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EXPERIMENTOS CLÁSSICOS EM ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ORGANIZADORES Paulo Guerra Soares João Henrique de Almeida Carlos Renato Xavier Cançado www.walden4.com.br 2016 Instituto Walden4 E71 Experimentos clássicos em análise do comportamento [recurso eletrônico] / organizado por Paulo Guerra Soares, João Henrique de Almeida, Carlos Renato Xavier Cançado. - Brasília : Instituto Walden4, 2016. 333 p. ISBN: 978-85-65721-10-3 1. Psicologia experimental. 2. Análise do comportamento. I. Soares, Paulo Guerra, org. II. de Almeida, João Henrique, org. III. Cançado, Carlos Renato Xavier, org. IV. Título. CDD 150.724 Coordenadora: Seila Cibele Sitta Preto Projeto Gráfico: Leandro Brasil Melo Diagramação: Lorena Shimizu Capa: Lorena Shimizu DEDICATÓRIA Dedicamos esse livro à Profa. Sônia dos Santos Castanheira, ao Prof. Roosevelt Riston Starling, e ao Prof. Ernani Henrique Fazzi, responsáveis por nosso primeiro contato com a Análise Experimental do Comportamento. iii AUTORES E AUTORAS Alina Barboza Cabral Bianco Estudante de Graduação (Psicologia) – Universidade de Rio Verde. André Augusto Borges Varella Doutor em Psicologia – Universidade Federal de São Carlos. Andréia Schmidt Doutora em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. Armando Domingos Batista Machado Doutor em Psicologia – Duke University, Estados Unidos. Candido Vinícius Bocaiuva Barnsley Pessôa Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. Carlos Augusto de Medeiros Doutor em Psicologia – Universidade de Brasília. Carlos Eduardo Costa Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. Carlos Renato Xavier Cançado Doutor em Psicologia/Análise do Comportamento – West Virginia University, Estados Unidos. Carolina Coury Silveira Mestre em Psicologia – Universidade Federal de São Carlos. Cristiano Coelho Doutor em Psicologia – Universidade de Brasília. Cristiano Valério dos Santos Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. Edson Massayuki Huziwara Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. iv Elenice Seixas Hanna Doutora em Psicologia – University of Wales, Reino Unido. Fábio Henrique Baia Doutor em Ciências do Comportamento –Universidade de Brasília. Flávia Hauck Mestre em Ciências do Comportamento –Universidade de Brasília. Hernando Borges Neves Filho Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. Hiroto Okouchi Doutor em Ciências do Comportamento – Hiroshima University, Japão. Isabella Guimarães Lemes Estudante de Graduação (Psicologia) – Universidade de Rio Verde. Ítalo Siqueira de Castro Teixeira Graduação em Psicologia – Universidade de Fortaleza. João Claudio Todorov Doutor em Psicologia – Arizona State University, Estados Unidos. João Henrique de Almeida Doutor em Psicologia – Universidade Federal de São Carlos. Kennon A. Lattal Doutor em Psicologia Experimental e Clínica – University of Alabama, Estados Unidos. Lucas Ferraz Córdova Doutor em Ciências do Comportamento –Universidade de Brasília. Marcelo Borges Henriques Mestre em Psicologia – Pontifícia Universidade Católica de Goiás. v Márcio Borges Moreira Doutor em Ciências do Comportamento –Universidade de Brasília. Marco Vasconcellos Doutor em Psicologia – Purdue University , Estados Unidos. Maria Carolina Correa Martone Mestre em Psicologia Experimental – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Marília Pinheiro de Carvalho Doutora em Psicologia Básica – Universidade do Minho, Portugal. Paulo Guerra Soares Mestre em Análise do Comportamento – Universidade Estadual de Londrina. Peter Endemann Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. Poliana Ferreira da Silva Estudante de Graduação (Psicologia) – Universidade de Rio Verde. Rafaela Meireles Fontes Azevedo Mestre em Ciências do Comportamento – Universidade de Brasília. William Ferreira Perez Doutor em Psicologia Experimental – Universidade de São Paulo. vi AGRADECIMENTOS “É preciso de uma aldeia inteira para criar uma criança”1. É ver- dade: muito trabalho, de muitas pessoas. Em relação à escrita de um ar- tigo científico, Killeen e Pellón (2013) indicaram que também “É preciso de uma aldeia inteira para criar um artigo”2 (p.19): muito trabalho, cer- tamente de muitas pessoas. O mesmo pode ser dito sobre a organização de um livro. Gostaríamos de agradecer a todas e a todos dessa “aldeia”, cujo trabalho permitiu que esse livro fosse criado. Agradecemos à cada autora e a cada autor dos capítulos que compõem esse livro. Vocês abraçaram o projeto e contribuíram de uma forma que o nosso breve agradecimento não consegue descrever e nun- ca será suficiente. Para vocês, especialmente, o nosso “Muito obrigado”. Agradecemos ao Prof. Alexandre Dittrich pela escolha da capa desse livro e pela escrita do texto que a acompanha. Cientistas são “ar- tistas do mundo natural” e a experimentação é um caminho central de sua atividade. Agradecemos à Profa. Deisy das Graças de Souza por escrever o prefácio e apresentar o livro de forma tão clara à audiência para qual foi escrito. O conselho que ela dá para futuras e futuros ana- listas do comportamento é válido para todas e todos interessados no estudo científico do comportamento, mesmo para quem tem familiari- dade e trabalha há anos com a experimentação. Agradecemos à equipe do Projeto de extensão UneDesign - In- tegração Universidade-Empresa do curso de Desenho Industrial com habilitação em Programação Visual, da Universidade do Norte do Para- ná, coordenada pela Profa. Seila Cibele Sitta Preto, pelo trabalho cuida- 1 It takes a village to raise a child. 2 “It takes a village to raise a paper”. Killeen, P. R., & Pellón, R. (2013). Adjuntive behaviors are operants. Learning & Behavior, 41, 1-24. vii doso em cada etapa da preparação desse livro. Aos discentes Leandro Brasil Melo pelo desenvolvimento do projeto gráfico, e Lorena Shimizu pela diagramação e desenvolvimento projetual de capa. O trabalho foi feito como parte de um projeto de extensão, e retrata a importância da integração das atividades de ensino e pesquisa na relação entre a uni- versidade e as comunidades nas quais está inserida. Por fim, agradecemos ao Prof. Márcio Borges Moreira, que acre- ditou no projeto e aceitou a tarefa de publicação de um livro gratuito e em formato eletrônico pela Editora do Instituto Walden4. É verdade: é preciso de uma aldeia para criar um livro! Paulo Guerra Soares João Henrique de Almeida3 Carlos Renato Xavier Cançado4 3 Apoio da FAPESP (Processo no: 2014/01874-7). 4 Apoio CAPES (PNPD). viii PREFÁCIO ... even though laboratory methods are often devised not for practical teaching but for the study of fundamental behavioral processes, the techniques are then available for application outside the laboratory. Murray Sidman, 1994, P.534 Tomar conhecimento da edição deste livro me deixou particular- mente entusiasmada. É sempre bom contar com material de qualidade como suporte para o ensino e, neste caso, vislumbrei a possibilidade de ter em mãos um material muito compatível com a maneira como gosto de trabalhar nas disciplinas que ministro para o curso de graduação em Psicologia. Segundo me relataram os organizadores, sua proposta era trazer ao leitor experimentos clássicos em análise do comportamento, rela- tados e interpretados por pesquisadores da área, com ênfase em suas contribuições para novas linhas de pesquisa. Gostei imediatamente da proposta e me lembrei de outras ocasiões em que tive oportunidade de explorarartigos de pesquisa como fontes para atividades de ensi- no, buscando propiciar ao aluno condições para o desenvolvimento de uma ampla gama de habilidades, incluindo a busca pelas origens de ideias, conceitos, procedimentos. No período em que estive na UnB, no início da década de 90, tive oportunidade de trabalhar com meu colega Jorge Mendes de Oliveira Castro, na disciplina Psicologia Geral e Experimental (PGE I), para alunos do primeiro semestre do curso de graduação em Psicologia. Discutimos muito as condições de entrada dos alunos no curso, incluindo as possíveis ideias preconcebidas sobre nossa disciplina, e a necessidade de colocá-los logo em contato com o que se estuda em Psicologia e, ao mesmo tempo, mantê-los motivados para ler e estudar o assunto. Concordamos muito rapidamente que, em ix vez de ler livros texto, os alunos poderiam aprender muito lendo arti- gos científicos, mais precisamente, relatos de pesquisa experimental, o que lhes permitiria ter contato com autores importantes da área e conhecer um pouco do desenvolvimento de nossa ciência. Tenho as melhores lembranças das horas e horas que passamos escolhendo os textos (claro que fizemos um levantamento 10 vezes maior do que seria possível abordar em uma disciplina de um semestre) e do entusiasmo com que trabalhamos naquela disciplina, em grande parte motivado pelos progressos dos alunos, evidenciados nas discussões em sala, em suas habilidades de ler e pensar, de utilizar o raciocínio científico, e de se dar conta de que cada experimento pode trazer uma nova contri- buição, mas também pode ter limitações, e que identificar os limites é um caminho para novas ideias e novas possibilidades de investigação. Sentíamos que estávamos criando boas condições para o