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APS ONG Banco de Alimentos COMPLETA 2º semestre

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UNIVERSIDADE PAULISTA
ALINE BISPO CUNHA – RA: D0475B-2
DIEGO APARECIDO MARQUES – RA: D06BJE-6
GIOVANNA RAMOS NUCITELLI – RA: C7350F-9
KADYJE NAGIB PAIVA BARAKAT – RA: D0683E-0
ONG BANCO DE ALIMENTOS
Investindo contra a fome e o desperdício
SÃO PAULO
2016
ALINE BISPO CUNHA
DIEGO APARECIDO MARQUES
GIOVANNA RAMOS NUCITELLI
KADYJE NAGIB PAIVA BARAKAT
ONG BANCO DE ALIMENTOS
Investindo contra a fome e o desperdício
Atividade Prática Supervisionada apresentado à Universidade Paulista como requisito para a conclusão do semestre
Orientador: Profº Paulo Ishimaru
SÃO PAULO
2016
“Minimizar os efeitos da fome, através do combate ao desperdício de alimentos, promover educação e cidadania”
Banco de Alimentos
CUNHA, Aline Bispo. MARQUES, Diego Aparecido. NUCITELLI, Giovanna Ramos. BARAKAT, Kadyje Nagib Paiva. ONG Banco de Alimentos: Investindo contra a fome e o desperdício. 2016. 55 páginas. Atividade Prática Supervisionada — Universidade Paulista, São Paulo — SP, 2016. 
RESUMO
Em síntese, este trabalho aborda a atividade realizada pela Organização Não Governamental Banco de Alimentos em prol dos direitos básicos do ser humano, visando suprir a ausência do governo em esferas importantíssimas da sociedade, com destaque para aquelas que envolvem as classes menos abastadas. Traçando uma trajetória desde os primeiros passos para o surgimento da ONG, são abordados fatores como as principais dificuldades enfrentadas no dia a dia e durante o processo de criação, as fontes contribuintes e instituições beneficiadas, que apresentam importância vital ao auxiliar a execução do objetivo da associação: poupar alimentos, histórias emblemáticas que moldam a instituição e sua forma de atuação, a delicada questão da mídia e como esta é fundamental para promover o crescimento de uma Organização, além dos programas de conscientização social, em que a ONG procura desenvolver uma consciência coletiva que sempre busque por poupar o máximo possível de alimentos e suas partes integrantes, cotejando o modo como o desperdício afeta a sociedade e igualmente o meio ambiente do planeta. Em segunda via, será abordada uma instituição beneficiada, o Arsenal da Esperança, pelo projeto desenvolvido pela Organização em questão, analisando a influência que esta última tem sobre a primeira e como a atitude civil de Luciana Chinaglia Quintão, fundadora do Banco de Alimentos, influenciou a vida de milhares de pessoas. 
Palavras-chaves: ONG; Banco de Alimentos; alimento; iniciativa; sociedade; dificuldades; história; mídia; influência; transporte; tratamento; programa; conscientizar; beneficiados; contribuintes; produtos; rotina; Arsenal da Esperança. 
CUNHA, Aline Bispo. MARQUES, Diego Aparecido. NUCITELLI, Giovanna Ramos. BARAKAT, Kadyje Nagib Paiva. NGO Banco de Alimentos: Investing against hunger and waste. 2016. 55 pages. English Practical Activity Supervised — Paulista College, São Paulo — SP, 2016.
ABSTRACT
In summary, this paper deals with the activity carried out by the non-governmental organization Banco de Alimentos in favor of the basic rights of the human being, aiming to supply the absence of government in important spheres of society, especially those involving the less affluent classes. Tracing a trajectory from the first steps to the emergence of the NGO, are addressed factors such as the main difficulties faced day by day and during contributing sources and benefited institutions, which are of vital importance in helping to implement the association's goal: save food, emblematic stories that shape the institution and its way of acting, the delicate issue of the media and how it is fundamental to promote the growth of an Organization, in addition to social awareness programs, in which the NGO seeks to develop a collective conscience Which always seeks to save as much food as possible and its parts, by comparing how waste affects society and the planet's environment. In the second way, a beneficiary institution, Arsenal da Esperança, will be approached for the project developed by the Organization in question, analyzing the influence of the latter on the former and how the civilian attitude of Luciana Chinaglia Quintão, founder of the Banco de Alimentos, influenced the lives of thousands of people.
Keywords: NGO; Banco de Alimentos; foods; initiative; society; difficulties; history; media; influence; transport; treatment; program; aware; beneficiaries; taxpayers; products; routine; Arsenal da Esperança. 
Lista de Figuras
Figura 1 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação - Equipe do Banco de Alimentos	15
Figura 2 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Auditório	16
Figura 3 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Palestra	16
Figura 4 Camisa Combate à Fome, Eu Ajudo	22
Figura 5 Brownie in Jar	22
Figura 6 Livro Entre Cascas e Temperos	23
Figura 7 Livro Gourmet Sustentável	23
Figura 8 Dormitórios - Todos os lençóis e fronhas de travesseiros são iguais, a fim de que os beneficiados não se sintam diferenciados	27
Figura 9 Sede Arsenal da Esperança - Na fachada localizam-se dois homens esperando vagas para serem acolhidos pela Instituição	28
Figura 10 Refeitório	29
INTRODUÇÃO
Organizações Não Governamentais, popularmente conhecidas pela abreviatura de “ONGs”, são instituições que não possuem fins lucrativos e que atuam em áreas da sociedade em que o exercício governamental é falho ou inexistente, buscando sempre o desenvolvimento de atividades de interesse público e social. Atuantes do terceiro setor da sociedade civil, as ONGs cobrem questões de relevância educacional, profissional, de saúde, agrária, ambiental, de direitos humanos, culturais, de cidadania, segurança alimentar, populações menos favorecidas, entre outros temas. 
As Organizações Não Governamentais, ao darem voz às minorias e a grupos de pessoas tocadas por questões sociais ou insatisfeitas com a ausência do Estado em setores da vida e da sociedade tão necessitados, constituem um voto à democracia, uma vez que permitem a mobilização social em prol dos direitos da comunidade. 
O Banco de Alimentos, ONG escolhida para a realização deste trabalho, atua frente ao desperdício de alimentos ainda adequados para consumo, que são descartados por não cumprirem os padrões estéticos de venda, por estarem perto do prazo de validade, ou até mesmo no momento da manipulação destes na cozinha, onde partes essenciais e integradas por um elevado grau nutricional, como cascas, sementes e raízes, são eliminadas pela dificuldade de preparo e desconhecimento de receitas que incluam os mesmo. 
Também será abordada outra instituição beneficiada pela iniciativa do Banco de Alimentos, o Arsenal da Esperança, que abriga e auxilia pessoas que passam por necessidades econômicas, reestruturando-as para integrá-las novamente na sociedade. 
O objetivo deste trabalho é analisar a influência da ONG Banco de Alimentos na sociedade e na iniciativa de outras instituições, cotejando sua trajetória, principais inspirações e dificuldades enfrentadas, além de seu posicionamento perante o desperdício de comida. Como método e embasamento teórico serão utilizadas as entrevistas realizadas e documentos oficiais disponibilizados pelas organizações. 
DESENVOLVIMENTO
Banco de Alimentos 
A ONG Banco de Alimentos é uma associação civil que atua em duas frentes. A primeira é focada na coleta de alimentos que seriam desperdiçados, seja por questões estéticas, tanto do próprio mantimento como de sua embalagem, seja por já estarem próximos do prazo de validade ou por haver uma grande safra da qual o mercado não dará conta. Dessa forma, a iniciativa da ONG é voltada para o recolhimento desses excedentes de produção e comercialização, ainda apropriados para consumo, com o objetivo de, em seguida, redistribuí-los para instituições já anteriormente cadastradas. Já a segunda frente é direcionada para a conscientizaçãoa favor do não-desperdício, em que a ONG realiza um acompanhamento e instrução das entidades cadastradas, com nutricionistas e profissionais que orientam a cozinha do local a não desperdiçar partes essenciais dos alimentos, como cascas, sementes, talos e raízes, aproveitando toda a sua carga nutricional. Além disso, também são realizados workshops, palestras e eventos voltados para a orientação da sociedade quanto ao aproveitamento de alimentos. 
O Banco de Alimentos atende 42 instituições assistenciais — configuradas como o core business da associação — que, em sua ponta, alimentam 22 mil pessoas em suas mais variadas naturezas de necessidades e deficiências, desde crianças e idosos, passando também por adultos economicamente dependentes. [1: De acordo com o Dicionário Financeiro, Core Business é o “negócio central da empresa, a atividade primária, aquela em que a companhia é especialista e sobre a qual deverá centrar seus esforços, do ponto de vista estratégico”. ]
História 
O Banco de Alimentos foi fundado em 1998 pela iniciativa de Luciana Chinaglia Quintão, formada em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Luciana sempre foi humilde e ligada a causas sociais, como a fome, a distribuição de alimentos e desigualdade social. E, aos 37 anos, refletiu sobre suas ambições e desejos e pôs em prática suas inspirações, fundando a ONG, que foi a primeira instituição na categoria de banco de alimentos de São Paulo, motivo pelo qual adotou o mesmo nome de sua classificação. 
Durante o processo de criação e estabelecimento como associação civil, obter doadores foi uma das principais dificuldades. Luciana enviou 400 cartas para 400 industrias, empenhando-se em conquistar beneficiários que pudessem fornecer os produtos que seriam descartados. Entretanto, de todas as correspondências, apenas 7 retornaram com resposta, elogiando sua iniciativa, mas negando a proposta. Isso ocorreu porque, no Brasil, a responsabilidade civil das doações é sempre atribuída aos concessores de alimentos e estes não queriam assumir o risco de enfrentar processos no caso de algum dos receptores adoecerem devido ao mal acondicionamento ou transporte de seus produtos. Desse modo, Luciana precisou atribuir para si a responsabilidade civil das doações, que é feita através de um recibo entregue tanto ao doador como ao receptor. Neste recibo, o Banco de Alimentos assume o compromisso do transporte e acondicionamento adequados até a entrega, quando os produtos são verificados, datas de validade e qualidade inspecionadas, e a responsabilidade civil é então passada para a instituição receptora. E, apesar da ONG possuir diversos advogados, até o momento, nenhum caso de irresponsabilidade nas esferas anteriormente tratadas foi registrado. 
