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Aterro sanitário 2013

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Aterro sanitário e gestão ambiental de resíduos
Prof. Dr. Edson A. Proni
Aterro sanitário é um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos domésticos, comerciais, de serviços de saúde, da indústria de construção, e também resíduos sólidos retirados do esgoto.
	
Condições e características
A base do aterro sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de efluentes líquidos percolados (chorume) acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade - PEAD, sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. 
Lona de polietileno de alta densidade - PEAD
O chorume deve ser tratado e/ou recirculado (reinserido ao aterro) causando assim uma menor poluição ao meio ambiente.
Seu interior deve possuir um sistema de drenagem de gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por metano, gás carbônico(CO2) e água (vapor), entre outros, e é formado pela decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser queimado ou beneficiado. Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados para geração de energia. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização do biogás pode ter como recompensa financeira a compensação por créditos de carbono ou CERs do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, conforme previsto no Protocolo de Quioto.
Sua cobertura é constituída por um sistema de drenagem de águas pluviais, que não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro. No Brasil, usa-se normalmente uma camada de argila.
Um aterro sanitário deve também possuir um sistema de monitoramento ambiental (topográfico e hidrogeológico) e pátio de estocagem de materiais. Para aterros que recebem resíduos de populações acima de 30 mil habitantes é desejável também muro ou cerca limítrofe, sistema de controle de entrada de resíduos (ex. balança rodoviária), guarita de entrada, prédio administrativo, oficina e borracharia.
Quando atinge o limite de capacidade de armazenagem, o aterro é alvo de um processo de monitorização especifico, e se reunidas as condições, pode albergar um espaço verde ou mesmo um parque de lazer, eliminando assim o efeito estético negativo.
Existem critérios de distância mínima de um aterro sanitário e um curso de água, uma região populosa e assim por diante. No Brasil, recomenda-se que a distância mínima de um aterro sanitário para um curso de água deve ser de 400m.
No Brasil
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define da seguinte forma os aterros sanitários: "aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou à intervalos menores se for necessário."
No Brasil, um aterro sanitário é definido como um aterro de resíduos sólidos urbanos, ou seja, adequado para a recepção de resíduos de origem doméstica, varrição de vias públicas e comércios. Os resíduos industriais devem ser destinados a aterro de resíduos sólidos industriais (enquadrado como classe II quando não perigoso e não inerte e classe I quando tratar-se de resíduo perigoso, de acordo com a norma técnica da ABNT 10.004/04 - "Resíduos Sólidos - Classificação").
A produção de lixo aumenta continuamente e por isso novas soluções são procuradas para desafogar os aterros. Em Contagem, Minas Gerais, tem sido usado o fosfogesso para redução de 30 a 50% do volume de resíduo sólido. Antes da implantação, a alternativa foi testada pelo laboratório do Institute of Phosphate Reserarch (FIPR), nos Estados Unidos [1].
Tipos de resíduos
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Um contentor feito de metal.
Resíduos orgânicos
O chamado lixo orgânico tem origem animal ou vegetal. Nessa categoria inclui-se grande parte do lixo doméstico, restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos, etc. Quando acumulado ou disposto inadequadamente, o lixo orgânico pode tornar-se altamente poluente do solo, das águas e do ar.A disposição inadequada desses resíduos cria um ambiente propício ao desenvolvimento de organismos patogênicos. O lixo orgânico pode entretanto ser objeto de compostagem para a fabricação de adubos ou utilizado para a produção de combustíveis como biogás, que é rico em metano.
Por origem
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Exemplo de resíduo sólido urbano.
Resíduo sólido urbano: inclui o resíduo doméstico assim como o resíduo produzido em instalações públicas (parques, por exemplo), em instalações comerciais, bem como restos de construções e demolições.
Resíduo industrial: é gerado pela indústria, e pode ser altamente prejudicial ao meio ambiente e à saúde humana.
