Trabalho de execução penal

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal
Resenha do Caso: A prática de falta disciplinar grave e o sistema de execução penal.
 
 		 Nome do aluno(a): Felipe Santana da Silva
	
 Trabalho de Execução Penal 
	 Tutor: Prof. Ana Paula Branco Machado Couto	
Duque de Caxias, RJ.
2018
Artigo ou Caso: O Ministério Público ofereceu denúncia imputando ao réu a prática do crime previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP, o qual veio a ser condenado, de forma definitiva, à pena de 5 anos e 6 meses de reclusão, em regime semiaberto, e 13 dias-multa, no valor mínimo unitário. No curso da execução penal, o penitente praticou falta disciplinar grave. O Juiz da execução penal, empolgado pelo fato de a falta disciplinar grave praticada pelo apenado ter sido amplamente noticiada pela imprensa, antes mesmo da instauração do procedimento disciplinar administrativo (PAD), aplicou a sanção administrativa correspondente. Além disso, determinou a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado, sem a oitiva do preso.
TÍTULO
 A aplicação da falta disciplinar grave na execução penal
De acordo com o caso narrado, em virtude de falta disciplinar grave praticada pelo condenado durante o curso da execução penal, o Juiz antes da instauração do procedimento disciplinar administrativo aplicou a sanção administrativa correspondente e determinou a regressão do regime de cumprimento de pena para o fechado, sem a oitiva do preso.
Inicialmente, no que diz respeito ao reconhecimento da prática de falta disciplinar e a aplicação da sanção correspondente, conforme o artigo 59 da Lei de Execuções Penais, é indispensável a instauração de um processo disciplinar.
No mesmo sentido, a súmula 533 do STJ complementa: 
“Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.”
	Sendo assim, instaurado o processo administrativo disciplinar, o diretor do estabelecimento prisional deverá avaliar a falta cometida pelo preso para aplicar as sanções correspondentes. Verificada a prática de faltas leves ou médias, as sanções serão aplicadas pelo próprio diretor, se graves, o juiz da execução penal será comunicado para que este decida a respeito das referidas sanções de sua competência, sem prejuízo daquelas já aplicadas pela autoridade administrativa.
	No que tange à falta disciplinar grave, a sua prática prejudica a reinserção do sentenciado na sociedade, podendo ser transferido para regime mais gravoso; ou se já cumpre pena no regime mais oneroso (regime fechado) é permitido o reinício da contagem do prazo para a progressão, levando-se em conta o tempo de pena remanescente.
	É o que entende a 8ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao dispor:
PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. FALTA DISCIPLINAR DE NATUREZA GRAVE – PERFEITA CARACTERIZAÇÃO. AGRESSÃO MÚTUA. AUSÊNCIA DE PROVA SOBRE EVENTUAL LEGÍTIMA DEFESA – INTERRUPÇÃO DE PRAZO PARA NOVOS BENEFÍCIOS, EM ESPECÍFICO, DE PROGRESSÃO. LEGITIMIDADE – PERDA DOS DIAS REMIDOS DECORRENTE DE NORMA LEGAL VÁLIDA. QUANTUM PERFEITAMENTE FUNDAMENTADO. 1) Absolvição. Impossibilidade. Comprovadas autoria e materialidade delitiva. Decisão mantida. Legítima defesa. Não configurada. Em face da constatação de mútuas agressões, o acervo probatório não permite afirmar quem deu início às agressões. 2) Reinício da contagem de prazos para a obtenção de benefícios a contar da falta disciplinar. A prática de falta grave pelo reeducando em regime fechado, enseja o reinício da contagem do lapso temporal para benefício de progressão (efeito legal), porém, não para indulto e comutação de pena, como bem motivado na decisão impugnada. Interrupção em relação ao Livramento Condicional mantida por ausência de inconformismo ministerial. 3) Remição. Perda de 1/6 do tempo remido fundamentado "no histórico carcerário, na gravidade e os reflexos da falta no sistema prisional". Observância dos arts. 57 e 127 da LEP, com as alterações introduzidas pela Lei nº 12.433/2011. Negado provimento.
(TJ-SP - EP: 70030134420158260071 SP 7003013-44.2015.8.26.0071, Relator: Alcides Malossi Junior, Data de Julgamento: 02/06/2016, 8ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 07/06/2016).
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
	Em atenção ao caso prático, de acordo com o que já foi exposto, o Juiz não poderia aplicar a sanção administrativa antes da instauração do processo disciplinar administrativo, bem como deveria assegurar o direito de defesa do condenado.
	 Por fim, o que se observa com a edição da súmula 533, é que o PAD deve ser feito em todas as hipóteses de infrações disciplinares, o que no caso prático, resulta em uma majoração no trabalho referente a esses processos, sem contar com os prejuízos causados aos presos que aguardam meses e até mesmo anos para a instauração do PAD.
BIBLIOGRAFIA
JUSBRASIL. Jurisprudência. Prática de Falta Disciplinar Grave. Disponível em: <https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/350204273/agravo-de-execucao-penal-ep-70030134420158260071-sp-7003013-4420158260071> Acesso em 01 de Maio 2018.
JUSBRASIL. Artigo. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/60500/novas-luzes-sobre-o-procedimento-administrativo-disciplinar-no-ambito-da-execucao-criminal/1> Acesso em 01 de Maio 2018.