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Os significados da educação, modalidades de prática educativa e a organização do sistema educacional

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Os significados da educação, modalidades de práticas educativas e a organização do sistema educacional
José Carlos Libâneo
Contexto da obra
Década de 1990 e amadurecimento do campo teórico da pedagogia histórico-crítica, à qual Libâneo denomina histórico-social. 
Luta pela defesa da especificidade da Pedagogia enquanto ciência específica, numa época em que muitos defendiam sua substituição pelas Ciências da Educação. 
Introdução
Estrutura do texto: 
o conceito de educação; 
modalidades da educação; 
prática educativa como objeto peculiar de estudo da ciência pedagógica.
Diversos significados de educação: para os teóricos das ciências da educação, para os que atuam nas diversas áreas do educativo, para o senso comum.
Introdução
Problema das parcialidades na visão sobre educação  é a Pedagogia quem consegue contemplar a complexidade do processo educativo.
O conceito de educação
O que define efetivamente o fenômeno educativo?
Etimologia: 
educare (alimentar, cuidar); 
educere (tirar para fora) 
 conduzir de um estado a outro, agir de uma maneira sistemática sobre o ser humano, tendo em vista prepará-lo para a vida em um determinado meio.
O conceito de educação
Ações que visam à adaptação do comportamento de indivíduos ao contexto social  visão conservadora que privilegia a reprodução, a adaptação, o conformismo. 
Não recusar a função adaptadora: a educação tem a ver com o processo de preparação das gerações mais novas às exigências da vida adulta  ideia balizadora para a construção das teorias da educação.
Teorias da educação: fins, modalidades e métodos.
Algumas definições clássicas de educação
O que há em comum: a educação é um processo de desenvolvimento.
Pontos de tensão: 
condicionantes do processo: internos, externos ou ambos?; 
fins e ideais da educação.
Algumas definições clássicas de educação
Concepções naturalistas  inatismo, adaptação à natureza biológica e psicológica da criança, educação como devir.
Concepções pragmáticas  adaptação do indivíduo ao meio social, aprendizado pela experiência, o fim da educação deve ser a própria prática.
Concepções espiritualistas  aperfeiçoamento como adesão à uma verdade exterior.
Algumas definições clássicas de educação
Concepções culturalistas  atividade de transmissão de bens culturais, casamento da liberdade individual com as condições externas, o ser se apropria da cultura para criar mais cultura.
Concepções ambientalistas  o ambiente possui toda a força no processo de conformação do indivíduo. Sociologia durkheimiana e behaviorismo.
Concepções interacionistas  procura conciliar a importância da ação educativa externa com o desenvolvimento interno dos sujeitos.
Algumas definições clássicas de educação
Diversas visões que resolvem de diversos modos a tensão entre desenvolvimento (o que é interno e espontâneo) e adaptação (o que é externo e imposto). 
Desafio: unir educação e vida. Ou seja, unir o ideal de como o homem deve ser com a realidade de como o homem é.
Duas perspectivas buscam promover esse casamento: a) liberal: isso pode se dar no âmbito individual; b) crítica: isso só pode acontecer no âmbito coletivo.
Algumas definições clássicas de educação
“O processo educativo [...] é um fenômeno social, enraizado nas contradições, nas lutas sociais, de modo que é nos embates da práxis social que vai se configurando o ideal de formação humana. Isso significa que a tarefa da reflexão pedagógica é a de superar a antinomia entre fins individuais e fins sociais da educação” (p. 79). 
Quem dá conta dessa questão é a teoria crítica histórico-social (Saviani: histórico-crítica). 
A crítica política e pedagógica do conceito de educação
“A concepção histórico-social, ao conceber a educação como produto do desenvolvimento social e determinada pela forma de relações sociais de uma dada sociedade, põe-se como crítica radical à educação individualista” (p. 79).
Visão que tradicionalmente dá muita ênfase na identificação do Estado como subordinado aos interesses das classes dominantes e de suas ideologias. 
