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Visão Geral
	
	Apresentação da disciplina:
	
	A disciplina de Educação Física na escola, assim como as demais disciplinas que compõem o sistema educacional, tem a função de proporcionar aos alunos a compreensão de sua realidade, primordialmente, por meio do movimento humano, que representa o objeto de estudo e intervenção da Educação Física. Esse, por sua vez, exerce uma função primordial no processo de formação e desenvolvimento dos indivíduos, pois é a partir do movimento que os seres humanos estabelecem as primeiras interações com o meio. Nesse sentido, a Educação Física tem se deparado com a necessidade de readequação do seu papel no âmbito escolar, sobretudo devido às mudanças na forma do homem produzir e organizar sua prática social, oriundas das diferentes manifestações corporais e culturais, como jogos, lutas, ginástica, esportes e danças (atividades rítmicas e expressivas).
	
 
	Objetivos:
	
	Compreender a importância do movimento corporal como parte integrante do desenvolvimento do ser humano, inserido no contexto escolar, nas dimensões cognitiva, afetiva e motora.
Identificar as diferentes possibilidades de movimento que podem ser realizadas pelo corpo humano, a partir dos saberes e valores produzidos culturalmente, tendo como conteúdos/eixos centrais a dança, os jogos, a ginástica, as lutas e os esportes.
Organizar, planejar e aplicar aulas e atividades referentes ao movimento humano, considerando o nível de desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor dos alunos, sobretudo da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental.
	
	Conteúdo Programático:
	
	1. O movimento humano ao longo do tempo
1.1. Diferentes formas de se pensar o corpo e o movimento ao longo da história.
1.2. Corpo e mente: indissociáveis para a formação integral do ser humano nas dimensões cognitiva, afetiva e motora.
1.3. Função da Educação Física no âmbito escolar.
2. Educação Física no contexto educacional brasileiro
2.1. Abordagens na educação física escolar.
2.2. Referenciais Curriculares Nacionais - Educação Infantil: Educação Física.
2.3. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Fundamental I: Educação Física.
3. Conteúdos da Educação Física escolar
3.1. Como selecionar os conteúdos para a Educação Física escolar.
3.2. Sugestões de conteúdos para a Educação Infantil e Ensino Fundamental I.
4 Planejamento em Educação Física escolar
4.1 Entendendo as etapas necessárias para a montagem de um plano de aula em Educação Física.
4.2 Montagem de planos de aula: seleção e sequência dos conteúdos, definição de objetivos e procedimentos metodológicos.
5 Avaliação no processo de ensino e aprendizagem em Educação Física
	
	Metodologia:
	
	
	Os conteúdos programáticos ofertados nessa disciplina serão desenvolvidos por meio das Tele-Aulas de forma expositiva e interativa (chat - tira dúvidas em tempo real), Aula Atividade por Chat para aprofundamento e reflexão e Web Aulas que estarão disponíveis no Ambiente Colaborar, compostas de conteúdos de aprofundamento, reflexão e atividades de aplicação dos conteúdos e avaliação. Serão também realizadas atividades de acompanhamento tutorial, participação em Fórum, atividades práticas e estudos independentes (auto estudo) além do Material do Impresso por disciplina.
	
	
 
	Avaliação Prevista:
	
	
	O sistema de avaliação da disciplina compreende em assistir a tele-aula, participação no fórum, produção de texto/trabalho no portfólio, realização de duas avaliações virtuais, uma avaliação presencial embasada em todo o material didático, tele-aula e web aula da disciplina.
	
	 
	Critérios para Participação dos Alunos no Fórum:
	
	
	Quando houver fórum de discussão o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem; deverá, pois, comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação. Textos apenas concordando ou discordando de comentários de outros participantes do fórum sem a devida justificativa ou complementação não acrescentam em nada ao debate da disciplina, sendo assim, devem ser evitados. Os textos devem sempre vir acompanhados das justificativas para a opinião do discente sobre o conteúdo discutido, para que assim, possamos dar continuidade ao debate em nível adequado. Além disso, podem ser utilizados citações de artigos, livros e outros recursos que fundamentem a opinião ou deem sustentação a sua posição crítica sobre o assunto. Deve ser respeitado o tópico principal do fórum, evitando debates que não tem relação com o tema selecionado pelo professor.
	
