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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/319911137 Metacontingencia - comportamento, cultura e sociedade. Book · January 2005 CITATIONS 15 READS 42 3 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Self-control as control by organism-environment interactions. View project History of Behavior Analysis in Brazil View project Joao CLAUDIO Todorov University of Brasília 152 PUBLICATIONS 992 CITATIONS SEE PROFILE Ricardo Correa Martone 7 PUBLICATIONS 49 CITATIONS SEE PROFILE Marcio Borges Moreira Centro Universitário de Brasília 29 PUBLICATIONS 70 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Joao CLAUDIO Todorov on 19 September 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file. www.facebook.com/groups/livrosparadownload www.jspsi.blogspot.com Metacontingências: comportamento, cultura e sociedade CapyfightS cfcisffl oetsáa- L S E le c b d lio te s A sso cia d o s. Sitnlp Ajii:< f. 20W>. tOdC-% l» Ctfe*túS HKofVjnxj* Todorov: Joào Cláudio, et al Metacontingências: comportamento, cultura o sodedade - Org. J.C. Todorov. R. C. Martone, M B. Moreira. 1-ed Santo André. SP: ESETec Editores Associados. 2005. 171 p. 14 x21 cm l Psicologia do Comportamento e Cognição 2. Análise do Comportamento CDD155 2 CDU 159.9.019.4 ISBN 85 - 88303 -61 -2 ESETec Editores Associados Solicitação de exemplares. comorcial@esetec com. br wyvw.esetec.com.br Tel/fax: (11)4438-6866 Metacontingências: comportamento, cultura e sociedade João Cláudio Todorov Ricardo Corrêa Martone Márcio Borges Moreira Organizadores ESETec Christian Vichi Fundação Universidade Federal do Valo do São Francisco Gisele Carneiro Campos Pereira Universidade de Brasilia João Cláudio Todorov Instituto de Educação Superior de Brasilia Universidade Católica de Goiás Maisa Moreira Universidade de Brasília Mara Regina A. Prudéncio Universidade de Brasília Márcio Borges M oieira Instituto de Educação Superior de Brasilia Maria Amalia Pie Abib Andery Pontifícia Universidade Católica do São Paulo Agradecim entos ASguAs cnpttuk» oeste livro foram originalmente pwVicudos cm outros veículos do divulgação cientifica. Estamos graxjs aos veiculas c fc a d o s a lx iix o o ^ g e rtil autorização para a publicação <io3 segut^e» o rtç r» Capitulo 02: Glenn, S.S (15)86) M citoontingcntim in Waltfon Two Pohimtyai Angtya/s antf Soc/a( Action, 5 ,2-fl PiibíincJo ccen a autorcaçüo do fks'.#vk\rifís for Social Responsibility. C apítulo. 03: Todorov J. C . {1087). A Constituição como M ot&cont.-<j*icla. Pstcofoçta: C & nc i£» 9 Profissão, 7 9 - 13 C apitu lo 04: Todorov. J. C. e V o re ra . M . (200-1). A^Alse expdf.mentól oo comoofiamemo e sociedade: um novo foco c * estudo. P&cotogta: R efíexáo e Crítica. 1 7 .25-2« C apftu lo 05: foCoroV, J. C .. Moreira. M . Prudênao M R. A. &. Pereira, G. C . C. <2CC4) O E*tatuto da Scianvj o do Adolescente como motacroilingôocia l r M 7. S BrsndttO, F- C. S Cor.ln. F. S. Brandão. Y. K. irgbM m an. V I M Silva A S. M. Oliani (fids.) Sobre comportamento o cognição contingências 0 m oincoringèncías. contextos sócio-VWbais 9 0 com podamootodo terapeuta. Siinto Andié' fcSETea C apitu lo 00; Todorov. J C . Moreira. M 8 & M orara. M (20IMJ. M otaconl'igonoes <neilock*>: a id unrelated conlhtjencios In T. C. C. Gra&si (Org J. Contemporary chaUenyes m ttto ben auow i approach Santo A rdré . -SET&c. C a p itu lo 09; Glonn, S .S & M alott, M . {2 0 0 4 ) Complexity and Selection lmpllcullo>i3 foi O rganizational Change Bvrm viut and S o d a i issues. 13. 8 5 -106 Puhllcudo corn a autorfcaçSo 0 0 8etiavforists- for SotíaJ ReaponslbMiy. C apitu lo 10: P.lartone, R.C , & Todorov J.C. (2005) Sobr« ■Compltfxidmfoe ftnloçflo iaiplicaçícR »ara inudnnçii o rg an izac io n a l' oe G lenn e M alo l! Rttvísia BratW aira do Tntnpin Camfxxlanientuf t: CttgrJtivx C a p itu lo ll: Andnry, M A . Mirh<*l«3lo, N , &S6 ro . T M (2005) A noálise do íonftmuno» sociais- eso nçív ido um a proposto paro a idontlficaçÃo do corn ingércín» «r.tm taçDdas e •netacortigénda-s Rev<ste Bras.'>era be Anáitee do Comportamento (no piolo) C apttulo1 2 : Ancery M A . & Séoo. T.M ( l í '9 7 ) O conceito 0 0 m otacontirrtf-rci#*. J-.tlnal a veina conongônciace retorçamento e Hftrtlcfente? R B arreo , (Cry i Sot«« com coitarr^ilo e C0 9 .11Ç&0 . Santo Andnô. ARBytea-' ESETec (pp. 108-116) |r>o prelo) Maria E. Maltot Mafíot & Associates Nilza Micheletto Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Ricardo Corrôa Martone Instituto de F.tíucação Superior de Brasília Universidade de Brasilia Roberto Alves Banaco Pontifícia Universidade Catótica de São Pauto Sigrid S. Glenn University of North Texas Tereza M aria de A ze v e d o P ires Sério Pontifícia Universidade Católica de São Pauto II.SB - Inxiitulo dc rdurH<2u Sii|Kito> tfr lii jtiliu Ti|Wi <lí Document»: DaU: Livro 04AHV200? A<| iiiklçAo rrocedéncm ' Curto: Píívolo^ a l.iKalwuçio: *iul Preçn: RS 25.50 Sumário Prefácio.....................................................................................................7 Capítulo 1 Os fins e os meios de uma Ciência do C om portam ento............ 9 Márcio Borges Moreira, Ricardo Corrêa Martorie, Joào Cláudio Todorov Capitulo 2 Metacontingéncias em W alden D ois ................................................. 13 Sigrid Glenn Capitulo 3 A Constituição como Metaconlingência.......................................... 29 João Cláudio Todorov Capitulo 4 A n á lise E x p e rim e n ta l do C o m p o rta m e n to e S ociedade: um novo foco de e s tu d o ....................................................................... 37 João Cláudio Todorov, Maísa Moreira Capitulo 5 Um estudo de Contingências e Metacontingéncias no Estatuto da Criança e do A dolescente..................................................................... 45 Joào Cláudio Todorov. Maisa Moreira, Mara Regina A Prudêncio. Gisele Carneiro Campos Pereira Capitulo 6 Contingências Entrelaçadas e Contingências Não-Relacionadas 55 João Cláudio Todorov, Márcio Borges Moreira. Maísa Moreira Capitulo 7 Comportamento Social: A Imprensa como agência e ferramenta de controle s o c ia l....................................................................................61 Ricardo Corrêa Martone, Roberto Alves Banaco Capitulo 8 Igualdade ou Desigualdade: Manipulando um análogo experimental de prática cultural em laboratório.......................................................81 Christian Vichi Capítulo 9 Complexidade e Seleção: Implicações para a mudança organizacional...101 Sigrid S. Glenn, Maria E. Mallot Capitulo 10 Comentários sobre ‘Complexidade e seleção: implicações para mudança organizacional' de Glenn e Malott (2004)......................................... 121 Ricardo Corrêa Martone, João Cláudio Todorov Capitulo 11 A a n á lis e d e fe n ô m e n o s so c ia is : e s b o ç a n d o u m a p ro p o s ta p ara a id e n tific a ç ã o d e c o n tin g ê n c ia s e n tre la ç a d a s e m eta- c o n tig ê n c ia s .............................................................................................129 Maria Amalia P. A. Andery. Nilza Michetetto, Teresa M. dc Azevedo Pires Sério Capitulo 12 O co nce ito d e m etacon tlng ô n c ias : a fina l, a ve lha co n tin g ên c ia de re fo rçam ento é in s u fic ie n te ? ................................................... 149 Maria Amalia P. A. Andery, Teresa M. do Azevedo Pires Sério Capitulo 13 Introdução ao estudo deMetacontingéncias Márcio Borges Moreira 161 Prefácio Já há algum tempo queríamos publicar um livro com artigos exclusi vamente sobre metacontingèncias e questões sociais uma vez que os as pectos sociais e culturais do ser humano vèm ganhando, desde a década de 80. um relativo espaço nas publicações em Análise do Comportamento. Não como un> novo foco de estudo, mas como uma retomada do projeto original de B.F. Skinner, explicitado na terceira parte de Ciência e Compor tamento Humano e em tantas outras obras de sua autoria. No presente livro o leitor encontrará uma compilação de alguns tra balhos de autores brasileiros sobre o assunto, trazendo alguns trabalhos já publicados em outros veiculos de divulgação e outros inéditos. Além das publicações de autores brasileiros o livro também apresen ta traduções de dois outros importantes artigos de autores norte-america nos: Metacontingèncias em Walden Dois, publicado em 1986 e do autoria de Sigrid Glenn. considerado o artigo seminal sobre Metacontingèncias: e Com plexidade e Seleção: Implicações para a Mudança Organizacional, de auto ria de Sigrid Glenn e Maria Mallot. O primeiro destaca-se por sua importância histórica e pelo mérito de retomar o interesse, de forma explicita, pelos as pectos sociais do comportamento humano O segundo dostaca-se pela atu alidade e pelas vividas discussões geradas recentemente ao ser publicado no periódico Behavior and Social Issu&s {2004, vol.13). Os trabalhos apresentados neste livro versam, de forma geral, so bre a pertinência, relevância e definição do que tem sido discutido sob a alcunha de Metacontingència em Análise do Comportamento. Diversos aspectos do assunto são abordados com maior ou menor ênfase em cada texto (e.g. metodologia, definição, aplicabilidade, interpretações de acon tecimentos recentes, como os "atentados terroristas" de 11 de setembro, á luz do concoito, dentre outros). O presente trabalho surge, também, em um momento muito oportu no. pois seu lançamento ocorre concomitantemente á realização de um evento que. certamente, constituir-se-á em um marco histórico nos estu dos sobro Metacontingèncias: Think Tank on M etacon lfngenc ics and C u ltu ra l Ana lys ls , que ocorrerá em agosto de 2005, em Campinas, e con tará com a participação de 16 importantes nomes da Análise do Comporta mento brasileira o mundial com o intuito de abordar quatro questões funda mentais: 1 Quais são as opções que temos para caminharmos em d i r e to a estu dos observacionais ou ao menos podermos empreender modestos tra balhos experimentais, a partir de um trabalho que tem se caracterizado pela interpretação? 