A crítica política e pedagógica do conceito de educação
Educação é mais que processo de desenvolvimento individual baseado nas relações interpessoais: ela está em profundo diálogo com as relações sociais, econômicas, políticas, culturais etc.
“A prática educativa é sempre a expressão de uma determinada forma de organização das relações sociais na sociedade. Se, a par disso, virmos cada forma de organização social como resultado das ações humanas, portanto, passível de ser modificada, também a educação é um acontecimento sempre em transformação” (p. 79). 
A crítica política e pedagógica do conceito de educação
Se as exigências sociais moldam a educação, a educação nunca é universalizável, devido ao seu caráter histórica e socialmente determinado.
Os modelos a serem efetivados na educação são manifestados sobretudo na política educacional: ideologia  a educação se autorreproduz e reproduz as relações sociais.
Mas “a educação não tem sentido unívoco enquanto pura instância de reprodução, pois os processos que desencadeia geram e desenvolvem também forças contraditórias, que comprometem o fatalismo da reprodução quer ideológica, quer social, atuando na direção da transformação da realidade social”. (p. 81). 
O ponto de vista crítico-social sobre a educação
Teoria histórico-social = Teoria crítico-social = Teoria histórico-crítica.
Educação como conjunto de processos formativos que ocorrem no meio social  compõe o processo de socialização.
“A educação diz respeito a formas intencionais de promoção do desenvolvimento individual e de inserção social dos indivíduos, envolvendo especificamente a educação escolar e extra-escolar.” (p. 81-82). 
O ponto de vista crítico-social sobre a educação
A educação configura a existência humana em suas relações sociais mútuas, o que obriga a descortinar as relações de poder que existem por trás dessas relações.
Definição de educação do autor: p. 82.
Destaque: a educação possui um caráter mediador, ou seja, permite a mediação, a concepção de uma nova proposta de sociedade. A educação sempre parte do que já foi produzido, para que então se produza algo novo. 
O ponto de vista crítico-social sobre a educação
Definem-se os conteúdos: conhecimentos, habilidades e procedimentos, valores. 
Definem-se os métodos: como ensinar de acordo com meu contexto histórico-social. 
Mas antes: definem-se as finalidades. 
Outros sentidos de educação
Educação como instituição social: estrutura organizacional e administrativa, normas gerais de funcionamento e diretrizes pedagógicas.
Educação como processo: a ação educadora, a “atividade formativa nas várias instâncias com vistas a alcançar propósitos explícitos, intencionais, visando promover aprendizagens mediante a atividade própria dos sujeitos.” Três elementos: agente, modo de educação, destinatário.
Educação como produto: os resultados obtidos com o processo educativo, o que é o sujeito educado segundo as expectativas sociais, daí a necessidade da clareza dos objetivos. 
Outros sentidos de educação
Educação como produto: os resultados obtidos com o processo educativo, o que é o sujeito educado segundo as expectativas sociais, daí a necessidade da clareza dos objetivos. 
“É a partir da avaliação da educação-produto que se pode formular ou reformular a educação-instituição, tendo em vista aprimorar a educação-processo” (p. 85). 
O aspecto central, portanto, é o da educação-processo.
As dimensões da educação
Em que âmbitos a educação acontece? 
Busca pela formação do sujeito integral  dimensões intelectual, social, afetiva, física, estética e ética.
Não há educação parcial: é o ser humano inteiro que se educa.
O que Libâneo chama de outras dimensões, a meu ver, se enquadram nas já mencionadas.
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
Educação informal
Consciência já estabelecida da amplitude do fenômeno educativo (para além do ambiente escolar) e da sua íntima relação
com as configurações histórico-sociais.
Sentido amplo de educação: “conjunto das influências do meio natural e social que afetam o desenvolvimento do homem na sua relação ativa com o meio social”. 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
Esta concepção expande o que se entende por educação, como toda e qualquer situação de aprendizagem, mesmo para aquelas em que não há a intenção de educar.
Educação informal  ações e influências exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, que não estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e organizadas.