Resíduo hospitalar: é a classificação dada aos resíduos perigosos produzidos dentro de hospitais, como seringas usadas, aventais, etc. Por conter agentes causadores de doenças, este tipo de lixo é separado do restante dos resíduos produzidos dentro de um hospital (restos de comida, etc), e é geralmente incinerado. Porém, certos materiais hospitalares, como aventais que estiveram em contato com raios eletromagnéticos de alta energia como raios X, são categorizados de forma diferente (o mencionado avental, por exemplo, é considerado lixo nuclear), e recebem tratamento diferente.
Resíduo nuclear: composto por produtos altamente radioativos, como restos de combustível nuclear, produtos hospitalares que tiveram contato com radioatividade (aventais, papéis, etc), enfim, qualquer material que teve exposição prolongada à radioatividade ou que possui algum grau de radioatividade. Devido ao fato de que tais materiais continuam a emitir radioatividade por muito tempo, eles precisam ser totalmente confinados e isolados do resto do mundo.
Resíduos de construção e demolição: abreviadamente conhecidos por RCD, são resíduos provenientes de obras civis - construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição ou derrocada de edificações, assim como o solo e lama de escavações.
Resíduos portuários, aeroportuários e de outras áreas alfandegárias: Todos os resíduos provenientes de outros países podem ser classificados como perigosos, pois são possíveis agentes contaminantes e vetores de doenças endêmicas. Os resíduos considerados perigosos são incinerados com os mesmos cuidados utilizados na eliminação de lixo hospitalar.
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Um aterro sanitário.
Disposição final de resíduos sólidos
Aterros sanitários
Aterros sanitários são considerados como um solução prática, relativamente barata de disposição final de resíduos urbanos e industriais - inclusive de resíduos que poderiam ser reciclados. Todavia demandam grandes áreas de terra, onde o lixo é depositado. Após o esgotamento do aterro, essas áreas podem ser descontaminadas e utilizadas para outras finalidades. Todavia, se o aterro não for adequadamente impermeabilizado e operado, constitui-se em fator de poluição ambiental e contaminação do solo, das águas subterrâneas e do ar. A poluição se deve ao processo de decomposição da matéria orgânica, que gera enormes quantidades de chorume (fluido que se infiltra para o solo e nos corpos de água) e biogás, composto de metano e outros componentes tóxicos.
A construção do aterro sanitário requer a instalação prévia de mantas impermeabilizantes, que impedem a infiltração do chorume no solo e no lençol freático. O líquido que fica retido no aterro, o chorume, é então conduzido até um sistema de tratamento de efluentes para posterior descarte em condições que não agridam o meio ambiente.
Lixões
"Lixão", vazadouro ou descarga de resíduos a céu aberto é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidasde proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.[2]
No "lixão" não há nenhum controle quanto aos tipos de resíduos depositados. Resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade são depositados juntamente com os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor. A presença de catadores, que geralmente residem no local, e de animais (inclusive a criação de porcos), os riscos de incêndios causados pelos gases gerados pela decomposição dos resíduos constituem riscos associados aos lixões.
O Brasil ainda destina grande parte do lixo de forma incorreta. Dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) mostram que cerca de 1.600 municípios brasileiros destinam seus resíduos em lixões. A maior parte deles, 855, está localizada no Nordeste. O IBGE afirma que a região, junto com o Norte do país, leva mais de 80% dos seus resíduos para lixões. Todas as regiões, no entanto, vivem o problema. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010, prevê a extinção dos lixões no Brasil até 2014.
Os dados Abrelpe também mostram que estamos produzindo mais lixo. Em 2010, a geração de resíduos sólidos urbanos cresceu 6,8% em relação a 2009. Junto a isso, os números do IBGE não são tão animadores: apenas 27,7% dos resíduos no Brasil vão, de fato, para aterros sanitários. Mas qual é a diferença entre lixão e aterro sanitário?
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O lixão é um grande espaço destinado apenas a receber lixo. Isso significa que nada é planejado para “abrigar” os resíduos de forma menos agressiva ao meio ambiente. Não há tratamento para o chorume, líquido liberado pelo lixo, que contamina o solo e a água. Por lá, não é difícil encontrar ratos e insetos circulando livremente. Os resíduos ficam, literalmente, a céu aberto.