2. Quais são os caminhos para uma ação efetiva em direção à mudança cultural? 3. Como o instrumental teórico da análise do comportamento pode auxiliar na compreensão dos fenômenos sócio-culturais? 4. Quais são os caminhos para que possamos estabelecer interface com outras áreas do conhecimento? Recomendamos ao leitor que entra em contato com este assunto pela primeira vez, através desse livro, que comece sua leitura pelo Capitulo 13. Este capítulo é uma introdução ao conceito de metacontingência elabo rado em forma de instrução programada, uma tecnologia de ensino bastan te utilizada em décadas passadas, sobretudo por analistas do comporta mento, para aumentar ou refinar o repertório verbal de seus alunos. João Cláudio Todorov Ricardo Corrêa Martone Márcio Borges Moreira Agosto/2005 Os fins e os meios de uma Ciência do Comportamento Márcio Borges Moreira Ricardo Corrêa Martone João Cláudio Todorov O comportamento social pode ser definido como o comportnmento de duas ou mais pessoas em relação a uma outra ou em conjunto em relação ao ambiente comum. Com frequência se argumenta que é diferente do comportamento individual e que há situações sociais' e ‘forças sociais ' que não podem ser descritas na linguagem da ciência natural. Diz-se que requer uma disciplina especial denominada 'ciên cia social' por causa dessa aparente ruptura na continuidade da na tureza. Há, é claro, muitos fatos referentes a governos, guerras, mi grações. condições econômicas, procedimentos culturais, etc. - que nunca se prestariam a estudo se as pessoas não se juntassem e se comportassem em grupos, mas ainda assim continua a questão de se saber se os dados básicos são fundamentalmente diferentes. Aqui nos interessamos (>elos métodos das ciências naturais como os vi mos funcionando na Fistca, na Química, na Biologia, e com os ter mos aplicados ao campo do comportamento. Até onde nos levaráo no estudo do comportamento de grupos?" (Skinner. 1953/2000. p. 325). É desta forma que Skinner inicia a quarta seção de Ciência e Com portamento Humano (C&Chf), seção esta intitulada: "O Comportamento das pessoas em grupo". C&CH. que foi escrito em 1953 e é considerado por muitos a 'bíblia" da Análise do Comportamento, é, sem dúvida uma obra de reíorència fundamental. Esta quarta seção é composta pelos capítulos ‘ Com portamento social”, "Controle pessoal* e "Controle pelo grupo*. A quinta seçáo se intitula "Agências controladoras", fazendo referência em capítu os distintos a 'Governo e lei’ , "Religião", 'Psicoterapia", “Controlo econômico", e “Educação". Por fim, a ultima seção. Intitulada “O controle do comporta mento humano", versa sobre "Cultura e controle”, "Planejamento de uma cultura" e *0 problema do controle". Praticamente um terço de Ciência o Comportamento Humano é dedicado ao comportamento do indivíduo inse rido em um contexto sóao-cultural. 10 M a r a o B o rg o n fA ifattti, R ic u td o C a rrA c M a r u n * . J o i » O a j c J ' j T g o o io v Ainda antes da publicação de C&CH, em 1948. Skinner publica Walden Two, uma obra definida, pelo próprio Skinner. desta forma: "Minha novela utopista... publicada há quarenta anos foi uma anteci pação ficc io n a l daquilo que veto a se r cham ado análise comportamental aplicada Ela descreve uma comunidade em que instituições governamentais, religiosas e capitalistas sào substituí das por controle face a face. Os novos membros começam seguindo regras simples, com o auxilio de instruções e aconselhamento, e seu comportamento é logo posto sob o controle de contingências soci ais cuidadosamente planejadas .. Como todas as utopias, Walden Two tenta resolver os problemas da cultura, todos de uma vez e não um a um. Ê provável que não consigamos nos direcionar para esse lipo de mundo melhor, mas, penso eu, é valioso té-lo como um modelo.'(Skinner, 1989/1991, p. 115, grifo nosso). Vemos claramente neste trecho a preocupação de Skinner em forjar uma ciência do comportamento cujo objetivo maior seria o planejamento cultural.Ao longo de sua produtiva carreira Skinner publicou várias obras, como Frvedom and the control o fm en (1955), The design ofcultures {1961), The design o f experimental communities (1968), 8eyond freedom anddignity (1971) e Reflections on behaviorism and socie ty (1978) Upon Furlher Refíection (1987) que expressavam sua preocupação com o planejamento cultural e exploravam idéias acerca de "como a ciência pode ajudar?’ . Mesmo tendo sido o planejamento cultural, norteado por uma ciência do comportamento, tantas e tantas vezes ressaltado por Skinner. este aspecto do comportamento humano parece ter sido relegado a um segundo plano den tro da própria Análise Experimental do Comportamento. Como ressaltado pelo próprio Skinner. “é o indivíduo que se comporta. O problema apresentado pelo grupo maior ó explicar por que os indivíduos se comportam juntos." (Skinner. 1953/2000, p. 340). Mesmo olhando para o grupo, o foco principal sempre será o indivíduo, mas será que existe algo mais a ser considerado quando o ambi ente do individuo é um grupo social? A resposta a esta pergunta ainda é con troversa.mas. graças a Sigrid Glenn (1986) esta pergunta tem. pelo menos, sido feita por alguns analistas do comportamento. Sigrid Glenn (1986) trouxe o assunto à tona com o conceito do m etacontingênc ia , de fin ida por e la com o con tingênc ias ind iv idua is entrelaçadas {bterlocking em inglês, no original), em que todas elas juntas produzem um mesmo resultado a longo prazo. Metacontingèncias envol vem contingências socialmente determinadas. O elo de comportamentos individuais em uma metacontingência é a conseqüência a longo prazo que afeta toda a sociedade (ou grupo de pessoas). É verdade que ainda há muito o que aprender sobre o comportamen to do individuo. ainda temos muito o que aprender sobre o comportamento dos nossos tão conhecidos sujeitos experimentais náo-humanos (ratos e pombos) e, de importância fundamental, temos que aprender ainda muito mais sobro comportamento verbal. No entanto, não é verdade que o conhe cimento produzido até o momento em Análise Experimental do Comporta mento não seja suficiente para que haja, entre os analistas do comportamen to. tentativas de a lçar vôos maiores, mesmo que inicialmente apenas W nt»»ci«tlirí)êf*sM *: o ^ n p o ta iru M rio . c l <Ij t a « v j i in d m j« 11 especulativos - no bom sentido da palavra - no intuito de analisar e compre ender fenômenos culturais (o terceiro nível de seleção pelas consequências). Questões de amplo interesse social, e que resgatam a responsabili dade social proposta por Skinner desde os primórdios de sua carreira, têm sido abordadas recentemente por vérios analistas do comportamento. Siste mas sócio-econômicos (Kunkel, 1991; Lama!. 1991; Rakos. 1991; Rakos. 1989), política (Goldstein & Pennypacker, 1998; Lamal & Groenspoon, 1992: Todorov, 1987). educação (Greenspoon, 1991), políticas públicas (Hovell, Wahlgren & Russos, 1997; Mattaini & Magnabosco, 1997), sistemas peniten ciários {Ellis. 1991), e o controle do comportamento por intermédio da infor mação (Guerin. 1992; Martone, 2003; Rakos. 1993) são alguns dos temas estudados por alguns (ainda muito poucos!) analistas do comportamento. Vale ressaltar também o brilhante esforço de alguns autores que vôm desen volvendo teoricamente o conceito, discutindo sua pertinência, suas implica ções metodológicas e a necessidade de construir parâmetros para que se possa de lato caminhar rumo à sua aplicabilidade (Andery & Sério, 1999; Glenn. 1991; Todorov. Moreira & Moreira, 2004). Desenvolver ainda mais os temas apontados acima e tantos outros que podem e devem ser alcançados por uma ciência do comportamento é de importância fundamental no mundo atual, sobretudo quando deparamo- nos com problemas que á primeira vista nos parece não existir qualquer solução a médio prazo. O recrudesci mento do terrorismo em muitas partes do mundo e a extrema pobreza observada em muilos paises são alguns dos problemas que não dependem somente de 'vontade política*. Necessi tamos cada vez mais de mudanças, mudanças estas que de fato produzam efeitos duradouros e que beneficiem o maior número de pessoas possível. Temos ainda um longo caminho! Referências Bibliográficas Andery. í/i.A,, & Sério. T.M (1999). O conceito de metacontingôndas: afinal, a velha contingência de reforçamento é suficiente? Em R A. Baraço (org) Sobre Comportamento e Cogniçào: aspectos teóricos, metodológicoa e de formação cm análise do comportamento e terapia cognttivista. (2a. edição) Santo André: ESETec. pp 106-116 Ellis, J. (1991). Conlingencies and Metacontingenc«es in Correctional Settinga. Em P Lamal (org.) Behavior Anatysis o f Socleties and Cultural Practices. New York. Hemisphere Publishing Corporation, pp. 201-217. Glenn. S. S. (1986) Metaconlingencles in Walden Two Behavior Anatysis and Sociai Actíon, 5. 2-8. Glenn, S.S. (1991). Contirxjencies and Motacontingencles. Relattons among Behavioral, Cultural, and Biotogical Evolution. Em P A Lamal (org ) Bohavioral Anatysis of Societies and Cultural Practices. New York: Hemispíiero PuWishing Corporation, pp. 39-73. 12 Mârdo Buck's Mirara. 'Ucfttfc Cor*» Matona. .-Jtko ClÓUiftO Todiyov Goldstein, M , & Pennypacker. H. (1998). Front Candidate to Crimina!: The Contingencies of Corruption In Elected Public Office. Behavior and Social Issues. 