desenvolvi- mento de pelo menos alguns dos requisitos importantes no repertório de futuros psicólogos e, talvez, pesquisadores em psicologia. Retornando à UFSCar, tive oportunidade de fazer parte da equi- pe que planejou o curso de graduação em Psicologia, implantado em 1994. Novamente me coube uma disciplina introdutória e quando co- mentei sobre a experiência na disciplina da UNB, meu colega Júlio de Rose me apresentou o livro de Roger Hock: “Quarenta estudos que transformaram a Psicologia”. O livro organizava o material em 10 ca- pítulos, cada capítulo apresentando quatro estudos clássicos. A organi- zação apresenta uma característica que resolvia muitos dos problemas que eu encontrara antes, ao exigir de alunos de primeiro semestre a leitura de um estudo experimental em toda a complexidade de seu re- lato original: neste livro, cada estudo é apresentado de maneira resu- mida – isto é, retira detalhes e complexidade do texto, sem deixar de apresentar ao leitor as informações essenciais para a compreensão do x que foi feito e da justificativa para fazê-lo; além disso, o autor do livro apresenta o contexto em que cada investigação foi concebida e con- duzida; e ao final do texto, apresenta, também, de maneira resumida, mas suficientemente informativa, as linhas de pesquisa e os desenvol- vimentos subsequentes que derivaram daquele estudo seminal (isto é, oferece uma perspectiva histórica do desenvolvimento da psicologia, por meio do trabalho concreto de pesquisadores relevantes). Usei o livro por vários anos, enquanto ministrei a disciplina (fui depois subs- tituída pelo Júlio, que continuou usando o “Hock”) e estou certa que o uso desse material, em suas sucessivas reedições, tem contribuído muito positivamente para iniciar o desenvolvimento das concepções do aluno sobre o que estuda a Psicologia – e sobre como essa ciência vem sendo, e poderá continuar sendo, construída. Experiência similar teve ocasião quando Edson Huziwara, fa- zendo pós-doutorado na UFSCar, se dispôs a oferecer uma turma da disciplina optativa do curso, denominada Fenômenos e Processos Psi- cológicos; fui formalmente responsável pela disciplina e estive presen- te em todas as aulas, mas todo o trabalho foi planejado e conduzido pelo Edson e pelo João Henrique de Almeida, um dos organizadores deste livro. Aquela disciplina do curso de Psicologia da UFSCar per- mite, a cada oferta, a especificação dos tópicos abordados e Edson e João propuseram que naquele semestre a disciplina tivesse por obje- tivo apresentar, de forma sucinta, a produção empírica (experimentos clássicos) sobre diversos processos comportamentais investigados pela análise experimental do comportamento e ensinar as habilidades ne- cessárias para uma leitura competente de textos científicos. Os alunos eram de uma turma avançada e liam os artigos no original, os professo- res realizaram um excelente trabalho de preparar cuidadosamente cada estudo para apresentar em sala, destacando seus aspectos fundamen- xi tais e apresentando pistas para que os alunos discutissem qualidades e limites da pesquisa em foco. Sou testemunha de que esta atividade funcionou como reforçador poderoso para a leitura prévia dos alunos, e, ao mesmo tempo, como modelo de leitura cuidadosa e crítica. Reconheço que ao relatar essas experiências estou falando de meu trabalho, em vez de falar sobre o livro que apresento aos leitores. Mas espero ter fornecido evidências do quanto aprecio o que encontrei nele: - O conteúdo é específico de análise do comportamento: trata- -se, assim, de uma fonte organizada de informações que podem ser usadas no ensino de disciplinas da área. - A seleção de artigos relevantes, que deram origem a importan- tes desenvolvimentos na área, pode contribuir decisivamente para que o leitor compreenda a relevância da memória da investigação científi- ca, a importância de se conhecer os clássicos e de se estabelecer rela- ções entre o experimento original e a linha ou linhas de pesquisa gera- das por ele e sua importância para o conhecimento atual em análise do comportamento. - A ênfase em estudos experimentais permite destacar aspectos metodológicos, as possibilidades e a importância de investigação rigo- rosa, os necessários limites (seja do ponto de vista do controle, seja do ponto de vista da validade interna e externa), as contribuições poten- ciais para a compreensão de processos comportamentais, as pergun- tas que deixaram de ser respondidas, ou que foram suscitadas pelos dados. Esse conjunto de aspectos representa uma rica oportunidade para subsidiar a avaliação crítica da pesquisa científica em análise do xii comportamento, e, o que é de extrema relevância para a sobrevivên- cia das práticas científicas (investigação e intervenção) em análise do comportamento, despertar talentos e vocações para dar continuidade ao desenvolvimento da área. Por todos esses aspectos, avalio que este volume pode ser uma fonte inestimável para formação ou o aprimoramento de analistas do comportamento. Há algum tempo, em uma entrevista para a Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC), a entrevistadora me perguntou que conselhos eu daria para a nova geração de analistas do comportamento. Embora desacredite no potencial de “conselhos” (sem outras condições críticas) para gerar ou manter comportamentos, arrisquei alguns palpites que talvez respondessem ao interesse de al- guém. Penso que os palpites valem também para jovens analistas que busquem aprender com este livro, por isso tomo a liberdade de trans- crever alguns pontos daquela fala: Não existe nada que você possa fazer bem feito, que não exija esfor- ço, comprometimento, dedicação e um trabalho sistemático. Em nossa área, seja no estudo, na investigação, ou nas aplicações a problemas humanos, não dá para fazer um trabalho de qualquer jeito, não se pode fazê-lo rapidamente, nem superficialmente. Por isso, para quem quer se tornar um analista do comportamento competente, seja no desenvolvimento científico da área, seja nodesenvolvimento profis- sional, o primeiro passo é dedicação. É preciso ler (ou melhor, estudar) relatos originais de pesquisa; é preciso ler muito, voltar às origens, ler os clássicos e, claro, ler bibliografia atualizada. Muitas vezes presencio meus alunos lendo – ou escrevendo sobre o que leram, e eles tendem a xiii assumir que o autor que estão lendo no momento foi o primeiro a falar daquele assunto, ou o que teve a ideia original de que trata a pesqui- sa. Muitas vezes, trata-se de conceitos elaborados há muito tempo, que são encontrados em Skinner (1931, 1938, 1953), Keller e Schoenfeld (1950), Ferster e Skinner (1957), Millenson (1967), Sidman (1960), mas eles citam o artigo mais recente que leram, como se fosse a fonte ori- ginal. É preciso estar atualizado, acompanhar o desenvolvimento da área e para isto é preciso recorrer à literatura recente, mas também é preciso manter o registro, a memória ou a história dos conceitos e descobertas. Apesar de todas as exigências de referência de citação científica, muitas vezes vemos uma deturpação em relação às origens. Não é incomum encontrarmos, em 2016, um artigo citando um au- tor que publicou em 2015, como se este fosse a referência original de um determinado assunto. É muito importante estudar os trabalhos dos pioneiros (e se interessar por quem foram eles, sob que condições trabalharam, onde e quando viveram), ler e conhecer o que a área já produziu, ao mesmo tempo em se lê referências atualizadas. É preciso tentar dominar o conhecimento produzido na área, que não é pouco; quanto mais se conhece – os conteúdos e os caminhos que levaram a eles, mais o analista do comportamento disporá de instrumental teórico, conceitual e de procedimentos, para analisar e interpretar situações novas e para pensar, gerar novos estudos, ou planejar in- tervenções com embasamento cientifico. As facilidades de acesso são cada vez maiores, mas não podemos nos iludir com essa facilidade. É muito fácil acessar dezenas de artigos pela internet e poder abrir cada um deles com um simples toque. Mas não basta: faltam os passos seguintes: como é que se lê essa quantidade de material, de maneira funcional? Será preciso trabalhar muito, de forma disciplinada. Para quem quiser ter uma boa formação como analista do comportamento, existe muito conhecimento sedimentado para se aprender a trabalhar xiv e existem boas oportunidades de novos desenvolvimentos, mas para isso é preciso estudar, se dedicar, se comprometer. Este livro pode ser um bom começo. Neste primeiro volume da série foram selecionados estudos experimentais sobre condicionamen- to respondente; sobre o papel das consequências e parâmetros de re- forço (atraso do reforço; contraste comportamental; comportamento de escolha, história comportamental, ressurgência); sobre controle de es- tímulos (processos atencionais, respostas de observação, responder por exclusão, eventos privados, resolução de problemas, Teoria das Mol- duras Relacionais); sobre comportamento social (cooperação, cultura) e comportamento verbal (correspondência verbal e não verbal; compor- tamento governado por regras); e sobre análise funcional. Todos eles deram origem a linhas de pesquisa produtivas, responsáveis por