Coprocessamento
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Lixômetro na Praça Sete de Setembro, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Coprocessamento é o sistema utilizado com o uso de resíduos industriais e/ou urbanos, no processo de fabricação do cimento, a fim de gerar energia e/ou recuperação de recursos e resultar na diminuição do uso de combustíveis fósseis e/ou substituição de matéria-prima
Incineradores
Incineradores reduzem o lixo a cinzas. São altamente poluidores, gerando dioxinas e gases de efeito estufa. É o método utilizado para a destruição de lixo hospitalar, que pode conter agentes causadores de doenças potencialmente fatais. No século passado até meados dos anos cinqüenta era prática comum , o resíduo industrial e até a matéria orgânica serem eliminados com uso de grandes fornos por dissipação atmosférica das chaminés.
Compostagem
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Sacolas de lixo na Avenida Álvares Cabral, em Belo Horizonte.
É um tratamento aeróbico, através do qual a matéria orgânica é transformada em adubo ou composto orgânico.
Biogasificação
A biogasificação ou metanização é um tratamento por decomposição anaeróbica que gera biogás, formado por cerca de 50% de metano e que pode ser utilizado como combustível. O resíduo sólido da biogasificação pode ser tratado aerobicamente para formar composto orgânico.
Confinamento permanente
O lixo altamente tóxico e duradouro, e que não pode ser destruído, como lixo nuclear, precisa ser tratado e confinado permanentemente, e mantido em locais de difícil acesso, tais como túneis escavados a quilômetros abaixo do solo.
Reciclagem
A reciclagem é o processo de reaproveitamento de resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos. É considerado o melhor método de destinação do lixo, em relação ao meio ambiente, uma vez que diminui a quantidade de resíduos enviados a aterros sanitários, e reduz a necessidade de extração de matéria-prima diretamente da natureza. Porém, muitos materiais não podem ser reciclados continuadamente (fibras, em especial). A reciclagem de certos materiais é viável, mas pouco praticada, pois muitas vezes não é comercialmente interessante. Alguns materiais, entretanto, em especial o chamado lixo tóxico e o lixo hospitalar, não podem ser reciclados, devendo ser eliminados ou confinados. Fraldas descartáveis são recicláveis. No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera riquezas, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos de produção.
Um outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. Muitos desempregados estão buscando trabalho neste setor e conseguindo renda para manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma boa realidade nos centros urbanos do Brasil.[3]
Referências
↑ Líquidos ou gases considerados inúteis ou perigosos, produzidos em decorrência de atividade industrial, por exemplo, são chamados efluentes (líquidos ou gasosos), devendo também ser tratados e eliminados de modo a minimizar os riscos ambientais.Detritos não são residuos
↑ Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/CEMPRE. 1995. 278p apud Geologia Ambiental. Módulo 12. Disposição de resíduos
↑ Knowaste in action
	
Lixo não existe 
A frase acima pode soar absurda. Mas é isso mesmo que pensa o economista Sabetai Calderoni, da Universidade de São Paulo, maior especialista brasileiro em lixo e conselheiro da ONU no assunto. Segundo ele, o conceito que a sociedade tem do lixo “é produto de uma visão equivocada dos materiais”. Sabetai, autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo, afirma que, embora nem tudo o que se joga fora possa ser aproveitado como comida, todo o lixo pode ser aproveitado de alguma forma.
Tudo se transforma
Todo o lixo produzido pode virar alguma coisa útil. Sem exceção
 
��Um dos maiores potenciais desperdiçados é o não-aproveitamento do lixo orgânico, que geralmente vem de restos de alimentos. Esse lixo poderia se transformar em algo útil se passasse por um processo chamado compostagem. Nele, o lixo é submetido à ação de bactérias em alta temperatura e se transforma em dois subprodutos. Um é um adubo natural, o outro é o gás metano, que é usado na geração de energia termoelétrica.