8, 1-8. Greenspoon. J. (1991). Behavior Analysis In Higher Education. Em P. Lamal (org.) Behavior Analysis o f Societies and Cultural Practices. New York: Hemisphere Publishing Corporation, pp. 141-164. Guerin B. (1992) Behavior Analysis and the Social Construction of Knowledge. American Psychologist. 47. 1423-1432 Hovell, M.F., Wahlgren. D.. & Russos, S. (1997). Preventive Medicine and Cultural Contingencies: A Natural Experiment Em P.Lamal (org.) Cultural Contingencies Behavior Analytic Perspectives on Cultural Practices. Westport Praeger Publishers/Greenwood Publishing, pp. 1-30. Kunkel. J (1991). Apathy and Irresponsibility In Social Systems. Em P. Lamal (org.) Behavior Analysis of Societies and Cultural Practices New York Hemisphere Publishing Corporation, pp. 219-240. Lamal. P. (1991) Three Metacontmgencies in the Pro-Perestroika Soviet Union. Behavior and Social Issues, 1. 75-90. Lamal. P., & Greenspoon, J. (1992) Congressional Metacontingencies. Behavior and Social Issues, 2. 71 -81 Martone, R (2003) Traçando Práticas Culturais: A Imprensa como agência o forrarnenta de controle social. Dissertação nào publicada apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental Análise do Comportamento, PUC-SP Mattaini, W.. & Magnabosco, J. (1997). Reworking Welfare: Untangling the Web. Em PLamal (org.) Cuilural Contingencies: Bohavior Analytic Perspectives on Cultural Practices. Westport: Praeger Publishers/Greenwood Publishing, pp 151-184. Rakos. R. (1989) Socialism. Behavioral Theory, and Egalitarian Society. Behavior Analysis and Social Action, 7. 23-29 Rakos, R. (1991) Perestroika. Glasnost. and International Cooperation: A Behavior Analysis. Behavior and Social Issues, 1, 91-100. Rakos. R. (1993). Propaganda as Stimulus Control: The Case of the Iraqi Invasion of Kuwait. Behavior and Social Issues. 3, 35-62. Skinner, B F. (1946). Walden Two New York Macmillan. Skinner, B. F. (1953/2000). Ciência e comportamento humano. Sâo Paulo: Martins Fontes. Skinner. B. F. (1955). Freedom and the control of men. American Scholar, 25, 47- 65. Skinner. B. F. (1961). The design of cultures Daedalus, 90. 534-546. Skinner, B F. (1968). The design of experimental communities. Em International encyclopedia of the socialscionces (vol 16. pp 271-275). New York: Macmillan Skinner, B. F. (1971). Beyond freedom and dignity. New York: Alfred A. Knopf Skinner, B. F. (1978). Reflections on behaviorism and society Englewood Cliffs. NJ: Prentice-Hall. Skinner, B.F (1987). Upon further reflection Englewood Cliffs, NJ. Prentice-Hall Skinner, B F (1991). Questões rocontos na análise comportamental Tradução de A. L. Neri. São Paulo: Papirus. (trabalho originalmente publicado em 1989) Metacontingências em Walden Dois1 Sigrid Glenn Li pela primeira vez a novela utópica Walden Dois, de B.F.Skinner, por voita de 1972 g estive a ponto de fazer minhas malas: seguramente alguem foz algo para que isso pudesse acontecer. Desde aquela época tenho ouvido sobre comunidades planejadas nos moldes da utopia de Skinner - especialmente Twin Oaks e Los Horcones. Entretanto, eu quero uma utopia com o re tra tada no liv ro - v inda d ire tam ente da escrita skinneriana. Talvez, assim como Estragon e Vladimir na peça de Samuel Becket. eu esteja esperando por um GorJot que trará a Terra Prometida até mim. Ao menos aguardo por um Frazler, o planejador fictício de Walden Dois, o qual saberá o que fazer e como fazer. Provavelmente, uma solução que nos leve a um mundo melhor deve embasar-seno planejamento de melhores contingências em nosso ambien te atual para que alcancemos esse objetivo. Além disso, devemos começar agora e a partir do ponto em que estamos. Ir a algum lugar qualquer a espera de um sábio planejador cultural, provavelmente, não tomará nosso inicio mais fácil. Nossa tarefa implica em encontrar um caminho através da selva que se encontra entre nós e a Terra Prometida, planejando e construindo os veícu los necessários, que nos levaráo até lá. Em suma, nós devemos criar uma tecnologia que envolva mais do que “aplicaralguns poucos princípios gorais” (Skinner. 1969, p.97). Com esse objetivo, tenho gastado algum tempo buscando compre ender as diferenças fundamentais entre Walden Dois e nossa própria cultu ra. Tentei para mim mesma clarificar algumas discriminações de Skinner e, quando necessário, utilizei inslghls de outros pensadores radicais perten centes ou não ao campo da análise do comportamento. Estou aqui para contar meu progresso - pelo menos acho ter sido um progresso - enquan to ou caminho através da selva. Contingência e Metacontingências Alguns anos atrás, ao tentar descrever alguns elementos que nos apro ximavam de Walden Dois no Center for Behavioral Sludies, trabalhei no senti do de distinguir entre dois tipos de contingências que pareciam estar em ope- 1 T iaduçd o d e Gfonn. S .S . (1 9 8 6 ) M olacontlrydncius I r W aldon Two. 8eh av lu ra l A ra lys i» ;»nd Social A c to n , 5. 2 -8 , puW kada c o t i a autorização do B^avx>rí;,ts for S o d af Rosponslbility. Este penôdico tm nslo im ou-sa r o Üehavior and Scx.iol Issues cujo cor*teí»do podit $<*• aces-satío em liCp .'''/Av'>v b fe .o rg . Tradução realizada por Ricar<ío C crrèa M ar.ono e Diogo Seoo C e rq u e Ryrw ira 14 S g r i d G lo tv i raçâo lá: 1) relações de conbngênda entre uma dasse de respostas e uma conseqüência comum - contingências de reforçamento - e 2) relações de contingência entre uma classe de operantes e uma conseqüência cultural co mum. A esse segundo tipo de relações de contingência dei o nome de metacontingêndas. Algum tompo depois oompreendi que eu estava traduzin do em eventos cotidianos, ou talvez esclarecendo para mim mesma, a diferen ciação entre a seleção do comportamento operante em indivíduos e a seleção de práticas culturais em sociedades feita por Skinner. Parece-me que a dife rença crucial entre o nosso mundo e Walden Dois está nas metaoontíngèncias. Antes de prosseguir, permitam-me esclarecer a diferença entre contingêndas e metacontingêndas. Um operante ê um grupo de respostas de topografias variadas que foram aglutinadas em uma classe funcional por terem produzido unia conse qüência comum A contingência de reforçamento é a unidade de análise que descreve as relações funcionais entre o comportamento operante e o ambi ente com o qual o organismo que se comporta interage. A contingência de reforçamento envolvo um processo de seleção no nível comportamental que mantém um paralelo com o processo filogenético chamado seleção natural, devendo sua existência a ele. Embora muitas das relações que surgem entre o comportamento operante e o ambiente se configuram como o resultado de uma história individual - a maioria das relações estabelecidas entre seres humanos e o ambiente assim se caracteriza - o processo õ diretamente mediado pela biologia do organismo. Bater á porta, chamar, girar a maçaneta e empurrar a porta, inserir a chave na fechadura e girá-la, entre outros, são exemplos freqüentemente citados de respostas que conduziram historicamente à porta aberta, cons tituindo assim uma classe operante. A conseqüência re fo rça d o r ê imedia ta e, como Michael (1984) apontou, temos que procurar por outras explica ções para o fortalecimento dos comportamentos que estão amplamente separados no tempo de suas conseqüências. A metacontingência é a unidade de análise que descreve a relação funcional entre uma classe de operantes, cada operante possuindo sua pró pria conseqüência imediata e única, e uma conseqüência a longo prazo co mum a todos os op o ra n te s que pe rtencem à m e ta co n tin g ê n c ia . Metacontingêndas devem ser mediadas por contingências de reforçamento socialmente organizadas. Tomemos como exemplo os vários comportamen tos envolvidos na conseqüênda a longo prazo ’ redução da poluição do ar*. Engenheiros devem se engajar em vários operantes necessários na elabora ção de catalisadores para escapamentos de automóveis: os trabalhadores da linha de montagem devem aprender a construi-los e encaixá-los correta mente; os consumidores precisam comprar esses automóveis assim como abastecê-los com gasolina sem chumbo; as refinarias devem desenvolver técnicas para retirar o chumbo da gasolina. A probabilidade de todos esses operantes ocorrerem sem contingências mediadas socialmente parece ser pequena. As contingências de mediação são planejadas e implementadas em virtude de sua relação com o efeito a longo prazo como. por exemplo, reduzir a poluição do ar. M W K iy t t ln g f t r c t M ' r n T p c r t a T u i t t a c U tu ra • »co «> .1nOi* 15 O comportamento verbal ô uma ligação fundamental entre contingên cias e metacontingèncias, ao menos de dois modos. Primeiro, o comporta mento verbal em forma de regras preenche o vácuo existente entre o com portamento e a conseqüência a longo prazo. Isto é, o comportamento verbal possibilita que um ato único, a dedaração de uma regra, ocorra em resposta a eventos amplamente dispersos no tempo Como um estimulo discriminativo a regra deve então fazer parte da contingência de reforçamento que gera e mantém comportamento o qual não ocorreria na sua ausência. Por exemplo, a regra: "abraçar o meu filho quando ele se aproxima de mim com um sorriso resulta em mais sorrisos"è comportamento verbal sob controle de estimulos de eventos não relacionados temporalmente. Uma vez sondo bem formula da a regra pode ser usada para trazer outros comportamentos sob o controle de estímulos dessa relação. O segundo modo como o comportamento verbal participa das metacontingèncias é quando o reforçamento social fomeco as conseqüências que mantém o comportamento sob cont/ole