Tratamento dos Alimentos
O Banco de Alimentos recolhe mensalmente 40 toneladas de comida, aproximadamente. Esse valor é suscetível a variações e a ONG tem como meta alcançar 60 toneladas mensais de alimentos coletados para reaproveitamento. Todos os produtos mediados pela ONG não são manipulados diretamente, sempre estando dentro de embalagens e respeitando a data de validade, cumprindo as normas estabelecidas pela ANVISA. 
Arrecadação e Seleção
Todos os alimentos são selecionados e preparados pelos próprios doadores, que verificam sua qualidade e condições para consumo, além de aprontarem a embalagem e a forma de armazenamento para o transporte. Desse modo, quando o Banco de Alimentos recolhe os produtos, nenhum é descartado, sendo logo em seguida entregues ao seu destino. Hortifrútis configuram-se como os principais mantimentos transportados, mas a ONG também cobre outras classificações, como laticínios, pães, peixes, não perecíveis e demais excedentes de comercialização. 
Transporte
O Banco de Alimentos, por assumir a responsabilidade civil referente à qualidade dos produtos, prefere não armazenar alimentos, a fim de evitar que estes pereçam por não serem acondicionados de forma adequada. Com exceção de algumas mercadorias não perecíveis que foram apanhadas em situações específicas, como um horário próximo ao fim de expediente, os demais mantimentos são todos repassados após serem retirados de seu ponto de origem. A coleta é feita por motoristas treinados que, após recolherem os itens, realizam uma triagem para facilitar a distribuição para as instituições programadas para o dia. 
Dificuldades no dia a dia 
A ONG enfrenta dificuldades de todas as naturezas. A principal delas é referente à área financeira. Por ser uma associação civil, criada e mantida por pessoas físicas, não recebe auxílio do Estado, sendo totalmente dependente de doações, que cada vez mais tem decaído e se configuram como uma das principais prioridades da Organização. Aparições na mídia se apresentam como uma provável solução, uma vez que, com a visibilidade em alta, as pessoas seriam tocadas pela iniciativa e se mobilizariam para realizar doações. Entretanto, a mídia é exposta como a segunda grande dificuldade enfrentada pelo Banco, uma vez que essa é escassa e, apesar da ONG possuir material qualificado para divulgação, ela não dispõe de recursos suficientes para veiculá-la em canais que atinjam a população. Para auxiliar na iniciativa das doações, o Banco de Alimentos disponibiliza em seu site um documento de transparência com os gastos e principais ações, a fim de mostrar confiabilidade. [2: Documentos de transparência disponíveis em <http://www.bancodealimentos.org.br/transparencia/> ]
Os outros percalços se referem à logística da organização da ONG, como a administração do roteiro de retirada e entrega, considerando possível problemas como trânsito, rodízio de veículos — que exige uma documentação especial para que os automóveis do Banco de Alimentos possam trafegar —, manifestações, além da quantidade de alimento — que deve ser sempre em grandes porções, para valorizar todos os gastos da movimentação — e o tempo com que este será transportado. 
Fontes Doadoras
Os doadores de alimentos são principalmente indústrias, grandes varejos e supermercados. Nomes como Wickbold, Danone, Pão de Açúcar e Barilla integram ou já integraram a lista de contribuintes do projeto. Pessoas físicas também podem participar dessas doações, porém a ONG media o transporte de retirada dos alimentos apenas quando estes se apresentam em grandes quantidades, a fim de tornar viáveis os custos do deslocamento. 
Doadores financeiros, por sua vez, vão desde pessoas físicas — que podem auxiliar através do site oficial do Banco de Alimentos, com valores a partir de R$10,00, mediadas por cartão de crédito — até programas em que a ONG é credenciada. Destes últimos, é possível citar o Programa Fidelidade, um recurso voltado para o terceiro setor onde, a partir do site Get Together, é possível se associar, realizar doações mensais e contar com benefícios em lojas como Magazine Luiza, Marisa, Saraiva, entre outras; o movimento Arredondar, uma ferramenta que arredonda o valor de compras realizadas, onde os centavos acrescentados à quantia inicial vão para instituições cadastradas no programa, como o Banco de Alimentos; e também a Nota Fiscal Paulista, por meio da qual todas as notas fiscais de São Paulo que não contenham o CPF do comprador podem ser doadas para organizações credenciadas, a partir do envio do documento para a instituição. [3: Doações a partir do site oficial do Banco de Alimentos disponíveis em: <http://www.bancodealimentos.org.br/doacoes/>.][4: Site oficial do movimento, com mais informações, disponível em: <http://www.arredondar.org.br/> ][5: Informações referentes às doações de crédito a partir da Nota Fiscal Paulista sem CPF disponíveis em: <http://www.nfp.fazenda.sp.gov.br/entidades.shtm>]
Mídia
Canais 
O Banco de Alimentos possui dois canais midiáticos de importância vital para a divulgação dos projetos: o Facebook e o Google. Através do Facebook são divulgadas as atividades, eventos e também parceiros. Já por intermédiodo Google, a ONG possui uma campanha efetiva de links patrocinados onde, por meio da pesquisa dos termos “aproveitamento integral de alimentos” ou “banco de alimentos”, a instituição é o primeiro nome a aparecer, tendo o mecanismo de busca ao seu favor. 
Há também a linha de parcerias que o Banco de Alimentos instituiu com empresas e clubes, que divulgam a iniciativa da associação através de seus membros. Demais propagandas da ONG também são feitas mediante a publicação em revistas e jornais. 
Globo Repórter
A participação do Banco de Alimentos no programa Globo Repórter, em 08 de julho de 2016, foi essencial em termos de visibilidade, porque diversos empresários buscaram contatar a ONG, questionando os meios com que poderiam se envolver com o projeto. Então, além de publicidade, que permite contribuições financeiras, a veiculação da imagem da Organização no programa forneceu também novos doadores de produtos. [6: Vídeo contendo quadro de aparição da ONG disponível em < http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/07/voluntarios-alimentam-22-mil-pessoas-com-comida-que-iria-para-o-lixo.html> ]
Programas de Conscientização 
A conscientização e educação alimentar fazem parte da segunda frente de atuação da ONG. Desse modo, há diversas ações que o Banco realiza visando atingir o objetivo de diminuir o desperdício na cozinha, que afeta não apenas o planeta, com o descarte de lixo orgânico, mas também o corpo humano, uma vez que as partes eliminadas, como cascas, sementes, folhas e talos, são dotadas de grande valor nutricional. Esta prática se chama “Aproveitamento Integral de Alimentos”. 
Além de todo o conteúdo disponível no site, a ONG possui autoria de dois livros, ademais da participação em eventos, como o Simpósio Mundial do Dia da Alimentação, que ocorreu em 13 de outubro de 2016, no Senac Campus Santo Amaro. O evento teve a participação de doze palestrantes que discorreram sobre temas referentes à alimentação sustentável. [7: Endereço digital contendo informações de palestrantes, temas discutidos e formas de entrada no evento: < http://www.bancodealimentos.org.br/alimentacao-sustentavel/dia-mundial-da-alimentacao-2016/> ]
Figura 1 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação - Equipe do Banco de Alimentos
Figura 2 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Auditório
Figura 3 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Palestra
É de autoria da ONG a realização de demais palestras e workshops, com conteúdo interativo acerca de nutrição, aproveitamento integral dos alimentos e também sobre o desperdício. As atividades apresentam certificado e ocorrem na sede da associação. A ATS – Alimentando a Transformação Social faz parte dos projetos promovidos pelo Banco de Alimentos. Criado em 2007, o programa objetiva sensibilizar crianças e adolescentes quanto às questões de interesse social, como a política, situações sanitárias, de saúde, meio ambiente e de aceitação cultural, buscando trazer para a nova juventude referências que auxiliem no desenvolvimento de cidadãos ativos e bem instruídos. O evento é realizado em escolas. 
Há também a Oficina Show, que se configura em uma apresentação de receitas que utilizem partes não convencionais de alimentos, além da preparação de pratos para o público, ensinando-os sobre a importância econômica, ambiental e social da preservação dessas partes essenciais. 
Outras duas vertentes em que o Banco de Alimentos atua são a Banqueteria e a Oficina de Ideias onde, respectivamente, a ONG prepara alimentos utilizando os princípios do aproveitamento integral para eventos e desenvolve conteúdos especiais sobre alimentação sustentável com alto grau nutricional para empresas. 
Ademais, a associação civil também se disponibiliza a educar as cozinhas das instituições beneficiadas, com a presença de nutricionistas que apresentam meios de evitar o desperdício através do usufruto de todas as partes dos alimentos. 
Área de atuação 
O Banco de Alimentos atua apenas no Estado de São Paulo, focados na capital e na região metropolitana. Apesar de desejar expandir a ação para outros Estados, a instituição afirma que para isso ocorrer seria necessário a transformação da ONG em uma associação autossustentável, aumentar a malha logística de distribuição, além de contar com doações constantes. Para isso, é necessária a participação em mídias que atinjam a população e a mobilizem a realizar doações. 
História emblemática 
Assim como as demais instituições que trabalham em prol dos direitos sociais natos de qualquer cidadão, o Banco de Alimentos acumula histórias de sua participação na vida das pessoas beneficiadas. Entretanto, o caso em destaque contado a seguir não engloba apenas uma única pessoa que foi favorecida pela iniciativa da ONG, mas sim uma atitude que inspirou não somente a instituição beneficiada, como também todas as pessoas envolvidas na associação. 
Em uma feira de veículos marítimos, que ocorreu no Expo Center Norte, havia um espaço interativo com um lago artificial onde era realizada a pesca de tilápias, peixe nativo de água doce encontrado em todo o mundo, inclusive no Brasil. Ao final do evento, a empresa organizadora ligou para o Banco de Alimentos informando sobre a grande quantidade de peixe, aproximadamente 800 	quilos, que seriam eliminados caso ninguém demonstrasse interesse em se apossar do produto. A feira, que teve duração de uma semana, seria desmontada no domingo e a retirada dos peixes só seria possível após a meia noite deste mesmo dia. Os organizadores forneceriam o tanque e o gelo para o transporte. 