A quantidade de gás metano produzido pela compostagem de todo o lixo orgânico brasileiro que não pode ser recuperado como comida seria suficiente para alimentar uma usina de 2 000 megawatts (a usina nuclear de Angra I tem capacidade de 657 megawatts). Uma usina termoelétrica como essa produziria, em um ano, 3,6 bilhões de reais em energia. E jogamos quase todo esse dinheiro no lixo. Só 0,9% do lixo brasileiro é destinado a usinas de compostagem.
E estamos falando apenas do lixo orgânico. O inorgânico também poderia gerar lucros. A reciclagem de vidro, plásticos e metais é perfeitamente viável em termos econômicos – e já é praticada, em quantidades cada vez maiores.
O país lucraria também ao poupar o dinheiro que é gasto para dar fim ao lixo. “Lixo é o único produto da economia com preço negativo”, diz Sabetai. Em outras palavras, o processamento de lixo é o único negócio no qual a aquisição da matéria-prima é remunerada – paga-se para livrar-se dela. E paga-se muito. As prefeituras brasileiras costumam gastar entre 5% e 12% de seus orçamentos com lixo.
Sem falar que o melhor aproveitamento do lixo valorizaria dois bens que não têm preço: a saúde da população e a natureza. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 76% do lixo brasileiro acaba em lixões a céu aberto. Esses lixões são uma ameaça à saúde pública porque permitem a proliferação de vetores de doenças. Além disso, a decomposição do lixo nesses locais não só gera o metano que polui o ar como também o chorume, um líquido preto e fedido que envenena as águas superficiais e subterrâneas.
O outro motivo para incentivar essa indústria são os empregos que ela poderia gerar. O Brasil produz 280 000 toneladas de lixo por dia (veja gráfico ao lado). Descontandoas 39 000 toneladas de alimento viável que poderiam ser facilmente extraídas desse lixo e disponibilizadas às populações carentes, ainda seria possível gerar 120 000 empregos só no processamento do resto, nos cálculos de Sabetai. Pois é. Lixo não existe. O que existe é ignorância, falta de vontade e ineficiência.
Menos que a metade! 
Só 39% da produção agrícola vira comida no prato de alguém. O resto fica pelo caminho 
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No lixo De cada 100 caixas de produtos agrícolas plantados, só 39 são consumidas por alguém (representadas no meio do gráfico). As fatias coloridas da roda representam os produtos que se perdem no processo
 * As porcentagens se referem ao volume dos alimentos. Os números acima consideram apenas produtos industrializados
Fonte: Análise SUPER
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Comida é o que não falta 
Vinte e três milhões de brasileiros passam fome. E todos os dias jogamos fora no país comida suficiente para nutrir 19 milhões deles. Como fazer todo esse alimento chegar aos estômagos de toda essa gente? 
Há 23 milhões de miseráveis no Brasil – pessoas com renda insuficiente para prover 75% das suas necessidades calóricas. Nesse mesmo país, 39 000 toneladas de comida em condições de ser aproveitada vão para o lixo todo santo dia em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues, fazendas. O número leva em conta dados de vários setores – agricultura, indústria, varejo e serviços. São 39 000 toneladas de iogurtes perto do vencimento, tomates manchados, pães amanhecidos, carne esquecida no congelador e milhares de itens que, por algum motivo estético, acabam nas latas de lixo – e, nesse cálculo, a Super levou em conta apenas aquilo que poderia ser aproveitado facilmente, sem grandes mudanças no processo de produção ou de distribuição. É suficiente para dar café, almoço e jantar diariamente a 19 milhões de pessoas. Será que não há uma maneira de fazer com que toda essa comida vá parar nos pratos vazios do Brasil?
