıvel saber se esta e´ INJETORA. Para isto, basta verificar se TODAS as retas HORI- ZONTAIS que passam pelo CONTRADOMI´NIO intersetam o gra´fico NO MA´XIMO uma vez. • Conforme vimos acima, atrave´s do gra´fico da func¸a˜o e´ poss´ıvel saber se esta e´ SOBREJETORA. Para isto, basta verificar se TODAS as retas HO- RIZONTAIS que passam pelo CONTRADOMI´NIO intersetam o gra´fico NO MI´NIMO uma vez. 11 5 Propriedades Definic¸a˜o 5 (Pontos de Ma´ximo e Mı´nimo). Seja f : A→ B uma func¸a˜o. • Dizemos que o ponto xm e´ um ponto de MI´NIMO LOCAL quando existe algum intervalo aberto I tal que para qualquer x ∈ A ∩ I tem-se que f(xm) ≤ f(x). Em particular, quando f(xm) ≤ f(x); ∀x ∈ A, dizemos que xm e´ um ponto de mı´nimo GLOBAL. • Dizemos que o ponto xM e´ um ponto de MA´XIMO LOCAL quando existe algum intervalo aberto I tal que para qualquer x ∈ A ∩ I tem-se que f(xM) ≥ f(x). Em particular, quando f(xM ) ≥ f(x); ∀x ∈ A, dize- mos que xM e´ um ponto de ma´ximo GLOBAL. Exemplo 10. Considere a func¸a˜o f(x) = |4− x2| Observac¸a˜o 5. Existem func¸o˜es que na˜o possuem nem ma´ximo nem mı´nimo locais! Definic¸a˜o 6 (Func¸o˜es crescentes ou decrescentes). Seja f : A→ B uma func¸a˜o e I ⊂ A um intervalo. • Dizemos que f e´ CRESCENTE em I se x1 < x2 em I ⇒ f(x1) < f(x2). (f preserva a ordem!) • Dizemos que f e´ DECRESCENTE em I se x1 < x2 em I ⇒ f(x1) > f(x2). (f inverte a ordem!) Observac¸a˜o 6. Quando f e´ crescente em todo o seu domı´nio dizemos que esta e´ uma func¸a˜o crescente. De maneira ana´loga, uma func¸a˜o e´ decrescente quando for decrescente em todo o seu domı´nio. 12 Exemplo 11. (Re)Considere a func¸a˜o f(x) = |4− x2| Definic¸a˜o 7 (Func¸a˜o Limitada). Seja f : A → B uma func¸a˜o, I ⊂ A e consi- dere o conjunto f(I) = {f(x), x ∈ I} (Imagem de I pela func¸a˜o f). Dizemos que f e´ LIMITADA em I quando f(I) for um conjunto limitado. Em particu- lar, quando f for limitada em todo o seu domı´nio diremos apenas que esta e´ limitada. Exemplo 12. (Re2)Considere a func¸a˜o f(x) = |4− x2| Definic¸a˜o 8 (Func¸o˜es Pares ou I´mpares). Seja f : A→ B uma func¸a˜o. • Dizemos que f e´ PAR quando x ∈ A⇒ −x ∈ A e f(x) = f(−x). • Dizemos que f e´ IMPAR quando x ∈ A⇒ −x ∈ A e f(x) = −f(−x). Exemplo 13. (A) f(x) = x2 13 (B) g(x) = x3 (C) x3 + 1 Definic¸a˜o 9 (Func¸a˜o Perio´dica). Seja f : R→ R uma func¸a˜o. Dizemos que f e´ perio´dica se existe T > 0 tal que f(x+ T ) = f(x); ∀x ∈ R. Exemplo 14. Considere f(x) = sen(x). Observac¸a˜o 7. • O nu´mero T e´ chamado de per´ıodo da func¸a˜o. • Note que se T e´ um per´ıodo de f , enta˜o 2T, 3T, . . . tambe´m sa˜o per´ıodos! (Prove!) • O gra´fico de uma func¸a˜o perio´dica de per´ıodo T se repete a cada intervalo de comprimento T . 14 6 Exerc´ıcios 1. Para cada um dos items abaixo fac¸a o que se pede: • Fac¸a um esboc¸o do gra´fico da func¸a˜o. • Obtenha o conjunto imagem e responda se a func¸a˜o dada e´ limitada ou na˜o. • Responda se a func¸a˜o e´ par ou ı´mpar. • Determine os intervalos de crescimento e decrescimento. • Determine os pontos de ma´ximo e mı´nimo. (Quando existirem) • Responda se a func¸a˜o e´ injetora. • Responda se a func¸a˜o e´ sobrejetora. • Responda se a func¸a˜o e´ invenc´ıvel e, em caso afirmativo, obtenha a inversa. (a) f1 : R→ R dada por f1(x) = 3x− 1. (b) f2 : R→ R+ ∪ {0} dada por f2(x) = |3x− 1|. (c) f3 : R→ R dada por f3(x) = −x2 + 9. (d) f4 : (0, 3]→ (0, 6] dada por f4(x) = 2x. (e) f5 : (−∞, 5]→ R dada por f5(x) = { x2 se x < 1 −x+ 2 se x ≥ 1 (f) f6 : [0,∞)→ R+ ∪ {0} dada por f6(x) = |x2 − 3x|. (g) f7 : R→ R dada por f7(x) = x2 + 2. (h) f8 : [−2, 3]→ R dada porf8(x) = x2 + 2. (i) f9 : R+ → R+ dada por f9(x) = x2. (j) f10 : R→ R dada por f10(x) = −|x|. (k) f11 : R→ R dada por f11(x) = −x 3 + 1. (l) f12 : (−3,→ +∞)→ R dada por f12(x) = −x 3 + 1. (m) f13 : [0,+∞)→ (−∞, 0] dada por f13(x) = − √ 2x. (n) f14 : R→ R dada por f14(x) = { 1 se 1 ≤ x ≤ 3 0 se x < 1 ou x > 3 . (o) f15 : R→ R dada por f15 = f7 · f14. (p) f16 : R→ R dada por f16(x) = { 1 x se x 6= 0 0 se x = 0 . (q) f17 : R→ [−1,+∞) dada por f17(x) = √−x se x < 0 − 12 se x = 0√ x− 1 se x > 0 . (r) f18 : (−∞,−1)∪[0,+∞)→ R dada por f18(x) = { −pi se x < −1 x2 se x ≥ 0 . (s) f19 : (−1, 1]→ R dada por f19(x) = 1− √ 1− x2. 15
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