das regras até o momento em que as conseqüências a longo prazo possam ser distinguidas. Todos aqueles que buscam ensinar clientes ou estudantes a reforçarem com portamento desejável de outras pessoas, sabom quo as mudanças almeja das no comportamento ocorrem tão vagarosamente, tão distribuídas ao lon go do tempo e tão cindidas do comportamento do agente de mudança para funcionar como reforçamento sem a mediação social'(a.gr.. gráficos de de sempenho, elogios etc.) Muitas das contingências de reforçamento em Waiden Dois são simi lares ás de nossas próprias vidas. Quando apertamos o botão do interru|X>r de luz, a luz se acende; quando dizemos ‘ bom dia”, as pessoas respondem com uma saudação. No entanto, quando nos referimos às metacontingèncias as coisas são bem diferentes. Assim, o comportamento verbal que interliga as duas é necessariamente diferente. Desde o instante em que o que dize mos sobre o mundo cria nossos conceitos a respeito da realidade, as metacontingèncias parecem ser o rabo que balança o cachorro^ Desde que Skinner apresentou Waiden Dois como uma utopia, pode- se perguntar se as metacontingèncias dispostas na comunidade utópica pos sivelm ente são mais prováveis de prom over sobrevivência do que as metacontingèncias dispostas em nossa própria cultura. Como toda ficção, V/akien Dois nos apresenta um retrato e deixa que abstraiamos as regras. Mas Skinner nos dá uma pista, a qual me levou à presente análise oas metacontingèncias em Waiden Dois e suas relações com sou caráter utópico. Processos Culturais Tecnológico e Cerimonial Logo nas primeiras páginas de Waiden Dois. Skinner retere-se ao livro Teoriada Classe Ociosa, de Thorstein Veblen. Nesse livro Veblen distinguiu entre dois processos culturais opostos os quais acreditava operarem em nos sa sociedade assim como om outras - processo tecnológico e processo ceri monial. Embora Veblen deva ter considerado essas forças imutáveis, como •' N .T : A autora utÜtea o ditado apare*’ tem erve aludindo ao fato do aer Indlscarnlvol so o nx jrd o c íií i nossa percepção d e realidade ou o contráno. 16 SISJIC G(«'in Yin e Yang, bem e mal, ou como a força da vida e a força da morte, Walden Dois parece representar a hipótese de Skinner de que essas forças na verda de não são imutáveis, mas sim, emergentes do comportamento humano - muitas das quais são funções de contingências de reforçamento, portanto mutáveis. A diferença entre Walden Dois e nossa própria cultura está no fato de Walden Dois ter eliminado os processos culturais cerimoniais e dispor de metacontingéndas que sustentam procossos tecnológicos. Em um trabalho anterior (Gtenn, 1985) analisei as contingências comportamentais subjacentes a esses processos. Um resumo dessa análise auxiliará na comproensão das metacontingéndas dispostas em Walden Dois. Contingências tecnológicas envolvem comportamentos que são manti dos por mudanças não arbitrárias no ambiente. Os reforços que participam das contingências tecnológicas derivam seu poder de sua utilidade, de seu valor, ou de sua importânda às pessoas que estão envolvidas nesses tipos de contingências, assim oomo de outras. Por outro lado, contingências cerimoni ais envolvem comportamentos mantidos por reforços sodais os quais derivam seu poder do status, da posição ou da autoridade do agente reforçador inde pendentemente de qualquer relação com as mudanças ambientais que, direta ou indiretamente, beneficiam as pessoas que se comportam. O controle cerimonial pode ser exemplificado pola expressão: 'Faça porque estou dizendo para fazê-lo" Já o controle tecnológico pode ser exemplificado, primeiro, pelo comportamento que partidpa das contingên cias naturais de reforçamento (alavancas e roldanas são utilizadas, pois permitem construir mais rapidamente) e. segundo, por contingências soci ais planejadas que medeiam as relações entre comportamento e os efeitos resultantes em motacontingencias tecnológicas (T a ça isso, pois o resulta do será melhores condições de saneamento, por conseqüência, melhores condições de saúde"). As metacontingéndas envolvidas em comportamento tecnológico aglutinam um grande número de dasses operantes (ou um grande número de indivíduos), as quais apresentam uma conseqüência a longo prazo que be n e fic ia todos os in d iv íd uo s e nvo lv idos na m e tacon tingênc ia . Metacontingéndas tecnológicas requerem a abstração de boas regras, ou seja, regras que descrevam com acurácia as relações funcionais entre o comportamento e conseqüências não arbitrárias imediatas ou conseqüênci as a longo prazo Essas metacontingéndas envolvem também a mediação do comportamento verbal do especificar regras, as conseqüências dispostas para o seguimento das rogras e o continuo monitoramento dos resultados de soguir regras. Motacontingônciao tocnológicas solicitam que façdilius uuns- tantemente a seguinte pergunta: as conseqüências ainda são aquelas inid- almente previstas? A regra ainda é boa? Metacontingências conflitantes De acordo com Clarence Ayres (1944-1962). discípulo de Veblen, pro cessos tecnológicos impulsionam os culturas adiante - utilizando nosso pró pria terminologia, processos tecnológicos aumentam o alcance e a efetividade do comportamento operante nas mudanças ambientais, aumentando a so M e l n c o r t r v j « i c i * v c O T j w r t à m j i l o . c u l t u - a o » o p o d a t f o 17 brevivência e a satisfação do grupo e do indivíduo. Contingências cerimoni ais impedem a evolução do comportamento operante, em especial, daqueles operantes definidos oomo "práticas culturais". Os processos cerimoniais for çam as práticas culturais para dentro de esquemas rigidamente definidos, mantendo-os assim por intermédio de controle social derivado de status, posição ou autoridade. À medida que práticas casuais resuttam om conseqü ências a longo prazo benéficas aos membros da cultura, o controle cerimoni al não deve ser terrivelmente prejudicial. Mas o controle cerimonial não ò sensível às possibilidades de mudanças construtivas. Metacontingéncias ce rimoniais retardam e Impedem mudanças de qualquer tipo. mesmo quando as contingências atuais produzem sérios problemas. Ayres sugeriu que a rápida evolução cultural ocorre em culturas no m om ento em que os processos cerim onia is desfalecem e processos tecnológicos pressionam de forma incontrolável. produzindo massivas mu danças em curtos espaços de tempo. Tais mudanças, claro, possibilitam a oportunidade para o surgimento de novo controle cerimonial, pois um novo grupo poderoso passa a ter o controle através da autoridade e do status ganhos em decorrência do seu papel no desenvolvimento de tecnologias avançadas. Os vários grupos cujo comportamento tecnológico produziu as mudanças revolucionárias, agora, adquiriram status e tendem a estacionar a evolução cultural e manter o controle pela autoridade Controle cerimonial mantém-se por si só, controle tecnológico assegura mudança Como apontado por Skinner em Ciência e Comportamento Humano (1953), o desenvolvimento tecnológico ocorreu rapidamente em domínios sobre os quais se empregou o método científico. A discrepância entre o pro gresso tecnológico nas ciências física e biológica e o progresso tecnológico das ciências comportamental e social levou a um perigoso desequilíbrio em nosso poder de lidar efetivamente com o ambiente fisico e com o comporta mento de grupos e indivíduos na cultura. Já que nós não estamos propensos a virar as costas às tecnologias que melhoraram a vida dos seres humanos de forma significativa, Skinner sugeriu que nos movimentemos adiante para desenvolvermos as tecnologias comportamentais necessárias para reparar esse desequilíbrio Em Além da Liberdade e Dignidade (1971) Skinner sugeriu que a nossa falha continua em corrigir o desequilíbrio do progresso tecnológico nas duas arenas é o resultado de nossa tenacidade om apegar-nos a uma visão da realidade produzida por progressos tecnológicos antigos. Essa visào esta sendo mantida por controle cehmonial e continua a impedir o desenvolvimento de tecnologias comportamentais necessárias para a so brevivência de nossa cultura Um recente exemplo de um impedimento cerimonial a um progresso tecnológico em práticas culturais, pode ser encontrado na recusa generali zada em im plem entar ou incentivar o desenvolvim ento da poderosa tecnologia educacional denominada Instrução Direta. Como podemos nos responsabilizar pela profunda indiferença de nosso sistema educacional e pelo financiamento a uma tecnologia que demonstrou ser capaz de produ- 18 S ig rid G iw v i zir competência em habilidades académicas básicas om populações previ amente condenadas ao fracasso? A decisão irracional do promover proje tos que falham em produzir tais resultados e negar verbas para aqueles que apresentam sucesso (Carnine, 1984) sugere que a efetividade e o re sultado não foram os critérios a partir dos quais a decisão foi tomada. Ao considerarmos a necessidade critica presente em nossa cultura, de uma população capacitada para participar das atividades técnicas e socialmen te complexas atualmente exigidas, rião seriam necessárias muitas deci sões para assegurar nossa própria extinção cultural. Por outro lado, Waiden Dois é apresentada por Skinner (1985) como tendo realizado uma comple ta reversão em suas práticas educacionais entre 1948 e 1984. Processos Tecnológico e Cerimonial em Waiden Dois Drásticas transformações nas práticas educacionaisde Waiden Dois foram completamente previsíveis dadas as metacontingènrias sob as quais a comunidade é retratada om seu funcionamento. As metacontingéncias fo ram especificamente planejadas a permitir tais mudanças. Waiden Dois é uma comunidade experimental Isso não