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Dictophyma renale testiculo

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DIOCTOPHYMA RENALE (GOEZE, 1782) EM BOLSA ESCROTAL DE CÃO 
ERRANTE NO MUNICÍPIO DE DESCALVADO, SP, BRASIL. 
 
DIOCTOPHYMA RENALE (GOEZE, 1782) IN THE DOG’ S SCROTUM IN 
DESCALVADO CITY, SP, BRAZIL. 
 
Flávia Costa1*, Gisele Mariana Pizzi1, Vanessa Pavesi de Faria1, 
Luciano Melo de Souza2, Ives Charlie da Silva3, Luis Fernando Pozzi Gentil4. 
 
RESUMO 
O parasitismo por Dioctophyma renale é relatado em atendimentos clínicos e estudos 
epidemiológicos realizados no Brasil. O nematóide em questão é de ocorrência mundial. 
Preferencialmente encontrado parasitando e lesionando rins de cães, pode infectar outras 
espécies domésticas e silvestres incluindo o ser humano. O ciclo evolutivo desse parasito é 
indireto, tendo como hospedeiro definitivo (HD) o cão e como hospedeiro intermediário (HI) 
anelídeos oligoquetos parasitos de brânquias de peixes. Citam-se na literatura os potenciais 
locais de parasitismo, todavia, os relatos e estudos apontam prevalência da localização do 
helminto nos rins ou parasitando suas adjacências no abdome. Um cão errante de 
aproximadamente dois anos de idade, sem raça definida, pesando 24,5 quilos foi atendido 
objetivando-se o procedimento de castração e, durante a cirurgia, expuseram-se dois 
exemplares (macho e fêmea) do parasita da espécie D. renale que parasitavam a região 
escrotal, na superfície testicular, entre as lâminas parietais e visceral da túnica vaginal junto 
ao testículo direito. Após a cirurgia, que correu normalmente, o animal foi encaminhado para 
doação com a orientação ao novo proprietário para que realizasse exames complementares 
para diagnóstico do possível parasitismo em outros órgãos do animal. As gônadas extraídas 
do paciente foram inspecionadas e apresentavam-se macroscopicamente normais sem 
alterações anatômicas. Apesar de frequentes os relatos sobre este tipo de parasitismo, não foi 
encontrado nenhum mostrando a presença do D. renale instalado na região escrotal de cães. O 
presente trabalho objetivou registrar o caso e alertar profissionais sobre a presença e 
parasitismo da espécie em questão em cães errantes. 
Palavras-chave: Dioctophyma renale, escroto, cão, nematoda 
 
SUMMARY 
The parasitism by Dioctophyma renale is reported in clinical setting and epidemiological 
studies in Brazil. The nematode in question is of worldwide occurrence. Preferably parasite 
found and injuring the kidneys of dogs, can infect other wild and domestic species including 
humans. The life cycle of this parasite is indirect, with the definitive host (DH) and the dog is 
an intermediate host (IH) oligochaete annelid parasite of fish gills. Are cited on the literature 
the potential locations of parasitism, however, the point prevalence studies and reports the 
location of the helminth parasite or kidney or adjacent to the abdomen. A stray dog 
approximately two years old, mixed breed, weighing 25.4kg was seen aiming to procedure of 
castration and during surgery by exposing two specimens (male and female) of parasite 
species D. renale piggybacking onto the scrotum, testicular surface, between the parietal and 
visceral sheets of the tunica vaginalis testis with the law. After the surgery, with went 
 
1 Graduanda Medicina Veterinária, Universidade Camilo Castelo Branco, Descalvado, SP, Brasil. 
2 Médico Veterinário - Professor, Universidade Camilo Castelo Branco, Descalvado, SP, Brasil. 
3 Médico Veterinário - Mestrando, Medicina Veterinária Preventiva – FCAVJ/UNESP, SP, Brasil. 
4 Médico Veterinário - Clínica Veterinária Cia Animal, Descalvado, SP, Brasil. 
* Av: Hilário da Silva Passos, 905, Pq Universitário – CEP: 13.690-000, Descalvado, SP. E-mail: 
flaviavet2005@hotmail.com 
2 
smoothly, the goats were taken for donation to the orientation for the new owner to conduct 
additional tests for diagnosis of possible parasitism in the other organs of the animal. The 
gonads were taken from the patient is inspected and had macroscopically normal without 
changes. Despite frequent reports of this kind of parasitism, we found no showing the 
presence of D. renale installed in the scrotum of dogs. This study aimed to register the case 
and alert practitioners to the presence and the parasitism of the species in question in strays. 
Key words: Dioctophyma renale, scrotum, dog, nematode 
A espécie Dioctophyma renale pertence à família Dioctophymatidae, é um nematódeo 
de grande porte, chamado comumente de estrôngilo gigante (FORTES, 2004). A 
dioctofimíase é uma afecção renal de canídeos. Os cães se infectam pela ingestão de larvas ou 
de um hospedeiro paratênico, que possua larvas encistadas (BIRCHARD e SHERDING, 
2003). Há um grande reservatório em animais silvestres a partir dos quais se infectam os 
hospedeiros intermediários e paratênicos (URQUHART et al., 2003). Há descrição na 
literatura da presença desse helminto na pele e em rins de humanos ocasionando cólicas renais 
e hematúria (SUJATHA et al., 1983; VIBE, 1985). Nos carnívoros, é comumente encontrado 
nos rins, principalmente o direito, ou livre na cavidade abdominal (OSBORNE et al., 1969; 
GARGILI et al., 2002). Os animais e o ser humano adquirem o nematóide a partir da ingestão 
de carne de peixe pouco cozida ou de anelídeos aquáticos infectados com a forma larval 
(OSBORNE et al., 1969; BROWN e PRESTWOOD, 1988). O diagnóstico pode ser feito pelo 
achado de ovos operculados de casca espessa e rugosa na urina ou por radiografia e ultra-
sonografia dos rins e cavidade abdominal (BARRIGA, 2002). O objetivo deste artigo é relatar 
a infecção por D. renale em um cão errante. Um cão, macho, de aproximadamente dois anos 
de idade e pesando 24,5 quilos foi recebido para cirurgia de castração em uma clínica 
veterinária no município de Descalvado, São Paulo. O animal errante recebia alimentação da 
população e foi encaminhado para esterilização. Procedeu-se a cirurgia e ao incidir o escroto 
(Figura 1), externaram-se espécimes do helminto (Figura 2). Após a recuperação cirúrgica, o 
animal passou por avaliação clínica e, não demonstrando sinais aparentes de enfermidades, foi 
direcionado para adoção com orientação de exames complementares para diagnosticar o 
parasitismo em outros órgãos do animal. Os exemplares parasitários foram encaminhados ao 
laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias da UNICASTELO, Campus de 
Descalvado, onde foram classificados morfologicamente como um macho e uma fêmea de D. 
renale. 
 