Há, sim. Mas, para tanto, duas coisas são necessárias. Primeiro: que as indústrias, os mercados e os restaurantes estejam dispostos a doar seu excedente aproveitável e os produtos prestes a estragarem (o desperdício doméstico fica de fora porque seria complicado e caro demais coletar doações de residências). Segundo: que haja instituições, do governo ou não, que busquem essas doações e façam com que a comida chegue a quem precisa antes de estragar. Pronto, está sanada a fome no Brasil. Parece simples, não? Pois não é. Para começar, raras empresas doam comida. Por incrível que pareça, elas preferem jogar o excedente no lixo. Não, não é por maldade: elas apenas querem evitar problemas legais, como arcar com a responsabilidade criminal no caso de a comida doada causar uma intoxicação ou a morte de alguém.
“As pessoas e as empresas têm receio de doar alimentos. Temem que sua solidariedade se transforme num pesadelo”, diz o senador cearense Lúcio Alcântara, autor de um projeto de lei de 1997 que busca livrar de responsabilidade civil e criminal por dano ou morte aquele que doa alimentos, desde que se constate sua boa fé. Inspirado numa lei semelhante, aprovada nos Estados Unidos em 1996, o projeto está solenemente parado há um ano na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Não se sabe quando será votado.
O projeto faz parte de um pacote de leis apelidado de Estatuto do Bom Samaritano, que, se aprovado, eliminará também outros obstáculos que têm evitado as doações. Por exemplo: isenta as indústrias do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) relativo à doação. Hoje, uma fábrica que doa latas de feijão tem que pagar IPI sobre elas como se as tivesse vendido. Além de remover obstáculos, o estatuto oferece incentivos a quem colaborar. Um deles é um desconto no Imposto de Renda para quem doar comida ou máquinas para industrializar alimento – o desconto já existe para empresas que fazem doações de dinheiro. Esses projetos estão igualmente parados no Congresso.
Sem a mudança de lei, é improvável que a situação se altere. Por motivos compreensíveis, não há muitos empresários dispostos a arriscar um processo criminal por homicídio ou um processo civil pedindo indenização por causa de uma possível intoxicação. É igualmente difícil encontrar gente que concorde em pagar imposto para fazer caridade. Mesmo assim, há no país exemplos de organizações que resolveram distribuir excedentes para quem precisa, mesmo sem o respaldo da lei.
Um dos projetos mais criativos e eficientes é o sopão do Ceasa. Os Ceasas – sigla de Central de Abastecimento S.A. – são empresas estaduais geridas por um misto de dinheiro do governo e da iniciativa privada. Essas empresas mantêm mercados e entrepostos para escoar a produção agropecuária. Quem já foi a um dos mercados do Ceasa à tarde sabe o quanto de comida sobra todos os dias nos estandes. Tradicionalmente, ia tudo para o lixo.
Em 1992, o Ceasa mineiro resolveu fazer algo a respeito. Comprou máquinas para processar as sobras e passou a enlatar uma sopa, que é distribuída em regiões carentes do Estado. Como a sopa é desidratada e enlatada, demora um ano para estragar. Ou seja, de um dia para o outro, transformam-se produtos perecíveis, prestes a serem perdidos, em alimentos duráveis. O Ceasa incentiva os produtores rurais a doarem alimentos que seriam descartados por imperfeições no tamanho, na forma ou na superfície – comida segura, mas que não pode ser comercializada por não cumprir as especificações estéticas. Vai tudo para o sopão. Deu tão certo que os Ceasas de Pernambuco, Ceará, Distrito Federal, Paraná e de algumas cidades paulistas seguiram a experiência. Imagine se todos os 5 000 municípios brasileiros fizessem o mesmo com o que sobra nas suas feiras e em seus sacolões?
Fontes complementares:
Os Bilhões Perdidos no Lixo
por Sabetai Calderoni
Editora Humanitas, São Paulo, 1997
O Que é Lixo?
por Luciana Leite de Miranda
Editora Brasiliense, São Paulo, 1995
Aterro Sanitário e MDL
	
	Por Caroline Faria
O que é o MDL?
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é uma ferramenta criada pelo Protocolo de Kyoto que permite a um país desenvolvido, citado no anexo I do Protocolo, investir em tecnologias e projetos nos países em desenvolvimento que gerem redução ou não emissão de gases de efeito estufa (GEE) que não ocorreriam sem a existência do projeto (este é o chamado “critério de adicionalidade” do projeto).