PEDAGOGIA
WEBAULA 1
Unidade 1 - Ensino da Educação Física Escolar
Olá, pessoal! Sejam todos bem-vindos a esta web-aula. Meu nome é Suhellen, sou responsável por essa disciplina no curso de Pedagogia. Minha graduação e mestrado foram na área da Educação Física. Atuo como professora da disciplina de Educação Física na Educação Básica, desde 2002. Atualmente, além das aulas no Ensino a Distância, também, ministro aulas no curso presencial de Educação Física e na Prefeitura Municipal de Londrina.
Antes de dar início aos nossos estudos, gostaria de traçar os objetivos para esse módulo. Após a leitura desse material, vocês deverão: a) compreender como as Diretrizes Curriculares Nacionais entendem a Educação Física no contexto escolar; b) reconhecer a Educação Física como uma área de conhecimento na escola (Conselho Nacional de Educação), que possui um objeto de estudo e intervenção; e c) reconhecer a importância do movimento humano na formação e desenvolvimento integral dos alunos, a partir da utilização e aplicação de distintos conteúdos abarcados pela Educação Física, como brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, lutas, esportes e ginástica (manifestação corporal e cultural).
Não se esqueçam que, além das Web Aulas, temos outros momentos para discutir e refletir sobre a Educação Física na escola, a partir da leitura da bibliografia básica e complementar da disciplina, sugestões de leituras e textos e a participação no Fórum, momento importante para solucionarmos as dúvidas, trocarmos ideias e compartilharmos experiências. Vamos dar início ao nosso conteúdo!
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em seu Art. 26, estabelece que: “Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”.
O que o Art. 26 quer dizer? De acordo com as particularidades de uma determinada região, cabe às escolas realizarem modificações e adaptações adequadas com relação aos conteúdos a serem ensinados, com o intuito de valorizar a cultura local. No caso da Educação Física, podemos citar, como exemplo, as distintas manifestações culturais de dança. Na região sul, por exemplo, as danças típicas são Fandango e Pau de Fitas; já na região centro-oeste, as danças típicas são catira e cururu. Nesse sentido, de acordo com as peculiaridades locais, os conteúdos podem ser incluídos no currículo, visando contemplar as realidades sociais, culturais e econômicas, que podem se mostrar divergentes dentro de um mesmo país.
Ainda com relação ao Art. 26, no seu parágrafo 3º, consta que: "A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno". Vale ressaltar que a “prática” é aqui entendida como uma ação motora, mas isto não dispensa o aluno de estar presente no momento da aula. Em outras palavras, o aluno deve assistir à aula, porém, pode deixar de executá-la.
Com relação à Resolução nº 2, da Câmara de Educação Básica (CEB), do Conselho Nacional de Educação, de 7 de abril de 1998, homologada em 27 de março de 1998, no artigo 3º, Parágrafo IV, letra b, são apresentada as áreas de conhecimento na escola, que são: Língua Portuguesa, LínguaMaterna (para populações indígenas e migrantes), Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física, Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Diante do apresentado, a disciplina de Educação Física está presente no contexto escolar como área de conhecimento. Isso significa que os conteúdos e vivências ensinados nessa disciplina devem ter valor educacional na formação e desenvolvimento dos alunos, atuando como elucidação da realidade. Isto é, o aluno deve compreender o mundo ao seu redor e agir adequadamente nele, ao contrário da forma como se pensava antes, de que a transmissão de conteúdos voltados para a memorização de informações contidas em livros e pouca relação com a sua realidade serviriam como estratégias de ensino adequadas para a formação dos indivíduos.
Mas, então, qual é a missão da Educação Física na escola? Vamos discutir, primeiramente, uma dessas funções, que se mostra primordial para que outros propósitos, também, sejam alcançados. Possibilitar ao educando o entendimento do movimento em suas diferentes formas, com o propósito de realizar uma interação com mundo que o cerca, pois quanto mais conhecimentos sobre as ações realizadas são compreendidas e incorporadas, maiores serão as possibilidades de interação com esse mundo.
João Batista Freire, em um artigo sobre a motricidade humana, diz que nascemos prematuros em relação a nossa motricidade, pois nascemos somente com os reflexos e com os cinco sentidos, porém nascemos com uma enorme capacidade de construção desta motricidade. Alguns animais já nascem com sua motricidade quase que montada, acabada e, no decorrer de sua vida, aprenderão pouco. O homem, por sua vez, terá que se adaptar e construir a sua motricidade de acordo com a sua necessidade, ou seja, necessitará aprender tudo.
Pensar o movimento humano é pensar em termos rigorosos e sistemáticos sobre esse aspecto, e com visão ampliada do campo de estudo. É a busca da compreensão das possibilidades de ação do ser humano. Sem dúvida, o homem em movimento é o campo de ação da Educação Física. Não cabe mais pensar a Educação Física com base somente no esporte de rendimento. Hoje, por força de Lei, a Educação Física deve estar ajustada a proposta pedagógica da escola. Além disto, a Lei determina que esta disciplina seja componente curricular obrigatório, reconhecida como área de conhecimento.
Realizar um gesto ou uma ação motora não nos garante que houve compreensão do movimento e, sem compreensão, não há aprendizagem significativa. Não estamos apresentando aqui a necessidade de a criança ir à escola para aprender a se movimentar, pois o movimento é inerente ao ser humano, é inato. No entanto, a escola deve possibilitar à criança a tomada de consciência acerca dos movimentos vivenciados e experimentados, possibilitando ao aluno o entendimento das razões e motivos para a realização desses movimentos. Isto é, na escola o aluno deve ter a oportunidade de reelaborar suas ações, entender e a compreender as possibilidades deste movimentar-se, tudo isso dentro de uma construção cultural.
Para um melhor entendimento sobre o desenvolvimento do movimento humano é que ela ocorre sempre como um processo de construção, que parte dos reflexos e vai se constituindo na vida do sujeito. Assista ao vídeo abaixo, que diz respeito aos reflexos dos bebês. Tente analisar a forma como os movimentos são emitidos pelas crianças, indicando os primeiros movimentos que elas estabelecem com os estímulos advindos do meio ambiente.
https://www.youtube.com/embed/W5EUSL9EBC0
Nessa fase, portanto, as crianças percebem e sentem os estímulos emitidos pelo ambiente e respondem em forma de movimentos reflexos e primitivos. Ao longo da vida, esses movimentos vão sofrendo variações e aperfeiçoamentos, e novos movimentos vão sendo criados a partir de novos estímulos. A criança passa a entender algumas manifestações corporais que realiza, mas no início, geralmente, ela consegue fazer determinadas ações, porém, ao pedirmos que explique como fez, ela apresentará dificuldade para verbalizar o que realizou. Muitas vezes, ela repete a ação para nos explicar motoramente. Esse processo é denominado tomada de consciência em atos. A ação é realizada e está pautada em um saber fazer inicial. A criança sabe que consegue fazer, porém não consegue explicar o processo. Também temos os casos de que a criança compreende a ação, entretanto, não consegue realizá-la. Veja o vídeo abaixo para compreender melhor essa fala.
https://www.youtube.com/embed/clYkfJNDjeE
Nesse vídeo, a criança compreende o que é necessário para conseguir chutar uma bola, porém não possui ainda a coordenação motora necessária para a ação. Pudemos observar o quanto a criança se irrita com a sua incapacidade inicial de não conseguir chutar a bola. Ela sabe o que necessita fazer. Ela apresenta que consegue soltar a bola com as mãos e que também realiza a ação de chutar, porém não consegue coordenar estas duas ações ao mesmo tempo. Para tanto, é necessária uma coordenação espaço temporal, ou seja, deve soltar a bola e conseguir calcular, mentalmente, o tempo que a bola leva para percorrer um espaço adequado para que consiga chutar.
Outra ação bastante comum que observamos nas crianças, sobretudo na fase de aquisição de novos movimentos, a partir de diferentes experiências, é a cópia ou imitação de outras pessoas. Observe o que acontece no vídeo abaixo.
https://www.youtube.com/embed/vyhTaDyytvs
Quando a criança vai imitar o movimento de alguém, muitas vezes, ela não está na fase de desenvolvimento adequado para compreender o que é necessário fazer para atingir a tarefa com sucesso.
Esses duas tarefas motoras apresentadas nos dois vídeos parecem muito fáceis na lógica do adulto, contudo, nós, enquanto professores, devemos sempre estar focados na lógica da criança. Devemos estar alinhados na forma de pensar da criança, para podermos agir adequadamente, a fim de possibilitar que ela construa as estruturas mentais necessárias para coordenar as ações necessárias para uma determinada ação. Sendo assim, nossa ação no mundo não é uma ação qualquer, é uma ação pensada e que vai se sistematizando ao longo da vida, com significado e sendo significante para o sujeito.
 