gran- de parte do estado atual da pesquisa em análise do comportamento. Os autores dos capítulos são investigadores nacionais e internacionais, que conhecem profundamente os estudos e seus autores e estão com- prometidos com a difusão e o ensino de análise do comportamento. Por todos esses aspectos, estou certa de que o livro atende a uma necessidade importante em nossa área, e que se tornará um oportuno ponto de partida para iniciantes e uma excelente ocasião para revisão e atualização para os iniciados em análise do comportamento. Deisy G. de Souza Universidade Federal de São Carlos xv A ciência e a arte são as mais belas criações do comportamento humano. Elas demonstram, cada uma à sua maneira, nossa fascinante capacidade de transformar o mundo e de nos transformarmos ao fazê- lo. O gentil convite feito por Carlos, João e Paulo para que eu esco- lhesse a imagem da capa do livro que você agora lê me confrontou com um desafio singular: ilustrar, com o auxílio da arte, o conteúdo de um livro científico. Minha tarefa certamente foi facilitada pelo fato de que a arte não nos compromete com interpretações “certas”. A arte é o campo da su- gestão, da metáfora, do símbolo. Assim, me lancei à tarefa sob um vago controle temático, mas também me deixando levar pela beleza e pelo poder evocativo das imagens. A Osteographia, publicada pelo anatomista inglês William Che- selden em 1733, é uma das obras mais importantes da história da ilus- tração anatômica. Ela impressiona não apenas pela precisão, mas pela elegância. As criaturas humanas e não-humanas que ali aparecem não são meros auxílios da ciência, passivamente à disposição dos estudio- sos: em tudo o que importa, elas parecem vivas, ativas, interagindo com seu entorno. O fato de serem apenas esqueletos dá às imagens seu impacto. Seres vivos reduzidos à sua dura estrutura têm fascinado a humanida- de ao longo dos séculos. Caveiras e esqueletos nos lembram de nosso destino comum. A representação da morte como um esqueleto vivo é comum a várias culturas. SOBRE A CAPA xvi O que nos mostra que estão mortos é o fato de serem apenas esqueletos. O que nos mostra que estão vivos é o fato de interagirem com o mundo. Os esqueletos que nos assombram e nos encantam na tradição são a encarnação desencarnada da contradição: são mortos que vivem. Se neles pouco resta do que esperaríamos encontrar em um corpo vivo, o comportamento é seu único sinal de vida - e, como lembrava Skinner, a história do comportamento e a história da vida começam juntas. O esqueleto que está na capa deste livro nos lembra ainda que a vida é evolução - e que nós, seres vivos, estamos todos ligados por laços de parentesco. Trata-se de uma figura simiesca, que não obstante adota uma postura aparentemente “intencional” e verbal, tipicamente humana. É como se interagisse com outros de sua espécie, cuja pre- sença a imagem permite apenas subentender. Filogênese, ontogênese e cultura estão todas na imagem - desde que nossa história nos permita encontrá-las. Assim como a Osteographia de Cheselden, que utilizou magis- tralmente a arte para fazer ciência, espero que também este livro pos- sa mostrar, da capa à última página, quão fascinante é a jornada de conhecimento e autoconhecimento proporcionada pela investigação científica. Alexandre Dittrich Universidade Federal do Paraná xvii Este livro foi idealizado a partir de uma paixão comum dos três organizadores: a Análise Experimental do Comportamento. A ideia ge- ral consiste em apresentar, a estudantes de graduação, diversos temas de pesquisa em Análise do Comportamento por meio de experimentos clássicos. A análise experimental geralmente é considerada um terreno árido, com descrições metodológicas difíceis e um certo “desprendi- mento” das questões do dia a dia. Estes fatores, em nossa opinião, difi- cultam o contato e até mesmo o interesse de estudantes iniciantes pelo laboratório e pela pesquisa experimental sobre o comportamento. Buscando inspiração em livros de divulgação científica, como “Forty studies that changed Psychology” de Roger Hock, formatamos a ideia inicial do livro. Estas ideias nos levaram a uma série de convites a pesquisadores e pesquisadoras de diversas instituições brasileiras e internacionais para contribuírem com a obra. Convites aceitos, o livro começou a ganhar forma. Mais ideias foram surgindo, e foram tantos os temas escolhidos que acabamos tendo que dividir a obra em dois volumes. Depois de incontáveisreuniões que aproximaram Londrina, São Carlos e Brasília, conseguimos concretizar nosso objetivo. Em cada capítulo, autores e autoras discutem temas relevantes na Análise do Comportamento a partir da descrição de um experimento “clássico”. Clássico, aqui, não significa necessariamente o estudo mais antigo, mas aquele que é reconhecidamente uma influência importante naquela área de pesquisa, ou seja, que tenha servido de contexto para a produção de mais conhecimento científico. Assim, em cada capítulo, o experimento clássico serve como um pano de fundo para a apresen- tação do tema, e os textos foram escritos com uma linguagem leve e acessível, buscando, sempre que possível, uma ponte entre os procedi- mentos metodológicos e o contexto aplicado. APRESENTAÇÃO xviii Esperamos que esta obra inspire estudantes (e futuros pesquisa- dores e pesquisadoras!) a se enveredarem pelos caminhos fascinantes da pesquisa experimental sobre o comportamento dos organismos. E que essa jornada seja para estes estudantes um pouco do que foi (e con- tinua sendo) para nós: um caminho de muito trabalho e de muitos erros e acertos, mas, acima de tudo, um caminho muito gratificante e enri- quecedor. Esperamos, também, que este material sirva como um apoio aos professores e professoras das disciplinas de Análise Experimental do Comportamento, como contexto para discussões sobre os temas de pesquisa que compõe os currículos destas disciplinas. Boa leitura! Paulo Guerra Soares João Henrique de Almeida Carlos Renato Xavier Cançado xix SUMÁRIO Capítulo I.............................................................................................24 Somos todos produtos da nossa história comportamental Paulo Guerra Soares, Carlos Eduardo Costa Capítulo II...........................................................................................36 O cheque está no correio: investigando como o reforço atrasado afeta o desempenho Kennon A. Lattal Capítulo III.........................................................................................49 Quando o passado retorna: ressurgência comportamental Carlos Renato Xavier Cançado, Flávia Hauck, Ítalo S. C. Teixeira Capítulo IV..........................................................................................64 Clarice Lispector, tempo e consequências: considerações sobre con- traste comportamental João Cláudio Todorov, Rafaela M. Fontes Azevedo Capítulo V...........................................................................................78 Da frequência absoluta à frequência relativa como unidade de análise do comportamento Cristiano Coelho Capítulo VI.........................................................................................95 Prestaram atenção em tudo? Elenice S. Hanna, Márcio Borges Moreira xx Capítulo VII.....................................................................................109 A resposta de observação: o papel das respostas sensoriais para o es- tabelecimento da discriminação Peter Endemann, Candido V. B. B. Pessôa Capítulo VIII.....................................................................................123 Controle dos processos atencionais Edson Massayuki Huziwara, Candido V. B. B. Pessôa Capítulo IX.......................................................................................139 O responder controlado temporalmente: desdobramentos da pesquisa com a tarefa de bissecção Marilia Pinheiro de Carvalho, Marco Vasconcelos, Armando Machado Capítulo X.........................................................................................158 Como você se sente? Hiroto Okouchi Capítulo XI........................................................................................171 “Esse não é um pitilics, então só pode ser aquele”: o responder por exclusão e a aprendizagem de repertórios verbais Adreia Schimidt Capítulo XII......................................................................................186 Paus e pedras podem machucar, mas palavras... também! - Teoria das molduras relacionais João Henrique de Almeida e William Ferreira Perez xxi Capítulo XIII....................................................................................205 Quando o mundo interage com o que é dito sobre o mundo: o compor- tamento governado por regras Carlos Eduardo Costa, Carlos Renato Xavier Cançado Capítulo XIV.....................................................................................222 A função do mentir em crianças: o controle operante na correspon- dência verbal Carlos Augusto de Medeiros, Lucas Ferraz Córdova Capítulo XV......................................................................................239 Do indivíduo ao grupo: simulações experimentais de relações sociais com animais não-humanos Marcelo Borges