O problema em questão não era apenas a organização de carros para a movimentação do alimento, mas também a localização de uma instituição que fosse capaz de abrigar os 800 quilos de tilápias, com um frigorífico adequado e pessoas suficientes para consumi-lo, uma vez que não seria possível realizar duas entregas para organizações distintas. O armazenamento na sede também não entrava em questão, partindo do princípio que o Banco não possuía a câmara frigorífica adequada. A ONG conseguiu localizar um beneficiado que atendesse a remessa durante a madrugada e, mais tarde, descobriu que as tilápias foram utilizadas para alimentar as pessoas auxiliadas pelo projeto da instituição durante a semana de Páscoa, uma data que combina perfeitamente com o consumo de peixe. 
A história é emblemática não só do ponto de vista dos negócios, como também sob a perspectiva social, uma vez que o Banco de Alimentos favoreceu duas organizações — aquela que organizou o evento e a que recebeu os produtos — em uma única atitude, além de evitar o desperdício, contribuir cultural e socialmente na promoção de uma sociedade igualitária, impedindo que, diante do descarte de alimentos em bom estado para consumo, pessoas menos favorecidas pereçam devido à fome. 
No dia a dia 
A partir de pequenas atitudes é possível evitar o desperdício. Ao eliminarmos comida ainda adequada para consumo, não só privamos aqueles que realmente necessitam de alimento, como também poluímos o planeta — uma vez que a decomposição de lixo orgânico é a terceira maior consumidora de gás carbônico no mundo. Dessa forma, algumas iniciativas simples se mostram necessárias, como atentar para a quantidade e o prazo de validade dos produtos adquiridos; e inovar ao cozinhar, visando à utilização de partes não convencionais de alimentos em receitas novas. Valorizar e sempre buscar por embalagens pequenas e produtos em que o próprio consumidor possa escolher a quantidade que deseja adquirir também é essencial na reeducação da sociedade. 
Produtos 
O Banco de Alimentos possui diversos itens disponibilizados para compra que auxiliam na manutenção da estrutura da ONG, como a “Camisa combate à fome, eu ajudo”, os livros “Entre Cascas e Temperos” e “Gourmet Sustentável – Cozinhando com as Partes Não Convencionais dos Alimentos” e a receita de brownievendida em pote com a quantidade adequada de ingredientes para render quatro porções. [8: Produtos disponíveis para comercialização em: <http://www.bancodealimentos.org.br/>]
Figura 4 Camisa Combate à Fome, Eu Ajudo
Figura 5 Brownie in Jar
Figura 6 Livro Entre Cascas e Temperos
Figura 7 Livro Gourmet Sustentável
Local e hora de funcionamento 
A sede do Banco de Alimentos está localizada em São Paulo, na Rua Atibaia, nº 218, Pacaembu. Funciona das 08h da manhã até as 18h da tarde. 
Sugestões para a mídia e conscientização popular 
A ONG apresenta material qualificado de divulgação, como logotipo, cartão de visita, livros, execução de palestras, workshops e postagens constantes na página do Facebook. Entretanto, a mídia ainda é apresentada como um dos problemas enfrentados pela organização. Desse modo, propomos a execução do merchandising do Banco de Alimentos em programas televisivos, de rádio e em revistas voltados para a culinária e o aproveitamento integral de alimentos, visando incentivar a iniciativa e tornar a prática de evitar o desperdício algo recorrente no dia a dia da população. [9: Merchandising, segundo a definição de Regina Blessa, é “o conjunto de técnicas responsáveis pela informação e apresentação destacada dos produtos na loja, de maneira tal que acelere sua rotatividade”. ]
Beneficiado: Arsenal da Esperança 
História e Objetivos 
A criação do Arsenal da Esperança, em São Paulo, é antes pautada pelo surgimento do SERMIG (Serviço Missionário Giovani), em 1964, Turim (Itália), através da iniciativa do casal Ernesto Olivero e Maria Cerrato, que compartilhavam o desejo de promover melhorias na sociedade e acabar com a fome no mundo. O serviço, desenvolvido por missionários, em seguida recebe o nome de Arsenal da Paz, ao se estabelecer em um local onde anteriormente eram armazenadas armas e equipamento militar. 
Em 1996, influenciado por todos os projetos que o Arsenal da Paz já instituía no Brasil — como a construção de moradias adequadas para a população da Bahia que vivia em cortiços, além de diversas outras ações na Região Sudeste —, é fundado em São Paulo o Arsenal da Esperança, por intermédio de Ernesto Olivero e Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida. 
Localizado na antiga Hospedaria do Imigrante, a fundação tem como objetivo auxiliar pessoas que passam por dificuldades econômicas, essencialmente homens, maiores de 18 anos, que perderam o emprego e não possuem alternativas para recorrer, encontrando-se em “situação de rua”. O Arsenal, em sua nobre atitude, oferece a reestruturação adequada a fim de que o indivíduo seja capaz de se estabelecer novamente em sociedade, disponibilizando dormitórios, alimentação, assistência médica, acompanhamento com assistentes sociais, além de cursos profissionalizantes, com parceria e certificado do Senai, que auxiliam na restituição dos beneficiados.[10: O Arsenal da Esperança está localizado na Rua Dr. Almeida Lima, nº 900, na Mooca. Referência: próximo à Estação do Metrô Bresser-Mooca. ]
Figura 8 Dormitórios - Todos os lençóis e fronhas de travesseiros são iguais, a fim de que os beneficiados não se sintam diferenciados
O projeto está ligado à prefeitura, que fornece a verba necessária para a administração da fundação. Entretanto, os recursos providos nem sempre são suficientes, o que faz com que o Arsenal dependa também de doações e contribuições externas. 
A Organização também é patrocinada e auxiliada pelo Clube de Futebol Juventus, que contribui com doações de produtos oficiais que podem ser comercializados. [11: Juventus Clube é um dos times mais bem-sucedidos da Itália. Originário de Turim. ]
Em todo o seu tempo no Brasil, a instituição já auxiliou mais de 50 mil pessoas. Há casos em que, após sua passagem pela fundação, o indivíduo retorna à Casa e se voluntaria a ajudar outros que necessitam.
Figura 9 Sede Arsenal da Esperança - Na fachada localizam-se dois homens esperando vagas para serem acolhidos pela Instituição
Prêmios 
Ernesto Olivero foi indicado ao prêmio Nobel da Paz, em 1997, por Madre Tereza de Calcutá. 
Gianfranco Mellino, administrador da fundação, recebeu o prêmio internacional Piemonteses Protagonistas, devido ao seu trabalho no Arsenal da Esperança, ao trabalhar em atividades sociais em prol do próximo. 
A influência do Banco de Alimentos 
A parceria com o Banco de Alimentos é de longa data, aproximadamente 18 anos. A ONG assiste o Arsenal da Esperança em suas 3.500 refeições diárias, onde o auxílio fornecido pela prefeitura não cobre todos os gastos. A periodicidade das doações é diária e são entregues alimentos de diversos tipos. 
Figura 10 Refeitório
Ademais, vários projetos e campanhas empreendidos pelo Banco contribuem com a alimentação da fundação. Como exemplo, é possível citar a ação realizada pela ONG, em que esta mobilizou supermercados e comércios alimentícios, como pizzarias, a incentivar seus clientes a doarem 1 quilo de alimentos ao comprarem ou receberem seus produtos. Todas as quantias recolhidas foram distribuídas entre os beneficiados da associação civil, incluindo o Arsenal. 
Luciana Quintão também acompanha as ações realizadas pela Casa de acolhimento, como ocorreu com o Almoço dos Povos. Esta foi uma atividade dinâmica promovida pelo Arsenal da Esperança em que jovens de escolas de São Paulo são divididos em grupos que correspondem à diversas regiões do globo terrestre. Alguns ficaram em países ricos, como os Estados Unidos da América, a França, entre outros, enquanto os demais foram localizados em nações pobres, como ocorre com os países africanos. No momento de promover o banquete, apenas aqueles que estavam nas localidades mais ricas receberam alimento, enquanto os restantes permaneceram sem nada. O projeto visa à conscientização dos jovens ao expor a problemática da fome, que afeta milhares de pessoas em todo o mundo, buscando promover a igualdade e formas de amenizar a questão social. 
No quesito alimentação, o Arsenal da Esperança sempre conseguiu dar base aos mais necessitados e nunca sofreu com a falta de produtos, graças ao apoio e contribuição da prefeitura e do Banco de Alimentos. 
Unidades do Arsenal 
Além do Arsenal da Paz, na Itália, e do Arsenal da Esperança, no Brasil, o SERMIG ainda promove o auxílio da fundação em mais duas localidades. Uma delas fica também na Itália e foi intitulada de Arsenal da Acolhida. Fundado em 2014, o projeto engloba famílias que se dedicam a ajudar o próximo, abrigando em suas casas os mais necessitados. 
A outra unidade fica na Jordânia, no Oriente Médio, e recebe o nome de Arsenal do Encontro. Inaugurada em 2006, a instituição abriga e disponibiliza apoio a crianças e jovens portadores de deficiências físicas e mentais, além de, atualmente, acolherem também refugiados de guerra. 
O Arsenal pretende continuar expandindo sua ação, mas para isso necessita do apoio e contribuição da sociedade, que pode ser realizado através de doações. Estas podem ser efetivadas por meio do cupom fiscal sem CPF, do trabalho voluntário ou contribuições financeiras, alimentícias ou de vestuário e produtos de higiene. [12: Informações referentes a doações financeiras disponível em: < http://www.sermig.org/br/como-ajudar>.]