Essas ações motoras têm representatividade nas diferentes manifestações culturais do ser humano, sejam para a realização das tarefas diárias, sejam para a realização de movimentos mais elaborados, como exigidos nos esportes e na ginástica. Em outras palavras, o entendimento de cultura motora parte da produção corporal do homem dentro da cultura, como exemplo, fazer um bolo, pentear o cabelo, pegar um ônibus, jogar futebol, realizar um movimento ginástico.
Esta questão da cultura motora é bastante ampla e diz respeito à múltiplas disciplinas. Sem dúvida, não teríamos tempo hábil para tratar destes assuntos na disciplina de Educação Física, no período em que o aluno cursa a educação básica. Desta forma, dentro da cultura motora, Sérgio (1996) busca um sub-item, que denomina de conduta motora. A conduta motora é a produção corporal do homem na cultura, por meio de suas estruturas capacitativas, (elementos perceptivos e não bio-fisiológicos, no qual a criança necessita da ação para dar uma atribuição de ordem lógico-matemática ao que realiza). É por esta razão que pensar na ação, somente no aspecto bio-fisiológico, não possibilita que o sujeito compreenda a estrutura capacitativa. Podemos citar como exemplos dessas estruturas capacitativas: equilíbrio corporal, lateralidade corporal, coordenação motora, organização e estruturação espaço-temporal, força corporal, velocidade corporal, flexibilidade corporal, resistência corporal, entre outras.
A manifestação corporal, derivada da motricidade humana e a conduta motora, são nos apresentadas como um ramo da manifestação corporal e, esta última, passa a ser o alvo dos conteúdos específicos da disciplina de Educação Física. Queremos deixar claro que as manifestações culturais,tais como dança, esporte, lutas, entre outras, também fazem parte desta relação de conteúdos. Para uma melhor compreensão, apresentamos o seguinte esquema:
MOTRICIDADE HUMANA → MANIFESTAÇÃO CORPORAL → CONDUTA MOTORA → JOGOS, LUTAS, GINÁSTICA, DANÇAS e ESPORTES
Estes conteúdos das manifestações culturais serão concebidos como componentes culturais e não como prática de uma determinada modalidade esportiva.
Pensar em motricidade humana é pensar em termos rigorosos e sistemáticos, e com visão de ampliação do campo de estudo. É a busca da compreensão das possibilidades de ação do ser humano. Sem dúvida, o movimento humano é o campo de estudo e de ação da Educação Física, porém, pensar a Educação Física com base no desporto de rendimento é limitar e restringir seu campo do conhecimento. Como vimos, hoje, por força de Lei, a Educação Física deve estar ajustada à proposta pedagógica da escola. Além disto, a Lei determina que esta disciplina seja componente curricular e reconhecida como área de conhecimento e não área de atividade. Diante disto, reconhecemos que a motricidade humana é o campo de conhecimento a ser compreendido pelos nossos alunos.
Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos, como por exemplo: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm, em comum, a representação corporal construída culturalmente. Independente de qual conteúdo seja escolhido, os processos de ensino e aprendizagem devem considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social.
Esta concepção de Educação Física tem, como tarefa, garantir o acesso dos alunos à compreensão da cultura corporal e condutas motoras, contribuindo para a construção do conhecimento do seu movimento, e também oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-la criticamente. Em outras palavras, o aluno além de vivenciar e experimentar diversas possibilidades de movimentos produzidos e organizados culturalmente, como forma de interação com o mundo, ele deve analisar as ações que realiza e valorizá-las como forma de expressão humana.
Porém, o que geralmente vemos, ainda hoje, são ações docentes pautadas simplesmente no fazer, com uma compreensão reduzida de homem e sociedade, pautadas somente em atividades desconectadas de um conteúdo norteador e sem um objetivo estabelecido. Essa visão de Educação Física, enquanto área de atividade (prática pela prática), continua muito arraigada no meio educacional, inclusive nos órgãos governamentais responsáveis pela educação do país. Vejamos, como exemplo, o site "Domínio Público - TV Escola". Este site, organizado pelo governo, apresenta exemplos de aulas de Educação Física, todas pautadas no esporte e as ações das crianças somente no fazer pelo fazer, sem possibilitar, em momento algum, uma reflexão sobre seus movimentos. Como sugestão, entre nesse site e verificar algumas das aulas apresentadas. Utilize os botões de busca para delimitar as informações sobre o esporte.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do
Vale ressaltar que não podemos negar o esporte na escola como conteúdo, pois ele faz parte da manifestação cultural do homem, mas da forma como é apresentado aos nossos alunos, ele pode possibilitar a compreensão e reflexão, de fato, dos nossos movimentos?
Nesse sentido, a partir de toda a contextualização dos conteúdos que integram a Educação Física na escola, podemos apontar mais uma função essencial dessa disciplina, completando a ideia que discutimos no início da Web Aula: possibilitar ao sujeito a compreensão de suas estruturas capacitativas, como equilíbrio, força, dominância lateral, entre outras, como também as manifestações culturais como o jogo, esporte, dança, ginástica e lutas. Compreendemos que é por meio das estruturas capacitativas que o sujeito age no mundo e, desta interação entre sujeito e mundo mediada pela sua ação, que é possível conhecer o mundo, tanto o físico como o social.
É necessário, além de conhecer os conteúdos que foram apontados, também conhecer as correntes teóricas que explicam como o homem constrói o seu conhecimento e qual abordagem pedagógica pode possibilitar tal construção de conhecimento. É de acordo como pensamos o mundo que nossa ação docente estará pautada. Para tanto, torna-se necessário o docente compreender as teorias de aprendizagem e usá-las como suporte teórico no seu agir como professor. Ou seja, a necessidade de uma práxis, pois se formos somente práticos não teremos uma teoria que nos sustente, e se formos somente teóricos não temos uma prática para sustentar esta teoria.
WEBAULA 2
Unidade 1 - Ensino da Educação Física Escolar
Considerações sobre o movimento humano
Já temos dito que o movimento é uma ação inata do ser humano, nascemos com essa capacidade. A função da escola é possibilitar a compreensão dessa capacidade de nos movimentarmos, ou seja, de compreender o homem em movimento. E este movimento não é um movimento qualquer, ele é carregado de intencionalidade que possibilita ao sujeito compreender o mundo. Fernando Becker, em um texto explicativo sobre o que é construtivismo, afirma que sem ação não há se quer pensamento, ou seja, é a ação que faz a intermediação entre o sujeito e o mundo e possibilita compreendê-lo. Por essa razão, não é uma ação qualquer, mas sim, uma ação que se sistematiza continuamente ao longo da vida. Em nossa relação com o mundo utilizamos, a todo instante, de nossa capacidade de nos movimentarmos.
Vamos, agora, assistir a um vídeo de Charles Chaplin. Esse vídeo é uma parte do filme “Luzes da Ribalta”, no qual Carlitos irá lutar boxe para conseguir dinheiro. Nos filmes que Charles Chaplin fez no cinema mudo, necessitou de uma rigorosa compreensão da sua motricidade, pois somente podia contar com ela para realizar a cena, ou seja, usou somente da linguagem corporal e não da linguagem falada.
http://www.youtube.com/watch?v=v8RkNHmSgns
Conhecer a nossa motricidade não é um ato simples, pois ela trata exatamente da complexidade humana. Como vocês devem ter notado, as palavras motricidade humana têm aparecido com frequência na nossa Web Aula. Nesse sentido, torna-se necessário, introduzir aqui, o entendimento do que é motricidade humana. Primeiramente, ela é uma ciência, ou seja, ela possui um objeto de estudo e metodologias definidas, considerando o indivíduo em sua totalidade. Segundo, os estudos referentes à motricidade humana, que  têm como grande precursor, Manuel Sérgio, se aplicam a diferentes áreas de conhecimento, e não somente à educação física. Por fim, a motricidade humana rejeita a visão cartesiana e mecanicista do movimento humano, baseada meramente na valorização de conhecimentos biológicos para a formação e desenvolvimento do indivíduo; ou seja, ela considera que o sujeito possui anseios, desejos, necessidades e, a partir disso, busca elevar esses aspectos à condição de movimento-integração, visando a transcendência, a partir de elementos significativos para o homem. Mas, o que é transcendência? De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss, essa palavra está atrelada ao que excede os limites normais, que ultrapassa a natureza física das coisas. Na relação do significado da palavra transcendência com a ciência da motricidade humana, entendemos que o corpo em movimento não é apenas um corpo que executa ações motoras, mas um corpo que busca interpretar, compreender, analisar, criticar, incorporar o significado que essas ações podem agregar ao seu desenvolvimento e formação integral, nas dimensões cognitiva, afetiva e motora.
Esse processo de compreensão da motricidade humana, que permite a relação e interação do sujeito com o meio que ele vive, não acontece de maneira repentina, rápida e objetiva. Pelo contrário, essa compreensão do ser humano interagindo com o mundo parte de um processo longo, dinâmico e contínuo. O autor que pesquisou esse processo foi Jean Piaget e, em 1936, escreveu olivro intitulado “O Nascimento da Inteligência na Criança”. Nesse livro, o autor descreve de uma maneira muito clara como a organização dos esquemas sensório-motores (plano da ação prática) se articulam até a formação dos conceitos, de fato. Piaget mostra que os esquemas não são algo programado nos genes, nem tampouco algo que está fora do sujeito e lhe é transmitido pelas gerações anteriores, mas sim, construídos pela interação entre o sujeito e o meio, pela ação do próprio sujeito. O indivíduo, portanto, é protagonista da sua própria ação.
Partindo desse ponto, cabe agora investigarmos como esse funcionamento estrutura e organiza o mundo e o próprio sujeito. A partir da compreensão das fases de desenvolvimento do ser humano, na visão de Piaget, com relação à aquisição de novas estruturas mentais para compreender e assimilar os elementos constituintes do meio em que vive, poderemos pensar e refletir com mais propriedade e senso crítico, como as aulas de educação física podem contribuir nesse processo, sobretudo na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Vamos entender, a partir de agora, então, como esses esquemas se desenvolvem no plano mental e quais as fases pelas quais os indivíduos passam para assimilar, mentalmente, o meio em que está inserido, estabelecendo interações constantes com pessoas e objetos.
 