Uma vez implantado este projeto que reduza ou evite a emissão de GEE, ele deverá ser submetido a todo um processo de validação, registro, monitoramento e verificação para que depois se emitam as chamadas Reduções Certificadas de Emissão (RCE’s) que poderão ser comercializadas com os países desenvolvidos para que eles atinjam suas metas de redução conforme traçado no Protocolo de Kyoto.
Desta forma empresas públicas ou privadas de diversos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, vem investindo em projetos que consigam reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), como o gás metano, um dos principais constituintes do biogás produzidos em aterros sanitários.
Aterro Sanitário e os Gases de Efeito Estufa
Os aterros sanitários são locais para onde os resíduos sólidos urbanos podem ser destinados. Diferentemente dos lixões (depósitos a céu aberto), nos aterros sanitários existe toda uma preparação do solo para que não haja contaminação do lençol freático e das áreas de entorno, assim como o monitoramento do ar para que sejam verificadas as emissões de gases provenientes dos resíduos enterrados ali.
O gás emitido durante a decomposição dos resíduos sólidos em um aterro é chamado de biogás e sua composição pode variar levemente dependendo dos tipos de resíduos descartados ali e suas características. Porém, basicamente, esse gás é composto por dióxido de carbono e metano, dois dos principais gases causadores do efeito estufa.
Mas, se por um lado o biogás proveniente dos aterrosé um dos vilões da camada de ozônio se lançado na atmosfera, por outro lado, o metano (CH4) é um gás que por seu alto poder calorífico representa uma excelente forma de energia. Assim, foram desenvolvidos projetos com o intuito de captar o gás gerado nos aterros e transformá-lo em energia elétrica. Desta forma, além de se conseguir aproveitar os resíduos para gerar energia, ainda evita-se o lançamento de GEE na camada de ozônio e seu conseqüente impacto. É aí que entram os projetos de MDL em aterros.
Esquema de um Aterro Sanitário
O biogás também pode ser usado de outras formas como em sistemas de calefação ou como combustível veicular, sendo que neste último caso, ele deverá passar por um sistema de beneficiamento que aumentará sue teor de metano, aumentando assim, seu poder calorífico.
Aterros Sanitários e MDL
Um dos exemplos mais conhecidos de projetos de MDL implantados em Aterro Sanitário é o caso do Aterro Sanitário Bandeirantes, localizado em Perus na região metropolitana de São Paulo. Com uma área total de 1.400.000m² o Aterro Bandeirantes está desativado desde março de 2007 tendo operado durante 28 anos e recebido, até 2006, cerca de 36 milhões de toneladas de resíduos. (COELHO, 2008).
A captação do biogás gerado no aterro foi iniciada em 2004 após uma série de estudos preliminares sobre a viabilidade do projeto e a instalação de uma usina termelétrica a biogás em 2003, onde o gás captado no aterro é tratado (retirada a umidade e feita uma pré-filtragem) e depois transformado em energia. (COELHO, 2008)
O Aterro Bandeirantes possui capacidade para gerar aproximadamente 170 mil MWh de energia elétrica por ano e possibilitou, até então, a comercialização pela prefeitura de São Paulo de 1.262.793 RCE’s (Reduções Certificadas de Emissão), ou créditos de carbono, sendo que cada crédito corresponde a 1 tCOe (tonelada de carbono equivalente) que deixaram de ser lançados para a atmosfera. (Sites “JimNaturesa” e “Abril”)
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Aterro Sanitário Bandeirantes
O Diferencial
O gás gerado nos aterros sanitários geralmente é tratado através da queima direta em flares para que o metano contido nele possa ser transformado em dióxido de carbono que, embora também seja nocivo para a camada de ozônio, possui um potencial poluidor várias vezes menor que o do metano.