CONCLUSÃO
No Brasil, a fome ainda é uma questão de impacto que afeta aproximadamente 870 milhões de pessoas. O país está entre os dez que mais desperdiçam, com 41 mil toneladas anualmente. O processo tem início ainda nas fazendas, onde os produtos machucados ou fora do padrão estabelecido pelo mercado são eliminados, e termina na mesa do cidadão, em que a perda engloba não apenas os restos alimentares, como também as partes essenciais, a exemplo de talos, cascas, sementes e folhas, que são eliminados no processo de preparo da refeição. Isso decorre da falta de educação alimentar que marca a sociedade brasileira, em conjunto com a desigualdade que permeia as classes sociais, onde as menosfavorecidas não dispõem de condições igualitárias de crescimento, seja ele intelectual, profissional ou social. A fome e o desperdício não afetam apenas a população, assim como o meio ambiente, uma vez que o lixo orgânico é o terceiro principal produtor de gás carbônico, que danifica a camada de ozônio. Em decorrência desses fatores, surgem programas populares, associações civis e instituições que trabalham contra o desperdício de alimentos, a exemplo do Bom Prato e o Mesa Brasil, dois projetos que visam à segurança alimentar de populações menos favorecidas. No âmbito de ONGs, o Banco de Alimentos é uma das principais associações civis que recolhe excedentes de produção e comercialização e redistribui para instituições que necessitam. 
A iniciativa do Banco de Alimentos atua frente ao desperdício e à conscientização comunitária em prol da prática de poupar e utilizar partes não convencionais de comidas, intervindo a fim de promover uma sociedade igualitária onde a fome não seja uma questão recorrente no dia a dia de muitos brasileiros. Em atividade desde 1998, a ONG auxilia aproximadamente 22 mil pessoas mensalmente, distribuindo cerca de 40 toneladas de alimentos que seriam descartados. Dentro das realizações da organização, menciona-se os programas e palestras que objetivam a educação e sensibilização popular para a questão acima tratada, os produtos — como livros, camisetas e receitas prontas — que auxiliam na sustentabilidade da associação, além da estrutura física e logística, com os veículos que realizam o transporte de mantimentos e as histórias emblemáticas que moldam e demonstram a dedicação da instituição. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ONG: Organização Não Governamental, saiba o que é ONG, definição, links relacionados, terceiro setor, trabalho voluntário. Sua Pesquisa. Disponível em <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/ong.htm>. Acesso em 27 de outubro de 2016
FARIA, Caroline. ONGs (Organizações não Governamentais). Info Escola. Disponível em <http://www.infoescola.com/geografia/ongs-organizacoes-nao-governamentais/>. Acesso em 27 de outubro de 2016. 
Banco de Alimentos: quem somos, o que fazemos, onde atuamos e alimentação sustentável. Banco de Alimentos. Disponível em <http://www.bancodealimentos.org.br/>. Acesso em 27 de outubro de 2016. 
Core Business. Dicionário Financeiro. Disponível em <https://www.dicionariofinanceiro.com/core-business/>. Acesso em 27 de outubro de 2016. 
Tilápia. Revista Pesca e Companhia. Disponível em <http://revistapescaecompanhia.com.br/fique-por-dentro/noticias/peixe-tilapia>. Acesso em 1 de novembro de 2016. 
BERNARDINO, Arthur. Merchandising, conceito e preparação. Sobre Administração. Disponível em <http://www.sobreadministracao.com/merchandising-conceito-e-percepcao/>. Acesso em 2 de novembro de 2016. 
Figura 1 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Equipe do Banco de Alimentos. Fonte: Facebook. Disponível em: < https://www.facebook.com/bancodealimentos/photos/?tab=album&album_id=1126967740706373>. Acesso em 2 de novembro de 2016. 
Figura 2 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Auditório. Fonte: Facebook..Disponível.em:<https://www.facebook.com/bancodealimentos/photos?tab=album&album_id=1126967740706373>. Acesso em 2 de novembro de 2016.
Figura 3 Simpósio Mundial do Dia da Alimentação – Palestra. Fonte: Facebook. Disponível.em:.<https://www.facebook.com/bancodealimentos/photos/?tab=album&album_id=1126967740706373>. Acesso em 2 de novembro de 2016.
Figura 4 Camisa Combate à Fome, Eu Ajudo. Fonte: Banco de Alimentos. Disponível.em:.<http://www.bancodealimentos.org.br/?gclid=CKam54iSitACFYYHkQodrzEDfA>. Acesso em 2 de novembro de 2016. 
Figura 5 Brownie in Jar. Fonte: Banco de Alimentos. Disponível.em:.<http://www.bancodealimentos.org.br/?gclid=CKam54iSitACFYYHkQodrzEDfA>. Acesso em 2 de novembro de 2016.
Figura 6 Livro Entre Cascas e Temperos. Fonte: acervo pessoal. 
Figura 7 Livro Gourmet Sustentável. Fonte: Livraria Saraiva. Disponível em: <http://www.saraiva.com.br/gourmet-e-sustentavel-cozinhando-com-as-partes-nao-convencionais-dos-alimentos-3534438.html>. Acesso em 2 de novembro de 2016. 
CRUZ, Elaine Patricia. Brasil desperdiça 41 mil toneladas de alimentos por ano, diz entidade. Agencia Brasil. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-06/brasil-desperdica-40-mil-toneladas-de-alimento-por-dia-diz-entidade>. Acesso em 3 de novembro de 2016. 
STRINGUETO, Kátia. Como e por que evitar o desperdício. Planeta Sustentável – Abril. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/como-evitar-desperdicio-seguranca-alimentar-bons-fluidos-752309.shtml>. Acesso em 3 de novembro de 2016. 
Bom prato. Portal do Governo. Disponível em: <http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/bomprato>. Acesso em 3 de novembro de 2016. 
O Mesa Brasil Sesc. Sesc. Disponível em: <http://www.sesc.com.br/mesabrasil/omesabrasil.html>. Acesso em 3 de novembro de 2016. 
Quem Somos. SERMIG. Disponível em <http://www.sermig.org/it/quem-somos>. Acesso em 8 de novembro de 2016. 
Story. Arsenal da Esperança. Disponível em: <https://www.facebook.com/pg/arsenaldaesperanca/about/?ref=page_internal>. Acesso em 8 de novembro de 2016. 
Voluntariado no Arsenal. SERMIG. Disponível em: <http://www.sermig.org/br/como-ajudar>. Acesso em 8 de novembro de 2016. 
Venha nos conhecer. SERMIG. Disponível em: <http://www.sermig.org/it/venha-nos-conhecer>. Acesso em 8 de novembro de 2016. 
Figura 8 Dormitórios – Todos os lençóis e fronhas de travesseiros são iguais, a fim de que os beneficiados não se sintam diferenciados. Fonte: acervo pessoa. 
Figura 9 Sede Arsenal da Esperança – Na fachada localizam-se dois homens esperando vagas para serem acolhidos pela Instituição. Fonte: acervo pessoa. 
Figura 10 Refeitório. Fonte: acervo pessoal. 
ANEXOS
Pauta da Entrevista com a ONG Banco de Alimentos 
	Repórter(es): Giovanna Nucitelli e Kadyje Barakat
	Banco de Alimentos
	São Paulo, 10 de outubro de 2016
Tema: Banco de Alimentos – Projetos e História
Palavras-chaves: alimentação; origem; objetivos; beneficiados; contribuição; divulgação; mídia; projetos; rotina. 
Objetivo: Através de entrevista, averiguar história, objetivos, projetos e ações que a ONG Banco de Alimentos possui em relação ao consumo e desperdício de itens ainda adequados para consumo no estado de São Paulo, além de dados referentes ao desperdício. 
Histórico: A ONG Banco de Alimentos foi fundada em 1998, pela iniciativa de Luciana Chinaglia Quintão (economista), tem como objetivo arrecadar excedentes de alimentos em estado adequado para consumo, que seriam eliminados por não cumprirem com os padrões adequados para comercialização. 
Fontes: Daniela Garcia, gerente geral do Banco de Alimentos
 Telefone para contato - fixo 11 3674-0080 e celular 11 9 9156-9562
 Email: daniela@bancodealimentos.org.br
Sugestões de perguntas: 
Qual a principal inspiração para o surgimento da ONG?
E os problemas enfrentados durante esse processo? 
Como funciona o dia a dia dos envolvidos? 
De que forma é feita a arrecadação e seleção dos alimentos?
Como funciona o transporte e acondicionamento?
Aproximadamente, quantos quilos de alimentos adequados para consumo são desperdiçados por dia na cidade de São Paulo? 
Todos os alimentos recebidos são reaproveitados ou há alguns que são descartados?
Quantas pessoas e/ou instituições são beneficiadas pelo projeto? Há alguma história emblemática em que o Banco de Alimentos mudou a vida de uma pessoa? 
Qual a maior dificuldade enfrentada no dia a dia? 
Quais são as principais fontes que contribuem para a doação de alimentos? 
Qual o meio pelo qual pessoas físicas podem contribuir com o projeto? 
De que forma é feita a divulgação da ONG? Vocês acham que ela poderia ter uma maior visibilidade na mídia? 
E os projetos futuros? Existe algum outro lugar em que o Banco de Alimentos pretenda atuar, além da região metropolitana de São Paulo? 
De que forma o Bancode Alimentos se dispõe a conscientizar as pessoas a economizar e evitar o desperdício? 
Alguma dica para que, em nossas residências, haja menos desperdício de comida?  
Foto com Daniela Garcia – Gerente Geral do Banco de Alimentos
Foto por Kadyje Barakat. 
Imagem captada em frente ao quadro com o veículo da ONG realizando entrega de alimentos à instituição. Local: sede do Banco de Alimentos. Em ordem, Kadyje Barakat, Daniela Garcia e Giovanna Nucitelli.
Entrevista com a ONG Banco de Alimentos 
Meu nome é Daniela Garcia, sou gerente geral do banco de alimentos, nós somos uma ONG, associação civil.
Kadyje: Qual a principal inspiração para o surgimento da ONG?