Primeira e Segunda Fase
O princípio dessa interação com o mundo se realiza, inicialmente, pelo funcionamento dos movimentos reflexos, estes advindos da herança genética enquanto espécie humana. Piaget (1987, p. 39) apresenta que o reflexo é um "[...] mecanismo fisiológico hereditário e por muito bem fixado que pareça em seu automatismo imutável, nem por isso é menos suscetível de acomodação gradual à realidade exterior". Dessa forma, os reflexos não podem ser ignorados ou tratados como manifestações puramente automáticas e mecânicas, mas sim, como estruturas que já apresentam composição de totalidade e que, ao se exercitarem, permitem que essa estrutura reflexa funcione. Esse funcionamento dos reflexos promove a relação entre o sujeito e o meio, possibilitando, assim, o processo de adaptação, com a assimilação e a acomodação.
Quanto à acomodação, que é a mudança nos esquemas de ação do sujeito, ela é, em seu início, imposta pelo meio e ocorre devido ao contato com o objeto a ser assimilado. No contato com o objeto, o sujeito poderá criar um novo esquema de ação devido à solicitação do meio ou pode modificar um esquema já existente, fazendo uma adaptação desse esquema a uma nova situação apresentada. O que possibilita esse processo de acomodação é, portanto, a ação do sujeito sobre o objeto na busca de assimilá-lo. Assim, juntamente com esse processo de acomodação existe o da assimilação. São por esses dois processos, que ocorrem concomitante, que a adaptação se torna possível. A assimilação consiste em incorporar um objeto a um esquema já construído anteriormente ou ainda em construção. É essa incorporação aos esquemas do sujeito, por meio de suas ações, que garantirá a significação do objeto.
O início do comportamento motor, para o autor, se apresenta no funcionamento dos reflexos. Quanto mais os reflexos vão se exercitando, mais vão se (re)organizando e, nessa (re)organização, adaptando-se a algumas modificações que, ao funcionar, vão se incorporando por influência do meio exterior. Nesse momento, já se apresentam os primórdios da construção da adaptação adquirida (hábito), que difere da adaptação hereditária, pois a influência da ação na busca de novidades de elementos do meio possibilita esse caminhar, da adaptação hereditária em direção à adaptação adquirida, característica principal do segundo estágio do período sensório motor.
Na adaptação adquirida, as novidades encontradas, que são exteriores ao funcionamento do reflexo, possibilitam um relacionamento com a aprendizagem, pois “as novidades” representam os elementos que provocam transformações na adaptação hereditária. A adaptação adquirida, então, organiza-se enquanto uma estrutura de maneira análoga a adaptação hereditária. Necessita funcionar e adaptar, acomodando, assimilando e apresentando, assim, as reações circulares primárias.
A reação circular é, pois, um exercício funcional adquirido, que prolonga o exercício reflexo e tem por efeito alimentar e fortificar não apenas um mecanismo inteiramente montado, mas todo um conjunto sensório-motor de novos resultados, os quais foram procurados com a finalidade, pura e simples, de obtê-los. Como adaptação, a reação circular implica, segundo a regra, um polo de acomodação e um polo de assimilação. (PIAGET, 1987, p. 73). Podemos concluir, dessa forma, que a reação circular primária é um prolongamento da atividade reflexa, contudo, ainda não há intencionalidade por parte da criança, e se encontra em uma posição intermediária entre as adaptações hereditárias e a inteligência. A reação circular se apresenta como uma síntese da acomodação e da assimilação. Na medida em que garante o funcionamento do reflexo é assimilação e acomodação, porque permite coordenações novas que não são inicialmente próprias do reflexo.
O limite superior das adaptações adquiridas possibilita a entrada na próxima fase, na qual ocorrem as reações circulares secundárias. Nesta, a criança ainda depende da repetição (assimilação funcional), porém esta repetição possui uma maior complexidade do que as repetições da fase anterior, e já dependem de uma coordenação dita inteligente, mas ainda não há uma diferenciação entre esquemas meios e esquemas fins, característica da fase seguinte (quarta fase).
A característica principal do hábito é que a criança busca reencontrar o caminho ao qual possibilita a repetição dos espetáculos interessantes. Assim, quando a criança bate fortuitamente em um chocalho, preso ao teto do seu berço, e este produz um som que chama a sua atenção, ela procura repetir o resultado. Então, começa a fazer uso de todo seu arsenal de esquemas motores, porém os usa de forma indiscriminada, pois não conhece o esquema que possibilita a manutenção do espetáculo desejado. Essa fase difere da anterior, porque nas reações circulares primárias a criança esforçava-se em repetir os resultados descobertos no próprio corpo.
 
Terceira Fase
Na terceira fase, os esquemas de ação se constituem em um conjunto mutuamente coordenado de movimentos e se compõem em uma totalidade indissociável, ou seja, há uma totalidade em bloco. Quando a criança se defronta com uma nova solicitação, à qual não possui um esquema constituído, ela lança mão desses esquemas. Nessa fase, não se realiza novas construções, pois a coordenação interna de cada um dos esquemas não sofre variação, dificultando a coordenação entre esquemas. Nessa terceira fase, nas reações circulares secundárias, os resultados que interessam à criança estão no meio exterior. A criança só se dá conta que sua ação provocou um resultado interessante após a realização dessa ação. Portanto, ainda não há intencionalidade, toda tentativa de conservar o resultado interessante está fundamentada no passado.
 