Henriques Capítulo XVI..................................................................................254 Metacontingências: investigação experimental da seleção cultural Fábio Henrique Baia, Alina Barboza Cabral Bianco, Isabella Guimarães Lemes, Poliana Ferreira da Silva Capítulo XVII..................................................................................272 “Para com isso menino!”: análise funcional em problemas de compor- tamento André A. B. Varella, Maria Carolina Correa Martone, Carolina Coury Silveira Capítulo XVII..................................................................................284 Recombinação de repertórios: criatividade e a integração de aprendi- zagens isoladas Hernando Borges Neves Filho xxii Capítulo XIX....................................................................................297 Controlar para conhecer Cristiano Valério dos Santos Capítulo XX......................................................................................310 The check is in the mail: examining how delayed reinforcement af- fects performance Kennon A. Lattal Capítulo XXI....................................................................................322 How do you feel? Hiroto Okouchi xxiii Paulo Guerra Soares, Carlos Eduardo Costa 24 Somos todos produtos da nossa história comportamental Paulo Guerra Soares Universidade Norte do Paraná; Núcleo Evoluir Carlos Eduardo Costa Universidade Estadual de Londrina Weiner, H. (1964). Conditioning history and human fixed-interval performance. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 7(5), 383-385. “O hoje é apenas um furo no futuro, por onde o passado começa a jorrar” Raul Seixas e Marcelo Nova Capítulo I | História Comportamental 25 INTRODUÇÃO À ÁREA DE PES- QUISA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO Uma das principais afirmações da te- oria da evolução por seleção natural é que as gerações atuais de indivíduos de uma determinada espécie são produto de um constante processo de variação e seleção. Assim, ao longo da história de evolução de uma espécie, indivíduos com caracte- rísticas menos adaptativas morreram, en- quanto aqueles mais bem adaptados sobre- viveram, passando seus genes às próximas gerações. É importante lembrar que mais ou menos adaptativa significa que, sob certos aspectos do ambiente, certas características favorecem mais certos indivíduos de uma espécie do que outras. Não há característi- cas intrinsecamente melhores do que ou- tras. Aquelas cuja consequência seja maior chance de sobrevivência e procriação irão aumentar de frequência na espécie. Portan- to, para explicar por que os indivíduos de uma espécie exibem alguma forma de com- portamento típico (como espirros, bocejos, náuseas ou salivação, no caso do ser huma- no), é imprescindível uma análise da histó- ria de seleção dessa espécie. Este modelo de variação e seleção dos aspectos biológicos, proposto por Char- les Darwin no seu livro Origemdas Espécies (1859), é reconhecidamente uma das inspi- rações de B. F. Skinner na formulação do Behaviorismo Radical (Baum, 2006; Lau- renti, 2009; Skinner, 1974; 1981). Para Skin- ner, o Behaviorismo Radical enfatiza o es- tudo do comportamento de cada indivíduo (e não apenas os padrões típicos de cada espécie). Assim, fazendo jus à analogia com a teoria da evolução de Darwin, o compor- tamento atual dos indivíduos é produto de um conjunto de relações entre o compor- tamento do indivíduo (selecionado na his- tória individual) e o ambiente atual. Nesse sentido, Skinner afirma que “Coube a Da- rwin descobrir a ação seletiva do ambien- te, assim como cabe a nós [behavioristas] completar o desenvolvimento da ciência do comportamento com uma análise da ação seletiva do meio”. (Skinner, 1974, p.60-61). Como funciona essa relação entre a ação do indivíduo e as variáveis ambien- tais? Skinner propõe que em determinadas circunstâncias, nos comportamos no mun- do de diversas maneiras (variação) e uma ou algumas dessas maneiras de nos com- portar produzem alterações no ambiente. Estas alterações podem produzir mudanças na probabilidade futura do comportamento (seleção). Se as consequências do compor- tamento forem reforçadoras, produzirão um aumento na probabilidade desse com- portamento ocorrer sob circunstâncias se- melhantes no futuro. Se as consequências forem punidoras, produzirão uma diminui- ção na probabilidade da ocorrência do com- portamento. Neste último caso, o indivíduo pode se comportar em função da situação que indica que uma consequência nociva é provável e, assim, aprende também a evitar estas situações. Assim, cada indivíduo, ao Paulo Guerra Soares, Carlos Eduardo Costa 26 entrar em contato com experiências únicas ao longo da vida, vai aprendendo determi- nadas maneiras de agir a partir das conse- quências que esse comportamento produz. A noção de seleção do comporta- mento por consequências sugere que, para que possamos explicar os comportamentos dos indivíduos, é imprescindível uma aná- lise da história comportamental de cada um (Aló, 2005; Chiesa, 1994; Costa, Cirino, Cançado & Soares, 2009; Freeman & Lattal, 1992; Skinner, 1974; Soares, Costa, Cança- do & Cirino, 2013). Skinner já apontava que “uma análise do comportamento é (...) ne- cessariamente ‘histórica’” (1974, p. 236), pois os comportamentos atuais são produto de uma história de seleção que ocorre ao longo da vida de cada indivíduo. Neste sentido, é relativamente se- guro afirmar que pessoas que passaram por experiências diferentes ao longo da vida, quando expostas a situações pareci- das no presente, se comportam de manei- ras distintas. Contudo, o que se observa é que a grande maioria das explicações do senso comum negligencia a história com- portamental na determinação do compor- tamento atual (Aló, 2005; Chiesa, 1994). Valendo-se de uma terminologia dualista/ mentalista, o senso comum explica o com- portamento dos indivíduos recorrendo a conceitos como “personalidade” ou “cará- ter”. A pesquisa de Simonassi, Pires, Ber- gholz e Santos (1984), por exemplo, identi- ficou que observadores que desconheciam a história comportamental de crianças ten- diam a explicar seu comportamento atual a partir de um viés mentalista. Por outro lado, quando os observadores conheciam a história comportamental das crianças, tenderam a leva-la em consideração na ex- plicação do comportamento atual em detri- mento das causas mentais. Assim, Skinner (1953/2003) afirmou que o “hábito de bus- car dentro do organismo uma explicação do comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance de uma aná- lise científica. Estas variáveis estão fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental” (p. 33). A afirmação de Skinner (1953/2003) levanta a seguinte questão: Como podemos analisar cientificamente os efeitos da histó- ria ambiental sobre o comportamento atu- al? Sidman (1960) afirmou que, em um con- texto experimental, a “melhor maneira de um experimentador especificar a história comportamental de um organismo, na me- dida em que é importante para um deter- minado problema, é construir deliberada- mente essa história no organismo” (p. 290, itálico adicionado). Ou seja, o experimenta- dor interessado no estudo da história com- portamental deveria ser capaz de construir diferentes histórias para seus participantes no laboratório (Wanchisen, 1990). Porém, até meados da década de 1960 não havia, na literatura analítico-com- portamental, um conjunto de dados siste- máticos que permitisse a análise do efeito Capítulo I | História Comportamental 27 de diferentes contingências passadas sobre o comportamento atual. Nesse contexto, mais precisamente em 1964, foi publicado um dos primeiros estudos cujo objetivo era a análise do efeito de diferentes histórias comportamentais (construídas no laborató- rio, como sugerido por Sidman, 1960) sobre o comportamento atual. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO Objetivo e Método A pesquisa de Weiner (1964) era sim- ples, porém engenhosa. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da exposição a diferentes contingências históricas sobre o compor- tamento atual. Como estratégia metodoló- gica, foram arranjados esquemas de refor- ço, programações de contingência muito utilizadas em pesquisas experimentais em Análise do Comportamento, que permitem a seleção de padrões estáveis de comporta- mento (Ferster & Skinner, 1957; Lattal, 1991; Souza Júnior & Cirino, 2004). Os participan- tes da pesquisa foram seis enfermeiros de um hospital psiquiátrico. Eles se sentavam em frente a um monitor e a tarefa experi- mental consistia em pressionar um botão. As consequências para esse comporta- mento eram pontos que apareciam em um contador de pontos no monitor. Em cada sessão, os participantes também recebiam uma quantia fixa de dinheiro, que não era contingente ao seu desempenho. Os parti- cipantes foram distribuídos em dois grupos: durante a primeira fase da pesquisa (cons- trução da história), os participantes do Gru- po 1 (n=3) foram expostos a um esquema de razão fixa (FR) 40 e os do Grupo 2 (n=3) a um esquema de reforçamento diferencial de baixas taxas (DRL) 20 segundos, por 10 sessões de 60 min. Para os participantes expostos ao FR, 100 pontos eram credita- dos no contador a cada 40 pressões ao bo- tão. Para os participantes expostos ao DRL, cada resposta emitida após a passagem de 20 segundos da última resposta produzia 100 pontos no contador. Respostas emiti- das antes do fim do intervalo reiniciavam o intervalo do DRL. Esquemas de FR, em geral, selecio- nam altas taxas de respostas, pois há uma relação direta entre taxa de respostas e taxa de reforços sob esse esquema. Por outro lado, o esquema DRL geralmente selecio- na baixas taxas de respostas, pois respos- tas emitidas antes de terminado o intervalo programado produzem o reinício do inter- valo. E este era exatamente o objetivo de Weiner nesta primeira fase do experimen- to: estabelecer duas linhas de base - ou duas histórias comportamentais diferentes - nas quais padrões de comportamento distintos (altas e baixas taxas de respostas) fossem selecionados. Após construir histórias compor- tamentais diferentes para cada grupo, era hora de testar o efeito da exposição a estas diferentes contingências sobre o comporta- mento atual, quando as contingências mu- dassem. Na segunda fase do experimento Paulo Guerra Soares, Carlos Eduardo Costa 28 (teste), os participantes de ambos os grupos foram expostos à um mesmo esquema de reforçamento de intervalo fixo (FI) 10 se- gundos por 10 sessões de 60 min e, depois, 10 sessões de 30 min. Sob o esquema de FI 10 s, a primeira resposta que ocorresse após o intervalo de 10segundos produzia 100 pontos no contador. Respostas que ocorres- sem ao longo desse intervalo não tinham consequências programadas (diferente do que ocorria na fase anterior sob o esquema de DRL). Assim, no esquema de FI, não im- porta se o indivíduo responde em altas ou baixas taxas, pois ambos os padrões con- tinuam a produzir pontos, desde que uma resposta ocorra após transcorrido o inter- valo do FI. Portanto, expor os participantes a este esquema de reforço na fase de teste permitiu observar se a exposição prévia ao FR ou ao DRL teria alguma influência no modo como eles se comportariam quando as contingências mudassem (ou seja, quan- do o FI estivesse em vigor). Resultados e discussão E foi exatamente o que aconteceu! A Figura 1 exibe os registros cumulativos dos participantes do Grupo 1 (S1, S2 e S3) e do Grupo 2 (S4, S5 e S6), durante os 15 últimos minutos da fase de teste (FI). A análise da Figura 1 permite constatar que, mesmo após Figura 1. Registros cumulativos dos 15 últimos minutos da fase de teste (após 15 horas de exposição ao FI) dos participantes da pesquisa de Weiner (1964). O painel superior exibe os registros dos participantes do Grupo 1 (história de FR) e o painel inferior exibe os registros dos participantes do Grupo 2 (história de DRL) (reproduzido com a permissão de John Wiley and Sons). Capítulo I | História Comportamental 29 15 horas de exposição ao FI, os participan- tes que tinham sido expostos ao FR emi- tiam taxas de respostas mais altas quando comparadas às taxas de respostas dos parti- cipantes que tinham sido expostos ao DRL. A pesquisa de Weiner (1964) é inte- ressante por demonstrar que, mesmo em um delineamento simples, no qual a res- posta selecionada era pressionar um botão, o comportamento dos participantes no es- quema de FI sofreu influências da histó- ria comportamental que foi construída no laboratório. Sobre estes resultados, Weiner afirmou que o “ponto importante é que a história de condicionamento deve ser con- siderada como um possível determinante do responder de humanos em FI” (p. 385). Mas é possível ir mais além, e supor que a história comportamental não seja ape- nas determinante do responder em FI, mas de qualquer comportamento, dentro e fora do laboratório. Se este for o caso, os resulta- dos da pesquisa de Weiner (1964) permitem inferir (baseado em dados empíricos) que as experiências vivenciadas pelas pessoas ao longo de sua vida podem, sim, influenciar o comportamento presente. Os resultados apresentados por Wei- ner (1964) nos permitem ainda outras con- siderações. A Figura 2 abaixo foi construída a partir da Tabela 1 do artigo. O eixo y apre- senta a taxa de respostas (R/min) em escala logarítmica e o eixo x exibe a média da taxa de respostas das três últimas sessões de his- tória (FR para S1, S2 e S3; DRL para S4, S5 e S6) e a taxa de respostas nas cinco últimas sessões do experimento. Observa-se na Figura 2 que a taxa de respostas nas cinco últimas sessões de FI dos participantes com história de FR foram sempre superiores às taxas de respostas dos participantes com história de DRL. Todavia, há que se considerar que houve diminuição na taxa de respostas dos participantes ex- postos a história de FR e aumento na taxa de respostas dos participantes com história de DRL, quando expostos ao FI. Durante as três últimas sessões de Figura 2. Taxa de respostas (R/min) em escala logarítmica na fase de construção da história experimental (Hist - FR para S1, S2 e S3; DRL para S4, S5 e S6) e nas cinco últimas sessões do experimento. Ver mais detalhes no texto. (Figura construída especialmente para este capítulo com dados apresentados em Weiner, 1964, p. 384, Tabela 1). exposição ao FR, os participantes S1 e S3 emitiram, em média, 412 e 240 respostas por minuto. Na última sessão de FI, eles emitiam 64 e 55 respostas por minuto, res- pectivamente. Ou seja, depois de 15 horas de exposição ao FI, houve uma redução na taxa de respostas de aproximadamente 85% para S1 e de 77% para S2, em relação à li- Paulo Guerra Soares, Carlos Eduardo Costa 30 nha de base. Uma análise parecida também pode ser realizada para os participantes S5 e S6, que foram expostos à história de DRL. Durante as três últimas sessões do DRL, S5 e S6 emitiam, em média, três respostas por minuto. A taxa de respostas na última ses- são do FI foi de seis e nove respostas por minuto, respectivamente. Pode parecer pouca coisa, mas trata-se de um aumen- to na taxa de respostas de 100% para S5 e 200% para S6! DESDOBRAMENTOS Os resultados da pesquisa de Weiner (1964) sugerem evidências de que: (a) é es- sencial a análise da história de exposição a contingências passadas para a compreen- são do comportamento atual, assim como proposto por Skinner (1981), em analogia à seleção natural; (b) que os efeitos da história comportamental podem ser estudados em laboratório, desde que haja controle sobre a construção da história comportamental dos indivíduos (Sidman, 1960; Wanchisen, 1990). Especular sobre as influências da história de vida sobre o comportamento presente pode parecer óbvio. Todavia, como apontado anteriormente, o senso comum frequentemente negligencia a história com- portamental quando se propõe a explicar o porquê as pessoas se comportam da manei- ra como o fazem. Por exemplo, como um leigo, que não conhece a história compor- tamental dos indivíduos, explicaria o de- sempenho dos participantes da pesquisa de Weiner (1964) durante a fase de teste? Assim como no estudo de Simonassi et al. (1984), provavelmente o leigo utilizaria conceitos mentalistas, como “ansiosas”, “hiperativas” (para os participantes com história de expo- sição ao FR) ou “preguiçosas”, “depressivas” (para aqueles com história de exposição ao DRL), ignorando completamente a história comportamental dos participantes! A partir da pesquisa de Weiner (1964), diversos estudos foram conduzidos para analisar os efeitos da história de exposição a diferentes contingências históricas sobre o comportamento atual, manipulando variá- veis como controle de estímulos, reforçador empregado e custo da resposta, utilizando não-humanos (e.g. Cole, 2001; Doughty, Ci- rino, Mayfield, da Silva, Okouchi, & Lattal, 2005; Freeman & Lattal, 1992; LeFrancois & Metzger, 1993) e humanos (e.g. Costa, Ba- naco, Longarezi, Martins, Maciel, & Sudo, 2008; Costa, Soares & Ramos, 2012; Okou- chi, 2003a; 2003b; Soares, Costa, Cançado & Cirino, 2013). As pesquisas em laboratório sobre história comportamental tiveram desdo- bramentos interessantes, também, para a aplicação da Análise do Comportamento (como na clínica comportamental). Neste contexto, Marçal (2013) ressalta que Capítulo I | História Comportamental 31 “Por mais que um padrão compor- tamental esteja trazendo problemas a alguém, por mais que este alguém esteja insatisfeito com sua forma de agir, tal comportamento foi reforçado no passado em um ou mais contextos” (p. 41). Conhecer a história é conhecer o comportamento. Para que se possa compre- ender o comportamento atual do paciente, é imprescindível que se conheçam elementos de sua história de vida, e que estes elemen- tos possam ser relacionados às contingên- cias atuais. Portanto, para a condução de uma análise funcional do comportamento adequada, é necessária a análise sistemáti- ca da história do paciente. Todavia, é importante esclarecer alguns pontos. Em primeiro lugar, quan- do conversamos com um cliente não te- mos acesso a sua história. Temos acesso ao comportamento verbal que pode estar sob o controle da história, pode estar sob o con- trole da audiência (o terapeuta) ou ambos. Os estudos sobre história comportamental não nos dão uma ferramenta paraa atuação aplicada da Análise do Comportamento. As pesquisas empíricas sobre história compor- tamental nos permitem fazer especulações mais bem fundamentadas (i.e., baseadas em dados empíricos), mas que não passam de especulações, até que a intervenção seja feita e, eventualmente, o comportamento mude na direção “esperada” (pelas especu- lações). Isso não é pouco! Levantar hipóte- ses e especular com base em dados empí- ricos é mais do que muitas abordagens em Psicologia têm oferecido. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa de Weiner (1964) foi uma das primeiras tentativas de análise sistemá- tica do efeito de histórias comportamentais no laboratório. Seus resultados ressaltam a importância do papel da história comporta- mental na determinação do comportamen- to atual. Ao constatar este fato, o analista do comportamento deve tomar cuidado com dois pontos. Primeiramente, a história com- portamental – especialmente quando ela não é conhecida – não deve ser transforma- da em uma explicação genérica do compor- tamento ou, como ressalta Cirino (2001), em uma “lata de lixo” da Análise do Comporta- mento. Todo comportamento é explicado a partir das contingências às quais o indiví- duo foi exposto, mas para lançar mão desta explicação histórica o analista do compor- tamento deve conhecer a história e quais elementos desta história possuem relação com seu comportamento atual. Em segundo lugar, é importante não atribuir à história comportamental um efei- to definitivo e imutável sobre o compor- tamento atual (cf. Costa, Cirino, Cançado & Soares, 2009). Ainda que a explicação Behaviorista Radical seja essencialmente histórica, não podemos negligenciar o papel das contingências presentes. Uma análise Paulo Guerra Soares, Carlos Eduardo Costa 32 cautelosa dos resultados de Weiner (1964) ajuda a sustentar esta conclusão. Dois dos três participantes expostos à história de FR emitiram, na última sessão de FI, uma taxa de respostas mais baixa em relação à linha de base (Ver Figura 2, neste capítulo). Por isso, procuramos sempre lembrar: somos produtos da nossa história, mas não escra- vos dela! Essas análises demonstram que, de- finitivamente, não se pode negligenciar a contingência presente. A contingência de FI 10 s, programada por Weiner (1964) du- rante a fase teste, estabelece um desem- penho “ideal” de seis respostas por minuto (pois uma resposta a cada 10 segundos pro- duz reforço). Uma taxa média de respostas como as de S1 e S2 garantiam que muitos pontos fossem produzidos durante o FR, mas a grande maioria dessas respostas não produzia consequências programadas du- rante o FI, o que estabelece uma diminui- ção na taxa de respostas como algo desejá- vel. Durante o DRL, uma taxa média de três respostas por minuto (S4 e S5) garantia que os reforços continuassem a ser produzidos e que poucas perdas ocorressem. Contu- do, respostas emitidas durante o intervalo do FI não reiniciavam o intervalo como no DRL, o que estabelece um aumento na taxa de respostas como algo desejável. Os resul- tados de pesquisas posteriores sobre histó- ria comportamental (e.g., Freeman & Lattal, 1992; Soares et al., 2013) indicaram que o comportamento é produto da história, mas, gradualmente, fica sob controle das contin- gências presentes. Espera-se que o leitor possa ter com- preendido a importância da consideração dos eventos históricos sobre o comporta- mento atual e como o fenômeno pode ser estudado em laboratório. Dessa forma, des- taca-se um modelo causal (Skinner, 1981) que é uma alternativa a qualquer tipo de explicação mentalista/dualista. Quando queremos entender – e modificar – o com- portamento de um indivíduo, o primeiro passo, sem dúvida, é conhecer a sua histó- ria comportamental! PARA SABER MAIS Weiner (1969). Conjunto de cinco experi- mentos com humanos nos quais Weiner explora diferentes estratégias na constru- ção da história comportamental. Os deli- neamentos apresentados são em grupos ou com a exposição do mesmo participante a diferentes esquemas de reforço em fases sucessivas. Em linhas gerais, o artigo inves- tiga os determinantes do comportamento humano em um esquema de FI. O desem- penho de humanos neste esquema de re- forço foi a base de muita controvérsia sobre a diferença de humanos e não humanos se comportamento em esquemas de reforço. A ênfase de Weiner, é claro, é na importância da história comportamental. Freeman & Lattal (1992). Avaliação dos efeitos da história sobre o comportamento Capítulo I | História Comportamental 33 atual de pombos usando um delineamento no qual o sujeito é seu próprio controle (co- nhecido como Delineamento Experimental de Caso Único ou delineamento intrasujei- to). Nessa pesquisa, o mesmo organismo foi exposto a duas histórias comportamentais de maneira relativamente simultânea, sob diferentes controles de estímulo. O resulta- do geral, apontou que a história exerce efei- to sobre o comportamento atual, mas que esse efeito é transitório. Okouchi (2003b). Também utilizando um delineamento intrassujeito (esquemas de reforçamento múltiplo), com humanos, a pesquisa de Okouchi apontou que os efeitos da história ficam sob o controle de estímu- los e que esses efeitos podem se generalizar para outras situações semelhantes no pre- sente. Soares, Costa, Cançado, & Cirino (2013). Replicação sistemática da pesquisa de Fre- eman e Lattal (1992) com humanos. Os re- sultados corroboram o de outras pesquisas sugerindo que os efeitos da história ficam sob o controle de estímulos; são transitórios (embora possam ser de longa duração) e que a regularidade nos resultados de pesquisas com humanos em esquemas de reforça- mento depende do controle experimental, não requerendo, portanto, mudanças no modelo de causalidade quando falamos do comportamento humano e não humano. REFERÊNCIAS Aló, R. M. (2005). História de reforçamento. In J. Abreu-Rodrigues & M. R. Ribeiro (Eds.). Análise do comportamento: Pesquisa, teo- ria e aplicação (pp. 45-62). Porto Alegre: Artmed. Baum, W. M. (2006). Compreender o Beha- viorismo: comportamento, cultura e evolu- ção. Porto Alegre: ArtMed. Chiesa, M. (1994). Radical behaviorism: The philosophy and the Science. Boston: Autors Cooperative. Cirino, S. D. (2001). Detecção da história de reforçamento: Problemas metodológicos para lidar com a história passada. In H. J. Guilhardi, M. B. B. P. Madi, P. P. Queiroz & M. C. 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São Paulo: Martins Fontes (Originalmente publicado em 1953). Soares, P. G., Costa, C. E., Cançado, C. R. X., & Cirino, S. D. (2013). Controle de estímulos e história comportamental em humanos. Psicologia: Reflexão e Crítica, 26, p. 357-366. Souza Júnior, E. J., & Cirino, S. D. (2004) Es- quemas de reforçamento. In C. E. Costa, J. C. Luzia, & H. H. N. Sant’Anna (Orgs.), Primei- ros Passos em análise do comportamento e cognição. Vol. 2 (pp. 31-42). Santo André: ESETec. Wanchisen, B. A. (1990). Forgetting the les- sons of history. The Behavior Analyst, 13, 31-37. Weiner, H. (1964). Conditioning history and human fixed-interval performance. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 7, 383-385. Weiner, H. (1969). Controling human fixed- interval performance. Journal of the Expe- rimental Analysis of Behavior, 12, 349-373. Kennon A. Lattal 36 O cheque está no correio1, 2: investigando como o reforço atrasado afeta o desempenho Azzi, R., Fix, D. S. R., Keller, F. S., & Rocha e Silva, M. I. (1964). Exteroceptive control of response under delayed reinforcement. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 7, 159-162. “… um atraso do reforço não é um parâmetro estático no efeito de um reforço sobre o comportamento” (C. B. Ferster, 1953) Kennon A. Lattal West Virginia University Capítulo II | Atraso do Reforço 37 1 Tradução realizada por João Henrique de Almeida, Paulo Guerra Soa- res e Carlos Renato Xavier Cançado. O primeiro tradutor é bolsista de pós-doutorado FAPESP processo número 2014/01874-7. 2 Nota de tradução: “The check is in the mail” é uma expressão utilizada para indicar a um credor que um pagamento (ainda não realizado) será feito em breve. É uma situação em que o atraso de um reforço é, neces- sariamente, sinalizado (i.e., o pagamento ainda não foi recebido e seu recebimento é sinalizado pela expressão “o cheque está no correio”). 