Daniela: Nossa fundadora se chama Luciana Quintão, economista de formação, que sempre foi uma pessoa muito preocupada com questões de impactos sociais. Muito preocupada com fome, distribuição de alimentos e moradores de rua. Era uma questão absolutamente pessoal. Ela é daquelas que tira o casaco e dá para o mendigo, o guarda-chuvas para o menino que estava pedindo dinheiro na rua. Quintão, com 37 anos, raciocinou que precisava colocar aquilo tudo em prática, não adiantava ela ficar dando esmola ao necessitado, e fundou a ONG, que foi o primeiro banco de alimentos aqui no Estado de São Paulo. Por isso que temos o próprio nome da categoria, Banco de Alimentos, porque banco de alimentos é uma categoria, e ela criou o Banco para recolher alimentos excedentes de comercialização e produção, nos seus pontos de origem, onde seriam desperdiçados, jogados fora. Reempregar esses alimentos ainda próprios para consumo, dentro da validade em instituições existenciais é hoje o core business da ONG. Circulamos por São Paulo e paramos em doadores que nos entregam alimentos que seriam desperdiçados, que seriam jogados fora, por uma questão estética, pelo prazo de validade estar próximo e não dar para colocar no varejo, ou por uma questão de super safras. Temos também a categoria de doação com alimentos que tiveram a embalagem com problemas, que não podem ir para o varejo, mas também não irá ser desperdiçado, então, é reaproveitado doando para nós. Recolhemos tudo isso e entregamos em 42 instituições assistenciais já pré-cadastradas conosco. Por conseguinte, essas Instituições alimentam 22 mil pessoas na sua ponta. Atendemos, basicamente, entidades que auxiliam pessoas que foram abandonadas nas suas extremidades, crianças e idosos, e no meio, adultos economicamente não viáveis, que passam por dependentes de toda natureza e deficientes também de toda natureza. Então, a inspiração foi uma questão pessoal, um questionamento pessoal acerca da sociedade.
Giovanna: E os problemas enfrentados durante esse processo? 
Daniela: No início, enfrentamos a questão da responsabilidade civil da doação. A doação, não sei se é do conhecimento de vocês, no Brasil, é de responsabilidade do doador, então, a indústria que estivesse doando teria responsabilidade civil por aquele alimento. O que isso significa? Se uma empresa de Laticínios nos doar Iogurte e alguém na ponta passar mal por conta do Iogurte, a responsabilidade civil por aquela doação é do doador. Não tínhamos doadores. Luciana fez 400 cartas para 400 indústrias e recebeu de volta apenas sete, cinco delas dizendo “Muito obrigada, parabéns pela sua iniciativa.”, as outras duas nem consideraram. Desse modo, há 18 anos, ela criou uma forma de assumir a responsabilidade civil da doação. Hoje em dia temos um recibo que quando coletamos em qualquer indústria, qualquer supermercado, é feito o seguinte: “o supermercado nos doou X de comida”, por exemplo, 1 tonelada de melancia. Enquanto não entregarmos aquele alimento para a entidade, a responsabilidade é nossa. Quando a entrega é efetuada, pegamos o mesmo recibo, entregamos para a entidade e é assinada com os dizeres: “Eu recebi o alimento bem, ok, a data de validade ok, e agora eu vou utilizar a responsabilidade da entidade.” Desse modo, a única forma de fazer o Banco de Alimentos funcionar é assumindo a responsabilidade civil de todas as 40 toneladas por mês. Por esse motivo, possuímos inúmeros advogados e com a graça de Deus nunca aconteceu nada, nenhum único caso, mas, ainda assim, é a única forma até hoje do Banco funcionar, assumindo a responsabilidade civil. Em todas as indústrias, incluindo as grandes, a responsabilidade é nossa, enquanto trafegar conosco, por isso é recolhido e entregue todo dia, não armazenamos, não é redistribuído nada, nós encaminhamos tudo para frente. Muito raramente, quando é uma coisa não perecível, chegada às 17hs, por exemplo, armazenamos aqui, mas ainda assim é muito pouco, pelo o espaço ser diminuto. Essa é a primeira e grande responsabilidade, a responsabilidade civil da doação. Outras responsabilidades, ou fatores, como doadores e espaços completamente diferentes, tamanhos e volumes de doações muito pequenos, em que não vale a pena parar uma van na frente de estabelecimentos, porque não adianta retirar apenas uma caixa, têm que ser várias. A questão logística é fundamental para ONG hoje, temos que organizar um roteiro de recolhimento e entrega, pensar na malha de logística que temos, de onde sai, para onde vai, em quanto tempo e fora todos os percalços da própria cidade de São Paulo, caminhão parado na Marginal, greve, manifestações, etc. Tudo, até para sair do rodízio, há a necessidade de documentos especiais. Por esse motivo há uma série de dificuldades, esses são os empecilhos do negócio. Fora isso, a manutenção de tudo, porque, tendo em vista ser uma ONG, associação civil, criado por uma pessoa física, mantido por pessoas físicas, o não fechamento das contas no final do mês faz com que alguém tenha que arcar com os prejuízos e colocar dinheiro aqui, e o Governo não contribui, não dá um centavo. Dificuldades, temos de todas as naturezas. Todas. Poderiam ser citadas, mas essas são as principais.
Kadyje: De que forma é feita a arrecadação e seleção dos alimentos?
Daniela: Os motoristas são treinados para isso. Eles param nos nossos doadores oficiais, recolhem aquilo que obrigatoriamente já está selecionado, o que é bom e está no prazo de validade, e, ainda assim, eles fazem uma triagem para poder entregar. Lembrando que não pegamos alimentos manipulados, comida pronta (arroz e feijão pronto) é proibido pela ANVISA, todos devem estar embalados, dentro da validade e ainda próprios para consumo.
Giovanna: Aproximadamente, quantos quilos de alimentos adequados para consumo são desperdiçados por dia na cidade de São Paulo?
Daniela: Por dia, essa conta eu não tenho, quem tem isso é a Prefeitura, ela oscila muito, depende, inclusive, da safra, de regiões específicas. O que eu posso afirmar é que a recolhemos de 30 a 40 toneladas por mês, em média. Esse mês a foram recolhidas 49 toneladas, são 49000 kg de comida, isso só a gente. Ainda tem o Mesa, tem o Prato, têm outras centrais que fazem isso. Conseguimos recolher 49, e a nossa meta é chegar a 60 toneladas.
Kadyje: Como funciona o transporte e acondicionamento?
Daniela: Na verdade quem armazena são os próprios doadores, por exemplo, se é pão, vem no saco para pão, os hortifrútis vêm naqueles sacos de hortifrúti, além disso, temos aquelas caixas com grades plásticas. Mas eles nunca vêm completamente soltos. Só subdividimos a mercadoria entre as entidades que serão assistidas naquele dia.
Giovanna: Todos os alimentos recebidos são reaproveitados ou há alguns que são descartados?
Daniela: Todos. Essas é uma regra que a temos com as entidades, e esperamos que elas possam reaproveitar o máximo possível, até porque a maioria é hortifrúti, por esse motivo não dá para jogar no lixo ou ser descartado. E o nosso segundo pilar na ONG é lutar pelo não desperdício. Para isso é feito um treinamento com as entidades na linha de frente das suas cozinhas, são treinadas as cozinheiras com chefes e nutricionistas em aproveitamento integral dos alimentos, para que elas possam aprender a não só manipular o alimento na íntegra, como também, fazer com que a tabela nutricional daquelasrefeições possa subir. Elas sabem que quando recebem uma abóbora, por exemplo, dá para usar a semente para uma coisa, a casca para outra e a polpa para uma outra, a abóbora é integralmente usada. Beterraba da mesma forma, cozinha a beterraba, o talo e a folha viram parte de uma sopa. Para isso tudo é feito um treinamento com nutricionistas para que eles possam aprender a não desperdiçar. Temos também esse viés. Combate à fome na medida que é recolhido, na primeira ação, e a segunda ação da ONG é exatamente fazer a educação das entidades que estão recolhendo o nosso alimento, para que eles possam usar na íntegra.
Kadyje: Quantas pessoas e/ou instituições são beneficiadas pelo projeto? Há alguma história emblemática em que o Banco de Alimentos mudou a vida de uma pessoa?
Daniela: Temos centenas de histórias. Abastecemos casas, por exemplo, que tem 1300 pessoas, tem a casa de Davi que fica na Fernão Dias e acata pessoas adultas que são deficientes mentais. Trabalhamos com a Casa Transitória, que atende mais de 6000 pessoas da própria comunidade e que também é uma casa de passagem, onde as pessoas chegam na cidade de São Paulo, não tem onde ficar e poderiam depois ficar na comunidade. Todas essas pessoas são alimentadas de alguma forma com algum ingrediente ou parte daquilo que levamos. Entendemos que passa pelo dia a dia de pessoas com inúmeras histórias. A história emblemática que eu tenho para contar talvez não seja pontualmente a respeito de uma pessoa, porque seria muito difícil ter a história de uma única pessoa, abastecemos de comida várias. Lógico que existem pessoas que conhecemos muito, como na Casa Transitória, na Casa de Davi também, tem o Arsenal da Esperança, que é uma casa que recolhe as pessoas que dormem na rua, abriga-os efetivamente, então, uma casa enorme também, com um trabalho muito bonito e com histórias interessantes. A história que eu ia contar para vocês é emblemática sob o ponto de vista de negócios em São Paulo. Fomos chamados no começo do ano para ajudar na produção de uma feira. Então, a história é mais ou menos o seguinte: Existe o Expo Center Norte e eles estavam fazendo uma feira de pescas, barcos, iates, jet-ski, lanchas, e tinha um tanque, com um lago artificial de tilápias, que servia para testar vara de pescar. Legal, bacana. Ele ficou a feira toda, feira de uma semana, e quando deu sexta feira, eles nos ligaram de tarde, e falaram “Olha, temos 800kg de tilápias e elas vão ser jogadas fora”, e perguntamos se eles queriam nos entregar e pensamos como que poderíamos fazer isso. Disseram que o Expo Center Norte fecharia as portas no domingo para feira, à meia noite, e eles só poderiam entregar quando estivesse tudo fechado, então entre meia noite e duas horas da manhã podíamos retirar. Eles falaram que davam o gelo e o tanque para colocarmos dentro do carro com os 800kg de tilápias. E ficamos pensando como a produção de um evento desses não teriam pensado nisso antes. Nos organizamos em 3 ou 4 horas, tivemos que localizar uma casa que pudesse receber 800kg de peixe, e que possuísse uma câmara frigorífica capaz de armazenar, gente capaz de comer, porque não era uma coisa que desse para compartilhar, era uma remessa para uma Instituição só, e como que íamos fazer com o nosso motorista, nosso carro, hora extra e etc. Bom, enfim, foi conseguido o carro, o nosso motorista conseguiu ir lá e conseguimos também uma Instituição que pudesse abrir as portas às duas horas da manhã num domingo. A gente acabou levando, e ficamos sabendo que esses peixes foram usados para eles comerem na semana da Páscoa, que é uma semana que tem tudo a ver. Então histórias como essas, que as pessoas não conhecem, acabam sendo muito importantes para as nossas entidades e importantes porque reconhecem o trabalho que é feito, que é realmente mobilizar a comida de onde ela está sobrando e levando pra onde está faltando.