Quarta Fase
Já na quarta fase, a principal característica é a distinção desde o início entre os ‘esquemas meios’ e ‘esquemas fins’ e, essa distinção já pressupõe uma coordenação intencional. E para que possa haver esta distinção entres os esquemas, é necessário haver um processo de tomada de consciência, como ocorria já nas fases anteriores (tomada de consciência em atos), ou seja, a criança, em sua ação, passa dos êxitos desta (resultados) para os mecanismos que permitem atingir uma finalidade.
Na busca para se atingir um fim, torna-se necessário que determinados esquemas meios sejam utilizados e, nessa utilização, eles ficam subordinados aos esquemas fins. Nessa fase, pode-se observar que os esquemas já não são rígidos, havendo uma mobilidade interna ao esquema e coordenação entre os esquemas, os quais podem dissociar-se para reagruparem-se de uma forma diferente da inicial, passando assim, a serem passíveis de combinação. Mas, vale lembrarque, os esquemas da quarta fase são prolongamentos dos esquemas da terceira fase. Dessa forma, as condutas da quarta são projetos que nascem no decurso da ação da criança e esta deverá improvisar os meios dos quais fará uso para superar os obstáculos que a separam do propósito final.
Quinta Fase
Na quinta fase, a coordenação dos esquemas torna-se mais complexa, pois eles estão, agora, mais enriquecidos, mais flexíveis, se comparados com os estágios anteriores. A criança pode direcioná-los melhor para a resolução de problemas em uma tentativa dirigida. Na medida em que a coordenação dos esquemas torna-se mais complexa, a criança pode direcioná-los melhor para a resolução do problema apresentado. Como aconteceu nas fases precedentes, a fase anterior estabelece uma relação de continuidade com a fase seguinte, integrando os esquemas, porém, diferenciando-os. Nessa quinta fase, já se apresenta a possibilidade de experimentar e tentar solucionar os desafios, encontrando novos meios para tal; a coordenação dos esquemas é aprimorada tornando o sujeito mais poderoso em relação às fases anteriores. Agora, as reações circulares apresentam uma organização que possibilita à criança a apropriação das novidades. A diferenciação dos esquemas de ação já não é mais imposta pelo meio, a novidade presente no objeto agora pode ser investigada graças a uma espécie de experimentação. Essas ações agora levarão a criança, segundo Piaget (1987, p. 249), aos atos completos de inteligência, que o autor denominou de "descoberta de novos meios por experimentação ativa".
Até à quinta fase a construção de esquemas e sua coordenação se concretizam no plano da ação motora. A criança apresenta uma coordenação sucessiva, um esquema após outro, sendo assim, um processo mais lento. Já na sexta fase, é como se houvesse uma continuidade dessa experiência material para o plano mental, porém, de uma forma gradativa, o que possibilita à criança evocar, mentalmente, os esquemas que já são mais flexíveis e móveis. Agora, já há a possibilidade de uma ação mental para solucionar os desafios ou obstáculos que o meio lhe opõe. Dessa forma, a criança já não depende mais de sua ação direta sobre os objetos. Ela já pode premeditar mentalmente, pode realizar invenções proporcionadas por meio da combinação mental. Assim, uma das maiores características da sexta fase é a velocidade.
 
Sexta Fase
Nessa sexta fase, também, encontramos uma continuidade e uma descontinuidade. É continuidade à medida que os mesmos esquemas são exercitados e coordenados tornando-se mais complexos. E é descontinuidade quando se realiza a "passagem" do plano motor para o plano mental, no qual a criança já não fica somente dependente de sua ação. Agora a ação é evocada mentalmente.
Essa organização, que parte do funcionamento dos reflexos, evolui para esquemas sensório-motores, articulando-se em conceitos. Processa-se de uma forma contínua. Toda explicação feita até aqui, de como se processa esse desenvolvimento na criança, é para defender que a tomada de consciência já ocorre desde o início da interação do sujeito com o mundo. Esse processo, portanto, não se resume a associações que ocorrem sucessivamente devido às novas necessidades que o sujeito enfrenta. É essa inteligência prática e esse saber fazer inicial que permitem a interação da criança com o meio e, também, de poder se apropriar do mundo construindo níveis sucessivos e provisórios de tomada de consciência cada vez mais complexos. É por meio de sua ação que o sujeito organiza e transforma o meio e a si mesmo, e são os processos internos que garantem a organização e reorganização dos esquemas tornando-os mais complexos e organizando-se na direção dos conceitos.
A partir do entendimento de como a criança processa e assimila as informações na interação com o meio, desde o seu nascimento, podemos começar a pensar e refletir sobre as seguintes questões nas aulas de educação física, principalmente, reconhecendo a sua importância na formação e desenvolvimento dos indivíduos: Quais estímulos podem ser enfatizados ao longo do processo de ensino e aprendizagem que contribuirão com essa assimilação e acomodação? Quais conteúdos da educação física podem auxiliar nesse processo? Quais estratégias metodológicas podem ser aplicadas? De que forma podemos avaliar os nossos alunos? Todas essas questões implicam no entendimento de como uma aula de educação física deve ser estruturada e aplicada.
Refletindo sobre esses conhecimentos, identificamos, portanto, que a proposta de Manuel Sérgio, a partir da motricidade humana, considerando o desenvolvimento do homem em sua totalidade, pode ser melhor compreendida quando entendemos de que forma se dá o desenvolvimento da inteligência na criança. Ou seja, para que o movimento seja assimilado, ele precisa ter um significado para a criança, evitando, desse modo, aulas que priorizam apenas o saber fazer, negligenciado o entendimento do o saber sobre e o saber ser.
WEB AULA 1
Unidade 2 - Ensino da Educação Física Escolar
Antes de dar início a esse módulo, gostaria de lembrar que a disciplina da Educação Física está presente no contexto escolar como área de conhecimento. Isso significa que os conteúdos e vivências ensinados nessa disciplina devem ter valor educacional na formação e desenvolvimento dos alunos, atuando como elucidação da realidade. O objeto de estudo e intervenção da educação física é o movimento humano.
Nesse sentido, a primeira pergunta que eu faço para vocês, para iniciarmos nossas reflexões nessa Web-Aula, é: quando se começou a pensar o movimento humano como uma ação intencional e cheia de significado? Tudo isso teve um início, pois o homem sempre buscou compreender a sua motricidade, e isso remonta desde a pré-história.
Ter a capacidade de compreender as suas ações e tirar proveito deste conhecimento foi um grande avanço. Quanto mais entendia sobre a sua motricidade e como a utiliza, mais existia a possibilidade de uma melhora no padrão de vida.
Mario Alighiero Manacorda, em seu livro “História da Educação: da antiguidade aos nossos dias”, apresenta no primeiro capítulo, a civilização Egípcia como a primeira que estruturou os rudimentos de uma organização escolar; e apresenta como o primeiro professor, o pedótriba. Este, por sua vez, era o responsável pela instrução de artes marciais, esgrima, equitação, além da preparação física, pois já era de conhecimento dessa cultura que ações motoras repetitivas podiam melhorar a capacidade de resistência e força corporal.
A busca de uma compreensão de nossa motricidade e sua aplicação não foi privilégio somente dos egípcios. Ao fazermos uma análise sobre a civilização ocidental, principalmente, a grega, vemos que tudo que se relaciona ao belo e ao grandioso tem suas bases no helenismo. Dentro desse padrão cultural, o exercício físico não é deixado de lado, pelo contrário, era a base do pensamento da cultura grega o cuidado do corpo por meio de exercícios que possibilitavam a formação do espírito e da moral. A civilização grega marca o início de um novo ciclo para o mundo ocidental.
O culto ao belo era o padrão cultural dessa época. Esse mesmo entusiasmo pela beleza física, também pode ser encontrado nos dias de hoje. As pessoas buscam um padrão de beleza física, porém não buscam o conhecimento sobre a sua motricidade. A estética tem um valor social maior, pois representa, além do homem em movimento, a atribuição compreensão do significado daquilo que realiza. Com a tomada da Grécia por Roma, grande parte da cultura grega foi absorvida pela romana, porém as questões ligadas às manifestações motoras ficaram suprimidas; o legado romano que temos é a luta greco-romana e o pugilato (boxe). Para os romanos, os circos de corridas e lutas de gladiadores eram o ápice dessa cultura.
O declínio do Império Romano ocorreu de forma gradual, da mesma forma que as manifestações corporais foram sendo deixadas de lado. Houve, então, um período obscuro para as questões voltadas ao corpo, que culminou com a Idade Média, período cujofim ocorreu com a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Este período da história da humanidade foi estacionário para a manifestação corporal. Com a Renascença, ou Renascimento, instaurou-se um movimento intelectual, social e estético, que se opunha à decadente estrutura feudal. Isso resultou numa nova concepção de mundo e de homem diferente, com valorização da sua manifestação corporal, procurando apresentar uma nova reintegração do físico e do estético.
A renascença visava, portanto, o renascimento do modo grego de vida. Possibilitou, novamente, ao homem se voltar para o corpo (unidade), pois antes o corpo era o centro do pecado e fonte de castigo. Agora, a humanidade voltava-se para a compreensão desse homem que se movimenta com intencionalidade e, que sua ação no mundo, não está separada de um propósito.
Um novo paradigma pedagógico, contrário ao autoritarismo característico do ensino escolástico, começou a ser estruturado. Entretanto, podemos verificar nesse período que a educação era privilégio de uma minoria, composta de uma burguesia ascendente. Nesse período histórico, a ação corporal do homem voltou a ser pensada e inserida no contexto escolar.
Após o período da renascença, veio o Iluminismo, que tinha como enfoque a educação para todos, sendo as formas pedagógicas de ensino ampliadas e estudadas com o intuito de promover aprendizagem. Nesse novo modo de pensar a educação, também foi introduzido no sistema escolar a Ginástica. Na Europa, os métodos ginásticos alemão, sueco e francês eram os mais difundidos. Vocês já ouviram falar sobre métodos ginásticos? O que essa nomenclatura quer dizer? Observem a figura abaixo para refletir sobre essa questão.
Os métodos ginásticos desenvolvidos na Europa tiveram a sua inspiração na ginástica grega, que era praticada nos ginásios. Nesse sentido, também devemos a origem dos nossos ginásios de esportes à cultura grega. Esses diferentes métodos ginásticos tinham como objetivo o desenvolvimento das capacidades físicas, ganho de desempenho, ou seja, melhorar a capacidade de força, resistência, flexibilidade, dentre outras. Eles tinham uma forte base científica, pois os exercícios eram organizados e planejados com base nos conhecimento de anatomia e fisiologia e buscavam somente a melhora da condição física, não sendo a aprendizagem o propósito dos mesmos. Para uma melhor compreensão de como ocorriam estas aulas de Ginástica, indico este vídeo do youtube:
 