A educação informal não se identifica com todo o processo educativo, que é a socialização. 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
Com o desenvolvimento histórico da sociedade, surge a educação intencional  avanço da escola.
Educação não-formal e formal
Necessidade de se apropriar do que existiu anteriormente para poder se integrar socialmente.
Quando se tem essa preocupação em mente, adentra-se na modalidade da educação intencional, que se divide em duas outras modalidades: educação não-formal e educação formal. 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
Educação formal: tudo o que é estruturado, sistematizado, planejado intencionalmente.
A educação formal acontece quando há ensino. Seu ambiente privilegiado é a escola, mas pode se dar na educação de jovens e adultos, na educação sindical, na educação profissional etc.
Educação não-formal: existe a intencionalidade, mas com baixo grau de estruturação e sistematização; relações pedagógicas mas não formalizadas.
 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
Movimentos sociais, trabalhos comunitários, atividades de lazer, visitas a museus e feiras, etc.
Há um intercâmbio entre o formal e o não-formal. 
O autor apela para uma superação de uma visão dicotomista acerca das modalidades educativas: ensino não se reduz à escolarização, mas a escola não pode ser sacrificada em nome de outras práticas educativas. 
Consciência da interpenetração entre as três esferas. 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
Educação informal X Educação não-formal
Romper com visões sectárias: sociologismo ou pedagogismo. 
A não-intencionalidade e não-institucionalidade da educação informal não deve permitir que se diminua sua importância.
Sua relevância ajuda, por exemplo, a diminuir a ênfase na educação formal e na dicotomia discente-docente. 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
A educação informal se manifesta sobretudo nos modos de pensar de um determinado grupo social, muitas vezes em oposição ao que é oficial e institucionalizado.
Essa relevância da educação informal não deve conduzir a uma diminuição da educação formal: a escola deve ser enfatizada em seu grau de estruturação, de planejamento e intencionalidade.
 
As modalidades de educação: informal, não-formal, formal
É justamente o aumento da importância da educação informal que leva à necessidade da educação formal, ou seja, da capacidade de sistematizar, direcionar e potencializar o aprendizado que existe para além da escola.
“Encaminhar [...] a formação científica em função da consciência crítica, para além da conformação do sujeito ao que lhe impõe o meio social” (p. 92). 
Setorização dos serviços educacionais
Possibilidade de articular as diferentes modalidades de educação: informal, não-formal e formal.
Possibilidade de articular as diferentes esferas de educação: educação-instituição, educação-processo e educação-produto.
Sistema educacional  articulação entre as instituições educativas; pressupõe princípios filosóficos, éticos, políticos. 
Setorização dos serviços educacionais
O sistema educacional se refere à articulação entre a educação formal e não-formal  com intencionalidade. 
Nesse caso, educação é diferente de ensino: educação  educação não-formal/ ensino  educação formal.
LDB: nome equivocado pois ela não se refere à todas as práticas educativas, apenas às práticas de ensino.
Setorização dos serviços educacionais
Educação formal e educação não-formal são sempre perpassadas pela educação informal 
 numa outra concepção (Brandão e Saviani), o ensino e outras situações de educação são sempre permeadas por situações de aprendizagem não intencionais 
 interpenetração entre o escolar e o não-escolar.
Educação, objeto de estudo da Pedagogia
Pedagogia: teoria e prática da educação  a práxis.
É uma ciência que se estabelece da educação e para a educação. Avalia as exigências concretas da realidade social e a partir das mesmas propõe conteúdos e ações de transformação. 
A pedagogia é uma ciência que cria o seu próprio objeto na medida em que interfere em sua constituição.
Educação, objeto de estudo da Pedagogia
As Ciências da Educação não podem substituir a Pedagogia, pois elas se detém em parcelas do fenômeno educativo, tomando como base suas próprias epistemologias. É a Pedagogia quem pode vincular essas preocupações, oferecendo uma visão globalizante do processo educativo. 
Existem pedagogias diferentes para diferentes intenções de educar.
Educação escolar, Pedagogia escolar

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