quer dizer que a comunidade é um experimento, mas sim que a comunidade experimenta. Em Waiden Dois o valor de qualquer comportamento é explicitamente julgado em termos de suaS conseqüências práticas para os seus membros. Essas conseqüências beneficiam diretamente a comunidade e a todos os seus componentes? Waiden Dois foi planejada de modo que as conseqüências benéficas tenham precedência no desenvolvimento de suas práticas culturais. Quais características de planejamento foram incorporadas por Frazier para asse gurar tais resultados? Eu acredito existirem ao menos duas características que se relacionam uma à outra. A primeira é a abolição de instituições mantidas por controle cerimonial; a segunda é a relação clara entre as contingências e as metacontingéncias em Waiden Dois. Ausência de Controle Cerimonial Vamos examinar, primeiramente, as evidências da abolição do con trole cerimonial em Waiden Dois e seus efeitos sobre as práticas culturais. Três instituições que têm exercido controle cerimonial em virtualmente to das as culturas são a familia, a igreja e o estado. Desde que o controle cerimonial deriva seu poder da autoridade ou status independente de con siderações pragmáticas (resultados), processos cerimoniais freqüentemente contam maciçamente com controle aversivo. Entre as três instituições, a familia é a que provavelmente mais combine contingências cerimoniais e tecnológicas diretamente reforçadas. A família, tradicionalmente, tem apre sentado duas funções - fornecer segurança económica e interpessoal a seus membros e também treiná-los a aceitar o poder cerimonial arbitrário da autoridade. M w la c o i* fiu é ncia * . c o it f > c f U iT « ii io . o iN is a a c o s w d iis o 19 Em WêkJen Dois, a familia como uma unidade funcional não existe. Suas características desejáveis, prover segurança interpessoal e econômica, foram assumidas pela comunidade como um todo: seu poder cerimonial desa pareceu uma vez que o grupo familiar não obtém o controle de quaisquer reforçadores que não possam ser obtidos pelos membros individuais indepen dentemente. Todos os reforçadores em Walden Dois estão disponíveis a todos os membros durante todo o tempo, contingentes somente aos comportamen tos requeridos para produzi-los. O critério fundamental para a abolição do con trole cerimonial é a igualdade econômica. Com a ausência de controle cerimo nial cada membro da comunidade está livre para desenvolver o que pode ser chamado de "relações interpessoais honestas". Reforçadores interpessoais são completamente ooritingentes a comportamento interpessoal. Em W alden D ois os ind iv íduos são m ais independentes e interdependentes que em nossa própria cultura. Os recursos (condições que fazem o com portam ento possível) e os reforçadores (conseqüências oomportarTientais) não são contingentes à obediência cerimonial. No entanto, para manter suas autonomias sociais relativas, os membros devem compor- tar-so do manoira que beneficie o grupo. Isso não se torna tão oneroso, pois qualquer benefício ao grupo automaticamente beneficia o indivíduo. Se reforçadores sociais medeiam comportamento tecnológico, sua importância é igual ao resultado tecnológico. A não ser que reforçadores sociais plar.ejados façam a mediação entre contingências tecnológicas e metacontingéncias. os reforçadores interpessoais participam somente om contingências interpessoais. Há tempos a importância de tais relações vem sendo reconhecida. Parafraseando a descrição de Pascal (1961) sobre a tirania - quando a beleza demanda crença, força demanda arnor e aprendizagem demanda medo: "Nós devemos diferentes obediências a diferentes qualidades; am or é a resposta adequada ao charme, medo ò força e crença à aprendiza gem". Marx (1963) colocou isso de maneira um pouco mais áspera "então, am or só pode ser trocado po r amor, confíança p o r confiança... se você oe- seja influenciar as pessoas, você deve ser uma pessoa que tenha um efe 'to estimulante e encorajador sobre os outros.. Se você ama sem incitar amor de volta, se você nào é capaz em fazer de você mesma uma pessoa ama da. então, seu arnor é impotente” *, Skinner afirma isso de modo mais útil á ação do que todos: “Em um mundo de igualdade econômica total, você obtém e mantém as afeições que você merece. Vocè não pode comprar am or com presentes ou favores, você não pode manter am or criando uma criança inadequada e você não pode te r segurança no am or servindo como uma boa empregada ou um bom p rovedo r'{ 1948, p 147). Quanto á autoridade religiosa, ela não é necessária em Walden Dois, pois a relação entre contingências e metacontingéncias é claramente especificada. Tradicionalmente, o papel da autoridade religiosa tem sido o de manter contingências que promovam a sobrevivência do grupo Isso tem sido feito estabelecendo regras que são usualmente abstraídas de con- ' As cllaçôes a Pascal e Marx foram sugeridas a mim por Willinm A Luker, Professor d* Eooromia 20 SlarkJ G le n o tingéncias atuais (isto é. boas regras) mantendo-as por intermédio de con trole cerimonial, mesmo que elas se tornem mal cspeciticadas como o re sultado de contingências em mudança. Um protótipo desse caso pode ser encontrado no Êxodo Moisés conduziu seu povo para fora do Egito onde viviam em circunstancias relativamente suntuosas, mas sob controlo ceri monial de seus senhores egípcios. Os frutos do comportamento tecnológico do povo de Moisés pertencem aos egípcios, beneficiando-o somente se seguir ás solicitações cerimoniais. Todavia, dentro de um ambiente relati vamente caótico. Moisés tem de conseguir levar seu povo suficientemente longe dos reforçadores do Egito antes que ele possa ter a chance de oferecê- los a escolha de prosseguir ate a Terra Prometida. Nesse momento o povo de Moisés entra em um pacto que o amarra conjuntamente na busca por um objetivo comum. O interessante desse pacto é que ele não é travado um com o outro, mas sim com Deus. Para que o povo sobreviva como uma cultura algumas diretrizes foram necessárias para proteger a integridade do grupo. Conse qüentemente. Moisés desceu da montanha com os Dez Mandamentos que parecem ter sido derivados de uma notável e astuta análise do comporta mento necessária para manter a integridade do grupo, dada a natureza vigente de seu ambiente social e tecnológico. Muito possivelmente Moisés não estava em uma posição de explicar a base racional dos Dez Manda mentos. assim como seu valor em manter a união do grupo. Assim, os Dez Mandamentos adquiriram controle cerimonial Imediato quando apresenta dos como a contrapartida de Deus para conduzir seu povo à Terra Prome tida O primeiro mandamento estabeleceu a autoridade final de Deus e se lou o controle cerimonial. Moisés tomou-se um agente de Deus. Como esperado, logo que Moisés fez sua parte ao levar o povo até a visão da Terra Prometida, ele morreu, talvez porque tal controle centrali zado era perigoso uma vez que o objetivo já havia sido alcançado. Em seu livro Êxodo e Revolução. Michael Walzer sugere que o Êxodo é o protótipo das revoluções sociais na civilização ocidental, e que embora a Terra Pro metida nunca vivesso completamente a altura da propaganda feita, a histó ria nos tem servido bem para conduzir o progresso social. Talvez, nós sere mos capazes de conseguir uma maior aproximação com a Terra Prometida dispensando o controle cerimonial da autoridade religiosa e olhando com maior cuidado para as contingências implícitas ás regras que seguram no lugar nossas práticas sociais. De qualquer maneira, foi assimque Frazier planejou Walden Dois. A versão dos Dez Mandamentos em Walden Dois é o Código Walden. Embora Skinner não tenha sido muito especifico quanto ao conteúdo do Código, pode-se conjecturar seu conteúdo a partir do planejamento e do funcionamento da comunidade. Minha hipótese sobre o conteúdo do Código não será abordada nesse texto; o ponto importante a ser salientado é que o Código constitui-se em uma série de diretrizes que especificam as classes de operantes necessárias à sobrevivência da cultura. Para que o Código tenha um efeito que não envolva controle cerimonial, o comportamento es pec ificado deve p roduz ir conseqüências que sejam corren tem ente reforçadoras para a comunidade assim como aumentem sua sobrevivência MetacGnfli»£f>cl32: c â m p fó n n rrilo , c m um <? sociA jcde 21 a longo prazo. Desse modo, o Código seria possivelmente uma série de [Vós] Deveis ao Invós do [Vós] Não deveis. Se o comportamento especificado no Código ó para ser mantido por reforçadores sociais que derivam sua força dos efeitos a longo prazo do comportamento sobre a comunidade, o valor dos itens no Código devem ser avaliados em termos de sua utilidade. Presumivelmente, o Código se transformará gradualmente à medida que a cultura Wafden evolua. Assim, as metacontingências que mantém o compor tam ento de acordo com o C ódigo estão em basadas em processos tecnológicos. A autoridade cerimonial da religião é substituída pelo pragmá tico. Desde que o que nós chamamos de aspectos espirituais da religião possam ser conceptualizados como fenômeno comportamental (Shimoff, 1984), eles náo oferecem nenhum problema em Watden Dois, Também o Estado é dispensado em Watden Dois. Isso é possível por que todos os membros da comunidade são diretamente responsáveis uns pelos outros, a comunidade é pequena o bastante para proporcionar a cada membro o contato direto com todos os outros. Como Marx enxergou há mais de um século, também é preciso haver igualdade económica. Walden Dois ê capaz de funcionar sem o Estado somente porque suas metacontingências reque rem que os resultados beneficiem a todos os membros. A funçáo primária do Estado é