https://www.youtube.com/watch?v=BkcWgAbfENE
As aulas de ginástica ocorriam todos os dias nas escolas, pois era de conhecimento dos professores dessa época que para que ocorresse uma melhora da performance física, as atividades físicas deveriam ter uma sequência de exigências, bem como uma frequência adequada dessas atividades. Muitos esportes ainda adotam algumas das ações desenvolvidas pelos métodos ginásticos, como é o exemplo da calistenia no futebol. Foram também os métodos ginásticos os precursores da ginástica artística e ginástica rítmica.
A partir dessa visão sobre o corpo e o homem em movimento em diferentes momentos da história, passamos a entender agora como se deu a inserção da Educação Física na escola brasileira. A Educação Física, enquanto disciplina escolar, em seu início era denominada Ginástica e que, assim como as demais disciplinas que compunham o sistema escolar no início da colonização, sofreu os efeitos do processo de transplantação da cultura europeia.
A chegada dos jesuítas, em 1549, é tida por alguns autores como o início oficial da história da educação brasileira. Os jesuítas tinham, então, o monopólio da educação na colônia e buscavam proporcionar uma educação nos moldes da Companhia de Jesus, ordem a qual pertenciam, embora tal molde fosse muito criticado na Europa. Foi também pelos Jesuítas que a Ginástica entrou em nosso sistema escolar. Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal (1699–1782). E com a vinda da família real ao Brasil houve uma reestruturação do sistema escolar. Nessa nova estruturação, a Ginástica também permaneceu, ainda sem fins de aprendizagem.
A ginástica, em sua origem, esteve primeiramente vinculada às instituições relativas à classe médica, a qual possuía conhecimento sobre anatomia e fisiologia. Dentro dessa perspectiva, além da preocupação com o desenvolvimento de um corpo saudável, havia ainda a busca de resolver o problema de saúde pública pela educação, pois nesse princípio de implantação dessa atividade física sistematizada, a questão da saúde pública também era um problema a ser resolvido pelo governo. Na escola, a Ginástica servia aos propósitos do governo vigente, e nessa perspectiva, algumas abordagens pedagógicas foram utilizadas.
A essa visão de saúde pública para a ginástica, deu-se o nome de Ginástica higienista. Em 1921, iniciava-se a Ginástica com a concepção militarista sobrepondo a higienista. Esses vínculos iniciais determinaram a concepção e suas finalidades quanto ao campo de atuação e a sua forma de ser ensinada. As instituições militares da época eram influenciadas pela filosofia positivista, o que favoreceu que tais instituições também pregassem a educação do físico.
Essa nova visão de ginástica buscava um novo padrão social, padrão este que era o mesmo que se tinha nos quartéis. Até essa época, os professores de ginástica tinham a sua formação fora do Brasil, principalmente na Suécia. Somente em 1922 que foi criada a primeira escola de formação de professores de Ginástica. Essa escola atendia somente aos oficiais da polícia do estado de São Paulo e, apenas seis anos mais tarde, é que foi aceita a inscrição de alunos civis.
A base de formação dos primeiros professores de Ginástica era militar, e os quartéis eram as únicas instituições a direcionar e formar profissionais. Seus objetivos se resumiam em preparar o aluno fisicamente para torná-lo apto a defender a nação. Passado esse período, apenas em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à Ginástica, em esfera Federal, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória e não ainda como disciplina curricular, mas, junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais em todas as escolas brasileiras.
Entre o final da década de 1930 e o início dos anos 1940, deu-se o início da criação das primeiras escolas civis de formação de professores de Ginástica. Na metade da década de 1940, um novo panorama começou a surgir: iniciou-se timidamente, a busca de uma prática eminentemente educativa. De acordo com tal concepção, buscava-se o prazer, e os exercícios que antes eram realizados nas aulas, deixaram de ser obrigatórios. Os professores eram os facilitadores que orientavam e coordenavam as atividades. Um dos objetivos era o de atender aos interesses dos alunos, dando ênfase à postura afetiva, psíquica e higiênica. Teve inicio, então, a chamada Educação Física pedagogicista.
A visão da Educação Física pedagogicista era uma prática eminentemente educativa, e não mais como uma prática que buscava a promoção de corpos saudáveis ou a de incutir modelos de condutas de comportamentos para os alunos. A forma de avaliação desse novo modo de entender a área também exigiu a mudança das práticas anteriores. A avaliação se dava, então, por meio da valorização dos aspectos afetivos, atitudes éticas, frequência e hábitos higiênicos.
Em 1971 foi editada uma nova LDB, Lei nº. 5.692. Com essa Lei, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado e passou a ser considerada uma atividade prática voltada para o despenho técnico e físico do aluno. Assim, a Educação Física passou a adotar o desporto de alto nível, principalmente as modalidades olímpicas, como conteúdo na escola, subordinando-se aos códigos do desporto de rendimento. Dentro dessa concepção o professor passa a ser caracterizado como técnico e os alunos, por conseguinte, como atletas. Essa forma de pensar a Educação Física ainda está muito cristalizada nas ações docentes. Como já destacado em momento anterior, o site “Domínio Público –TV Escola”, organizado pelo governo, apresenta aulas de Educação Física pautadas no esporte e ações baseadas no “fazer por fazer”, sem oportunizar aos alunos a reflexão sobre o significado daquilo que realizam. Mais uma vez, gostaria de destacar que não é negar o esporte como conteúdo da Educação Física, mas sim atribuir significado ao que é realizado.
Nessa perspectiva, o processo de avaliação avalia o aluno pelo desempenho físico e técnico que apresentava nos conteúdos específicos (modalidades esportivas), e o parâmetro usado na avaliação é a execução dos movimentos utilizados nas modalidades esportivas, dentro de uma técnica apresentada pelos atletas de alto nível. Ou seja, avalia-se o produto, relegando-se completamente o processo. Essa visão do esporte é tão forte que o resultado atlético obtido pelos alunos de determinados estabelecimentos de ensino em jogos escolares, remetem à falsa ideia, ainda muito arraigada, de que a escola em questão, possui um bom nível de ensino (de todas as disciplinas), uma vez que os resultados atléticos de seus alunos apresentam isso.