Giovanna: Qual a maior dificuldade enfrentada no dia a dia?
Daniela: Recursos para que a gente possa pagar essa operação toda. Infelizmente a gente vive de doação financeira, doação de empresas, doação das pessoas, e as pessoas doam muito pouco, a doação de pessoas físicas tem caído muito, e as pessoas não se encantam por nenhuma das ações. Então, a arrecadação financeira pra gente, sem dúvidas, é uma das nossas maiores prioridades e dificuldades também. Para nos tornarmos conhecidos, para que as pessoas doem, para se ter uma ideia, se 20000 pessoas doassem R$9,00 por mês, ficaríamos autossustentáveis. Quando você tem mídia, as pessoas doam mais. Mídia é um dos problemas para nós, podemos ter a melhor campanha do mundo, onde que eu veículo? Como que as pessoas chegam em mim? Eu tenho que fazer um trabalho de comunicação muito importante, um trabalho de network importante para que eu chegue até a mídia, para que a mídia me reconheça e conte a minha história. Então, mídia em ONG é uma coisa muito delicada. E olha que a gente é auditado, presta contas, tem relatório de transparência na internet, não precisamos que as pessoas desconfiem para onde vai o nosso dinheiro, provamos para onde ele vai. E ainda assim é complicado chegarmos na ponta final. Se você falar “Puxa, se levar pra Unip, se a Unip tirasse um real de cada mensalidade, de cada aluno, eles sustentavam a gente”, com muito menos que um real, com cinquenta centavos por aluno. Agora bate na porta de uma Instituição e pede isso. Você vai falar “tudo bem, eu não preciso pedir, vamos fazer uma campanha interna e eu pergunto se o aluno quer colocar cinquenta centavos a mais”, mas ainda assim eu digo pra vocês que nem 10% acata, porque a doação é uma coisa que depende da pessoa, ela tem que se mobilizar. Se não fosse assim, teríamos muitos mais projetos sociais que pudessem ser feitos.
Kadyje: Quais são as principais fontes que contribuem para a doação de alimentos?
Daniela: Doadores industriais e grandes varejos, supermercados. Por exemplo, a Wickbold já foi nossa doadora de pão, a Danone é nossa doadora constante de laticínios, algumas lojas do Pão de Açúcar são doadores de excedentes do hortifrúti, a Barilla já doou toneladas de macarrão. Ou seja, nas suas duas pontas são indústrias e varejo de grande porte.
Giovanna: Qual o meio pelo qual as pessoas podem contribuir com o projeto?
Daniela: Essencialmente através da doação de alimentos ou doação financeira. Para doação financeira está na nossa Home, tem um botãozinho lá que você pode doar sem recorrência, inclusive entra no cartão de crédito. Temos doações a partir de R$10,00/mês, dá R$120,00/ano. As pessoas podem doar através de ferramentas e aplicativos de celular. Fazemos parte de alguns aplicativos de doação também. Através do Programa Fidelidade, o primeiro programa fidelidade brasileiro para terceiro setor que chama Get Together, um site muito bonitinho, você se associa lá e faz sua doação mensal, que eu acho que é a partir de R$9,00, e pode inclusive ter uma série de vantagens em umas sete lojas (Magazine Luiza, Marisa, Saraiva, etc), como um cartão fidelidade mesmo. Essa é a parte financeira. Pode também fazer no arredondado. Existe uma ferramenta hoje no mercado que se chama Arredondar, que arredonda o troco, então, por exemplo, você vai fazer uma compra no supermercado e sua compra dá R$18,70, a caixa pergunta “você gostaria de arredondar seu troco?”, vai para R$19,00 e esses trinta centavos vão para uma Instituição, somos uma dessas credenciadas. E Nota Fiscal Paulista, toda Nota Fiscal Paulista no Estado de São Paulo que não tenha CPF pode ser doada pra gente, é só você mandar a nota pra nós. Agora estamos com uma campanha no restaurante Week, que você fotografa e manda pelo Instagram a nota fiscal. E na parte de voluntariado, infelizmente, não tem muita coisa a se fazer, a não ser voluntários para digitação de notas fiscais e eventuais arrecadações de alimentos dentro das empresas, enfim. Se for um número grande de cestas básicas, como fizemos em um concurso de futebol, que eram 17 condomínios, que a entrada era uma cesta básica, neste caso, que eu vou coletar200, 300 cestas básicas, eu vou buscar. Mas se você me falar “Puxa, juntamos no escritório dez cestas básicas”, ai eu peço a gentileza que venham trazer.
Kadyje: De que forma é feita a divulgação da ONG? Vocês acham que ela poderia ter uma maior visibilidade na mídia?
Daniela: Mídia. O que a gente faz hoje em dia? A gente tem dois canais muito importantes de mídia, o Facebook e o Google. Por que o Google? Porque temos uma campanha fixa lá de links patrocinados, quando alguém coloca “aproveitamento integral de alimentos” ou “Banco de Alimentos”, sempre aparecemos, porque entendemos que é informação. No Google, a busca orgânica dele é fundamental. Então a gente tem o canal internet de busca básico do Google. Na nossa página do Facebook é feita a divulgação dos nossos parceiros e de todos os nossos trabalhos. Então, temos a rede social a nosso favor. Além de tudo a gente criou uma série de parcerias com empresas e clubes de assinatura de todo tipo, como por exemplo essas caixas que vão por correio pra sua casa mensalmente. Temos essa parceria, uma série de assinantes com clubes que divulgam a nossa iniciativa através dos seus associados. Fora isso, tudo que a gente tem é mídia ganha ou não em determinados lugares, revistas e etc., mas é muito de vez em quando.”
Giovanna: A participação da ONG no Globo Repórter ajudou de alguma forma essa questão da mídia? 
Daniela: A participação que a ONG teve no Globo Repórter, foi a convite do Globo Repórter, e ajudou muito em relação a questão de visibilidade e de alguns empresários que quiseram saber como eles podiam nos ajudar, porque as pessoas não chegam aqui perguntando como que elas podem doar comida, de jeito nenhum, mas eles ligam perguntando como que eles podem participar, e a gente eventualmente cria mesmo formas de fazer parcerias entre a ONG e as empresas para que a gente possa receber uma malha de doadores de pessoas físicas.
Kadyje: De que forma o Banco de Alimentos se dispõe a conscientizar as pessoas a economizar e evitar o desperdício? 
Daniela: Falamos muito sobre o aproveitamento integral dos alimentos. A gente tem um conteúdo no nosso site, já editamos dois livros, falamos uma vez por ano no Simpósio Mundial do dia da Alimentação que, por sinal, será dia 13 de Outubro no Senac Campus Santo Amaro, com entrada gratuita. Terão doze palestrantes falando sobre conteúdo de gastronomia e alimentação saudável numa timeline, falando como que ela era ontem, como é hoje, e como será no amanhã.
Giovanna: E os projetos futuros? Existe algum outro lugar em que o Banco de Alimentos pretenda atuar, além da região metropolitana de São Paulo?
Daniela: Não, só dentro da região metropolitana de São Paulo. Adoraríamos, mas para que isso ocorra precisamos deixar, de novo, a ONG autossustentada, ter doações constantes para poder pensar em novos doadores. Aumentar a malha logística para chegar em outras cidades é complexo, não é fácil. Em 18 anos ficamos por aqui, ainda não conseguimos tudo isso, imagina o tamanho do aporte que precisamos para manter e para aumentar.
Kadyje: Alguma dica para que, em nossas residências, haja menos desperdício de comida?
Daniela: Que as pessoas atentem muito àquilo que elas compram, no prazo de validade, porque a gente é muito desatento com a validade, e pior, com a quantidade que a gente compra. Então, eu brinco sempre com o exemplo da farinha amarela. Farinha de milho não é uma coisa que a gente compra sempre. Mas a gente compra para fazer um cuscuz que fica melhor, uma farofa diferente, ai a gente vai lá, compra um saquinho de 500 gramas e usa metade. Aí você coloca um clips e deixa no armário vinte dias, um mês. Depois você vai olhar no armário, e aí? Lixo. Quando a gente faz isso e tem contato com a quantidade de comida que a gente joga fora, a gente fica pensando se a gente sabe cozinhar, se a gente sabe aproveitar tudo, se a gente liga para isso ou não. Para vocês terem uma ideia, o terceiro maior consumidor de gás carbônico no planeta é a decomposição de comida, então, ao mesmo tempo que a gente não consome e não deixa os outros que estão com fome consumir, a gente estraga o nosso próprio planeta só com a comida que a gente joga no lixo. Não precisamos entrar nas indústrias, carro, nada. Só com a comida que vai para o lixo é praticamente um terço de todo o gás carbônico. Então, se prestarmos atenção, respondendo, a tudo que a gente tem na geladeira, consumir, ser mais criativo nas receitas, entender que o alimento tem um potencial enorme de aproveitamento. Segundo as nutricionistas, tem uma casca só que não podemos comer que é a do ovo. De resto, podemos comer todas. A gente tem receita de cocada feita com a parte branca da Melânica, e as pessoas dizem que aquilo é para jogar fora. Quando você conhece um pouco mais da disciplina de aproveitamento integral, você percebe, inclusive, que tem alimentos que você só come 10% dos nutrientes, o resto é tudo da parte que eu estou jogando fora. O melão é um exemplo deles, 70% das características nutricionais dele são da parte branca, da parte mais perto da casca que é a que jogamos fora. Então, a gente precisa entender um pouco mais, precisamos ser um pouco mais criteriosos. Eu acho que com mais critério a gente come melhor e gasta menos, inclusive. Mas precisamos ser mais criativos e prestar mais atenção. Então, já se programa para usar as duas coisas, faz duas receitas e congela, já fica de olho como é que você vai fazer, porque inevitavelmente a gente vai jogar fora. E aí, a gente tem que prestar mais atenção nisso e, logicamente, políticas públicas. Quando alguma fábrica fizer alguma embalagem menor, elogiem, façam com que ela fique sabendo que isso é bom. Investir em locais que vendem a granel, que você não precisa comprar um quilo fechado, também é interessante. E divulgar, de alguma forma, toda vez que tiver contato com esse desperdício, divulgar para quem tá querendo doar comida, enfim, a gente pede todo esse tipo de ajuda.