 
Figura 1. Dioctophyma renale emergindo de 
incisão em escroto de cão errante, Descalvado, 
SP. 
Figura 2. Exemplar adulto (fêmea) de 
Dioctophyma renale recolhido parasitando escroto 
de cão errante, Descalvado, SP. 
 
A migração dos helmintos para a bolsa escrotal é registrada como rara, porém, não 
incomum. Segundo Fortes (2004), em cães adultos (hospedeiro definitivo) comumente o 
3 
helminto parasita o rim e, mais raramente, peritônio, fígado e até testículos. Kommers et al. 
(1996) sugerem que a ocorrência da doença em cães de rua esteja relacionada aos hábitos 
alimentares pouco seletivos desses animais, provável situação do paciente em questão. A 
epidemiologia do parasitismo pelo D. renale envolve um ciclo evolutivo complexo e não 
totalmente esclarecido. Ovos contendo larvas de primeiro estágio de desenvolvimento devem 
ser ingeridos por um anelídeo oligoqueto aquático (Lumbriculus variegatus), que é o único 
hospedeiro intermediário essencial para a continuação do ciclo (BARRIGA, 1982). 
Geralmente, o hospedeiro definitivo infecta-se ingerindo os anelídeos oligoquetos ou 
hospedeiros paratênicos (peixes e rãs) ou segundo hospedeiro intermediário infectado 
(OSBORNE et al., 1969; BARRIGA, 1982; FORTES, 2004). Como o cão atendido não 
habitava regiões ribeirinhas, hipoteticamente o mesmo pode ter se infectado alimentando-se 
ou de restos de peixes de consumo humano ouanfíbios paratênicos que se deslocaram para a 
região urbana. Como neste caso o animal era errante, vagando livremente pelas ruas da 
cidade, sua composição alimentar era diversificada e pouco seletiva o que o tornou 
potencialmente mais suscetível ao parasitismo que animais domiciliados. A migração dos 
parasitos para a região escrotal é possível pela anatomia que permite a passagem dos agentes 
do abdome para a bolsa testicular (FORTES, 2004). Entre as principais atribuições que devem 
ser destacadas e tendo a adesão para medidas de segurança e profiláticas, o achado em um cão 
errante revela subsídio para novas investigações na região, para tal, utilizamos este relato com 
finalidade de informar profissionais e população que esta parasitose além de causar graves 
quadros clínicos em cães, pode infectar seres humanos mostrando-se como potencial zoonose. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARRIGA, O.O. Dioctophymosis. In: SCHULTZ, M.G. CRC Handbook series in zoonoses. 
Florida: CRC, 1982. p. 83-92. 
BARRIGA, O. Las Enfermedades Parasitarias de los animales domésticos en la América 
Latina. Santiago: Editorial Germinal, 2002, p. 247 
BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais 2° 
ed. São Paulo: Roca, 2003. p. 207; 387. 
BROWN, S.A.; PRESTWOOD, A.K. Parasitas do trato urinário. In: KIRK, R.W. Atualização 
terapêutica veterinária pequenos animais. São Paulo: Manole, 1988. v. 2, cap. 13: Distúrbios 
urinários, p. 1455-1457. 
FORTES, E.; Parasitologia Veterinária. 4º ed. São Paulo: Ícone, 2004. x.p. 
GARGILI, A.; FIRAT, I; TOPARLAK, M.; et al. First case report of Dioctophyma renale 
(Goeze, 1782) in a dog in Istanbul, Turkey. Turk Journal Veterinary Animal Science, v. 26, p. 
1189-1191, 2002. 
KOMMERS, G.D.; ILHA, M.R. da Silva; BARROS, C.S.L. Dioctofimose em cães: 16 casos. 
Ciência Rural, Santa Maria, v. 29, n. 3, p. 517-522, 1999 
OSBORNE, C.A.; STEVENS, J.B.; HANLON, G.F.; ROSIN, E.; BEMRICK, W.J. 
Dioctophyma renale in the dog. J. Amer. Vet. Med. Association., v. 155, n. 4, p. 605-619, 
1969. 
SUJATHA, S.E.; FERNANDO, M.B.B.S. The Giant Kidney Worm (Dioctophyma renale) 
infection in man in Australia. .Am. J. Surg. Pathol., v. 7, n. 3, p. 281-284, 1983. 
URQUHART, G.M.; ARMOUR, J.; DUCAN, J.L.; DUNN, A. M.; JENNINGS, F.W. 
Parasitologia Veterinária. 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. x.p. 
VIBE, P.P. Dioctophyma infection in humans. Medical Parasitology, v. 1, p. 83-84, 1985.

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