Essa corrente de pensamento sobre a atuação desportivista teve grande apoio governamental em seu início, pois nos anos 1970, o governo do Brasil foi marcado pela ditadura militar e usava a Educação Física dentro da escola, não para fins educativos, mas para buscar talentos esportivos para futuras competições internacionais. Dessa forma poderiam comprovar a eficiência do governo vigente por meio dos seus resultados atléticos.
A partir da década de 1980, com o fim do regime militar, que sustentava o pensamento da Educação Física com objetivo de competição, iniciou-se uma profunda crise de identidade que levou os profissionais da área, preocupados com a situação vigente, a iniciar uma discussão sobre outros caminhos para a Educação Física. Aos poucos, teve início um processo de mudança nas políticas educacionais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996, promove em seu texto uma possibilidade da área transformar suas bases epistemológicas. Além disso, a Câmara de Educação Básica apresenta, em 1998, as áreas de conhecimento na escola, dentre elas a Educação Física, alterando assim o perfil dessa disciplina, pelo menos no papel. Hoje, essa disciplina tem como objetivo possibilitar a aprendizagem de seus conteúdos. Além disso, possibilitar uma relação entre estes conteúdos e a realidade do sujeito.
A edeucação física, nesse entendimento, requer um novo perfil do profissional docente da área. Se anteriormente exercia-se o papel de professor-técnico, que priorizava o rendimento físico e movimentos adequados a uma determinada técnica desportiva, sendo seus alunos avaliados segundo os padrões de movimentos (técnica) realizados, tendo como parâmetro os atletas de alto nível, hoje é evidenciado o papel do educador. A mediação do professor de educação física durante as aulas possibilitará ao aluno a compreensão e reelaboração de sua motricidade. Como área de conhecimento, essa disciplina deve possibilitar aos educandos a compreensão de sua realidade, para tanto se baseia nos conteúdos específicos da área.
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Unidade 2 - Ensino da Educação Física Escolar
Estruturação de um plano de aula em Educação Física
Ao longo desse módulo, temos discutido que a nossa ação no mundo não é uma ação qualquer, ou seja, uma ação destituída de significado. É por meio dessa ação que compreendemos o mundo que nos cerca. Por essa razão, tratar a motricidade humana enquanto uma ação simples não possibilita ao sujeito transcender suas capacidades motoras, isto é, ir além. João Batista Freire está correto em afirmar que nascemos prematuros a respeito de nossa motricidade, porque nascemos sem conhecer o mundo que nos rodeia e nem a nós mesmos. Porém, nascemos com uma enorme capacidade de aprender.
Antes de começarmos o planejamento de nossas ações docentes, devemos ter consciência da enorme responsabilidade de ser professor, tanto na disciplina de Educação Física como em qualquer outra disciplina. Pensar a Educação Física como uma área destinada à recreação, ou como forma de gastar energia dos jovens para ficarem quietos nas demais disciplinas, é pensar de maneira simplista e reducionista.
Para atingir o objetivo determinado para essa área devemos pensar de uma forma abrangente, pois o ser humano é complexo e exige um pensamento complexo a respeito de sua relação com o mundo. Acreditar que o pensamento lógico-matemático, por exemplo, é de exclusividade da matemática é um pensamento equivocado. Este pensamento está coordenando nossas ações, possibilitando as relações que nossas ações produzem, portanto, é condição necessária para o conhecimento de nossa motricidade.
A disciplina de Educação Física, assim como qualquer outra disciplina, necessita de um plano de aula, indicando o que ser feito, como ser feito e por que ser feito. Ou seja, existe um ponto de partida e um ponto de chegada. Podemos afirmar, portanto, que planejar é antecipar uma ação. Quando antecipamos uma ação minimizamos os erros, pois há uma previsão de acontecimentos. Antes de continuarmos com o entendimento sobre a importância da estruturação dos planos de aula para a Educação Física, observe as sugestões de planos que são dadas no site abaixo:
http://revistaescola.abril.com.br/planos-de-aula/
Visitou o site?
Bem, então você já verificou que não é difícil montar um plano de aula em Educação Física, pois possui basicamente as etapas do plano de aula de outras disciplinas, como Geografia, Português e Matemática, diferenciando-se apenas no conteúdo e forma de ser aplicado.
É importante relembrar que o plano de aula deve sempre partir do conteúdo, isto é, o conhecimento que irá ser abordado na unidade de aula. O conteúdo, por sua vez, é extenso e não conseguiremos encerrá-lo em uma ou duas aulas. Nesse sentido, fazemos a sua sistematização, ou seja, organizamos e prevemos o número aproximado de aulas que serão necessárias para concluí-lo. Mas, em nossas aulas, ao abordarmos determinados conteúdos estaremos também traçando objetivos para esses conteúdos na unidade de aula.
Exemplificando: na matemática, se vamos elencar o conteúdo adição em uma unidade de aula, fazer a adição de unidades, em outra aula fazemos a turma de dezenas. Na Educação Física não é diferente, o que muda é o conteúdo. Observe o quadro abaixo:
	NÍVEL DE ENSINO
	ENSINO FUNDAMENTAL I
	2º ANO – Aula 1
	TEMA
	Estruturas capacitativas.
	SUBTEMA
	Lateralidade corporal.
	OBJETIVOS
	Vivenciar diferentes movimentos corporais que evidenciem a dominância lateral.
Verbalizar o conceito de dominância lateral.
	MATERIAIS
	Bolas de voleibol de E.V.A.
	ATIVIDADE
	----------------
Como você interpretou esse quadro?
Observe que temos um item denominado “tema” do plano de aula e o “subtema”, que é o conteúdo da aula em questão: lateralidade corporal. Após a definição do conteúdo, foram elencados os objetivos que pretendemos alcançar nessa unidade de aula. Logo em seguida, indicamos os materiais que serão necessários para a aplicação desse conteúdo. O material sempre será selecionado de acordo com a atividade escolhida para aula.
Nesse exemplo de aula não coloquei a atividade descrita  no quadro para demonstrar que ela não a etapa mais importante em uma aula de Educação Física, ou seja, ela apenas representa o meio para se atingir os objetivos elencados ao conteúdo. Entretanto, vale ressaltar que a atividade escolhida deve ter relação com o conteúdo e com o objetivo que se pretende alcançar.
Desenvolvimento da aula:
Parte 1:
• Apresentar aos alunos o conteúdo a ser estudado nas próximas aulas;
• Perguntar a eles o que a palavra lateral os lembra, explorando suas respostas;
• Expor a ideia de que nosso corpo possui vários lados e que temos mais facilidade ou dificuldade em realizar movimentos, de acordo com o lado que utilizamos (conceito de dominância lateral);
• Exemplo de questionamento: Vocês acham que os lados do corpo são iguais em relaçãoà execução de uma ação de lançar um objeto? No que diferem?
 