Pauta da entrevista com o Arsenal da Esperança
	Pauteiro (a): Aline Cunha
	Arsenal da Esperança
	São Paulo, 4 de novembro de 2016
Tema: ONG é beneficiada pelo Banco de Alimentos.
Palavras-chaves: Alimentos; frequência da distribuição; perecível; orgânico; histórias emblemáticas; projetos; rotina; local.
Objetivo: Entrevistar o Administrador da ONG Arsenal da Esperança e saber qual a relação deles com a ONG Banco de Alimentos, a frequência com que é feita a distribuição de alimentos e sua classificação se são perecíveis ou não, além da diferença que a contribuição do Banco de Alimentos faz na vida dos beneficiados do Arsenal da Esperança.
Histórico: O Arsenal da Esperança é uma ONG de origem Italiana, foi fundada no Brasil há 20 anos pelo italiano Ernesto Olivero e sua esposa Maria Cerrato. Eles enviaram o Sr. Gianfranco Mellino para abrir a ONG no Brasil, por ele já estar envolvido em muitos trabalhos voluntários em boa parte do país. O Arsenal da Esperança é uma casa de acolhida para homens que estão em situação de rua, porém que ainda não desistiram da vida e nem deixaram de ter esperança.
Fontes: Gianfranco Mellino	 
 Telefone para contato- fixo (11) 2292-0977
 Email: arsenaldaesperanca@sermig.org.br / gianfrancomellino@gmail.com 
Sugestões de perguntas: 
O Arsenal da Esperança é uma ONG de origem Italiana. Porque o Brasil foi escolhido para ser agraciado pelo SERMING (Arsenal da Esperança)?
Qual o perfil dos necessitados que são acolhidos pelo Arsenal da Esperança?
O Arsenal retira muitas pessoas das ruas. Existe alguma história emblemática que se tornou referência para os que são acolhidos recentemente e chegam a vocês sem esperança?
Entre essas pessoas que foram acolhidas e reintegradas à sociedade pelo Arsenal, algumas delas trabalham ou exercem alguma atividade voluntária em prol da ONG?
Li um trecho em que vocês afirmam que “só é possível a caminhada graças a confiança do Governo do Estado de S. Paulo e a Prefeitura de S. Paulo”. Eles contribuem com o que exatamente para o Arsenalda Esperança?
O Banco de Alimentos citou em uma entrevista que é uns dos contribuintes do Arsenal da Esperança. Que tipos de alimentos são enviados por eles? Eles são perecíveis ou não? 
Com que frequência é feita a entrega dos alimentos?
A participação do Banco de Alimentos gerou alguma história emblemática? 
Alguma vez já chegou faltar alimentos?
Para quem deseja contribuir com o Arsenal da Esperança, quais são as medidas cabíveis que a pessoa deve tomar para que essa ajuda chegue até vocês? 
Entrevista com a ONG Arsenal da Esperança
Entrevista com Gianfranco Mellino, 57 anos, administrador do Arsenal da Esperança. 
Aline: Qual foi o sonho que motivou o surgimento do Arsenal da Esperança? 
Gianfranco: Um dos sonhos de quando nasceu este grupo, que se chama SERMIG e significa Serviço Missionário Giovani e é um serviço de jovens que ajudavam os missionários naquela época, há 50 anos, um serviço de ensinar jovens. Porque o grande sonho de Ernesto e de Maria, sua esposa, era de eliminar a fome no mundo, talvez de se ligar ao Banco de Alimentos mais tarde. Então, estávamos fazendo algumas coisas, algumas atividades lá na Itália, para eliminar a fome do mundo. Ou seja, a arrecadação de coisas, de alimentos também, de roupas, de dinheiro para mandar para os lugares que precisavam, para Igrejas Católicas, que ajudavam os missionários, para diminuir um pouco a fome e a injustiça. Na África, tinha um missionário que queria construir um hospital, um posto, um vilarejo, uma coisa assim, ou que precisava de alimento, de remédio, de equipamento, então, o SERMIG fazia arrecadações, através de campanhas em Turim em 1974. 
Depois se tornou uma fraternidade, tornou-se um grupo onde algumas pessoas iniciaram fazer uma escolha de vida, de doação à Deus e às pessoas que mais precisavam. Não somos leigos, consagrados e tem rapazes, moças, homens e mulheres, casais que, como família, fazem parte desse grupo, e mais para frente, tem também três padres, que se tornaram padres da nossa comunidade.
Continuando… precisava levar em frente esse desejo de ajudar os missionários, ajudar onde necessitavam. Depois, há 20 anos, surgiu o Arsenal da Paz em Turim, quando padre Ernesto entendeu que este grupo não era mais um grupo que fazia voluntários, e pediu à Prefeitura este lugar, o Arsenal de Guerra, que se tornou o Arsenal da Paz. Antes fabricavam armas, mas se tornou um lugar de paz. E quando viemos para cá [Brasil], o chamamos de Arsenal da Esperança, porque aqui antigamente era a Hospedaria dos Imigrantes, era aquele lugar que acolhia os imigrantes que chegavam da Europa e da Ásia. Passavam 4, 5 milhões de pessoas aqui. Hoje uma parte do Arsenal é um Museu de Imigração, que foi divido há 20 anos. O nome Arsenal foi para lembrar nossa primeira casa, e Esperança porque tinha esperança aos imigrantes que chegavam. 
Aline: E baseado nessa introdução, por que vocês escolheram o Brasil para ser agraciado com o Arsenal? 
Gianfranco: Porque nós já estávamos trabalhando aqui, estávamos apoiando alguns projetos na Bahia, aqui em São Paulo. De 25 a 30 anos atrás começamos a fazer moradias, porque o nosso fundador tinha conhecido um grupo de padres aqui através da presença de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, que era bispo naquela região, aqui de São Paulo, mas que veio a falecer há 10 anos, e era bispo de Mariana. Mas ele se tornou também o presidente da CBB (Conferência de Bispos do Brasil), e conheceu o Ernesto. Então estávamos ajudando um pouco o Brasil, na Bahia, em Minas Gerais, aqui em São Paulo, onde fizemos moradias, 62 casas em forma de mutirão, um prédio com 19 apartamentos para colocar pessoas que moravam em favelas e cortiços. E depois, Dom Luciano, há 20 anos, soube que o Estado estava se livrando deste espaço, que depois de tornou o DIS (Departamento de Integração Social), uma casa de acolhida para as pessoas que chegavam no Brasil ou vinham de outras regiões do país, migrantes.
Naquela época eu estava procurando entidades para assumir esse espaço e Dom Luciano soube disso e sugeriu que viéssemos ao Brasil para assumir essa casa, que talvez tivesse chegado a hora de reafirmar esse nome, o serviço missionário de jovens e então nasceu o Arsenal da Esperança. Falamos de chamar Arsenal da Esperança para lembrar que essa é uma casa de esperança para as pessoas que eram acolhidas, que hoje são acolhidas pela casa. São mil e duzentas pessoas todo dia. No Brasil se fala muito de albergue, mas vamos eliminar a palavra albergue? Nós falamos que é uma casa que acolhe, porque tem uma fraternidade, um grupo de pessoas que abre as portas da própria casa para ajudar quem está precisando, quem está passando muita dificuldade. Não são moradores de rua, são pessoas que estão passando por necessidade.
Aline: Qual é o perfil das pessoas que vocês ajudam?
Gianfranco: Nesses 20 anos, estamos chegando há quase 53 mil pessoas diferentes. Mas, em essência, são homens. Escolhemos homens porque a demanda era mais destes, mas nosso sonho hoje é também abrir uma casa de acolhimento para mulheres com crianças. No entanto, hoje somente homens a partir de 18 anos. Por aqui já passou qualquer tipo de pessoa, não são só moradores de rua, (porque dá para fazer uma distinção entre morador de rua e morador em situação de rua. Moradores de rua são aquelas pessoas que fizeram a escolha de morar nas ruas, que não querem mais sair dessa situação), as vezes pessoas que perderam o trabalho. Aqui já passaram médicos, professores, administradores de empresas, pessoas que falam quatro, cinco idiomas, jornalistas, já passou de tudo. Às vezes, as pessoas acham que são só pobrezinhos, mas não são pobrezinhos, são pessoas que tiveram uma certa cultura. Antes eram mais pessoas do Norte, que chegavam à São Paulo atrás de oportunidades, mas hoje não, diminuiu muito essa migração interna. São pessoas de São Paulo, que estão tendo problema de trabalho, por causa da crise, ou pessoas com problema de droga e álcool, como jovens, que podem cair por não ter oportunidade. A maioria das pessoas que vem aqui é pela falta de trabalho, que precisam se reestruturar, tentar levantar de novo, voltar à sociedade de modo melhor. Porque muitas pessoas ficam sem moradia, trabalho, sem família, então tem que se levantar, mas não queiram cair na rua, querem somente um apoio. Então aqui é essa casa de apoio.
Aline: Como vocês tiram muitas pessoas da rua, dando oportunidade e esperança, existe alguma história emblemática que marcou vocês, que vocês ajudaram, e a pessoa conseguiu se reerguer e hoje até participa da ação do Arsenal?