Com essa medida já é possível reduzir o potencial de dano à camada de ozônio, mas, mesmo assim, os danos ainda seriam muito grandes se levarmos em consideração a grande quantidade de lixo descartada diariamente no mundo todo.  E esse é um dos motivos pelo qual a realização de projetos de MDL em aterros sanitários se tornou algo tão promissor.
O primeiro benefício da implantação de um projeto de MDL em aterro sanitário, como o citado anteriormente, é ambiental, já que toneladas de gases deixarão de ser lançados na atmosfera evitando-se assim o efeito devastador na camada de ozônio e todas as suas consequências. Mas ainda podemos citar dois benefícios adicionais: a geração de energia e o lucro advindo da comercialização dos créditos de carbono.
O empecilho, na maioria, das vezes, é que estes projetos exigem investimentos iniciais bastante altos o que pode acabar inviabilizando sua execução principalmente para municípios pequenos. No entanto, uma alternativa que vem sendo adotada com sucesso em algumas regiões do Brasil é o “Consórcio entre Municípios” onde diversos municípios pequenos e próximos resolvem construir em conjunto um aterro sanitário de maiores proporções melhorando assim, a relação custo-benefício do projeto.
Outras formas de aproveitamento do biogás (calefação, uso como combustível), também possuem potencial para exploração dos créditos de carbono, porém, ainda não possuem metodologia aprovada ou tecnologia suficiente para seu aproveitamento de forma tão atrativa para investidores quanto àquelas relacionadas aos aterros sanitários.
Como funciona
Em primeiro lugar deve ser realizado um estudo da viabilidade técnica e econômica do empreendimento que leve em consideração o potencial de geração de energia do biogás de acordo com a quantidade e composição dos resíduos descartados no local. O estudo deve conter também uma avaliação do custo da energia gerada pelo aterro em comparação com a fornecida pela concessionária local.
Para a geração de energia, que reduz drasticamente a quantidade de gases emitidos (mesmo com um projeto de MDL como o do Aterro Bandeirantes haverá a emissão de gases para a atmosfera, mas a quantidade é praticamente insignificante se comparada à não existência do projeto) e possibilita a obtenção de créditos de carbono, o que se faz, é aproveitar os poços de drenagem de gás já existentes nos aterros sanitários – em alguns casos é necessário instalar mais poços - e ligá-los a uma rede de coleta que levará o gás até a usina de geração.  Estes poços de drenagem geralmente são feitos de brita e podem ser horizontais ou verticais (alguns aterros adotam sistemas mistos).
A rede de coleta costuma ser instalada no subsolo para evitar acidentes e é ligada a bombas de vácuo que permitem a manutenção de uma vazão constante e regular de biogás para a usina de geração. Além disso, em alguns casos, também é necessária a realização de uma impermeabilização de cobertura na região do aterro para evitar que o gás escape para a atmosfera. Essa cobertura geralmente é feita com argila de baixa permeabilidade compactada.
Em uma primeira etapa após a captação, o biogás, que contém umidade e algumas impurezas em sua composição, passa por um processo de retirada da umidade e uma pré-filtragem na usina de gás onde também pode passar por um processo de resfriamento e só depois é encaminhado para a usina de geração de energia onde alimentará moto-geradores, responsáveis por gerar a eletricidade. Os motores utilizados para geração de energia são adaptados para trabalhar com biogás e também podem ser utilizadas turbinas. A partir daí a energia gerada no aterro poderá ser fornecida pela rede local para os consumidores.
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Fontes:
http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/comercio-de-carbono1.htm
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/eventos/conteudo_300740.shtml
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras/servicos/0011
http://www.ambiente.sp.gov.br/destaque/2004/marco/25_termeletrica.htm
http://noticias.uol.com.br/ultnot/economia/2006/04/06/ult29u47126.jhtm
http://www.slideshare.net/jimnaturesa/biogas-presentation-878302
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/residuos/res13.html
COELHO, Hosmanny M. G. Aproveitamento Energético do Lixo Urbano e Resíduos Industriais. Lavras: UFLA/FAEPE, 2008. 1ª Edição. 102p.

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