impingir metacontingências cerimoniais e regular a competição por recursos. O Estado totalitário nâo oferece contracontrole adequado ao que é regulado, resultando invariavelmente em extremos de controle aversivo e ceri monial por parte do governante. Também, utiliza-se facilmente o Estado demo- crático sem igualdade econômica para manter o controle cerimonial sobre os recursos. Mesmo desfrutando de igualdade econômica, os Estados democrá ticos dependem da opinião pública que pode não ostar bem informada - com portamento verbal sob controle de variáveis irrelevantes ou mesmo prejudicial á sobrevivência da cultura. Como Walden Dois pode funcionar sem o Estado será discutido na próxima sessão. A ausência de controle institucional cerimonialmente mantido em Wafden Dois ê provavelmente a característica que assusta muitos leitores que persistem em enxergar o espectro do controle autoritário quando, de fato. não há evidência de tal controle. Visto que a maioria dos leitores terá experenciado controle cerimonial por pade da família, da igreja e do esta do. e!es parecem ter dificuldades em imaginar uma comunidade onde o controle cerimonial esteja ausente. Eles devem assumir que isso é tão oia- bolicamente obscuro o ponto de não ser visível especialmente como o Complexo de Édipo. sobre o qual dizem que Anna Freud não encontrou evidências, concluindo através disso, que a possibilidade de náo haver con trole cerimonial deve ter tamanha força para ser tão bem reprimido. Contingências e Metacontingências em Walden Dois O comportamento operante dos membros de qualquer cultura deve ser classificado em termos dos tipos de conseqüências que o comportamen to tem para os indivíduos que se comportam e para a cultura. Historicamen te, nós temos distinguido, com algum grau de intuição, entre: trabalhar, ativi dades de diversão e comportamento interpessoal. Trabalhar pode ser espe 22 S ig n e G rtr in cificado como um comportamento que é essencial para a sobrovivônda da cultura, e por essa razão, participa de metacontingências tecnológicas. Nós distinguimos entre trabalho e ocupação1’ pelas discrepâncias nos efeitos tecnológicos de cada uma. Ocupar-se não leva a nada e é cerimonialmente mantido. Atividades de diversão envolvem tipos de comportamentos que pro duzem reforçadores não arbitrários, não apresentando uma influência direta sobre a sobrevivência da cultura. Entretanto, a oportunidade de engajar-se em comportamentos que produzam esses reforçadores é uma importante característica de uma cultura com valor de sobrevivência. Comportamento interpessoal, stríctu sensus, é aquele comportamento voltado a outras pes soas que ê mantido pelas respostas dessas outras pessoas. Em Walden Dois as metacontingências são planejadas de maneira que os reforços a esses comportamentos não sejam confundidos ou mes mo igualados. Reforçadores interpessoais não compram nada, oxceto o comportamento interpessoal de outras pessoas. As relações interpessoais em uma comunidade sem controle cerimonial, possivelmente, seriam exa tamente parecidas com a forma como Skinner as retratou - simples, since ras e inteiramente honestas. Não há razão para que sejam de outra forma. Trabalhar não produz reforçadores interpessoais diretamente, nem oportu nidades diferenciadas de engajar-se em diversão e os reforçadores que as acompanham. O trabalho que envolve comportamento cooperativo ou interativo deve ser intrinsecamente interessante para algumas pessoas, entretanto, esse trabalho como qualquer outro é mantido pelas suas conse qüências tecnológicas. Atividades de diversão não resultam em quaisquer outros reforçadores que não sejam aqueles derivados das conseqüências do engajar-se em diversão por si só, incluindo oportunidades de interagir com outras pessoas. Como Walden Dois toi planejada de forma a assegu rar que a tirania, como descrita por Pascal, não atrapalhe? Primeiro, vamos olhar para o trabalho em Walden Dois. Somente as atividades essenciais à sobrevivência da comunidade sáo designadas como “trabalho", e por isso. administradas pelo sistema de Crédito de Trabalho. Exis tem três tipos de trabalho em Walden Dois - trabalho manual, organização e administração, o legislar e avaliar. Trabalho manual e administração são tipos de trabalho que produzem conseqüências daramente relacionadas ao com portamento operante. Remove-se o legislar para o mais distante possivel de suas conseqüências, talvez uma razão seja porque legislar não deva receber todos os créditos de trabalho referentes a essa atividade. Os planejadores devem ganhar um crédito de trabalho por dia para fazer o trabalho manual. Uma razão muito importante para o engajamento dos planejadores em algum trabalho deve ser porque isso os coloca em contato com as mesmas contin gências experimentadas pelos outros membros da comunidade. Ademais, essa estratégia evita que os planejadores façam parte de uma "classe" diferenciada, o que possivelmente instigaria controle cerimonial. O trabalho de organizar e administrar, que também leva a privilégios cerimoniais em nossa própria cultura, não produz privilégios parecidos em Walden Dois. Um gigantesco segmento da população aspira a tal 'posição" MelK»rrW;jôrc3»s: oomaortíitnnivKj, c u llu '* e uiciccaOo 23 pelo fato de tais comportamentos em nossa própria cultura freqüentemente assegurarem uma melhor posição econômica, assim como controle ceri monial Freqüentemente, essas posições são agarradas por pessoas oue as obtiveram por caminhos cerimoniais e não aprosentam os repertór os comportamentais de Interesse para executar as responsabilidades do tra balho de forma adequada. Em Walden Dois, não há nenhumavantagem, mas ató algumas desvantagens (longas horas de trabalho), ás pessoas que se engajam em tal trabalho. As contingências quase asseguram que as pessoas que tomarem parte em organizar e administrar a comunidade, assim o farão porque o trabalho é agradável a elas. e porque os resultacos de suas atividades beneficiam o grupo e a elas próprias O trabalho manual é distribuído entre os membros da oomunidade de modo que ninguém necessite trabalhar mais do que quatro horas por dia. e aqueles que fazem um trabalho menos desejável o faz somente por duas horas e meia ao dia. Toma-se cuidado para que o trabalho náo seja separa do de suas conseqüências naturais; as pessoas têm muitas oportunidades para mudar de atividade quando desejarem, todo trabalho em Watden Dois obtém o mesmo respeito. Tal respeito existe pelo fato de todos os membros terem acesso igual a todos os recursos, e não obterem nenhum crédito pes soal para atividades bem feitas. Ao arranjar as contingências do ambiente de trabalho como descrito acima, Frazier montou as seguintes metacontingências. Primeira, para qual quer um em Walden Dois ê vantajoso conservar os recursos, porque o nível de vida. demonstrado pela pouca quantidade de tempo gasto no trabalho, está diretamente relacionado à reduçào da quantidade do trabalho neces sária para garantir a sobrevivência em um ambiente confortável, se não luxuoso. As metacontingências dispostas em nossa cultura são completa mente distintas, pois os indivíduos competem pela disponibilidade de re cursos. fazem um uso maior dos recursos para competir efetivamente por intermédio da produção, reduzindo, em decorrência disso, sua quantidade disponível (ou o aumento do custo para utilizá-los) em nome de uma efetiva competição. Segunda, dão-se créditos somente para atividades importan tes ã sobrevivência do grupo e para seu bem estar físico, entrando todas elas no sistema de Crédito de Trabalho. Define-se o valor do crédito do uma determinada atividade pela sua preferência - o trabalho de maior pre ferência recebe menos cróditos. Isso é eminentemente racional, pois o tra balho que é mais valorizado em detrimento de outro tem um valor reforçador excessivamente maior. Em Walden Dois, o valor comum é explicitamente a sobrevivência e o bem estar do grupo. O trabalho menos reforçador possui valor somente em decorrência de sua contribuição á comunidade - possibi litando ao trabalhador uma quantidade de tempo máxima para se engajar em outras atividades intrinsecamente mais reforçadoras. Vamos agora às atividades caracterizadas como divertimento em Walden Dois. Tradicionalmente, imaginamos as atividades de diversão como: arte em todas as suas formas, jogos e recreação, e ciência, ao menos en quanto pesquisa básica. Embora essas atividades sejam diferentes, asse melham-se em dois aspectos cruciais: são atividades em que as pessoas se 24 Signd G i«m engajam pelo o que elas mesmas têm a oferecer; e não são essenciais para a sobrevivência ootídiana. Períodos da história conhecidos por essas ativida des são conhecidos como Idades Douradas. Presumivelmente são denomi nadas assim pelo fato de terem produzido muitos artefatos que viriam a ter um grande valor reforçador em épocas posteriores - literatura, história, arte. música e sistemas conceituais que ordenam e fornecem um sentido ao uni verso. Tais conseqüências exigem que muitas pessoas tenham o ócio neces sário para poderem se dedicar a esta peculiar busca humana. Ao longo da história humana, pouquíssimas pessoas obtiveram tem po livre suficiente para essas atividades. Muitos daqueles quo as buscaram assim o fizeram às custas de privações cruéis. Atualmente, pouquíssimos indivíduos estão aptos a comprar a oportunidade de se dedicarem a tais comportamentos negociando seus produtos nos mais elevados preços. As metacontingências em Walden Dois estabelecem a oportunidade para que todos seus membros possam se empenhar em tais comportamentos. Os produtos desses comportamentos sáo disponíveis a todos os membros da comunidade. Frazíer (quem. enquanto protagonista, freqüentemente dá voz aos pensamentos de Skinner) prediz uma Idade Dourada em Walden Dois sem paralelo. As pessoas não estarão exaustas em decorrência do trabalho; estarão livres para desenvolverem seus próprios interesses; tempo e recur sos materiais estarão disponíveis; todos viverão desde o nascimento entre pessoas interessadas em tais atividades; e a ausência de contingências com petitivas deveria indlnar os membros a encorajar e apoiar o empenho de todos. As metacontingências em Waiden Dois são planejadas para fornecer amplas oportunidades e apoiar todos os membros a explorarem arte. literatu ra, música etc. O comportamento que atualmente evolui será modelado e mantido pelas conseqüências intrínsecas. Talvez o efeito mais radical notado pela ausência de controle ceri monial em Walden Dois seja provavelmente na esfera interpessoal. O uso de reforçadores interpessoais que comandam o controle cerimonial prova velmente tem levado a muitos dos problemas que importunam a humanida de ao longo da história. A concentração de controle cerimonial nas mãos de uma minoria em uma cultura deve ter exigido que as mais fracos inclu am controle interpessoal em contingências que não têm relação direta com comportamento interpessoal. Esse padrão parece ter sido sistematicamen te desempenhado nas relações entre homens e mulheres nas culturas oci dentais. Os homens têm assegurado controle cerimonial sobre a maioria dos recursos naturais e culturais mesmo se produzidos pelo comportamen to tecnológico das mulheres. As mulheres têm, talvez em conseqüência ou talvez antecipadamente, ganho acesso aos reforçadores tecnológicos fa zendo com que reforçadores pessoais sejam contingentes ao acesso. Ho mens com menos contro le cerim onial tam bém têm utilizado controlo interpessoal para obter acosso aos reforçadores não disponíveis através de comportamento mais relevante. O desequilíbrio parece ter levado a uma profunda desconfiança entre os indivíduos, especialmente entre os que possuem poder cerimonial, mas MtfacomtnjAqclaK cjytiparliynerilo, cuKure » uix:<Kt(Klu 25 não apresenlarn reforçadores interpessoais: e os que possuem poder interpessoal, mas não têm acesso aos reforçadores cerimoniais (status. po sição etc.). Metacontingéncias culturais que sustentam controle cerimonial garantem uma guerra fria permanente entre as partes. Talvez pior ainda, até mesmo a possibilidade de tal troca não reciproca de reforçadores podo ter retraído afeto genuíno onde era possível e comportamento tecnológico ge nuíno onde ele poderia ter feito a diferença. Sansão e Dalila sáo bons mode los. Na medida em que alguns acoitam perder seus poderes ao serem sedu zidos por reforçadores interpessoais e alguns têm aperias reforçadores interpessoais para ter acesso a recursos controlados cerimonialmente, pes soas com controle cerimonial nunca estarão confiantes de que são amadas ‘ pelo que sáo" e aqueles a quem foi cerimonialmente negado acesso a re cursos tecnológicos nunca saberão se eles tinham realmente “algo a ofere cer* além deles mesmos (ou, mais apropriadamente, seu comportamento interpessoal). Governo em Walden Dois Talvez, a característica mais difícil de entendermos em Walden Dois é seu governo. Provavelmente, a dificuldade está no fato do governo quase sempre se caracterizar como um agente de controle cerimonial. Em Walden DoiSr o governo não se caracteriza assim. Nele, as pessoas que realizam o trabalho chamado de 'governar' em Walden Dois estão trabalhando pela mesma conseqüência a longo prazo como quaisquer outras. O trabalho de todos faz parte das mesmas metacontingéncias. Além do mais. as ativida des aglutinadas no 'governar" sáo tão severamente reduzidas assim como as conseqüências que rnantém essasatividades. O governo historicamente tem se caracterizado por algumas funções, que incluem: estabelecer políticas e fazer leis, forçar a obediência às mes mas. proteger a comunidade de grupos externos ou renegar membros dentro da comunidade, ooletar taxas e gastar o dinheiro. O governo om Walden Dois não tem nenhuma dessas incumbências, com exceção da primeira - estabelecer políticas e regras. As outras funções do governo têm sido distri buídas entro os outros trabalhadores em Walden Dois, muitas delas de ma neira igualitária por toda a comunidade. Parece haver pouquíssima necessi dade de leis em Walden Dois porque existe pouquíssima necessidade de se regular as relações entre indivíduos ou grupos. Walden Dois funciona como um organismo, cada componente em conjunção com os outros, todos por um e um por todos. Não se oxige motivação altruística uma vez que as metacontingéncias garantem que o que é bom para um é bom para todos. De maneira geral, o papel do governo tem sido o de garantir a con centração de controle cerimonial a um pequeno número de pessoas, inclu indo os que participam do governo. Em oposição ao desequilíbrio, a ten dência tem sido geralmente distribuir esse controlo entre um maior número de pessoas. Em nonhum outro lugar pode-se observar mais claramente o 26 Cterri resultado dessa tendência do que no comportamento de burocratas meno res. Não importa se as circunstâncias de uma determinada situação se igualem ás contingências que fundamentam uma regra. A regra controlará seu comportamento porque o burocrata garantirá que ela assim o faz - frequentemente pelo puro prazer de estar no comando. Aqui não há nenhu ma conseqüènda do trabalho de uma pessoa além da manipulação e con trole do comportamento de outras pessoas - para seu próprio bem. O foco nesse processo tem sido sempre em pessoas e suas posi ções em consideração um com os outros. Na tentativa de reparar o desequilíbrio, os seres humanos primeiramente enxergariam no problema uma oportunidade para dispensar o líder ruim e trocá-lo por um bom. Entre tanto, encontrar outro líder melhor não era assim tão fácil. Primeiro, contin gências casuais teriam que produzir, em algum lugar, um Indivíduo que tivesse o repertório comportamental que o caracterizasse como um "bom líder". Segundo, esse indivíduo teria de sor cerimonialmente acessível - isto é, ter nascido dos pais corretos etc. Terceiro, o indivíduo teria que ser reconhecido como possuidor do negócio certo; e quarto; para instalar o indivíduo como um lider, a competição teria que ser aplacada ou arrasada. A tendência, decorridas algumas centenas de anos, de distribuir poder cerimonial entre muitas pessoas, mesmo através de diferentes ramifica ções governamentais, tem sido bastante efetiva em estabelecer algum contracontrole praticável entre indivíduos e grupos. Mas o processo embasa- se em uma discriminação fundamental a qual tem demonstrado ser inade quada na solução do problema A discriminação tem sido entre governantes ruins e governantes bons, e entre pessoas ruins e pessoas boas. As mu danças baseadas nessa discrim inação têm envolvido uma procura por modos de garantir que as pessoas ruins não possam conseguir ou susten tar controle cerimonial. Se o foco fosse comportamentos desejáveis e indesejáveis seriamos levados a contingências desejáveis e indesejáveis. O que a cultura oddental tem se ocupado em distribuir é controle cerimonial. Quanto maior o número de pessoas que apresentarem um pouco de controle cerimonial, melhor será o equilíbrio de poder, e melhor será a estabilidade da cultura. Existem dois problemas com isso. O primeiro é político. Para que o controle cerimonial tenha algum valor, deve haver acesso direto desproporcional a reforçadores e a oportunidades de comportar-se de modo a gerar reforçadores tecnológicos. Assim , deve haver alguóm com desproporc iona l fa lta de acesso. A redistribuição do poder cerimonial tem sido forçada sobre a minoria que de tém esse poder pela maiooa que tem força quantitativa. Mas na medida em que a distribuição atinja o meio do caminho, será a minoria que estará caren te. deixando-a sem poderes políticos om número para contrabalanoear o controle cerimonial dos recursos. O acesso a armas poderosas, entretanto, não pode ser evitado indefinidamente. Assim, a esperança que poderíamos ter de que o poder cerimonial ficaria tão igualitariamente distribuído que se anularia ó provavelmente infundada. O segundo problema é mais prático. Ao darmos ênfase á distribui ção do poder cerimonial, negligenciamos a origem de todo poder real para M o ta to n li> ]A n r.i8 h r x > T p o r la r m í o , a i f t r a *» soseJ<*do 27 mudança positiva: o comportamento oporante que produz conseqüências não arbitrárias. Assim, nossa tendência em focar as diferenças entre pes soas boas e pessoas ruins, faz com que negligenciemos as possíbilidacos inerentes em discriminar comportamento útil de inútil. Em Walden Dois, as metacontingéncias sustentam comportamento útil para a comunidade e todo membro que participa dela. O papel do governo é simplesmente assegurar que essas metacontingéncias sejam mantidas. Esse governo deve assim fazer sem beneficiar poder cerimonial. A s pessoas que compõem o governo em Walden Dois são chama das de Planejadores. Existem somente poucos deles e seu trabalho é man tido somente por contingências tecnológicas, assim como o trabalho de qualquer outra pessoa. Reforçadores cerimoriialmente derivados não es tão disponíveis aos Planejadores. O trabalho deles não é considerado um privilégio, merecedor de reconhecimento especial, ou mais valorizado do que qualquer outro. Eles conseguem exatamente as mesmas coisas de seu trabalho como qualquer outia pessoa consegue - satisfação em reali zar o trabalho por si só e os resultados do trabalho para a comunidade, incluindo para eles próprios. O governo em Walden Dois, como qualquer outra atividade, é visto como