Gianfranco: Sim, têm algumas pessoas que foram acolhidos e hoje são voluntários da casa, como tem pessoas que foram acolhidas e hoje são funcionários da casa. Nós investimos nisso. Lógico que não podemos ajudar para que todos fiquem aqui, mas as vezes tem alguém que se destaca um pouco mais, então damos oportunidade para se tornar funcionário, ou encaminhamos daqui. Há também pessoas que, por um senso de gratidão, por tudo que foi feito por eles, voltam como voluntários da casa.
Aline: E acabam servindo como referência?
Gianfranco: Sim. Nós temos um coral que anima essas pessoas nas celebrações ou em alguns eventos que somos chamados, e algumas pessoas do grupo deles são ex-acolhidos, que trabalham fora, já tem casa, mas voltam somente para agradecer, se tornar um exemplo aos outros. 
Aline: Eu li um trecho que diz que “só é possível a caminhada graças a confiança do Governo do Estado de S. Paulo e a Prefeitura de S. Paulo”. Eles contribuem em que?
Gianfranco: Quando surgiram, todos os grupos e todas as entidades eram ligadas ao Estado. Mas há 8 anos uma lei fez com que todos os projetos sociais fossem ligados à Prefeitura. Temos um “clubinho” com a Prefeitura, onde ela passa uma verba para nós e com essa verba temos que gerir toda a casa, com todas as despesas que tem uma casa, como água, luz, funcionários, comida, produtos de limpeza, só que às vezes não é o suficiente. Então temos que tratar com doações, parceiros que,fazendo parcerias com outros grupos, pessoas, com empresas, possam nos ajudar em projetos específicos. Por exemplo, o Rotary aqui da Mooca, se juntou com o Rotary da nossa cidade de Turim e, juntos, compraram equipamento para a nossa lavanderia. Uma fundação aqui de São Paulo, que se chama fundação Prada, nos ajudou a comprar um reservatório de água, uma reserva de 50000 litros de água, por que estava faltando água na cidade. Agora temos essa reserva e, graças a Deus, não falta mais água.
Então, temos parceiros que ajudam assim, ou voluntários, muitas pessoas que vem fazer serviços voluntários e acabam ajudando na casa. Temos um bazar interno, onde temos voluntários que ajudam, uma vez por mês. Também temos o bazar para comunidade, então tem voluntários de terça e quinta que vem arrumar as coisas, que passam, lavam, ou seja, têm muitas atividades de voluntários aqui, que envolvem alguns departamentos da casa. Pessoas que vem fazer acolhida, engenheiros quando tem algum projeto, tem médicos voluntários, temos parceria com o hospital São Cristóvão, que colocam à disposição dois médicos, dois dentistas, uma psicóloga, que são pagos por esse hospital, mas aqui são voluntários, que ajudam na casa. Temos uma parceria com a Universidade Anhembi Morumbi, onde, toda segunda-feira e terça-feira, vem um grupo de Podologia, que cuida dos pés dos nossos acolhidos.
Aline: O Banco de Alimentos citou em uma entrevista que eles são um dos contribuintes do Arsenal da Esperança. Eu gostaria de saber qual tipo de alimento eles enviam, se é perecível ou não, e com que frequência eles enviam esses alimentos?
Gianfranco: O Banco de Alimentos foi um dos parceiros quase desde o início, temos uma parceira de 18 anos com eles, e estávamos procurando esses parceiros para dividir os custos, porque é muita despesa. Quando recebemos a casa, ela era um pouco destruída, então tivemos que fazer reformas. Tudo aquilo que vinha para ajudar era sempre bem-vindo. Eles vêm todos os dias, trazem qualquer tipo de coisa, iogurtes, sorvetes, batatas, saladas, pão, tudo que tem. Eles recebem e tentam distribuir para as entidades, sabendo que aqui é uma entidade muito grande, são quase três mil e quinhentas refeições por dia (café e janta – 1500 pessoas, almoço – 250/300 pessoas). A casa não é somente uma casa de acolhida, tem todo um acompanhamento para que essas pessoas possam sair dessa situação. Então têm cursos profissionalizantes, têm cursos de padeiro, confeiteiro, ajudante de cozinha, informática, construção civil, eletricista, uma oportunidade de um futuro trabalho e são todos em parceria com o Senai, de modo que, no final, o Senai é quem dá o certificado. De fato, encaminhamos as pessoas, não somos só uma casa de acolhimento, temos uma equipe de assistentes sociais que acompanha cada pessoa. Não é que todo dia vão embora mil e setecentas pessoas, a média de permanência das pessoas aqui é de oito a nove meses. Têm pessoas que se depois de quinze dias já conseguem ir embora, mas cada um sabe do seu tempo.
Aline: Existe algum caso que a pessoa se sinta tão acolhida que não queira ir embora?
Gianfranco: Sim. Nós acolhemos porque você precisa. Saiba que aqui é uma casa de permanência, mas você tem que andar sozinho. Se você precisa tirar documentos, vamos encaminhar para tirar documentos, se precisa de encaminhamento para saúde, vamos lá também. Mas depois de três ou quatro meses, se você consegue um trabalho, você precisa sair, porque tem sempre outros precisando. Em média, de quinze a vinte pessoas vão embora por dia, depende do tempo. Na semana retrasada, talvez pelo frio, não conseguimos acolher mais do que quatro ou cinco pessoas. Mas agora aumentou, porque conseguiram trabalho, conseguiram dividir um quarto. Na medida em que temos vagas, vinte, vinte e cinco pessoas novas entram na casa e ficam aqui, fazendo essa caminhada conosco. Acompanhamos cada caso.
Se não me engano, o Banco de Alimentos está fazendo uma campanha agora do cupom fiscal, fizeram algumas parcerias com lojas de comidas, parcerias que quando você entrega o dinheiro do pagamento, entrega 1kg de arroz, 1kg de alimento, para que possa distribuir para as entidades. 
Aline: Alguma vez já chegou a faltar alimento e você teve que se preocupar com isso?
Gianfranco: Não, porque tudo tem uma programação, então não pode faltar alimentos. Temos uma parceria que, graças a Deus, nunca faltou, com a Prefeitura. Porque são pessoas que temos que dar alimentos todos os dias e não podemos falar: “Hoje não temos comida, vai embora”. Então nunca faltou, até porque tem uma programação, de modo que duas vezes por mês chega o arroz, feijão. Mas quanto a isso, sempre fizemos campanhas, quando percebemos que precisamos de alguma coisa. Por exemplo, em julho, aumentou muito o preço do arroz e do feijão, dobrou, então, foi um momento no qual conseguimos fazer uma reserva de arroz e feijão, para não faltar. A ajuda da Prefeitura, a verba, é igual todos os meses, mas o arroz e feijão aumentou, a água e a luz também, então temos que ir atrás dessas doações, mas graças a Deus, nunca faltou. A casa funciona 24 horas, fizemos 20 anos em fevereiro desse ano, mas nunca fechamos por falta de alimentos, apenas por falta de vagas.
Aline: O Ernesto se envolveu muito jovem...
Gianfranco: 24 anos. Quando fundou o grupo, tinha 24 anos. Tem 52 anos de Arsenal. Na verdade, tem 50 anos da nossa comunidade, o Arsenal nasceu depois. A comunidade foi fundada quando se casou com Maria, eles eram jovens, mas não queriam fazer uma família fechada, queriam abrir ao mundo. Ele já fazia parte de muitos grupos, mas a Maria decidiu que tinha que fundar um grupo só. Eles moram no Arsenal da Paz, agora já têm filhos casados, já têm netos, continuam nas atividades e de três a quatro meses ele vem ao Brasil.
Aline: Tem uma casa na Jordânia...
Gianfranco: Lá se chama Arsenal do Encontro. Lá trabalhamos com crianças com deficiência. O mundo árabe é muito difícil e agora com os refugiados do Irã, Iraque, da Síria, a Jordânia está recolhendo muitos imigrantes, então estamos ajudando também nessa corrida.
Aline: Na Itália duas, aqui no Brasil uma, na Jordânia, uma. Tem intenção de expandir ainda mais?
Gianfranco: Na Itália tem o Arsenal da Paz e um grupo agora que está fazendo um pequeno Arsenal da Acolhida. Depende muito das pessoas que vão ajudar, porque o Arsenal funciona, mas tem que ter pessoas que se coloquem à disposição. 
Aline: Me fala um pouco da indicação do Ernesto ao prêmio Nobel da Paz.
Gianfranco: Ele foi indicado e uma das pessoas que o indicou foi a Madre Teresa de Calcutá. Com certeza têm muitos mestres que podem ajudar nesse sentido, a levantar um pouco o desejo da paz, da solidariedade, da justiça. Então, Ernesto convidava muito as pessoas que o ajudavam a crescer, e uma vez, quando a Madre Teresa de Calcutá veio a Turim [na Itália], Ernesto a convidou para uma noite de oração, mas também uma noite explicando o que ele estava fazendo. E fizeram amizade e ela então deu a ideia de que Ernesto poderia ser indicado ao prêmio. 
Aline: Sobre o prêmio que o senhor ganhou, me fale um pouco também. 
Gianfranco: Eu sou de Piemonte, norte da Itália, faz 20 anos que eu estou no Brasil, e por indicação de alguém, como uma das pessoas que saíram da Itália para vir ao Brasil, o grupo que existe aqui em São Paulo, dos piemonteses, me indicou como uma das pessoas que saíram de seu país e que estavam fazendo algum trabalho em prol dos outros, um trabalho social. Eu recebi o prêmio esse ano aqui em São Paulo, no Círculo dos Italianos, e depois na cidade em Turim, onde esse grupo nasceu. Os outros prêmios também são voltados a trabalhos voluntários.
Ah, uma coisa ligada ao Banco de Alimentos: uma jornalista do HBO fez um serviço com o Banco e veio aqui conhecer o Arsenal, fazer uma transmissão, e no próximo ano, no mês de maio, vai passar na televisão uma reportagem sobre o Arsenal. 
Aline: Como que podemos fazer para ajudar em doações?
Gianfranco: Na casa, através de voluntariado, pessoas que se colocam

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