Parte 2: Atividade
• Nesse item, o professor irá aplicar uma atividade que possibilitará a experimentação de ações de um lado do corpo e depois o outro lado. Por exemplo, membros superiores (lançamento da bola para um amigo), experimentar com um lado e depois o outro e verificar se houve diferença e qual foi a diferença.
•  Pode ser utilizado um jogo ou qualquer outra atividade.
Não apresentei um jogo específico para indicar que as estratégias representam um meio e não a parte mais importante da aula.
O professor deve ser muito claro sobre o conteúdo e os objetivos a serem alcançados em sua aula. A atividade e a sua forma de aplicação dependem do nível etário dos alunos, pois a verbalização e as ações do professor devem corresponder ao desenvolvimento físico dos educandos.
Vamos ver um exemplo de parte de uma aula, em que o conteúdo é o equilíbrio e está sendo ministrado para crianças da Educação Infantil.
 
https://www.youtube.com/watch?v=I0C1b3fw0wc&playnext=1&list=PL24B58DFF5D412B7E&feature=results_video
Observou a forma como foi conduzida a aula sobre equilíbrio? Embora os alunos estivessem dentro de sala de aula, com outras atividades acontecendo ao mesmo tempo (circuito), vou enfocar, inicialmente, apenas na primeira parte do vídeo, em que o conteúdo referente ao equilíbrio estava sendo realizado como parte da aula - Educação Física.
As informações sobre o conteúdo de equilíbrio foram apresentadas de maneira simples, a partir do que os alunos poderiam compreender sobre o assunto. E, após essa etapa inicial, eles realizaram atividades que solicitavam o conteúdo de equilíbrio. Em outras palavras, essa turma não possui base de conhecimento para compreender uma aula com termos elaborados, porém a professora compreende a necessidade do equilíbrio nessa idade e consegue que eles realizem essa ação.
Devemos deixar claro que, nesse momento da vida da criança, é importante a realização, pois nessa fase a criança é ação: ela realiza, sabe que consegue realizar, porém desconhece o processo, não possui uma tomada de consciência adequada da ação, mas é extremamente necessário que ela realize esses movimentos para progredir nas estruturas mentais, visando a compreensão de fato sobre o que está realizando (tomada de consciência), em etapas e fases posteriores.
Continuando a análise do vídeo, identificamos que a dinâmica utilizada é de estações de atividades, não se esquecendo do principal da aula, o conteúdo.
Como pode ser observado nessa aula, a professora está realizando uma junção de objetivos de um conteúdo maior, que seria a consciência corporal. Nessa forma de organizar a aula, a ênfase foi maior sobre o equilíbrio, mas pudemos observar que os objetivos já trabalhados voltaram a ser utilizados. Nessa estratégia de aula podemos apresentar aos alunos a relação intima que um conteúdo possui com o outro, que existe uma complementaridade entre os conteúdos.
Nossas ações no mundo não são isoladas uma das outras, podemos em determinados momentos estar particularizando uma ação, mas as outras estão ocorrendo subjacentes a esta ação principal.
Com isso podemos ver o quanto é importante o planejamento em uma estrutura de ensino e também a necessidade do plano de aula diário. Em minhas aulas na graduação presencial os alunos geralmente perguntam: é necessário montar um plano para cada aula? Sim, é necessário!
Posso ser perguntado:
- Professor, qualquer criança sabe saltar! Então, é necessário montar aulas sobre esse assunto? E eu sempre responderei:
- Sim, é necessário, pois não nascemos sabendo saltar. Esta ação tem que ser aprendida pelo sujeito.
Para vocês acreditarem no que estou dizendo, vamos fazer uma experiência! Quando vocês estiverem em campo (na escola), peça para uma criança, em torno de um ano e meio que já anda e corre, saltar sobre um risco feito no chão. Se ela não compreender o que pede, demonstre a ela e peça para ela repetir a ação que você realizou. Será que esta criança vai conseguir fazer a tarefa? A questão do saltar é complexa, pois exige a coordenação de outras noções que em uma criança muito nova não estão desenvolvidas, como a noção espaço-temporal (espaço e tempo para executar uma ação).
Sendo assim, a ação de saltar é uma ação que, necessariamente, tem que ser aprendida, assim como as outras habilidades. Porém, nessa fase em que se encontram as crianças que pedi para realizarem a experiência, elas certamente não possuem uma tomada de consciência adequada de sua ação.
Mesmo que perguntássemos para uma criança maior, de aproximadamente 3 anos, se quando ela realiza o salto o seu braço  participa desta ação, a resposta em geral é que não, e apontam que  somente as pernas fizeram a ação. Ou seja, a compreensão sobre a sua corporeidade é parcial.
Podemos concluir, nesse sentido, que as aulas de Educação Física devem ser sempre ser planejadas, sobretudo a partir do desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor que as crianças apresentam em cada fase de sua vida. Além disso, os planos de aula devem contemplar os mais diversos conteúdos referentes à motricidade humana, desde a sua etapa de realização mais simples até a forma mais complexa, visando a compreensão de todo o processo pedagógico na construção de uma ação.

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