3 Nota de tradução: os termos “signaled”, “unsignaled”, “resetting” e “nonresetting” que qualificam atrasos do reforço foram traduzidos, res- pectivamente, como “sinalizados”, “não sinalizados”, “resetáveis” e “não resetáveis”. INTRODUÇÃO A ÁREA DE PES- QUISA E CONTEXTUALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO Atraso do reforço, mesmo em 1964, era uma questão de interesse de longa data na Psicologia da Aprendizagem (e.g., Kim- ble, 1961; Renner, 1964). Thorndike (1911) preparou o palco para investigações futu- ras, quando afirmou que “as respostas que eram acompanhadas ou seguidas de perto pela satisfação do animal” (p. 244) seriam fortalecidas. Foi deixado para outros explo- rarem os limites e as implicações da “pro- ximidade” temporal para a relação respos- ta-reforço. O tema geral foi explorado por todos os principais teóricos da aprendiza- gem que sucederam Thorndike. Guthrie (1935) enfatizou a importância fundamen- tal da contiguidade temporal entre eventos para a aprendizagem, mas ele nem era um teórico do reforçamento! Hull (1943) discu- tiu extensamente o problema do atraso do reforço em seu livro Princípios do Compor- tamento (Principles of Behavior), com ên- fase especial nos mecanismos responsáveis pela manutenção do comportamento sob condições de atraso do reforço (ver também Spence, 1947). O atraso do reforço também aparece como um problema de pesquisa no livro de Skinner (1938) O Comportamento dos Organismos. Diferentemente da tenta- tiva de Hull de inferir mecanismos teóricos subjacentes ao gradiente de atrasos do re- forço, a análise de Skinner foi, previsivel- mente, mais empírica. Os experimentos em que foram im- postos um atraso temporal entre a resposta que produz o reforço e a entrega desse re- forço são descritos em dois momentos em O Coportamento dos Organismos. Os atra- sos investigados por Skinner (1938) foram não-sinalizados, isto é, não houve mudança de estímulo que acompanhasse o intervalo do atraso. No primeiro experimento (des- crito nas pp. 73-74), uma resposta liberava “um pêndulo que acionava o comedouro no final do intervalo desejado”. Skinner (Figu- ra 6, p. 73) mostrou os dados de aquisição de oito ratos usando atrasos de 1-4 s com diferentes pares de ratos, e, com uma exce- ção, notou que foram comparáveis aos de aquisição com reforço imediato. Não está claro se estes atrasos eram reiniciados se as respostas subsequentes ocorressem du- rante o intervalo do atraso, mas parece que eles não foram, isto é, os atrasos foram não resetáveis3 (cf. Lattal & Gleeson, 1990). Ele afirmou que “[um] novo intervalo deve ser iniciado [quando ocorre uma segunda res- posta] ou a segunda resposta será reforçada rápido demais, mas isto significa que a pri- Kennon A. Lattal 38 meira resposta não seria reforçada” (p. 73). Seus comentários subsequentes sugeriram que ele não resolveu este problema neste primeiro experimento. Um pouco mais tarde no livro ele descreveu outros dois experimentos en- volvendo atraso do reforço. Ele começou repetindo o problema do procedimento já mencionado anteriormente: “Nenhum pla- nejamento foi feito para evitar a possivel coincidência de uma segunda resposta com um reforço atrasado” (Skinner, 1938, p. 138), tornando assim mais provável que o atraso obtido seria menor do que o atraso progra- mado. Ele também observou uma segunda dificuldade, relacionada com os ratos que mantinham a barra pressionada. O atraso começou com uma pressão a barra, mas às vezes a barra continuava a ser pressiona- da durante o atraso e era liberada no final do intervalo, levando Skinner a questionar se isso resultaria em reforço imediato ou atrasado. O equipamento utilizado neste experimento foi o mesmo utilizado no ex- perimento descrito acima mas, no entanto, ele apontou uma mudança: “o equipamen- to tem esta propriedade importante: se uma segunda resposta é feita durante o intervalo do atraso, a contagem do tempo recomeça, de modo que um intervalo completo deve decorrer novamente antes que o reforço ocorra” (p 139. ). Assim, em vez de um atraso não resetável, neste experimento os atrasos eram resetáveis, isto é , o intervalo do atra-so era reiniciado para cada resposta após aquela que iniciou o atraso. Utilizando este procedimento, os ratos foram condiciona- dos “da maneira usual” (p 140; presumivel- mente Skinner queria dizer com reforço imediato) para responder, por fim, em um esquema intervalo fixo (FI) 5 min. Após este treino, atrasos de 2, 4, 6 ou 8 s estavam em vigor com diferentes ratos por três sessões. As taxas de resposta foram reduzidas quan- do os atrasos estavam em vigor, sendo que com os dois atrasos mais curtos o respon- der foi menos reduzido em comparação aos dois mais longos. Em um experimento final sobre atraso do reforço, Skinner analisou os efeitos de várias mudanças no treino e na implementação dos atrasos. O principal desenvolvimento suse- quente na análise experimental do atraso do reforço foi a pesquisa de Ferster (1953). A maioria dos teóricos de aprendizagem, incluindo Skinner, focaram os efeitos pre- judiciais do atraso do reforço sobre a apren- dizagem e o desempenho. Ferster inverteu a questão e perguntou se seria possível man- ter o comportamento apesar da presença de um atraso entre o reforço e a resposta que o produziu. Ele conduziu uma série de expe- rimentos com pombos em que ele primei- ro mantinha a resposta de bicar (bicar um pequeno disco de plástico) com esquemas de reforço intervalo variável (VI). Com essa linha de base, em seu primeiro e segundo experimentos, atrasos sinalizados por bla- ckouts4 da câmara experimental ocorreram 4 Nota de tradução: Termo mantido como no original. O termo é utiliza- do para descrever situações em que as luzes da câmara experimental, e até mesmo aquelas que iluminam os discos de resposta, são apagadas. Capítulo II | Atraso do Reforço 39 entre o reforço e a resposta que o produziu. Os blackouts foram utilizados “para evitar S de respondesse” (p. 219), aproveitando-se do fato de que pombos normalmente não bi- cam os discos de resposta quando a caixa e o disco estão apagados. Claro, apagar as lu- zes da caixa era uma consequência imedia- ta da resposta, fazendo com que o blackout funcionasse como um estímulo, em última análise correlacionado com a liberação do reforço. Como resultado, o atraso do reforço covariou com a potencial função reforçado- ra condicionada do blackout. Esta covaria- ção permite questionar esse experimento, e todos os experimentos envolvendo atrasos sinalizados do reforço, como um teste dos efeitos de um atraso do reforço”puro” sobre o responder. Em seu primeiro experimento, Ferster observou que atrasos de 60 s cau- saram uma “pequena queda” na taxas de respostas, mas sob atrasos de 120 s, a taxa de respostas caiu para cerca da metade de seu valor quando o reforços imediatos eram utilizados. Em seu segundo experimento, Ferster tentou manter altas taxas de res- posta introduzindo os atrasos gradualmen- te, aumentando a sua duração de 1 a 60 s ao longo de um período de treino de 90 hr. Ele relatou que “os três Ss que mantiveram as taxas normais de resposta sob 60 s de atra- so foram mantidos no mesmo procedimen- to por várias centenas de horas cada. Eles não exibiram nenhuma tendência de desa- celeração” (p. 222). O responder do quar- to pombo não foi mantido, de acordo com Ferster, porque os atrasos “foram aumen- tados muito rapidamente.” (p. 222). Ele não apresentou dados quantitativos na descri- ção de seus experimentos, baseando-se, ao invés disso, em descrições verbais do que aconteceu, apoiadas apenas por alguns re- gistros cumulativos dos desempenhos dos pombos. Estas duas linhas de pesquisa (Skin- ner, 1938; e Ferster, 1953) fornecem o con- texto para o tema deste capítulo: o experi- mento de Azzi, Fix, Rocha e Silva e Keller (1964). Uma parte importante da história por trás do experimento de Azzi et al. é caso de amor de Fred Keller com o Brasil, que co- meçou com a sua chegada como Fulbright Teaching Fellow na Universidade de São Paulo no início de 1961. Foi nomeado como seu assistente de pesquisa Rodolpho Azzi, que aparece com Keller e outros pesquisa- dores e pesquisadoras do Brasil na Figura 1. Sobre Azzi, Keller (2008) afirmou: “Ele rapidamente se tornou meu con- selheiro e guia, ele meatualizava com tudo o que eu deveria saber sobre os meus alunos, membros do corpo do- cente e funcionários da administra- ção. Ele me ajudou a responder a per- guntas, escrever relatórios, e avaliar o progresso dos meus alunos. Ele me preparou para reuniões importantes, me informava sobre novos desenvolvi- mentos, e me protegeu de incômodos de qualquer tipo.” (p. 248) Kennon A. Lattal 40 Logo depois que Keller começou a le- cionar, ele recebeu uma entrega de equipa- mento de pesquisa que ele havia adquirido da compania Grason-Stadler em Waltham, Massachussetts. Ele se lembrou de que o equipamento “... não veio com as instruções, por isso tivemos de determinar como fun- cionava por tentativa e erro. Rodol- fo [sic] [Azzi] e eu, juntamente com Mario Guidi, um estudante em nosso curso, trabalhamos durante dias an- tes de finalmente descobrirmos como automatizar um estudo longo sobre os efeitos de diferentes atrasos do re- forço sobre a resposta de pressionar a barra de três ratos brancos (nomea- dos de Alpha, Beta e Gamma por Ro- dolfo [sic]). Os resultados foram pu- blicados mais tarde no Journal of the Experimental Analysis of Behavior” (Keller, 2008, p. 250). Podemos apenas especular sobre o porquê atraso do reforço foi o tema da pri- meira pesquisa publicada no Journal of the Experimental Analysis of Behavior com um primeiro autor brasileiro (Azzi). Vamos voltar para o segundo experimento relata- do por Skinner com atraso de reforço em O Comportamento dos Organismos. Lem- bre-se que ele usou um procedimento de atraso resetável, em que cada resposta que ocorresse após aquela que deu início ao atraso reiniciava o intervalo do atraso. Ele usou um procedimento semelhante para reduzir o responder em altas taxas [“nenhu- ma resposta foi reforçada se fosse precedi- da, no prazo de quinze segundos, por outra resposta” (p. 306)], dando assim origem ao esquema de reforçamento diferencial de taxas baixas (DRL). Wilson e Keller (1953), posteriormente, estudaram os efeitos de es- quemas DRL sobre a