comportamento operante. Ê julgado petas suas conseqüências - Ime diata ou a longo prazo. O foco total da comunidade sobre as conseqüências do comportamento para a própria comunidade é o que toma o controlo ceri monial dispensável. As metaoontingências igualitárias só são possíveis devi do à ausência de controle cerimonial. À medida que Walden Dois permanece uma comunidade experimental, ela se gerenciará sozinha Do Egito à Terra Prometida5 Para aqueles de nós que enxergam Walden Dois como a Terra P ro metida e onde encontramos o Egito, ó importante lembrar que um território vasto e ormo situa-se entre ambos. A tendência em sair e começar do zero. em um novo lugar, onde possamos começar uma nova sociedade nunca terá êxito porque levamos nosso velho comportamento conosco, e ele for nece as contingências para o comportamento dos outros em nosso novo ambiente. Então, nós poderíamos da mesma forma começar bem aqui, no Egito, e lidar com a menor área possível, aquela com a qual temos contato direto e contínuo - nosso ambiente doméstico, nosso ambiente de trabalho e nossas atividades de lazer. Para nos ajudar a caminhar através desse território eu sugiro que, primeiro, olhemos atentamente para o nosso próprio comportamento. Pode mos separar os reforçadores tecnológicos dos reforçadores cerimoniais vi rando as costas a esses últimos? O que podemos fazer para fornecer um ambiente de trabalho para outras pessoas que as coloque em contato com reforçadores tecnológicos e diminua o efeito do contingências cerimoniais? Agi nüoçoao professor Lukor por rtroduzw-m a a o Iwfo W atzer e por sugw ir qi*o vivam os r o E tflo . 28 _ ü < j r d õ t a n r t Teremos coragem de dar afeto gratuitamonto sem utilizá-lo como moeda de troca por acesso a controle cerimonial? Existe alguma maneira que possa mos arranjar, mesmo em um pequeno sistema, para queo comportamento de todos seja igualmente valorizado? Que todos contribuam para o bom es tar do grupo e partilhem igualmente os produtos dos esforços grupais? Ten do sucesso ao fazer essas atividades, poderemos progredir através desse território ermo. Os poucos de nós. felizardos, náo estarao juntos nessa jornada, mas em tempos e lugares separados. Mas em decorrência da moderna tecnologia de comunicação podemos provavelmente nos beneficiar do que os outros estejam aprendendo à medida que façam a jornada. Talvez, nós poderemos usar nosso tempo quando nossos cominhos se encontrarem para relembrar uns aos outros para que estamos trabalhando E nós preci samos começar. O tempo é curto. Referências Bibliográficas Ayres. C E (1944/1962). Tha thoory o f economic progress. New York; Schochen Books. Camine, D. (1984). The federal commitment of excellence Do as I say. not as I do. Educational Excellence, Letters. April. 87 88 Glenn. S. S. (1985). Some reciprocal roles between behavior analysis and institutional economics in post-Darwinian science. The Behavior Analyst, S. 15-27. Marx. K. (1963). Economic and philosophical manuscripts. In T.B. Buttomore (Ed.) Early Writings Michael, J. (1984). Behavior Analysis: A radical perspective In B.L. Hammonds & C.J. Scheirer (Eds) Master loctura series. Volume 4: Psychology of learning Washington, D.C.: American Psychological Association Pascal. B. (1961). The Pense'cs (No. 244) Translated by J.M. Cohen. Shimoff. E. (1984) Religion: A behavioral analysis. Paper delivered at Association for Behavior Analysis Convention. Nashville. Skinner. B F (1948). Walden two New York- Macmillan. Skinnor. B F (1953). Science and Human Behavior New York: Macmillan. Skinner, B. F. (1969), Contingencies ot roinforcomont A theoretical analysis. New York: Appleton-Century-Crofls. Skinner, B F. (1971) Beyond Freedom and Dignity New York: Alfred A Knopf. Skinner. B. F (1985) News from nowhere. 1984. The Behavior Analyst. 0, 5-14. Veblen. T. (1899/1934) The theory o f (he loisuro class: An economic study of Institutions. New York: The Modem Library. Walzer. M. (19B4). Exodus and Revolution New York: Basic Books A Constituição como Metacontingência João Cláudio Todorov “Demonstrando corno os procedimentos governamentais modelam o comportamento dos governos, a ciônda pode nos lavar mais rapida mente ao planejamento de um governo, no sentido mais amplo pos sível, que necessariamente promova o bem estar daqueles que são governados. " (Skinner, 1953/2000, p 482) As metacontingências do processo cultural tecnológico aumentam o âmbito de ação e a eficácia do comportamento que altera o ambiente no sentido de garantir a sobrevivência e a satisfação do indivíduo e da socie dade (são exemplos a redução da poluição ambiental e a proteção aos direitos humanos). Por outro lado, as metacontingências cerimoniais impe dem o surgimento de novos comportamentos, mantêm o controle social como está, e são nocivas a longo prazo quando a sobrevivência de todos depende da ocorrência de mudanças. Metaconbngências cerimoniais já existem na sociedade e as regras das quais dependem estão formuladas tácrta ou explicitamente no processo de socialização da criança. Quando há conflito ontre metacontingências tecnológicas e cerimoniais, a vanta gem inicial está toda com as metacontingências cerimoniais. Vista a Constituição como a lei fundamental ou coleção de leis regen do a natureza e as funções do Estado, e o conjunto dos direitos e deveres do povo, vejamos como retomar a ela depois de passar por vários conceitos que pertencem ao discurso da análise do comportamento enquanto abordagem psicológica. Uma lei que se prezo sempre prescreve alguma conseqüência para algum tipo de comportamento Com maior freqüência, as leis estabele cem conseqüências punitivas e visam controlar o comportamento a ser puni do O Código Penal autoriza certos agontes a aplicar a punição, especifican do os parâmetros do processo. Algumas leis visam incent-var comportamen tos desejáveis, do ponto de vista de quem redige a lei, e prescrevem conse qüências positivas para tais comportamentos (geralmente dinheiro, que sai do bolso de todos nós). Em outros casos é a ausência do certos comporta mentos que é punida ou recompensada, como a omissão de socorro e a poupança voluntária, respectivamente. Em todos esses exemplos configura- se uma relaçáo que ó fundamental para o trabalho de análise do comporta mento: a contingência de dois termos. 30 jo tto Clflufllo Todnruv Contingência, como usamos o termo, é uma relação condicional entre uma classe de respostas, ou tipo de comportamento, o conseqüências que advêm da ocorrência desse comportamento. Os exemplos são infinitos e banais, mas gostamos de começar pelas coisas aparentemente simples para chegar a um entendimento mais firme dos casos complexos. Que a simplicidade é aparente veremos logo a seguir, com um exemplo do tipo: “Quem tropeça pode cair'’ . A frase pode ser vista como uma contingência de dois termos, uma relação condicional entre um comportamento, trope çar, e uma conseqüência desse comportamento, cair Não é necessário muito pensar para concluir que cair depois de tropeçar depende também de diversos outros fatores: afinal, "nem tudo que balança cai". Tentando continuar com um exemplo simples, imaginemos uma escada com corri mões onde quem sobe com as mãos apoiadas, tropeçando não cai; quem sobe com as mãos abanando, tropeçando sempre cai Temos agora o mes mo exemplo em dois cenários diferentes, e isso é bastante para o que que remos explicar. Não há sentido na pretensão de se entender o comporta mento de tropeçar sem se levar em conta o cenário e a conseqüência. Escolhemos de propósito começar com um exemplo que envolve a interação do homem com seu ambiente fisico. As contingências são as mesmas em todo o mundo conhecido, independem de regras, leis ou con venções sociais. Mesmo assim, a unidade básica de análise envolve uma relação condicional de três termos, ou contingência tríplice: situação, com portamento e conseqüência. Nas relações sociais, no comportamento de pessoas interagindo com outras pessoas, a contingôncia tríplice sorve ape nas como um instrumento de partida. Possibilita o estudo do que chama mos de controle discriminativo do comportamento, e é extremamente útil em áreas como alfabetização e no tratamento de deficiências graves de repertório social, mas a não ser para os que se preocupam com os altos índices de repetência no primeiro ano do primeiro grau ou para os sócios da APAE, estudos que imitam a análise da contingência tríplice aborrecem os intelectuais ocupados com os mistérios da vida e da morte. Como dizíamos, nos assuntos humanos a complexidade é maior. Mas é ao analisar essa complexidade que percebemos as sutilezas do con trole discriminativo. A contingência tríplice pode ser colocada sob o contro le de diferentes cenários. Se. na presença do Sr. X (cenário 1) afirmo "O senhor ó um ladrão*, a conseqüência do meu comportamento vai depender de outras condições do ambiente. Se estamos sós. se não há testemu nhas, o Sr. X pode reagir Irado e mo agredir fisicamente, mesmo sendo um político experiente. Se, na presença do Sr. X (cenário 1), o das câmeras de televisão (cenário 2). faço a mesma afirmação, a conseqüência de meu comportamento pode ser uma resposta em termos elevados e inteligentes, como o Sr X tentando convencer o eleitorado de que. polo contrário, o ladrão ó o outro candidato. Quando temos uma contingência triplice colocada sob o controle discriminativo de outros aspectos do ambiente, temos uma contingôncia de quatro termos, também condicional, com dois termos que se referem a situ Motacontíngflnci*»: nciirrourlaiiMiito t;u tu m t> SMtoíCKto 31 ações ambientais, um ao tipo de comportamento, e um às
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