pressão à barra de ra- tos sob uma série de valores do “atraso” (i.e., os valores do DRL). O experimento Wilson e Keller nasceu de uma demonstração ini- cial do que era basicamente um esquema de reforçamento diferencial de outros com- portamentos (DRO), em que o início de um período de SD ocorreu somente se não hou- vesse resposta no período S-delta imedia- tamente anterior por um período de tempo especificado (cf. Skinner, 1938, p. 161). Uma contingência de atraso de reforço resetável é essencialmente um esquema DRL sem a resposta requerida no fim do intervalo, Figura 1. Rodolpho Azzi, Fred Keller, Maria Amélia Matos, Carolina Martuscelli Bori, e Andrés Aguirre (da esquerda para a direita) com equipamentos, Dezembro de 1961. Capítulo II | Atraso do Reforço 41 e um esquema DRO é essencialmente um procedimento de atraso resetável, mas sem a exigência de uma resposta para iniciar cada intervalo do DRO (os reforços ocor- rem desde que a resposta alvo não ocorra; se uma resposta alvo ocorrer, ela reinicia o intervalo do DRO). Combine todas essas ideias, adicione o fato de que Ferster (um dos alunos de doutorado de Keller em Co- lumbia) tinha estudado previamente os efeitos de atrasos sinalizados do reforço e, voilà, os procedimentos utilizados por Azzi et al. (1964) emergem. Não podemos saber com precisão como a ideia para o experi- mento foi desenvolvida mas, certamente, e sem surpresa, pode ser intimamente ligada a alguns dos trabalhos anteriores de Kellere seus alunos na Universidade de Columbia. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO Objetivo e Método Azzi et al. (1964) buscaram fazer duas coisas: (a) investigar o responder operante sob condições em que o intervalo entre o reforçador e a resposta que o produzia era variado e (b) comparar condições em que o atraso fosse acompanhado por uma mu- dança nos estímulos (um estímulo que o sinalizasse) ou ocorresse sem qualquer mu- dança durante o intervalo do atraso (não sinalizado). Assim, o experimento era ba- sicamente uma comparação de duas con- dições diferentes – atrasos do reforço não sinalizados e sinalizados – que tinham sido observados em experimentos diferentes conduzidos, respectivamente, por Skinner (1938) e Ferster (1953). Para isso, três ratos foram incial- mente treinados a pressionar uma barra em um esquema de razão fixa (FR) 1, em que o reforçado era acesso à água. Parece razoável assumir que neste tempo nem pelotas de comida usadas com os ratos em muitos dos experimentos de Skinner e outros, nem tão pouco os meios para liberar essas pelotas – i.e., um comedouro – estavam disponíveis no Brasil. Água era fácil de obter e Keller tinha trazido consigo o que ele chamou de um “Brenner dipper”5 para liberação de água como reforços. Após o treino inicial, “dentro de uma câmara com a iluminação reduzida, cada [rato] foi exposto sucessiva- mente a atrasos do reforço de 1; 3; 5; 7,5; 10; 15; e 20 s[egundos], nesta ordem, com um total de 150 reforços em cada atraso” (Azzi et al., 1964, p. 159). O esquema de reforço então era, tecnicamente falando, um tan- dem FR 1 DRO t-s, em que t correspondia a um dos valores de atraso apresentados aci- ma. Um esquema tandem (a palavra latina para “um logo após o outro”) é idêntico a um esquema de reforço encadeado em que dois ou mais componentes do esquema preci- sam ser finalizados em uma sequência fixa para que o reforço ocorra; no entanto, em um esquema encadeado cada componen- te é associado com um estímulo diferente, 5 Nota de tradução: Um dipper é uma espécie de bebedouro; o equipa- mento geralmente consiste em uma haste com um recipiente côncavo na ponta que, quando mergulhado em um líquido, retém parte do mes- mo. O líquido então pode ser apresentado ao animal movimentando-se a haste até alguma parte da câmara experimental. Kennon A. Lattal 42 mas no esquema tandem o estímulo as- sociado com cada componente é idêntico. No procedimento de Azzi et al. (1964), cada atraso reiniciava se uma resposta ocorresse durante o intervalo do atraso (um atraso re- setável), e não havia nenhuma mudança no estímulo durante o período de atraso. Em seguida, foram realizadas várias manipula- ções das durações do atraso para dos dois dos ratos. O terceiro rato aparentemente foi exposto somente a um esquema DRL 20 s com reforços imediatos. Assim como na primeira, na segunda parte do experimen- to o esquema de reforço em vigor tecnica- mente era um tandem FR1 DRO ts, em que t era 20 por dez dias, seguido por seis dias com t=30s. Durante a metade de cada ses- são, “cada animal trabalhou em uma câma- ra com a iluminação reduzida” (p.160). Du- rante a outra metade, no entanto, “ausência de iluminação (escuridão) estava em vigor durante cada intervalo do atraso… cada vez que uma resposta de pressão à barra ocor- ria, a luz da caixa era desligada (p.160, itáli- cos originais) e não voltava a ser ligada até que o reforço tivesse sido liberado. Pressões à barra na câmara sem iluminação aumen- tavam o período sem iluminação até que a duração do atraso terminasse e o reforço fosse liberado. Assim, na segunda parte do experimento, foram comparados um inter- valo do atraso correlacionado com a pre- sença e com a ausência de uma mudança nos estímulos. Resultados e Discussão Houve dois achados principais. O responder mantido sob um esquema tan- dem FR1 DRO ts foi uma função negativa- mente desacelerada da duração do atraso. Ou seja, a taxa de respostas caiu precipita- damente quando o atraso aumentou de 1 a 10 s, mas atingiu a assíntota naquele ponto, não caindo mais quando aos atrasos dura- vam 15 ou 20 s. Essa relação é chamada de gradiente de atraso do reforço, e é caracte- rística da relação entre as medidas de uma resposta e a duração do atraso em uma am- pla variedade de atrasos do reforço e parâ- metros do esquema de reforço (cf. Lattal, 2010). Escurecer a câmara durante o atraso “produziu um efeito considerável, regula- rizando e aumentando a taxa de respostas [relativo aquela observada na condição de atraso não sinalizado] em quase todos os casos” (Azzi et al., 1964, p. 160). A discussão considerou o papel do comportamento mediador em manter o res- ponder durante o atraso, uma observação feita anteriormente por Ferster (1953). No que subsequentemente se tornou uma aná- lise padrão, a mudança de estímulos (em atrasos sinalizados dos reforços) é entendi- da como um reforçador condicionado que mantém as respostas que a produziram. Isto ainda é uma interpretação comum do papel do estímulo que sinaliza o atraso em pro- cedimentos de atrasos sinalizados do refor- ço. Essa interpretação, no entanto, tem sido questionada recentemente interpretando- -se a mudança de estímulos como tendo Capítulo II | Atraso do Reforço 43 função de ligação ou marcação do atraso (e.g., Williams, 1991), ao invés de fortalecer o comportamento que a precede. DESDOBRAMENTOS Ambos os resultados do experimen- to qualificam Azzi et al. (1964) como um ex- perimento seminal no estudo do atraso do reforço. Os gradientes de atraso do reforço apresentados por Azzi et al. (1964) tem sido replicados quando diferentes esquemas de reforço têm sido usados para manter o responder (Elcoro & Lattal, 2011, FI; Jarmo- lowicz & Lattal, 2013, FR; Richards, 1981, DRL e VI; Sizemore & Lattal, 1978, VI) e com uma variação mais ampla de valores de atraso (Pierce, Hanford, & Zimmerman, 1972; Richards, 1981; Sizemore & Lattal, 1978). Azzi et al. também anteciparam vá- rias comparações subsequentes de atra- so do reforço sinalizado e não sinalizado, com mais ou menos os mesmos resultados: atrasos sinalizados mantem um responder mais robusto do que os não sinalizados (Ri- chards, 1981). Uma característica particu- larmente interessante de Azzi et al. é que as comparações dos atrasos do reforço si- nalizados e não sinalizados foram intras- sujeitos. Eles são os primeiros a comparar simultaneamente (intrassessão) os efeitos dos atrasos do reforço sinalizados e não si- nalizados (cf. Lattal, 1984; Lattal & Ziegler, 1982; Richards, 1981). Muito depois de Azzi et al., Reilly e Lattal (2004) desenvolveram um método para obter gradientes de atraso do reforço intrassujeitos durante uma úni- ca sessão. Eles mantiveram o responder sob um esquema VI e, no início de cada sessão, programaram um atraso curto antes que um reforço fosse disponibilizado. Cada re- forço subsequente foi disponibilizado após um atraso progressivamente maior. O experimento de Azzi et al. (1964) foi conduzido na tradição da Universidade de Columbia de conduzir análises paramé- tricas sistemáticas das variáveis controla- doras do comportamento. Nesse caso, as durações do atraso foram manipuladas em condições sucessivas. Como não havia um retorno à linha de base entre os aumentos sucessivos nos valores dos atrasos, atrasos subsequentes eram impostos sob taxas va- riáveis de respostas entre manipulações, com efeitos desconhecidos sobre o gradien- te de atraso do reforço. Esses gradientes de atraso do reforço, no entanto, são um tanto similares em sua forma aqueles obtidos com pressões à barra de ratos ou bicar de disco de pombos mantidos sob outros esquemas de reforço (Elcoro & Lattal, 2011; Pierce, et al., 1972; Richards, 1981;
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